Edição XCII - Terça Livre, opinião do autor e mais

Tempo de Leitura XCII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo de conteúdos com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na saudosa revista Terça Livre e outras publicações de fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


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22 de Abril de 2024
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 60 da Revista Terça Livre, de 01 de Setembro de 2020.

O site do Terça Livre mudou de endereço, passando a se chamar Academia ConservadoraAs revistas históricas do Terça Livre já não se encontram mais disponíveis, pelo menos por enquanto, passando as matérias que posto a novamente serem veiculadas apenas usando meus pdfs pessoais. O jornalista Allan dos Santos garantiu que elas voltarão. Acessem e assinem o site, caso possam.

Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo. Os valores estão em dólares. Vale a pena, pois é um site de formação intelectual, algo imprescindível para a guerra de informação que lutamos no momento. 

Também o jornalista Allan dos Santos, através da mesma plataforma fundou o endereço
 Terçaflixpara veiculação de vídeos históricos do Terça, bem como de material importante de registro, passando então o Terça Livre a estar atuando no seu perfil do X (precisa de VPN ainda), do Rumble (com o programa Guerra de Informação, necessita de VPN), ao CloutHub (acesso livre) e ao do Locals (também precisa de VPN).



CULTURAL


👆 Porque você precisa conhecer
José de Anchieta

(por Leônidas Pellegrini)



Quando pensamos o nome José de Anchieta, o mais comum é associá-lo a uma vaga lembrança dos tempos de escola, geralmente ligada à disciplina de Literatura do 1º ano do ensino médio. Reminiscências como “literatura jesuítica”, “literatura catequética”. Para quem está ou mais recentemente esteve nessa etapa escolar, pode também se lembrar de termos como “dominação colonial” ou “imposição cultural”.

Uma pena, pois Anchieta foi sem dúvida um dos gigantes da nossa história em um primeiro e decisivo memento da formação do território nacional e, em muitos aspectos, foi pioneiro: “primeiro poeta, primeiro teatrólogo, primeiro gramático, primeiro humanista, primeiro mestre espiritual do Brasil”, conforme bem já assinalou o professor Eduardo de Almeida Navarro.

É interessante, portanto, listar e assinalar as obras que fizeram de Anchieta um gigante pioneiro.

Apóstolo e santo

Nascido em Tenerife, nas Ilhas Canárias, em 1534, e autoassumido como basco, Anchieta estudou nos Colégio das Artes, em Coimbra, onde levou uma vida de rigoroso estudo e persistência na fé, afastando-se da licenciosidade vigente entre muitos membros daquela instituição. Entrou com pedido para ingresso na Companhia de Jesus em 1551, fazendo seus primeiros votos como jesuíta em 1553, mesmo ano em que embarcou para o Brasil na esquadra de Duarte da Costa, nosso segundo governador-geral.

Chegou ao Brasil em 1554 e, desde então, jamais interrompeu seu apostolado de fé. Segundo os relatos históricos, foi apelidado pelos índios de São Vicente como Abaré bebé, que quer dizer Padre Voador, tal era a velocidade com que se deslocava de um lugar a outro para fazer suas pregações. Em seus anos de apostolado, trabalhou incansavelmente para a difusão da fé cristã e a conversão dos povos indígenas no Brasil, tendo trabalhado nas capitanias de São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Bahia. Teve atuação decisiva, inclusive, no desfecho dos conflitos entre portugueses e índios tamoios, instigados pelos invasores franceses, na Confederação dos Tamoios.

Sempre guiado por sua inabalável fé desde o primeiro dia em que pisou no Brasil, nem mesmo uma dolorosa enfermidade nos ossos, que o tornou corcunda ainda na juventude, foi capaz de lhe abalar o ânimo nas mais de quatro décadas de trabalhos dedicados exclusivamente a Deus por aqui. Por isso, merecidamente Anchieta é reconhecido com o título de Apóstolo do Brasil. Além disso, foi também o primeiro santo a pisar em terras brasileiras, pois foi canonizado pelo papa Francisco em 3 de abril de 2014.

