Edição XXXV (Terça Livre, Revista A Verdade 65, Revista Esmeril 26, Opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, da qual sou assinante, e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.
      


Acompanhe o canal Expressão Brasil com Max Cardoso, Carlos Dias e Anderson Braz, e também a Brado Rádio, e saiba das notícias por quem tem compromisso com a VERDADE.

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ÍNDICE

REVISTA A VERDADE

    A esquerda e seu sentimentalismo tóxico (Carlos Adriano Ferraz)
    - Porque o progressismo é muito mais perigoso que o comunismo (Cândido Neto (Mafinha Summers))

REVISTA ESMERIL

    - Entrevista com Max Cardoso (Leônidas Pellegrini)
    - No ar: Expressão Brasil (Leônidas Pellegrini)
    - Consciências tragadas: entrevista com Douglas Lobo (Leônidas Pellegrini)

BRASIL SEM MEDO

    - Sara Winter: “Eu estou cansada de covardes” (Paulo Briguet)
    - O sorriso da Moona Lisa (Juliana Gurgel)
    - Os Estados Unidos pelo olhar de Ronald Reagan (Claudio Dirani)

ALLAN DOS SANTOS

    - O Partido Comunista Chinês e a Disney

MEMÓRIA TERÇA LIVRE

    - A BLASFÊMIA DOS TÉPIDOS (Rafael Valera, Rev. TL ed. 4)
    - O que está acontecendo com o Direito? (Henrique Lima, Rev. TL ed. 4)
    - A marcha dos imbecis (Luis Vilar, Rev. TL ed. 4)

PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO

OPINIÃO DO AUTOR
    - 
O fim da infância conservadora

HUMOR 

LEITURA RECOMENDADA

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Boa leitura, e uma boa Terça Livre pra você!!

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👆 Com a palavra, Terça Livre!

 
Terça Livre jamais pode ser esquecido. Por essa razão, esta seção aqui buscará cobrir o buraco que ficou no meu blog após o fim da empresa, dando a vocês links e caminhos fáceis para saberem o que os seus ex-membros estão pensando e onde encontrá-los sempre e com facilidade.

ALLAN DOS SANTOS: Allandossantos.com || Gettr || Clouthub || Telegram || Bom Perfil || TL TV.

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ÍTALO LORENZON: Ligando os Pontos || Canal Reserva || Telegram || Gettr || Twitter || Instagram.

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MAX CARDOSO: YouTube || Expressão Brasil || Telegram || Twitter || Instagram.

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CARLOS DIAS: Portal Factum || Expressão Brasil || YouTube || Twitter.

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KASSIO FREITAS: Telegram || Instagram || Twitter.


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PAULO FIGUEIREDO: Conexão América || ConservaTalk || Telegram || Gettr || Twitter.

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JOSÉ CARLOS SEPÚLVEDA: YouTube || Ligando os Pontos || PHVox || Gettr || Twitter || Facebook.
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OPINIÃO
👆 A esquerda e seu sentimentalismo tóxico
(por Carlos Adriano Ferraz)

Ao longo das últimas décadas temos acompanhado, em nossas universidades (a exemplo do que também tem ocorrido nas demais instituições de ensino), o avanço de um ímpeto anti-intelectual, o qual tem criado um ambiente ideologizado e cada vez mais distante tanto da preocupação com a busca pelo conhecimento quanto dos problemas reais. Nossas universidades têm se afastado de seus propósitos mais nobres, os quais constituem seus alicerces desde sua origem: busca pelo conhecimento – o que inclui sua preservação e fomento – e prosperidade. Dado sermos naturalmente inclinados ao saber (sua busca), a universidade foi, na Idade Média, uma fascinante e revolucionária criação humana (e cristã), cujo propósito foi não apenas fazer avançar o conhecimento (e a prosperidade – material e ‘espiritual’), mas desenvolver nossas capacidades visando nosso “florescimento humano”.

Todavia, esses alicerces têm sido abalados por décadas de uma espécie de ‘educação sentimental’ (e ideologizada), a qual nos trouxe a situações tóxicas, como aquelas expressas nos burlescos mantras entoados pela esquerda, os quais não dizem coisa alguma e intentam apenas causar um efeito emotivo (propósito felizmente cada vez mais fracassado, aliás). E o resultado desse modelo degenerescente nós o observamos empiricamente: não apenas nossas universidades estão, hoje, constituídas por diversos sujeitos intelectualmente incompetentes e confusos moralmente (sobretudo nas ‘humanidades’, na administração e em seus sindicatos), mas esses mesmos sujeitos formam muitíssimos jovens também incompetentes e alienados moralmente. Dado estarem preocupados sobretudo com manter sua doutrinação em detrimento da educação, isto é, uma vez que promovem uma (de)formação desconectada de ideias como ‘mérito’ e ‘eficiência’, por exemplo (categorias banidas de nossas instituições de ensino por serem, segundo a Intelligentsia – essa “elite” intelectual que se arroga a autoridade para guiar a sociedade - oriundas do demonizado “mercado”), os resultados dessa incompetência se deixam mensurar por pesquisas como aquela intitulada “Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho” (Instituto Paulo Montenegro - 2016), a qual descobriu que apenas 22% dos que estão em vias de concluir (ou que recém concluíram) um curso “superior” são proficientemente alfabetizados.

Ou seja, nossas Universidades têm formado, especialmente nas ‘humanidades’, analfabetos funcionais especialistas em temas irrelevantes atinentes ao ‘multiculturalismo’, à ‘ideologia de gênero’, à ‘Escola de Frankfurt’, ao ‘pós-estruturalismo’ e ao ‘pós-modernismo’, altamente “qualificados” para discutir temas como ‘preconceito linguístico’, ‘sexualidade fluida’, ‘decolonialismo’, ‘mansplaining’, ‘manterrupting’, ‘gaslighting’, “políticas afirmativas”, ‘políticas redistributivas’ e tantas outras tolices engendradas desde dentro de nossas universidades e simplesmente ignoradas pela sociedade civil, a qual paga (mediante seus impostos) para que alguns realizem suas licenciosidades acadêmicas.

E quanto à confusão moral que mencionei acima, ela aparece em dados referentes à saúde mental de nossos estudantes: 80% deles sofrem de problemas emocionais. São jovens (de)formados em nossas universidades, os quais já não possuem referencial algum, perdidos em um mundo no qual não há absolutos morais. Ora, desde a ‘regra de ouro’ (tratarmos os demais como gostaríamos de ser tratados), passando pelo decálogo (em comandos do tipo “não matarás”, “não adulterarás”, “não furtarás”, “não darás falso testemunho”, “não cobiçarás”, etc), houve um processo de seleção natural que solidificou certos valores e instituições, sem as quais não teríamos prosperado individual e coletivamente.

Em suma, termos adotado certos valores “absolutos” assegurou que chegássemos ao mundo civilizado (daí a importância de eles serem conservados). Não apenas isso, a busca pelo conhecimento objetivo, real, teve um papel imprescindível em nosso avanço civilizacional. Ou alguém realmente acredita que Copérnico, Galileu, Newton, Kepler, Boyle, et al, consideravam que todo o conhecimento é mera “construção”, que é tudo uma questão de “perspectiva”? Do fato de eles realmente buscarem pelo conhecimento objetivo adveio a “Revolução Científica” da qual até hoje nos beneficiamos, apesar da mentalidade sentimentalista (incontinência emotiva) vigente em nossas universidades. Sem falar nos princípios liberais que assoalharam o caminho para nossa prosperidade econômica, também ameaçada pela mentalidade sentimentalista (“vitimista”). Assim, a educação tradicionalmente avançou a partir da busca pelo conhecimento (objetivo), seja no plano prático (moral), seja no âmbito do conhecimento teórico.

Não obstante, ao longo do século XX se desenvolveu uma mentalidade sentimentalista, tóxica, que passou a colocar em risco os progressos obtidos ao longo dos séculos precedentes.

O resultado dessa mentalidade aparece em exemplos como o de Adam Wheeler, que (embora seja um homem branco estadunidense) declara ser uma mulher Filipina, pois é assim que ele se sente. Trata-se de um “transgênero transracial”. Sem falar no homem canadense de 52 anos que abandonou a mulher e os filhos para se assumir como uma menina de 6 anos chamada Stefonknee Wolscht (tendo sido “adotado” como filhinha de outra família). Que dizer, então, da norueguesa que, desde os 16 anos, se assumiu como um gato, pois é assim que ela se sente? Essa é a ladeira escorregadia de um tipo de ideologia que, em algum ponto, se autodestrói e arruína tudo pelo caminho. Afinal, casos como esses são cada vez mais frequentes. Pergunto-me o que diriam disso os cientistas suprarreferidos.

Mas o ponto é: quando colocamos a primazia em como nos sentimos, abrimos o caminho para que sujeitos perturbados possam dar vazão às suas psicopatologias. O avanço do conhecimento, em todas as suas formas, sempre esteve alicerçado sobre uma mentalidade “funcional”, capaz de se expressar, de calcular, de compreender, de aperceber-se, etc. Noutros termos, as ciências, em todas as suas formas, sempre mantiveram em mente o sujeito “funcional”, capaz de raciocínio. O foco no sentimento abriu espaço para os perturbados, para que eles inserissem suas patologias nas ciências e na sociedade civil, colocando em risco os avanços do conhecimento e, mesmo, do salus populi. A raiz disso está, em grande parte, em correntes como as do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’. A partir delas, e de sujeitos transtornados como Foucault, por exemplo, advieram diversos flagelos para as ciências em geral e para a sociedade em particular. Se na modernidade autores como Newton (“Princípios Matemáticos da Filosofia Natural”), John Locke (“Ensaios sobre o Entendimento Humano”), David Hume (“Investigações sobre o Entendimento Humano”, “Tratado da Natureza Humana”), Immanuel Kant (“Crítica da Razão Pura”), et al, escreveram obras descrevendo a estrutura funcional de uma mente inteligente, a partir do ‘pós-estruturalismo’ e do ‘pós-modernismo’ passamos a ter obras que poderiam ser intituladas “Ensaios sobre o entendimento esquizofrênico”, “Investigações sobre o entendimento com transtorno mental”, “Crítica da razão pura bipolar”, “Princípios Matemáticos da Filosofia Antinatural”, “Tratado da Natureza Inumana”, etc. Falar em um “Tratado da reforma do intelecto” (obra clássica de Spinoza) pode se tornar politicamente incorreto: como assim falar em “reforma” do intelecto? Isso parece indicar que há intelectos a serem reformados. Ora, isso fere o sentimento daqueles cujo intelecto carece de “reforma”.

Em resumo, o foco no disfuncional deveria ter apenas um propósito: compreender o transtorno e tratá-lo adequadamente. Não obstante, após décadas de ‘pós-estruturalismo’ e de ‘pós-modernismo’ o disfuncional passou a ser não apena aceito, mas frequentemente estimulado, enaltecido e visto com glamour.

Dessa forma, dado que estamos imersos nesse sentimentalismo, a razão acaba por ser abandonada e imergimos nas afecções patológicas, deixando de lado o debate a partir de razões e fatos. Na verdade, não importam as razões e os fatos na medida em que eles podem causar alguma mágoa ou ofender. Já existem inclusive rótulos estabelecidos para aquele que ouse colocar em discussão certas questões: se alguém questiona o sistema de cotas, então ele é racista; se ele questiona o feminismo e o aborto, então ele é misógino; em suma, se ele questiona as ideias que formam o mainstream acadêmico, então ele deve estar enlouquecido, ser “fascista”, “coxinha”, etc (comprovem empiricamente: vejam as reações aos textos que problematizam tais questões). E assim por diante. Nunca o uso da falácia ad hominem foi tão comum (na verdade, vivemos a época da apologia às falácias): ataca-se o sujeito, assassina-se sua reputação, não seus argumentos ou os fatos para os quais ele aponta.

Mas nem tudo está perdido: há uma verdadeira resistência em nossas universidades. Afinal de contas, resistente e resilente é o professor que ocupa integralmente sua aula para seguir um plano de ensino pensado para qualificar a formação do aluno, ao invés de um desarrazoado “lúdico” voltado para a mera diversão e para a satisfação de certas perversões acadêmicas (focadas em temas do ‘multiculturalismo’, da ‘ideologia de gênero’, do ‘pós-modernismo’, etc), as quais têm transformado as universidades em pardieiros; resistente e resilente é o estudante que assiduamente participa das aulas, estuda com diligência e foca em seu futuro (pensa prospectivamente), adotando seu curso como vocação pessoal e como forma de promover a prosperidade pessoal e social.

Essa é, hoje, a verdadeira resistência na universidade.

Os entoadores dos mantras da esquerda são, por outro lado, apenas mimados chorões incapazes de encarar a realidade. São justamente os mesmos que exigem “safe spaces”, “trigger warnings” e que tentam calar, aos gritos e com ofensas, todo aquele que “fere sua existência” com argumentos contrários aos seus sentimentos. Isso (bem como se autovandalizar) não é “ser resistência”: é simplesmente ser covarde.


