Edição XXIII (Revista Terça Livre 113, revista A Verdade 53, manifestações e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.


(Antes de tudo: AJUDE o Terça Livre nesses tempos de forte censura e cerceamento à liberdade de expressão: www.tercalivrejuntos.com.br e assine, ou doe: pix@tercalivre.com.br. E mais uma coisa: compre livros pelo sistema CEDET, para que o discurso não seja monopolizado pela esquerda.

OBS: hoje, excepcionalmente a nova edição do blog sairá na Terça, para marcar a data. Semana que vem voltaremos à programação normal. Viva o Brasil!)




MATÉRIA DE CAPA



CPAC Brasil 2021: Uma injeção de ânimo em tempos sombrios
(por Bruna de Pieri)


“Liberdade não se ganha, se conquista”. Esse foi o lema que moveu a segunda edição do CPAC no Brasil, o maior evento sobre conservadorismo do mundo.

“Liberdade não se ganha, se conquista”. Esse foi o lema que moveu a edição de 2021 do CPAC Brasil, realizada nos dias 3 e 4 de setembro.  

Para além da política, o evento levou ao palco do Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, especialistas nas áreas de segurança pública, autodefesa, educação, comunicação e ainda grandes nomes do conservadorismo internacional. 

Às vésperas de uma das manifestações mais importantes da história do Brasil, o CPAC foi uma injeção de ânimo, coroado com a participação do presidente da República, Jair Bolsonaro. 

O ministro  do Trabalho e Previdência, Onyx Lorenzoni, abriu o evento com discurso focado em relembrar as ações do governo Bolsonaro e destacando casos de corrupção das gestões petistas. Lorenzoni reforçou que, até agora, nenhum escândalo semelhante ocorreu no atual governo.  

Ainda no primeiro dia, quatro mulheres protagonizaram um dos painéis mais importantes do evento. A deputada estadual Ana Caroline Campagnolo (PSL-SC), a analista política e medalhista olímpica de vôlei Ana Paula Henkel, a deputada federal Caroline de Toni (PSL-SC) e a advogada Fabiana Barroso debateram sobre o papel da mulher na sociedade. O feminismo foi o principal assunto da palestra.

O ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, falou sobre a luta contra o aparelhamento da esquerda que ainda existe na pasta. Salles disse que os governos passados nada fizeram pelo Ministério do Ambiente e usou o exemplo da ex-senadora Marina Silva para afirmar que a esquerda se provou incompetente em administrar o país.

O voto impresso também esteve presente em um dos painéis. O tema foi conduzido pelo deputado federal Filipe Barros (PSL-PR), relator da PEC do voto impresso, e Bia Kicis (PSL-DF), autora da proposta. Barros anunciou a criação de uma Proposta de Emenda à Constituição para extinguir a Justiça Eleitoral. O parlamentar afirmou que a PEC já está pronta.

Ernesto Araújo

O ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, protagonizou um dos painéis mais aguardados do CPAC. Reconhecido por discursos históricos quando esteve à frente do Itamaraty, Araújo falou no segundo dia de evento. 

Araújo palestrou contra o globalismo e defendeu uma reforma constitucional que limite a atuação dos ministros do Supremo Tribunal Federal e reduza o número de mandatos possíveis para deputados e senadores. 

O diplomata sugeriu uma espécie de “impeachment popular” que coloque nas mãos do povo, e não da classe política, o direito não só de escolher, mas também de remover seus representantes.

“No caso dos ministros do STF, deixaria de haver a possibilidade de impeachment pelo Senado, que hoje serve apenas para criar uma estrutura circular de interesses entre o Congresso e o STF. Assim, os juízes da Suprema Corte passariam a responder diretamente ao povo, do qual todo poder emana”, explicou.

A liberdade de expressão incondicional também foi citada no discurso do ex-chanceler. Araújo sugeriu uma nova constituição, na qual a garantia das liberdades individuais fosse o objetivo número um. 

Foi sugerida uma cláusula estabelecendo liberdade de expressão de maneira incondicional e inquestionável, além da liberdade de associação, direito ao porte de armas para ampla defesa, liberdade de culto, crença e consciência, direito à vida desde a concepção e direito dos pais de educar seus filhos de acordo com seus próprios princípios. 

Sobre globalismo, o diplomata afirmou que “o globalismo favorece o poder da elite sobre o povo em qualquer país, rasgando o tecido social, direcionando o fluxo dos discursos”. Araújo disse que lutou contra o globalismo, quando esteve à frente do ministério. 

Ernesto Araújo afirmou que o mundo vive diante de uma perspectiva de “catástrofe espiritual”, e que a pandemia do vírus chinês acelerou um processo que é responsável por aniquilar o espírito humano.

“Pessoas presas em cubículos para escapar do vírus podem perder sua saúde física e metafísica. ‘Fique em casa’, diz o lema dessa nova era, é ‘fique na caverna. Ernesto Araújo disse que o mundo vive diante de uma perspectiva de “catástrofe espiritual”, e que a pandemia acelerou um processo que, segundo ele, é responsável por aniquilar o espírito humano 

Resistência

Também no segundo dia de evento, ao contar sua história de vida, o assessor especial para Assuntos Internacionais da presidência, Filipe Martins, fez um apelo: “Por favor, parem com discursos derrotistas. Ninguém disse que seria fácil”. Martins reforçou a necessidade de fortalecer a população em sua determinação, autoconfiança e capacidade de resistência. “Devemos criar uma força interna de resistência”. 

