Edição XXIX (Revista Terça Livre 119, revista A Verdade 59, Conacon e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na 
Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



(Antes de começar: acessem os links da TV Artigo 220, onde, após serem CENSURADOS no YouTube, o Terça Livre passará a fazer suas transmissões; para verem as lives, acessem este link de preferência.)


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ÍNDICE

REVISTA TERÇA LIVRE

- ENTREVISTA COM JEFFREY NYQUIST (Leônidas Pellegrini)

-  Segurança versus liberdade (Paulo Moura)

Pelo portal involutivo (Ernesto Araújo)

- A polícia da memória (Alexandre Magno)

- Qual é a Cuba que a Teologia da Libertação apoia? Parte 2 (Pe Bernardo Maria)

 REVISTA A VERDADE

- A ‘janela de Overton’ e o avanço da pedofilia e do canibalismo (Carlos Adriano Ferraz)

-  O que George Orwell, autor de 1984, aprendeu com a Guerra Civil Espanhola (da Redação)

PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO

OPINIÃO DO AUTOR

- Conacon 2021 - Virada Conservadora

HUMOR 

LEITURA RECOMENDADA

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Boa leitura!

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INTERNACIONAL

ENTREVISTA COM JEFFREY NYQUIST
(por Leônidas Pellegrini)


A ONU é um órgão internacional que visa à preservação da paz e da harmonia entre os povos. O feminismo é um movimento que se preocupa com os direitos, o bem-estar e a dignidade de todas as mulheres. Existem alterações climáticas que vão acabar com o planeta dentro de pouco tempo se não fizermos nada a respeito. O multiculturalismo não ameaça a soberania das nações (isso é teoria da conspiração) e deve ser incentivado, inclusive, em todas as escolas, desde cedo. O comunismo acabou com a queda da URSS, e hoje respira moribundo em uns poucos países inexpressivos no cenário internacional. Putin é conservador. As vacinas contra a Covid salvam vidas, e quem não acredita é um negacionista.

O leitor desta revista provavelmente, em algum momento de sua vida, já acreditou em uma ou mais das afirmações acima. Eu mesmo, não muito tempo atrás, não só acreditava, como defendia algumas das pautas relacionadas a essas “mentirinhas”, que de “inhas” não têm nada. São grandes mentiras que estão levando o mundo a ruínas morais cada vez mais profundas e pavimentando o caminho de um totalitarismo em escala global sem precedentes. 

Se você conhece (e provavelmente conhece) pessoas que ainda acreditam nessas “mentirinhas”, reze por elas, mas também tente demovê-las desse engano, dessa burrice programada. O melhor caminho para isso, sabemos, é municiar-se da verdade com um arsenal de informação e análises bem fundamentadas sobre os acontecimentos e movimentos que têm sido direcionados para a inculturação da mentira e a destruição do mundo livre. 

Um dos analistas que podem ajudar você nesse processo é Jeffrey Nyquist, que inclusive já teve alguns de seus artigos publicados nesta revista. Já publicado no Brasil em 2017, com O Tolo e Seu Inimigo, Nyquist retorna agora em 2021 ao nosso mercado editorial por iniciativa de Diogo Fontana, da Editora Danúbio, com a coletânea de artigos organizada pelo próprio Diogo, intitulada As mentiras em que acreditamos. Esta coletânea reúne artigos que vão de setembro de 2019 a janeiro deste ano, quando da posse de Joe Biden – mentira das mentiras -, e expressam a clara percepção de Nyquist sobre o processo de destruição ou, como ele mesmo chama, desintegração dos Estados Unidos com base nessa cultura da mentira que ganha espaço e se enraíza cada vez mais profundamente naquele país. Mas tal destruição não é só da América, é de todo o mundo livre - na verdade, considere-se aqui o fim da liberdade no mundo, algo em processo e bastante perceptível para quem tiver olhos para ver. 

Pois bem. No texto de orelha do livro, Diogo Fontana afirma que uma das razões para investir nesse volume é “bem informar uma parcela ínfima da população brasileira acerca do que o futuro nos traz, ajudando-a, assim, a se antecipar aos fatos e se preparar para o tranco”. E que tal seria se essa parcela da população brasileira pudesse não ser tão ínfima assim? Depende de você, caro leitor! Leia Nyquist, informe-se, espalhe a verdade, presenteie quantas pessoas puder com o livro, conheça o autor! Que tal começar com a entrevista abaixo? 

Terça Livre: Seu livro, organizado no Brasil por Diogo Fontana, tem o título “As mentiras em que acreditamos”, que aliás é título de um dos seus artigos. Que mentiras são essas, e por que tantas pessoas ainda acreditam nelas? 

Jeffrey Nyquist: Estamos cercados de mentiras e acreditamos em muitas delas. Pergunte a si mesmo: O que é o “Unidas” das Nações Unidas? Se o planeta está ficando mais quente, por que estamos tendo perdas de safras por causa do frio em todo o mundo? Se as vacinas contra a Covid funcionam, por que estão nos dizendo que os não vacinados são uma ameaça aos vacinados? Se o comunismo entrou em colapso na Rússia em 1991, por que os russos ainda ajudam os cubanos, Daniel Ortega e os marxistas venezuelanos? Se todos esses esquerdistas são defensores da liberdade, por que estão tentando limitar a liberdade de expressão daqueles que discordam deles? Por que os chamados “Democratas” estão fraudando as urnas e falsificando resultados eleitorais se acreditam na democracia?

Não estamos falando apenas de algumas mentirinhas aqui. Mentir agora é algo sistemático, profundo e abrangente. Estamos falando de A MENTIRA no poder e, infelizmente, A MENTIRA também na oposição. Por que a oposição ao comunismo é tão fraca? Muitos dos nossos ditos conservadores também vivem de mentiras. “Em tempos de engano universal”, disse George Orwell, “dizer a verdade é um ato revolucionário”.

Terça Livre: Muitas pessoas ao redor do mundo ainda ignoram quem a China e a Rússia realmente são, mas você não é uma delas. Diga a essas pessoas, por favor: por que Xi Jinping e Vladmir Putin não são “caras legais”, afinal? Por que eles definitivamente não são amigos da América ou do mundo livre? 

Jeffrey Nyquist: Xi e Putin são assassinos. Eles mandam matar pessoas inocentes. Isso significa que eles estão cobertos com o sangue de suas vítimas. Obviamente, tendemos a fechar os olhos para isso, mas qualquer um que o faça torna-se um mero “acessório” frente aos fatos. Putin ordenou o assassinato de jornalistas e dissidentes, e isso é muito bem sabido, está documentado. Você lembra de Alexander Litvinenko e do polônio radioativo que colocaram em seu chá? Rastrearam as “migalhas” radioativas até Moscou. E Putin foi levado à Justiça por esse crime? Não. Xi Jinping é um assassino também. Não haverá nação chinesa até que ele seja enforcado. Não haverá nação russa até que Putin seja enforcado. Não passam de gangsters com suas botas sobre os pescoços dos tão sofridos povos chinês e russo.

Terça Livre: Gostaria que você falasse um pouco sobre a antiga filosofia política chinesa e como ele se encaixa tão bem nas ações do Partido Comunista Chinês.

Jeffrey Nyquist: Os chineses têm uma história bastante trágica. Megalomaníacos frequentemente prevalecem no poder na China. Qin Shi Huang, o primeiro imperador Qin, defendia uma filosofia de “legalismo”, na qual ele buscava remodelar a natureza humana por meio da compulsão legal. Shi destruiu muitos livros, dizendo que a literatura deveria começar com ele.

O fundador do Estado Comunista chinês, Mao Zedong, costumava se gabar de que o primeiro imperador Qin não era nada comparado a ele. O imperador Shi matou “apenas” mil acadêmicos confucionistas. Mao matou cem mil. O primeiro imperador Qin queria eliminar a filosofia moral completamente. Shi Huang queimou várias centenas de estudiosos vivos por possuírem livros proibidos. Os legalistas e seu imperador pensavam que as ideias de certo e errado eram risíveis. 

Terça Livre: Há dois fatores que você aponta como essenciais entre os que levarão ao “Suicídio Coletivo da América”: o feminismo e o multiculturalismo. Fale um pouco sobre isso. De fato, não seria o suicídio coletivo de toda a civilização ocidental?

Jeffrey Nyquist: Se voltarmos para 1927, encontraremos um autor interessante na França, chamado Julien Benda. Ele escreveu um livro intitulado La Trahison des Clercs (“A Traição dos Intelectuais”). Nesse livro, ele diz que os intelectuais europeus perderam a capacidade de pensar e argumentar objetivamente. Benda estava um pouco confuso, porque a verdadeira traição dos intelectuais ainda estava por vir. No final do século XX, o próprio Ocidente havia se tornado uma oficina para a organização intelectual do ódio a si mesmo. E agora, a loucura tomou conta de todas as nossas instituições. A cultura e a política ocidentais se tornaram a organização intelectual do ódio a si mesmo em todos os níveis. Em vez de orientar nosso pensamento para o bem, a verdade e a beleza, voltamos nosso pensamento contra quem pensa.

