Edição XXII (Revista Terça Livre 112, revista A Verdade 52 e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.


(Antes de tudo: AJUDE o Terça Livre nesses tempos de forte censura e cerceamento à liberdade de expressão: www.tercalivrejuntos.com.br e assine, ou doe: pix@tercalivre.com.br. E mais uma coisa: compre livros pelo sistema CEDET, para que o discurso não seja monopolizado pela esquerda.)


GERAL


ENTREVISTA COM 'JESSICÃO, A FEMINISTA'
(por Leônidas Pellegrini)


Seja de maneira oficial, vinda de agentes do Estado ou do Judiciário, seja por parte das Big Techs, a terceira semana do mês de agosto foi assustadora no que toca ao avanço da censura às vozes discordantes do establishment: cancelamentos financeiros ao Terça Livre e diversos outros órgãos e pessoas nas redes sociais, perseguição ao cantor Sérgio Reis por sua mobilização pró-governo e contra o STF, derrubada “aleatória” de diversos perfis.

Entre os perfis derrubados no Instagram, um me chamou atenção e causou espanto, o irônico “Jessicão, a Feminista”, que há tempos vem crescendo e conquistando cada vez mais seguidores e a simpatia entre aqueles que prezam a liberdade e opõem-se ao avanço do crescente totalitarismo ideológico – mesmo que, muitas vezes, ainda atraia a ira de distraídos conservadores que não entendem de ironia ou sarcasmo...

Entre os perfis irônicos que satirizam o avanço das pautas progressistas e o derretimento da inteligência no Brasil, o de Jessicão é um dos mais hilários e inteligentes, e quem o segue e com “elu” interage nas redes, não deixa de dar boas risadas.

Por trás de Jessicão há ninguém menos que “uma pessoa comum, preocupada com os rumos que a sociedade está tomando”, como pontua o(a) próprio(a) administrador(a) do perfil. E talvez por isso mesmo o Instagram tenha avançado com tanta gana contra ele(a) Afinal, como ousa um(a) zé mané classe média qualquer sair por aí postando memes, conquistando seguidores e até (gravíssimo!) fazendo as pessoas pensarem por meio de sátira e sarcasmo? Pois tome gancho, tome ban, e suma!

Pois bem, leitor: hoje estão sendo Terça Livre, Bernardo Küster, Sérgio Reis e até mesmo Jessicão, com seus menos de 200 mil seguidores. Amanhã, quem você acha que vai ser? E, mais importante: eles vão parar apenas na censura? A história de todos os regimes totalitaristas nos diz que não. Enquanto ainda pode, acompanhe a entrevista com Jessicão.

Terça Livre: Em primeiro lugar, fale um pouco, dentro do que puder, sobre a pessoa por trás do perfil “Jessicão, a Feminista”, e por qual motivo escolheu o anonimato.

Jessicão: Sou uma pessoa comum, preocupada com o rumo que a sociedade está tomando. E só. Muita gente me relaciona a personalidades famosas e acha que escolhi o anonimato para proteger minha carreira ou algo assim... Mas a realidade é o oposto disso. Não sou uma pessoa conhecida e mantenho o anonimato porque ainda não encontrei nenhum propósito em me revelar. Acho que o anonimato confere um clima de mistério interessante à personagem e de quebra ainda frustra os militantes mais extremistas que, por não possuírem informação alguma sobre mim, se limitam a dar chilique no direct e me enviar fotos de macumba. 

Terça Livre: Como surgiu a ideia do seu perfil? 

Jessicão: Em 2014 eu me envolvi com produção musical. E a maioria das pessoas com quem convivia nesse meio eram totalmente favoráveis às pautas progressistas. E na época não havia essa distinção sobre o que era lacração ou não... O simples fato de se dizer militante fazia a pessoa se sentir uma espécie de “arauto da virtude”. Era tão bizarro que eu decidi brincar com isso. 

Terça Livre: Seu perfil é evidentemente irônico, mas há uma curiosidade que sempre tive: em algum momento já aconteceu (ou ainda acontece) de ele ser levado a sério, no sentido de “Jessicão” receber apoio de pessoas da esquerda lacradora ou ataques de conservadores? Falo isso porque no Brasil temos um sério problema de analfabetismo funcional... 

