Edição XCI - Terça Livre, opinião do autor e mais
Foi assim com a propaganda do partido nacional-socialista, ou o partido nazista, contra os judeus, a partir da qual estes sofreram desconfianças e rejeições no mundo todo, mas principalmente na Alemanha. Aos judeus eram atribuídas toda sorte de acusações, o que culminou num massacre de cerca de 6 milhões pelos nazistas sob a completa apatia do mundo diante das denúncias de prisioneiros fugitivos durante Segunda Guerra Mundial. Nem a divulgação das imagens aterradoras de sobreviventes esquálidos e das pilhas de cadáveres durante a libertação dos campos de concentração sensibilizou a opinião pública quanto ao exagero das mentiras divulgadas sobre eles. Ninguém os queria em seu país.
(por Terça Livre - 11/02/24)
Agência “humanitária” era usada como célula terrorista
Em resposta, a UNWRA emitiu um comunicado esclarecendo que havia evacuado a sede mencionada em 12 de outubro, cinco dias após o início do conflito, e por isso não pode confirmar ou negar as alegações sobre a descoberta dos túneis. A agência também ressaltou sua incapacidade de conduzir inspeções militares em suas instalações, enfatizando que sempre que foram encontradas cavidades nas proximidades ou abaixo de suas instalações, a UNWRA emitiu imediatamente um comunicado tanto para as autoridades de Gaza quanto para as de Israel.
Para piorar a situação, a acusação por parte dos palestinos contra Israel de espalhar desinformação sobre a UNWRA foi mencionada pela própria agência.
A agência esconde-se sob ações de educação, assistência médica e outros serviços essenciais, mas era só uma célula terrorista.
Já era o terceiro dia em que os malfeitores Gestas e Dimas suportavam o tormento da cruz. O primeiro, boquejando muito e sempre, maldizendo a própria sorte, seus algozes e Deus, quei xando-se das dores e blasfemando, e a intervalos cada vez mais curtos, não obstante o quasesufocamento que a crucifixão causava. O outro, quase sempre calado, rememorava sua vida toda até o presente suplício, várias e várias vezes, tentando entender como e por que se enveredara por caminhos tão sombrios, sinceramente arrependido de seus erros.
É claro, as feridas do látego nas costas, grudando e desgrudando do madeiro, os insetos pousando sobre aquelas chagas abertas, as dores musculares em todo o corpo, cada vez mais intensas, os pulmões que iam se enchendo de líquido e a cada vez mais insuportável falta de ar o atrapalhavam (isso sem falar nas reclamações ininterruptas de seu companheiro à esquerda), e ele precisava começar de novo, e de novo, a cada vez que as memórias se atrapalhavam. Mas a cada recomeço sua concentração parecia melhorar, e os detalhes no filme que se projetava em sua mente iam ficando mais nítidos, com novas cenas esquecidas, fatos para os quais ele havia dado pouca importância no decorrer da vida e que agora pareciam recobrir-se de nova luz.
Uma dessas lembranças remetia à sua primeira infância, e era a que mais se imprimia em seu pensamento. Acontecera quando ele ainda nem engatinhava, em uma estrada incerta em sua memória. Sua família viajava para algum lugar distante, no Oriente, e cruzara com outra que tomava caminho parecido. Havia na outra família um menino mais ou menos da mesma idade que a sua, pouca coisa mais novo, e enquanto as duas mães conversavam, ele e o outro pequeno haviam travado contato. O outro bebê o havia tocado de leve com sua pequenina mão, e aquilo causou-lhe uma alegria indescritível. Em sua linguagem de bebê, ele começou a gargalhar, e o outro o acompanhou, causando enorme deleite nas duas mães e em outros passantes aquelas gargalhadas gostosas dos bebezinhos. E então cada família seguiu seu caminho, e o pequeno Dimas rumaria para as trilhas perversas que o fariam chegar até ali, naquela cruz.