O assessor da presidência se propôs a elaborar um plano estratégico para a libertação. “Vocês vão saber pelas redes formas de se integrar e de colaborar com esse esforço. A gente vai se organizar de forma muito inteligente, [inspirados] nos passos até de alguns esquerdistas”, afirmou.

Donald Trump Jr.

A passagem do furacão Ida pelos Estados Unidos impediu a participação presencial de Donald Trump Junior no CPAC. Mas o empresário, autor best-seller e filho do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, falou aos participantes via internet. Donald Trump Jr. afirmou que a China tem “planos” para as eleições de 2022 no Brasil. 

“Se você acha que eles [chineses] não estão fazendo o que podem para instalar um governo socialista do qual possam manipular – alguém que acredita e pensa como eles, ao contrário de alguém que ama a liberdade– se você acha que eles não têm planos para a alternativa no ano que vem, então não está prestando atenção”, disse. 

A participação também marcou o lançamento com exclusividade de seu novo livro “Liberal Privilege: Joe Biden And The Democrats – Defense of the Indefensable” (Privilégio liberal: Joe Biden e os democratas – Defesa do indefensável).

União contra o PCCh

Em um discurso considerado histórico, o deputado americano Mark Green defendeu uma união entre Brasil e Estados Unidos contra o Partido Comunista chinês. 

“Eu juro uma coisa a vocês, pela prosperidade do nosso mundo, pela prosperidade dos EUA, do Brasil, dos brasileiros, vocês têm meu compromisso: eu vou lutar, mesmo que signifique lutar contra o nosso próprio governo, pelas relações entre o Brasil e os Estados Unidos, para que sejam fortes, focadas na liberdade, para todos os seres humanos do nosso planeta que gritam por liberdade”, disse o deputado ao lembrar que brasileiros e norte-americanos enfrentam os mesmos desafios.

Médico, empresário e veterano das Forças Especiais de combate dos EUA em Bagdá, Green atualmente representa o 7º distrito do Tennessee na Câmara.

De acordo com ele, o Partido Comunista chinês é o maior exemplo de ameaça externa tanto para os cidadãos dos Estados Unidos, quanto aos brasileiros, pois o governo da China tem espalhado seu autoritarismo pelo mundo.

Cobertura

O Terça Livre foi parceiro de mídia do CPAC Brasil 2021. Todas as palestras do evento foram transmitidas durante mais de dez horas seguidas nos dois dias. Quase um milhão de pessoas já assistiram aos vídeos que estão disponíveis no canal do YouTube. Presencialmente, em Brasília, cerca de mil e quinhentas pessoas estiveram no CPAC.

Dos Estados Unidos, o jornalista Allan dos Santos, do Terça Livre, fez uma breve participação, pontuando que o dia 7 de setembro não será uma “varinha de condão” e pedindo coragem aos brasileiros. 

“Nós precisamos continuar fazendo nosso trabalho dia após dia sem medo. O que nós fazemos não é criminoso. O conservador brasileiro tem coração. Ele não vê cor, vê pessoas. Não vê tribo, vê pátria, nação. E é por isso que eles nunca conseguiram nos entender. Se nós temos mérito para chegar até aqui, não é agora que vamos desistir. Coragem, força”, incentivou o jornalista. 

Allan dos Santos fez menção ainda ao professor Olavo de Carvalho. “O crescimento de um movimento conservador no Brasil seria impossível sem o trabalho do professor”, disse. O jornalista também pediu liberdade ao deputado federal Daniel Silveira, ao presidente do PTB, Roberto Jefferson e ao jornalista Wellington Macedo.

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BRASIL

Caçadores de livros
(por Cristian Derosa)

A rede de sentinelas do establishment está à solta.

Na semana que passou, uma reportagem do The Intercept Brasil desnudou um fio que leva a uma rede de caçadores de conservadores pelo Brasil e pelo mundo, visando implementar com mais eficácia a censura e perseguição que pode dar fim à liberdade de expressão conquistada com a Internet.

Com o título criativo de “Livros, canivetes e anjos: a lucrativa máquina de vendas que financia Olavo de Carvalho e outras dezenas de figuras da extrema-direita”, a reportagem traz a foto do filósofo e traz detalhes sobre a estrutura e o funcionamento da editora Cedet, da Vide e Ecclesiae, responsável pela verdadeira revolução editorial no Brasil. A busca foi bem-feita. Em meio às informações, tudo correto, a história e estrutura da rede de distribuição e livrarias do Cedet, sem deixar de mencionar endereços e informações da empresa. Por quê?

A matéria não chega a acusar de absolutamente nada, justamente para não configurar facilmente uma imputação de crime inexistente. Afinal, até onde se sabe, a venda de livros não é proibida no Brasil. Ainda.

No mesmo dia da publicação da reportagem, recebi de uma de minhas fontes o link de um site chamado oedbrasil.com.br, o Observatório da Extrema Direita Brasil. Trata-se de uma organização acadêmica, ligada ao Laboratório de História e Política Social da Universidade Federal de Juiz de Fora (MG). O site tem como parceiro, além da UFJF, a entidade chamada Direitas História e Memória, outro departamento acadêmico que afirma ser financiado com recursos de editais da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro – FAPERJ.