Jessicão: Isso acontece sempre! Mas são bem mais frequentes as pessoas que me atacam por engano, do que as que me apoiam por engano. Acho que as pessoas da esquerda lacradora, por terem mais familiaridade com os temas e os termos utilizados pela página, acabam percebendo que estão sendo ridicularizadas logo de cara.

No geral, quem se confunde mais, infelizmente, são as pessoas contra lacração. Realmente, existe muito analfabetismo funcional nas redes. Só que eu não poupo ninguém da zoeira! Quem não entende o perfil, sai dele ainda mais avesso à lacração, pois eu sempre respondo sem sair da personagem. As reações são hilárias! Rendem vários memes. 

Terça Livre: “Jessicão” já foi censurada diversas vezes nas redes sociais, mas recentemente você teve seus perfis no Instagram (oficial e reserva) derrubados (coincidentemente, no mesmo dia que Bernardo Küster, na até então mais pesada semana de censuras na internet aqui no Brasil). O perfil reserva, inclusive, foi barrado de uma maneira bastante peculiar. Relate sobre como foram ocorrendo essas censuras até chegar ao banimento. Houve alguma justificativa objetiva, esclarecimentos etc?

Jessicão: Nos últimos meses eu tive muitos posts deletados. As justificativas eram as mais desconexas possíveis. Para você ter uma ideia, uma vez que fiz um story mostrando uma bonequinha que ganhei de um seguidor, era uma “Jessicão” em biscuit (estilo aqueles bonecos Funko), aí o Instagram deletou alegando que havia “bullying ou assédio”. Totalmente aleatório. E a cada post deletado, eu recebia uma mensagem dizendo que a minha página corria o risco de ser excluída por ter infringido as regras diversas vezes. Aí, quando excluíram, não deram justificativa alguma.

O mais bizarro de tudo foi quando tentei logar no perfil reserva. Era um perfil com 24 mil seguidores, sem nenhum post e que nunca levou gancho algum. Mas ele estava bloqueado com um aviso dizendo que aquele perfil era de uma pessoa com idade abaixo de 13 anos e por isso não poderia interagir no Instagram. Ficou parecendo que inventaram um motivo qualquer, só para me tirar de circulação completamente. 

Terça Livre: Antes da derrubada dos seus perfis no Instagram, qual estava sendo, de maneira geral, seu alcance? Tem conseguido recuperar seus seguidores ou tem encontrado dificuldades nesse caminho? 

Jessicão: Eu estava com 181 mil seguidores no perfil principal, o alcance médio dos posts no feed estava em torno de 115 mil e os stories chegavam a 50 mil pessoas facilmente. Graças a Deus estou podendo contar com a divulgação dos seguidores mais assíduos e outros influencers. Em menos de 24 horas o perfil novo já estava com 10 mil seguidores. Acredito que esse perfil possa alcançar e até ultrapassar rapidamente o alcance do perfil anterior.  

Terça Livre: Para finalizar, gostaria que, analisando o atual cenário de perseguição virtual às vozes contra o establishment no Brasil, você consegue estabelecer perspectivas sobre o perfil “Jessicão, a Feminista” até as eleições de 2022? O que acredita que vai acontecer até lá? 

Jessicão: Acho que existe a possibilidade do perfil ser banido permanentemente e impossibilitado de voltar à ativa. Mas jamais deixarei de produzir conteúdo nas redes. Se eu não puder agir como “Jessicão”, usarei outro nome, mas estarei lá.

Muita gente fala para eu focar apenas nas redes sociais alternativas e abandonar as Big-Techs. Mas o “povão”, a massa mais propensa a ceder à agenda progressista, ainda não está nessas redes alternativas. E o maior propósito da Jessicão é o de fazer essa massa refletir e se blindar.  São muitos os depoimentos que recebo de pessoas que abraçavam as pautas progressistas cegamente e depois de acompanharem a página perceberam o erro que estavam cometendo. É isso o que me faz continuar sempre. Aconteça o que acontecer.