A lembrança daquele seu primeiro amigo ficaria amortecida, quase esquecida, até aquele momento, quando voltava cada vez mais viva. Dimas ia lembrando, inclusive, de cada detalhe do rosto daquele bebê, e sobretudo de seu sorriso, que o fazia também sorrir apesar das dores excruciantes. Por que lembrava-se tanto daquele fato, e em especial daquele sorriso? Não sabia, mas gostava, porque era o único alívio de que dispunha, e se apegava a ele.
Estava em um daqueles momentos em que as lembranças se atrapalhavam, e já tentando reordenar seus pensamentos, quando foi interrompido por alaridos que vinham da estrada. Um novo condenado vinha carregando seu madeiro e, fato estranho, acompanhado de uma multidão que vinha com choros e lamentos. Quando o prisioneiro se aproximou, Dimas espantou-se com seu estado: ele usava um manto vermelho, vinha com feriadas cruentas por todo o corpo, completamente ensanguentado, o rosto desfigurado, e com uma coroa de espinhos cravada em sua cabeça. Ficou pensando que mal teria feito aquele homem para tamanho rigor em sua punição, enquanto observava os que o acompanhavam mais de perto. Um jovem muito triste, e algumas mulheres, uma das quais parecia ser sua mãe, desfeita em prantos. Teve pena da mulher, sentiu seu coração pequeno, oprimido, ao vê-la naquele estado, e também por lembrar das tristezas que dera para sua própria mãe, morta havia pouco, desgostosa pelo filho tão degenerado e perdido. Também se apiedou do condenado, que agora tinha suas mãos e seus pés perfurados por enormes pregos. Até mesmo o tagarela Gestas emudecera enquanto observava aquela crucifixão especialmente violenta. E foi enquanto erguiam a cruz do novo companheiro que, a um grito de angústia daquela mulher que sofria tanto, clamando o nome do filho, que os dois malfeitores descobriam enfim que era o desfigurado: Jesus.
Ambos já haviam escutado as muitas histórias que se contavam sobre um tal pregador nazareno que fazia muitos milagres, e que, diziam, era o enviado de Deus e Seu próprio Filho encarnado, mas nunca o tinham visto. Gestas não dava importância às histórias, para ele devia ser mais um de tantos magos charlatães que já conhecera, alguns aos quais já se associara mais de uma vez. Mas Dimas escutava todas as histórias com espanto e reverência, e em seu coração sentia mesmo uma grande vontade de um dia conhecer o tal nazareno. Pois bem, agora Ele estava ali ao seu lado, bem no meio entre ele e Gestas, que voltara a reclamar, xingar e blasfemar, urrando de dor a cada xingamento ou blasfêmia. Dimas, por sua vez, guardava o mais profundo silêncio, esgotado de dor e cansaço, olhando com o rabo do olho aquele homem que, ele sabia, era santo e não merecia estar ali. Mas foi então que, quando o encarniçado malfeitor da esquerda, já exausto, sentiu que suas forças chegavam ao fim, resolveu escarnecer de Jesus, perguntando-lhe em tom de troça e cheio de ódio, por que afinal, sendo Ele o Messias, não salvava si próprio, o silencioso Dimas perdeu a paciência e bradou:
– Cala-te, homem! Cala-te já e de uma vez por todas! Não temes a Deus nunca, nem na hora de teu maior suplício? Nós recebemos o que merecíamos, porque somos maus e covardes, perversos, mas este ao nosso lado nada fez de mal! Cala-te!
E assim se deu. Tempos depois, quando já nenhum dos três respirava neste mundo, Dimas via-se no Céu, sem feridas ou dores, sem falta de ar ou qualquer sofrimento, sentindo uma alegria imensa, infinita, e reconhecendo, enfim, no rosto adulto e não mais desfigurado de Jesus, que vinha abraçá-lo, aquele mesmo sorriso que tantas vezes rememorara antes do fim, o sorriso do seu primeiro amigo de infância.