Professor/pedagogo

A antiga Companhia de Jesus foi uma ordem voltada para a educação. Até sua extinção no século XVIII, onde quer que houvesse jesuítas, havia a fundação de escolas dedicadas à melhor formação humana possível. Assim aconteceu no Brasil, e assim foi boa parte do apostolado de Anchieta.

O jovem padre recém-chegado ao Brasil já participou da fundação da segunda escola jesuítica no país, na então São Paulo do Piratininga, em 1554. Com 19 anos de idade, era o primeiro professor daquela que viria a ser a cidade mais importante do país, ensinando latim para os irmãos jesuítas que viviam ali. Passava noites em claro copiando as lições para seus alunos, que não dispunham de livros ou manuais.

Além disso, seu rápido domínio da língua brasílica o habilitou a atuar com grande facilidade e eficiência em seu trabalho catequético (também pedagógico, portanto) entre os povos indígenas com que teve contato.

Gramático

O jovem Anchieta, como já mencionado, dominou em poucos meses a chamada língua brasílica, ou língua geral do Brasil, que era falada em toda a costa brasileira, com variantes dialetais do Tupi, Tupinambá e Tupinambá do Norte, entre outras. Com isso, conseguiu realizar um trabalho mais eficaz de catequese. Chegou, inclusive, a auxiliar o padre Manuel da Nóbrega, que nunca conseguiu aprender muito bem a língua geral, na confissão dos índios.

Assim, com seu conhecimento privilegiado e os estudos que realizou durante toda a vida sobre a língua tupi, Anchieta publicou, em 1595, seu livro Arte da Gramática da Língua mais Usada na Costa do Brasil, a primeira gramática escrita no país. Também escreveu o Diálogo da Fé, uma espécie de catecismo destinado ao uso dos missionários para a introdução dos indígenas na fé cristã, com a versão em Tupi das diversas orações e trechos extraídos da Bíblia.

Dramaturgo

Boa parte do trabalho de catequese de Anchieta foi realizado por meio de peças teatrais por ele criadas, e pelas quais o santo jesuíta também se consagrou como pioneiro de nosso teatro. Compostas em tupi para serem encenadas pelos indígenas convertidos, eram tramas simples, com o foco na luta do bem contra o mal, com a presença de santos mártires (como São Lourenço, São Sebastião e São Maurício), demônios (muitas vezes encarnados como os chefes indígenas antropófagos não convertidos ou almas de antigos imperadores romanos responsáveis pelo genocídio contra os primeiros cristãos), anjos, almas desorientadas e personagens alegóricos. A principal preocupação de tais trabalhos era o combate aos costumes bárbaros que faziam parte da cultura local, sobretudo os rituais pagãos que envolviam a prática do canibalismo.

Os autos anchietanos foram decisivos no trabalho pedagógico de conversão, catequização e orientação espiritual dos indígenas. E, não obstante o caráter de literatura secundária que vieram a adquirir nos manuais escolares, são peças de grande valor literário, nas quais podem ser percebidos as claras influências do teatro medieval vicentino e o valor da formação humanista de Anchieta, o “Canarinho de Coimbra”.

Poeta

O primeiro poeta na Terra de Vera Cruz. Sim, Anchieta também foi pioneiro na história da literatura no Brasil como poeta. Produziu uma vasta obra lírica em português, castelhano, latim e tupi. Sua lírica tupi, inclusive, é toda ela cuidadosamente trabalhada na métrica e esquema de rimas medievais e renascentistas.

Em toda sua obra lírica, evidencia-se a sua devoção à fé católica e, sobretudo, a Nossa Senhora (aliás, Anchieta também é considerado o introdutor da devoção mariana no Brasil). Desta safra, sua obra mais impressionante, sem dúvida é o seu De Beata Virgine Deu Matre Maria, um poema de 5786 versos em honra à Mãe de Deus, composto sem papel ou tinta, com gravetos nas areias da praia, quando Anchieta foi refém dos indígenas em Iperoig (hoje Praia do Cruzeiro), por sete meses durante os quais eram realizadas as negociações da paz da Confederação dos Tamoios. Escrito em latim à imitação de Ovídeo, o poema foi decorado pelo missionário e só colocado no papel em 1864, após sua libertação do cativeiro. Envolve toda a existência de Nossa Senhora, desde a sua Imaculada Conceição até sua Assunção e coroação no Céu, passando por sua vida terrena, suas alegrias e suas dores, incluindo toda a ação dos evangelhos em sua composição. Uma obra que não deveria ser esquecida, e que merece aqui o registro de um trecho de sua dedicatória, que transborda fé e beleza:

Eis os versos que outrora, ó Mãe Santíssima
te prometi em voto,
vendo-me cercado de feros inimigos.
Enquanto a minha presença
amansava os Tamoios conjurados
e os levava com jeito à suspirada paz,
tua graça me acolheu
em teu materno colo
e teu poder me protegeu intactos corpo e alma.
A inspirações do céu
eu muitas vezes desejei penar,
cruelmente expirar em duros ferros.
Mas sofreram merecida repulsa os meus desejos:
só a heróis compete tanta glória!

Ainda como poeta, Anchieta foi também o pioneiro no gênero épico no Brasil e nas Américas, com a epopeia De Gestis Mendi de Saa (Dos feitos de Mem de Sá), cujo foco das ações é a luta dos portugueses, sob o comando de Mem de Sá (terceiro governador-geral do Brasil), contra os indígenas hostis e os invasores franceses da França Antártica, na capitania do Rio de Janeiro.

O poema também narra batalhas ocorridas contra os indígenas na Bahia e no Espírito Santo, com episódios memoráveis como as mortes de Fernão de Sá (filho de Mem de Sá e governador da capitania do Espírito Santo) na Guerra dos Aimorés, e de Pero Fernandes Sardinha, primeiro bispo do Brasil, devorado pelos índios caetés após sobreviver a um naufrágio no rio Coruipe, assim como descrições bastante realistas e chocantes dos rituais de canibalismo praticados pelas tribos adeptas desse hábito.

É com um trecho desse poema, então, que bem cabe encerrar este artigo sobre São José de Anchieta. Nele, nosso canarinho de Coimbra, nosso Padre Voador, nosso apóstolo e santo, nosso gigante, enfim, expõe o principal motivo da expansão marítima portuguesa, o mesmo motivo de toda sua vida de perigos, abnegação e sacrifícios, o amor a Nosso Senhor:

Não foram as pedrarias do Oriente e as grandezas do Ganges, 
nem as especiarias perfumosas que a Índia derrama 
do seio fecundo, terra donde o sol lança à corrida 
seus chamejantes cavalos: foi, sim, o zelo abrasado 
de levar teu nome, ó Cristo, a todas as gentes, 
em qualquer clima da terra, o que moveu o régio peito 
a afrontar sendas desconhecidas, trabalhos na terra, 
ameaças no mar, e a rasgar com esquadras inteiras 
oceanos enfurecidos e dantes jamais navegados.

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Terça Livre / Revista Exílio
 - 10 de Abril de 2024





TERÇA LIVRE | LIBERDADE














👆 O retorno do Terça Livre teve 170 mil pessoas ao vivo no X de Elon Musk

(por Terça Livre - 10/04/24)

A live "O Resgate da Liberdade" que marcou o retorno definitivo do Terça Livre no X (antigo Twitter) bateu mais de 170 mil pessoas ao vivo e segue crescendo em número de visualizações.


A live de ontem, terça-feira (09/04), O Resgate da Liberdade com o jornalista Allan dos Santos, marcou o retorno definitivo do Terça Livre no X (antigo Twitter) bateu mais de 170 mil pessoas ao vivo e segue crescendo em visualizações.


Muitas pessoas não conseguiram acessar a live de ontem devido aos bloqueios impostos por Alexandre de Moraes (STF). Mas para que todos possam ter acesso ao conteúdo, fizemos questão de baixar toda a live em um site seguro, onde todos terão acesso total ao conteúdo na íntegra apresentado pelo jornalista Allan dos Santos. Veja a live aqui!

live marcou o retorno oficial do canal Terça Livre nas redes sociais, principalmente na plataforma de Elon Musk, X (antigo Twitter). O evento contou com milhares de pessoas que assistiram, ao vivo, dentro e fora do Brasil.

