Ao longo das últimas décadas temos acompanhado, em nossas universidades (a exemplo do que também tem ocorrido nas demais instituições de ensino), o avanço de um ímpeto anti-intelectual, o qual tem criado um ambiente ideologizado e cada vez mais distante tanto da preocupação com a busca pelo conhecimento quanto dos problemas reais. Nossas universidades têm se afastado de seus propósitos mais nobres, os quais constituem seus alicerces desde sua origem: busca pelo conhecimento – o que inclui sua preservação e fomento – e prosperidade. Dado sermos naturalmente inclinados ao saber (sua busca), a universidade foi, na Idade Média, uma fascinante e revolucionária criação humana (e cristã), cujo propósito foi não apenas fazer avançar o conhecimento (e a prosperidade – material e ‘espiritual’), mas desenvolver nossas capacidades visando nosso “florescimento humano”.
Todavia, esses alicerces têm sido abalados por décadas de uma espécie de ‘educação sentimental’ (e ideologizada), a qual nos trouxe a situações tóxicas, como aquelas expressas nos burlescos mantras entoados pela esquerda, os quais não dizem coisa alguma e intentam apenas causar um efeito emotivo (propósito felizmente cada vez mais fracassado, aliás). E o resultado desse modelo degenerescente nós o observamos empiricamente: não apenas nossas universidades estão, hoje, constituídas por diversos sujeitos intelectualmente incompetentes e confusos moralmente (sobretudo nas ‘humanidades’, na administração e em seus sindicatos), mas esses mesmos sujeitos formam muitíssimos jovens também incompetentes e alienados moralmente. Dado estarem preocupados sobretudo com manter sua doutrinação em detrimento da educação, isto é, uma vez que promovem uma (de)formação desconectada de ideias como ‘mérito’ e ‘eficiência’, por exemplo (categorias banidas de nossas instituições de ensino por serem, segundo a Intelligentsia – essa “elite” intelectual que se arroga a autoridade para guiar a sociedade - oriundas do demonizado “mercado”), os resultados dessa incompetência se deixam mensurar por pesquisas como aquela intitulada “Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho” (Instituto Paulo Montenegro - 2016), a qual descobriu que apenas 22% dos que estão em vias de concluir (ou que recém concluíram) um curso “superior” são proficientemente alfabetizados.
Ou seja, nossas Universidades têm formado, especialmente nas ‘humanidades’, analfabetos funcionais especialistas em temas irrelevantes atinentes ao ‘multiculturalismo’, à ‘ideologia de gênero’, à ‘Escola de Frankfurt’, ao ‘pós-estruturalismo’ e ao ‘pós-modernismo’, altamente “qualificados” para discutir temas como ‘preconceito linguístico’, ‘sexualidade fluida’, ‘decolonialismo’, ‘mansplaining’, ‘manterrupting’, ‘gaslighting’, “políticas afirmativas”, ‘políticas redistributivas’ e tantas outras tolices engendradas desde dentro de nossas universidades e simplesmente ignoradas pela sociedade civil, a qual paga (mediante seus impostos) para que alguns realizem suas licenciosidades acadêmicas.
E quanto à confusão moral que mencionei acima, ela aparece em dados referentes à saúde mental de nossos estudantes: 80% deles sofrem de problemas emocionais. São jovens (de)formados em nossas universidades, os quais já não possuem referencial algum, perdidos em um mundo no qual não há absolutos morais. Ora, desde a ‘regra de ouro’ (tratarmos os demais como gostaríamos de ser tratados), passando pelo decálogo (em comandos do tipo “não matarás”, “não adulterarás”, “não furtarás”, “não darás falso testemunho”, “não cobiçarás”, etc), houve um processo de seleção natural que solidificou certos valores e instituições, sem as quais não teríamos prosperado individual e coletivamente.