A fonte da criação
(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 24 de Fevereiro de 2015, disponível no site do professor)
Toda verdade que se espalha por muitos ouvidos logo se torna um lugar-comum, uma fórmula repetida mecanicamente, esvaziada da sua substância intuitiva originária. É ainda uma verdade “material”, mas não “formal”, diriam os escolásticos — isto é, um conteúdo verdadeiro apreendido de maneira falsa.O conhecimento da verdade, no seu sentido pleno, material e formal ao mesmo tempo, é um privilégio da consciência individual humana. Pode ser repassada de um indivíduo a outros, mas cada um tem de fazer por si mesmo o esforço de apreendê-la. Não existe verdade comunitária.
Todo professor confirma isso diariamente. Um aluno isolado pode compreender a explicação que escapa totalmente ao resto da classe, mas é impossível que a classe como um todo apreenda algo que nenhum dos seus membros entendeu individualmente.
A civilização inteira do Ocidente nasce com a proclamação dessa ideia: Abraão guarda no segredo da sua alma a instrução que recebeu de Deus. Moisés sobe sozinho ao Monte Sinai. Cristo no alto da cruz encarna a Verdade solitária, incompreensível aos que O rodeavam – até mesmo, em determinada medida, aos seus discípulos mais próximos.
Em ciência, a colaboração entre vários pesquisadores prossegue no escuro até que um deles enxergue o que os outros não enxergaram.
Ninguém em volta compreende o que se passa na alma do artista quando ele transfigura a pedra informe na Pietà ou as palavras do dicionário na Divina Comédia.
No entanto, é certo que a consciência individual, para chegar a essas alturas, precisa da ajuda da comunidade, que a protege, a estimula e a nutre de conhecimentos até que ela possa alçar seu voo solitário. E mesmo então ela continua precisando do diálogo com outras consciências, nas quais se reconhece e das quais se distingue pouco a pouco na individualidade irredutível da sua solidão criadora.
A tensão entre a independência individual e a participação numa comunidade de inteligências afins é um dos traços mais constantes da História ocidental. Sócrates busca sua audiência entre os jovens da aristocracia ateniense, mas foge dela quando eles, na sua fragilidade de moços, repousam da filosofia, entregando-se a jogos e prazeres indignos de um filósofo.
Sto. Tomás adestra sua inteligência nas disputas universitárias, mas, quando obtém por fim as respostas mais altas que desejava, sabe que vai levá-las sozinho para a vida eterna, sem poder dizer mais uma palavra sequer. Goethe busca a perfeição do caráter na agitação do mundo, mas a do talento na solidão.
O equilíbrio dinâmico esboroa-se, porém, quando a atividade intelectual e criativa se padroniza ao ponto de identificar-se com a participação numa determinada categoria profissional.
William Faulkner ou Henry Miller ririam se alguém lhes pedisse um currículo universitário ou uma carteira sindical de escritor. Hoje, nos EUA, a literatura, para não falar da filosofia, foi quase que integralmente absorvida pelas profissões universitárias correspondentes.
Por isso não há mais nenhum Henry Miller ou William Faulkner, apenas uma profusão de talentos médios ou sofríveis. Nenhum aprendizado universitário substituirá jamais a densa experiência da vida, as “impressões autênticas” de que falava Saul Bellow.
Por isso mesmo, o que há de mais vigoroso na literatura americana das últimas décadas vem de tipos marginais e extravagantes, como John Kennedy Toole ou Hubert Selby Junior. E Thomas Pynchon salvou seu talento ao escapar da carreira acadêmica a que tudo parecia destiná-lo.
