Edição XXXIV (Terça Livre, Revista A Verdade 64, Revista Esmeril 25, Opinião e mais)

 Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, da qual sou assinante, e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.


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ÍNDICE

REVISTA A VERDADE

    Do criminoso como “mascote” da esquerda (Carlos Adriano Ferraz)
    - Polêmica nos Estados Unidos: Kyle Rittenhouse foi inocentado e a esquerda não perdoa (Peter Turguniev, editado por Cândido Neto (Mafinha Summers))

REVISTA ESMERIL

    - Pecunia non olet (Vitor Marcolin)
    - Loucura e mimesis: entrevista com Fábio Gonçalves (Leônidas Pellegrini)
    - Tirso de Molina: 3 poemas traduzidos (Leônidas Pellegrini)
    - O fim? Entrevista com Carlos Dias, ex-diretor de jornalismo do Terça Livre (Leônidas Pellegrini)

BRASIL SEM MEDO

    - As lágrimas de Kyle (Paulo Briguet)
    - O recomeço dos perseguidos: por onde andam os jornalistas do Terça Livre (Fábio Gonçalves)

ALLAN DOS SANTOS

    - A velha prostituta e sua máquina de difamação

MEMÓRIA TERÇA LIVRE

    - LIBERDADE? PRA QUE ISSO? (Carlos Maltz, Rev. TL ed. 3)
    - O Rei Leão e o livre-mercado (Ernesto Araújo, Rev. TL ed. 3)
    - ENTRE OS CLÁSSICOS DE MEU PAI (Luis Vilar, Rev. TL ed. 3)

PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO

OPINIÃO DO AUTOR
    - 
O Dom Quixote de cada um de nós

HUMOR 

LEITURAS RECOMENDADAS

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Boa leitura, e uma boa Terça Livre pra você!!

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👆 Com a palavra, Terça Livre!

 
Terça Livre jamais pode ser esquecido. Por essa razão, esta seção aqui buscará cobrir o buraco que ficou no meu blog após o fim da empresa, dando a vocês links e caminhos fáceis para saberem o que os seus ex-membros estão pensando e onde encontrá-los sempre e com facilidade.

ALLAN DOS SANTOS: Allandossantos.com || Gettr || Clouthub || Telegram || Bom Perfil || Artigo 220 (não oficial) || TL TV.

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ÍTALO LORENZON: Estudos Políticos || Lives do Ítalo || Telegram || Gettr || Twitter || Instagram.

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MAX CARDOSO: YouTube || Telegram || Twitter || Instagram.

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CARLOS DIAS: Portal Factum || Expressão Brasil || YouTube || Twitter.

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KASSIO FREITAS: Telegram || Instagram || Twitter.


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PEDRO ALAER: Canal Invasores || Instagram.

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PAULO FIGUEIREDO: Conexão América || ConservaTalk || Telegram || Gettr || Twitter.

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JOSÉ CARLOS SEPÚLVEDA: YouTube || Lives do Ítalo || PHVox || Gettr || Twitter || Facebook.
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OPINIÃO

👆 Do criminoso como “mascote” da esquerda
(por Carlos Adriano Ferraz)

Tenho insistido que no Brasil (assim como em outras democracias) as maiores ameaças à prosperidade vêm das universidades, da mídia em geral, do meio artístico e, atualmente, também do judiciário. Tendo logrado obter espaço quase hegemônico em áreas como ‘Ciências Humanas’ e ‘Linguística, Letras e Artes’, bem como criado um ambiente amplo e crescente nas ‘Ciências Sociais Aplicadas’ (especialmente no Direito), a esquerda pôde avançar (“desde cima”, ou seja, desde a formação supostamente superior daqueles que ocupariam posições nessas áreas altamente influentes) em seu projeto cujo propósito é (como exemplificarei abaixo) causar o colapso dos pilares civilizacionais. Dessa forma, não surpreende que essa mesma esquerda tenha passado a ter proeminência na gestão de nossas universidades, sindicatos, etc., o que explica, em grande medida, a orientação antiliberal, antiocidental, dessas mesmas instituições e outras, bem como sua explícita oposição ao governo Bolsonaro (de viés liberal e conservador), eleito pela maioria dos eleitores. Assim, as diversas manifestações institucionais de nossas universidades em uma suposta defesa da “democracia”, da “luta” pela “educação pública gratuita” e contra a “intolerância”, por exemplo, nada mais são do que proselitismo chulo e totalmente espúrio, sinais de uma demagogia vil que esconde uma pretensão tirânica de manter o domínio sobre instituições como a universidade, um domínio ameaçado pelo governo escolhido pela população. Ou seja, a universidade tem sido, por décadas, usada em defesa de uma agenda particular, o que nos mostra que ela tem, sim, partido: afinal, ela foi sequestrada por partidos de esquerda (e submetida, consequentemente, à sua agenda, na qual está um de seus desígnios mais terríficos, a saber, a dissolução da cultura ocidental). Isso fica claro em suas pautas e preocupações, sempre rejeitando medidas liberais e conservadoras, isto é, rechaçando tudo aquilo que possa ser causa de progresso, segurança e riqueza, como as ideias de economia de mercado, de uma aproximação entre universidade e iniciativa privada, de aplicação severa da lei a criminosos, de absolutos morais, de ordem, de meritocracia, de eficiência, etc.

Mas há um exemplo em particular que universidades, mídia em geral, meio artístico e judiciário também compartilham e sobre o qual eu gostaria de tecer alguns comentários, a saber: a defesa do criminoso (e sua vitimização – “bandidolatria”, termo esclarecido na excelente obra “Bandidolatria e Democídio”) e de todo dissoluto. Movimentos (“lutas”, como gostam de afirmar seus paladinos esquerdistas – desde suas “brigadas populares”) como o movimento antimanicomial e o movimento antiprisional, por exemplo, são aspectos específicos do que estou afirmando: eles pretendem devolver à sociedade sujeitos que, na maioria das vezes, representam uma ameaça contra ela. A ideia, em suma, é promover o desencarceramento, a defesa e a vitimização de transgressores que, quando em sociedade, são hostis em relação às instituições e valores (seja dos princípios morais seja dos princípios legais) que estabeleceram as bases de nossa prosperidade e estabilidade. Tais transgressores (e outros, como vândalos, pichadores, drogados, pervertidos, indolentes, etc.) servem como instrumentos em sua luta para causar o colapso dos pilares da civilização ocidental (contra a propriedade privada, contra os valores morais, contra o império da lei e nossas instituições, etc). Eis a razão de a esquerda os sequestrar, transformando-os em “mascotes” para a consecução de sua “causa”, a barbárie. Assim, inspirados por um pseudointelectualismo de correntes de esquerda, como Escola de Frankfurt, pós-estruturalismo, pós-modernismo, etc., a esquerda, talvez por ser também uma psicopatologia, sequestra para si psicopatas, sociopatas, desordeiros e criminosos em geral, frequentemente os transformando em celebridades torpes (“bandidolatria”). A lista abarca desde as mais famosas internacionalmente, como Che Guevara, Lênin, Stalin, Mao Tse Tung, Fidel, Chavez, et al, até as nacionais.

Mas o ponto é: A adoção de tais “mascotes” tem um efeito degenerescente fatal sobre nossa cultura.

Em um estudo seminal de 1975 (“Thinking about Crime”), aquele que talvez seja o autor que mais perspicazmente pensou sobre o problema do crime, James Q. Wilson (Harvard University), encontramos que algumas pessoas são, sim, perversas (o que contradiz frontalmente a tolice rousseauniana sobre o “bom selvagem” e a ideia estulta de uma “natureza boa corrompida pela sociedade” - ideia de Wilson que antecipa o resultado dos estudos recentes e bem documentados de Steven Pinker), e que elas devem ser mantidas à parte da sociedade (encarceradas, por exemplo) para que não possam causar dano aos demais. Além disso, outro aspecto da natureza humana que Wilson esclarece é o de sua sociabilidade. Dado que somos sociais, instintivamente buscamos pela aprovação do grupo que serve como “modelo”. E eis o ponto importante: Se o grupo “modelo” for o dos criminosos (ao invés da polícia e do exército, por exemplo, bem como de tudo aquilo que representa a lei e a ordem), o impacto social da mentalidade criminosa será devastador (algo empiricamente verificável, aliás, especialmente quando observamos que universidades e mídia, por exemplo, têm demonizado de maneira vil as forças policiais e armadas). De qualquer forma, Wilson não nos apresenta apenas ideias, mas fatos, razões e um raciocínio lógico, nos mostrando o dano causado pela vitimização do criminoso e seu frequente enaltecimento. Ele demonstra de forma bem documentada, por exemplo, que pobreza e desigualdade social não são causas de criminalidade, mas consequências (sim, a base de nossos problemas é moral), o que refuta duramente uma das principais teses esquerdistas usada para “enobrecer” e “vitimizar” especialmente os criminosos.

Em 1982 Wilson publicou um texto que foi integrado à edição de 1985 de “Thinking about Crime”, a saber, “Broken Windows: The Police and Neighborhood Safety”, em que ele demonstra que assegurar a ordem nas pequenas coisas reduz os grandes crimes.

Com efeito, penso que há muita sabedoria em uma famosa passagem bíblica que frequentemente cito, a saber, que “pelos seus frutos os conhecereis”, a qual deveria ser usada também em nossas avaliações de certas ideias. Assim, quando colocadas em prática, as ideias de Wilson lograram sucesso na diminuição dos crimes e na criação de um ambiente seguro (como em Nova York a partir de 1994). Incontáveis vidas foram salvas pelas políticas públicas inspiradas nos estudos de James Q. Wilson. Inclusive, posteriores pesquisas sérias e rigorosamente documentadas, como a de Wesley Skogan (“Disorder and Decline: Crime and the Spiral of Decay in American Neighboorhoods”), apenas corroboraram fortemente as teses de Wilson.

Não obstante, tais estudos e dados simplesmente não importam para a esquerda, pois o que temos acompanhado é sua insistência em vangloriar o criminoso, o desordeiro (e os vícios). Dessa forma, se assegurar a ordem é um dos pilares de sustentação de qualquer comunidade, então o apoio e elogio a criminosos e transgressores será, consequentemente, causa de declínio social. Eis, então, o grande mal causado por nossas universidades, mídia em geral, meio artístico e judiciário: a dissolução dos alicerces que mantém nossa civilização estável e asseguram sua prosperidade.

