Edição XCI - Terça Livre, opinião do autor e mais

Tempo de Leitura XCI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo de conteúdos com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na saudosa revista Terça Livre e outras publicações de fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


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19 de Fevereiro de 2024
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 59 da Revista Terça Livre, de 25 de Agosto de 2020.

O site do Terça Livre mudou de endereço, passando a se chamar Academia ConservadoraAs revistas históricas do Terça Livre já não se encontram mais disponíveis, pelo menos por enquanto, passando as matérias que posto a novamente serem veiculadas apenas usando meus pdfs pessoais. O jornalista Allan dos Santos garantiu que elas voltarão. Acessem e assinem o site, caso possam.

Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo. Os valores estão em dólares. Vale a pena, pois é um site de formação intelectual, algo imprescindível para a guerra de informação que lutamos no momento. 

Também o jornalista Allan dos Santos, através da plataforma SUBSTACK, fundou a
 Revista Exíliopara veiculação de artigos importantes, passando então o Terça Livre a estar resumido a seu perfil do Rumble (com o programa Guerra de Informação, necessita de VPN), ao CloutHub (acesso livre) e ao do Locals (também precisa de VPN).



CULTURAL


👆 As Grandes Mentiras
(por Alberto Alves)


Disse, certa vez, o estadista e primeiro ministro britânico, Winston Churchill: “Uma mentira dá uma volta inteira ao mundo antes mesmo de a verdade ter oportunidade de se vestir”. Embora faça parte do contexto dos conflitos em tempos de guerra, a mentira institucional é um instrumento muito útil quando se quer intimidar ou alcançar algum êxito imediato, o que normalmente é compreendido como sendo parte do jogo, vencendo aquele que melhor tirar proveito dela. Nos regimes totalitários, a mentira faz parte como peça fundamental de controle da população, mas são naqueles cujo regime é controlado por quem carrega o “socialismo” em seus nomes oficiais, que provocam os maiores estragos.


Foi assim com a propaganda do partido nacional-socialista, ou o partido nazista, contra os judeus, a partir da qual estes sofreram desconfianças e rejeições no mundo todo, mas principalmente na Alemanha. Aos judeus eram atribuídas toda sorte de acusações, o que culminou num massacre de cerca de 6 milhões pelos nazistas sob a completa apatia do mundo diante das denúncias de prisioneiros fugitivos durante Segunda Guerra Mundial. Nem a divulgação das imagens aterradoras de sobreviventes esquálidos e das pilhas de cadáveres durante a libertação dos campos de concentração sensibilizou a opinião pública quanto ao exagero das mentiras divulgadas sobre eles. Ninguém os queria em seu país.

Até no campo científico a militância ideológica se fez presente, e não faltou propaganda para difamar a então chamada ciência judaica. O físico teórico alemão, descendente de judeu, Albert Einstein, depois de ter sido informado da divulgação de um livro chamado “100 autores contra Einstein”, respondeu: “Por que 100? Se eu realmente estivesse errado, apenas um bastaria”. É a velha falácia do apelo à autoridade, muito comum hoje em dia, sendo aplicada para tentar desacreditar o físico judeu perante a opinião pública. Talvez, e felizmente, tenha sido esse o principal motivo da Alemanha não ter tido sucesso na construção da bomba atômica.

Foi assim também com o terrível acidente nuclear da usina de Chernobyl, ocorrido em 26 de abril de 1986, quando o governo soviético simplesmente negou que tivesse acontecido algum incidente com suas usinas nucleares após ter sido indagado, dois dias depois, pelas autoridades suecas, cuja Central Nuclear de Forsmarka, distante mais de mil quilômetros do local do acidente, já estava detectando os níveis de radiação vindas de lá.

Também mentiram para a população de Pripyate, a cidade mais próxima da usina que abrigava seus trabalhadores, alegando que a retirada de emergência seria de apenas 3 dias, o que não aconteceu, porque eles nunca mais puderam voltar para suas casas. Vale lembrar que a retirada não foi imediata, a
ordem de evacuação só saiu 36 horas após a explosão. Nesse meio tempo, mais de 50 pessoas já haviam sido internadas por envenenamento radioativo e duas mortes, já haviam ocorrido.