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CULTURAL

Enxergando sem os olhos
(por Kauê Varela)

No artigo anterior desse singelo projeto de investigação de quem somos in essentia, mostrei alguns relatos de grandes nomes no que se entende por estudos da mente (ou mesmo consciência) humana e, ao que parece, nosso cérebro é um meio, mas não o fim último de um processo que foge a nossa compreensão. Hoje vou colocar mais um tijolo nessa construção teórica: Experiência de quase morte[1].

Se buscamos esses mesmos verbetes em mecanismos de pesquisas, vamos encontrar descrições genéricas o bastante para abafar algo experienciado quase que universalmente por uma parcela incontável da população ao longo da história humana e que, como se isso mesmo não bastasse, é em si mesma algo que foge a nossa vã filosofia.

As E.Q.M. são entendidas como sensações e/ou percepções em um estado físico onde essas mesmas sensações e/ou percepções seriam impossíveis pela ausência de consciência. Em outras palavras, quando a equipe médica conclui que o paciente está no que se entende por morte clínica[2] que é o estado de imobilidade e de ausência de resposta a estímulos.

O que temos quando buscamos os casos individuais e não descrições genéricas são relatos assombrosamente semelhantes por pessoas separadas por anos e continentes de distância relatando basicamente as mesmas coisas: enxergar o próprio corpo, um túnel de luz a ser atravessado, parentes já falecidos vindo ao seu encontro, etc.

Vamos a um caso peculiar que resume muito bem essas experiências.

“Durante a cirurgia, o coração de Sarah parou de bater... [Quando ela acordou, ela tinha] uma recordação clara e detalhada da conversação frenética dos cirurgiões e enfermeiros durante a sua parada cardíaca; a disposição [da sala de operações]; os rabiscos no quadro de agendamento das cirurgias no saguão do lado de fora; a cor dos lençóis cobrindo a mesa de operações; o corte de cabelo da enfermeira-chefe do centro cirúrgico; os nomes dos cirurgiões que descansavam na sala dos médicos no fim do corredor; e mesmo o fato corriqueiro de que a anestesiologista naquele dia havia colocado duas meias diferentes. Embora estivesse completamente anestesiada e inconsciente durante a cirurgia e a parada cardíaca, ela tinha conhecimento de tudo isso”. Relato interessante, mas o que há de tão especial? Esse depoimento veio do Dr. Larry Dossey, ex-chefe de pessoal do Hospital Médico da Cidade de Dallas e descreve este caso em que uma mulher cega de nascença conseguiu enxergar com clareza durante uma E.Q.M. Sim, Sarah era cega de nascença e pôde enxergar com clareza o que lhe era completamente estranho e inacessível. O que ela descreveu, e serve como exemplo, já seria impossível de ser descrito por uma pessoa que enxergasse, mas os complicadores se multiplicam ao passo que é necessário lembrar que ela estava sedada para a cirurgia, longe de todos os locais que relatou e, como se isso não fosse o suficiente, era cega de nascença.

Certa vez me deparei com uma tentativa de explicar tais fenômenos descritivos em que, aparentemente, a descrição seria impossível. O repórter pega um caso aleatório de um paciente que teve a morte clínica diagnosticada, mas que descreveu a disposição dos materiais de limpeza no almoxarifado, a lista dos nomes no caderno do mesmo local de funcionários que realizaram a manutenção de hora em hora e até mesmo a aparência (com riqueza de detalhes) de dois funcionários fumando no estacionamento. O repórter diz que, dada a complexidade do cérebro, talvez ele tenha computado toda essa informação ao longo do percurso de forma inconsciente e, ao despertar, tenha trazido isso como uma memória para preencher um hiato de lembranças. A explicação faz sentido se levarmos em consideração as informações que lhe estavam disponíveis, como salas que ele passou e foi tudo para a gaveta do inconsciente, mas como explicar as informações que não lhe estavam disponíveis? Realmente o que vemos é um malabarismo teórico para tentar explicar o que na verdade seria mais simples se dito desta forma: nossa existência não se resume ao corpo e nossa consciência está no cérebro, mas não é, de fato, o cérebro em si, pois dado esses relatos em que podemos enxergar sem os olhos e nos locomover pelo espaço tempo sem o corpo, nosso ser vai além do corpo material. Você é mais do que seu corpo!