Para ter acesso a textos diários acesse meu Instagram (professorcarlosferraz):

Carlos Adriano Ferraz é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

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POLÍTICA

👆 “Existe um patrulhamento ideológico horroroso, pelo amor de Deus, que coisa chata!”, desabafa o músico Toquinho
(da Redação)

De forma lúcida e corajosa, o músico Toquinho mandou a real: “Existe uma ditadura no Brasil hoje, mas não é ditadura do governo não, é uma ditadura de comportamento, de valores... Existe um patrulhamento ideológico horroroso, pelo amor de Deus, que coisa chata! Vocês falam em proteção aos gays, negros e mulheres. O Brasil talvez seja o país que mais protege esses segmentos”, ressaltou, durante entrevista.


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INTERNACIONAL


👆 Polêmica nos Estados Unidos: Kyle Rittenhouse foi inocentado e a esquerda não perdoa
(Peter Turguniev, editado por Cândido Neto (Mafinha Summers))

No dia 19 de novembro, aconteceu o fim do julgamento de Kyle Rittenhouse, um jovem de 18 anos, que tinha 17 quando os fatos que o levaram ali aconteceram. Ele era acusado de 7 crimes, cometidos durante um protesto na cidade de Kenosha Wisconsin no dia 25 de agosto de 2020: assassinato doloso qualificado contra Joseph Rosenbaum, uso negligente de arma de fogo contra Richar McGuinnis, uso negligente de arma de fogo contra uma pessoa desconhecida, assassinato doloso qualificado contra Antony Huber, tentativa de assassinato contra Gaige Grosskrutz, posse ilegal de arma por menor de 18 anos e desobediência do toque de recolher imposto em Kenosha, naquele dia.

Ao longo de vários dias do julgamento, o juiz descartou os dois últimos crimes, simplesmente porque a promotoria foi incapaz de apontar a lei que cominava tais crimes.

Antes do julgamento havia ainda a acusação de que ele teria cruzado a divisa do estado com uma arma, o que é também um crime. Kyle mora no estado do Illinois, vizinho a Wisconsin. Porém a investigação preliminar mostrou que a arma foi adquirida no dia em Wisconsin, portanto, não houve travessia de fronteiras. As demais cinco acusações que chegaram ao júri levaram 3 dias de deliberação para serem decididas. Em decisão unânime, o júri deu a sentença: not guilty, ou seja, inocente de todas as acusações.

Muitas pessoas estão revoltadas aqui no Brasil e nos Estados unidos. "Como pode, um supremacista branco cruzar linhas estaduais com uma arma proibida para menores, só para matar negros que protestavam contra o racismo, isso tem que ser punido".

Acredite ou não, é assim que alguns jornais noticiaram o fato. Apesar de várias dessas coisas serem a mais pura mentira. Kyle não era supremacista branco, a promotoria investigou até os amiguinhos de jardim da infância dele e não encontrou nada além que pudesse ser usado como prova disso. Ele não atravessou a linha do estado com a arma, como já explicamos. Ele não foi lá para atirar em manifestantes contra o racismo. Ele estava lá, pois trabalhava em Kenosha, como guarda-vidas em uma piscina. A cidade que ele mora, no Illinois, Antioch, fica em outro estado, bem verdade, mas fica bem na fronteira com o Wisconsin, muito próximo a Kenosha.. Ele estava lá trabalhando quando um amigo o chamou para ajudar a defender uma concessionária de carros que temiam que virasse alvo dos manifestantes, como outras foram em dias anteriores. Finalmente, essa vergonha fica por conta da da Folha de São Paulo e o UOL: os manifestantes mortos por ele não eram negros. Eram todos eles brancos.

Mas, mesmo assim, ele matou duas pessoas, certo? E atirou obliterando o bíceps e quase matando um terceiro, não é? Ainda assim, um absurdo! Como ele pode não ser condenado? Tipicamente pensa assim quem só viu notícias na mídia tradicional sobre o ocorrido. Quem estava com a ideia da fake news da mídia tradicional do "supremacista branco que cruzou fronteiras com armas para matar manifestantes negros". Quem realmente viu a filmagem do que aconteceu, entende rapidamente porque o júri decidiu pela inocência: foi claramente auto-defesa.

Mas explicar o que houve é mais simples. Kyle resolveu ajudar amigos a proteger a concessionária. O amigo deu a ele uma AR-15 para defesa e um kit de primeiros socorros. Kyle deveria apenas ajudar feridos e apagar incêndios. De fato, foi isso que fez a maior parte da noite. Em determinado momento, Joseph Rosenbaum começou a perseguir Kyle após ele ter apagado um incêndio que Rosenbaum tinha colocado em uma lixeira. Atirou uma bolsa nele, gritando que iria pegar ele. Kyle fugiu, ele não queria confusão. Mas ele fugiu até um ponto em que ficou preso no meio dos carros, não tinha para onde ir. Daí se virou para Rosembaum que tentou pegar a arma de Kyle. Nesse momento, Kyle atirou e matou Joseph Rosenbaum. Ao lado dele, estava Richard McGuinnis, um cinegrafista que inclusive foi testemunha da defesa de Kyle. Kyle foi acusado de uso negligente de arma porque McGuinnis estava próximo a Rosembaum quando houve os disparos.

Rosenbaum tem um histórico de crimes pregressos bastante sérios, inclusive pedofilia. Eu sou um amante do devido processo legal. Ninguém merece ser morto porque cometeu crimes no passado, até porque, ele estava respondendo por esses crimes. Mas é importante deixar claro que se tratava de uma pessoa violenta. Não de um inocente manifestante contra o racismo.

Kyle ficou ali tentando prestar socorro a Rosembaum e ligou para o serviço de saúde pedindo ajuda. Nesse aconselharam Kyle a sair dali, para não ser alvo de linchamento pelos demais esquerdistas, quando percebessem o que aconteceu. Kyle saiu em linha reta para se entregar à polícia, em momento algum tentou fugir ou matar mais pessoas. Porém, de fato, assim que outros manifestantes perceberam o que aconteceu com Rosembaum, começaram a perseguir Kyle, que continuou correndo em direção à polícia. Em determinado momento, porém, ele tropeçou. Nesse momento, um homem desconhecido chegou e ameaçou o jovem. Kyle apontou a arma para ele, ele levantou os braços e Kyle baixou a arma, mais uma vez mostrando que, ao contrário da narrativa socialista, ele não estava ali para matar ninguém, estava se defendendo. Esse foi o outro uso negligente de arma de fogo.

Logo em seguida, Antony Huber atingiu ele com um skate na cabeça, depois tentou pegar a arma dele, novamente ele se defendeu e acabou matando Huber. Huber também já havia cumprido pena por violência doméstica e outros crimes. Alguns falam que ele estava com um skate e Kyle com uma arma, que foi injusto. Mas veja: primeiro que golpe com skate é algo muito violento. Segundo que Kyle atingiu ele quando ele tentou pegar a arma.

Finalmente, Gaige Grosskreutz chegou perto com as mãos para o alto. Kyle manteve o rifle apontado, mas não disparou. No momento que Gaige pegou a arma, Kyle atirou contra o braço dele. Grosskreutz teve ferimentos no braço e foi testemunha da acusação no julgamento. Mas um testemunho que acabou ajudando Kyle. Aqui também, vale ressaltar que ele usava uma arma ilegal, novamente, outro que tinha várias passagens pela polícia. Novamente ressalto: pela ética libertária e pela justiça, ninguém pode sair atirando apenas porque a outra pessoa cometeu crimes no passado. Violência defensiva serve apenas para fazer cessar agressão corrente, mesmo na ética libertária. Julgamentos e reparações demandam devido processo legal. Mas ainda assim, fica a dúvida: onde a esquerda consegue todas essas pessoas para esses protestos violentos? Todo mundo ali saiu do presídio?

Enfim, Kyle se entregou para a polícia que pediu para ele ir para casa. Ele foi preso no dia seguinte em casa. Jamais ofereceu resistência ou tentou fugir. Vendo o vídeo fica clara a legítima defesa. Porque então a imprensa pintou ele como um supremacista branco? Por que esse caso de Kyle, principalmente com a absolvição, é ruim para a esquerda? Bem, mostrou para que as pessoas precisam de armas. Kyle provavelmente teria morrido se estivesse desarmado e tivesse sido atacado como foi por Rosembaum. A arma salvou ele. Depois, o julgamento mostrou que o pessoal que participa nesses protestos da esquerda, de forma muito impressionante, todos têm passagem pela polícia. Se você, uma pessoa inocente, com ideologia esquerdista, participa disso, tome cuidado. Finalmente, fica claro que há como se proteger das turbas insanas que provocaram tanta destruição no passado. O juiz deixou o precedente claro. Legítima defesa é legal.

Pior foi que a tempestade de fake news da imprensa nesse caso acabou ajudando Kyle. Porque muitos dos jurados chegaram no julgamento ainda com a visão da mídia tradicional, do "supremacista branco que cruzou fronteiras com armas para matar manifestantes negros". Mas quando finalmente viram as provas, quando perceberam quanta mentira tinha no caso midiático original, a coisa desabou. Não havia outra possibilidade. Os jurados ficaram chocados com quão óbvia era a legítima defesa no caso. As manchetes falsas acabaram ajudando Kyle. E também porque agora, provavelmente, Kyle não vai mais precisar trabalhar um dia de sua vida. O número de processos de indenização contra jornais e mídias esquerdistas deve tornar ele um homem rico. Só pegar o tweet de Bill De Blasio prefeito de nova iorque, repetindo as mentiras da mídia tradicional palavra a palavra. Ou do próprio Joe Biden, que também repetiu as mesmas mentiras da esquerda.

O resultado do juri dá uma esperança para a verdadeira justiça. Mas principalmente é um golpe na esquerda sobre o discurso que o ato em si não importa. Importa quem são as pessoas. Um jovem branco com uma AR-15 mata um esquerdista? Já é culpado na visão da esquerda, não importa o que aconteceu de fato. Culpados e inocentes são definidos pela cor da pele, não pelos atos. E o fato é que isso importa sim. Ninguém tem culpa de ter nascido branco, negro, amarelo ou qualquer outra cor ou raça. O que importa são nossas ações nesse mundo.