Em suma, termos adotado certos valores “absolutos” assegurou que chegássemos ao mundo civilizado (daí a importância de eles serem conservados). Não apenas isso, a busca pelo conhecimento objetivo, real, teve um papel imprescindível em nosso avanço civilizacional. Ou alguém realmente acredita que Copérnico, Galileu, Newton, Kepler, Boyle, et al, consideravam que todo o conhecimento é mera “construção”, que é tudo uma questão de “perspectiva”? Do fato de eles realmente buscarem pelo conhecimento objetivo adveio a “Revolução Científica” da qual até hoje nos beneficiamos, apesar da mentalidade sentimentalista (incontinência emotiva) vigente em nossas universidades. Sem falar nos princípios liberais que assoalharam o caminho para nossa prosperidade econômica, também ameaçada pela mentalidade sentimentalista (“vitimista”). Assim, a educação tradicionalmente avançou a partir da busca pelo conhecimento (objetivo), seja no plano prático (moral), seja no âmbito do conhecimento teórico.
Não obstante, ao longo do século XX se desenvolveu uma mentalidade sentimentalista, tóxica, que passou a colocar em risco os progressos obtidos ao longo dos séculos precedentes.
O resultado dessa mentalidade aparece em exemplos como o de Adam Wheeler, que (embora seja um homem branco estadunidense) declara ser uma mulher Filipina, pois é assim que ele se sente. Trata-se de um “transgênero transracial”. Sem falar no homem canadense de 52 anos que abandonou a mulher e os filhos para se assumir como uma menina de 6 anos chamada Stefonknee Wolscht (tendo sido “adotado” como filhinha de outra família). Que dizer, então, da norueguesa que, desde os 16 anos, se assumiu como um gato, pois é assim que ela se sente? Essa é a ladeira escorregadia de um tipo de ideologia que, em algum ponto, se autodestrói e arruína tudo pelo caminho. Afinal, casos como esses são cada vez mais frequentes. Pergunto-me o que diriam disso os cientistas suprarreferidos.
Mas o ponto é: quando colocamos a primazia em como nos sentimos, abrimos o caminho para que sujeitos perturbados possam dar vazão às suas psicopatologias. O avanço do conhecimento, em todas as suas formas, sempre esteve alicerçado sobre uma mentalidade “funcional”, capaz de se expressar, de calcular, de compreender, de aperceber-se, etc. Noutros termos, as ciências, em todas as suas formas, sempre mantiveram em mente o sujeito “funcional”, capaz de raciocínio. O foco no sentimento abriu espaço para os perturbados, para que eles inserissem suas patologias nas ciências e na sociedade civil, colocando em risco os avanços do conhecimento e, mesmo, do salus populi. A raiz disso está, em grande parte, em correntes como as do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’. A partir delas, e de sujeitos transtornados como Foucault, por exemplo, advieram diversos flagelos para as ciências em geral e para a sociedade em particular. Se na modernidade autores como Newton (“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), John Locke (“Ensaios sobre o Entendimento Humano”), David Hume (“Investigações sobre o Entendimento Humano”, “Tratado da Natureza Humana”), Immanuel Kant (“Crítica da Razão Pura”), et al, escreveram obras descrevendo a estrutura funcional de uma mente inteligente, a partir do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’ passamos a ter obras que poderiam ser intituladas “Ensaios sobre o entendimento esquizofrênico”, “Investigações sobre o entendimento com transtorno mental”, “Crítica da razão pura bipolar”, “Princípios Matemáticos da Filosofia Antinatural”, “Tratado da Natureza Inumana”, etc. Falar em um “Tratado da reforma do intelecto” (obra clássica de Spinoza) pode se tornar politicamente incorreto: como assim falar em “reforma” do intelecto? Isso parece indicar que há intelectos a serem reformados. Ora, isso fere o sentimento daqueles cujo intelecto carece de “reforma”.
Em resumo, o foco no disfuncional deveria ter apenas um propósito: compreender o transtorno e tratá-lo adequadamente. Não obstante, após décadas de ‘pós-estruturalismo’ e de ‘pós-modernismo’ o disfuncional passou a ser não apena aceito, mas frequentemente estimulado, enaltecido e visto com glamour.
Dessa forma, dado que estamos imersos nesse sentimentalismo, a razão acaba por ser abandonada e imergimos nas afecções patológicas, deixando de lado o debate a partir de razões e fatos. Na verdade, não importam as razões e os fatos na medida em que eles podem causar alguma mágoa ou ofender. Já existem inclusive rótulos estabelecidos para aquele que ouse colocar em discussão certas questões: se alguém questiona o sistema de cotas, então ele é racista; se ele questiona o feminismo e o aborto, então ele é misógino; em suma, se ele questiona as ideias que formam o mainstream acadêmico, então ele deve estar enlouquecido, ser “fascista”, “coxinha”, etc (comprovem empiricamente: vejam as reações aos textos que problematizam tais questões). E assim por diante. Nunca o uso da falácia ad hominem foi tão comum (na verdade, vivemos a época da apologia às falácias): ataca-se o sujeito, assassina-se sua reputação, não seus argumentos ou os fatos para os quais ele aponta.