Continua.

[1] No restante do texto vou me referir ao termo com as abreviações E.Q.M

[2] Essas E.Q.M. também podem acontecer, e obviamente que acontecem, fora dos hospitais, mas aqui vou focar apenas nos casos observados e registrados por equipes médicas.

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GERAL


O jornalismo zumbi e a luta contra a cultura
(por Robson Oliveira)


O jornalismo zumbi – aquele que morreu, mas devora cérebros nas redações dos poderosos jornais do país – deu mais um passo na sua irrefreável batalha contra a cultura, contra a humanização e em favor da ignorância e da desinformação do cidadão brasileiro. Depois de eleger como inimigo número 1 do Brasil um professor de filosofia, cujo crime é ensinar alunos e escrever livros; depois de decidir trabalhar diuturnamente para a destruição de um veículo de comunicação, como o Terça Livre, cuja característica é mostrar o outro lado da notícia; depois de traçar a meta de brecar qualquer avanço da ciência brasileira no combate ao COVID-19, mentindo descaradamente sobre medicamentos e difamando cientistas competentes; a meta agora é perseguir livrarias e escritores que têm a coragem de escrever sobre assuntos que a patrulha comunista não gosta. Mas por que tanto trabalho para calar professores? Por que raios precisam calar Allan dos Santos? Por que tanto pavor de livros e de cultura?

Socialismos e comunismos, em razão de sua origem antinatural, precisam destruir qualquer semente de verdade na alma dos indivíduos ou nas camadas mais profundas da sociedade. Pois a verdade, vinda de onde vier (da ciência, da religião, da filosofia ou de um simples canal de vídeos de uma dona de casa) possui o poder de destruir a narrativa mentirosa e profundamente frustrante do comunismo e de suas variantes. Por isso, a nova vítima do jornalismo zumbi – aquele que morreu, mas se alimenta da alma dos jornalistas vendidos nas redações do Brasil – é a editora de livros CEDET.

Há uma razão para a perseguição ao professor Olavo de Carvalho, ao Terça Livre e – mais recentemente – às livrarias conservadoras do país. Para alcançar o poder e o domínio da alma dos governados, o comunismo não permite que haja o debate de visões de mundo, muito menos o diálogo franco e aberto de interpretações. Para que o comunismo e suas variantes se estabeleçam, é necessário interditar o debate: urge ter o monopólio do discurso. É o que acontece em Cuba, que criminalizou o uso das mídias sociais; foi o que aconteceu na Alemanha nazista, que criou a Gestapo, o equivalente real do Ministério da Verdade, de Orwell. O monopólio da narrativa é necessário pois, diante da verdade, as mentiras e manipulações contadas nos Supremos Tribunais ou no barzinho da esquina são desmascaradas. Em todos os casos, teme-se que a verdade seja conhecida. O que se pretende é sufocar a verdade!

Ao levantar-se contra uma livraria, a mensagem do comunismo é clara e diretíssima: o jornalismo zumbi – aquele que já morreu, mas continua a alimentar-se do corpo e da alma de jornalistas vendidos em redações – continuará a sua guerra contra a cultura e contra a verdade! Se preciso, livros serão queimados; autores, perseguidos; professores e cientistas, caluniados. Pois a cultura – diferentemente do que os comunistas propagandeiam – não é amada pelos militantes, muito menos pelos seus chefes. A cultura, bem como os movimentos sociais, a imprensa, as instituições não possuem qualquer importância para a ideologia comunista. Tudo e todos são ferramentas para se chegar ao estado totalitário e arderão na fogueira do “proletariado”, assim que já não houver resistência possível. Até mesmo o jornalismo zumbi – que já morreu, mas nutre-se do pouco de razão que ainda resta em algumas redações – deverá ser sacrificado, para não restar chance de algum jornalista, de “consciência pesada”, começar a fazer perguntas indiscretas, trazer notícias escondidas, rememorar informações antigas e reveladoras.