O jornalista Allan dos Santos apresentou novas denúncias, provas e informações dos bastidores da censura implementada no Brasil, os crimes que envolvem as ações do ministro Alexandre de Moraes contra opositores do governo Lula e informou ao seu público quais serão as estratégias e ações para combater o totalitarismo imposto pelo Regime PT-STF a partir de agora.

O retorno do Terça livre contará com uma nova estratégia de formações que será dada exclusivamente pelo jornalista Allan dos Santos, amparado por sua nova equipe diretamente dos Estados Unidos e fora dele.

Além das já tradicionais formações e cursos no site da Academia Conservadora, Allan dos Santos estreará uma Jornada de Formação exclusiva e contínua durante os próximos três meses. As formações semanais serão para um grupo seleto de pessoas que se inscreverem nessa nova jornada.

Segundo Allan dos Santos, a nova formação tem o objetivo de encontrar pessoas que buscam reconstruir o Terça Livre junto com Allan dos Santos, pessoas que querem formação intelectual, estratégias de novas ações na prática para vencerem o totalitarismo e a censura implementadas pelo ministro Alexandre de Moraes (STF) e vencer os obstáculos impostos pelo Regime PT-STF. Além disso, a formação semanal vai trazer um novo método de como combater a desinformação e mentiras propagadas pelo consórcio da grande mídia financiada pelo governo Lula.


Não perca essa importante e única oportunidade. Venha fazer parte desse grupo exclusivo de pessoas que serão cruciais para o retorno das ações do Terça Livre e de grupos capazes de combater a atual censura que Moraes tenta impor no Brasil.


Tudo isso foi desenvolvido de maneira segura e com total discrição. Toda a tecnologia será implementada de plataformas nativas dos Estados Unidos, sem mais aqueles constantes bloqueios impostos por Alexandre de Moraes (STF) ao trabalho e atuação do jornalista Allan dos Santos e do canal Terça Livre.


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LEÔNIDAS PELLEGRINI




ENTREVISTA

👆 Alexandre Soares Silva fala à Esmeril sobre seu novo romance
(via Revista Esmeril - 19/04/2024)






“Feérico Luar no Copacabana Palace” inaugura o catálogo de 2024 da Editora Danúbio

 

    A Editora Danúbio, que que tem entre seus principais focos a publicação de bons autores contemporâneos de nossa literatura (a que o editor Diogo Fontana chama de Nova Literatura Brasileira) estreou nesta semana o catálogo de 2024 com o romance Feérico Luar no Copacabana Palace, de Alexandre Soares Silva.

O enredo gira em torno de Lilico Bensaúde, um dândi brasileiro, herdeiro de um grande conglomerado comercial e de vastas plantações de café, que passa os seus dias suavemente na idílica Copacabana dos anos 20. Mas Lilico padece de um problema: a timidez. Seu acanhamento e seus modos desajustados o fazem impopular com as mulheres.

Quando uma estrela de Hollywood vem ao Rio de Janeiro gravar um blockbuster do cinema mudo, Lilico se apaixona. Agora, ele tem uma grande prova pela frente e a oportunidade de vencer os seus próprios medos. Conseguirá Lilico se tornar um homem à altura dos seus sonhos?

Feérico Luar no Copacabana Palace é o quinto romance de Alexandre Soares Silva, um dos mais criativos escritores da literatura brasileira contemporânea. Ambientado num Rio antigo tão nostálgico quanto ideal, e escrito num tom leve e agradável, a narrativa nos apresenta uma galeria de personagens cômicos e situações divertidas, que inserem a obra dentro da tradição dos grandes humoristas literários como Saki e P. G. Wodehouse.

Confira a seguir a entrevista que o autor concedeu à Esmeril.


Revista Esmeril: Como surgiu a ideia de escrever este novo romance?