Carlos Adriano Ferraz é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

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👆 Porque o progressismo é muito mais perigoso que o comunismo
(por Cândido Neto (Mafinha Summers))

Durante um bom tempo eu aglomerei, já que esta é a palavra da moda, esquerdistas com comunistas, com progressistas. Achava que tudo era a mesma coisa e não interessava o que eles pensavam ou eram. Mas com o passar dos anos, lendo umas coisinhas aqui e ali acabei me deparando com a realidade que existem muitas diferenças entre eles, inclusive saber tais diferenças pode ser fundamental para enfrentá-los.

O comunismo todo mundo já sabe, é o militante do PCO, que imagina um dia fazer uma revolução armada e colocar todos os burgueses no paredão de fuzilamento. Estes são os clássicos comunistas. Apenas sombras de um passado de revolucionários que não deram certo em nenhum lugar do mundo, porém pode se aprender muito sobre a esquerda com eles.

Nas duas últimas edições desta revista eu venho comentando sobre a disputa fratricida que acomete a esquerda brasileira. De um lado o queridinho da Vila Madalena e Leblon Guilherme Boulos e do outro o comunista raiz Rui Costa Pimenta. O motivo da briga eu já expliquei em textos anteriores, mas uma das facetas desta briga eu não citei: é o progressismo.

O progressismo foi como a esquerda se metamorfoseou depois que o filósofo pós-moderno Michel Foucault apareceu com suas críticas às estruturas sociais estabelecidas que funcionaram tão bem durante séculos. Claro, não tenho pretensão nenhuma de explicar um filósofo do tamanho de Foucault, não tenho esta capacidade. Porém eu nasci no pós-modernismo. Eu vivo neste mundo progressista então sei bem o tamanho da encrenca que o Michel ajudou a nos colocar.

O perigo agora é fofo e coloridinho.

O progressismo nasce da derrocada das ideias revolucionárias marxistas da década de 60 e 70 e tem como seu grande epitáfio o final da URSS (União Soviética) em 1989. É aí que esquerdistas de todo o mundo percebem que pode-se usar o capitalismo para destruir as bases da civilização ocidental. As universidades americanas, infestadas de marxistas, desenvolvem os conceitos do politicamente correto que castram todos os âmbitos da sociedade ocidental. É lá que nascem as baboseiras do feminismo moderno, movimentos identitários, pautas trans e toda essa confusão com termos e teorias que vemos hoje. Racismo estrutural, dívida histórica, masculinidade tóxica, mulheres com pênis. Enfim, toda a esquizofrenia que o mundo se tornou nos últimos anos.

O progressismo então se torna uma forma de chantagear a população do mundo. Apelando para o sentimento de culpa das classes médias e se travestindo de “o lado certo da história”. Veja, isso não tem nada a ver com direitos civis ou liberdades individuais, eles querem que você ache que é sobre isso que tratamos, mas não é. O que tratamos é como utilizam as pautas identitárias do progressismo para destruir vidas, carreiras e causar até mortes. As redes sociais tornaram essas pessoas mais poderosas ainda. Fazendo com que gente comum e honesta ficasse com medo de expressar qualquer opinião. Além disso, a bagunça se espalhou para dentro do sistema judiciário, onde o STF tornou a homofobia igual ao racismo. Veja, como se pode ser homofóbico se você nem sabe se a pessoa é gay ou não? Uma pessoa negra eu não tenho como duvidar eu estou vendo. Um gay salvo alguns casos, eu não tenho como ter certeza. Só por esta simples questão é um absurdo inenarrável esta equiparação. No entanto, legalmente é assim que é.

O progressismo conseguiu somar as estruturas de poder em níveis que os comunistas jamais conseguiram. Os progressistas hoje ditam o que você pode ou não falar, já que as redes sociais cada vez mais censuram. E é por estes motivos que eu considero o progressista muito mais perigoso que o velho e bom comunista. Não podemos ter medo e deixar estas pessoas apagarem nossa história, mudarem nossa língua e castrar nossos pensamentos. Reaja enquanto é tempo!

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CULTURA

 
👆Filme A Sombra de Stalin revela a extraordinária coragem de um jornalista britânico ao revelar os horrores promovidos por Stálin
(por Camila Abdo)


“Se eu escrever a história, milhões de vidas podem ser salvas” – Gareth Jones, jornalista britânico

Em 1933, Gareth Jones, ambicioso jornalista do País de Gales, de 27 anos, mostrou mais coragem que qualquer outro jornalista na história. Gareth viajou à União Soviética com a esperança de conseguir uma entrevista com Stalin. Ele defendia aliança com Stalin para derrubar Hitler. Segundo Jones, Stalin “opera milagres”.

Ao chegar na União Soviética, Jones começa a perceber que talvez o discurso propagado pelo Regime de Stalin não fosse tão verdadeiro.

Jones tem em seu currículo entrevista com Hitler, Goebbels e outras personalidades da Segunda Guerra Mundial, mas nutria por Stalin uma admiração sui generis que se desfaz no decorrer da trama, retratada de forma extraordinária no filme A Sombra de Stalin.

Ao chegar em Moscou, Jones se encontra com Walter Duranty, um jornalista conhecido, ganhador do prêmio Pulitzer, correspondente do The New York Times em Moscou, que percebe as intenções de Jones – de se aprofundar na história do ‘grão de ouro’ de Stalin. Ele alerta o jornalista que seu colega, Paul Klebb, foi morto em circunstâncias estranhas, após questionar os números divulgados pelo Regime. Klebb estava investigando a fome na Ucrânia, que veio a ser mundialmente conhecida como ‘Holodomor’ (deixar morrer de fome).

Instigado, Jones resolve ir clandestinamente para Ucrânia, para estudar como o povo local conseguia dobrar a produção agrícola. Porém, no caminho do trem, Jones percebe que há algo de muito errado, quando passageiros oferecem roupas e ajuda em trocas de migalhas.

Quando chegou na Ucrânia, Jones tentou se juntar aos demais e carregar os caminhões com os grãos, mas é descoberto quando questiona para onde vão os grãos roubados da região.

Em meio a corpos caídos nas ruas e mortos dentro de casas, Jones inicia uma luta pela sobrevivência. Ele tenta registrar o maior número de fatos possíveis, o que se mostrará em vão no decorrer do filme.

Jones teve contato com canibalismo, violência extrema e censura absoluta para que ninguém soubesse o que de fato, estava acontecendo no país falido pelo socialismo.

Por causa da coragem de Jones, uma crise diplomática explodiu entre o Oriente e o Ocidente. O jornalista era assessor internacional de David Lloyd George, ministro das Relações Internacionais de Roosevelt.

Por fim, Jones conseguiu publicar a sua história, mas em agosto de 1935, enquanto fazia reportagens na Mongólia, Gareth foi sequestrado e assassinado por bandidos. O guia que estava com ele era ligado à Polícia Secreta Soviética.

Confira o trailer do filme:


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REVISTA ESMERIL - Ed. 26, de 28/11/2021 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


POLÍTICA E SOCIEDADE


👆 Entrevista com Max Cardoso



(por Leônidas Pellegrini)


A estratégia chinesa de difamação, estrangulamento financeiro e banimento, aplicada com primor pelo Judiciário brasileiro em parceria com as Big Techs, conseguiu arruinar o Terça Livre, mas deixou várias “pontas soltas”. Tais pontas são pessoas que, desempregadas da noite para o dia, mas resilientes, prosseguem mantendo vivo o espírito do TL, cada uma fazendo o que sabe de melhor.

Uma dessas pessoas é Max Cardoso, então âncora dos boletins e editor da Revista Terça Livre, com quem tive o prazer de trabalhar por pouco mais de um ano. Formando em Filosofia e Teologia, aluno do Padre Paulo Ricardo e do professor Olavo de Carvalho, Max segue agora com um novo canal no YouTube, no qual expõe questões básicas sobre formação intelectual, filosofia e cristianismo, assunto sobre o qual prepara cursos a ser lançados em breve. 

Na entrevista que segue, Max fala sobre os intelectuais mais importantes para a história da filosofia e do cristianismo e a crise do pensamento, entre outros assuntos. Saiba mais sobre esse resiliente ex-TL a seguir, e não deixe de acompanhar seus novos trabalhos. 

Revista Esmeril: Em primeiro lugar, fale um pouco sobre quem é Max Cardoso, qual sua trajetória pessoal etc. 

Max Cardoso: Desde criança sempre fui apaixonado por conhecer as coisas, queria saber de tudo, gostava de ver documentários sobre tudo, a primeira vez que li um livro foi uma experiência transformadora, sempre disse que queria ser cientista. Na adolescência passei a me interessar muito em aprender sobre a doutrina católica, tanto questões de teologia sistemática como bíblica. Aos 12 anos fazia tudo que era curso que tinha na igreja perto da minha casa, era sempre o mais jovem da turma. Com isso, foi crescendo a minha curiosidade sobre como seriam os estudos em um seminário.

Cheguei a ser catequista de crisma na minha paróquia e coordenador de um círculo bíblico jovem, e a gente sempre mudava o texto que vinha porque achávamos estranhos, ainda não sabia direito o que era Teologia da Libertação. Entrei na UFRJ, fiz um ano de Engenharia e dois de Física, e foi quando decidi fazer o vocacional para o seminário do Rio. Foi aí que conheci os materiais na internet do Padre Paulo Ricardo e do Professor Olavo de Carvalho. A sensação foi que os meus olhos se abriram e tudo que antes estava nebuloso começou a fazer sentido. 

Formei-me em Filosofia no seminário, com diploma da PUC-RJ, e depois em Teologia pela Universidade de Navarra, na Espanha. Saí da vida religiosa em 2018, depois de fazer uma experiência de 100 dias no Mosteiro Trapista do Paraná. Desde então comecei a dar aulas particulares e  aulas de filosofia em um colégio na zona oeste do Rio. Em 2019 entrei no Terça Livre, onde estive até outubro passado, quando a empresa se viu obrigada a fechar. Agora estou tentando recomeçar, e como não consegui um novo trabalho, estou me dedicando ao meu canal no YouTube, fazendo aquilo que eu mais amo, que é a formação filosófica e teológica.

Revista Esmeril: Fale mais sobre seu novo canal no YouTube.

Max Cardoso: Como a minha área sempre foi a formação em filosofia e teologia, sempre me vi vocacionado ao ensino, e como estava sem emprego resolvi abrir o canal com aquilo que eu mais gosto de fazer, que é a formação. O meu objetivo com o canal é trazer uma formação humana completa, tratando de temas como a formação intelectual e da personalidade, com destaque para a filosofia e a teologia, que acredito serem temas que todos deveriam conhecer ao menos o básico. 

Também trago questões históricas que acredito serem importantes para ajudar a crescer no conhecimento do cristianismo e também da história tão bonita do nosso país, mas que infelizmente se tornou muito pouco conhecida.

Revista Esmeril: Uma das coisas de que eu sentia falta no Terça Livre era justamente um espaço para que você falasse de sua especialidade, cristianismo e filosofia, lacuna que está agora sendo preenchida em seu atual projeto. Qual a importância do cristianismo e dos filósofos cristãos para a história da filosofia?

Max Cardoso: O cristianismo foi um grande marco para a história da filosofia. Ele trouxe para o pensamento filosófico uma espiritualidade e um otimismo antropológico que dificilmente teria acontecido de outra maneira. Basta constatar a enorme diferença que existe entre a filosofia ocidental e a oriental, esta última muito menos influenciada pelo cristianismo. Questões como a dignidade humana, o direito natural e o fato de existir uma natureza humana com suas leis próprias que todos compartilhamos foram verdades que começaram a ter uma base muito mais sólida depois do cristianismo. 

Acho engraçado e trágico ao mesmo tempo quando vejo os revolucionários dizendo que o cristianismo piorou as desigualdades do mundo. Qualquer análise histórica séria e honesta vai concluir, independentemente da fé, que se não fosse a influência do pensamento cristão no mundo, provavelmente não teríamos até hoje o fim da escravidão e a compreensão de que a mulher é um ser humano com a mesma dignidade que o homem, verdades tão óbvias para nós hoje. 

Para se ter uma ideia disso, basta saber que uma questão filosófica polêmica até hoje é se é possível existir uma moral verdadeira sem a fé. Como disse Dostoievski, em irmãos Karamazov, “Se Deus não existe, tudo é permitido”. O mundo sem o cristianismo seria entregue à barbárie, à lei do mais forte. Se os revolucionários conseguissem extinguir o cristianismo como desejam, o resultado não seria uma sociedade melhor, mas sim o fim da própria sociedade como a conhecemos. 

Revista Esmeril: Quais filósofos você considera mais importantes na história da filosofia, e por quê? Ainda, você tem indicações para as pessoas que querem começar a se instruir a respeito do assunto?