O desastre de Chernobyl ficou conhecido como o maior desastre nuclear da História, que matou cerca de 4 mil pessoas na União Soviética e entre 9 mil a 16 mil em toda a Europa por contaminação posterior, segundo estudos da ONU.

Esses são apenas dois de muitos outros exemplos em que as mentiras proferidas por governos podem trazer estragos irreparáveis a ponto de comprometer a vida e a segurança de milhões de pessoas no mundo todo.

No contexto atual, a pandemia desse novo vírus chinês é a protagonista da vez. A capacidade de gerar terror com um vírus que tem uma taxa de letalidade extremamente baixa, mas que foi encarada como se
estivesse entre as mais devastadoras, convenceu o mundo todo a paralisar sua mão de obra, o que derrubou economias e trouxe sérios quadros de crise econômica e fome em diversos países.

É natural que eles adotassem o isolamento social para se proteger diante de uma doença desconhecida, mas não foi nada natural o ponto ao qual chegaram os adeptos do “fique em casa”. À exemplo do que fizeram com Einstein, as opiniões de especialistas favoráveis ao isolamento social foram exaustivamente expostas pela imprensa, mesmo as evidências apontando o contrário do que eles defendiam. Porém, a opinião pública se deixou levar por tais especialistas e passou a adotar as medidas radicais sugeridas por eles. O resultado todos já conhecemos: desemprego e miséria.

No entanto, a verdade está começando a se revelar e muitas mentiras vão sendo desmascaradas. O sucesso da hidroxicloroquina, por exemplo, impôs-se de tal maneira que ficou impossível negar sua eficácia. A China, então, passou a recomendar o uso da droga, embora faça ressalvas sobre ela, insistindo na falta de comprovação científica, como se isso fosse realmente necessário num contexto pandêmico emergencial. Será que alguém vai acusar agora Xi Jinping de anticientífico, a exemplo do que fizeram com Bolsonaro?

A internet tornou muito difícil para os governos socialistas terem controle sobre as informações que são veiculadas, como se tinha quando apenas a imprensa tradicional existia ou quando o regime era ditatorial. No contexto democrático, a estratégia é outra, embora os objetivos de controle sejam os mesmos. Assim, eles tentam convencer a sociedade com propagandas que reivindicam para o Estado a autoridade de julgamento sobre as informações através dos chamados fact-checking, que supostamente checam se elas são falsas ou não.

O caminho é lento e constante, mas a metodologia é sempre a mesma: eles criam o problema para gerar confusão, e então surgem com a solução em que somente o Estado, pode remediar os conflitos artificialmente criado por eles mesmos. Um claro exemplo é a já bem conhecida CPMI das Fake News, que traz o problema como se ele fosse orgânico, mas que na realidade foi habilmente arquitetado para criar os argumentos necessários para a intervenção mais tarde do Estado, que se fará presente através de leis que tentarão regulamentar a internet.

Imaginem, portanto, as consequências que virão se o socialismo conseguir alcançar o domínio da internet. A nossa voz e capacidade de integração serão destruídas, e nossa atuação será sumariamente sufocada. Além disso, nossos valores serão destruídos e a promoção de qualquer ato que afronte nossos princípios serão incentivadas, como tem sido feito na Educação e na Cultura, controladas por eles. Casos como a pedofilia serão facilitados, o crime hediondo de assassinato de bebês inocentes a que eufemisticamente chamam de aborto será cada vez mais comum e deixará de ser crime no país.

O circo está armado, o socialismo está tão bem estruturado que seus tentáculos já alcançam todos os seguimentos do poder, e não falta muito para que esses projetos de leis sejam aprovados se não agirmos rápido e nos posicionarmos com todas as nossas forças contra eles.

Será um erro terrível pensar que, se eles estão perdendo força, então é questão de tempo para que nossa vitória seja consolidada. Pelo contrário, é fato que estão perdendo força, mas é por isso que estão investindo pesado contra nós e irão usar tudo que têm para que consigam nos sufocar com leis que afrontem nossos princípios.

Que estejamos atentos, que não deixemos que essa nossa maior ferramenta nos escape às mãos no momento que mais precisamos dela. Vamos para as ruas novamente se for necessário, pressionemos nossos deputados incansavelmente e façamos barulho incessantemente, para que nada do que foi apresentado por eles, passe à diante. Precisamos ter consciência de que, se perdermos agora tão cedo, não iremos recuperar nossa liberdade.