Agora, somos obrigados a odiar tudo o que somos. Na verdade, todas as nossas tradições estão sujeitas a ataques. Somos obrigados a atacar a própria base da existência humana. Por exemplo, devemos odiar homens fortes e mulheres femininas. Devemos odiar a raça branca europeia, apesar das suas realizações. Dizem-nos para odiar os brilhantes pensadores da Grécia ou de Roma por causa da cor da pele deles, ou por causa de seu sexo. Em suma, somos obrigados a destruir a nós mesmos e aos próprios fundamentos da nossa civilização.

Terça Livre: Considerando as ações do governo Biden até agora, e tendo em vista as eleições midterms de 2022, o que podemos esperar da América até 2024?

Jeffrey Nyquist: Isso pode chocar alguns de seus leitores, mas os Estados Unidos estão caminhando para um colapso, e até mesmo uma guerra civil.

Por piores que as coisas estejam na superfície, essa situação é ainda pior se você olhar para a alma americana. Nossos intelectuais são burros, não passam de fanáticos que se odeiam. Com algumas exceções, nossos líderes espirituais são uma fraude. Tudo se resume a fama, dinheiro e poder. O país está dividido, confuso e politicamente desorientado. O povo está intelectualmente preguiçoso, moralmente fraco e frágil.

Um lento declínio está ocorrendo há muito tempo, no nível da alma. Houve falhas profundas na maneira como nossa filosofia nacional se desenvolveu. A América ainda era aparentemente forte durante os anos 1960, mas fissuras começaram a aparecer e nada de construtivo foi feito.

Reagan maquiou os problemas mais profundos. Novamente, as questões básicas não foram abordadas. Quando chegamos ao chamado “fim da Guerra Fria”, o autoengano estava permeando tudo, contaminando todas as questões. Houve um declínio na acuidade intelectual, na honestidade, na moralidade, no conhecimento básico. Agora todos estão surpresos com o rápido ritmo de nossa desintegração, mas isso não deveria surpreender ninguém.

Biden é realmente um imbecil. Ele não tem ideia do que está acontecendo, e seus assessores são ideólogos perigosos. Os Estados Unidos estão enfrentando uma período muito difícil em nossa história, com duras lições pela frente.

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GEOPOLÍTICA
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Segurança versus liberdade
(por Paulo Moura)

Vivemos tempos estranhos. Depois de um momento de amplas liberdades em que a invenção da internet e das mídias sociais proporcionou um dos mais colossais deslocamentos de poder já experimentados pela humanidade, o pêndulo da história se desloca para um período de totalitarismo e obscurantismo.

Antes da invenção da internet o exercício do poder político era monopólio dos governos, partidos, sindicatos e grupos de pressão que gravitam em torno do Estado na busca de abocanhar fatias do orçamento público em benefício próprio.

A internet quebrou esse monopólio, proporcionando um gigantesco processo de descentralização do poder do Estado dessas organizações, transferindo-o para as mãos de indivíduos atomizados, convertidos em produtores e difusores de conteúdos, o que antes era monopólio dos veículos de comunicação de massas da era analógica.

Forças econômicas, sociais, políticas e culturais, antes sufocadas pelos meios centralizados de comunicação e poder, despertaram para a ação, gerando novas identidades e demandas que não encontravam espaço nas estruturas carcomidas da velha ordem em decadência.

Em várias regiões do mundo esse processo levou a revoluções, quedas de governos, à eleição de líderes e à ascensão de forças sociais políticas antes alijadas dos jogos de poder controlados pelo tabuleiro da política tradicional.

A Revolução Ucraniana, a Primavera Árabe, o impeachment de Dilma Rousseff e a eleição de Trump e Bolsonaro, assim como o surgimento de novos movimentos sociais e políticos no continente europeu, abalaram os alicerces da velha política e acenderam o sinal de alerta dos “donos do poder”.

Os movimentos e processos acima listados apresentaram características e dinâmicas específicas e distintas, mas todos, indistintamente, implicaram na desestruturação dos velhos pactos de poder e dominação vigentes nos territórios onde aconteceram.

A reação não tardou. Na China, a resposta veio na forma do uso da tecnologia para cercear a liberdade individual na internet. O Império chinês, cioso de sua unidade inúmeras vezes ameaçada ao longo de sua história, rapidamente se reposicionou após o colapso do socialismo soviético e, novamente, saiu na frente no desenvolvimento de mecanismos tecnológicos de bloqueio e controle da liberdade na internet.

No Ocidente capitalista a resposta foi diversa: ao invés do controle governamental direto dos fluxos de informação na rede, as instituições do Estado passaram a pressionar as Big Techs, detentoras do monopólio das novas mídias digitais para que implantassem formas de controle de conteúdo e de cerceamento dos fluxos virais de opinião que fizeram e desfizeram governos na primeira década do século XXI.

Seja lá de que forma for, o pano de fundo dessas diferentes iniciativas é o controle do poder político e econômico sobre o mundo na era digital. E a essência das iniciativas nesse sentido é o uso da tecnologia para exercer controle social. O controle social, por sua vez, tem no medo e na insegurança dos indivíduos sua principal mola propulsora.

A ânsia de liberdade e o medo do caos, da desordem e do império da violência convivem no âmago da alma humana desde as origens da sociedade e são constante objeto da reflexão filosófica.

Thomas Hobbes (1588/1679), em sua obra clássica “O Leviatã”, na qual trata da origem do Estado e da sociedade política, fala-nos precisamente disso. A obra de Hobbes foi escrita num tempo em que a Igreja Católica vivia sua cisma e o autor elaborou sua teoria movido pela preocupação de fundamentar sua visão do Estado em argumentos que ficassem imunes a essa cisão.

Defensor do Absolutismo dos monarcas, Hobbes interpreta a natureza humana com sendo capaz da maldade ao afirmar que antes da existência do Estado o homem vivia em “estado de natureza”, um período de caos, anarquia e violência no qual imperava a lei do mais forte. 

Inexistindo lei, política e coerção estatal, os indivíduos eram livres e soberanos para satisfazer seus desejos e instintos, tendo apenas como limite o encontro com outros indivíduos que, mais fortes, pudessem impor sua vontade sobre os demais. 

Para Hobbes, o ser humano, em seu estado natural, assemelha-se aos lobos que viviam em bandos, liderados pelo membro mais forte do grupo, devorando presas e às vezes uns aos outros. Daí decorre a frase clássica do autor: “o homem é o lobo do homem”.

Não suportando mais viver dessa forma, os homens teriam firmado entre si um contrato social em cujas cláusulas renunciam a toda sua liberdade e soberania, transferindo-as ao Estado para que esse, em nome da lei, detivesse o monopólio do uso da violência para proteger os mais fracos dos mais fortes.

Em essência, o que Hobbes defende é que o ser humano, diante do dilema da escolha entre viver em total liberdade ou submeter-se ao poder absoluto do Estado para viver em ordem e segurança, tenderá preponderantemente a escolher viver privado de sua liberdade.

O momento histórico em que vivemos, sob a égide de uma pandemia de medo e controle social, parece dar razão a Hobbes.

Não é preciso ser adepto de teorias conspiratórias para constatar que a epidemia do Covid 19, tendo ou não surgido de uma experiência de laboratório na China, prestou-se como uma luva para a realização de experimentos de controle social do poder global nos diferentes quadrantes do planeta. Também não resta dúvidas de que o medo da morte foi a principal ferramenta desses experimentos cujo objetivo foi a preservação do poder nas mãos de seus atuais donos, sejam eles governos, sejam corporações econômicas globalistas com pretensões políticas. As práticas dessas corporações extrapolam a esfera econômica e sepultam a ingênua pressuposição liberal de que empresas limitam seus objetivos à expansão e controle de mercados apenas.

A sociologia contemporânea já estudou o comportamento humano no âmbito interno às instituições totais (manicômios, prisões e conventos). Nessas instituições os indivíduos são cercados por um mundo organizado, regrado, planejado e supervisionado, no interior do qual vigoram mecanismos compulsórios de controle e privação da liberdade.

O primeiro passo desse processo de controle total dos membros passa pela desconstrução da identidade individual. Raspar a cabeça, remover objetos de uso pessoal, vestir uniforme, receber um novo nome e um número de identificação, e submeter o indivíduo a uma nova rotina rígida de comportamento são partes da técnica de submissão e dominação.

A introjeção na mente dos indivíduos do medo pela percepção da existência de mecanismos de vigilância constante e da punição severa aos recalcitrantes é a essência da técnica cujo princípio motor é o controle total do tempo e do espaço como forma de controlar os indivíduos, privando-os de suas liberdades.

Estudos sobre o comportamento de presos, por exemplo, revelaram condutas defensivas de autoproteção, que iam desde o retraimento e a redução de quaisquer comportamentos desviantes das normas capazes de gerar punição, até ao extremo daqueles que assumem uma nova personalidade e comportamento exemplares com vistas a obter a aprovação por parte de quem os controla.

Qualquer semelhança desses métodos de gestão de instituições totais com as regras e imposições do tipo “fique em casa”, obedeça a “ciência”, vacine-se, use máscara, higienize-se constantemente, mantenha distanciamento social, apresente passaporte de vacinação para frequentar certos locais, não expresse opinião contrária ou contestação às regras impostas sob pena de ser acusado de praticar fake news, dentre outras, não é mera coincidência.

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GERAL

Pelo portal involutivo
(por Ernesto Araújo)


Da fase do materialismo, da solidificação de tudo, já passamos à fase seguinte no caminho da decadência, a fase da dissolução.

Ocorre-me que talvez a humanidade esteja atravessando um portal involutivo.