Max Cardoso: Com certeza Aristóteles, Platão, Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, ainda que esses dois últimos sejam teólogos também. O diferencial desses pensadores é que eles conseguiram compilar, sintetizar todos os principais pontos daqueles que vieram antes deles. Quando estudamos esses autores é como se estivéssemos recebendo uma síntese filosófica de tudo que havia sido produzido até então, com o acréscimo de que eles avançaram na resolução dos problemas que estavam sendo debatidos. 

Por exemplo, somente com Aristóteles o problema filosófico da mudança no mundo pôde ser resolvido. Era um problema que estava sendo há séculos discutido, praticamente desde o início da filosofia grega, com os pré-socráticos. Outro exemplo é o problema da individualidade da alma, que só foi resolvido com Santo Agostinho, influenciado pela revelação cristã, era um problema a que nem Platão ou Aristóteles tinham dado uma resposta satisfatória. Nos cursos que dava de filosofia e teologia sempre falava para as pessoas que sem entender as questões principais que o pensamento humano já conseguiu avançar, a nossa compreensão sobre a realidade e o homem fica extremamente comprometida. Como vamos saber agir bem em nossas vidas, sem ter ao menos uma noção básica das questões fundamentais? Seria como pedir para alguém fazer derivadas e integrais sem antes aprender a fazer as operações básicas da matemática. 

São Tomás de Aquino é um grande farol na história da humanidade, ele deixou uma obra monumental. Uma vez vi um ator que fez uma comparação muito boa: o que uma catedral medieval representa para arquitetura é o que a Suma Teológica representa para o pensamento humano. Ele sintetizou e avançou em praticamente todos os problemas filosóficos e teológicos que haviam sido tratados até a época dele. É algo tão fenomenal, que quase 800 anos depois ainda não absorvemos tudo que ele legou. 

Outra menção honrosa seria Hugo de São Vitor, que não costuma ser muito citado; ele desenvolveu temas importantes da filosofia e teologia. Para quem está começando e precisa pegar introduções, gosto muito de Mortimer e Sertillanges, acho muito bom para começar. A coleção do Padre Gardeil sobre introdução à filosofia de São Tomás de Aquino é excelente, os livros são muito pedagógicos, ideais para quem está começando. Ler um livro de história da filosofia também ajuda a ter um panorama geral. Por exemplo, a coleção do Reale,  a mais baratinha e muito boa. E também tem o meu canal no Youtube. Minha ideia é dar uma introdução aos principais temas; não podia deixar de fazer um jabá.

Revista Esmeril: É possível dizer que a crise do pensamento e, consequentemente, da própria civilização ocidental, começou como uma crise de fé, de espiritualidade? Como se deu esse processo e a partir de qual momento da História, em sua percepção? 

Max Cardoso: Eu acredito que sim. Existe aí uma série de fatores que atuaram juntos, difícil de elencar todos aqui devidamente, isso dá um curso. Na parte da filosofia temos, na baixa Idade Média, o nominalismo e suas consequências, como a chamada “crise dos universais”. No entanto, essa corrente poderia ter sido apenas mais uma, se não tivesse começado a ocorrer na mesma época uma queda do nível de intelectualidade das universidades. Essa queda teve um outro fator importante, o surgimento do diploma de Teologia. A Igreja ficou muito preocupada com os professores de Teologia das universidades, porque poderiam estar ensinando heresias. Resolveu-se então criar um documento e só quem tivesse esse documento poderia dar aula de teologia. 

A ideia não era em si mesmo ruim, fazia todo sentido na época, mas isso teve um efeito colateral terrível que não foi previsto. Se antes os alunos estudavam buscando aumentar o seu conhecimento das verdades, o nível intelectual, fortalecer a fé e a vida espiritual, agora passaram a estudar para conseguir diplomas para serem professores de teologia. Não demorou muito para que os alunos quisessem saber apenas o mínimo para poder receber o diploma. 

Com o final da baixa Idade Média começa o Renascimento, movimento cultural que, ao exaltar a Antiguidade Clássica, acabou trazendo de volta a devassidão dos costumes de uma sociedade pagã. Na mesma época temos Descartes, que é o fruto maduro do nominalismo e quem começa a separação radical entre o pensamento humano e o mundo material. A partir daí, os erros vão se propagando até chegarmos em Freud, Marx e Nietzsche. 

Há muito mais coisas que precisavam ser ditas para entendermos melhor, mas como eu disse, precisaria de um curso, inclusive estou planejando abrir um nesse sentido. Peço aos leitores que acompanhem meu canal no YouTube e confiram.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2021
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Esmeril, conteúdo gratuito de 23-30 de Novembro



ESMERIL NEWS | ACONTECE


👆 NO AR: Expressão Brasil
(por Leônidas Pellegrini)


No ar a partir de hoje novo canal de notícias e análises sobre política e geopolítica

Foi inaugurado nesta terça-feira (23) o canal Expressão Brasil, de Carlos Dias, Max Cardoso e Anderson Braz, ex-integrantes do Terça Livre.

Focado em notícias e análises acerca de política e geopolítica, o canal por ora ainda não atende aos requisitos do YouTube para transmissão de lives. Sua programação, inicialmente, contará com um programa matutino, Manhã Brasil, no ar a partir das 10h, e um vespertino, Resenha da Tarde, no ar sempre às 15h.

Recomeçando do zero o trabalho jornalístico antes já prestado pelos três apresentadores, o canal precisa do e conta com o apoio de seu púbico. Segundo Carlos Dias, o Expressão Brasil é “uma continuidade de um trabalho profícuo, honesto e valoroso que a história do Brasil vai reconhecer em um tempo próprio“.

Para conhecer esta nova iniciativa e acompanhar seus conteúdos, acesse o canal aqui mesmo.

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ESMERIL NEWS | LITERATURA


👆Consciências tragadas: entrevista com Douglas Lobo
(por Leônidas Pellegrini)


“As aulas do professor Olavo de Carvalho permitiram que eu aceitasse minha vocação de escritor”

Entre as gratas surpresas da Nova Literatura Brasileira está o romance Areia Movediça, de Douglas Lobo.

Lançado de maneira independente pela Amazon no ano passado e editado em outubro deste ano pela Danúbio, sua história, de fundo autobiográfico, apresenta um protagonista em profunda crise espiritual e existencial, vivendo uma vida de mentiras na grande Sodoma brasileira, o Rio de Janeiro, em algo como um longo exame de consciência que transforma a narrativa em uma espécie de confissão pública.

E digo confissão porque o ambiente caótico do Rio envolve e arrebata o narrador – cuja consciência já havia sido bastante sequestrada no meio universitário em Fortaleza –, levando-o a uma cadeia de todo tipo de vícios e pecados, aos quais ele se entrega, entorpecido, mas sempre com algum incômodo – o resquício de consciência que pode vir a salvá-lo, sobretudo com a ajuda de um certo filósofo brasileiro boca suja…

Neste espaço carioca de eternos vaidade e hedonismo que retrata, Douglas soube pintar com maestria a fauna cosmopolita da esquerda progressista: a hipócrita ativista ambiental que trabalha para a maior estatal petrolífera do país, o intelectual de mesa de bar, os ninfomaníacos, o narcisista crônico, o capacho servil sem personalidade, além de, na figura do protagonista, o provinciano sempre deslocado e tentando se adequar ao grupo e ser por ele aceito, constantemente em guerra contra si mesmo e esse terreno pantanoso, essa areia movediça que lhe tenta tragar a consciência e engolir a identidade.

O livro também acaba se revelando um registo de nossa triste história política, com boa parte da narrativa focada no recente período de corrupção da Era PT, cujos eventos, inclusive, levam o protagonista a questionar suas escolhas de vida.

Narrativa ágil e que “prende” da primeira à última página, Areia Movediça constitui um item indispensável à sua lista de Black Week ou Natal. Para saber mais sobre o autor e a obra, confira a entrevista a seguir.


Esmeril News: Douglas, você teve seu romance Areia Movediça publicado em outubro pela Danúbio Editora, mas tem outros dois romances publicados anteriormente. Fale um pouco sobre esses dois primeiros trabalhos.

Douglas Lobo: São dois romances autopublicados. O primeiro, lançado em 2015, chama-se Terra Amaldiçoada. É uma história de terror. Eu sempre gostei desse gênero, já que ele cria situações extremas, muito úteis para ilustrar a natureza humana.

Cheguei a enviar o original para editoras, mas nenhuma se interessou. Então, decidi publicar por conta própria. Acho que nenhum escritor devia deixar de publicar por falta de editora.

O segundo romance, publicado em 2018, intitula-se O Último Natal de um Homem Rico. É uma história policial, à Agatha Christie. Surgiu como roteiro de cinema, desenvolvido em um workshop, no período em que morei no Rio de Janeiro. Depois, já de volta a Fortaleza, transformei em romance.

Para este segundo livro, procurei algumas editoras, mas desta vez sem muita expectativa, devido à experiência anterior. Fui quase direto para autopublicação.

Esmeril News: Fale um pouco sobre a gênese do Areia Movediça. Ele tem muitos elementos autobiográficos, não?

Douglas Lobo: O livro começou a surgir em 2015, quando os acontecimentos políticos do Brasil começaram a afetar minha vida profissional. Eu era (e ainda sou) empregado de estatal. Me lembro de pensar, em meio à crise: “Em meu lugar, Balzac escreveria um romance…”

A crise profissional fez com que eu retomasse meu sonho adolescente de ser escritor. Foi daí que acelerei para terminar meu primeiro romance, já comentado (havia começado a escrevê-lo em 2013, mas não tinha avançado muito.)

Ao mesmo tempo, iniciei nessa época um processo de reavaliação de mina vida, personalidade e de meus valores. Pelos anos seguintes eu passaria por um processo de “dissolução alquímica”, em meio ao qual meu antigo “eu” foi pouco a pouco substituído por um novo (e, espero, melhor).

Nesse processo, as aulas do professor Olavo de Carvalho foram fundamentais. Elas me deram o caminho para uma formação intelectual sólida, sem a qual não é possível se tornar escritor.

Em 2020, o processo se completou. Eu estava assim pronto para escrever sobre ele.

A oportunidade surgiu em março, quando eclodiu a pandemia. Na época eu tentava escrever uma novela gótica, estilo O Médico e o Monstro, mas a história não avançava; ao mesmo tempo, o desejo de relatar minha experiência crescia.

Decidi então escrever Areia Movediça. Comecei em março; terminei a primeira versão em maio, e a segunda em julho. Publiquei de forma independente na Amazon, em setembro ou outubro. Mas aí veio a decepção: o algoritmo da plataforma beneficia autores que escrevem um mesmo tipo de livro. Areia Movediça é bem diferente de minhas obras anteriores e, por isso, o romance ficou no limbo, com pouquíssimos leitores.

Eu precisava então de editora. Enquanto escrevia Areia Movediça, o nome da Danúbio já tinha me surgido: o romance parecia se encaixar bem no catálogo. Entrei no site e enviei o original pelo formulário. Em pouco tempo tive retorno positivo do editor-proprietário, Diogo Fontana, tão generoso com novos escritores.

Esmeril News: Pegando carona em sua resposta anterior, diga: qual a importância de Olavo de Carvalho em sua vida?

Douglas Lobo: As aulas do professor Olavo de Carvalho permitiram que eu aceitasse minha vocação de escritor. “Aceitasse” é o termo, porque desde os dezessete anos eu queria ser ficcionista. Mas vocação exige cultivo e responsabilidade, e eu, como a maioria dos jovens, preferi fugir disso.

Isso mudou com o Curso Online de Filosofia (COF). No primeiro ano, em que o aluno educa o imaginário, eu voltei a ler ficção (por anos eu só li ensaios, biografias e livros de estudo.) Recordei-me então do quanto eu gostava de histórias.

Ao longo dos anos, à medida que me aprofundava nas aulas do COF, eu retomei a disciplina de escrita. Também passei a ler de forma mais organizada. E, principalmente, livrei-me de várias preconcepções disseminadas na sociedade brasileira e que prejudicam severamente o exercício da vocação.

Esmeril News: Um aspecto que me chamou a atenção em seu livro é foco narrativo, com um narrador que narra para si mesmo, como diante de um espelho, em um tipo de exame de consciência que se torna uma confissão pública. Gostaria que comentasse sobre isso.

Douglas Lobo: Trata-se da segunda pessoa narrativa. Conheci-a ao ler o romance Bright Lights, Big City (1985), do escritor americano Jay McInerney.

É curioso você mencionar espelho: no filme baseado no livro e lançado em 1988, o protagonista aparece em uma das primeiras cenas à frente de um, com a narrativa em segunda pessoa em voice-over.

Uma das vantagens da segunda pessoa narrativa é que torna o leitor um participante da história. Ela facilita assim a experiência imersiva.

Outra vantagem é que se tem o intimismo da primeira pessoa e a objetividade da terceira, sem o exagero de nenhuma delas. Esse aspecto foi muito útil para Areia Movediça. Concebi a obra como uma tentativa de conciliar a narrativa íntima e psicológica do Modernismo com o caráter social do romance realista do século XIX.  Eu precisava entrar na cabeça do protagonista, mas sem perder de vista as engrenagens sociais em torno dele.