A verdade sempre aparece no final, mas de nada adiantará se, quando chegar, não tiver quem se interesse em recebê-la.

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Terça Livre / Revista Exílio
 - 11 de Fevereiro de 2024





GEOPOLÍTICA
Imagem do túnel do Hamas
 encontrado pelo exército
 israelense em Khan Younis,
 na Faixa de Gaza.| Foto:
 EFE/Forças de Defesa de Israel














👆 Israel encontra túnel do Hamas abaixo de sede de agência da ONU em Gaza

(por Terça Livre - 11/02/24)


Agência “humanitária” era usada como célula terrorista


Ontem, 10, foi anunciada pelas Forças de Defesa de Israel a descoberta de um complexo de túneis de 700 metros sob a área onde se localiza a sede da ONU para Assistência aos Refugiados da Palestina (UNWRA), em Gaza. Esta descoberta evidencia que a agência de ajuda humanitária estava sendo utilizada pelo Hamas para fins terroristas. Nos túneis, foram localizados escritóriosarmamentosmunições, uma sala de servidores e uma área contendo pilhas de baterias industriais, os quais foram evacuados com a aproximação do exército israelense.


Em resposta, a UNWRA emitiu um comunicado esclarecendo que havia evacuado a sede mencionada em 12 de outubro, cinco dias após o início do conflito, e por isso não pode confirmar ou negar as alegações sobre a descoberta dos túneis. A agência também ressaltou sua incapacidade de conduzir inspeções militares em suas instalações, enfatizando que sempre que foram encontradas cavidades nas proximidades ou abaixo de suas instalações, a UNWRA emitiu imediatamente um comunicado tanto para as autoridades de Gaza quanto para as de Israel. 


Para piorar a situação, a acusação por parte dos palestinos contra Israel de espalhar desinformação sobre a UNWRA foi mencionada pela própria agência.


A agência esconde-se sob ações de educação, assistência médica e outros serviços essenciais, mas era só uma célula terrorista.


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LEÔNIDAS PELLEGRINI

👆 À direita
(via Revista Esmeril - 27/01/2024)


Inspirado na história de São Dimas, o bom ladrão 



    Já era o terceiro dia em que os malfeitores Gestas e Dimas suportavam o tormento da cruz. O primeiro, boquejando muito e sempre, maldizendo a própria sorte, seus algozes e Deus, quei xando-se das dores e blasfemando, e a intervalos cada vez mais curtos, não obstante o quasesufocamento que a crucifixão causava. O outro, quase sempre calado, rememorava sua vida toda até o presente suplício, várias e várias vezes, tentando entender como e por que se enveredara por caminhos tão sombrios, sinceramente arrependido de seus erros.

    É claro, as feridas do látego nas costas, grudando e desgrudando do madeiro, os insetos pousando sobre aquelas chagas abertas, as dores musculares em todo o corpo, cada vez mais intensas, os pulmões que iam se enchendo de líquido e a cada vez mais insuportável falta de ar o atrapalhavam (isso sem falar nas reclamações ininterruptas de seu companheiro à esquerda), e ele precisava começar de novo, e de novo, a cada vez que as memórias se atrapalhavam. Mas a cada recomeço sua concentração parecia melhorar, e os detalhes no filme que se projetava em sua mente iam ficando mais nítidos, com novas cenas esquecidas, fatos para os quais ele havia dado pouca importância no decorrer da vida e que agora pareciam recobrir-se de nova luz.

    Uma dessas lembranças remetia à sua primeira infância, e era a que mais se imprimia em seu pensamento. Acontecera quando ele ainda nem engatinhava, em uma estrada incerta em sua memória. Sua família viajava para algum lugar distante, no Oriente, e cruzara com outra que tomava caminho parecido. Havia na outra família um menino mais ou menos da mesma idade que a sua, pouca coisa mais novo, e enquanto as duas mães conversavam, ele e o outro pequeno haviam travado contato. O outro bebê o havia tocado de leve com sua pequenina mão, e aquilo causou-lhe uma alegria indescritível. Em sua linguagem de bebê, ele começou a gargalhar, e o outro o acompanhou, causando enorme deleite nas duas mães e em outros passantes aquelas gargalhadas gostosas dos bebezinhos. E então cada família seguiu seu caminho, e o pequeno Dimas rumaria para as trilhas perversas que o fariam chegar até ali, naquela cruz.