Alexandre Soares Silva: Muitos anos atrás, me surgiu a vontade de escrever sobre um playboy fracassado num Rio de Janeiro fantasioso dos anos 20, mas na época eu queria escrever isso em inglês, e ficar rico. Só no ano passado me veio o impulso de escrever a história em português mesmo, porque as frases do narrador começaram a aparecer na minha cabeça. É como se o narrador tivesse cansado de falar em inglês comigo. Assim que resolveu falar em português, o livro deslanchou.

Revista Esmeril: O que o fez escolher o Rio de Janeiro década de 1920 para o cenário de sua história?

Alexandre Soares Silva: Aquele filme do Fred Astaire, Voando para o Rio, em que ele vem para um Rio muito melhor que o Rio verdadeiro de qualquer época. Minha intenção era fazer uma Nárnia carioca, um Rio só com o lado bom, sem violência, sem nem sequer a sordidez de Nelson Rodrigues. Um Brasil melhor, como ele deveria ser.

Revista Esmeril: Como se deu a criação de seu protagonista, Lilico Bensaúde? Ele foi inspirado em algum personagem histórico em particular, ou é mais um tipo social de época?

Alexandre Soares Silva: Ele é uma mistura de dândis da literatura antiga e eu mesmo, porque tenho um pouco da mesma ingenuidade, do mesmo desajeitamento com mulheres. Isso melhorou para mim nos últimos anos, mas gostei de exagerar esses traços por motivos cômicos. E, claro, por que não, dei pra ele a imensa fortuna e o tempo livre que eu gostaria de ter.

Revista Esmeril: Quais são os escritores que te serviram como referência e inspiração neste romance?

Alexandre Soares Silva: O espectro de Machado de Assis ronda o livro, literalmente, ou quase. E também no torneado de algumas frases em alguns capítulos curtos. Mas a influência maior é a do escritor inglês P.G. Wodehouse.








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👆 OLAVO DE CARVALHO

Liberdade e ordem

(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 15 de Fevereiro de 2010, disponível no site do professor)


Diário do Comércio, 15 de fevereiro de 2010

Sei que magôo profundamente os sentimentos de meus amigos liberais ao afirmar que nenhuma filosofia política séria pode tomar como princípios fundantes as idéias de “liberdade” e “propriedade” – precisamente as mais queridas dos corações liberais. Mas, sinto muito, as coisas são mesmo assim.

Entendo por filosofia política séria aquela que não se constitui de meras justificativas idealísticas ou pragmáticas para ações que se inspiram, de fato, em razões de outra ordem, quer sejam estas ignoradas ou propositadamente escondidas pelo agente.

A missão da filosofia política não é dar uma aparência de racionalidade a opções e decisões pré-racionais. É dar inteligibilidade ao campo inteiro dos fenômenos políticos, possibilitando que ações e decisões tenham firme ancoragem na realidade dos fatos e na natureza das coisas. Para isso é estritamente necessário que seus próprios conceitos tenham inteligibilidade máxima, para que não se caia no erro de explicar obscurum per obscurius.

A liberdade, embora clara e nítida enquanto vivência subjetiva, não se deixa traduzir facilmente num conceito classificatório que se possa aplicar à variedade das situações de fato. A noção e a própria experiência da liberdade são de natureza essencialmente escalar e relativa. De um lado, é muito difícil dar um significado substantivo à noção de liberdade política sem ter esclarecido primeiro o da liberdade em sentido metafísico – uma questão das mais encrencadas. De que adianta defender a liberdade política de uma criatura à qual se nega, ao mesmo tempo, toda autonomia real? Se somos produtos do meio, de um condicionamento genético ou de um destino pré-estabelecido, é ridículo esperar que a mera promulgação de leis reverta a ordem dos fatores, assegurando-nos o direito de fazer aquilo que, de fato, não podemos fazer. Lembro-me, sem conter o riso, de uma conferência em que o filósofo da hermenêutica, Hans-Georg Gadamer, negava toda autonomia à consciência individual, fazendo dela o efeito passivo de mil e um fatores externos, e logo adiante reclamava dos regulamentos da universidade alemã, que não concediam espaço suficiente à liberdade de expressão individual. Com toda a evidência, ele exigia que a burocracia universitária revogasse mediante portaria a estrutura da realidade tal como ele próprio tinha acabado de descrevê-la.