O site do Observatório da Extrema Direita traz em seu topo uma imagem de uma espécie de procissão de jovens, à noite, carregando tochas, uma estética que compreendemos rapidamente o objetivo. Com ares de academicismo e pesquisa científica, os textos e referências da OED claramente buscam retratar os movimentos conservadores como problemas ou fenômenos perigosos da modernidade, o retorno de um neofascismo que ameaça a democracia. Mas tudo numa linguagem acadêmica digna de um respeitável e desinteressado centro de estudos. Embora também não encontremos ali referências ao termo “fake news”, fica evidente o mesmo tratamento.

O OED teve início em junho de 2020, registrando o seu início em um Tweet de boas vindas fixado no perfil do grupo, dizendo que “passa a ser um grupo de pesquisa, consolidando as possibilidades de análises e observações sobre a Extrema direita global”. Respondendo a pergunta feita anteriormente, sim, o OED tem tudo a ver com a reportagem do Intercept. Vemos a matéria do Intercept compartilhada por um dos membros do grupo, o jornalista David Nemes, que comenta na própria postagem:

“Ontem, tuitei sobre a motivação financeira como sendo o fator mais importante para quem produz fake news. Hoje, a Juliana Sayuri publicou sua matéria no The Intercept Br sobre o esquema editorial Olavista que na verdade é uma máquina de fazer dinheiro”, disse o pesquisador pelo Twitter.

Esta postagem, de um dos mais influentes membros desse grupo que investiga as vozes conservadoras, mostra o claro intuito dentro do qual deve ser enquadrada toda a reportagem de Sayuri. Para ele, a investigação sobre o Cedet se alinha à busca pela origem das fake news e ele é claro ao se referir ao trabalho da editora como um “esquema”. Todo o disfarce de objetividade da matéria do Intercept vai por água abaixo após a confissão de Nemer. Mas quem é Nemer?

Como é possível ver em seu site, David Nemer é professor assistente de estudos de mídia na Universidade da Virgínia (EUA). Seus interesses de pesquisa e ensino cobrem a interseção de Estudos de Ciência e Tecnologia (STS), Antropologia da Tecnologia, TIC para o Desenvolvimento (ICT4D) e Interação Humano-Computador (HCI). Nemer é um etnógrafo cujos trabalhos de campo incluem as favelas de Vitória, Brasil; Havana, Cuba; Guadalajara, México; e Eastern Kentucky, Appalachia. Nemer é autor dos livros Technology of the Oppressed (MIT Press, Forthcoming) e Favela Digital: The other side of technology (Editora GSA, 2013). Ele possui um Ph.D. em Computação, Cultura e Sociedade pela Universidade de Indiana. Nemer colabora para os veículos The Guardian, El País, The Huffington Post (HuffPost), Salon e… The Intercept.

Outro nome ligado ao OED é a jornalista Isabella Kalil, que coordena a entidade.

Apenas dois meses antes da publicação do artigo de Sayuri, no Intercept, Kalil publicou um artigo em inglês na revista Global Discourse, da Universidade de Bristol. O artigo, intitulado “Politics of fear in Brazil: Far-right conspiracy theories on COVID-19″ (isso mesmo, a direita é que está botando medo na população), pode ser lido neste link.

Na mesma época, Kalil publicou um resumo do seu artigo pelo Twitter, numa das tradicionais threads, que pode ser lida na íntegra aqui. Vejamos o que ela escreveu:

“Analisamos as narrativas mobilizadas por Bolsonaro e seus apoiadores, entre março e dezembro de 2020. Entre essas narrativas, se sobressai a mobilização do medo de uma “conspiração comunista”. Ao longo do tempo isso foi se alterando”.

Um dos traços mais característicos da narrativa pseudo-acadêmica desses agentes políticos é a dissuasão discursiva, que simula uma análise profunda, mas no fundo centra sua análise na superfície dos textos, alegações e discursos, sem mencionar nenhum elemento da realidade referente daquilo que eles já classificam antecipadamente como “teorias conspiratórias”. Um dos segredos dessa tática é justamente a facilidade de se provocar associações entre palavras que levem a interpretação de crimes, o que só pode ser feito por meio do que as palavras parecem, ou seja, a verossimilhança e os sentimentos associados a certos termos da opinião pública mais vulgar. Mas tudo acrescido do elemento de verniz acadêmico.

Ao longo do resumo, Kalil enumera uma série de “teorias conspiratórias”, como ceticismo sobre vacinas, críticas à China, críticas à esquerda e ao jornalismo partidário dos checadores. Tudo isso, segundo ela, faz parte de uma “campanha de medo”. É isso mesmo! Para ela, não são os jornais que contam mortes diárias e estampam fotos de cemitérios que tentam criar medo na população, mas aqueles que tentam libertar-se e libertar outros dessa paranoia mantida com o dinheiro da indústria farmacêutica (essa instituição de história ilibada). Curiosamente, o seu artigo parece buscar criar na opinião pública certo pânico de uma parcela das pessoas “perigosas” que insistem em defender que comerciantes possam trabalhar e que as famílias possam se encontrar.

Distorções como esta aparecem muito claramente em um outro trecho do resumo que Kalil apresenta:

“O artigo traz ainda uma discussão sobre neoliberalismo e negacionismo a partir da dicotomia saúde x economia. Como já escrevi em outro artigo, negacionismo não é apenas usar chapéu de papel alumínio. Qdo o “mercado” toma o lugar da “ciência”, isso é uma forma de negacionismo”.