Confira o vídeo do canal A Verdade mostrando o julgamento de Kyle Rittenhouse:


Texto de Peter Turguniev para o site ancap.su editado por Candido Neto

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REVISTA ESMERIL - Ed. 25, de 24/10/2021 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


CRÔNICA


👆 Pecunia non olet



(por Vitor Marcolin)




N
a véspera, eu decidira sair antes de tomar café. Eu queria ver de perto a euforia dos pregões no hall da Bolsa de Valores, no centro, mas isso foi há muito tempo. Hoje tudo acontece virtualmente, isto é, quando as ações caem muito para além do esperado, quem paga o pato é a tela do computador, depois que o investidor, no conforto de sua casa, a desfaz em mil pedacinhos. Alcancei uma padaria numa travessa da XV de novembro antes que os primeiros borborigmos se manifestassem.

Visitar a Bolsa estava nos meus planos desde há algumas semanas, quando, movido por uma daquelas curiosidades aparentemente sem propósito, eu passei a estudar sobre o mercado de ações. Descobri que não era a dinâmica do mercado, com o seu humor esquizofrênico, o objeto do meu interesse. As pessoas me interessavam mais. Croissant de queijo com frango, cappuccino médio — sem canela — e, de sobremesa, uma trufa generosa. Paguei e saí.

Não é sensato julgar a realidade pelo que se vê a partir de um único recorte. Sob muitos aspectos, a Economia move o mundo. Estados nascem a partir dela, guerras são travadas sob seus conselhos, bens materiais são produzidos em grande escala e a comodidade na vida cotidiana torna-se um ídolo pagão objeto de entranhada devoção. No entanto, há muitos outros aspectos da realidade que operam diretamente sobre o indivíduo humano.

Na rua, a três ou quatro dezenas de passos do prédio da Bolsa de Valores de São Paulo, vejo uma horda de mendigos. Há muitos deles na região central da cidade. Abrigados sob os toldos dos prédios, sob as sombras das frondosas árvores centenárias, sob as grossas e encardidas cobertas, ou encolhidos junto às paredes dos prédios, os desvalidos padecem sob o peso esmagador da indiferença. Eu só os notei de saída da padaria, depois de tomar café.

Um deles, no entanto, atraiu a minha atenção de uma forma especial. Ele era diferente dos outros seus companheiros; na verdade, a julgar pelo seu comportamento, eu não diria que este mendigo em especial fosse companheiro dos demais. Não. Na multidão dos abandonados ele não buscava consolo na companhia dos outros de mesma condição. Ele era solitário. Estava sentado próximo à entrada do prédio da Bolsa, longe dos outros.

Como havia uma fila de tamanho considerável no hall do prédio para o cadastramento dos visitantes, tive tempo para observá-lo e tentar atender à necessidade natural de conceber uma história para todas as coisas. Dar nome às coisas, categorizá-las, como ensinara o velho Aristóteles, implica contar uma história, dar uma forma verbal para aquilo que acreditamos ser a verdade sobre tudo.

Que nome damos à situação na qual um estereótipo perfeito se materializa diante de nossos olhos? Déjà vu? O homem vestia uma calça de alfaiataria marrom, um sapato preto — possivelmente de couro –, uma camisa azul-marinho e um terno cinza. Todas as peças estavam sujas, embotadas e havia rasgos aqui e acolá. Ele não usava meias. Os guias da visita às instalações da Bolsa trabalhavam com celeridade; a fila andava e carregava-me para cada vez mais perto do pobre necessitado. Antes de entrar encarei os seus enormes olhos castanhos.

Mentirei se eu disser que prestei atenção às palavras do guia. A história da formação da Bolsa de Valores de São Paulo, os feitos notáveis dos barões do café, a significação do Vale do Paraíba… a algazarra dos pregões, tudo fora sepultado sob uma atmosfera nublada na qual até os melhores conselhos sobre investimentos ganharam contornos imprecisos. Por fim, decidi fazer o que eu sentia ser o meu dever.

De volta à padaria, nos entornos da rua XV de novembro, depois da visita à Bolsa, eu soube de tudo. Ele fora um homem rico, de família renomada, estudara em escolas de excelência; seus pais o enviaram para a Universidade do Porto, em Portugal, de onde regressou feito Doutor. O homem vivera no luxo, tinha para si as mais soberbas mordomias. Casara-se, tivera dois filhos que, depois de vê-lo cair em desgraça, decidiram ficar com a mãe, no estrangeiro.

Sobre as causas do seu atual estado, o mendigo contou-me pouco; em verdade, nada. Eu li em seus olhos o que estava escrito nas entrelinhas do seu discurso. Ninguém sabe ao certo o que leva as pessoas a decisões estúpidas, incoerentes, descabidas. Talvez uma enorme ausência de senso de proporção, uma inconsciência, uma falta de trato com a realidade o tenham lesado para sempre. Por fim, somente depois que o gentleman improvável agradeceu pelo café e saiu, atinei para a descoberta que eu fizera: às vezes, o urso do homem é o próprio homem.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2021

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Esmeril, conteúdo gratuito de 17-22 de Novembro



ESMERIL NEWS | LITERATURA


👆 Loucura e mimesis: 
entrevista com Fábio Gonçalves
(por Leônidas Pellegrini)


"Estou ainda em busca do tal do estilo. Não tenho um tema, tampouco um tom. Meu vocabulário varia. Ora apelo às metáforas e a outros topos tradicionais, ora vou por construções mais secas e diretas, ao gosto moderno"

O Retrato Doente e outros contos de morte e solidão, novo livro de Fábio Gonçalves lançado em outubro pela Editora Danúbio, bem poderia ter uma palavra a mais em seu título: “loucura” – “contos de morte, loucura e solidão”. Aliás, principalmente loucura.

Saídas todas da observação de nossa realidade imediata, mas consagrando-se à universalidade da grande literatura, as doze histórias ali reunidas (algumas delas tiradas das páginas dos jornais, como o martírio da Professora Heley ou o sacrifício redentor do mendigo noiado na Catedral da Sé) evocam histerias, vícios, paranoias e compulsões de nosso tempo. Sete delas, inclusive, remetem à atual histeria provocada pela pandemia da Covid-19 – mas não constituem panfleto ou militância, como bem observa o autor, que preza em seus escritos por aquela beleza superior e única de que é constituída a grande literatura.

Tais contos são, ainda, loucos – ou esquizofrênicos, como os chama o autor – no que lhes toca o estilo. Escritor assumidamente sem estilo próprio, Fábio vai pintando seus enredos à imitação de outros mestres, como Machado, Rosa e Rodrigues, principalmente, e talvez esteja aí mesmo seu estilo, nessa uma mescla de mimetismos que lhe acaba sendo própria e única.

Sobre loucura, literatura, estilo e mimetismo, entre outras coisas, este não assumido grande prosador de nossa nova literatura fala na entrevista abaixo. Confira, e não deixe de ler seus contos. E lembre-se: o Natal já está aí… 😉


Esmeril News: Fábio, em primeiro lugar, fale sobre como nasceu essa sua nova coletânea de contos. Em uma conversa recente que tivemos, você os classificou como “esquizofrênicos”. Por quê?

Fábio Gonçalves: São estilisticamente esquizofrênicos. E isso está totalmente ligado com a origem dos contos.

Reuni nesse volume um punhado de contos que escrevi, um pouco a esmo, nos últimos dois anos e meio. E os escrevei como exercícios literários. Sob certos aspectos, é mais fácil praticar escrevendo contos. Digo sob certos aspectos pois, como o próprio Machado advertiu, o conto não é um gênero fácil, embora muita gente tenha essa ilusão. No entanto, é texto breve, o enredo é enxuto, redondo, vê-se a trama toda de uma lançada de olhos. Daí que seja mais simples, pelo menos para mim, experimentar estilos dentro dessa moldura. E é isso o que estava fazendo com esses contos: experimentando. Eis a causa da esquizofrenia.

Os contos ecoam, ainda que distantes e opacas, as vozes dos autores que ia lendo e imitando. Pois ainda estou nisso: lendo e imitando.

Deriva disso certos contos me saírem à moda Nelson Rodrigues, outros à Machado, outros à Guimarães. Estava lendo os mestres, me deixando impregnar de suas escolhas, de seus cacoetes, de seus sotaques, e tentando, o quanto me era possível, imitá-los. Na cara larga. São contos de imitação.

Mas não vejo nisso total desabono. É treta moderna isso de querer sempre inventar. Mutatis mutandis, Virgílio copiou Homero, Fedro copiou Esopo, Chaucer copiou Boccaccio, Camões copiou Petrarca e também o Virgílio. Os maiores não faziam a menor cerimônia para copiar aqueles que tomassem na conta de mestres. Eu, que não sou besta, vou nessa onda.

Esmeril News: Gostaria que falasse um pouco mais sobe essa questão do estilo. Como você já mencionou, seus novos contos seguem linhas estilísticas diversas e bastante perceptíveis, sobretudo machadianas e roseanas. Mas em sua primeira entrevista comigo, em outubro do ano passado, você dizia estar buscando um estilo próprio. Fale mais sobre isso.

Fábio Gonçalves: Estou ainda em busca do tal do estilo. Não tenho um tema, tampouco um tom. Meu vocabulário varia. Ora apelo às metáforas e a outros topos tradicionais, ora vou por construções mais secas e diretas, ao gosto moderno.

Você citou aí os dois extremos dentre as minhas referências em prosa brasileira: Machado e Guimarães. Por heterodoxo que pareça, gosto dos dois. Mais do Machado, mas também leio com muito gosto e proveito o Rosa. E são estilos inconciliáveis, ao meu juízo. O Rosa praticamente inventou uma língua só dele, com uma prosódia própria, uma cadência. Mas é uma coisa deliciosa de se ler, quando se pega o ritmo, a melodia.

Mas entre um e outro há muitas mais referências: Érico Veríssimo, Nelson Rodrigues, Rachel de Queiroz, José Lins do Rêgo, Bandeira, Drummond.

Vou pegando pedaços de cada para tentar compor uma peça mais minha. Tarefa dura. Tanto mais porque nos falta — digo no plural incluindo colegas de pena com quem converso — mestres e críticos. Mestres que pudessem nos transmitir a técnica, nos corrigindo, se necessário, à palmatória; críticos que, com base em sólidos conceitos e desapegados das paixões, nos julgassem os escritos, indicando que fôssemos por esse caminho, não por aquele, que limpássemos o fraseado, que tratássemos de tal ou tal modo determinado tema.