Sim, involutivo. Marchando para trás, descendo a níveis cada vez mais baixos do ser. Sofrendo mudanças estruturais nunca antes vistas, descapacitando-se para o confronto com a realidade, o qual pressupõe a consciência de si mesmo e das próprias potencialidades.

A humanidade perde a capacidade de experimentar e superar o confronto entre o ideal e o real, que constitui a vida humana. Perdeu, ou melhor, entregou de graça o ideal, achando que ficaria com um real melhor, mas está perdendo também o real.

Da fase do materialismo, da solidificação de tudo, já passamos à fase seguinte no caminho da decadência, a fase da dissolução (como descrevia e antecipava René Guénon em O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos).

No materialismo, éramos relativamente felizes e não sabíamos. As pessoas se preocupavam com o conforto, com os bens tangíveis e ignoravam o resto, os bens espirituais, mas pelo menos isso gerava consumo e aumentava o bem-estar geral, ao mesmo tempo em que permitia a liberdade daqueles que não compartilhavam desse materialismo e preferiam procurar a espiritualidade. O materialismo (o capitalista, claro, não o socialista) só conhecia a liberdade econômica, mas não proibia a liberdade do pensamento, não cancelava nem caçava os não-materialistas. O materialismo era "a-moral", não tinha uma moral própria mas não contestava as escalas de valores morais diferentes.

Ao atravessar o portal involutivo, deparamo-nos com uma paisagem muito mais sombria. 

Civilizações dotadas de ideais, do sentido da dualidade essencial, por vezes dilacerante, do homem como ser ao mesmo tempo material e espiritual, sucederam-se na história por milênios. Entre os Séculos XIX e XX surgiu a primeira civilização materialista (cujas raízes remontam ao Iluminismo e de certa forma ao Renascimento). Essa pujante civilização, que imperou sobre praticamente o mundo todo, teve uma versão liberal, no capitalismo, e uma versão totalitária, principalmente no comunismo. A versão totalitária fracassou (dizem) em 1989 e foi absorvida pela versão liberal-capitalista.

Deveria ter-se iniciado então o primado integral do materialismo com liberdade, inclusive a liberdade de não ser materialista. Pode-se argumentar que é muito difícil ser um indivíduo com uma visão de mundo idealista num mundo materialista (usando o termo “idealista” para designar a atitude que reconhece e vivencia a dimensão espiritual ou vertical, ao lado da dimensão material ou horizontal), e de fato aquela sociedade da solidificação de tudo podia parecer hostil aos temperamentos idealistas, mas o espaço privado onde estes podiam desenvolver-se era relativamente amplo, e o espaço público, de modo geral, não o invadia. Numa sociedade capitalista você pode não ser capitalista, em suma. Parecia afastada definitivamente a ameaça da transformação das sociedades liberais (liberal-materialistas) em sociedades materialistas totalitárias, aquelas do materialismo impositivo, opressor, invasor do indivíduo, destruidor do sagrado, ou seja, o materialismo sem liberdade.

Eis que, no entanto, esse idílio durou muito pouco tempo, se é que durou algum minuto, pois as forças – conscientes ou inconscientes – do materialismo totalitário imediatamente começaram a atuar por dentro do materialismo liberal. Na verdade, o materialismo liberal vencera o seu irmão totalitário não por ser mais eficiente, mas justamente por ser livre, por permitir o influxo de criatividade e alegria proveniente do canal vertical que nos liga às realidades superiores, ou seja, o capitalismo só derrotou o comunismo porque permitia a liberdade para pensar e inventar, indissociáveis das liberdades de falar e de crer, de cantar o hino e de ler os clássicos. A esse conjunto de liberdades poderíamos caracterizar, em última análise, como a profunda raiz conservadora da sociedade liberal capitalista. O famoso Laissez faire, laissez passer no fundo só funcionava porque era um Laissez faire, laissez prier

Isso porém foi esquecido, e o caráter liberal do materialismo liberal progressivamente abandonado. A raiz conservadora foi envenenada. O tronco pareceu continuar sólido por algum tempo, mas é uma solidez morta e sem seiva.

Raiz não se vê, mas está lá embaixo, e sustenta a árvore. Parece óbvio, mas hoje vivemos numa sociedade que quer ter árvores sem ter raízes. Uma grande floresta de troncos mortos, em cujos galhos se penduram folhas artificiais para disfarçar, mas nos quais não corre já a seiva da espiritualidade, da nacionalidade, da tradição, do sentimento.

O materialismo totalitário infiltrou-se na sociedade liberal pelo ensino, pelo entretenimento, pelos meios de comunicação, e foi convencendo-a de que não precisava dos velhos valores para assegurar sua liberdade. Mas um valor só desaparece quando se substitui por outro, e era preciso colocar no lugar de Deus, da pátria, da família, da busca da verdade alguma outra coisa. Para fazer as pessoas perderem o gosto pela liberdade, era preciso impingir-lhes algo com um gosto mais forte, um gosto ruim mas dizendo que era bom, “é para o seu bem”. Só que o materialismo não é capaz de criar valores. Então o que fez? Agarrou valores tradicionais e os perverteu em valores destrutivos, valores absolutos que permitem a opressão e o controle.

Assim, o materialismo totalitário plantou no centro da sociedade liberal uma série de valores distorcidos, os dogmas do politicamente correto. No terreno aberto do "a-moralismo" materialista liberal introduziu um "hiper-moralismo" do terror. (Lembremos que Robespierre não falava em outra coisa senão em “virtude”.) O valor da igualdade de todos independente de raça, o materialismo totalitário o reengenhou para criar o racialismo, a raça como princípio organizador da sociedade. O valor da igualdade de direitos entre homens e mulheres, o materialismo totalitário o desconstruiu para construir o monstro da ideologia de gênero. O valor da preservação ambiental, distorceu-o e levou-o ao ponto do absurdo para estabelecer a histeria climática. Recentemente, o materialismo totalitário tomou o valor da saúde e o instrumentalizou para construir um sistema de controle social absoluto.

Com o racialismo ele controla a cultura, com a ideologia de gênero controla a família e todas as relações interpessoais (e a cultura), com a ideologia climática controla a economia (e a cultura) e com a nova ideologia sanitária controla a relação de cada um com seu próprio corpo.

Outros valores são minimizados e devidamente enquadrados.

O valor da nação não foi simplesmente jogado fora, mas submetido ao valor do “multilateralismo”. Você pode ser uma nação, desde que você siga à risca todos os “consensos” das demais nações (que são consensos das burocracias internacionais e de alguns bilionários sem pátria). Nação é algo que agrega as pessoas e que as faz transcender a própria individualidade, quando agregação e transcendência são tudo o que o materialismo totalitário não quer.

O valor da fé religiosa tampouco foi jogado fora, mas transformaram Deus em um “Deus social” ou numa espécie de funcionário internacional submetido à autoridade do Secretário-Geral da ONU.

O capitalismo rapidamente se transforma num pós-capitalismo. A histeria climática e, agora, a ideologia sanitária estão criando uma gigantesca crise econômica mundial, com desabastecimento e empobrecimento de todas as populações (ao mesmo tempo em que se concentram recursos e poder nas mãos de elites transnacionais e do Partido Comunista Chinês). As cadeias de suprimento já não funcionam, os preços da energia se multiplicam, pessoas perdem o seu sustento e passam a depender cada vez mais do Estado. A lógica do mercado e do sistema de preços já não se aplicam, substituídas pela lógica do catastrofismo climático. A produção de alimentos, principalmente de proteína, tende a ser cada vez mais restringida e gerenciada pelas burocracias internacionais. As pessoas são convencidas a deixar de comer, a deixar de se aquecer, a deixar de ter filhos para “salvar o planeta”. A inflação chega galopando em todos os países.

A ciência torna-se um artefato político, administrado pela grande mídia (e por aqueles interesses que controlam a grande mídia).

Mediante esse sistema, o materialismo totalitário vai dissolvendo a sociedade, destruindo tudo o que liga uma pessoa às outras e tudo o que liga cada um a si mesmo.

Estão em plena implementação as condições para a implementação do projeto comunista, conforme Marx e Engels teorizam justamente no Manifesto Comunista:

“Todas as relações, com sua esteira de antigos e veneráveis preconceitos e opiniões, são varridas... Tudo o que é sólido desmancha no ar, tudo o que é sagrado é profanado...”

Marx e Engels diziam isso da sociedade burguesa da metade do Século XIX, mas em virtude da persistência dos valores conservadores, esse retrato – que era mais um programa de ação do que um diagnóstico – não se concretizou naquela época. Concretiza-se hoje.

Alguém dirá que o racialismo, a ideologia de gênero, o climatismo são “sólidos”, são novos “preconceitos e opiniões veneráveis” que substituem os antigos, mas na verdade são apenas agentes de desmanche, ácidos que destroem a alma. Pois não existem para atender aos seus proclamados fins de igualdade, justiça, salvação do planeta, mas para solapar toda a verdadeira igualdade e justiça, e impossibilitar a salvação da humanidade. Não existem para resolver problemas, mas para dissolver a humanidade.

O materialismo totalitário já superou a si mesmo, já largou sua pele materialista e agora é simplesmente um totalitarismo, esse totalitarismo dissolvente. A matéria contém e preserva uma centelha do espírito. Depois de usar o materialismo para fazer o homem aceitar a perda da liberdade, agora o totalitarismo encontra-se em nova fase, a simples e furiosa fase da destruição.