Neste trecho fica muito clara a adesão a uma bandeira ideológica que se utiliza de um artifício de associação de palavras para acusar. Afinal, como já dissemos, não há a dicotomia entre saúde x economia e, sim, a entre as pessoas e as instituições. De um lado, o que ela considera a “saúde”, que na verdade é o discurso de entidades e comunidades médicas sobre a vida humana, está a mera autoridade das entidades científicas e políticas (como a OMS), cuja credibilidade é socialmente construída pelos próprios meios de comunicação que Kalil representa. De outro, o que ela chama pelo princípio genérico de “economia” ou “mercado”, nada mais é que a vida real e concreta das pessoas, suas necessidades diárias, como a do vendedor ambulante de churros (que me abordou no supermercado certa vez), que teve seu negócio completamente destruído pela “ciência” do lockdown, fazendo-o virar um pedinte. Para Kalil, essas pessoas são a opressiva “economia” ou “o capital”, enquanto que as recomendações de burocratas de Genebra sintetizam a mais excelsa razão científica e salvadora da humanidade. Nem mesmo o discurso marxista clássico ela foi capaz de aplicar à realidade, mas uma versão gourmetizada que recebeu de metacapitalistas que desejam, no final, empobrecer a sociedade para conquistar de volta a hegemonia discursiva. Kalil está obviamente do lado do capital e não da “saúde” das pessoas, mas tenta inverter essa relação por meio da força emotiva de um raciocínio metonímico.

Ao final da thread de Kalil, a ativista e coordenadora do OED marca alguns nomes de perfis do Twitter, como @tesoureiros, @camarotedacpi, @desmentindobozo e @bolsoregrets, acrescentado a frase reveladora:

“talvez interesse a CPI” (sic)

Está dado o recado sobre o sentido do seu interesse aparentemente acadêmico na “extrema-direita”. Na verdade, trata-se de um aparato de censura dos mais sofisticados, que se utiliza de instrumentos oficiais, projetos de pesquisa e métodos para distorcer tudo o que for dito contra a esquerda e criminalizar a livre expressão. Os conservadores precisam estar atentos, pois o que está por vir é uma verdadeira pira de livros. A fogueira dos livros proibidos, algo que já está implícito na atividade dos checadores de fato, que agora já contam com as bênçãos do Supremo Tribunal Federal.

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COMPORTAMENTO


Um cavaleiro sem cavalo
(por Kauê Varela)


Uma das afirmações da filosofia moderna é que nossa consciência é uma espécie de cavaleiro, cavalgando no corpo. No entanto, as já citadas experiências de quase morte nos evidenciam que o tal cavaleiro pode cavalgar sem o cavalo.

Uma das coisas mais difíceis de se entender é a razão de nossa existência, sobretudo quando investigamos esses grandes mistérios envolvendo nossa consciência . Ao que nos é informado pela realidade, essa existência não se limita ao corpo, mas é apenas uma parte desse processo existencial. Se pensarmos por um breve momento, absolutamente nada no universo depende de nós. A filosofia escolástica chama isso de contingência, ou seja, existimos, mas poderíamos não existir. Sem cairmos na apologética cristã, uma regressão infinita de seres contingenciais é impossível. Entendendo, de uma vez, que nossa existência não é necessária para o universo, surge a pergunta inevitável: qual o motivo da nossa existência? Bom, essa é a pergunta de 1 milhão de dólares! A ciência moderna nos diz que somos mero acaso, uma impossibilidade que simplesmente aconteceu pelo fator tempo; dado um tempo ilimitado, eles dizem, o impossível torna-se possível. A filosofia nos dá inúmeras respostas, tudo dependerá de qual autor buscaremos a referência. A mais interessante, para não dizer a melhor, vem de Platão, que afirma que somos um mero reflexo de uma existência superior... sombras de uma realidade que nos transcende e, em última instância, nos leva ao que ele chamou de “Um”. No entanto, vou trazer para o leitor a perspectiva do professor Olavo de Carvalho. No curso “Consciência de imortalidade”, ele expõe que somos a representação física do Amor divino, pois, dado que nada no universo exige nossa existência e ainda assim existimos, isso só demonstra que nossa existência veio de uma decisão livre que só pode ter sido feita com base no Amor. Ou seja, você, eu e todos os demais somos a prova de que o amor pode existir fisicamente. Para quem experimentou a felicidade de gerar filhos, esse conceito não é muito difícil de entender.

Portanto, a resposta, a meu ver, da pergunta “Quem é você?” é: Somos o Amor que veio de uma decisão livre do “Um”, o único Ser cuja existência é necessária para todos os demais seres. 

“O homem não é nada, mas é o único capaz de dizer a palavra ‘tudo’”. - Olavo de Carvalho

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CULTURAL

O agosto que não deveria ser esquecido
(por Leônidas Pellegrini)


Agosto foi um mês daqueles, um mês de turbulências e pancadas, como parece ser próprio dos agostos. Avanço intenso do totalitarismo sanitário, Europa em ebulição, Austrália voltando a ser uma colônia penal, Califórnia em chamas, Casa Branca em ruínas morais, “Talibidens” no Afeganistão, o Brasil nas mãos de governadores e prefeitos loucos e bandidos, de senadores palhaços e supremos juízes saídos das páginas das mais cruéis distopias, prisões políticas, perseguições e censura, e as garras do dragão vermelho chinês sobre tudo isso.  