De outro lado, a “liberdade” é, com freqüência, nada mais que um adorno retórico usado para encobrir a vigência de algum princípio totalmente diverso. Quando, com a cara mais bisonha do mundo, o liberal proclama que “a liberdade de um termina onde começa a do outro”, ele está reconhecendo implicitamente – embora quase nunca o perceba – que essa liberdade é apenas a margem de manobra deixada ao cidadão dentro da rede de relações determinada por uma ordem jurídica estabelecida. O princípio aí fundante é, pois, o de “ordem”, não o de “liberdade”. Isso basta para demonstrar que a “liberdade” não é jamais um princípio, mas apenas a decorrência mais ou menos acidental da aplicação de um princípio totalmente diverso.

Compare-se, por exemplo, a noção de liberdade com a de “direito à vida”. Esta é um princípio universal que não admite exceções nem limitações de espécie alguma. Quando você mata em legítima defesa, ou para proteger uma vítima inerme, não está “limitando” a vigência do princípio, mas aplicando-o na sua mais plena extensão: a morte do agressor aparece aí como um acidente de facto, que em nada afeta o princípio, já que é imposto pelas circunstâncias em vista da defesa desse mesmo princípio. Nenhum raciocínio similar se pode fazer com relação à “liberdade”. Quando você limita a liberdade de um para preservar a de outro, o que aí está sendo aplicado não é o princípio da “liberdade”, mas o da “ordem” necessária à preservação de muitas liberdades relativas.

Do mesmo modo, não existe “propriedade absoluta”, de vez que a propriedade é essencialmente um direito, portanto uma obrigação imposta a terceiros. O mero poder de uso de uma coisa não é propriedade, é posse. A propriedade só surge na relação social fundada pela “ordem”. O mero fato de que existam propriedades legítimas e ilegítimas mostra que a propriedade é dependente da ordem, portanto não é um princípio em si. Só para fins de contraste, imaginem se pode existir um “direito à vida” meramente relativo. Esse direito é um princípio que está na base mesma da ordem, a qual se torna desordem no instante em que o nega ou relativiza. A própria ordem, nesse sentido, não é um princípio (ao contrário do que imaginam seus defensores tradicionalistas e reacionários). Se, na hierarquia dos conceitos, toda ordem se coloca acima da “liberdade”, como garantia da possibilidade de haver liberdade em qualquer dose que seja, nem por isso a noção de “ordem absoluta” deixa de ser impensável.

O primeiro dever de uma filosofia política séria é depurar os seus conceitos de toda contradição intrínseca e de toda confusão categorial. Sem isso, qualquer diagnóstico de um estado de fato ou todo fundamento que se possa alegar para ações e decisões é apenas um sistema de pretextos retóricos destinado a enganar não só o público, mas o próprio agente. Infelizmente a maioria dos opinadores políticos, acadêmicos ou jornalísticos, está incapacitada para essas distinções, que lhes parecem demasiado abstratas e etéreas, quando, por uma fatalidade inerente à inteligência humana, nunca é possível apreender cognitivamente o fato concreto senão subindo no grau de abstração dos conceitos usados para descrevê-lo.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

O Jornalismo como DEVE SER
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
18 de Fevereiro de 2024









Estamos vivendo em um tempo de censura e perseguição aos conservadores. Isso já está escancarado pelo MUNDO INTEIRO, e já não se pode mais negar. A tirania e a ditadura estão instaladas na nossa nação, e a liberdade de expressão está restrita apenas a um espectro político apadrinhado pelos "donos" do poder. Ninguém queria que tivessemos chegado a isso, mas é exatamente isso que estamos vivendo e não se pode mais negar, pois isso seria como negar a própria estrutura da realidade.

Dessa forma, precisamos de um "jornalismo como deve ser". E como se faz isso? Ora, o jornalismo "como deve ser" se faz com pessoas destemidas.