Esmeril News: Outro aspecto interessante em seu romance são os personagens, que parecem ser um retrato fidedigno da fauna cosmopolita progressista. Fale um pouco sobre esses personagens. São baseados em pessoas que você conheceu e com quem conviveu?

Douglas Lobo: Todas as personagens, sejam progressistas, sejam conservadoras, sejam apolíticas, são baseadas em pessoas com quem convivi. No entanto, no processo de composição, eu as fundi, e as recriei. Afinal, a personagem de ficção deve ser mais definida do que o homem comum; descrever alguém que existe e lhe dar um nome fictício não é suficiente.

Agora, algumas poucas personagens são bastante parecidas com as pessoas que as inspiraram. Neste caso, fiz questão de que se reconhecessem na história…

Esmeril News: Em sua história, você expõe um contraste Rio de Janeiro x Fortaleza, e a capital cearense ganha certas cores líricas, mas soa como algo que não existe mais, haja vista o atual cenário daquela cidade, tomada pelo crime organizado. Mesmo assim, esse contraste parece que imprimiu algo importante sobre sua personalidade, para além de sua obra. Gostaria que comentasse sobre isso.

Douglas Lobo: A Fortaleza em que cresci não existe mais, como realidade. Mas ainda povoa minha memória afetiva. E era a essa nostalgia que eu me apegava no período em que morei no Rio de Janeiro. Se você reparar, em nenhum momento de Areia Movediça temos a capital cearense real; só aquela filtrada pelas lembranças do protagonista. É uma visão idealizada: a âncora em que a personagem se firma para manter algum senso de identidade.

Esmeril News: Você já está com outros escritos e/ou projetos em andamento? Pode falar sobre algum deles?

Douglas Lobo: Escrevi um roteiro ambientado no mundo do cinema. Não consegui encontrar produtor, então vou usá-lo como base para um romance. Será ambientado em Fortaleza — não a da minha memória afetiva, mas a real. O roteiro é só uma matriz, então estou em processo de recriar os personagens, sem muito apego ao texto original. A trama não funciona como romance, então terei que recriá-la também; mas por enquanto só tenho ideias vagas de como a história vai se desenrolar.

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Brasil Sem Medo - 22 a 30 de Novembro





EXCLUSIVO (27/11/2021)

(TdL: quando escolhi replicar essa entrevista do BSM aqui no blog, tive como meta ajudar a divulgar a verdade apenas, e tão somente isso. As ações da Sara, bem como suas opiniões, podem ser abertamente debatidas por todos, mas sua coragem e sua firmeza na defesa do conservadorismo não podem deixar de serem admirados. E eu admiro ela por isso. Segue a entrevista do BSM.)


👆Sara Winter: “Eu estou cansada de covardes”
(por Paulo Briguet)


Em entrevista ao BSM, ativista diz que se arrepende de ter falado com a Istoé e critica abandono de pautas conservadoras pelo governo Bolsonaro

Sara Winter foi o pseudônimo adotado por Sara Fernanda Giromini quando se tornou a primeira brasileira integrante do grupo ucraniano Femen, em 2012. Na época, ela ganhou notoriedade nacional com as performances do grupo ultrafeminista. Três anos depois, com o nascimento de seu filho Hector, Sara viveu uma reviravolta. Anunciou ter abandonado o feminismo, converteu-se à Igreja Católica e se tornou uma ativista conservadora ― pró-vida, pró-armas e pró-Deus. Fez campanha para Jair Bolsonaro e, no primeiro ano do governo, trabalhou como assessora de Damares Alves no Ministério dos Direitos Humanos. Em 2020, uniu-se a outros ativistas de direita para montar em Brasília o Acampamento dos 300, movimento que reunia apoiadores do governo Bolsonaro. O acampamento durou de 20 de abril a 13 de junho daquele ano, e rendeu a Sara acusações até hoje não comprovadas no âmbito do Inquérito do Fim do Mundo, aberração jurídica comandada pelo ministro Alexandre de Moraes. Durante um ano e um mês, ela esteve presa por ordem de Xandão, de início em regime fechado e depois em regime domiciliar. Não cometeu nenhum crime ― a não ser para quem considera crime fazer críticas a ministros do Supremo Soviete brasileiro.

Alguns dias atrás, Sara Giromini foi procurada por um repórter da Istoé ― aquela revista que colocou um bigodinho de Hitler no rosto do presidente Bolsonaro, culpando-o pelas mortes do vírus chinês. O jornalista procurou Giromini, queria falar sobre Winter, e Sara aceitou. Ela está profundamente magoada, não apenas com o governo Bolsonaro, mas também com a direita brasileira em geral. Diz ter sido abandonada pelos antigos companheiros. Então resolveu dar uma longa entrevista à Istoé, no brechó de sua mãe, em São Carlos (SP), sua cidade natal.

Richard Nixon ensinava que se um jornalista o procura com uma série de perguntas e, ao final da conversa, diz que tem “só mais uma perguntinha”, você deve esquecer todas as perguntas anteriores ― a única que importa é a perguntinha. Algo desse tipo deve ter acontecido naquele brechó de São Carlos, pois Sara respondeu a uma série de questões sobre sua trajetória de vida ― a militância feminista, a conversão religiosa, a mudança ideológica, o conservadorismo, a família, as perspectivas profissionais. Mas, no texto publicado, praticamente só falou da relação de Sara com o governo Bolsonaro. Jornalistas profissionais são incapazes de pensar em outro assunto.

Em entrevista exclusiva ao BSM, Sara declarou:

Minha entrevista para a Istoé foi um erro. Infelizmente cai no conto do jornalista que disse que me ofereceu o espaço para falar sobre minha carreira no futuro. Atribuo esse erro a minha ingenuidade momentânea e a certa carência pelos espaços para os presos políticos na direita. Me considero muito inteligente no que concerne à desinformação, mas nesse caso, errei. A Istoé se fez de boa amiga acolhedora, exatamente o papel que a direita deveria ter feito e eu caí direitinho. Se até eu que sou extremamente experiente cai no conto, imaginem quantos jovens ingênuos são cooptados com as mesmas técnicas.

Segundo Sara, suas palavras foram distorcidas. Pelo texto da Istoé, depreende-se que a deputada Bia Kicis e o ministro Augusto Heleno foram artífices e estrategistas do Acampamento dos 300 ― o que é absolutamente falso. Sara conta que Bia Kicis visitou o acampamento e aconselhou os integrantes do movimento a não atacarem o então presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com quem o governo buscava algum tipo de entendimento na época. Segundo Sara, Bia Kicis teria dado algumas sugestões aos organizadores do acampamento, mas não participava das decisões do grupo. Trocaram mensagens, Bia conseguiu uma reunião do grupo com a Secretaria de Segurança do Distrito Federal, e, numa visita ao acampamento, disse em público aos manifestantes que deveriam evitar ataques às instituições ou a defesa de ideias como a intervenção militar ou o fechamento do Congresso. Que se saiba, nada disso é crime ― a não ser para o Xandão.

Há um ponto de divergência nas versões de Bia e de Sara. A deputada afirma que não cedeu nenhum assessor para atuar no acampamento; Sara diz que o assessor Evandro Araújo esteve por um mês com os 300. Ao BSM, Evandro declarou o seguinte:

Eu participei presencialmente do acampamento dois dias. Depois auxiliei três ou quatro dias, a distância. Resolvi colaborar por uma iniciativa pessoal, nunca liderei nada. Depois de alguns dias me afastei, até mesmo saí de todos os grupos de WhatsApp. Quando ocorreu aquela manifestação com tochas, na frente do STF, eu já estava totalmente afastado do movimento. Lamentavelmente, meu nome foi parar no inquérito do STF, e a Globo associou o meu nome à Ku-Klux-Klan. Entrei com um processo e a Globo foi condenada em primeira instância a me pagar R$ 40 mil.

Parece que só há um crime descrito nessa fala: o de calúnia. E não foi cometido pelo assessor de Bia Kicis.

Quanto ao general Heleno, Sara Winter diz que ela e mais alguns líderes dos 300 foram convidados para uma reunião no Gabinete de Segurança Institucional. Segundo Sara, a reunião durou duas horas, e na maior parte do tempo o ministro narrou episódios de sua vida como militar e conselheiro político. Heleno teria até mesmo reclamado que o presidente Bolsonaro não ouvia seus conselhos. Por fim, solicitou a eles que poupassem Rodrigo Maia de suas críticas. O foco das críticas deveria ser o STF ― não a instituição, mas as ações de seus integrantes.

Também não há nenhum crime aí.

Sara Winter, como já dissemos, está magoada. Sente-se abandonada pela direita e pelo governo. Diz que Bolsonaro abandonou as pautas conservadoras que o elegeram ― e quem haverá de discordar dela? Em 2022, diz que provavelmente estará fora do Brasil. Mas declara:

Se o Abraham Weintraub ou o Ernesto Araújo fossem candidatos a presidente, eu votaria neles. Mas eles não serão. O que temos hoje é Lula, é Ciro, é Moro, é Bolsonaro. O presidente errou muito, mas se a eleições fossem hoje eu votaria em Jair Bolsonaro.

Nos últimos dias, Sara Winter tem sido alvo de muitas críticas por parte da direita. Foi chamada de traidora, mentirosa, ressentida.

Falam mal de mim, mas não têm coragem de falar do Alexandre de Moraes. Quando saímos às ruas em 2018, o que esperávamos era coragem, mas não é coragem o que estamos vendo agora. Eu estou cansada de covardes.

Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

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CULTURA (28/11/2021)


👆 O sorriso da Moona Lisa
(por Juliana Gurgel)


Na arte e na vida, sempre é mais fácil destruir do que criar. Escarnecer das grandes obras rende fama e dinheiro

Em 2018, o artista inglês Banksy destruiu a própria criação, Girl with balloon, logo após ser leiloada por 1 milhão de libras. O evento promovido na Sotheby's, uma das galerias mais tradicionais de Londres, fundada em 1744, surpreendeu os presentes que ainda aplaudiam o lance vencedor quando, atônitos, ouviram o alarme disparar e um som vindo da obra.

Um dispositivo localizado na moldura do quadro, semelhante a uma fragmentadora de papel, foi acionado após a venda e emitia um barulho enquanto a tela era picotada.

Banksy é o pseudônimo de um expoente da arte urbana e representante do movimento Bristol Underground Scene, na Inglaterra. Amigos e parceiros de street art não confirmam sua identidade, mas há especulações de que Banksy seja o grafiteiro, DJ e músico Robert Del Naja, um dos fundadores da banda de trip hop Massive Attack.

Em 2018, a agilidade dos funcionários da Sotheby's permitiu que metade de sua tela Girl with Balloon fosse salva. A quase total autodestruição do quadro deu origem à obra Love is in the Bin, vendida no dia 14  de outubro deste ano de 2021, por 18,5 milhões de libras ou R$ 140 milhões de reais.

Por que alguém desembolsa tamanho valor em uma obra parcialmente destruída? Neste caso, é importante ressaltar que expressões artísticas não seguem padrões de mercado convencionais. Fatores como o momento histórico da criação e o autor da obra permitem oscilações e facilitam investimentos questionáveis, como a lavagem de dinheiro.

Love is in the Bin não deve ser considerado apenas a “metade” não destruída de Girl with Balloon. Ela é o resultado de uma performance de autodestruição idealizada (e fracassada) pelo autor, presenciada por dezenas de pessoas e reproduzida milhões de vezes pelo mundo todo.

Após o episódio, Banksy divulgou um vídeo dizendo que havia feito testes para garantir que toda a obra fosse destruída e que não era esse o desfecho desejado pelo artista. Ele alegou ainda que o ato era uma forma de denunciar a mercantilização da arte. De qualquer modo, Love is in the Bin cresceu e tornou-se uma valiosa obra conceitual, disputada em leilão por nove licitantes.

As criações de Banksy mostram singelas e improváveis cenas, crítica social e habilidade de síntese. Nesse sentido, a projeção e repercussão do artista possuem verificável mérito. Independentemente de preferência, gosto ou estilo, a influência do pintor e grafiteiro Banksy no mundo da arte e sobre seus contemporâneos é inegável.

Um exemplo é o artista Nick Walker, conterrâneo de Banksy. Ambos fazem parte de um movimento de grafiteiros de Bristol iniciado na década de 80. Em 2006 Walker decidiu provar que Banksy estava errado ao afirmar que “nada mais poderia ser feito a partir da Monalisa (de Leonardo da Vinci). Na intenção de refutar, Walker tentou criar cenas e Banksey apenas respondia que todas as ideias propostas já haviam sido produzidas. Foi quando o “grande” insight apareceu: uma figura à imagem da Monalisa mostrando as nádegas: a ‘Moona Lisa’. A ideia foi registrada em formato de pintura.

A Monalisa ou ‘La Gioconda’, retrato da florentina Lisa del Giocondo (alguns estudiosos afirmam que a retratada é Pacifica Brandani de Urbino) é um marco na pintura ocidental, datada de 1503. Existe um sentimento afetivo em relação à obra; ela já foi copiada, encenada, satirizada, “desconstruída” e "homenageada" de inúmeras maneiras.