Estamos escrevendo às cegas, e isso, no meu caso, dificulta esse processo de consolidar o estilo. Mas não tenho pressa.

Esmeril News: Sabemos que a grande literatura fala para todos os tempos, para eternidade, mas que quase sempre parte de realidades imediatas, e dos doze contos do seu livro, sete têm referências mais ou menos incisivas sobre a Covid-19. Nesse sentido, as loucuras e abusos envolvendo a atual pandemia foram o principal mote de sua coletânea? Gostaria que comentasse um pouco sobre isso.

Fábio Gonçalves: Pensei, sim, em circunscrever os contos aos tempos da pandemia, como que para transformar a circunstância no elemento de coesão que não consegui meter no estilo.

Mas a ideia não era fazer da pandemia um tema, um personagem, por assim dizer. E nem quis fazer literatura de protesto, de denúncia. O que tem ali de loucura e abuso foi o que eu vi e vivi. Parti, como você bem disse, da realidade imediata, sem florear muito. Via os guardas metropolitanos, esses pobres-diabos, zunindo o chicote nos trabalhadores, vi governantes abusando da boa-vontade nacional, vi gente boa da cabeça caindo em paranoias, fazendo absurdos. Daí os contos me foram saindo, mas sem uma intensão, como se diz, ideológica. Inclusive, desisti de certas histórias que iam tomando esse caminho.

Não que eu seja contra a literatura de apetite mais reivindicatório. O problema é que tem que ser um Dostoievski para não transformar a coisa num panfleto, em grito de guerra de manifestação dominical. Aí, no meu entender, perde muito o valor artístico. Perde, fatalmente, essa universalidade que você mencionou.

Esmeril News: Com a leitura de seu romance Um Milagre em Paraisópolis e seus contos da atual coletânea, ouso dizer que converso com um dos grandes prosadores da atualidade, do que Diogo Fontana batizou de Nova Literatura Brasileira. A pergunta final que faço é: há mais histórias a caminho, sobretudo contos?

Fábio Gonçalves: Obrigado pela gentileza. Não sei se estou nessas alturas aí, mas não vou me fazer de difícil. Agradeço o elogio.

Sim, há novas histórias. Tenho mais uns contos em mente, que vou escrevendo sem um destino certo. Tenho um romance iniciado, que pretendo retomar no início do ano que vem. E tenho que revisar o romance Peroba, que mandei para o concurso do governo ainda muito cru.

Mas, como disse ao Diogo Fontana, nosso Zé Olympio, pretendo escrever mais devagar. Já senti a emoção de ter livro publicado. Agora quero fazer algo com melhor planejamento e com acabamento mais fino. Vamos ver se saem coisas menos doidas.

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ESMERIL NEWS | LITERATURA

👆Tirso de Molina: 3 poemas traduzidos
(por Leônidas Pellegrini)


Poeta e dramaturgo barroco, deixou versos de graça notável

Tirso de Molina (1583 – 1648) era o nome com que assinava suas obras literárias Frei Gabriel Téllez, poeta e dramaturgo do Barroco espanhol. Mais conhecido por suas peças, como Don Gil de las Calzas Verdes (traduzida no Brasil) e El Burlador de Sevilla, Molina também deixou versos de leveza e graça notáveis.

A seguir, seguem três de seus poemas traduzidos agora mesmo por este que vos escreve. Sua quadra “Triunfo de Amor” é um convite inevitável a glosas que em breve postarei aqui.


I

O Cravo e a Rosa

Entre o cravo e a rosa,
qual a flor mais formosa?

O cravo, de bela cor,
e a rosa, de todo amor;
o jasmim de fino odor,
a açucena religiosa,
qual a flor mais formosa?

A violeta apaixonada,
a giesta empoleirada,
a madressilva mesclada,
a flor de linho enciumada.
Qual a flor mais formosa?

Entre o cravo e a rosa,
qual a flor mais formosa?


II

Te prometi, ó liberdade amada…
 
Te prometi, ó liberdade amada,
não mais te cativar, nem causar dor;
porém, promessa posta a outro dispor,
como é que pode, enfim, ser obrigada?

Quem jura não amar na vida nada,
e então, vê da vontade o desfavor,
pode as águas do mar na areia pôr,
parar os ventos e a hora eternizada.

Até agora, com nobre resistência,
são penas curtas, leves pensamentos,
por mais que a ocasião seu voo ampare.

Pupilo sou do amor sem obediência,
a mim não se me obrigam juramentos.
Se eu quebrá-los, vontade, não repare.


III

O triunfo do Amor
 
Abram alas, deem entrada,

que vem triunfando o Amor;

de uma batalha mortal,

Ele saiu vencedor.

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ESMERIL NEWS | ENTREVISTA


👆O fim? Entrevista com Carlos Dias, ex-diretor de jornalismo do Terça Livre
(por Leônidas Pellegrini)


"O Terça Livre pode ter terminado como empresa de comunicação, mas jamais a dimensão espiritual que forjou seu nascimento poderá ser tocada por qualquer poder humano"

Há exatamente um mês, em 22 de outubro, o Terça Livre encerrava suas atividades, a bem pouco tempo de completar seus sete anos (o que teria acontecido na última quinta-feira, 18 de novembro).

Um caminho de cancelamento foi sendo pavimentado em um período de mais ou menos dois anos até esse fatídico dia 22. Começou ainda em 2019, com as fakes news um blogueiro, o que  gerou uma CPMI vergonhosa e até hoje sem qualquer conclusão, que por sua vez gerou a abertura de dois inquéritos sem fundamentação e inconstitucionais, ações intimidatórias realizadas por capangas travestidos de autoridades policiais e diversas tentativas de cancelamento financeiro por parte das Big Techs – mas quem disser que houve planejamento, coordenação e método nessas ações é teórico da conspiração.

Curiosamente, como acontece com uma massa de bolo ou de pão, quanto mais batiam no Terça Livre, mais ele crescia. A cada nova narrativa criada pela velha mídia ou por “excelências” do Congresso Nacional, a cada cancelamento nas redes sociais, o número de assinantes do TL só aumentava. Com todos os percalços que enfrentava, a empresa só crescia. Diante de tão desesperador crescimento, uma atitude drástica precisava ser tomada. E foi, quase que num piscar de olhos, pelas canetadas de um Poder Supremo. A partir de um parecer fajuto e mentiroso de uma capandelegada, o Chefe Supremo do Brasil, Lord Egghead, mandou bloquear os caraminguás do Terça Livre, que precisou capitular. Vitória da juristocracia, enfim.

No entanto, como bem avaliou Carlos Dias, que esteve com o Terça desde sua fundação em 2014 como colaborador e, mais recentemente, como analista dos boletins e diretor de jornalismo, a dimensão espiritual em que se baseou a empresa, e que a guiou por estes quase sete anos, jamais poderá ser destruída.

Sobre o cancelamento do Terça Livre e a juristocracia reinante no Brasil, Carlos fala na entrevista de hoje.
 

Esmeril News: O Brasil vive hoje sob uma ditadura que podemos chamar de juristocracia. Gostaria que comentasse sobre esse assunto com base no que vem acontecendo de maneira geral no mundo e especificamente Brasil, e mais especificamente em relação a como isso afetou o Terça Livre.

Carlos Dias: Há uma sutil semelhança entre os fenômenos estranhos que ocorrem no Brasil e no mundo no campo das liberdades. A crise se dá exatamente nos eixos de ordenação lícita do direito, do poder e da autoridade. Em primeiro lugar, houve uma ruptura, um divórcio extremamente perceptível entre poder e direito. O poder deixou de se submeter ao direito. Esse desalinhamento causou outra grave ruptura entre o poder e a autoridade.

Poder e direito tornaram-se oponentes na medida em que o poder fez prevalecer no âmbito das decisões a força do interesse, e podemos entender que existe no Brasil um poder que atua contra o direito. Da mesma maneira, a ruptura entre poder e autoridade permite perceber que a imposição pela força do poder prescinde da autoridade de confirmar o seu valor e aceitação livre.

O caso hipoteticamente jurídico ou judicial do Terça Livre é o exemplo concreto do acima tratado. Vivenciamos o uso do poder da força, de forma desmedida e altamente potente, contra uma empresa de comunicação regularmente estabelecida, acusada sem provas de produzir conteúdo mentiroso. O Terça Livre sofreu espécie de condenação prévia, em processo de teor desconhecido, portanto, sendo incapaz elaborar justa defesa para buscar devida reparação das acusações imputadas.

A crise de ordem na esfera jurídica no Brasil deve ser objeto de ampla discussão multidisciplinar para que se reencontrem a natureza e o caminho da Justiça, que, pelo que hoje se aponta, parece ser mais um privilégio.

Esmeril News: Em suas análises dos boletins do Terça Livre, você constantemente apontava como uma das causas desse agigantamento do Judiciário a omissão do próprio Legislativo, notadamente no Senado Federal. De fato, já houve na história de nosso país um Legislativo tão fraco como o atual, inclusive no que toca à base governista? Comente um pouco sobre isso.

Carlos Dias: Isso necessitaria de uma análise bem longa. Resumindo, a questão é bem clara: há instrumentos constitucionais disponíveis para lidar com abusos de poder e crimes de responsabilidade. O problema é que não existe mais a esperada independência entre os Poderes. Nota-se o evidente arranjo para a consagração de um sistema de poder que se apropriou do Estado, em forma de consórcio de poderes, incluído o Poder Executivo de outras épocas, para beneficiar oligarquias empresariais e financeiras mandatárias do orçamento da União com seus subsídios.

Esmeril News: Os boletins do Terça Livre também traziam frequentes análises sobre a cumplicidade da velha mídia nesse agigantamento do Judiciário no Brasil. Comente um pouco sobre isso.

Carlos Dias: A velha mídia sempre foi aliada e garantia da informação interessada e patrocinada pelas oligarquias políticas do país chegar ao povo na melhor forma de compreensão possível. No campo do Judiciário, a politização do STF, ocorrida nos governos do Partido dos Trabalhadores, gerou especial disfuncionalidade. O agigantamento citado na pergunta em relação ao Poder Judiciário deve-se muito mais à profunda corrupção vivenciada nos governos de esquerda do que propriamente uma autoexpansão do Poder.