No entanto, há um agosto que não deveria ser esquecido, que é o agosto dos dias 15 e 22, que devemos ao Venerável Pio XII, o agosto de Nossa Senhora. Sim, agosto é um mês essencialmente mariano, em que se celebram nada menos que a Assunção da Mãe de Deus e nossa, no dia 15, e Sua coroação como Rainha do Universo, uma semana após, no dia 22. É a Ela que deveríamos olhar e mais recorrer nestes tempos loucos e nos piores que estão por vir – eu mesmo confesso que, nas últimas turbulências agostinhas, em mais momentos do que gostaria voltei minha atenção irada contra os tiranos de plantão do que à verdadeira Soberana. Mas o que podem, afinal, psicopatas megalomaníacos, Barrosos, Moraes e palhaços fantasiados de sanadores diante do verdadeiro Poder que vem do Céu? D’Aquela que nos foi dada como Mãe pelo próprio Deus encarnado, que subiu de corpo e alma ao Céu, onde foi coroada como nossa Rainha? Aquela que, com um simples rogo a Seu Filho, pode fazer desmoronar todos os impérios deste mundo? 

Agarremo-nos ao Santo Rosário como nossa principal arma neste 7 de Setembro e em todos os dias de nossas vidas, para que nossa Mãe e Rainha interceda por nós junto a Jesus pela nossa liberdade. A Ela, os versos desta semana. 

Assunção

Ao final de sua lida,

por mil anjos rodeada,

sobre os ares reclinada,

eis Maria adormecida,

e, dormindo, conduzida

vai sendo na direção

dos altos Céus, onde então

despertam-lhe as magistrais

melodias celestiais

que lhe festejam a Assunção.

Coroação

Adormecida ao Céu subiu Maria,

e por um coro de anjos recebida

a Imaculada foi, e conduzida

ao trono que pra Ela se erigia.

Humilde, à frente, um serafim de guia

servia-lhe ao caminho da guarida,

e, enfim, tão logo ao sólio foi subida,

a Si curvou-se toda a companhia.

O Pai, o Filho e o Espírito a cercaram

(José, silencioso, a observava)

e juntos, a um só tempo, a coroaram.

Naquele instante, ali, se consagrava

por toda a universal eterna linha

a Imaculada Mãe, também Rainha.

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BRASIL

Não temais ímpias falanges
(por Bruna de Pieri)


“Já podeis, da Pátria filhos

Ver contente a mãe gentil

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil”

Enquanto escrevo esse texto, ouço o Hino da Independência no Spotify, interpretado por uma orquestra qualquer. Mas é a voz de meu pai que ressoa em minha mente. 

Meu pai sempre foi o primeiro a me incentivar a participar dos desfiles da escola no dia 7 de setembro. Ele me colocava no carro e me levava até a avenida principal da cidade, cantando várias e várias vezes durante o caminho a estrofe mais importante : “Ou ficar a Pátria livre, ou morrer pelo Brasil”. Eu me sentia forte, protegida. Sentia uma energia feliz. 

Eu não sabia quem era o presidente da República. Não sabia que existia esquerda ou direita. Era apenas uma criança que ouvia do pai o quanto foi bom ser capitão do Tiro de Guerra. Uma criança que via o orgulho de um pai que mostrava suas fotos com a farda do serviço militar obrigatório. Com atitudes tão simplórias, meu pai formou meu imaginário. Hoje, aos 24 anos, é daquele amor pela bandeira que eu me lembro quando é 7 de setembro.

No curto caminho entre a minha casa e a igreja, no domingo que antecedeu esse feriado, vi diversas bandeiras do Brasil hasteadas. Voltei a sentir em meu coração aquela mesma energia feliz que sentia ao lado de meu pai quando criança.  

Nesses dias em que dormimos e acordamos com medo de que os próximos a parar atrás das grades sejamos nós, conseguimos um respiro em meio ao caos. Uma chama ainda está acesa. 

Em dias como esse conseguimos recarregar uma vez mais o amor a essa Pátria tão maltratada, minimizada até mesmo pela língua portuguesa. Pegue os jornais de antigamente e veja que a palavra Pátria era sempre escrita com P maiúsculo. Hoje, isso já não é mais usual. 

O presidente Jair Bolsonaro tem carregado nos ombros a missão de ser o pai que reaviva nos corações brasileiros essa chama de patriotismo e amor à Pátria e aos símbolos nacionais. Bolsonaro é o presidente que para o que estiver fazendo se a bandeira do Brasil for hasteada, esteja onde estiver.  

Que neste dia 7, o amor pela Pátria seja reacendido em tantos corações quanto for possível. Deixemos ainda mais enojados aqueles que não suportam o amor pelo verde e amarelo; provoquemos ainda mais ânsia de vômito naqueles que odeiam os patriotas: Não temais ímpias falanges / Que apresentam face hostil.
 

Não temais ímpias falanges

Que apresentam face hostil

Vossos peitos, vossos braços

São muralhas do Brasil
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REVISTA "A VERDADE" - Ed. 53, de 06/09/2021 (Uma publicação digital semanal do Jornal da Cidade OnlineAssinar a revista


OPINIÃO


A 2ª Independência do Brasil? - O Sete de Setembro e as manifestações populares no Brasil atual

(da Redação)


O questionamento do 7 de setembro não é fenômeno de 2021; tampouco é de nossos dias a consagração dessa grande data na alma do povo. Assim como hoje, as vozes de aprovação, amor e catalisação de todo sentimento patriótico da Nação brasileira sempre foram muito mais expressivas do que as vozes pequenas que se levantaram para desafiar o valor do que foi estabelecido como o Dia da Independência do Brasil.