Continuaremos a examinar alguns aspectos dessa dissolução no próximo artigo, principalmente o fato de estarmos ingressando num sistema econômico que já não pode ser chamado de capitalismo.

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COMPORTAMENTO
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A polícia da memória
(por Alexandre Magno)


Era uma ilha na qual as coisas simplesmente desapareciam, uma a uma. Pássaros, botas, chapéus... E pouco depois do desaparecimento, as pessoas simplesmente se esqueciam dessas coisas. Era como se esses objetos nunca tivessem existido.

Havia porém algumas pessoas que estranhamente ainda se lembravam desses objetos. Uma delas inclusive guardava em sua casa várias caixas com amostras de cada um desses objetos. Era um verdadeiro museu das recordações.

Essas pessoas eram reprimidas de forma violenta pela “polícia da memória”, cuja função era garantir que os objetos desaparecidos nunca mais fossem lembrados. As pessoas poderiam a qualquer momento sofrer busca e apreensão em suas casas por guardar recordações dos objetos desaparecidos. Algumas eram presas, sequestradas ou mortas. Outras preferiam fugir para os “refúgios”, deixando toda a sua vida e profissão para trás.

Esse é o enredo de um fabuloso livro da escritora japonesa Yoko Ogawa, “A polícia da memória”, lançado este ano no Brasil. É um exemplo de literatura fantástica, mas tem a capacidade de incomodar profundamente qualquer pessoa que acompanhe a situação política do Brasil.

Deixo a pergunta ao leitor: já temos uma “polícia da memória”?

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GERAL

Qual é a Cuba que a Teologia da Libertação apoia? Parte 2
(por Pe Bernardo Maria)


Fidel Castro perdera a fé religiosa já no fim da adolescência, conduzindo seus pensamentos para a esfera da rebelião(1). Castro tinha uma concepção totalmente distorcida da fé católica, considerava Jesus Cristo não o Filho de Deus encarnado, nem o Redentor da Humanidade, mas apenas um “símbolo”, uma “figura extraordinária” com um determinado pensamento revolucionário. Nas palavras de Fidel:

“Nesse terreno político e revolucionário, jamais percebi uma contradição entre as ideias que sustento e as ideias daquele símbolo, daquela figura extraordinária que me foi tão familiar desde que me conheço por gente. Minha atenção sempre recaiu sobre os aspectos revolucionários da doutrina cristã e do pensamento de Cristo. Mais de uma vez, ao longo desses anos, tive a oportunidade de demonstrar a coerência existente entre o pensamento cristão e o pensamento revolucionário.”(2)

Mais tarde, tendo já conquistado a vitória de sua revolução, Castro vivia à caça de belas mulheres, chegava atrasado a reuniões, era calculista e enigmático(3). Antes de 1960, Fidel não falava nada sobre Marx, Engels, ou Lenin, evitando discursos anti-imperialistas, na expectativa de conseguir ajuda econômica dos Estados Unidos. Não conseguindo o auxílio desejado, ressentiu-se e adotou uma atitude antiamericana(4), endureceu o regime em Cuba, assumiu o controle do Partido Comunista e substituiu seus principais veteranos(5).

“Nisso, uma delegação soviética visitou Havana para estudar a situação do país. Castro, a essa altura ávido por obter o apoio da URSS para contrabalançar a recusa de ajuda dos americanos, procurou convencer os visitantes de que era marxista-leninista convicto. Ofereceu-lhes lautos jantares e vinhos esplêndidos, em ‘reuniões’ que chagaram a durar nove horas. Castro disse ao líder do Komsomol Sergei Pavlov que estava lendo ‘Dez dias que abalaram o mundo’, de John Reed, e chamou a atenção para a semelhança entre a república soviética sitiada em 1917-1918 e a situação do regime revolucionário cubano na época. Novato no comunismo internacional, ele não sabia que o livro de Reed havia sido banido da URSS por suas referências favoráveis a Trotski. ‘E querem saber de uma coisa?’, observou Castro com entusiasmo, ‘A revolução cubana não começou dois anos atrás: ela começou em 1917. Se não fosse a revolução de vocês, a nossa não teria acontecido. Portanto, a revolução cubana tem 43 anos!’ Implorou que o convidassem para uma visita à União Soviética. Manifestou o desejo de ir caçar com os amigos nos bosques russos, em vez de discursar em reuniões oficiais. (...) Os setores privados na esfera da indústria e do comércio continham potenciais defensores da contrarrevolução. Seria necessário manter uma severa vigilância dos meios de comunicação. O povo cubano precisava ser convencido de que o governo estava agindo em benefício dele. A situação estava levando Fidel a mostrar-se inclinado a adotar estruturas, métodos e ideias desenvolvidas pelos marxistas-leninistas desde 1917. Esse era o primeiro caso de comunização de um país por um líder que adotou o comunismo depois de tomar o poder."(6)

A conivência da TdL

Foi a tal espécie de ditador que o Cardeal D. Paulo Evaristo Arns, então Arcebispo de São Paulo, mandou uma carta, em dezembro de 1988, em que se congratulava pelo trigésimo aniversário da revolução marxista em Cuba, país no qual se estaria implantando o “Reino de Deus”(7):

“Queridíssimo Fidel, Paz e bem. Aproveito a viagem de Frei Betto para lhe enviar um abraço e saudar o povo cubano pela ocasião do 30º aniversário da Revolução. Todos nós sabemos com quanto heroísmo e sacrifício o povo de seu País conseguiu resistir às agressões externas e erradicar a miséria, o analfabetismo e os problemas sociais crônicos. Hoje em dia Cuba pode sentir-se orgulhosa de ser no nosso continente, tão empobrecido pela dívida externa, um exemplo de justiça social. A fé cristã descobre, nas conquistas da Revolução, os sinais do Reino de Deus, que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor”.(8)

Interpelado por tal carta de um prelado estrangeiro, o episcopado cubano – em parte exilado pela ditadura de Fidel em Miami (EUA) – resolveu dirigir ao Cardeal Arns uma Carta Aberta, escrita por três Bispos, na qual lhe expõem a situação de Cuba como eles a veem e experimentam enquanto cidadãos cubanos diretamente atingidos pelo regime castrista. Nessa Carta se lê:

“Emmo. Sr. Cardeal Paulo Evaristo Arns, OFM, Arcebispo de São Paulo, Brasil. Eminentíssimo Sr. Cardeal Arns, Dirigimo-nos a Vossa Eminência em forma pública por duas razões principais: primeiramente, porque o fato que ocasiona esta carta é de ordem pública, tendo sido noticiado pela imprensa nacional e internacional; em segundo lugar, porque, tendo escrito a V. Emcia. em termos privados, não recebemos respostas, após haver esperado durante um razoável prazo. Nossas cartas anteriores a V. Emcia. estão datadas de 18 de janeiro (Mons. Boza Masvidal) e 23 de fevereiro (Mons. Román e Mons. San Pedro) de 1989. O tema da presente missiva é a mensagem de Natal enviada por V. Emcia. ao Sr. Castro, ditador vitalício de Cuba, por ocasião dos trinta anos de tomada do poder. Não repetiremos o que dissemos em nossa correspondência privada, embora nos permitamos fazer um resumo dos pontos principais que abordamos na mesma. Dizíamos a V. Emcia. que seria muito longo expor toda a situação do país no tocante à discriminação, falta de liberdade religiosa, etc.; assinalamos o caráter discutível das conquistas e das promoções, porque, de um lado, se fazem o preço ético e espiritual demasiado alto e, por outro lado, são benefícios muito relativos (carta de Mons. Boza Masvidal). Também lhe recordamos que Cuba sofre, já há trinta anos, de uma cruel e repressiva ditadura militar num Estado policial que viola ou suprime constante e institucionalmente os direitos fundamentais da pessoa humana. Entre outras provas desta situação, mencionávamos as aventuras militares do castrismo, que custaram milhões de dólares ao povo cubano e milhares de vítimas à sua juventude (carta de Mons. Román e Mons. San Pedro). Seria longo comentar, ponto por ponto, todas as afirmações de V. Emcia. na sua referida mensagem, mas julgamos necessário assinalar algumas das mais surpreendentes. Estima Sua Emcia. que ‘hoje em dia Cuba pode sentir-se ufana por ser, em nosso continente tão empobrecido pela dívida externa, um modelo de justiça social’. Não queremos fazer V. Emcia. dizer o que não disse; mas, lendo esta frase, poder-se-ia pensar que Cuba não está, como o resto do continente, empobrecida pela dívida externa. Estamos certos de que V. Emcia. sabe que Cuba tem enorme dívida externa não somente para com os países ocidentais, mas também para com os países comunistas; segundo os últimos dados postos à nossa disposição, esta dívida sobe aproximadamente ao teor de 5.500 milhões de dólares. No tocante à justiça social, da qual V. Emcia. afirma que Cuba é modelo em nosso continente, desejamos recordar-lhe que, enquanto um número bastante exíguo de hierarcas do Governo desfruta de todas as comodidades da vida, o povo se vê reduzido ao nível de sobrevivência. Eminência, alguns de nós estiveram recentemente em Cuba não para discutir a maneira de cozinhar camarões(9) e lagostas com o ‘comandante’, mas para conviver com nosso povo e compartilhar com ele as suas angústias e a sua dor. Estamos certos de que V. Emcia. não deseja para o seu querido Brasil uma situação na qual um reduzidíssimo número retenha irreversivelmente todo o poder político e econômico, do qual abusa para o seu proveito próprio e para perpetuar-se no poder, enquanto a população em geral é mantida em condições de sujeição total equivalente à da minoridade. Sr. Cardeal, pergunte, por favor, a seus amigos que visitam Cuba e se encontram com os personagens da ditadura, se alguma vez viram qualquer destes a esperar pacientemente com o cartão de racionamento na mão para poder comprar uma libra(10) de carne de nove em nove dias ou duas camisas por ano, como o resto da população. Diz ainda V. Emcia. que ‘a fé cristã descobre nas conquistas da revolução os sinais do reino de Deus que se manifesta em nossos corações e nas estruturas que permitem fazer da convivência política uma obra de amor’. Não sabemos por que, ao ler estas frases, nos vêm à mente aquelas outras de Paulo VI em que afirma que ‘a Igreja... recusa a substituição do anúncio do Reino pela proclamação das libertações humanas e proclama também que a sua contribuição para a libertação não seria completa se se descuidasse de anunciar a salvação em Jesus Cristo. A Igreja... nunca identifica libertação humana e salvação em Jesus Cristo, porque sabe... que não é suficiente instaurar a libertação, propiciar o bem-estar e o desenvolvimento para que chegue o Reino de Deus’ (Evangelii Nuntiandi, n. 34-350). Por outro lado, V. Emcia. afirmar que as estruturas vigentes em Cuba ‘permitem fazer da convivência política uma obra de amor’ é desconhecer totalmente a realidade cubana. Se as coisas fossem como diz V. Emcia., por que se há de considerar um delito tratar de escapar dessa convivência política que aqui é qualificada como ‘obra de amor’? Por que um país como Cuba, que mal conhecia a emigração, viu, em trinta anos de ditadura castrista, um milhão de seus cidadãos abandonar o país? Por que, no curto espaço de cinco meses em 1980, 125.000 pessoas se lançaram para o litoral da Flórida (U.S.A) num êxodo incontrolável? Que deveríamos pensar, Sr. Cardeal, se em cinco meses 1.100.000 brasileiros procurassem refúgio no Chile?”(11)