    A lembrança daquele seu primeiro amigo ficaria amortecida, quase esquecida, até aquele momento, quando voltava cada vez mais viva. Dimas ia lembrando, inclusive, de cada detalhe do rosto daquele bebê, e sobretudo de seu sorriso, que o fazia também sorrir apesar das dores excruciantes. Por que lembrava-se tanto daquele fato, e em especial daquele sorriso? Não sabia, mas gostava, porque era o único alívio de que dispunha, e se apegava a ele.

    Estava em um daqueles momentos em que as lembranças se atrapalhavam, e já tentando reordenar seus pensamentos, quando foi interrompido por alaridos que vinham da estrada. Um novo condenado vinha carregando seu madeiro e, fato estranho, acompanhado de uma multidão que vinha com choros e lamentos. Quando o prisioneiro se aproximou, Dimas espantou-se com seu estado: ele usava um manto vermelho, vinha com feriadas cruentas por todo o corpo, completamente ensanguentado, o rosto desfigurado, e com uma coroa de espinhos cravada em sua cabeça. Ficou pensando que mal teria feito aquele homem para tamanho rigor em sua punição, enquanto observava os que o acompanhavam mais de perto. Um jovem muito triste, e algumas mulheres, uma das quais parecia ser sua mãe, desfeita em prantos. Teve pena da mulher, sentiu seu coração pequeno, oprimido, ao vê-la naquele estado, e também por lembrar das tristezas que dera para sua própria mãe, morta havia pouco, desgostosa pelo filho tão degenerado e perdido. Também se apiedou do condenado, que agora tinha suas mãos e seus pés perfurados por enormes pregos. Até mesmo o tagarela Gestas emudecera enquanto observava aquela crucifixão especialmente violenta. E foi enquanto erguiam a cruz do novo companheiro que, a um grito de angústia daquela mulher que sofria tanto, clamando o nome do filho, que os dois malfeitores descobriam enfim que era o desfigurado: Jesus.

    Ambos já haviam escutado as muitas histórias que se contavam sobre um tal pregador nazareno que fazia muitos milagres, e que, diziam, era o enviado de Deus e Seu próprio Filho encarnado, mas nunca o tinham visto. Gestas não dava importância às histórias, para ele devia ser mais um de tantos magos charlatães que já conhecera, alguns aos quais já se associara mais de uma vez. Mas Dimas escutava todas as histórias com espanto e reverência, e em seu coração sentia mesmo uma grande vontade de um dia conhecer o tal nazareno. Pois bem, agora Ele estava ali ao seu lado, bem no meio entre ele e Gestas, que voltara a reclamar, xingar e blasfemar, urrando de dor a cada xingamento ou blasfêmia. Dimas, por sua vez, guardava o mais profundo silêncio, esgotado de dor e cansaço, olhando com o rabo do olho aquele homem que, ele sabia, era santo e não merecia estar ali. Mas foi então que, quando o encarniçado malfeitor da esquerda, já exausto, sentiu que suas forças chegavam ao fim, resolveu escarnecer de Jesus, perguntando-lhe em tom de troça e cheio de ódio, por que afinal, sendo Ele o Messias, não salvava si próprio, o silencioso Dimas perdeu a paciência e bradou:

    – Cala-te, homem! Cala-te já e de uma vez por todas! Não temes a Deus nunca, nem na hora de teu maior suplício? Nós recebemos o que merecíamos, porque somos maus e covardes, perversos, mas este ao nosso lado nada fez de mal! Cala-te!

    E, voltando-se para Jesus, disse:
    – Senhor, lembra-te de mim quando entrares no Teu Reino!

    E Jesus respondeu-lhe:
    – Em verdade te digo: hoje mesmo estarás comigo no Paraíso.

    E assim se deu. Tempos depois, quando já nenhum dos três respirava neste mundo, Dimas via-se no Céu, sem feridas ou dores, sem falta de ar ou qualquer sofrimento, sentindo uma alegria imensa, infinita, e reconhecendo, enfim, no rosto adulto e não mais desfigurado de Jesus, que vinha abraçá-lo, aquele mesmo sorriso que tantas vezes rememorara antes do fim, o sorriso do seu primeiro amigo de infância.