Na França, o caso de Emil Cioran é exemplar. Talvez o mais poderoso artista da língua francesa na segunda metade do século XX, nasceu na Romênia e, ao fugir para Paris, evitou cuidadosamente não só meter-se ali em instituições acadêmicas, mas exorcizou toda identidade profissional concebível: durante décadas viveu espremido num sótão, comendo diariamente no restaurante da Aliança Francesa e renovando ilegalmente, até à velhice, uma bolsa de jovem estudante.
Justamente na época em que o governo Pompidou seduzia a intelectualidade inteira com cargos universitários, enquadrando até os rebeldes de 68 e estrangulando com um cordão de ouro o mais animado ambiente de debates que já existiu, ele se manteve ferozmente à margem de toda vida oficial, recusando até mesmo prêmios literários.
No Brasil, é notório que a crítica literária morreu ao ser absorvida pela universidade. Com ela, foi para o túmulo também a literatura de ficção. E décadas de empombadíssima filosofia universitária não nos deram um Mário Ferreira dos Santos, um Vilém Flusser, um Vicente Ferreira da Silva, um Miguel Reale, que nada deveram à universidade. O exemplo brasileiro ilustra com perfeição o aforisma de Nicolás Gomez Dávila: “Un diploma de dentista es respetable, pero uno de filósofo es grotesco.”
Sim, um escritor, um pensador, um artista precisa de companheiros, de diálogo. Mas nada substitui os encontros espontâneos, os círculos de convivência informal, a amizade fundada na comunidade de sonhos e valores, longe de todo enquadramento burocrático, de toda organização profissional. O tipo de convívio que não estrangula a individualidade no garrote vil dos regulamentos e dos planos de carreira, mas a preza e estimula.
Foi justamente nesses círculos que se formou a mais talentosa geração de escritores que o nosso país já produziu, aquela que ingressou na vida literária na década de 30 e dominou o panorama até os anos 70 do século XX. Tudo o que veio depois, trazido nos braços da universidade, é lixo em comparação.
Quando Bellow definiu a missão do escritor como o registro das “impressões autênticas”, e Martin Amis como “a luta contra o clichê”, disseram ambos a mesma coisa: só o apego irredutível à liberdade da consciência individual, contra todo compromisso deformante, liga um ser humano à fonte da experiência viva de onde nasce toda grande literatura, toda grande arte, todo grande pensamento.
O conhecimento da verdade, no seu sentido pleno, material e formal ao mesmo tempo, é um privilégio da consciência individual humana. Pode ser repassada de um indivíduo a outros, mas cada um tem de fazer por si mesmo o esforço de apreendê-la. Não existe verdade comunitária.
Todo professor confirma isso diariamente. Um aluno isolado pode compreender a explicação que escapa totalmente ao resto da classe, mas é impossível que a classe como um todo apreenda algo que nenhum dos seus membros entendeu individualmente.
A civilização inteira do Ocidente nasce com a proclamação dessa ideia: Abraão guarda no segredo da sua alma a instrução que recebeu de Deus. Moisés sobe sozinho ao Monte Sinai. Cristo no alto da cruz encarna a Verdade solitária, incompreensível aos que O rodeavam – até mesmo, em determinada medida, aos seus discípulos mais próximos.
Em ciência, a colaboração entre vários pesquisadores prossegue no escuro até que um deles enxergue o que os outros não enxergaram.
Ninguém em volta compreende o que se passa na alma do artista quando ele transfigura a pedra informe na Pietà ou as palavras do dicionário na Divina Comédia.
No entanto, é certo que a consciência individual, para chegar a essas alturas, precisa da ajuda da comunidade, que a protege, a estimula e a nutre de conhecimentos até que ela possa alçar seu voo solitário. E mesmo então ela continua precisando do diálogo com outras consciências, nas quais se reconhece e das quais se distingue pouco a pouco na individualidade irredutível da sua solidão criadora.
A tensão entre a independência individual e a participação numa comunidade de inteligências afins é um dos traços mais constantes da História ocidental. Sócrates busca sua audiência entre os jovens da aristocracia ateniense, mas foge dela quando eles, na sua fragilidade de moços, repousam da filosofia, entregando-se a jogos e prazeres indignos de um filósofo.