Outro expoente da TdL no Brasil, Leonardo Boff, descreve assim uma sua agradável visita à ilha, a convite de Fidel Castro, para lá passar 15 dias, em 1985:

“As noites eram dedicadas a um longo jantar seguido de conversas sérias que iam pela madrugada adentro, às vezes até às 6.00 da manhã. Então se levantava, se estirava um pouco e dizia: ‘Agora vou nadar uns 40 minutos e depois vou trabalhar’. Eu ia anotar os conteúdos e depois, sonso, dormia. Alguns pontos daquele convívio me parecem relevantes. Primeiro, a pessoa de Fidel. Ela é maior que a Ilha. Seu marxismo é antes ético que político: como fazer justiça aos pobres? Em seguida, seu bom conhecimento da teologia da libertação. Lera uma montanha de livros, todos anotados, com listas de termos e de dúvidas que tirava a limpo comigo. Cheguei a dizer: ‘se o Card. Ratzinger entendesse metade do que o Sr. entende de teologia da libertação, bem diferente seria meu destino pessoal e o futuro desta teologia’. Foi nesse contexto que confessou: ‘Mais e mais estou convencido de que nenhuma revolução latino-americana será verdadeira, popular e triunfante se não incorporar o elemento religioso’. Talvez por causa desta convicção que praticamente nos obrigou a mim e ao Frei Betto a darmos sucessivos cursos de religião e de cristianismo a todo o segundo escalão do Governo e, em alguns momentos, com todos os ministros presentes.”(12)

O teólogo jesuíta J. E. Martins Terra analisa a opção marxista de Boff, revelando que, em seus escritos, este sequer aplica-a de maneira coerente:

“Foi depois da publicação de seu livro ‘Cristo Libertador’ que Boff ficou conhecendo (através dos movimentos latino-americanos de ‘sacerdotes para o socialismo’, através de Assman(13), e sobretudo através da tese doutoral de seu irmão Clodovis Boff – ‘Teologia e prática: a teologia do político e suas mediações’) a necessidade da ‘mediação sócio-analítica’ para a teologização da realidade concreta sócio-política. A partir de então, Boff passou a falar do ‘marxismo na teologia para dar eficácia à fé’. Nas últimas publicações de Boff, as citações de Bultmann passaram a ser substituídas pelas de ‘Marx et consortes’. Mas o marxismo para Boff não passa de uma metateologia, uma linguagem teológica sobre o marxismo. Em nenhum de seus escritos Boff aplica coerentemente a análise marxista. Aliás, o único teólogo católico no Brasil capaz de tal empresa seria Hugo Assmann. Para Boff, as referências expressas à análise marxista são um puro recurso literário, para dar maior ‘mordência’, como ele diz, às expressões teológicas. Os termos ‘científico’ e ‘análise marxista’ exercem uma fascinação mítica. Basta saber salpicar pitadas desse condimento sobre qualquer guisado teológico, que ele será consumido vorazmente. (...) Uma das frases que causaram maior impacto e contribuíram muito para aureolar a figura mística de Boff foi sua declaração de ‘aceitar, de antemão, qualquer correção da Santa Sé porque prefere caminhar com a Igreja em vez de isolar-se com sua teologia’. Pena que essa frase venha sendo repetida inoperantemente há quase oito anos. Em 1979, Boff repetia a D. Ivo que acataria todas as retificações das teses de seus livros que a Igreja lhe pedisse (J.B., 13.01.80). Nesse mesmo ano renovava, em Madri, essa declaração: ‘Acatarei sempre a palavra da Igreja. Para mim a relação com a Igreja é mais importante que continuar ensinando teologia’ (ESP, 30.01.80). Apesar dessas sucessivas declarações, Boff, de fato, nunca aceitou nenhuma correção que a Igreja lhe pediu. Há mais de quatro anos, seu Bispo diocesano recebeu uma lista de proposições heréticas que Boff estaria ensinando num curso em Petrópolis. Boff negou que ensinasse tais teses. O Bispo pediu então, para poder defendê-lo contra contínuas acusações, que declarasse por escrito que não ensinava tais teses. Boff pediu tempo para pensar e nunca mais retornou ao Bispo, preferindo antes ficar destituído de ‘mandato’ do que submeter-se ao magistério episcopal como prescreve o cânone 218.”(14)

Analisando-se, por exemplo, a participação de frades dominicanos na rede de apoio a Carlos Marighella (político, escritor e guerrilheiro comunista marxista-leninista brasileiro), fica claro que a TdL “realmente existente”(15) tem estreitas ligações com o marxismo e, consequentemente, com o comunismo e o terrorismo latino-americano:

“Dentre os dominicanos que participaram da rede de apoio a Marighella, o mais famoso de todos foi Carlos Alberto Libânio Christo, o Frei Betto. Em livro publicado em 1982, ‘Batismo de sangue: os dominicanos e a morte de Carlos Marighella’, levado às telas de cinema em 2006, Betto, amigo íntimo do ditador comunista Fidel Castro e conselheiro do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva(16), narra de forma bastante romantizada seu engajamento na luta armada. Descrevendo em detalhes as torturas sofridas nas mãos dos agentes da repressão policial-militar, sem qualquer menção negativa ao terrorismo de esquerda – sempre reivindicando liricamente como uma forma de ‘resistência’ à ditadura –, o livro apresenta uma visão edulcorada e romântica de Marighella e da luta armada. Tenta sustentar, inclusive, uma versão fantasiosa sobre uma fictícia infiltração da CIA na ALN, que teria levado à morte de Marighella, versão contestada até mesmo por militantes de esquerda. O papel de Betto, que foi preso em 1969, carregando uma mensagem de Marighella a Fidel Castro, era o de abrigar militantes procurados pela polícia e ajudá-los a fugir para o exterior(17). (...) Por trás da cooperação dos frades dominicanos com terroristas de extrema-esquerda estava a ‘teologia da libertação’. Mesmo alguns religiosos ‘progressistas’ que serviam de apoio ao terrorismo de esquerda, nutriam fortes dúvidas sobre esse caminho. Um deles, Frei Tito – considerado um mártir da repressão por ter-se suicidado na França, após ter sido preso e torturado – admitia, em seu íntimo, o caráter inconciliável da opção armada com a mensagem cristã, considerando ‘insanável o conflito entre o cristianismo e o marxismo de Marighella’. Por sua vez, Marighella não padecia desses escrúpulos. Em junho de 1969 ele escreveu em seu minimanual: ‘O guerrilheiro urbano eclesiástico é um integrante ativíssimo da guerra revolucionária brasileira em curso’.”(18)