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👆 OLAVO DE CARVALHO

A fonte da criação

(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 24 de Fevereiro de 2015, disponível no site do professor)

Toda verdade que se espalha por muitos ouvidos logo se torna um lugar-comum, uma fórmula repetida mecanicamente, esvaziada da sua substância intuitiva originária. É ainda uma verdade “material”, mas não “formal”, diriam os escolásticos — isto é, um conteúdo verdadeiro apreendido de maneira falsa.

O conhecimento da verdade, no seu sentido pleno, material e formal ao mesmo tempo, é um privilégio da consciência individual humana. Pode ser repassada de um indivíduo a outros, mas cada um tem de fazer por si mesmo o esforço de apreendê-la. Não existe verdade comunitária.

Todo professor confirma isso diariamente. Um aluno isolado pode compreender a explicação que escapa totalmente ao resto da classe, mas é impossível que a classe como um todo apreenda algo que nenhum dos seus membros entendeu individualmente.

A civilização inteira do Ocidente nasce com a proclamação dessa ideia: Abraão guarda no segredo da sua alma a instrução que recebeu de Deus. Moisés sobe sozinho ao Monte Sinai. Cristo no alto da cruz encarna a Verdade solitária, incompreensível aos que O rodeavam – até mesmo, em determinada medida, aos seus discípulos mais próximos.

Em ciência, a colaboração entre vários pesquisadores prossegue no escuro até que um deles enxergue o que os outros não enxergaram.

Ninguém em volta compreende o que se passa na alma do artista quando ele transfigura a pedra informe na Pietà ou as palavras do dicionário na Divina Comédia.

No entanto, é certo que a consciência individual, para chegar a essas alturas, precisa da ajuda da comunidade, que a protege, a estimula e a nutre de conhecimentos até que ela possa alçar seu voo solitário. E mesmo então ela continua precisando do diálogo com outras consciências, nas quais se reconhece e das quais se distingue pouco a pouco na individualidade irredutível da sua solidão criadora.

A tensão entre a independência individual e a participação numa comunidade de inteligências afins é um dos traços mais constantes da História ocidental. Sócrates busca sua audiência entre os jovens da aristocracia ateniense, mas foge dela quando eles, na sua fragilidade de moços, repousam da filosofia, entregando-se a jogos e prazeres indignos de um filósofo.

Sto. Tomás adestra sua inteligência nas disputas universitárias, mas, quando obtém por fim as respostas mais altas que desejava, sabe que vai levá-las sozinho para a vida eterna, sem poder dizer mais uma palavra sequer. Goethe busca a perfeição do caráter na agitação do mundo, mas a do talento na solidão.

O equilíbrio dinâmico esboroa-se, porém, quando a atividade intelectual e criativa se padroniza ao ponto de identificar-se com a participação numa determinada categoria profissional.

William Faulkner ou Henry Miller ririam se alguém lhes pedisse um currículo universitário ou uma carteira sindical de escritor. Hoje, nos EUA, a literatura, para não falar da filosofia, foi quase que integralmente absorvida pelas profissões universitárias correspondentes.

Por isso não há mais nenhum Henry Miller ou William Faulkner, apenas uma profusão de talentos médios ou sofríveis. Nenhum aprendizado universitário substituirá jamais a densa experiência da vida, as “impressões autênticas” de que falava Saul Bellow.

Por isso mesmo, o que há de mais vigoroso na literatura americana das últimas décadas vem de tipos marginais e extravagantes, como John Kennedy Toole ou Hubert Selby Junior. E Thomas Pynchon salvou seu talento ao escapar da carreira acadêmica a que tudo parecia destiná-lo.

Na França, o caso de Emil Cioran é exemplar. Talvez o mais poderoso artista da língua francesa na segunda metade do século XX, nasceu na Romênia e, ao fugir para Paris, evitou cuidadosamente não só meter-se ali em instituições acadêmicas, mas exorcizou toda identidade profissional concebível: durante décadas viveu espremido num sótão, comendo diariamente no restaurante da Aliança Francesa e renovando ilegalmente, até à velhice, uma bolsa de jovem estudante.