Os dois próximos parágrafos são salvaguardas técnicas. Mesmo não sendo usual fazer tal tipo de anotação em um artigo de revista ou jornal, em razão de vivermos em tempos cabulosos, para que não atribuam a esse escrito qualquer insinuação de fabricação de Fakenews, ofereço ao leitor a exaustiva remissão à segurança das fontes. Assim, aos mais apressados ou sem o interesse imediato nessa questão, poderão pular para o terceiro parágrafo depois deste.

Antes que questionem como aleatória a percepção do artigo em relação ao 7 de setembro, registro que para a redação, não só, como habitualmente faço, consultei exaustivamente obras (muitas delas raras) e artigos outros, mas também, em razão do tema proposto, diversos jornais publicados no Brasil no dia 7 de setembro. Não sendo possível pesquisar todos os jornais, escolhi alguns. Para que o registro seja justo com o laborioso tempo despendido, menciono que consultei os jornais “A Noite” dos anos de 1921-29, 31-32, 34-39, 41-42, 44-48 e o “A Noite” da véspera de 6.9.1922. Do Folha de São Paulo, desde o tempo em que era “Folha da Noite”, passando pela “Folha da Manhã” e fusão para o atual FSP, consultei os dos anos 1921-23, 25-32, 35-36, 38-41, 43-45, 47-48, 52, 54, 56, 62-75 (e também “folhinha” de 1975 – especial da Independência), 76-97, 99 – ou seja, quase todo o século XX, a partir de 1920, ainda neste milênio os anos da FSP de 2000-2006, 2008-2020; totalizando até aqui mais de cem jornais. Consultei ainda o volume XIX do calhamaço que traz as edições FAC-SÍMILES do “Correio Braziliense” que traz as edições contemporâneas que antecedem e sucedem o 7 de setembro de 1822.

Em relação ao corte temporal para a análise dos periódicos, escolhi dar maior ênfase a partir de 1922, por duas razões: primeiro, por ser uma data de grande simbolismo, qual seja o Centenário da Independência; segundo, por serem acessíveis e de técnica mais apurada e próxima do que se possa denominar “jornalismo” o que se produziu no século XX e, com ressalvadas das limitações da influência do gramscismo na grande mídia (viés que, uma vez considerado, mostra-se como um filtro de interpretação), as edições do século XXI.

A partir de 1979, com o retorno de diversos líderes comunistas exilados durante a Revolução que teve início em Março de 1964, nota-se uma crescente diminuição da importância do 7 de setembro e até uma “profanação” da temática da Independência. Até o tamanho da bandeira do Brasil na Folha de São Paulo, que tradicionalmente aparecia grandiosa em todo 7 de setembro, foi tendo seu tamanho diminuído e a menção aos desfiles militares foram desaparecendo da capa dos jornais. As propagandas fazendo menção ao 7 de setembro também foram minguando, salvo raras exceções. Os artigos cuidando da importância do tema para a nacionalidade foram praticamente reduzidos a zero e o questionamento foi crescente. As charges de conteúdo escarnecedor ou simples alusões à Independência da Pátria como algo acessório para funcionar como jogo de palavras com outros temas menores, mas no artigo colocados como maiores, foram se avolumando. Vejamos alguns exemplos: “Os ossos da Pátria” e “A Independência ou Morte” (7.9.1990); a notícia “Túmulo de Dom Pedro vira banheiro” (7.9.1994); “Elvira do Ypiranga” (1999); “Independência ou Pop” (2000); “Buenba! Dia da Pátria! Independência ao Norte!” (2002). No processo de “secularização do tema”, numa propaganda, a palavra “Independência” no dia 7/9 está ligada a comprar imóveis (1996); em outros artigos, a preocupação maior é com o “feriado” e não com a questão da data cívica, como podemos ver na Seção “Ilustrada” de 2004: “SP traz opções para fugir do patriotismo” e 2012: “Feriadão ou Morte” ou o que se vê na Seção “Cotidiano”, cuja atenção é para o fato de que a “Volta do feriado deve ser pior após 16h” (2015). As paradas militares, muito embora não terem cessado, foram perdendo espaço e prestígio, não só na frequência de aparição, tamanho das notícias, como o sentido positivo, sendo exemplos a charge intitulada “Parada Militar” (1995); ou a justificativa para a diminuição do tamanho da parada como uma forma de “economia” (2011); ou a “desconstrução” da temática com a manchete de capa em tamanho gigante, intitulada “Parada”, mostrando, na verdade, a foto de um gigantesco congestionamento de feriado (2012). A esquerdização do 7 de setembro foi sendo construída: “Excluídos contestam a Independência” (1997); “Lula deve ser poupado no grito dos excluídos” (2003). A notícia mais emblemática desse novo tempo foi o trauma do atentado hediondo ao candidato à Presidência da República que tomou as manchetes do dia 7 de setembro de 2018, pois ocorreram na véspera dessa grande data nacional.

Nesses anos de reinado de gramscismo no que se denomina “Grande Mídia” fez-se um trabalho de desconstrução do sentimento de patriotismo e amor à pátria, dando ao 7 de setembro uma conotação de anacronismo, pieguismo, alienação e toda uma gama de estigmas de constrangimento, fazendo uso das técnicas marxistas de destruição dos valores fundamentais da sociedade. Em toda uma geração foram implantados vírus com a função de abolir do homem brasileiro o valor e sentimento de Nação e retirar-lhe do peito o coração patriótico. Para entender esse trabalho de reprogramação de uma geração é importante fazer a leitura do livro “Abolição do Homem”, escrito em 1943 pelo professor de Oxford e Cambridge, Clive Steple Lewis.