Vamos entender então o que seria "temor" e o que seria, por conseguinte, "destemor". Veja você que "medo" e "temor" são coisas diferentes, tem sentidos distintos. Medo é a sensação de desconforto, de que algo pode dar errado, te prejudicar, o medo te paralisa, te freia, e a saturação disso, se chama "pavor". Já o temor, é uma sensação intranquila, algo que te escandaliza, te faz sentir ameaçado. A sensação de medo é aquela que pode paralisar a ação de homens de pouca ou nenhuma virtude. A sensação de temor não necessariamente te paralisa, mas te faz ficar alerta. Ela te causa respeito pela ação do adversário, e a sensação de que se você não fizer algo, seu adversário pode levar vantagem.

Em Setembro de 2021 vimos algo que nos escandalizou: o jornal Terça Livre, fundado em Novembro de 2014 por Allan dos Santos, Ítalo Lorenzon, Thiago Rachid e Rodolpho Loreto foi censurado e fechado no Brasil. Curioso que no período do governo militar que durou de 1964 a 1985 você não teve um jornal sequer que tenha sido censurado, nem revista, nem qualquer outro veículo de comunicação. Você teve um certo controle de linguagem, sim, isso teve. Mas nenhum jornal foi obrigado a fechar as portas por qualquer razão que seja, como (mal)conta a "história oficial" da nação. Mas em Setembro de 2021, em plena "democracia" (ou assim pensávamos), por ordens judiciais, um jornal em plena atividade foi obrigado a fechar as portas no Brasil, e em 2020, um jornalista, Allan dos Santos, foi obrigado a viajar para os EUA para não ser preso pelo regime ditatorial do estado brasileiro que acabara de se instalar.

Essa, senhores, não é a "história oficial" contada pelos nossos meios de comunicação, mas é a HISTÓRIA REAL. É o que aconteceu DE FATO. As hostes de lorde Voldemort pareciam ter vencido.

Porém, o Terça Livre não acabou como muitos pensavam. Eu sei disso porque eu acompanhei o Terça Livre em todo seu período de "limbo". Após o jornal fechar as portas no Brasil, ele foi transferido de sede. Passou a ser registrado na Flórida, EUA, onde agora opera, e do período de Setembro de 2021 a Abril de 2024 ele passou por esse "limbo", com o jornalista Allan dos Santos mantendo a fraca chama dele acesa através de serviços fora do Brasil, como o CloutHub, o Gettr, o Rumble e a rede Locals, apresentando o programa Guerra de Informação. Com o fim desse período em 8 de Abril de 2024, momento em que O MUNDO INTEIRO ficou sabendo da tirania que estava acontecendo no Brasil, o Terça Livre "ressurgiu" novamente ao olho público com o Boletim da Noite através da rede "X", antigo Twitter, comprado pelo empresário Elon Musk, e também pela rede CloutHub onde já atuava no limbo.

Voltamos então à nossa questão inicial: como se faz um "jornalismo como deve ser"? Essa ficou sendo a frase de efeito do Terça Livre em seus últimos meses no Brasil, quando estava prestes a ir para a TV. Bom, respondendo a pergunta, esse tipo de jornalismo só é possível de fazer com uma dose de DESTEMOR.

Vimos que "medo" e "temor" não são a mesma coisa. Logo, o contrário de medo, ou seja, "coragem" e o contrário de temor, "destemor", também não são o mesmo. Mas nesse caso se completam.

Veja, podemos superar o medo com a coragem. O que é coragem? Coragem significa literalmente, "ir com medo". Padre Pio dizia muito essa palavra: "coraggio!", ou seja, VÁ, MESMO COM MEDO! Essa é uma das coisas que acho mais belas na vida de Padre Pio, e que foi explicada de forma magnífica pelo professor Olavo de Carvalho numa frase em que ele brilhantemente atesta: "a coragem nasce do amor ao próximo". Portanto, se você tem muito amor ao próximo, você tem coragem. Não precisa se descabelar dizendo que precisa "criar coragem", como se diz por aí, pois coragem, é justamente isso, ir com medo, por amor mesmo.

Assim, podemos dizer que Allan e a equipe do Terça Livre são pessoas corajosas, pois não tenham dúvida: sentem medo, como eu e você! Eu duvido que o Allan, durante todo esse período longe da família e com a vida destruída, não sentiu medo. Claro que sentiu, ele nem precisa me dizer isso para eu saber. Mas foi em frente, mesmo com medo. Isso é coragem.