Justamente na época em que o governo Pompidou seduzia a intelectualidade inteira com cargos universitários, enquadrando até os rebeldes de 68 e estrangulando com um cordão de ouro o mais animado ambiente de debates que já existiu, ele se manteve ferozmente à margem de toda vida oficial, recusando até mesmo prêmios literários.

No Brasil, é notório que a crítica literária morreu ao ser absorvida pela universidade. Com ela, foi para o túmulo também a literatura de ficção. E décadas de empombadíssima filosofia universitária não nos deram um Mário Ferreira dos Santos, um Vilém Flusser, um Vicente Ferreira da Silva, um Miguel Reale, que nada deveram à universidade. O exemplo brasileiro ilustra com perfeição o aforisma de Nicolás Gomez Dávila: “Un diploma de dentista es respetable, pero uno de filósofo es grotesco.”

Sim, um escritor, um pensador, um artista precisa de companheiros, de diálogo. Mas nada substitui os encontros espontâneos, os círculos de convivência informal, a amizade fundada na comunidade de sonhos e valores, longe de todo enquadramento burocrático, de toda organização profissional. O tipo de convívio que não estrangula a individualidade no garrote vil dos regulamentos e dos planos de carreira, mas a preza e estimula.

Foi justamente nesses círculos que se formou a mais talentosa geração de escritores que o nosso país já produziu, aquela que ingressou na vida literária na década de 30 e dominou o panorama até os anos 70 do século XX. Tudo o que veio depois, trazido nos braços da universidade, é lixo em comparação.

Quando Bellow definiu a missão do escritor como o registro das “impressões autênticas”, e Martin Amis como “a luta contra o clichê”, disseram ambos a mesma coisa: só o apego irredutível à liberdade da consciência individual, contra todo compromisso deformante, liga um ser humano à fonte da experiência viva de onde nasce toda grande literatura, toda grande arte, todo grande pensamento.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Arrebatando a "macetada" e encerrando o assunto
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
18 de Fevereiro de 2024








Olá, espero que todos estejam bem. Hoje é um breve comentário, mas peço a atenção de todos por uns momentos.


Eu sei que muitos dos meus 3 ou 4 leitores (assim como eu) muitas vezes perdem a paciência e em certos momentos preferem furar os olhos ou os tímpanos pra não ter que ficar lendo ou ouvindo tanto absurdo. Sei como se sentem.


Mas, usando aqui a técnica da Miriazinha Leitoa do "entenda como isso é bom", eu vou tentar elucidar umas coisas. E não vou tentar inventar nada novo, apenas dar alguns exemplos históricos.


Quem é vivo e já passou dos 15 anos de idade deve saber que existiu um barco chamado Titanic, e que esse barco afundou gloriosamente após bater em um iceberg, não é mesmo? Pois bem... isso aconteceu dias depois de o dono do empreendimento ter afirmado categoricamente e com aquele tom heroico que "nem mesmo Deus afunda esse navio!"


A história todo mundo conhece.


É...


E todo mundo já deve ter ouvido falar de um cara chamado John Lennon que acabou sendo assassinado brutalmente em 1980, certo? Bom, independente de julgamentos, eu acho que muita gente deve saber que anos antes disso, o nosso amigo John deu uma entrevista dizendo que Os Beatles eram "mais famosos que Jesus Cristo", sim?! Bom, aconteceu que Os Beatles acabaram e...


A história todo mundo conhece.


É... AI meus tímpanos!

Bom, tudo isso na verdade é repeteco da história, se me permitem dizer. E com um temperinho meio fedorento chamado SOBERBA. Sabe o que é soberba? É "orgulho gourmetizado".

Tá na Bíblia, sabia?

Você já deve ter escutado a história da Torre de Babel, né? Bom, aos 11 ou 12 que me leem, essa História lhes deve ser bem familiar!

Um sujeito (especulam que foi Nimrod) quis juntar uma galera pra fazer uma torre bem alta que alcançasse os céus, achando que iriam conseguir assim alcançar Deus!

O que houve? Deus bagunçou todo o coreto dos sujeitinhos, E...

A história todo mundo conhece.


É...

Acho que tá bom de exemplo, né?

Bom, mas aí me vem uma doida varrida orgulhosa pra dedéu falando que vai "macetar o apocalipse"!

E a história... bem, todos ficaram conhecendo!