Entretanto, o mais importante aqui, hoje, é demonstrar o valor do 7 de setembro para o Brasil e para o povo brasileiro. Muito embora alguns da escola marxista, em sua reconstrução da História à luz de seus interesses revolucionários tentem desconstruir o Dia da Independência, seus argumentos, como sempre, são despidos de rigor metodológico relevante. Um deles é que o “Correio Braziliense” de Hypólito Costa não menciona o 7 de setembro e também existe um silêncio na “lista dos dias de gala” publicada em dezembro de 1822. Nada mais forçado, anacrônico e fora da razão. Em primeiro lugar, Hypólito estava em Londres publicando o CB e as notícias de cá precisavam atravessar o Atlântico para chegar à Inglaterra do século XIX; em segundo, o processo de Independência, por óbvio não foi um simples rompante de uma viagem Rio-São Paulo e o incidente às margens do Ypiranga, todos sabemos; e terceiro, a sagração de uma data simbólica deu-se em meio às discussões de construção da Pátria nascente, aos problemas ligados ao reconhecimento e ao fazer face às lutas de resistência à Independência espalhadas pelo território nacional - e seria mais que natural o atraso em figurar após setembro, na publicação das datas nacionais publicadas em dezembro do mesmo ano, o laurel do 7 de setembro. O que é certo é que a partir de 1823 o 7 de setembro foi sagrado como Dia da Independência. Outro fato notável é que o Hino da Independência, belíssimo, foi composto ainda no ano de 1822 – com autoria de Dom Pedro I, não deixando dúvidas do protagonismo do primeiro imperador do Brasil no que se denomina “Grito da Independência”. O que vale é Nação e povo elegerem o Dia ancestral fundamental da Nação e partir disso celebrar ano a ano e fazer perpetuar entre as gerações a memória de suas raízes patrióticas. É assim que sobrevivem os povos.

O Centenário da Independência foi muito comemorado em 7.9.1922. Nas edições desta mesma data, o ano de 1923 refere-se à “Data Magna”; em 1929: “As comemorações da grande data da nossa emancipação política”; 1930: “O Brasil inteiro vibra hoje, na gloriosa recordação quando se viu livre e feliz”; 1931: “O Brasil comemora hoje a sua data máxima”; 1932: “Sete de setembro, sendo um fato culminante e definitivo, pois daí partiu o grande surto inicial de nossa nacionalidade...”; 1936: “Milhares de pessoas compareceram à sessão cívica” e “As comemorações... tiveram um cunho verdadeiramente brilhante”; 1944: “A data da Pátria é nosso dever, que cumprimos com carinho e entusiasmo”; 1947: “Imponente o desfile de ontem da mocidade paulista no vale do Anhangabaú”; 1965: “Para comemorar o 143o ano da Independência, 15 mil desfilam hoje”; 1968: “País comemora com desfiles o dia 7”; 1970: “Cidade em festa no maior 7 de setembro da história”. Na edição de 1972 comemorou-se o sesquicentenário (150 anos da Independência), o jornal foi recheado de homenagens com propagandas de diversas empresas referindo-se à data comemorativa; na capa uma bandeira enorme foi impressa e constou os seguintes dizeres: “Recorte a Bandeira Brasileira é um presente de 7 de setembro”. A “Folhinha” de 1975, destinada ao público infantil, dedicou quadrinhos à data da Pátria. Em 1977: “O País todo comemora a data”. Todos esses exemplos manifestos ano a ano no século XX da República brasileira demonstram que o 7 de setembro, legado do Brasil Império, foi encravado no coração da cultura brasileira.

A Lei n.662, DE 6 DE ABRIL DE 1949, promulgada pelo então Presidente da República, Eurico Gaspar Dutra, transformou em feriado o 7 de setembro, o que cooperou em muito a participação popular na data mais importante da nação. Ao mencionar a Lei n.662/49, não se pode deixar de mencionar também a questão da participação popular.

Vivemos tempos em que presunções negativas pretendem afugentar o povo das ruas e sua ida aos desfiles e às passeatas e manifestações legítimas, com o fim de celebrar a sua nacionalidade e exercer em plenitude a sua cidadania. Dentre as últimas datas de 7 de setembro, aconteceu de a Presidente Dilma cercar-se de um forte esquema de segurança e manter o afastamento do povo. Não se pode esquecer o traumático 7 de setembro de 2018, que foi marcado pela tentativa de assassinato de um dos candidatos à eleição presidencial. Tudo isso revela que o povo brasileiro merece voltar a ter liberdade e sossego para exercer, em plenitude, o seu direito de festejar a “magna data”.

Mas pode o povo fazer passeatas e protestos?

Por um raciocínio lógico, a simples admissão e tolerância histórica a grupos que praticam verdadeiros vandalismos em procissões públicas com espetáculos mórbidos nus e aliviando o ventre e a bexiga, ou exibindo atos obscenos e atentados ao pudor público, destruindo bens privados e públicos, agredindo populares, queimando a bandeira nacional, gritando palavras de ordem apátridas e imorais, já seria suficiente para fazer cair por terra toda e qualquer censura àquelas manifestações em que pessoas de todas as idades, em comportamento ordeiro, não raro em grupos de famílias, vestem-se com as cores da Pátria e saem às ruas tão só para exercer sua cidadania.