A coragem sozinha não te faz destemido, mas é um ingrediente que te faz ser alguém destemido. Como vimos, o destemor implica em estar alerta para a manobra do adversário, mas não te paralisa em fazer o que tem que ser feito. A pessoa destemida é aquela que faz o que deve ser feito, mesmo diante de todas as adversidades que aparecem. Ela não se intimida. Ela não pára, ela não precipita, ela não retrocede. Ela recua, pega impulso e vai mais longe.

Um "jornalismo como deve ser" é um jornalismo DESTEMIDO. E pra se fazer algo destemido, é preciso de pessoas destemidas. O Terça Livre só voltou agora porque aqueles que trabalham nele e aqueles que verdadeiramente o apoiam, são destemidos.

Portanto, precisamos de jornalistas destemidos. Precisamos de um jornalismo destemido. Precisamos do Terça Livre. Ao Allan, ao Ítalo, ao Roveran, Fontana, Seu Sepúlveda, Paulo Figueiredo, a todos aqueles que não pararam, que aceitaram as pedradas e os latidos de cães furiosos, obrigado por não pararem! O Brasil tem uma dívida eterna com vocês! Avante! Avante, com coragem e destemor! Nenhuma censura e perseguição são para sempre quando você tem um exército de pessoas destemidas prontas para agir quando necessário for. "CORAGGIO!"

PS: não costumo fazer isso, mas vou fazer desta vez: texto escrito ao som de "Red Sea", da banda Theocracy.

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👆 HUMOR

Nas True Outstrips de hoje:

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- Uns falam de São Tomás... outros de estrume... ou melhor... falam estrume mesmo! Eh Bento Bostella! Hahaha!


- Falando em animais bovinos... e a picanha prometida, hein?! Hihihi!


- E no meio dessa balbúrdia, tem sempre alguém doido pra tentar de novo fórmulas requentadas que nunca deram certo!!


- E o Bernardo, hein? Foi visitar o mestre pra falar da fórmula da Pepsi! Só pra descobrir que a Pepsi já tava falando da própria fórmula sem ninguém perceber! Hahaha!



- E no meio do comício, apareceu o mestre trolando aquele barba assaltante com o incômodo passado, e... opa, parece que alguém se empanturrou demais na noite passada, hahaha!



- Aí na hora da historinha pra dormir, é aquele negócio... se tá ruim pra gente com esse Politicamente Pirado, imagina pro Patinho Feio, hahaha!




- E olha lá o guri chamando melancia de melancia! Oraporra, guri de mestre, mestrinho é!



- E que tal aproveitar o atual momento do regime pra gente... opa... silêncio pessoal! O Kaggad tá descobrindo que foi o próprio barbudinho que deturpou a economia, hihihi!

- Por falar em melancia, que tal a gente dar uma passada no quartel pra ver como estão nossos estimados traíras... digo, generais, hehehe! Opa... momento errado, pessuar! Meia-volta, volver! Eles estão tomando uma prensa do verdadeiro chefe deles, seu Cabeça de "aquele cujo nome não ousamos dizer", hahaha!!

- Pra encerrar as True Outstrips de hoje, um magnânimo pagador de imposto ensinando economia para um estrupíciE da federal, hehehe!!
(22/04/2024)


E hoje, o Giorgio que me desculpe, mas terá que dividir o espaço com os mais velhos: olha o que deu depois do seu Joaquim Teixeira ter sugerido a compra da Rede Bobo pelo Elon Musk! HAHAHA! Valeu vô Teixerão! Vou te enviar um maço de Róliúdi só pela indicação!

(20/04/24)


E, como sempre,... 

Se o inimigo do Austin Powers não me achar, a gente se vê de novo... quando der!


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RECOMENDAÇÕES CULTURAIS

Leitura de um filósofo estoico. Apesar dos estoicos terem um probleminha aqui e outro ali, aqui estão grandes ensinamentos de vida para nós desse grande pensador, Plutarco.

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