Ééé...

Isso tudo está intimamente ligado ao pecado da soberba que expulsou Lúcifer do Céu. A humanidade, depois do Pecado Original acabou infectada eternamente com essa mácula. E isso ainda se arrasta para os nossos tempos. Olha aí a Nova Ordem Mundial, e a Agenda 2030 que não me deixam mentir. Com a diferença, claro, que nenhum outro líder do passado acometido de soberba sequer imaginou um dia ter tanto poder quanto hoje para submeter a humanidade ao mais perverso dos castigos que é essa Nova Ordem.

O homem não consegue se livrar de sua soberba. Só existe uma cura ao meu ver para que não sejemos mais acometidos dessa doença espiritual: ORAÇÃO.

A quaresma nos proporciona o ambiente perfeito para essa "metanoia", essa mudança de mentalidade.

Se Nimrod, o dono do Titanic, o nosso amigo John, e a cantora de axé tivessem se ligado nesse detalhe, talvez não tivessem cometido tantas bobagens. Sei lá... tenho essa mania de pensar sempre que os homens são como pequenas Sodomas e Gomorras, que se tivessem visto as coisas que os homens viram nos tempos de Cristo, teriam agido diferente.

Ninguém seria louco de brincar de ficar pendurado no abismo sabendo que a qualquer momento o galho poderia quebrar e você poderia cair... ou seria?

Não sei...

Independente de tudo, nademos contra a correnteza com orações durante a quaresma para que a cabeça da serpente seja, essa sim, "macetada", ao invés da nossa.

E esse é o lado bom da coisa. Se não tivesse sido a arrebatadora e a macetadora de apocalipse (pedras que falam), talvez muitas pessoas, incluindo a própria cantora de axé não teriam se dado conta do mau caminho que estavam trilhando, e do óbvio ululante que muita gente se esquece ou faz questão de fingir que não está ali: COM... DEUS... NÃO... SE... BRINCA!

Deus escreve certo por linhas tortas. Ele permite que certas coisas ruins aconteçam para que a gente abra os olhos.

Você pode até dizer que para outras pessoas nada acontece. O povo que gosta de sair pela porta lá dos fundos certamente continua bem e saudável, fazendo das suas. Mas como eu já disse, Deus sabe muito bem o que faz e a hora das coisas acontecerem.

E fim de conversa! Nos vemos de novo, a qualquer momento.

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👆 HUMOR

Nas True Outstrips de hoje:

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- E-book com dicas do Olavão de como não ser um bocó. Vale como leitura complementar àquele periódico da editora Abriu/Fechou que você não consegue se desvencilhar!

- Aí o Olavão decide ir na terra do Putinho caçar, eee... porra, Masha! Eu falei pra ficar na cabana jogando xadrez 4D com o urso!
- E no meio da palestra D-E-L-I-R-A-N-T-E, surge uma presença nível 12 de personalidade! Não deu pra evitar a borrada do careca à tempo!

- E já que quem tá na chuva tem mais é que se molhar mesmo, o careca carnal até que tenta, mas no melhor espírito da 5ª série, Olavão molha o chope dele!...


- E tem os que ficam o tempo todo falando que tá ruim, mas veja como que, com o Bonoro fora (segundo eles), isso é bão.. ai, meu saco...!


- E então eis a chance que todo olavista está esperando na vida! Que emoção!...



- E a leitoa teima em não ver o lado bom que ela mesma sempre fala, e fala, e fala, e fala, e.....


- Por fim, e agora in TECHNICOLOR, o cara que a esquerda toda critica... tem um parecidíssimo tecnicamente no ramo da sétima arte, e todos adooooram! Mas, como dizem por aí, "dois pesos e duas medidas", sácumé!


(19/02/2024)

E esse ano, continuo dizendo... 

Se o Uber Black da Gestapo não pintar por aqui, a gente se vê de novo... quando der!


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RECOMENDAÇÕES CULTURAIS

De uma forma mais livre, vou recomendar para vocês aqui outros conteúdos mais diversificados, além é claro de leituras. Hoje, fiquem com essa recomendação que comecei a ler no começo do ano, e tem sido maravilhoso para mim. Viktor Frankl fala da falta de sentido. Essa doença espiritual está muito mais presente hoje em nossa sociedade do que no passado.

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