Na pintura temos os conhecidos exemplos de Marcel Duchamp, Salvador Dali, Andy Warhol e Fernando Botero.

Quando Banksy afirmou que nada mais poderia ser feito na obra de Leonardo da Vinci, acredito que se referia a um desdobramento relevante da obra e não a um trabalho kitsch, como o produzido por Walker. Vale mencionar que Da Vinci foi um gênio apaixonado pelo conhecimento. O pintor, como é sabido, se debruçava sobre diferentes áreas da ciência e por esse motivo seu produto criativo continha sólidas influências, oriundas da matemática, engenharia, anatomia, escultura, música, arquitetura, botânica e poesia. Toda essa miríade de conhecimento é verificável em sua vasta obra.

Dito isso, mesmo reconhecendo as inúmeras possibilidades de inspiração contidas na Monalisa, seria a Moona Lisa uma possibilidade artística válida?

De acordo com Nick Walker, sim. Não satisfeito em deixar a ‘Moona Lisa’ viver em uma pintura, o grafiteiro decidiu dar continuidade e “avançar” no formato escultura. A cena é a mesma da pintura, mas a peça, de 1,80 metros e 260kg, amplifica a ação de Moona Lisa que, ao levantar a saia, mostra as nádegas enquanto fita o público com um sorriso provocativo.

Utilizar uma obra icônica como Monalisa para promover o próprio trabalho é relativamente simples. Assim como também é mais fácil destruir do que criar.

A obra de Leonardo da Vinci já foi ultrajada antes (não de forma tão despudorada, é verdade). O retrato da dama florentina foi atingida por ácido, uma pedra e até mesmo uma caneca com café.

É por esse motivo que em sua morada, no Louvre, existe entre a obra e o público um espaço de segurança, um vidro blindado e funcionários atentos. E mesmo assim, a grandiosidade da obra prima de Leonardo da Vinci ― pintura de óleo sobre choupo 77 x 53 cm ― não se apequena diante destes inconvenientes.

É evidente que Walker quis ser inventivo e original ao retratar a Monalisa como Moona Lisa. No entanto, a escolha apenas atesta sua corrompida visão artística. Ao acreditar que tal piada fosse digna de virar escultura, ele desperdiçou material, tempo e oportunidade de realmente criar algum objeto de arte.

Algumas ideias deveriam permanecer na fase da intenção; afinal, se o artista fosse o único envolvido no escárnio, o dano seria irrelevante, entretanto, ao expor a obra em público, Walker submete o estrago ao olhar do outro, ele semeia sua confusão. Neste sentido, a promoção de objetos como a Moona Lisa não pode ser subestimada; ao nos deparamos frequentemente com representações envoltas em torpeza, feiura e degradação, somos gradativamente contaminados.

É possível argumentar que a experiência provocada por uma obra de arte jamais será substituída pela curiosidade suscitada por objetos extravagantes. O argumento é válido desde que se tenha acesso à arte, do contrário, o consumo de escárnio revestido de elementos artísticos afetará o discernimento do público até o momento em que este aceitará que tudo pode ser arte.

Banksy consegue transitar entre dois tipos de público. Um mais tradicional, visto que seus grafites funcionam também em materiais convencionais, como telas e gravuras; e o outro mais radical, aquele que legitima a performance do artista destruir a própria obra logo após ser vendida. Este público é o mesmo consumidor do trabalho de Walker e está suscetível a alargar seu conceito de arte, comprometendo dessa forma a possibilidade de uma profunda experiência estética.

É lamentável constatar, mas provavelmente a Moona Lisa não será o último atentado à Monalisa ― e tampouco à arte ― assim como Love is in the Bins, não será a última performance autodestrutiva com impacto milionário.

Para quem prefere a companhia de Leonardo Da Vinci, foquemos na bela Monalisa e nas palavras de seu criador:

“Pintura é poesia mais vista do que sentida,
e poesia é pintura mais sentida do que vista”.

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CINEMA (29/11/2021)

👆 Os Estados Unidos pelo olhar de Ronald Reagan
(por Claudio Dirani)


Longa estrelado por Dennis Quaid destaca os feitos de um dos maiores presidentes conservadores da história

Existem coisas que só a cultura pop consegue promover. O ano: 1984. Bruce Springsteen, um dos reis do rádio, emplacando sucessos como “Born In The U.S.A.” – Nascido nos EUA – que aparentemente, soava como uma canção patriótica. (Na verdade, se tratava de um protesto contra a guerra do Vietnã, como seu autor mais tarde explicaria.)

Enquanto isso, na sempre fervilhante política norte-americana, Ronald Reagan se preparava para disputar a reeleição contra o democrata e ex-vice de Jimmy Carter, Walter Mondale.

Atento à popularidade de “Born In The U.SA” nas paradas nacionais, o Partido Republicano decidiu usar a música como trilha sonora.

Não adiantou Springsteen reclamar.

Apesar de negar apoio ao político, a mensagem já havia sido passada – os Estados Unidos, estavam prontos para consagrar um dos presidentes mais populares de sua história pela segunda vez consecutiva.

Mais de 30 anos desde a épica reeleição e 17 passados de sua morte, Ronald Reagan se prepara para uma volta cinematográfica, em um longa batizado simplesmente de “Reagan”, protagonizado pelo conservador Dennis Quaid, que está previsto para chegar aos cinemas no primeiro trimestre de 2022.

Com roteiro de Howard Klausner baseado no livro “The Crusader: Ronald Reagan and The Fall Of Comunism”, de Paul Kengor, a produção terá como diretor Sean McNamara, mais famoso por seu trabalho “Uma Razão Para Vencer”, de 2017.

Bastidores de “Reagan”
 

Embora Dennis Quaid tenha se surpreendido com o chamado para estrelar o 40º presidente dos EUA, as raízes do ator nascido em 8 de abril de 1954, em Houston Texas, justificam a escolha.

Cristão praticante, Quaid não é nenhum novato das produções com bases conservadoras. A mais recente delas foi sua atuação no musical country-gospel “Eu Só Posso Imaginar”, de 2018.

Ao ser questionado sobre a importância de representar Ronald Reagan, Quaid não se esquivou por medo de qualquer eventual cancelamento.

“Eu o admirava muito, então senti um arrepio de medo descer pela minha espinha quando me foi oferecido. Isso geralmente é uma espécie de sinal de que talvez eu devesse fazer isso, porque está fora da minha zona de conforto”, declarou.

Por sua vez, o produtor Mark Joseph – que precisou de um orçamento de U$ 21 milhões para concretizar a cinebiografia – revelou que Quaid sempre figurou c favorito para protagonista da trama.

“Dennis sempre foi nossa primeira escolha”, afirmou Mark Joseph. Ele é um dos grandes atores do nosso tempo. Estamos fazendo um filme para republicanos e democratas, já que Reagan transcende a política”, completou.

Além de Dennis Quaid, mais dois atores receberam a importante tarefa de representar Ronald Reagan em fases mais jovens de sua vida: David Henrie (famoso pelo seriado infantil “Os Feiticeiros de Waverly Place”) e Tommy Ragen (não confundir com Reagan!), mais famoso por atuar no drama “Juntos Novamente” (2020).

“Tem sido incrível reviver a infância de Reagan”, admitiu o ator de 13 anos. “Muitos não percebem como sua infância seria importante para o que ele viria se tornar no futuro”, destacou Ragen.
 

Além de convocar os três nomes para reviver Ronald Reagan, a produção do longa decidiu ser meticulosa na apuração de informações sobre a vida e a obra do presidente. Mais de 50 pessoas – incluindo familiares, amigos e membros de sua administração – foram entrevistados pela equipe de produção.

Desse grupo, destaque para o Dr. Benjamin Aaron, cirurgião responsável por extrair a bala disparada no atentado cometido por John Hinckley Jr. em março de 1981.
 

Reagan: América em Primeiro Lugar

Ronald Reagan ocupou o Salão Oval da Casa Branca entre 1981 e 1989. Durante seus dois mandatos, o republicano (que também governou a Califórnia) nascido em Tampico, Illinois, em 6 de fevereiro de 1911, foi responsável por diversas mudanças bastante significativas, seja no âmbito doméstico ou internacional.

Em seus oito anos de residência em Washington D.C., Reagan não só cumpriu promessas de campanha, como abriu caminho para George H. W. Bush – outro mandatário do Partido Republicano.

Na esfera nacional, Ronald Reagan promoveu forte corte de impostos, influenciando diretamente os ganhos da classe média do país, reduziu os altos índices de inflação e desemprego gerados pela Era Carter e ainda se reaproximou de lideranças da classe trabalhadora norte-americana, consolidando o programa “America First” – uma espécie de embrião do “Make America Great Again”, de Donald Trump.

Já na esfera internacional, os Anos Reagan foram marcados por forte combate à ação da esquerda socialista no planeta, com pesado investimento nas áreas de defesa e inteligência e na corrida espacial. Os pilares da Guerra Fria – ao menos oficialmente – começariam a ceder quando Mikhail Gorbachev chegou ao poder em uma U.R.S.S. assustada com a recessão. Com poucas saídas para conter sua crise, Gorbatchev decidiu promover uma reaproximação com os EUA de Reagan, que indiscutivelmente sairia vitorioso com o fim da União Soviética – e a queda do muro de Berlim em novembro de 1989.


Curiosidades sobre “Reagan”


  • O longa trará participações coadjuvantes de outros estadistas. Entre eles, Margaret Thatcher e Mikhail Gorbatchev.

A Dama de Ferro britânica será interpretada por Lesley-Anne Down, mais famosa por atuar ao lado de Peter Sellers em “A Pantera Cor-de-Rosa Ataca Novamente” (1976). O ex-presidente da U.R.S.S será vivido pelo polonês Alexander Krupa. O ator já interpretou o presidente russo em outra oportunidade, no thriller “Salt” (2010), protagonizado por Angelina Jolie.

  • Como nenhum filme sobre Reagan seria completo sem a primeira-dama Nancy, os produtores escalaram a excelente Penelope-Ann Miller para o papel, já em sua fase na Casa Branca.

Miller se destaca por atuações em longas como “Tempo de Despertar” (1990), “Chaplin” (1992) e “O Nascimento de Uma Nação” (2016)

  • No decorrer de sua produção, “Reagan” já sofreu diversos adiamentos. Idealizado em 2014, o filme seria lançado originalmente em 2019. O segundo atraso ocorreu um ano mais tarde, em virtude da pandemia de covid-19.

  • A maior parte das filmagens externas do longa ocorreu na cidade de Guthrie, no estado norte-americano do Oklahoma.
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Allan dos Santos - 
COMUNISMO / CHINA





👆 O Partido Comunista Chinês e a Disney
(21/11/2021)

Um filme bem-feito é uma poderosa arma de formação de opinião. Para muitos é até fonte de conhecimento. 

O filme Jungle Cruise é quase um remake do Indiana Jones ou Allan Quatermain, mas sem Indiana ou Allan. O personagem principal é uma mulher. A protagonista é feminista e seu irmão é homossexual, embora nada no filme seja explícito. O filme é para crianças e tudo é sugerido em uma envolvente trama de expedição na floresta em busca do tesouro, que não é o ouro do capitalismo, mas a pétala de uma árvore que tudo pode curar. Uma clara indicação à agenda globalista de divinização do meio ambiente. Os índios não são canibais. Pelo contrário, são pessoas amorosas e que jamais conheceriam a maldade se não tivessem contato com os cristãos espanhóis. O vilão é uma especie de Proto-Hitler, branco de olho azul e ganancioso. Ou seja, você encontra gayzismo, tribalismo, feminismo, ecoterrorismo e tudo sem perceber, afinal, é um aventura infantil. Se você não nasceu na década de oitenta, dificilmente irá perceber o contraste com Indiana ou Allan Quartermain, personagens que forjam a personalidade imatura e passam a cuidar da mulher indefesa, aprender a respeitar o sagrado, a tradição cristã etc.

Se isso já é assustador, calma que agora vem Shang-Chi E A Lenda Dos Dez Anéis, o vigésimo quinto filme do Universo Cinematográfico Marvel, hoje propriedade da Disney.

A história narra um homem chamado Xu Wenwu que fez mal uso do poder dos Dez Anéis e conhece a guardiã de uma vila mística chamada Ying Li em busca da mitológica Ta Lo e assim expandir seu poder. Eles se apaixonam, se casam e quando a vila rejeita Wenwu, os dois voltam para a China. Lá têm dois filhos, Shang-Chi e Xialing, e Wenwu larga os Dez Anéis para criar sua família.

Quando um dos filhos, Shang-Chi, tinha sete anos, Ying Li é assassinada por uma gangue inimiga de Wenwu. Ele se vinga e volta a usar os anéis para os assassinos, e então reassumir o controle dos Dez Anéis. Decide que os filhos passassem por um intenso treinamento de artes marciais e sete anos depois Shang-Chi é ordenado para matar o assassino de sua mãe. Após realizar a missão foge para San Francisco, se escondendo sob o nome "Shaun".