Em síntese, uma triste impostura da TdL

Em nenhum momento, D. Paulo Evaristo Arns, Leonardo Boff, ou Frei Betto, assim como os demais expoentes latino-americanos da TdL, fizeram qualquer referência às mais de 100 milhões de vítimas do comunismo no mundo inteiro, nem tampouco relativizaram esse caminho revolucionário, objetiva e claramente condenado por inúmeros documentos do Magistério da Igreja Católica. Esses e outros tantos adeptos da TdL, “guerrilheiros eclesiásticos”, empenharam-se todos esses anos em discutir futilidades, sem emitir um mínimo juízo crítico sobre o pensamento revolucionário, sobre as contradições entre a ditadura comunista de Cuba e a fé católica, ou sobre o modo desumano com o qual os Governos que foram se sucedendo na ilha trataram o povo cubano, este que agora, farto de ser tão mal tratado e explorado por seus governantes, reclama abertamente da falta total de liberdade e de auxílio humanitário. Existem, portanto, duas Cubas: uma do povo pobre e desassistido, que esteve desde sempre quase totalmente abandonado; e a outra Cuba, a dos ditadores comunistas e seus asseclas, apoiados e incensados pelos seguidores da TdL. Sempre vitimizando-se hipocritamente, a ditatura de Cuba não fez outra coisa todo esse tempo, desde 1960, a não ser considerar os Estados Unidos da América como a fonte única de todos os males que afligiram e que afligem a ilha, escondendo cinicamente o fato de que a inimizade com os norte-americanos, assim como a submissão voluntária da ditadura cubana ao comunismo, deveu-se exclusivamente a um caprichoso ressentimento de Fidel Castro por não ter conseguido empréstimos econômicos junto àquele país. Os integrantes da TdL não só assumiram como verdade tudo quanto proclamaram até hoje os ditadores cubanos, como ainda auxiliaram a promoção do comunismo na ilha e em outros países da América Latina, inclusive no Brasil, dando à luz governantes criminosos que quase levaram à falência a economia brasileira, desobedecendo e tratando com indiferença o ensinamento católico, que sempre condenou inequivocamente o marxismo e suas ramificações.

Semear mundo afora pensamentos contrários ao que ensina a Santa Igreja é o mesmo que promover inimigos da fé cristã e suscitar o seu aumento em número e em perversão. Todo católico, seja leigo, consagrado, ou clérigo, deveria estudar e rever sempre os textos magisteriais de referência para esses assuntos, deixando-se guiar por eles. Assim, para contribuir com um estudo mais acurado, próprio dos que desejam apoiar-se na segura doutrina católica, segue abaixo (em arquivo PDF para Download) uma exaustiva lista de documentos do Magistério que condenam o Marxismo, o Comunismo, e o Socialismo. Nosso agradecimento e oração ao Pe. Pedro Paulo Alexandre, da Arquidiocese de Florianópolis, que com paciência compilou todos esses títulos e observações (recomendo aos leitores que assistam ao vídeo em que o Pe. Pedro Paulo fala sobre o Comunismo: (2) Karl Marx era satanista? | Clube Campagnolo - YouTube).

Magistério da Igreja Católica sobre o comunismo: 

Pe. Bernardo Maria Goulart

Monge do Mosteiro Cisterciense Nsa. Sra. de Nazaré

Rio Pado – RS


Telegram: @cister_riopardo

1- Cf. SERVICE, Robert. Camaradas: uma história do Comunismo mundial. Rio de Janeiro: Difel. 2018, p. 399.

2- BETTO, Frei. Fidel e a religião: conversas com Frei Betto. São Paulo: Fontanar. 2016, p. 290.

3- Cf. SERVICE, Robert. Op. Cit., p. 401.

4- Id.Ibid.

5- Id., p. 402.

6- Id., pp. 402 e 404.

7- Cf. BETTENCOURT, Estêvão. Pergunte e Responderemos. Ano XXX, Setembro 1989, nº 328. Rio de Janeiro: Lumen Christi. Ecos de Carta a Fidel Castro, p. 407. In: PR-328 - Setembro/1989 - Veritatis Splendor.

8- Id., p. 408.

9- Frei Betto narra em seu livro uma “importante” polêmica culinária, surgida durante sua visita ao ditador cubano, em 1985: “Em fevereiro, eu estivera com o líder cubano em casa de Chomy Miyar, médico e fotógrafo. Passara-lhe minha receita de bobó de camarão. Porém, faltava em Cuba o azeite de dendê, no qual devem ser cozidos os temperos. Só em março tive portador para fazer chegar-lhe o dendê. – Fiz sua receita de camarões – disse ele. – Ficaram bons, não direi que ótimos, pois não havia o dendê. Depois me chegou o famoso azeite. Todavia, introduzi algumas modificações e quero discuti-las com você”. (BETTO, Frei. Op. Cit., p. 34.)

10- Medida inglesa de massa, igual a 0,4535923 kg, ou seja, quase meio-quilo.

11- BETTENCOURT, Estêvão. Op. Cit. pp. 409-410.


13- “2.4. TL a partir de grupos revolucionários: A mais extremada linha da TL tem como representante mais significativo o brasileiro Hugo Assmann; inspira o movimento ‘Cristãos para o Socialismo’. Recorre à análise marxista como se fosse certamente científica. Aumenta assim a práxis de grupos cristãos politicamente radicalizados e envolvidos em ação revolucionária (não necessariamente violenta). Formula as suas proposições em função da práxis revolucionária, perdendo o contato com a tradição cristã. Com outras palavras: a fé, com suas expressões e instituições, é criticada a partir da ação revolucionária; o critério da verdade, mesmo em matéria de fé, é a força transformadora que alguma proposição possa ter. Tal corrente se distancia da hierarquia da Igreja e do povo fiel e tende a converter-se em uma ‘teologia transconfessional’ (além ou acima das confissões de fé cristãs) ou mesmo esvaziada de conteúdo de fé propriamente dito. Tende a reduzir-se a mero discurso sociológico de verniz cristão, posto a serviço da luta de classes. A práxis libertadora, em tal caso, é destituída de notas especificamente cristãs. Assim apaga-se a diferença entre Igreja e mundo; realiza-se a total secularização do Cristianismo.” (BETTENCOURT, Estêvão. Pergunte e Responderemos. Novembro-Dezembro 1984, nº 277. Rio de Janeiro: Lumen Christi. Teologia da Libertação: quatro enfoques, p. 448. In: PR-277 - Novembro-Dezembro/1984 - Veritatis Splendor)

14- TERRA, J. E. Martins. Frei Boff e o neogalicanismo da Igreja brasileira. São Paulo: Militia Christi. 1984, pp. 28-29; 30-31.

15- BOFF, Clodovis M. Teologia da Libertação e Volta ao Fundamento. REB, nº 268, vol. 67, Outubro 2007. pp. 1002.

16- De 2003 a 2004 atuou como assessor especial do Presidente da República. Em entrevista à Folha de São Paulo, do dia 24/08/2003, o comandante das FARC (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) e 2º em sua hierarquia, Raúl Reyes, aponta Frei Betto como um dos intelectuais que são contato das FARC no Brasil: Folha Online - Mundo - ''As Farc têm todo o tempo do mundo'', diz comandante - 24/08/2003 (uol.com.br)

17- Em uma entrevista, de 23/11/2013, Frei Betto fala sobre sua passagem pelo Rio Grande do Sul: “Em fevereiro de 1969, fui para o seminário do Cristo Rei, onde hoje é a Unisinos, em São Leopoldo (lá era o seminário dos jesuítas) e já com a proposta do Marighella que organizasse esse esquema de fronteiras. Passei de 10 a 12 pessoas, inclusive sequestradores do embaixador americano – o sequestro aconteceu em setembro de 1969. Consegui formar uma redezinha de apoio e tudo isso veio abaixo depois da morte do Marighella, em São Paulo, em 4 de novembro de 1969. E eu só fui preso, caí numa cilada, no dia 9 de novembro de 1969.” – FREI BETTO – entrevista em 23/11/2013 | PALAVRAS, TODAS PALAVRAS (wordpress.com)

18- BEZERRA, Gustavo Henrique Marques. O livro negro do Comunismo no Brasil. Rio de Janeiro: Jaguatirica. 2019, p. 482.
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REVISTA "A VERDADE" - Ed. 59, de 18/10/2021 (Uma publicação digital semanal do Jornal da Cidade OnlineAssinar a revista


OPINIÃO
A ‘janela de Overton’ e o avanço da pedofilia e do canibalismo


(por Carlos Adriano Ferraz)


Existe uma metáfora popular que expressa uma notável sabedoria de senso comum. De acordo com essa metáfora, se colocarmos um sapo na água fervente ele saltará imediatamente. Talvez com algumas queimaduras, mas vivo. No entanto, se o colocarmos na água fria e a esquentarmos gradualmente, ele simplesmente morrerá imerso na água fervente.

Cito essa metáfora pois me parece que ela expressa algo que pode ser colocado de forma mais sofisticada, se recorrendo, por exemplo, à chamada “janela de Overton”, nomeada em nome de seu criador, Joseph P. Overton, o qual elaborou um modelo que esclarece como opiniões públicas podem ser mudadas gradualmente, de forma planejada, desde a ‘total inaceitabilidade’ de uma ideia/teoria até sua ‘completa aceitação’. O “caminho” seria, de forma esquemática, o seguinte: 1. ‘Impensável’ (completamente inaceitável) – 2. ‘Radical’ (inaceitável com ressalvas)- 3. ‘Aceitável’ (neutra) – 4. ‘Sensível’ (aceitável com ressalvas) – 5. ‘Popular’ (totalmente aceitável). Diversas práticas e modos de vida teriam passado por essas etapas: banalização do divórcio, aborto, vulgarização do sexo sem vínculo reprodutivo, glamourização da drogadição, “poliamor”, etc, seriam alguns bons exemplos de como ideias originalmente inaceitáveis em sociedades civilizadas passaram a ser consideradas “normais” e plenamente aceitáveis. Além disso, em comum tais ideias têm o fato de que não foram impostas de forma revolucionária, mas de maneira gradual e diligentemente planejada.