Na verdade, a velha imprensa sempre foi braço de propagação de interesses de diversas linhas políticas, notadamente as do Poder Executivo.

Esmeril News: Na sua percepção, o que pode ser feito para barrar a juristocracia? Há alguma forma de ela ser combatida?

Carlos Dias: Simplesmente, com o restabelecimento da democracia no Brasil, no significado e no ato prático da expressão. Recuperarmos a independência e autonomia dos Poderes, limitando-os, no seu exercício, às fronteiras impostas pela Constituição. O poder deve retornar novamente às mãos dos cidadãos, consagrando o sentido da delegação responsável e do serviço.

Esmeril News: Rafael Fontana, que já fez parte do Terça Livre, recentemente publicou o livro Chinobyl, e nele relata o caso de Xu Xiaodong, lutador de MMA que desagradou ao Partido Comunista Chinês ao derrotar o mestre de kung fu Wei Lei, uma espécie de garoto-propaganda do governo, sendo então censurado e depois banido de todas as redes sociais, e asfixiado financeiramente, a ponto de ser impedido até mesmo de receber doações de fãs. Essa estratégia chinesa de cancelamento (censurar, banir da internet e asfixiar financeiramente) está sendo cada vez mais exportada mundo afora. Você acredita que o que foi feito com o TL, via Judiciário e Big Techs, foi sob orientações dessa diretriz chinesa?

Carlos Dias: Imagino que, de fato, o modelo Chinês foi a escola primária de operadores do Poder. Contudo, não há como negar, a tropicalização dessa insanidade, isto é, o ganho de características próprias, produzida por alquimistas de toda sorte no campo das Cortes Superiores.

Esmeril News: Como você avalia a recente declaração do ministro da Justiça, André Torres, a respeito do pedido de extradição contra Allan dos Santos – ainda que ele pareça ter voltado atrás em seu posicionamento –, de estar “apenas cumprindo ordens”?

Carlos Dias: Uma verdadeira indigência. A resposta parece curta, mas é suficiente.

Esmeril News: O Terça Livre terminou, mas seus ex-membros já estão se movimentando em diferentes direções com diferentes projetos, e isso deixa claro que esse novo jornalismo iniciado há sete anos pelo TL só poderá ser parado com atitudes mais drásticas de nosso Judiciário – e uma ameaça nesse já foi inclusive feita. Como você avalia essa situação? O que você consegue vislumbrar a curto, médio e longo prazos no tocante à nossas liberdades de expressão e de imprensa?

Carlos Dias: O Terça Livre pode ter terminado como empresa de comunicação, mas jamais a dimensão espiritual que forjou seu nascimento poderá ser tocada por qualquer poder humano. É impossível! O ambiente do Terça Livre foi muito mais um encontro de almas do que de meros intelectuais convergindo apenas num interesse negociável, por isso, sua indestrutibilidade.

Na verdade, espero uma espécie de contenção natural a partir de uma ampla discussão a respeito de direitos fundamentais, a natureza do direito e, por óbvio, da singela razão. O reencontro imprescindível entre alma e corpo para o resgate a civilização ocidental.

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Brasil Sem Medo - DIÁRIO DE UM CRONISTA (19/11/2021)
👆 As lágrimas de Kyle
(por Paulo Briguet)


Absolvição do jovem Kyle Rittenhouse é um sinal de esperança para aqueles que amam a verdade

Nossa civilização está caminhando rapidamente para um confronto final entre dois grupos. Não se trata da luta entre a burguesia e o proletariado, ou entre os homens e as mulheres, ou entre os negros e os brancos, ou entre os ocidentais e os orientais. Trata-se da guerra que opõe, de um lado, aqueles que defendem a destruição completa da velha sociedade e a construção de um paraíso na Terra; de outro, aqueles que aceitam a imperfeição do mundo e lutam para proteger aquilo que amam. De um lado, os entusiastas do Admirável Mundo Novo; de outro, os peregrinos no Vale de Lágrimas. De um lado, os progressistas; de outro, os conservadores.

Esses dois lados se confrontaram no julgamento do jovem americano Kyle Rittenhouse. Acusado de duplo homicídio, entre outros crimes, depois de atirar em dois militantes “antifascistas” na cidade de Kenosha, Kyle invocou o princípio da legítima defesa. Foi absolvido de todas as acusações. A imagem de Kyle chorando após a leitura da decisão do júri é uma das cenas mais comoventes que vi nos últimos anos.

Aquele garoto não foi absolvido sozinho. Com ele, foram inocentados todos aqueles que ainda acreditam nas ideias e virtudes que fundamentam a civilização, ideias e virtudes que procedem as Três Cidades: Atenas, Roma e Jerusalém. A filosofia grega, o direito romano e a revelação judaico-cristã.

A absolvição de Kyle é, ao mesmo tempo, uma condenação enfática da mentalidade revolucionária que pressupõe a aniquilação das mencionadas fontes civilizacionais. Essa mentalidade que justifica todo e qualquer crime, toda e qualquer atrocidade, e por fim todo e qualquer genocídio, desde que se apresente o salvo-conduto da “justiça social” e do “mundo melhor”. Foi essa mentalidade que gerou os grandes desastres de nosso tempo, com a morte de milhões de pessoas em tempos de paz.

Não obstante, se a sentença do tribunal de Kenosha é um sinal de esperança para as pessoas que amam a verdade, é uma afronta aos filhos de Caim, a todos aqueles que respiram a mentira, o ódio e a revolta. Nos próximos dias, veremos uma onda de violência e caos na América.

É a guerra, não tenham dúvida. E já escolhemos o nosso lado.

Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM..

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CENSURADOS (22/11/2021)



👆O recomeço dos perseguidos: por onde andam os jornalistas do Terça Livre
(por Fábio Gonçalves)


Onde foram parar o jornalistas do Terça Livre vítimas da censura que se abate sobre o nosso país?

Antes de mais nada, há que se dizer: valentes, eles não pararam, não cederam ao assédio dos delegados imorais. Estão, com meios próprios e evidentemente mais modestos, na mesma luta obstinada pela conscientização do povo.

Allan dos Santos, líder e símbolo do canal, segue na mesma toada. Ele escreve diariamente em seu site, o www.allandossantos.com, além de administrar seu canal no Telegram. O conteúdo ainda é predominantemente político: denúncias daquilo que a mídia se esforça a ocultar, análises contundentes, comentários livres, e por isso mesmo proibidos.

Enquanto segue com seu trabalho, aguarda o fim do imbróglio com a justiça brasileira – que quer metê-lo na cadeia pela velha prática de jornalismo inconveniente.

Outra figura proeminente do TL, Ítalo Lorenzon está no YouTube, em canal próprio, também mantendo o trabalho informativo e analítico que desenvolvia ao lado do Allan e seus companheiros de bancada.

Recentemente, admitiu a possibilidade de disputar uma cadeira na Câmara dos Deputados como representante de São Paulo, estado onde nasceu e para onde voltou após o fechamento do canal que tinha sede em Brasília – para onde pretende voltar. 

Max Cardoso também está com canal próprio no YouTube. Seu foco é cristianismo, filosofia, vida intelectual e educação. Está trabalhando numa pegada mais de formação intelectual. Em breve, lançará cursos relacionados a vários desses assuntos.

José Carlos Sepúlveda, o Seu Sepúlveda, continua com seu canal no YouTube e segue participando do PHVox, onde apresenta o Café com Sepúlveda, às quintas de manhã, e a Análise da Semana, junto com o Paulo Henrique Araújo, nas manhãs de sábado.

O Paulo Figueiredo, que apresentava o Radar da Mídia ao lado do Seu Sepúlveda, continua na Jovem Pan e no seu canal no YouTube.

Kássio Freitas voltou a Governador Valadares e acabou de ser pai. Por ora, o repórter não participa de algum grande projeto.

Como se vê, estão quase todos ainda no mesmo front, se bem que dispersos à força das circunstâncias. Mas circunstâncias passam, os ditadores sempre caem. Deus queria que os nossos caiam depressa, e que nossas terças, e nossos maios, e nossas primaveras, e mesmo os invernos, sejam livres novamente.

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Allan dos Santos - 
VERBAS




👆 A velha prostituta e sua máquina de difamação
(16/11/2021)


Uma notícia do jornal O Globo desta terça-feira (16) se utiliza do artigo publicado pelo site The Brazilian Report para insinuar que o secretário Nacional de Justiça, Vicente Santini, teria cometido crime de responsabilidade pois estaria tentando retardar o meu pedido de extradição.

Tomando o devido cuidado para não dar margem a um passivo processual, coisa que a velha mídia tem bastante experiência, a insinuação de crime não tem como base nenhuma prova, é aquela velha tática: um certo "alguém" diz que ouviu uma informação e outro "alguém" noticia a informação com ares de fato.

Em um passe de mágica uma mera informação ouvida, não se sabe de quem, virou um fato jornalístico com ares probatórios. É claro que, após um artigo sem fontes, a terceira etapa não iria demorar: o recém criado "fato jornalístico" vira fundamento para um processo legal.

O deputado federal Kim Kataguiri acionou o MPF contra o secretário Nacional de Justiça completando o macabro círculo da máquina de difamação. São 3 passos simples: alguém diz que ouviu algo de algum lugar, a velha mídia noticia como fato e um agente político resolve transformar tudo em um processo com um único fundamento: "como amplamente divulgado pela imprensa".

Mas a análise post-mortem do jornalismo da referida notícia revela mais detalhes sobre o modus operandi da mídia prostituída. O "disse me disse" continua quando afirma que Santini teria pedido para que todos os processos de extradição passassem por ele, sem nada que corrobore essa afirmação.

A notícia, porém, diz que o meu processo de extradição seguiu para os EUA sem passar pelo secretário e que depois disso o secretário teria pedido para os processos passarem por ele. Como que o "fato" dele ter pedido algo depois que o processo já estava encaminhado corroboraria a tese de que ele está agindo em favor do meu caso já enviado para os EUA?

Insondável mistério, mas essa inversão temporal parece não prejudicar a intenção da notícia aos olhos de seus editores. E por que o órgão responsável de averiguar se uma petição cumpre os requisitos formais não poderia agir, se é que agiu, de acordo a garantir que essa averiguação seja feita?