Nos EUA, é evidente a crítica à vida fútil americana. Os valores perdidos são criticados de modo sutil: os americanos perderam o senso do sagrado, não valorizam o matrimônio, são preguiçosos, só se esforçam por dinheiro e não têm mais respeito às tradições, algo que um chinês fiel ao seu país não perdeu e é o que faz forte ante o imperialismo capitalista americano.

Perceba que em momento algum, óbvio, é dito que a inversão total da hierarquia de valores foi promovida pelos comunistas.

Isso nunca será combatido por meio da política eleitoral, leis no legislativo ou nomeação de ministros. Como disse o escritor Hugo Von Hofmannsthal: “Nada está na realidade política de um país, que antes esteja primeiro na sua literatura”. A destruição dos princípios basilares da sociedade ocidental só pode favorecer um único grupo: aquele que alimentar a dissolução das famílias enquanto mantém a sua intacta. É a casa do ferreiro sem o espeto de pau.

Essas sutilezas na psiquê de uma criança ficam adormecidas até que um dia, absorta e completamente embebida dessa mentalidade revolucionária, não pensará em outra coisa quando tomar suas decisões na vida adulta. O seu horizonte de consciência será limitado por essa narrativa de “minorias” sem encontrar um único argumento contrário. O espírito que moldou a cultura de sua infância fará um estrago incalculável.

Tudo isso financiado pelo Partido Comunista Chinês. Não sei o quanto do Ocidente ainda restará de pé, mas precisamos resistir corajosamente.

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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)

Hoje voltaremos no tempo para a edição 4 da Revista Terça Livre.

Se você como eu ainda tem seu cadastro de membros do TL Juntos, pode acessar neste endereço.


CULTURAL

👆 A BLASFÊMIA DOS TÉPIDOS
(por Rafael Valera)


«Once abolish the God and the Government becomes the God»
Gilbert Keith Chesterton, 1932.

Chesterton é um daqueles caras aos quais você sempre pode recorrer quando a clareza não estiver tão próxima. Eu também acredito que a base do mundo moderno é, de fato, o jugo dos violentos contra Deus (Canto XVII, Divina Comédia) e que, aquilo sagrado, nos antípodas, permanece como uma coisa perpetuamente derrotada que sempre sobrevive a seus conquistadores (Belloc dixit).

Lendo uma palestra do site The Apostolate of Common Sense sobre o livro de Chesterton Christendom em Dublin (1932), encontrei a frase maravilhosa que repousa como epígrafe deste texto, juntamente com outra maravilha escrita pelo palestrante Dale Ahlquist em linhas posteriores: “all political arguments begin as theological arguments” (todos os argumentos políticos começam como argumentos teológicos). Assim, com ambos, começaremos a trabalhar.

Há uma tendência muito moderníssima no inconsciente coletivo venezuelano, arrastado da Independência: a divinização da caudilhagem e a ação estatal, após a guerra bárbara de secessão liderada por Simón Bolívar. Ele, levando a vingança da Lenda Negra em latitudes latino-americanas, depois de genocídios, massacres e perseguições, conseguiu antagonizar o venezuelano com o Império, mas o que é realmente importante é que, perante as pretensões do líder de Caracas —e da propaganda épica do mundo afrancesado— o venezuelano apaixonou-se até o sol de hoje. Geração após geração, a sádica e sanguinária “glória” de Bolívar, apoiada pelo búlio do genocídio espanhol de Fray Bartolomeu de Las Casas, sofreu uma justificação e embelezamento mórbidos e quase inquisitoriais, que iria formar psicologicamente uma versão secular da infalibilidade papal, mas esta vez, a infalibilidade seria a do líder político. Como uma atitude heróica, ungida com divindade absoluta, cuja voz é um trovão que explode sobre as cabeças dos realistas ímpios que se encontram fora das fronteiras de sua graça, dignos somente do sabre bolivariano; essa é a aura que emana do mythos fundador da maior blasfêmia de nossa memória coletiva.

O hispanista britânico John Lynch dedicou um ensaio ao caudilhismo usando o conceito do "gendarme necessário", do sociólogo venezuelano Laureano Vallenilla-Lanz, chamado: o gendarme necessário: os líderes como agentes da ordem social, 1810-1850. Lynch escreve:

O caudilho era um chefe regional, que derivava seu poder do controle que exercia sobre os recursos locais, especialmente das fazendas, que lhe davam acesso a homens e suprimentos. O caudilhismo clássico assumiu a forma de clientelismos armados, unidos por laços pessoais de dominação e submissão e por um desejo comum de obter riqueza através do uso de armas. (UNAL, 1986).

O caudilho, note-se, é um César crioulo circunscrito ao nível regional, onde, através do clientelismo, ele tece sua rede de poder e dominação de alta volatilidade contra qualquer agente externo. Esse arquétipo do líder na psique venezuelana se destaca como uma faca de dois gumes, porque, idealmente, é apresentado como a encarnação viva de seu espírito indomável, quando na realidade é o elemento unificador e amalgamador dos indivíduos em nome da massa que, se não se prestar à anulação em nome do “povo”, ele é um inimigo que merece a maior calúnia e a mais terrível morte — evocando de forma sociológica, o Decreto de Guerra de Morte. Em nossa história política pós-independência, esse comportamento é tão típico que, depois de Bolívar, o exercício do cesarismo não cessou. Desde o mata-espanhois de Caracas, ao General Marcos Pérez Jiménez, a glória que deve realmente ser alcançada pelas mãos do povo, é usada como folhas de ouro derretido para vestir os halos dos caudilhos e assim, proclamar-lhe possuidor da verdade última e mais oculta do mundo, emanado das próprias pontas dos seus dedos.

Esse problema —que é essencialmente espiritual com cronicidade psíquica— em termos junguianos inibe a individualidade; uma vez entregado à massa, é castrado de seu poder. Essa impotência, nos círculos profundos da inconsciência, tem seu oposto, uma compensação correspondente que, se emanar como, por exemplo, um desejo incontrolável de poder ou fornicação (i.e. III Reich ou Roma decadente) ou uma luxúria de paraísos terrestres inviáveis, um padrão idiossincrático pode nascer e se manifestar na política de uma sociedade. Sendo necessariamente mais específico, no caso dos meus nacionais, esse padrão produziu uma fractura entre gerações, onde a identidade nacional, valores e soluções são endossados para um líder único e irrefutável. Deste caso, emerge um problema sociopolítico cuja raiz é, de fato, teológica: a encarnação impossível do absoluto no humano ou, em termos simples, a blasfêmia de pretender um "complexo de Deus".

Mas vamos voltar à atualidade, filha dessa blasfêmia. A revolução bolivariana, como todas as revoluções —especialmente as comunistas— são ateístas militantes por princípio e por ação. Desde a chegada do comunismo ao poder, seu objetivo recorrente de escravidão total já tinha a presença da tendência psíquica do messianismo, e por isso, com um ataque à Igreja Católica, com a exaltação do arquétipo caudilhista (mas sua “catedral” politicomidiática e seu "vigário") e a anexação da cidadania como fonte de poder do sistema, o solo já era fértil para um avanço agressivo em direção ao êxtase da sombra venezuelana, que desencadearia aos demônios mais selvagens e difíceis de derrotar.

No artigo anterior, mencionei a tendência constante nas revoluções de aplicar uma mudança de liderança em caso de emergência; assim como Lenin ou Chávez, o líder revolucionário é prescindível, mas é a revolução em si que é vital e seus efeitos políticos, psicológicos, sociológicos, militares, geopolíticos e financeiros. É por isso que vemos os vestígios do jornalismo militante crioulo —adorador de Fidel— dando demonstrações de adoração sacrílega ao eunuco de Juan Guaidó, como o da “jornalista” venezuelana Elizabeth Fuentes, sugerindo que o Obama venezuelano poderia andar sobre a água na sua visita ao estado insular de Nueva Esparta. Inclusive, desde seu juramento, foram virais nas redes sociais montagens de Guaidó com o corpo de Simón Bolívar, tal como fez a infraespécie chavista com Hugo Chávez mesmo.

O imaginário do coletivo venezuelano sempre volta ao símbolo original da blasfêmia bolivariana induzida pelos independentistas do passado e os tépidos de agora —dois grupos leais ao conhecimento iluminista. O afastamento do homem para com Deus, típico da modernidade, e o desmantelamento do espírito que a revolução comunista na Venezuela levou adiante revelam as passagens que descobriram no inconsciente e como são usadas para dominar a população. Erigindo a ação de um homem simples —ou pior, o do Nero crioulo— como um bastião moral absoluto, revela-se a intenção blasfema de criar um paraíso terrestre cujo Deus é o governante provedor de felicidade e poder eterno.

No caso de Guaidó, trata-se apenas de um triste espasmo agonizante de disforia espiritual que as revoluções podem gerar em nações cristãs como a Venezuela ou, revivendo o exemplo dado pelo Chesterton, o russo. “Onde quer que as pessoas parem de acreditar em algo além deste mundo, elas vão adorar o mundo”, reflete o inglês, e é assim. Fora da Graça, só há fatalismo ou o azar, que assim como este propõe a religião, também tem sua contrapartida, o fanatismo. A herança da sangrenta fantasia do “Libertador” é, sem dúvida, a blasfêmia que os tépidos hoje defendem ao lado de sua corte de yesmen palhaços encarregados de pregar as “boas” novas do governante.

As revoluções, em particular, se disfarçam como velhos mitos e percorrem as ruas eufóricas, apelando sedutoras aos homens, insinuando um céu mundano cujo custo é, na verdade, impagável.

Na Venezuela, muitos quiseram pagar esse preço desde a independência e é por isso que hoje se está perto de perder a vida pelo paraíso revolucionário.

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👆 O que está acontecendo com o Direito?
(por Henrique Lima)

Por que vemos tantos absurdos nas bocas e nas penas dos juristas? Como chegamos a esta calamidade? O Professor Olavo de Carvalho nos dá uma pista quando identifica um vício característico da mentalidade positivista (revolucionária, portanto): o neutralismo superior de uma elite tecnocrática onissapiente. Este vício afeta também, mutatis mutandis, o chamado mundo jurídico. Este epíteto, que designa o conjunto dos profissionais do Direito e das estruturas que operam, é bastante apropriado, já que tais profissionais parecem ter criado um mundo fictício, uma realidade paralela. É triste constatar: hoje, os juristas não fazem mais jus a este nome. Antes, merecem ser chamados de operários do Direito, pois rebaixaram esta ciência a mera técnica. E pior: ainda se gabam disto, com o mesmo ar de neutralismo superior dos positivistas: “eu sou técnico, meus pareceres são técnicos, minhas decisões são técnicas”. Aquele que deveria ser o arquiteto da obra agora age como o servente de pedreiro.

Para eles, ser técnico é como saber operar uma máquina. No caso, as complicadas engrenagens jurídicas, os meandros do direito positivo: artigos, parágrafos, incisos e alíneas. Ser juridicamente técnico, nesta concepção distorcida do Direito, é conhecer textos legais, combiná-los e aplicá-los a casos concretos. Não nego que isto seja necessário. Entretanto, a maior virtude de uma atividade jurídica qualquer não é ser técnica, mas ser justa. Quando Adolf Eichmann, um operador do regime nacional-socialista alemão, concebeu a “solução final” e criou as condições para a deportação em massa de judeus para os campos de extermínio, nada mais fez além de ser técnico, ao aplicar e obedecer à ordem legal imposta pelo regime. O que se verificou no regime nacional-socialista (nazista) também sucedeu no regime internacional-socialista (comunista): tecnocratas comunistas também foram estritamente técnicos ao contribuir, direta ou indiretamente, para o extermínio de milhões de pessoas.

A elite tecnocrática do Direito, que serve bem aos propósitos do globalismo – já que este pretende fomentar as instâncias supostamente técnicas da sociedade em detrimento das demais –, é hoje um clubinho fechado, apartado da realidade. De fato, Olavo de Carvalho está montado na razão quando afirma que a linguagem jurídica no Brasil é como “receituário de macumba”. Rios de tinta, infinitas laudas, volumes imensos, teses mirabolantes. Um palavrório inútil e fadado ao esquecimento. Também não lhe falta razão ao afirmar que ler analfabetos funcionais transforma o leitor em analfabeto funcional. Assim, o depauperamento do Direito no Brasil e no mundo transformou as faculdades de Direito em fábricas de analfabetos funcionais, ambientes tóxicos capazes de alienar pessoas normais, expatriá-las da realidade e transformá-las em revolucionários do Direito.