Dessa maneira, o ponto é que, nos dias que correm, ideias hediondas estão gradualmente passando por essas etapas. Cito, aqui, dois exemplos em particular: pedofilia e canibalismo.

Sobre a pedofilia, vou me eximir de abordá-la, pois já o fiz em diversos textos no JCO e aqui em ‘A Verdade’ (postarei alguns links ao final desse texto). Mas reitero que ela já está em estado avançadíssimo, talvez aceitável com ressalvas.

Não obstante, vejamos o exemplo do canibalismo.

Um dos primeiros a expor como uma prática inconcebível, como o canibalismo, poderia ser “normalizada” foi o jornalista Evgueni Gorzhaltsán. Segundo ele demonstra em um artigo muito citado, por mais absurdo que possa, à primeira vista, parecer, o uso da “janela de Overton” é “mais poderoso que uma bomba atômica”, e pode ser bem-sucedido em assegurar mesmo a aprovação de uma prática outrora impensável, como o canibalismo.

Vejamos, então, como tal prática está em fase de “normalização” gradual.

Com efeito, sociedades civilizadas do passado certamente consideravam o “canibalismo” um tema tabu, de tal forma que sequer o discutiam. Era simplesmente impensável. No entanto, gradualmente o tema passou do ‘impensável’ para o ‘radical’, especialmente na medida em que o tabu começou a ser deixado de lado e o tema entrou em debate, sobretudo no ambiente acadêmico, no qual, a propósito, as ideias mais hediondas são concebidas em mentes torpes e impostas à sociedade. Por exemplo, o mundo acadêmico se destacou na discussão sobre povos que eram adeptos do canibalismo. E, no momento em que essa discussão começou, saiu-se do impensável. Posteriormente começaram as incursões relativistas, nas quais se começou a relativizar as culturas, como se fossem todas iguais. Assim, tais povos primitivos, adeptos do canibalismo, começaram a ser ajuizados “sem preconceitos”, de tal forma que muitos acadêmicos passaram a defender que certas categorias morais são relativas, isto é, que a cultura de povos adeptos do canibalismo seria tão válida quanto a cultura ocidental para a qual o canibalismo seria uma prática hedionda. Sim, esse é um dos efeitos colaterais do relativismo, sem o qual certas práticas execráveis jamais teriam logrado avançar. Aliás, a própria “janela de Overton” só é eficiente em uma sociedade na qual vige a mentalidade relativista. Uma sociedade com morais absolutos pétreos jamais seria facilmente manipulada por processos de engenharia social. Assim, se hoje a pedofilia tem avançado, isso só ocorre porque estamos vivendo tempos de tibieza moral. O mesmo vale para outras práticas, desde a aceitação do aborto, da eutanásia, da promiscuidade, da violência, etc, até a defesa do canibalismo.

Mas o ponto é que a saída do impensável implica em uma espécie de processo inicial de “dessensibilização”. Assim, de acordo com William Sargant, em seu seminal “Battle for the Mind: A Physiology of Conversion and Brainwashing”, o primeiro passo na lavagem cerebral é justamente a “de-sensitizing”. Ou seja: a “dessensibilização”. Inicialmente importa fazer como que o sujeito perca a sensibilidade. Observem que a destruição dos valores que assentaram nossos pilares civilizacionais não ocorreu de uma só vez: sacralidade da vida, família, pudor e demais virtudes, etc, foram gradualmente corrompidas. Antes da guerra à família, por exemplo, houve a vulgarização do sexo, o divórcio, etc. Desse modo, o contato com a cultura de povos que praticavam o canibalismo, a exposição a imagens, relatos, etc, contribuíram imensamente para que ocorresse a “dessensibilização”. Posteriormente, a cultura começou a mostrar personagens canibais, os humanizando ou, mesmo, tornando-os atraentes, como o personagem Hannibal Lecter, em uma famosa série de livros e filmes. Também se passou a relativizar a prática do canibalismo com exemplos de situações extremas em que as pessoas recorreram ao consumo de carne humana, como no famoso caso da queda do avião uruguaio nos Andes (em 1972). Diante desse caso muitos passaram a sugerir que o canibalismo está, ao menos em alguns casos, justificado. Assim, ao longo das últimas décadas muitos canibais reais foram glamourizados em livros, filmes, quadrinhos, músicas, etc. Recorrendo ao exemplo da queda do avião uruguaio nos Andes em 1972, poder-se-ia dizer que hoje o impacto em torno do caso não seria o mesmo, pois nesses quase 50 anos, o canibalismo foi se movendo do inaceitável para o aceitável, com algumas ressalvas. Noutros termos, hoje a reação da opinião pública muito provavelmente seria diferente daquela de 1972.

Sem embargo, atualmente avança a defesa de que a carne humana deverá ser a “comida do futuro” (atualmente usa-se, ao invés de canibalismo, uma expressão menos desagradável: antropofagia). Dada a preocupação ecológica, “cientistas” como Magnus Soderlund têm defendido que passemos a dar uma utilidade gastronômica aos cadáveres. Tudo, segundo ele, para parar o aquecimento global (????). E ele não está sozinho nessa defesa, a qual certamente avançará nos próximos anos, especialmente desde nossos ambientes acadêmicos, nos quais já tem sido também defendido que passemos a desenvolver carne humana em laboratório para nosso consumo alimentar, bem como que passemos a comer insetos e outras criaturas repulsivas. Aparentemente, nossos “intelectuais” possuem “gadofobia”: pode-se comer qualquer coisa (carne humana inclusa no cardápio), menos carne de gado.

Mas o fato é que diversas práticas bizarras, inconcebíveis em um passado recente, estão hoje sendo normalizadas no meio acadêmico e na mídia, de tal forma que o canibalismo pode, em breve, se tornar, como outras práticas hediondas se tornaram, legalmente protegido. Em linhas gerais, é assim que a “janela de Overton” funciona. Práticas impensáveis se tornam, após um tempo, legais, de tal forma que mesmo questioná-las passa a ser proibido. Dito de outra forma, inicialmente aquele que as critica se torna um “preconceituoso”. Em seguida, se torna um criminoso.

Mas tal caminho, revelado pela “janela de Overton”, só é possível em uma sociedade permissiva e relativista. Se a pedofilia e o canibalismo estão avançando, isso só é possível porque hoje vige uma mentalidade relativista fundada especialmente no hedonismo egoísta narcisista. Ou seja, nosso problema é essencialmente moral.

Talvez não haja mais tempo, mas, ou resistimos virtuosamente à tibieza moral reinante, ou práticas como a da pedofilia e a do canibalismo serão “normalizadas” socialmente. Aliás, não basta frear a pedofilia e o canibalismo: precisamos reverter o avanço das demais práticas hediondas que, tal como um câncer, se enraizaram em nossa cultura e ameaçam a plena realização humana, especialmente ao prepararem as condições para a aceitação de práticas cada vez mais hediondas.

Abaixo seguem alguns textos em que abordo o problema do avanço da pedofilia:







Carlos Adriano Ferraz é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

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CULTURA


O que George Orwell, autor de 1984, aprendeu com a Guerra Civil Espanhola
(da Redação)

Aos 33 anos, o escritor britânico George Orwell embarcou, à meia-noite de 25 de dezembro de 1936, em uma estação de trem de Paris, com destino a Barcelona. Os vagões estavam cheios de voluntários europeus que rumavam para lutar contra os fascistas na Guerra Civil Espanhola.

A Faro Editorial lança mais um livro de George Orwell, “Homenagem a Catalunha e Relembrando a Guerra Espanhola”. Nesta edição, publicada pelo selo Avis Rara, a tradução é do jornalista Duda Teixeira, que complementou a obra com mais de sessenta notas trazendo explicações e curiosidades. O livro conta ainda com uma linha do tempo e um glossário, que ajudam a entender a complexa Guerra Civil Espanhola, precursora da Segunda Guerra Mundial. A palavra, contudo, é sempre do brilhante George Orwell. É ele quem comanda esta aventura.

Ao longo de seis meses, Orwell participou de treinamentos militares com adolescentes espanhóis, atirou contra soldados franquistas, montou guarda no telhado de um cinema, dormiu enrolado em uma cortina de cabaré na companhia de duas granadas e fumou cigarros feitos por andaluzes humildes. Chegando a Barcelona, depois de meses no front passando fome e frio, não pôde participar do conflito em Madri. Dias depois, testemunhou a ação dos comunistas, que prenderam e fuzilaram anarquistas e trotskistas — grupos aliados, que estavam ali lutando também contra o fascismo —, enquanto as tropas de Franco avançavam no restante do país.

Essa experiência espanhola, de perceber o autoritarismo presente nos movimentos que deveriam lutar contra as ditaduras, moldou a visão de mundo de Orwell, que depois escreveria os livros “A revolução dos bichos’ e “1984”. Este livro inclui “Homenagem à Catalunha”, que o autor esboçou em Barcelona, e o ensaio “Recordando a guerra espanhola”, redigido anos mais tarde.