Depois a notícia continua com suas artimanhas típicas de um bordel. Uma artimanha muito comum é quando uma notícia, sem afirmar nada, sugere para quem está lendo a associação de uma pessoa com crimes terríveis.

Como ninguém sabe que ação criminosa o jornalista cometeu é preciso acrescentar ao artigo coisas sobre narcotráfico, lavagem de dinheiro e corrupção. Vale até citar desvios de recursos da era Lula e Dilma para intentar induzir o leitor de que na verdade se trata de algo da mesma natureza. Tudo dito com muito cuidado é claro para não originar um passivo processual.

Não pode faltar a ladainha. Para que serve uma série interminável de inquéritos ilegais que não geraram até hoje nenhum indiciamento para serem citados sempre que uma notícia falar sobre a pessoa?

O benefício é duplo, sugere ao leitor que se trata de uma pessoa com muitos "crimes" e ainda economiza trabalho preenchendo espaço da coluna com repetição. Dentre as repetições está a de que Alexandre de Moraes diz que continuo divulgando conteúdo criminoso.

Qual conteúdo criminoso? Se o colunista souber que avise, porque o único conteúdo divulgado é o deste site.

Mas de onde veio a tal "informação" de que Vicente Santini estaria agindo em favor de Allan colocando toda essa máquina de difamação e perseguição para funcionar? De um site chamado "Brazilian report". Site especializado em difamar o governo e seus membros.

E é aqui que a coisa fica ainda mais interessante. Um dos sócios do "The Brazilian Report" é Gustavo Nogueira Ribeiro, sócio da empresa "Fast Help", a mesma empresa que possui um gordo contrato com o Ministério da Economia. O que facilita economicamente a operação do site The Brazilian Report.

É preciso deixar aqui um alerta: o governo vai continuar a financiar seus próprios detratores?

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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)

Hoje voltaremos no tempo para a edição 3 da Revista Terça Livre.

Se você como eu ainda tem seu cadastro de membros do TL Juntos, pode acessar neste endereço.


CULTURAL


👆 LIBERDADE? PRA QUE ISSO?
(por Carlos Maltz)


Em Cântico, escrito na década de 1930, a filósofa/escritora russa/americana Ayn Rand, que segundo ela mesma, escreveu o livro dentro de uma devoção ao indivíduo, descreve uma realidade distópica na qual o “EU” foi abolido em função de um “Grandioso Nós” coletivo, que já na primeira metade do século XX se apresentava como algo de natureza quase mítico-fetichista para intelectuais do mundo inteiro.

O tema central do livro, dominante na obra da autora, é o conflito do indivíduo versus o coletivo. No Estado por ela descrito, existem diversos conselhos que regulam até as mínimas atividades sociais. A luta do herói-indivíduo para agir, pensar, e amar por conta própria contra a ordem governamental totalitária é o cerne da obra.

No mundo criado por Rand, que não está localizado nem em espaço, nem em tempo, qualquer referência à primeira pessoa como “eu” ou “meu” está abolida e quando surge na boca de alguém, é o maior “pecado” que se pode cometer.

Qualquer indicativo de pensamento próprio e independente configura CRIME CAPITAL. O processo de dissolução das consciências individuais atingiu seu máximo, e quando a individualidade é extinta por completo, o coletivismo atinge seu propósito maior.

E pra que é que o coletivismo pretende abolir a consciência individual?

Segundo Jung: (numa situação dessas)

Pensar e preocupar-se é da competência dos que estão lá no alto; lá existem respostas para todas as perguntas e necessidades. Tudo o que é necessário encontra-se à disposição. Esse estado onírico infantil do homem massificado é tão irrealista que ele jamais se pergunta quem paga por esse paraíso. A prestação de contas é feita pela instituição que se lhe sobrepõe, o que aumenta ainda mais o seu poder. Quanto maior o poder, mais fraco e desprotegido o indivíduo. Toda vez que esse tipo de situação social se desenvolve, adquirindo grande extensão, abre-se o caminho para a tirania e a liberdade do indivíduo se transforma em escravidão física e espiritual.

Será mesmo que agora, em pleno começo do século XXI, no qual nos orgulhamos tanto de nossos avanços tecnológicos, e se fale tanto em “progressismo” social, a imaginação desses visionários do começo do século passado esteja se mostrando realidade?

Escravidão? Sim, mas não dos corpos, e sim das consciências.

Pra que usar chicotes e açoites quando se pode tornar o próprio escravo, o seu algoz? Pra quê exércitos e bombas atômicas quando se podem dominar as pessoas por dentro e fazê-las implorar pela dominação?

Jung fala do “estado onírico infantil do homem massicado”.

Um estado no qual eu não preciso decidir nada e nem me responsabilizar por meus atos, pois não passo de estatística. Quando muito, uma vítima. Uma engrenagem dentro de uma engrenagem. Dentro de uma engrenagem social anônima e impessoal. Uma máquina que caminha obtusa e aleatoriamente para frente, rumo ao seu destino indiferente. Ao ritmo racional, previsível e implacável do tambor do “deus” História.

Estado onírico infantil do homem massificado.

Liberdade? Pra que isso?

Passa aí o baseado...

Eh, vida de gado.

Povo marcado.

Povo feliz

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COMPORTAMENTO


👆 O Rei Leão e o livre-mercado
(por Ernesto Araújo)

Há poucos dias foi lançada a nova versão de um dos maiores clássicos do cinema: O Rei Leão. Por mais surpreendente que pareça, a nova versão manteve praticamente intacto o enredo antigo. Aparentemente, nem a própria Disney foi capaz de sabotar os valores eminentemente conservadores do filme. Em resumo, o filme continua tão bom que a esquerda certamente o considerará retrógrado, fascista, monarquista e tudo o mais que é digno desses nomes.

Parafraseando Timão, o suricata do filme, “talvez você precise de uma nova lição.” Apesar de todo ensinamento moral contido
na fascinante trama norte-americana, proponho aqui tirarmos uma lição mais rasa e politizada, mas nem por isso menos importante. Façamos um paralelo político-econômico com os personagens.

Quem quer que tenha visto o filme, certamente não se esqueceu de Scar, o vilão. Tremendamente ambicioso e ganancioso, foi capaz de matar seu irmão Mufasa para chegar ao trono. Invejoso e capaz de alianças com adversários, Scar é a perfeita representação dos governos comunistas, tal como o PT. Aliado com hienas, a governança de Scar se parece com as alianças do PT com Cuba e Venezuela.

Um dos momentos especialmente marcantes do filme se dá quando Scar diz que a fome das hienas nunca está plenamente saciada, fazendo referência ao fato de que as hienas comem sempre que possível. Ora, nada mais condizente com os governos comunistas, dispostos a tirar sempre mais dos pobres, até que estes já não tenham nada.

Outrossim, a falta de lealdade de Scar e das hienas é típico dos governos autoritários: querendo governar tudo, fazem e desfazem alianças forçadas. Vide a União Sovietica. A explicação é simples: um governo ruim como o de Scar, tal como os governos comunistas, só se sustenta na base da força. Não obstante, sempre termina em fome: Scar prefere alimentar as hienas aos leões. Assim como o PT prefere financiar Fidel Castro a alimentar seus cidadãos.

Scar é o destruidor da moralidade e de tudo. Assim, quer acabar também com Simba, levando-o para o mau caminho. Simba é seu sobrinho, filho de Mufasa, o Grande Rei. Nascido para ser o futuro herdeiro do trono, Simba é alvo dos piores sentimentos de Scar. Não por acaso, Simba acaba ouvindo mais a Scar que a seu pai. A falta de virtudes em Simba acaba revelando-o uma marionete, tal como o PT faz com seus beneficiários.

No final das contas, a marionete torna-se semelhante ao comunista de verdade: Simba é do bem – e se revelará o grande herói do filme, mas acaba, durante boa parte do filme, sendo um idiota útil. Simba não quer complicar sua vida, não quer estruturas de poder. “Hakuna Matata” passa a ser seu lema: aproveite a vida. É soberbo: não quer que ninguém o limite, o eduque. O filho de Grande Rei não quer assumir sua realeza. Foge das suas responsabilidades. Os que servem aos comunistas são assim: não se submetem a ideias diferentes, já que não vêem sentido na estrutura da realidade. E assim se acham – apenas se acham – livres.

Por fim, o grande nome do filme: Mufasa, o Rei. Forte na sua personalidade, compassivo no seu coração, Mufasa é corajoso, honrado, atento e carrega consigo a responsabilidade de ser um Rei. Sabe que ser rei não signica ter mais poder, mas ter mais responsabilidade.

Com grandes poderes vem grandes responsabilidades, já ouvíamos no filme do Homem-Aranha. O pai de Simba, por isso mesmo, é sábio: sua vida consiste em fazer melhor a vida dos outros. E a memória das virtudes de Mufasa fará Simba voltar ao caminho, e tornar-se o herói do filme, à imagem do pai.

O Rei gosta de salientar que, na natureza, tudo está em equilíbrio. E, como rei, sua tarefa é fazer com que as coisas continuem em equilíbrio. Mufasa é o símbolo do equilíbrio, da sobriedade: assim como uma economia livre, mas voltada ao bem comum. Para que haja liberdade – seja econômica ou moral, é preciso ter um justo equilíbrio, para que o mínimo indispensável seja mantido. Um capitalismo para as pessoas, não pessoas para o capitalismo.

De maneira nenhuma devemos enxergar O Rei Leão como uma história sobre a política, mas seu rico enredo permite tantas interpretações que não poderíamos deixar de fora esta análise. Buscamos o equilíbrio, buscamos o livre-mercado voltado para o bem de todos.

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👆 ENTRE OS CLÁSSICOS DE MEU PAI
(por Luis Vilar)

Permita-me, caro (a) leitor (a), tomar essa oportunidade da escrita de um texto para passear um pouco pelas minhas memórias de infância. Meu saudoso pai foi um sertanejo simples. Deixou poucas coisas materiais para mim, minha irmã e meu irmão quando faleceu, mas deixou lições que se fazem presentes todos os dias. No cotidiano, ainda é possível ouvir sua voz com conselhos e frases cirúrgicas que muito me ajudaram a nortear meus caminhos.