Mas nem tudo está perdido: há uma verdadeira resistência em nossas universidades. Afinal de contas, resistente e resilente é o professor que ocupa integralmente sua aula para seguir um plano de ensino pensado para qualificar a formação do aluno, ao invés de um desarrazoado “lúdico” voltado para a mera diversão e para a satisfação de certas perversões acadêmicas (focadas em temas do ‘multiculturalismo’, da ‘ideologia de gênero’, do ‘pós-modernismo’, etc), as quais têm transformado as universidades em pardieiros; resistente e resilente é o estudante que assiduamente participa das aulas, estuda com diligência e foca em seu futuro (pensa prospectivamente), adotando seu curso como vocação pessoal e como forma de promover a prosperidade pessoal e social.
Essa é, hoje, a verdadeira resistência na universidade.
Os entoadores dos mantras da esquerda são, por outro lado, apenas mimados chorões incapazes de encarar a realidade. São justamente os mesmos que exigem “safe spaces”, “trigger warnings” e que tentam calar, aos gritos e com ofensas, todo aquele que “fere sua existência” com argumentos contrários aos seus sentimentos. Isso (bem como se autovandalizar) não é “ser resistência”: é simplesmente ser covarde.
Carlos Adriano Ferraz é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).
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👆 Porque o progressismo é muito mais perigoso que o comunismo (por Cândido Neto (Mafinha Summers))
Durante um bom tempo eu aglomerei, já que esta é a palavra da moda, esquerdistas com comunistas, com progressistas. Achava que tudo era a mesma coisa e não interessava o que eles pensavam ou eram. Mas com o passar dos anos, lendo umas coisinhas aqui e ali acabei me deparando com a realidade que existem muitas diferenças entre eles, inclusive saber tais diferenças pode ser fundamental para enfrentá-los.
O comunismo todo mundo já sabe, é o militante do PCO, que imagina um dia fazer uma revolução armada e colocar todos os burgueses no paredão de fuzilamento. Estes são os clássicos comunistas. Apenas sombras de um passado de revolucionários que não deram certo em nenhum lugar do mundo, porém pode se aprender muito sobre a esquerda com eles.
Nas duas últimas edições desta revista eu venho comentando sobre a disputa fratricida que acomete a esquerda brasileira. De um lado o queridinho da Vila Madalena e Leblon Guilherme Boulos e do outro o comunista raiz Rui Costa Pimenta. O motivo da briga eu já expliquei em textos anteriores, mas uma das facetas desta briga eu não citei: é o progressismo.
O progressismo foi como a esquerda se metamorfoseou depois que o filósofo pós-moderno Michel Foucault apareceu com suas críticas às estruturas sociais estabelecidas que funcionaram tão bem durante séculos. Claro, não tenho pretensão nenhuma de explicar um filósofo do tamanho de Foucault, não tenho esta capacidade. Porém eu nasci no pós-modernismo. Eu vivo neste mundo progressista então sei bem o tamanho da encrenca que o Michel ajudou a nos colocar.
O perigo agora é fofo e coloridinho.
O progressismo nasce da derrocada das ideias revolucionárias marxistas da década de 60 e 70 e tem como seu grande epitáfio o final da URSS (União Soviética) em 1989. É aí que esquerdistas de todo o mundo percebem que pode-se usar o capitalismo para destruir as bases da civilização ocidental. As universidades americanas, infestadas de marxistas, desenvolvem os conceitos do politicamente correto que castram todos os âmbitos da sociedade ocidental. É lá que nascem as baboseiras do feminismo moderno, movimentos identitários, pautas trans e toda essa confusão com termos e teorias que vemos hoje. Racismo estrutural, dívida histórica, masculinidade tóxica, mulheres com pênis. Enfim, toda a esquizofrenia que o mundo se tornou nos últimos anos.