Sto. Tomás adestra sua inteligência nas disputas universitárias, mas, quando obtém por fim as respostas mais altas que desejava, sabe que vai levá-las sozinho para a vida eterna, sem poder dizer mais uma palavra sequer. Goethe busca a perfeição do caráter na agitação do mundo, mas a do talento na solidão.
O equilíbrio dinâmico esboroa-se, porém, quando a atividade intelectual e criativa se padroniza ao ponto de identificar-se com a participação numa determinada categoria profissional.
William Faulkner ou Henry Miller ririam se alguém lhes pedisse um currículo universitário ou uma carteira sindical de escritor. Hoje, nos EUA, a literatura, para não falar da filosofia, foi quase que integralmente absorvida pelas profissões universitárias correspondentes.
Por isso não há mais nenhum Henry Miller ou William Faulkner, apenas uma profusão de talentos médios ou sofríveis. Nenhum aprendizado universitário substituirá jamais a densa experiência da vida, as “impressões autênticas” de que falava Saul Bellow.
Por isso mesmo, o que há de mais vigoroso na literatura americana das últimas décadas vem de tipos marginais e extravagantes, como John Kennedy Toole ou Hubert Selby Junior. E Thomas Pynchon salvou seu talento ao escapar da carreira acadêmica a que tudo parecia destiná-lo.
Na França, o caso de Emil Cioran é exemplar. Talvez o mais poderoso artista da língua francesa na segunda metade do século XX, nasceu na Romênia e, ao fugir para Paris, evitou cuidadosamente não só meter-se ali em instituições acadêmicas, mas exorcizou toda identidade profissional concebível: durante décadas viveu espremido num sótão, comendo diariamente no restaurante da Aliança Francesa e renovando ilegalmente, até à velhice, uma bolsa de jovem estudante.
Justamente na época em que o governo Pompidou seduzia a intelectualidade inteira com cargos universitários, enquadrando até os rebeldes de 68 e estrangulando com um cordão de ouro o mais animado ambiente de debates que já existiu, ele se manteve ferozmente à margem de toda vida oficial, recusando até mesmo prêmios literários.
No Brasil, é notório que a crítica literária morreu ao ser absorvida pela universidade. Com ela, foi para o túmulo também a literatura de ficção. E décadas de empombadíssima filosofia universitária não nos deram um Mário Ferreira dos Santos, um Vilém Flusser, um Vicente Ferreira da Silva, um Miguel Reale, que nada deveram à universidade. O exemplo brasileiro ilustra com perfeição o aforisma de Nicolás Gomez Dávila: “Un diploma de dentista es respetable, pero uno de filósofo es grotesco.”
Sim, um escritor, um pensador, um artista precisa de companheiros, de diálogo. Mas nada substitui os encontros espontâneos, os círculos de convivência informal, a amizade fundada na comunidade de sonhos e valores, longe de todo enquadramento burocrático, de toda organização profissional. O tipo de convívio que não estrangula a individualidade no garrote vil dos regulamentos e dos planos de carreira, mas a preza e estimula.
Foi justamente nesses círculos que se formou a mais talentosa geração de escritores que o nosso país já produziu, aquela que ingressou na vida literária na década de 30 e dominou o panorama até os anos 70 do século XX. Tudo o que veio depois, trazido nos braços da universidade, é lixo em comparação.
Quando Bellow definiu a missão do escritor como o registro das “impressões autênticas”, e Martin Amis como “a luta contra o clichê”, disseram ambos a mesma coisa: só o apego irredutível à liberdade da consciência individual, contra todo compromisso deformante, liga um ser humano à fonte da experiência viva de onde nasce toda grande literatura, toda grande arte, todo grande pensamento.
(19/02/2024)
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