Não por acaso, a esquerda desistiu de empreender sua revolução contra a moral tradicional por meio do Parlamento. Compreendeu que o povo é conservador nos costumes e, portanto, há de cobrar de seus representantes eleitos uma postura adequada à sua visão de mundo. Tais parlamentares, por sua vez, hão de suprir os anseios populares, seja por convicção própria, seja por conveniência eleitoral. Sem saída, os inimigos da ordem natural das coisas recorreram a outro poder: o Judiciário. O problema é que os membros deste poder são os mesmos egressos daquelas faculdades de Direito acima descritas. Eis aí a elite tecnocrática onissapiente a que se refere Olavo de Carvalho. Creem-se portadores do projeto ideal de sociedade, a ser implementado por eles mesmos, mediante seu poder tecnocrático. Não nos é concedida a autodeterminação democrática, pois não sabemos o que é melhor para nós mesmos. Antes, nosso futuro será determinado por este clubinho de iluminados que detém o conhecimento do bem e do mal, que detém a “técnica”. O bem é aquilo que eles decretam do alto de sua vontade arbitrária, as leis que hão de reger a sociedade futura, e o mal é tudo aquilo que se opõe a tal projeto. Alegam que, ante uma suposta omissão do Parlamento, o Judiciário deve agir para atender às demandas da sociedade. Ocorre que a alegada omissão é na verdade a expressa rejeição pelo Parlamento de reivindicações absurdas de grupos militantes ultraminoritários. Não há demanda social nenhuma. O que há é a gritaria de militantes e suas ONGs. Mas do que exatamente estamos falando? Citem-se três exemplos: a decisão do Supremo Tribunal Federal que “legalizou” as uniões homossexuais e abriu as portas para que quaisquer arranjos sexuais sejam reconhecidos como família, o ensaio para a legalização completa do aborto engendrado pela Primeira Turma do STF no julgamento do Habeas Corpus 124.306/RJ e a recente decisão da mesma corte que acabou por criar um tipo penal – a homofobia – em ofensa aos mais elementares princípios do Direito Penal.

É claro que não podemos generalizar. Ainda há bons magistrados, mas eles são cada vez mais raros. Enquanto o cenário não melhora, a agenda contra-majoritária está posta: legalização do aborto, chamado eufemisticamente de “direitos sexuais e reprodutivos”, bem como da eutanásia e outras práticas contrárias à vida; ideologia de gênero, promoção do movimento LGBT e das demais práticas sexuais outrora tidas por perversões (pedofilia, poligamia, zoofilia, incesto, etc.); feminismo radical (intimamente associado ao abortismo), que pretende eliminar a fórceps, como se possível fosse, todas as diferenças entre os dois sexos; laicismo, que culmina com o banimento da religião dos espaços e debates públicos e, finalmente, com a franca perseguição e eliminação dos fiéis; psicose ambientalista, com a idolatria do meio-ambiente em detrimento do homem; equiparação de animais a seres humanos, inclusive para fins jurídicos, o que pode levar ao veganismo obrigatório; legalização das drogas (cada vez mais pesadas) e outras reivindicações semelhantes. As esperanças da esquerda para fazer avançar esta agenda estão hoje depositadas no Judiciário, a despeito da falta de legitimidade representativa deste, pois ninguém elegeu seus membros para ditarem os rumos da nação. É assim que a revolução pega o atalho do chamado ativismo judicial. Ressalto que tal ativismo revolucionário não se restringe ao Poder Judiciário, mas se estende a todo o mundo jurídico. Não só magistrados, mas defensores públicos, advogados, procuradores, promotores e até delegados de polícia estão imbuídos deste mister, de modo que seria mais exato falar num ativismo jurídico-revolucionário.

Como chegamos a esta situação? A decadência do Direito é o progressivo abandono da ciência do Direito Natural clássico, que vem a lume na Grécia antiga, com Platão e Aristóteles, passa por Cícero e os grandes jurisconsultos romanos e alcança seu apogeu com Santo Tomás de Aquino e a tradição que o segue. Em suma, esta ciência nada mais é do que a constatação de que, a par das leis naturais de ordem física, como a lei da gravidade, há outras leis naturais de ordem moral, ou seja: as regras que devem reger nossa conduta não emanam da vontade humana arbitrária, mas nos são dadas pela natureza das coisas. Não são construções sociais, religiosas ou políticas, mas antecedem estas dimensões da vida por decorrerem do próprio ser das coisas ou do modo como elas se fazem presentes na estrutura da realidade. Significa dizer que, por exemplo, mesmo que não existisse um Código Penal que criminalizasse o homicídio, ou uma Bíblia que dissesse “não matarás”, matar alguém seria imoral de qualquer modo. Revogar o Código Penal ou rasgar a Bíblia não torna o homicídio em ato de virtude. Esta verdade sempre foi óbvia. No entanto, começa a ser esquecida no final da Idade Média, com o nominalismo e o voluntarismo, a partir dos quais a existência de leis morais naturais e irrevogáveis será negada e a primazia da vontade humana arbitrária em questões morais será armada. Em outras palavras, o homem reivindicou para si a prerrogativa de determinar o certo e o errado, o bem e o mal. Posteriormente, o positivismo jurídico prescreverá a ditadura das leis positivas arbitrárias e, nos nossos dias, o neoconstitucionalismo do pós-guerra prescreverá a ditadura das decisões judiciais arbitrárias, o que enseja o nefasto ativismo judicial, via de regra contrário à lei moral natural.

Já diziam os antigos que a virtude da justiça é o hábito de dar a cada um o que é seu. Este algo, que nós devemos aos outros e que nos é devido, é o direito – o objeto da justiça. Descobrir o direito para cada situação da vida, ou redescobri-lo, não é inventá-lo à imagem e semelhança do que há de pior em nós. Não é tirar da algibeira uma loucura qualquer e dizer que é um direito. Descobrir o direito é achar na estrutura da realidade o objeto da virtude da justiça, segundo a lei moral natural que o Criador inscreveu em nossa inteligência.

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👆 A marcha dos imbecis
(por Luis Vilar)

O escritor Thomas Paine (1737-1809) era um revolucionário de oratória incrível. Defendia, de forma poética, que uma geração presente poderia se desprender totalmente da geração passada, pois era seu direito- por vias revolucionárias- construir uma nova sociedade como se estivesse diante de uma folha em branco. Obviamente, por ser eu um conservador, discordo integralmente do espírito das ideias que movia o senhor Paine. Todavia, reconheço em seus escritos uma beleza poética e uma capacidade argumentativa ímpar, o que me leva admirar sua inteligência. Pena que foi usada como foi pelo próprio dono...

O ponto central – portanto – desse artigo é o seguinte: mesmo os homens mais inteligentes, aqueles que possuem um cabedal de conhecimento invejável caíram na tentação do discurso do “mundo melhor” e, diante disso, suas ideias produziram consequências que levaram sociedades inteiras a um caos em nome das injustiças que visavam combater.

Em muitos casos, é perceptível que as causas que abraçavam, por mais que tivessem alguma verdade nas injustiças denunciadas, não os enobrecia. Muito pelo contrário. Tornavam-nos frios.

Ao observar suas condutas e pensamentos, não raro me vem à memória uma reflexão do romancista alemão Hermann Hesse que frisava, na obra Demian, o quão fácil era nutrir um amor abstrato pela humanidade e esquecer a necessidade do amor ao próximo, ao humano real. No caso de Paine, esse só enxergou pela frente a sua revolução, apaixonado pelo que prometia a Revolução Francesa.

Mais tarde, Paine diz que uma revolução tem como princípio moral "instruir, não destruir". Não enxergava Paine que desprezar o passado é depredar a História, destruindo-a por completo e/ou tornando-a refém de uma ideologia propagandística. Não enxergava ainda que sem o passado não há base para instruir, pois é impossível a "folha em branco".

Logo, a revolução se faz por imposição e destruição, jamais por instrução. Eis a morte da liberdade! Eis – como já disse em um artigo publicado na edição 0 da Revista Terça Livre – os crimes que se sucedem em nome da liberdade. Oh, liberdade, quantos crimes serão cometidos em teu nome? No espírito do tempo que soprou nos ouvidos de Paine o canto da sereia diabólica se fazia presente. O secularismo – já ali – abria portas para as tragédias vindoura do século XX, como nazismo e comunismo.

No cerne de suas ideologias diferentes, mas em suas práticas propagandísticas, na promessa de um mundo melhor, na violência contra quem atravessasse o seu caminho e no completo desrespeito às individualidades, eram iguais. Irmãos gêmeos – como diria o escritor Richard Overy – que brigaram ainda no útero da mãe, porém com muita coisa que os aproximam. Por essa razão, caros (as) leitores (as), indico nessa coluna um livro que diz muito sobre a mentalidade revolucionária quando entra em confronto com o conservadorismo losóco: a obra O Grande Debate de Yuval Levin.

Nesse livro Paine e o pensador conservador Edmund Burke são confrontados. As ideias destes são postas lado a lado no momento exato em que se confrontaram. De um lado, Paine e sua crença na sociedade como uma “folha em branco”. Do outro lado, Burke armando a necessidade de aprendermos a subir nos ombros dos gigantes. Edmund Burke não via o mundo perfeito e tinha consciência da visão restrita do homem diante da complexidade da natureza humana. Isso fazia com que ele defendesse que uma sociedade – como também fez Chesterton – era um acordo entre os vivos e os mortos em nome das gerações futuras, pois o progresso precisava estar assentado nas bases de valores e na tradição, para que – refletindo sobre a História – pudéssemos aprender com nossos erros e reconhecer as conquistas e porque essas aconteceram.

Assim, o conservadorismo não é uma aversão às mudanças, mas a crença de que sem a memória para reconhecermos as reais virtudes que sustentam a sociedade de pé, os processos revolucionários nos encantarão como uma sereia no meio do oceano e, na busca, por seus beijos e abraços – o tal “mundo melhor” - a acabaremos por nos afogar em águas desconhecidas. Acharemos que a causa substituiu as consciências individuais, julgaremos todos pelos coletivos nos quais podem ser inseridos, o homem se sentirá um agente da História ao passo que um tribunal dela.

O revolucionário é sempre o juiz, o promotor, o advogado de defesa e o carrasco em uma única pessoa, pois se sente o motor do processo histórico em nome de um futuro que nunca vem. Como há uma fé secular em uma ideologia que produz uma cosmovisão que aponta para a realização de um paraíso na terra, quando há erros óbvios que nos levam a tragédia, o revolucionário se insurge e diz que alguém traiu os ideais, busca os culpados em inimigos internos e externos que precisam ser amaldiçoados e exterminados.

Afinal, por mais que possuam as mãos sujas de sangue, eles são o bem em estado mais puro. Isso está muito bem resumido em uma atual expressão que ganhou as redes sociais: o famoso “ódio do bem”. Qualquer sinal de mínima divergência é visto como um inimigo a ser abatido, caso não seja a eliminação física, entra em cena o assassinato de reputações.

O embate entre as ideias e Burke e Paine nos mostra bem isso. Ao comparar os dois escritores vemos os males – nas ideias de Paine – daquilo que Michael Oakeshott tão bem cravou como sendo a demasiada fé política, que nada mais é do que a crença que a razão humana articulada poderá traçar – dentro de uma visão irrestrita (conceito caro a Thomas Sowell) – o modelo perfeito de sociedade, quando o mal será extirpado.

Esse ideal é posto como a cenoura na frente do burro, que segue sua marcha sem olhar para os lados, alheio às consequências da caminhada e crente que um dia conseguirá pegar a cenoura, sem perceber que existe alguém montado nele, segurando uma varinha onde o alimento está amarrado para que nunca se aproxime de sua “cara”. Essa marcha revolucionária muda na forma, com o passar dos tempos.

Logo, a questão é como esse processo destruidor se dará: gradativo ou radical e sanguinolento. Edmund Burke ao questionar Paine deu uma surra intelectual nesse, inclusive ao falar dos pequenos pelotões de um corpo social, que são aquelas instituições espontâneas que fogem a engenharia racionalista a ser imposta por meio de um Estado. Para além da razão, esses pelotões representam a complexidade humana. F. Hayek também pontua isso ao falar de ordem espontânea e dos males revolucionários ao mostrar os caminhos da servidão.

Se Paine com tanta inteligência, capacidade de oratória, escrita invejável e poética exemplar não enxergou o básico que fazia das revoluções rios de sangue, não me espanta que fedelhos pós-modernos cheios de slogans e paixões políticas não vejam em si o que é a semente dos holocaustos revolucionários.