O progressismo então se torna uma forma de chantagear a população do mundo. Apelando para o sentimento de culpa das classes médias e se travestindo de “o lado certo da história”. Veja, isso não tem nada a ver com direitos civis ou liberdades individuais, eles querem que você ache que é sobre isso que tratamos, mas não é. O que tratamos é como utilizam as pautas identitárias do progressismo para destruir vidas, carreiras e causar até mortes. As redes sociais tornaram essas pessoas mais poderosas ainda. Fazendo com que gente comum e honesta ficasse com medo de expressar qualquer opinião. Além disso, a bagunça se espalhou para dentro do sistema judiciário, onde o STF tornou a homofobia igual ao racismo. Veja, como se pode ser homofóbico se você nem sabe se a pessoa é gay ou não? Uma pessoa negra eu não tenho como duvidar eu estou vendo. Um gay salvo alguns casos, eu não tenho como ter certeza. Só por esta simples questão é um absurdo inenarrável esta equiparação. No entanto, legalmente é assim que é.
O progressismo conseguiu somar as estruturas de poder em níveis que os comunistas jamais conseguiram. Os progressistas hoje ditam o que você pode ou não falar, já que as redes sociais cada vez mais censuram. E é por estes motivos que eu considero o progressista muito mais perigoso que o velho e bom comunista. Não podemos ter medo e deixar estas pessoas apagarem nossa história, mudarem nossa língua e castrar nossos pensamentos. Reaja enquanto é tempo!
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CULTURA
👆Filme A Sombra de Stalin revela a extraordinária coragem de um jornalista britânico ao revelar os horrores promovidos por Stálin (por Camila Abdo)
“Se eu escrever a história, milhões de vidas podem ser salvas” – Gareth Jones, jornalista britânico
Em 1933, Gareth Jones, ambicioso jornalista do País de Gales, de 27 anos, mostrou mais coragem que qualquer outro jornalista na história. Gareth viajou à União Soviética com a esperança de conseguir uma entrevista com Stalin. Ele defendia aliança com Stalin para derrubar Hitler. Segundo Jones, Stalin “opera milagres”.
Ao chegar na União Soviética, Jones começa a perceber que talvez o discurso propagado pelo Regime de Stalin não fosse tão verdadeiro.
Jones tem em seu currículo entrevista com Hitler, Goebbels e outras personalidades da Segunda Guerra Mundial, mas nutria por Stalin uma admiração sui generis que se desfaz no decorrer da trama, retratada de forma extraordinária no filme A Sombra de Stalin.
Ao chegar em Moscou, Jones se encontra com Walter Duranty, um jornalista conhecido, ganhador do prêmio Pulitzer, correspondente do The New York Times em Moscou, que percebe as intenções de Jones – de se aprofundar na história do ‘grão de ouro’ de Stalin. Ele alerta o jornalista que seu colega, Paul Klebb, foi morto em circunstâncias estranhas, após questionar os números divulgados pelo Regime. Klebb estava investigando a fome na Ucrânia, que veio a ser mundialmente conhecida como ‘Holodomor’ (deixar morrer de fome).
Instigado, Jones resolve ir clandestinamente para Ucrânia, para estudar como o povo local conseguia dobrar a produção agrícola. Porém, no caminho do trem, Jones percebe que há algo de muito errado, quando passageiros oferecem roupas e ajuda em trocas de migalhas.
Quando chegou na Ucrânia, Jones tentou se juntar aos demais e carregar os caminhões com os grãos, mas é descoberto quando questiona para onde vão os grãos roubados da região.
Em meio a corpos caídos nas ruas e mortos dentro de casas, Jones inicia uma luta pela sobrevivência. Ele tenta registrar o maior número de fatos possíveis, o que se mostrará em vão no decorrer do filme.
Jones teve contato com canibalismo, violência extrema e censura absoluta para que ninguém soubesse o que de fato, estava acontecendo no país falido pelo socialismo.
Por causa da coragem de Jones, uma crise diplomática explodiu entre o Oriente e o Ocidente. O jornalista era assessor internacional de David Lloyd George, ministro das Relações Internacionais de Roosevelt.
Por fim, Jones conseguiu publicar a sua história, mas em agosto de 1935, enquanto fazia reportagens na Mongólia, Gareth foi sequestrado e assassinado por bandidos. O guia que estava com ele era ligado à Polícia Secreta Soviética.
Confira o trailer do filme:
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