O homem simples – oriundo do Sertão – resolveu sair de casa antes mesmo da maioridade para tentar uma vida melhor na capital. É mais uma história semelhante à de tantos brasileiros. Porém, na medida em que as coisas iam dando certo para meu pai, que iniciou sua carreira profissional como auxiliar de serviços gerais em uma instituição até se tornar gerente da mesma, eis que aquele sertanejo foi se apaixonando pelos livros. Em especial pelos clássicos.

Li, em algum desses bons livros que entram em nossa vida, mas cujo autor me foge a memória, que os clássicos não são clássicos por serem velhos, mas por serem eternos. Desta forma, desde que “me entendo por gente” (como costumamos dizer aqui no Nordeste) fui tropeçando em livros pela casa. O homem que para mim era um herói – ainda que com aquele jeito mais duro de um sertanejo – me empurrava livros e fazia das leituras uma atividade obrigatória. Todavia, prazerosa.

Por meio de meu pai, conheci Daniel Defoe e me encantei com as aventuras de Crusoé. Minha infância vagava junto com a solidão daquela personagem em suas aventuras, na ilha, nas frases marcantes, no conflito com seu genitor, nas busca por soltar as amarras e descobrir o mundo para além das fronteiras reais e imaginárias. Fui marcado pelo O Médico e O Monstro de Robert Louis Stevenson ao descobrir logo cedo que o “monstro” não era um “monstro”, mas sim o lado humano sombrio presente em nossas
fraquezas. Como na lenda cherokee, o lobo da maldade sendo alimentado por meio dos sentimentos mais mesquinhos. A personagem principal dessa obra nos apresentava a tragédia de pensar o mundo e tentar separá-lo por uma dicotomia que quer excluir a complexidade da natureza humana em busca do “novo homem” para o paraíso perfeito das quimeras de um Rousseau.

E quando meu pai me presenteou com Sherlock Holmes e suas aventuras? E quando conheci Edgar Allan Poe? Quando me deparei com meu primeiro Machado de Assis? Como tudo isso fez uma imensa diferença, meus caros (as). Ainda recordo com afeição tremenda do quanto me marcou a amizade entre Luis e Estevão em A Mão e A Luva. Os diálogos entre um inveterado romântico e um irônico marcado por tanto ceticismo. O Eterno Marido de Dostoiévski me levou a ter raiva do sujeito que se vitimizava e do outro que pouco tinha coragem para sair da situação na qual se encontrava diante do peso da culpa e de outras emoções. Porém, foi o próprio Dostoiévski, em Crime e Castigo, que me apresentou duas lições: 1) o perigo de quando nossa consciência individual é substituída pelo materialismo ou por causas revolucionárias e 2) o significado profundo da busca por redenção diante da culpa por nossos atos.

Enfim, os clássicos nos levam a uma viagem que passeia pelo que não se banha no rio do tempo. Eles nos ensinam a partir de experiências dessas personagens que jamais teremos tempo para viver na vida, pois o tempo nesse plano é curto para tanta coisa. Então, eis que os livros – quando realmente nos tocam profundamente – nos fazem amadurecer. Não se trata apenas do superficial intelectualismo de conhecer essas obras, mas de algo muito mais denso que marca nossas personalidades, nos colocando no lugar dessas pessoas fictícias. Fazendo-nos ir além.

Por sorte, vendo meu pai ser um leitor voraz, mas sempre mantendo a simplicidade e a humildade, que o fazia dialogar com todos, num imenso amor ao humano, pude aprender um pouco a não alimentar vaidades tolas que por vezes consomem os intelectuais por se acharem iluminados demais diante do que
conhecem. Via que era função de quem sobe um degrauzinho a mais estender a mão para quem também deseja travar essa escalada de conhecimento e autoconhecimento. Entendi, logo cedo, qual era a verdadeira herança que meu pai queria me deixar.

Ainda lembro, por exemplo, das tardes de domingo em que ele – após acender o seu cigarro e encher o seu copo de cerveja ou uísque – olhava para mim e perguntava:

- E aí, rapazinho, o que você anda lendo?

Eu dizia:

- Escolhi Dom Quixote de Cervantes.

- Ah, muito boa escolha. Perceba nesse livro que…

Esse “perceba que...” me fascinava. Como poderia aquele homem já ter lido tantas obras? Como poderia ter uma memória fascinante que associava Dom Quixote a ironia de querer mudar o mundo e não poder, mas ao mesmo tempo ser um exemplo do quanto nos guiar por virtudes – ainda que não reconhecidas por muitos – é algo nobre, pois às vezes isso cansa e nos enchemos daquela vontade de mandar tudo às favas.

E assim o tempo ia, cada conversa uma lição. Atualmente, é o que aquece a minha saudade quando trago tais fatos de volta à memória. Como era bom conversar com meu pai. Posso confessar que os olhos marejam enquanto escrevo essa crônica.

Dentre tantas heranças, meu pai me ensinou o valor do clássico. Com isso, o valor da VERDADE e do BELO, que – muito mais tarde – só pude encontrar de maneira profunda nas obras do filósofo conservador Roger Scruton. Percebi que meu pai me ensinava a ser conservador nos momentos em que eu era mais revolucionário, pois – para além dos livros, mas com os livros – me ensinou a perceber o que realmente importa e o quanto para buscarmos ser alguém melhor no mundo é essencial ser grato por poder subir nos ombros dos gigantes.

Tais gigantes não se encontram apenas entre os intelectuais, mas também nos homens simples, naqueles heróis do cotidiano que passam despercebidos, mas que com sua fé, com sua experiência, com seus valores, sobrevivem tirando o suor do próprio rosto e se colocando na dianteira de suas famílias, preservando heranças ao educarem os seus.

Quando minha filha nasceu, que pude colocá-la nos braços pela primeira vez, entendi o maior desafio que teria na vida. Vi que meu pai me ensinou a ser pai. Vi que meu pai me ensinou o amor. Vi que meu pai me ensinou o perdão. Vi que meu pai me ensinou tudo o que podia e o que ele não podia – porque todos nós somos limitados – me ensinou a abrir portas para buscar o melhor do mundo e absorver. Meu pai me ensinou a ter fé.

Sua vida foi um desses livros clássicos até o fim. Repleto de coisas que não se banham no rio do tempo, pois soube manter a beleza e a dignidade até mesmo ao morrer, ao enfrentar um câncer que o levou a uma UTI de onde não saiu com vida. Mas, mesmo nos piores momentos – quando oscilava diante da perda de consciência – travava diálogos capazes de consolar as pessoas que já sentiam a despedida.

Nossa última conversa foi uma página de uma bela obra.

Dizia ele para que eu me mantivesse firme, pois a família que eu tinha constituído era a minha fortaleza. Pediu desculpas pelas suas limitações e ordenou que eu aprendesse com estas, pois sua vinda ao mundo foi para fazer dos filhos pessoas melhores que ele. Foram vários os pedidos, mas apenas um eu não consegui atender.

Ele pediu para que eu não chorasse, pois era o ciclo da vida e se viver era Cristo, morrer era lucro. Bem, confesso que chorei. Como por vezes ainda choro ao sentir a saudade que aperta no peito. Mas, meu pai querido, ao me pedir para não chorar, o senhor me ensinou a chorar pelo que vale a pena, pois também se retira das lágrimas uma fortaleza, assim como se retira das páginas dos melhores livros as lições.

E no final das contas, caminhando por entre tantos livros, diálogos e memórias, quando tropeço pela casa nas obras que deixo por aí espalhadas lembro que poderia ter tido mais tempo com meu pai… mas, de forma resiliente, aceito sua partida. Não me resolvo com os desígnios de Deus. Que sempre seja feita a Sua Vontade, pois foi a Vontade Dele que me deu o melhor pai do mundo e os livros que dividimos durante sua curta existência tiveram um papel fundamental nessa construção.

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👆 PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

"A frase do ano: "O Bolsonaro quer destruir o que nós destruímos." (Lula)" (16/11/2021)

"Se a religião é a verdade revelada por Deus, ela não pode ser apenas uma doutrina que nos fala sobre a realidade, mas é a própria realidade que nos fala. Ela não pertence ao mundo das idéias e opiniões, mas ao mundo das coisas e fatos." (17/11/2021)

"Só um idiota confunde a realidade de um fato com a crença ou descrença que alguém deposita nesse fato. O abuso da palavra "fé", desde Kant pelo menos, semeia essa confusão como regra obrigatória nas discussões públicas." (17/11/2021)

"Creio que Jesus ressuscitou? EM MIM isso é matéria de fé, mas em si mesmo, se é verdadeiro, é fato cognoscível e não mero objeto de fé." (17/11/2021)

"Falar com analfabetos funcionais é esforço doloroso e vão. Quantas vezes eu já não disse que a solução de nenhum problema brasileiro virá jamais da política? Centenas, milhares. Não obstante, o idiota continua incapaz de perceber que para mim a política é objeto de análise e não campo de atuação." (18/11/2021)

"A maior mentira da cultura contemporânea é a que toma meros desejos sexuais como fatalidades naturais -- ou sobrenaturais -- imutáveis e invencíveis." (18/11/2021)

"A Fôia e o Coveiro Brasiliense também mentem a meu respeito. Dizem que saí do Brasil porque recebi uma intimação da Polícia Federal. Não recebi intimação nenhuma." (18/11/2021)

"A principal ocupação da mídia nacional é fazer tudo para dar a acontecimentos banais e inofensivos os ares de conspirações ameaçadoras." (18/11/2021)

"Se para algo tem servido a degradação da humanidade nos anos recentes, foi para ensinar aos cândidos liberais que o poder estatal NÃO É o único inimigo da liberdade; a iniciativa privada pode ser tão maligna quanto ele." (19/11/2021)

"A maldade não é estatal nem privada. Muda de dono como as consciências dos jornalistas." (19/11/2021)

"Talvez a parte mais importante da evolução pessoal seja a capacidade de MUDAR de desejo sexual, do mais fantasioso para o mais modesto-- capacidade que toda a educação atual busca destruir." (19/11/2021)

"Alcançar a maturidade tornou-se um crime." (19/11/2021)

"Respostas ao Noblat:
1) Quem pagou a conta do Olavo no hospital?
-- Ninguém. O Incor é hospital público e gratuito.''
2) Quem ajudou Olavo na fuga?
-- Não houve fuga. A Polícia Federal só me convocou a prestar depoimento POR INTERNET, podendo fazê-lo -- conforme disse  a própria delegada -- DE QUALQUER LUGAR DO MUNDO.
3) O Noblat é jornalista?
-- Ele nem sabe o que é isso." (21/11/2021)