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👆 PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

"A concepção uspiana da história da filosofia, tal como exemplificada pelo Motta Pessanha na sua coleção "Os Pensadores", é uma fraude grotesca." (23/11/2021)

"O purismo conservador -- hoje tido como sinônimo de idoneidade no Brasil -- consiste em ignorar a advertência do experiente Ignazio Silone, segundo a qual o combate final não será entre esquerdistas e direitistas, mas entre comunistas e ex-comunistas." (23/11/2021)

"No Brasil, ser valente é pecado mortal." (23/11/2021)

"No ano de 1997 comecei com um grupo de alunos o programa de Leituras Comentadas de Clássicos da Literatura, depois prosseguido, com grande brilho, pelo meu amigo José Monir Nasser. Em 2014 a USP decidiu nos macaquear com atraso, mobilizando para isso umas dúzias de professores, já que nenhum deles poderia competir com o Nasser ou comigo." (23/11/2021)

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"O que faltou para a Sara Winter foi só uma coisa: solidariedade do resto da direita." (24/11/2021)

"Vocês já notaram em quantos filmes americanos os cristãos são mostrados como "serial killers" empenhados em matar pecadores?" (24/11/2021)

"A técnica atual da mentira jornalística não é mais a de fingir verossimilhança, mas, ao contrário, a de exagerar no inverossímil para que o público não acredite que alguém possa ser louco o bastante para mentir tanto assim." (24/11/2021)

"Ninguém acredita que a grande mídia possa mentir tanto quanto está mentindo. Resultado: quando mais mentira, mais credibilidade. Os detratores da Sara são infinitamente mais ingênuos do que imaginam." (24/11/2021)

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"É verdade que a Fôia do Seu Paulo não tem mais edição impressa?" (25/11/2021)

"Se eu fosse milionário, compraria a Fôia e faria dela o melhor jornal que este país já teve." (25/11/2021)

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"Desmascarada a farsa da Merdópolis, segundo a qual eu viajei para os EUA ilegalmente num avião da FAB, a revista, em vez de pedir desculpas, forja uma nova mentira, dizendo que fugi para o Paraguai para não ter de depor à Polícia Federal. Na verdade só recebi intimação da PF quando já estava em viagem, e a intmação era só para prestar depoimento POR INTERNET, de qualquer lugar do mundo." (26/11/2021)

"A maior vergonha da minha vida é ter pertencido à classe jornalística brasileira." (26/11/2021)

"Jornalista é a segunda profissão mais antiga do mundo. Consiste em ficar tocando punheta atrás da porta para depois sair contando quem comeu quem." (26/11/2021)

"Os que classificam o meu estilo de "grosseiro e recheado de palavrões", mostram que, de tudo o que escrevi, só conhecem uns gracejos que espalhei na Internet -- a única parte da minha obra acessível a inteligências deficientes, a única que, por essa razão, consideram a mais típica e representativa do meu trabalho. Exemplo disso é a locutorazinha da CNN que comentou o meu depoimento à Polícia Federal. No Brasil a falta de inteligência e cultura tornou-se obrigatória." (26/11/2021)

"A classe jornalística praticamente inteira só tem acesso, da minha obra, à parte humorística, e acha que ela é tudo." (26/11/2021)

"O número assombroso de mentiras sórdidas espalhadas a meu respeito em centenas de órgãos de mídia nacionais e estrangeiros desde há duas décadas seria impossível de produzir sem uma organização muito rica e bem administrada coordenando a coisa toda. Esse é o ÚNICO "gabinete de ódio" que já existiu e continua existindo no Brasil." (26/11/2021)

"Quem quer que use a palavra "progressista" em vez de "comunista" é um idiota ou um espertalhão." (26/11/2021)

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"Ampliar os pequenos defeitos dos grandes homens é o maior consolo dos medíocres." (27/11/2021)

"No topo da elite acadêmica americana sou considerado uma celebridade intelectual digna de ser entrevistada ao lado dos gigantes Wolfgang Smith e Seyyed Hossein Nasr, como no filme "The End of Quantum Reality". No meio jornalístico brasileiro sou apenas um blogueiro bolsonarista." (27/11/2021)

"A coisa mais óbvia do mundo: Se você não entende ou nem conhece os princípios da minha filosofia, nada pode compreender de nenhuma opinião que eu emita sobre os fatos políticos do dia, já que as opiniões dependem dos princípios e não estes daquelas. Não conheço no Brasil um só comentarista de mídia, figurão universitário ou militante partidário que esteja em condições de julgar com sensatez as minhas opiniões." (27/11/2021)

"Se tudo o que é percebido é subjetivo, só o imperceptível tem existência real. Mas, se é imperceptível, jamais tomamos notícia dele." (27/11/2021)

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"Os bolsonaristas reais ou fingidos que rotularam de "ideológica" uma ala do governo e passaram a atacá-la por isso jamais negaram aos esquerdistas o direito a uma ideologia. Resultado: a política dessa gente consiste em dividir o cenário entre esquerdistas e neutralistas. Posa de direitista ao mesmo tempo em que suprime toda ideologia direitista." (28/11/2021)

"Quando disse que no Brasil não existia direitismo, apenas bolsonarismo, era isso o que eu queria dizer -- e não havia nessas minhas palavras a menor intenção de elogiar o Bolsonaro, e sim a de criticá-lo." (28/11/2021)

"Só existe democracia onde há concorrência explícita e leal entre uma direita e uma esquerda. No Brasil, depois de meio século de total controle hegemônico da política e da cultura pelos esquerdistas, o que temos agora é a disputa do espaço entre o radicalismo de esquerda e um bolsonarismo ideologicamente neutro. E o pior é que ninguém parece perceber a gravidade dessa situação." (28/11/2021)

"Se a massa bolsonarista fosse tão esperta quanto imagina que é, o seu ídolo jamais teria sido reduzido à impotência que ele mesmo confessa." (28/11/2021)

"Não acuso ninguém de idolatrar o Bolsonaro, apenas de colocar a lealdade a uma pessoa acima da lealdade a uma idéia." (28/11/2021)

"O personalismo anti-ideológico escolheu os três presidentes que a "direita" conseguiu eleger: Jânio Quadros, Fernando Collor e Jair Bolsonaro. Ninguém parece entender que uma política não-ideológica sempre será derrotada pela ideologia adversária, já que concede a esta o espaço inteiro da disputa ideológica." (28/11/2021)

"Os militares de 64 boicotaram o Lacerda porque ele lhes parecia "muito ideológico". Terminaram derrotados e humilhados." (28/11/2021)

"Política "não ideológica" é ideologia positivista -- criada por um louco." (28/11/2021)

"A cultura PRECEDE a política e precede a riqueza. Quem não sabe isso não sabe NADA. Quem espera ter riqueza e uma boa política antes de ter a alta cultura não terá jamais nenhuma das três." (28/11/2021)

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"A massa dos que apostam em Bolsonaro só conhecem e só cultivam uma única virtude política: a timidez camuflada de "moderação democrática", o terror pánico de irritar a esquerda. Nessas condições, possuir a maioria dos votos é apenas um adorno aritmético da impotência." (29/11/2021)

"Nossos pretensos direitistas têm menos raiva da esquerda que de qualquer um dos seus que irrite os esquerdistas." (29/11/2021)

"Querer ficar rico e poderoso antes de ter a alta cultura é querer resolver todos os problemas primeiro e ficar inteligente depois. A Inglaterra teve Shakespeare e Newton numa época em que rica e mandona era a Espanha." (29/11/2021)

"A "direita" brasileira parece aquele menino do filme do Woody Allen, que, cansado de ver a garotada da vizinhança arrancar os seus óculos e quebrá-los, ele mesmo os arranca e quebra antecipado." (29/11/2021)

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👆OPINIÃO DO AUTOR

O fim da infância conservadora
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
29 de Novembro de 2021




Toda vida passa por quatro períodos distintos: infância, juventude, idade adulta e velhice. Todos passamos por isso, estamos passando e vamos passar. 

Aplicando isso à ideias e pensamentos, afirmo que os conservadores brasileiros tiveram a sua infância nesta última década. Fomos ingênuos, não sabíamos muito bem o que estávamos fazendo, e precisávamos ser corrigidos por alguém mais velho e mais experiente a todo momento, e às vezes de uns bons tapas no traseiro. E isso foi feito. Também fizemos amizades com todas as pessoas, não importando quem fosse, estando do nosso lado e nos apoiando, jogando nosso jogo, é o que nos importava. A infância é assim, um período de inocência e de descoberta.

O tempo passou. Chegamos na juventude. Na juventude é a idade em que a gente passa por transformações. A gente deixa de ser tão inocente e a gente abre os olhos para um mundo que não sabíamos ser tão grande. A gente começa a ver os coleguinhas que fazem parte do nosso círculo, e percebemos que ele ou ela tem o seu conjunto de preferências. Então começamos a querer formar as nossas "panelinhas", e andar com pessoas que nos compreendem melhor. Brigamos, nos revoltamos, desfazemos amizades, voltamos de novo, e o mais importante: já queremos fazer a diferença para o mundo, temos esse ímpeto indomável. Queremos mudar as coisas, colaborar, nos fazer notados, ouvidos, sentir que somos importantes. Queremos agir, mas acabamos fazendo coisa errada. MUITA coisa errada. Nos confundimos, ainda somos bastante inocentes com muita coisa. Mas já não tanto, e tentamos dar os primeiros passos. E como ainda erramos e ainda vamos errar, pessoas mais velhas e experientes ainda tem de nos dar conselhos. E nós temos a obrigação de escutá-los com muita atenção. Com um pouco mais de rebeldia própria da idade, claro, mas mesmo assim, escutar... além da esporádica palmada ou tapa na cara pra ver se a gente acorda pra vida.

Pois bem, estamos justamente neste estágio agora.

Ainda não somos adultos conservadores. Se fôssemos, não precisaríamos ainda ser corrigidos por pessoas mais velhas, e já teríamos várias convicções e ideias bem formadas. A idade adulta é o ponto em que as pessoas chegam à maturidade, e podem tomar decisões mais acertadas e responder por diversas coisas que fazem, sem muitos conselhos de pessoas mais velhas. Ainda não estamos lá. Ainda somos o jovem aborrecente burro e lixo, que acha que sabe das coisas e ignora quando os mais velhos falam, fazendo beicinho e reclamando de tudo. Pois bem, se não estamos lá ainda, menos ainda da velhice, que é a idade em que chegamos ao ápice da maturidade e já estamos nos preparando para a morte. Mas isso é outra história.

A questão é a seguinte: não se trata aqui de envelhecimento físico, mas sim de EXPERIÊNCIA ADQUIRIDA. A figura do velho que dá conselho primariamente é o professor Olavo de Carvalho, obviamente, mas poderia ser aí o Allan dos Santos, o Ernesto Araújo, o Abraham Weintraub, enfim, diversas pessoas que já se EMANCIPARAM para um estágio da PLENA MATURIDADE no que concerne o Conservadorismo. O restante, são os pobres aborrecentes burros, tapados - e me incluo nesse meio, não se enganem, apenas sou mais comportado e obediente - que ainda não "tiraram as fraldas", como diz meu pai, e que pensam que podem fazer tudo sem ninguém para meter o bedelho. Me desculpem, mas nada, NADA poderia estar mais distante da verdade.

Aos jovens desse país, eu digo: OUÇAM os mais velhos!

Ou os "didireita" no Brasil se conscientizam disso e passam a ouvir quem deve ser ouvido, ou em pouco tempo esse movimento conservador estará acabado, liquidado, despedaçado, lambendo a sarjeta e suas próprias feridas. E que Deus não permita que chegue também ao cúmulo de comer cachorro na rua para não morrer de fome.

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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)

E na série do Giorgio essa semana: TERRORISMO!!! FUJAAAAAM!!!!...
(26/11/2021)

...  e também uma galerinha do barulho que adora mudar o passado...
(29/11/2021)


... aí meu amigo Eduardo Rodrigues explica pra mim como essa bagaça do vírus chinês e a picadinha de abelha funcionam de maneira muito simples, usando uma história clássica que eu sempre revisitei, mas não tinha me dado conta de tamanha obviedade!... 
(28/11/2021)


... e por falar em obviedades... ei, Sal Conservador, vamos fazer o teste do eco? Grita pra ele assim, ó: MUTRETAAA... TRETAAA... ETAAA...! 😁...
(27/11/2021)


... e pra fechar a zoeira de hoje, duas pérolas: vejam só o que O Ilustra foi achar no meio da imundície!...
(29/11/2021)


... rumores vindos do nosso amigo Flávio Viana dizem que depois de terem dado 30 moedas por ele, passou a pertencer a gente muito rica, que... como explicar... não gostaram muito de sua performance! Mas, enfim, tem gente que recicla qualquer lixo, né? Poizé!
(27/11/2021)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Hoje vou pedir um favor a vocês, é um compromisso que vocês terão comigo: leiam esta obra aqui. É um livro FUNDAMENTAL para qualquer conservador fortalecer seus vínculos e seus valores, bem como para rechaçar tiranos e covardes. Faço questão inclusive de destacar a sinopse dela aqui na página mesmo:

"Um dos maiores clássicos do pensamento conservador, se não o texto fundador mesmo da concepção moderna de conservadorismo, estas Reflexões sobre a Revolução na França, do estadista irlandês Edmund Burke, foram feitas pelo autor a um correspondente seu na França em forma de carta, e posteriormente publicadas, até pela pertinência e assombrosa assertividade de sua análise dos fatos então recentes ocorridos na França.

Esta edição, além de tradução direta do original e muitas notas explicativas, traz ainda um ensaio introdutório de João Pereira Coutinho, escritor e jornalista português especializado na obra de Edmund Burke."

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