Está esculpido em pedra no artigo 1o, parágrafo único, da Constituição Federal: “Todo o poder emana do povo”. O povo é a fonte de onde jorra toda a legitimidade de todos os que exercem o poder. O poder é exercido em nome do povo. Quem exerce cargo de poder jamais poderá praticar qualquer ato em desfavor do povo, sob pena de autodestruir-se.

Na República Federativa do Brasil, segundo o artigo 5o., IV, da Constituição Federal: “é livre a manifestação do pensamento”. A liberdade pressupõe a inexistência de amarras. Num exercício de razão, imaginemos os limites. Já assistimos manifestações rogando por alargamento de tolerância à cessação da vida de bebês, em campanhas abortivas e outras reivindicando a liberação de drogas ilícitas. Não foi incomum em nossa história, manifestações exigindo o impeachment de Presidentes da República. Já tivemos também nos anais da República marchas da Família contra a ameaça comunista. Não devem ser esquecidas as multidões pelas Diretas Já. Em tudo isso foi tolerado o exercício da soberania popular, expressando sua voz nas ruas.

O artigo 5o, XVI, da Constituição Federal assim se expressa: “todos podem reunir-se pacificamente, sem armas, em locais abertos ao público, independentemente de autorização, desde que não frustrem outra reunião anteriormente convocada para o mesmo local, sendo apenas exigido prévio aviso à autoridade competente”. Cuida-se do direito de fazer passeatas, manifestações. Os limites estão na forma pacífica, sem uso de armas. O texto é claro, estando nas “quatro linhas” da Constituição, não se pode desautorizar a reunião pública do povo. O doutrinador Juan Gavara Cara afirma que é “um direito à liberdade de expressão exercido de forma coletiva” (IN “El Sistema de Organización del Derecho de Reunión y Manifestación, Madrid, McGraw-Hill, 1997, p. 4).

Abram alas para o ente mais soberano da República: o povo. Everardo Moreira Lima certa vez escreveu: “Os políticos honestos não devem temer a concorrência dos eleitores (…) ao contrário, devem atraí-los (…) à discussão dos temas mais importantes para o bem comum”. (No artigo: “Todo poder emana do povo e em seu nome é exercido”). O povo deve ser livre para reunir-se e dar a direção da Nação. O povo é o termômetro para verificar se a Nação está ou não andando nos trilhos. O povo deve ser ouvido nos momentos de louvor, mas também nos de reprovação. O artigo 5o., XVI, CF/88, é “um direito da livre manifestação de pensamento, aí incluído o direito de protestar” (José Celso de Mello Filho IN “O Direito Constitucional de Reunião”, Justitia, São Paulo, 1998, v.8, p. 163).

A soberania popular, que sempre está nas mãos e na voz do povo, dita os destinos da Nação. Neste 7 de setembro de 2021, que o povo brasileiro seja livre para celebrar e estabelecer o que seja o seu dia da Independência!

Juiz Ronie Souza

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PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

"O verdadeiro espírito de um homem não se revela nas generalidades que pronuncia, mas nas atitudes concretas que toma para com outros homens." (04/09/2021)

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ESPAÇO DO AUTOR

Manifestação 7 de Setembro de 2021 - LIBERDADE!
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
06-07 de Setembro de 2021

Hoje eu iria começar uma série de artigos, mas deixarei para a semana que vem, porque isso é mais importante, e histórico.

(06/09/2021)
 
(06/09/2021)

Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança 👇
(06/07/2021)

07 DE SETEMBRO DE 2021

(07/09/2021)
 
ISSO É IMPORTANTÍSSIMO!! 👇
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021)

PRESIDENTE DA REPÚBLICA JAIR MESSIAS BOLSONARO 👇
(07/09/2021)

PARABÉNS, DR. ALESSANDRO LOIOLA!! 👇👋👍
(07/09/2021)

PARABÉNS, ABRAHAM E ARTHUR WEINTRAUB!! 👇👋👍
(07/09/2021)
(07/09/2021)
(07/09/2021 - 12:40)
(07/09/2021)

Palavra PARA Olavo de Carvalho
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
07 de Setembro de 2021

Hoje, meu querido professor, o senhor pode se orgulhar imensamente. Quem possibilitou que tudo isso um dia fosse realidade foi o senhor, meu caro Professor Olavo de Carvalho! O senhor resgatou várias coisas no âmago do povo brasileiro: o amor pela pátria, pelo conhecimento que liberta e pela fé! Foi o senhor, o responsável por tudo isso! Todos nós lhe somos imensamente gratos por tudo! Aqui estamos, querido professor! Aqui estamos, escrevendo uma nova história para nosso país. Obrigado!


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HUMOR


(06/09/2021)







""Zé Fuxiquinho"..." (@SalConservador)
(04/09/2021)



""Ser caminhoneiro é: carregar a tristeza da despedida, a saudade das pessoas que ama, o progresso do país e a incerteza no regresso..." Pedro Junior" (@SalConservador)
(05/09/2021)



"Pesquisa nível "GrobuLixo"..." (@SalConservador)
(06/09/2021)



"O Supremo banquete" (@PS_Jindelt_60)

"Enquanto isso em Brasília..." (@SalConservador)
(07/09/2021)


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LEITURA RECOMENDADA

Na recomendação de hoje, um livro sobre ser Conservador pra você conferir depois do 7 de Setembro. Não deixe de ler, e leia devagar, porque é muito bom. Leitura disruptiva, acessível e bastante motivadora.

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