"Escrevi isto em setembro de 2013:
'Preparem-se. Nos próximos anos a desordem do mundo atingirá o patamar da alucinação permanente e por toda parte a mentira e a insanidade reinarão sem freios. Não digo isso em função de nenhuma profecia, mas porque estudei os planos dos três impérios globais e sei que nenhum deles tem o mais mínimo respeito pela estrutura da realidade. Cada um está possuído pelo que Erich Voegelin chamava "fé metastática", a crença louca numa súbita transformação salvadora que libertará a humanidade de tudo o que constitui a lógica mesma da condição terrestre. Na guerra ou na paz, disputando até à morte ou conciliando-se num acordo macabro, cada um prometerá o impossível e estreitará cada vez mais a margem do possível. A Igreja Católica é a única força que poderia, no meio disso, restaurar o mínimo de equilíbrio e sanidade, mas, conduzida por prelados insanos, vendidos e traidores, parece mais empenhada em render-se ao espírito do caos e fazer boa figura ante os timoneiros do desastre. No entanto, no fundo da confusão muitas almas serão miraculosamente despertadas para a visão da ordem profunda e abrangente que continua reinando, ignorada do mundo. Muitas consciências despertarão para o fato de que o cenário histórico não tem em si seu próprio princípio ordenador e só faz sentido quando visto na escala da infinitude, do céu e do inferno. Essas criaturas sentirão nascer dentro de si a força ignorada de uma fé sobre-humana e nada as atemorizará.'" (21/11/2021)

"O abandono em que os tais "direitistas" jogaram a Sara Winter prova que, moralmente, estão no nível da esquerda." (21/11/2021)

"A quase totalidade dos "trabalhos críticos" a meu respeito reproduzidos em academia.edu não cita UM ÚNICO TEXTO MEU, apenas opiniões de terceiros baseadas em outras opiniões de terceiros que também ignoram a minha obra por completo e parecem orgulhar-se disso. A universidade brasileira é um gabinete de ódio, uma organização criminosa." (22/11/2021)

"É impressionante e vergonhosa a credibilidade automática que tantos direitistas ainda concedem à "grande mídia", depois de tantas mentiras já denunciadas." (22/11/2021)

"A IstoÉBosta já noticiou até o meu falecimento. Não acredito em NENHUMA palavra que saia nessa porcaria." (22/11/2021)

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👆OPINIÃO DO AUTOR

O Dom Quixote de cada um de nós
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
21 de Novembro de 2021





Relendo esta semana o texto "ENTRE OS CLÁSSICOS DE MEU PAI" de Luis Vilar publicado na Revista Terça Livre 3 de 30 de Julho de 2019, me ocorreu que estamos em meio a um grupo de pessoas que podem ser percebidas como pequenos Dom Quixotes. Vilar comentou de passagem o que o pai dele habilmente percebeu na leitura deste clássico, mas eu resolvi parar e aprofundar essa ideia.

Temos um país povoado por miríades de pessoas que se afeiçoam à ideia (sensata) de cultivar as tradições. Elas não são a totalidade da população, mas daí você pode contabilizar jovens que se apercebem conservadores, adultos, gente mais idosa, e por aí vai. Pois bem, estas pessoas passaram anos e anos assistindo histórias em que os heróis de outros tempos, representados pela nata dos atores de filmes de ação como Bruce Willis, Stallone, Arnold, Van Damme, Segal, Bruce Lee, e outros brucutus resolviam as coisas da maneira mais fácil: na porrada. No final, tudo se resolvia e o mundo retornava à normalidade.

Aí você tinha os super-heróis dos quadrinhos, considerados os mitos gregos modernos. Não preciso citar aqui. E não somente: havia também heróis japoneses. Milhares e milhares de heróis japoneses. O Jaspion sempre foi e sempre será meu all time favorite.

Enfim, durante todo esse tempo, sempre houve um protagonista bem definido, um vilão bem definido, ideias e ideais bem definidos e respostas bem definidas de ambos os lados. Nós sabíamos o que esperar.

No entanto, após todos esses anos, a realidade resolveu bater à nossa porta. E quando ela resolveu bater à nossa porta, nós, do alto de nosso mais profundo tédio resolvemos sair pela porta da casa em defesa de nossos ideais, bem como faziam os heróis de nossos tempos. Só que o que nós encontramos foi semelhante ao que o personagem de Schwarzenegger no filme "O Último Grande Herói" de John McTiernan encontrou ao passar pela tela daquele cinema usando do bilhete mágico: encontramos um mundo totalmente diferente do nosso, onde as regras que imaginávamos que funcionariam não davam mais certo. Não como imaginávamos no nosso tempo. Percebemos que a realidade era muito mais implacável e cruel do que imaginávamos. Não estávamos prontos para o choque.

No nosso âmago, ainda acreditávamos naqueles valores que aprendemos no nosso mundo, na nossa realidade. Acreditávamos que era só vestir nossa armadura de guerra, montarmos em nossos cavalos ou motocicletas e sairmos por aí enfrentando perigos até que a realidade fosse dominada por nós e encontrássemos o sentido de nossa existência... mas não foi bem assim.

Vimos irmãos serem arrebatados e estraçalhados. Vimos nossa couraça sangrando. Fomos jogados de um lado para o outro. Fomos traídos. Esfaqueados. Dilacerados. Com requintes de crueldade. E quando queríamos jogar a carta da honra e da moral, riam de nossas caras. Ou então permaneciam imóveis e indiferentes. Não tínhamos um plano. Não tínhamos uma estratégia. Tínhamos apenas o apego e o amor à nossa honra e a nossos valores que tanto cultivamos durante anos. Tínhamos nossa ilusão poética de que era só chegar lá na voadora, ou empunhar nossas espadas bradando "Deus Vult!" e conseguiríamos. Ledo engano. Estúpido e estapafúrdio.

Acreditamos nas aparências. Não ouvimos o Mestre dos Magos que, do alto lá de seu castelo, com toda sua sabedoria nos dizia "na voadora vocês apenas vão conseguir se lascar bem rápido e voltar para casa lambendo suas feridas, oraporra!" E foi o que aconteceu. E é o que acontece. E continuará a acontecer.

O pai de Luis Vilar acertadamente atesta: "a ironia de querer mudar o mundo e não poder, mas ao mesmo tempo ser um exemplo do quanto nos guiar por virtudes – ainda que não reconhecidas por muitos – é algo nobre" - sim, é algo realmente nobre. Mas de nada adianta se somos apenas vozes longínquas clamando no deserto para ouvidos moucos. De nada adianta se não temos meios de fazer valerem essas virtudes.

O homem sem virtude cansa logo de tudo isso, manda tudo para você sabe bem onde, e deixa o barco de sua vida lhe conduzir para qualquer lugar. O virtuoso não quer desistir, mas não sabe o que fazer, pois não conhece bem seu inimigo, não sabe bem que tipo de ameaças está enfrentando e pior, não conhece bem a si mesmo, sua própria história e de onde vieram os valores que tanto ama. Vive à deriva, sem rumo, esperando o próximo "acabou, porra!", ou o meteoro, ou a Segunda Vinda. O que acontecer primeiro.

O homem com virtudes vai para o Twitter e brada #SomosTodos(insira aqui a bola da vez), quando o que deveria fazer era subir outra coisa no Twitter: #SomosTodosDomQuixote. Se reconhecer como um mísero "mais um" no meio da multidão e procurar saber primeiro quem é, de onde veio, por que acredita no que acredita, para só depois fazer como Lênin (mutatis mutandis) e escrever O QUE FAZER é o que deveria ser alcançado. E aqui aplica-se sempre aquelas frases célebres que o professor Olavo de Carvalho menciona: "É urgente ter paciência" (Goethe) e a clara e óbvia referência ao nosso querido Dom Quixote: "Yo sé quién soy". E eu acrescento mais uma, diretamente da conclusão do livro: "já reconheço minha insanidade".

Portanto, sem perder mais tempo, façamos essas coisas. Temos ainda muitas décadas pela frente para corrigir tudo. Comecemos por corrigir a nós mesmo.

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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)

E na série do Giorgio essa semana, crises de personalidade...
(18/11/2021)
...  e conspirações de outro mundo!!...
(21//11/2021)


... e falando em outro mundo, lá vem Gadu e sua patota fazendo o que fazem melhor! Tudo pela metade do dobro! 😂
(18/11/2021)


Aí o Sal Conservador me vem com essa reunião de figurões: um anão que dizem gostar de um tipo esquisito de muié, um caguetão, um japa-burro e um marreco! É o Movimento Bem Lascado que tá derretendo!
(20/11/2021)

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👆 LEITURAS RECOMENDADAS

Já que nesta edição falamos, dentre outras coisas, sobre conhecer a si mesmo, hoje eu venho recomendar essa história em quadrinhos de superação e auto-conhecimento escrita pelo grande Felipe Folgosi, "Knock Me Out". É uma história emocionante, que não tem problema nenhum em mostrar que foi inspirada em outra história emocionante de superação, a de Rocky Balboa nos cinemas (tem até cartaz do filme na HQ), e que também nos emociona e nos faz refletir sobre a força do espírito. Com direito a seu próprio Mickey, Apollo Creed, Adrian e tudo mais. Nessa daqui do Folgosi, Tom Rocco é um lutador de jiu-jitsu que passa por uma jornada de superação até a grande catarse no final, em que participa de um torneio, não para conquistar um título, mas para se auto-conquistar. Novamente com referências bíblicas, citando um trecho do livro de Provérbios na abertura, Folgosi acerta mais uma vez e inova, nos brindando com uma grande história acompanhada por uma excelente trilha sonora. Quem for ler essa HQ, ouça a trilha sonora junto, é muito bacana! Parabéns Folgosi, por mais uma narrativa inspiradora! E fico muito feliz de aparecer no final da HQ (entre os vários outros nomes) como colaborador financeiro para ela vir a existir pelo sistema Catarse de crowdfunding. Leiam, é fantástica!

E aproveitando o ensejo de nossas conversas nesta edição, sugiro também hoje a vocês a inesquecível obra de Cervantes. Aproveitem o desconto do Black November na Livraria do Seminário para adquirirem este grande clássico, pois ele dialoga perfeitamente com o mundo atual. 

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