Mais informações no site da editora Faro:


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👆 PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

"Comunistas só concebem o bem sob a forma dos conflitos internos do mal. O bem positivo, substancial, lhes é totalmente desconhecido." (14/10/2021)

"Karl Marx definia-se como "o crítico radical de tudo quanto existe". Colocava-se acima da Criação para julgá-la e condená-la. Todo marxista é um satanista." (14/10/2021)

"O pogrécio do liberalismo: os guardanapos de pano somem dos restaurantes e os de papel ficam cada vez menores." (15/10/2021)

"Agradeço de coração os bons votos de Dia do Professor." (15/10/2021)

"O Brasil é formalmente uma democracia capitalista, governada substancialmente por uma ditadura comunista." (16/10/2021)

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OPINIÃO DO AUTOR
Conacon 2021 - Virada Conservadora
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
19 de Outubro de 2021



Existe, ou pelo menos existia até pouco tempo, uma falta de ação concreta no âmbito do real por parte dos conservadores brasileiros. Eu ainda mantenho a possibilidade da "existência", porque ela ainda se faz presente em diversos lugares do Brasil. Porém, essa inação está começando a dar lugar à ação em diversos lugares. Em São Paulo, grupos e grupos de conservadores já realizam encontros: o CPAC Brasil. Importado dos EUA, o congresso tem como foco a união dos conservadores e a chamada à ação no mundo real, fora das redes sociais. Ribeirão Preto também tem procurado por bastante tempo realizar um congresso como esse, obtendo algum êxito em anos pregressos com Simpósios, porém, não retroalimentando essa mesma ideia para tempos vindouros. Com isso, a renovação fez-se necessária para que a ação conservadora não se extinguisse em uma região tão propícia para que isso ocorresse.

Nasce então, através das lideranças conservadoras regionais, como o comendador, secretário, empresário e ativista Camilo Calandreli, a Somos Brasil. Natural de São Paulo capital, Calandreli mora em Ribeirão Preto já faz bastante tempo. Esteve por um tempo envolvido na Secretaria Especial de Fomento à Cultura do governo Bolsonaro de 2019 até início de 2020, quando voltou à Ribeirão Preto para tentar vaga de vereador na cidade. Em 2021, resolveu fazer renascer a ação conservadora no município e, chamando lideranças de todos os lugares do Brasil, formou o Congresso Nacional Conservador, o evento Conacon 2021, que aconteceu em 16 de Outubro.

Adentrando os corredores do Hotel Royal Tulip JP, pude ver a multidão lá já concentrada. Na entrada, tive o prazer de cumprimentar e trocar rápidas palavras com o ex-ministro do meio-ambiente Ricardo Salles, que estava visivelmente contente de estar por lá, e deu uma palestra realmente muito boa e animada. O pessoal começou até a cogitar a possibilidade dele ser o próximo governador de SP. Indo mais ao interior no hotel, você sentia aquele frio na barriga. Era aquela sensação de estar entre os gigantes. Leônidas Pellegrini, em sua entrevista com Ernesto Araújo definiu bem essa sensação ao conversar com o ex-ministro do Itamaraty.

Mas tudo correu muito bem. Pude encontrar por lá pessoas com quem já tinha uma familiaridade, amigos que já me conheciam pelo grupo do zap, entre eles, Weder Teixeira, ao qual sou eternamente grato pela generosidade que teve comigo em um momento bem difícil que passei, e com quem eu divido aquela animação de poder compartilhar conhecimentos, ler e descobrir. Ele também estava por lá e, me avistando com minha esposa, parou para nos cumprimentar. Livros também marcaram o evento, havia nos corredores centenas de livros conservadores à venda e autores assinando e cumprimentando o público.

Eu pude interagir com diversas pessoas que estavam envolvidas no evento, como Emilio Kerber, escritor dos livros O Mito e O Mito II, e também tive a satisfação de ter uma longa conversa com ele e trocar ideias. Lá também, assinando livros e marcando presença, estava Rafael Fontana, do Terça Livre e do Jornal NQC. Muito simpático e inteligente, eu me senti à vontade para tirar uma foto com ele, segurando inclusive uma cópia do Chinobyl nas mãos, livro que eu já havia comprado, e trocar algumas boas ideias. Também encontrei por lá rapidamente o Gustavo Gayer, que apresentava o evento, a dra. Nise Yamaguchi, muito simpática, a influenciadora Clau De Luca, que conheci lá atrás, quando estava no Crítica Nacional do Paulo Enéas, e o deputado federal Gil Diniz, com quem também pude interagir e trocar rápidas e amistosas palavras.

As palestras foram espetaculares. Destaco aqui a já citada palestra do Ricardo Salles, que falou sobre sua gestão na pasta do meio-ambiente e sobre a perseguição que sofreu quando estava por lá, e até aproveitou para parafrasear Donald Trump no final; teve a ótima palestra online do Luiz Philippe de Orleans e Bragança no telão, onde ele dissertou sobre o projeto da Constituição Libertadora, que é um projeto dele e de mais algumas pessoas, e que tem por objetivo substituir a nossa constituição socialista vigente de 88; teve o vídeo de Eduardo Bolsonaro, que não estava presente por estar em Dubai em uma missão e que também trouxe ótimas palavras para o público presente, falando sobre a difícil tarefa de endireitar o país. Seguiu-se a palestra do Cap. Derrite, onde ele demonstrou para nós os níveis alarmantes de violência em SP, e como poderíamos atuar para ajudar a melhorar o quadro.

Porém, muito embora todas as apresentações tenham sido maravilhosas e impecáveis, inclusive a homenagem ao nosso professor, mestre e filósofo Olavo de Carvalho (que eu conferi depois pelo vídeo), um grande momento para mim, foi depois do almoço, o bate-papo entre Camilo Calandreli, a secretária de educação Ilona Becskeházy, a advogada Fabiana Barroso (que também tive o prazer de cumprimentar rapidamente) e outros convidados, que foi um grande momento em que eu depois agradeci pessoalmente o Camilo pelo que ele trouxe à baila, pois Ribeirão precisava ouvir as coisas que foram expostas por lá, como o quanto nossa educação socialista vai péssima e que o quadro da educação no mundo também não tem estado muito bom; dentre outras coisas, eles destacaram a importância da ação conservadora no intuito de atuarmos na cultura, para podermos reverter o triste quadro da educação no país. Era tudo que eu precisava ouvir!

Após isso, eu tive que ir embora, a contra-gosto claro, pois tudo estava muito bom mas fui acompanhando o restante pela transmissão online. Enfim, saí do evento muito contente e com energia e ânimo renovados para poder continuar a colaborar, naquilo que me for possível, para ajudar minha cidade e meu país a construir uma história mais bonita para si e um futuro que nossos filhos e filhas poderão aproveitar. Meus mais sinceros parabéns ao Camilo Calandreli, à Somos Brasil e a todos os outros que estiveram envolvidos na organização deste grande evento. Que o do ano que vem seja ainda maior e de mais alcance. Nós só temos a ganhar com isso.

E o que temos a ganhar? Bom, primeiramente porque o Conservadorismo é o tipo de pensamento da qual compartilha a maioria esmagadora da sociedade brasileira. Logo, se temos bases fortes e animadas para trabalhar, teremos melhores resultados lá na frente. Um esquerdista já nasce sabendo disso. E segundo, é que a prova do que eu falei agora, é que hoje de manhã eu abro meu zapzap e lá no grupo eu vislumbro um protesto de rua sendo planejado aqui em Ribeirão Preto contra o ABSURDO passaporte vacinal, ou seja, o documento que destrói a liberdade de cada indivíduo no país, seja de direita ou de esquerda. Vocês podem ver com toda clareza o resultado da ação de reunir as pessoas (Conacon) para se fortalecer uma ideia da qual todos almejam desfrutar: a liberdade. E como diria São Tomás de Aquino: "idem velle, idem nolle": amigo de verdade é aquele que defende as mesmas coisas que eu e é contra as mesmas coisas que eu. Vamos então nos fortalecer!

Inscreva-se no perfil do YouTube da Conacon SomosBrasil, assista as transmissões do evento que estão por lá e fique informado sobre os próximos eventos e atividades que virão. E que Deus abençõe essa iniciativa cada vez mais.

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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)


O Giorgio Cappelli nunca perde o seu jeito de homenagear o mestre! Ainda bem! Ha ha ha!)
(18/10/2021)


Essa é do Kim Paim, mas faço dele as minhas palavras!
(19/10/2021)


O Sal Conservador mudou seu estilo para charges animadas. Confiram a nova dele no YouToba!
(19/10/2021)



Já o Cartunista Jindelt continua o mesmo, hehehe...
(18/10/2021)
(18/10/2021)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Novo livro do inigualável psicólogo Jordan Peterson, que nos apresenta mais 12 regras para nossa vida, fazendo par com o seu anterior. Percebam a sutileza: no livro branco, "12 Regras para a Vida: Um Antídoto para o Caos", você tem a palavra "caos" na capa, como o ponto de contradição ao "antídoto", como ele diz no subtítulo. Já no presente livro preto, "Além da Ordem: mais 12 Regras para a Vida", você tem a palavra "ordem" no título, fazendo uma perfeita alusão à ideia do mito chinês do Yin e Yang, duas metades opostas, mas que se completam, uma sendo o caos e a outra, a ordem. Compre este livro... ou melhor... compre os dois livros! O primeiro eu já recomendei na edição III do meu blog, então aproveite e leve o par para sua casa! Garanto que vai te ser de grande ajuda e inspiração!

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