Eis a importância capital da liberdade, no Brasil: liberdade de ler o que se quiser, de ver o que se quiser, para falar e pensar o que se quiser, liberdade para pesquisar e crer no que se quiser. Mas há uma condição para o uso correto da liberdade. Assim como a inteligência, a liberdade só é eficaz se submissa à verdade. O monopólio do discurso – que pretende acorrentar e manipular a verdade – precisa calar todas as vozes: na mídia, na academia e – agora – nas livrarias. Quem perde com tudo isso é a cultura nacional, que serve apenas para manter os poderosos de sempre no poder, enquanto sacrificam-se professores e livrarias – enquanto sacrifica-se a verdade, afinal! - no altar do comunismo.

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COMPORTAMENTO

Personalidade: um bom negócio
(por Bruno Dornelles)

Desde o advento do Curso Online de Filosofia do professor Olavo de Carvalho, clareou-se o entendimento de que a resposta mais efetiva e real para as nossas crises passageiras é a formação individual da personalidade. Quanto maior o número de indivíduos plenamente forjados em seu caráter individual, aptidões e papéis sociais mais elevados que uma mera profissão, mais a sociedade poderá contar com sujeitos desapegados dos pequenos egoísmos e afetações que os mantém olhando para o próprio umbigo e se lamuriando quanto a uma vida que nunca tiveram.

Pensando assim, o leitor poderia questionar a quantidade de adolescentes revolucionários de 40 anos que, ainda morando com as suas mães, poderiam ter sido evitados com esses ensinamentos. Ou, também, a quantidade de negócios que nunca se formaram, diante de um cenário de mercado que desprezava personalidades fortes simplesmente porque seus lábios não continham sempre o que fosse agradável aos ouvidos das convenções sociais. E é justamente essa superação sobre o tão antigo compartilhamento permitido de mediocridades brasileiras que precisa acontecer em nossa sociedade.

Uma personalidade é capaz de forjar os rumos de uma civilização inteira, e isso é o que verdadeiramente importa no final das contas. Felizmente, os agentes dessa espécie de formação iniciaram um processo de desapego do fenômeno político pelo qual passou o país, produzindo conteúdos em um lugar apartado (Instagram) dos meios convencionais da política (TV e YouTube). Isso só aconteceu através da mão de intelectuais com passagem pelo COF, que souberam dominar a linguagem e incorporá-la a algo palpável e nada pedante, compreensível e aplicável daí a todos os públicos.

Enquanto o Canadá, com sua mentalidade majoritariamente globalista, assim como toda a América do Norte, ostentam um perdido e isolado Jordan Peterson, o Brasil funciona de maneira um pouco diferente. Enquanto a esquerda parece estar exausta em uma tomada cultural que não possui qualquer novidade ou inovação, mesmo tendo a maioria dos meios, os ideólogos mal sonham que grande parte dos psicólogos, juristas, economistas, artistas, professores de línguas, escritores e jornalistas que hoje brilham com suas opiniões de sensatez sejam ex-alunos do COF. Isso sem precisar eleger nenhum político, nem tomar um só centavo de financiamento da área da cultura, nem precisar bajular nenhum meio jornalístico para a contratação de um único pensador de “direita" - que certamente estaria limitado às quatro linhas de trevas deste cenário. É, literalmente, uma tomada sutil, pacífica e flexível aos meios apresentados.

Mas qual é o segredo dessas pessoas? O que hoje leva multidões aos perfis de Italo Marsili e de outros que, a despeito da pirotecnia da política baixa, estão entregando um norte para as vidas se tornarem contemplativas, espiritualizadas e fortes? O único segredo aqui é a própria personalidade forjada desses agentes, coisa que, ante o declínio das noções de transcendência religiosa, o mundo moderno acabou ignorando em prol de uma cultura de meritocracia materialista, vazia e muitas vezes irrazoável.

Considerando fatores humanos da alma, da psique, do imaginário e da vida prática - que hoje são preenchidos de maneira precária pela literatura de autoajuda -, a personalidade dessas pessoas tornou-se uma grande referência, levando à esperança de que é possível acessar partes da alma onde a identidade humana encontra-se estática e à procura do seu portador. Isso não é algo inédito na civilização ocidental dos filósofos gregos e teólogos cristãos, mas certamente é inédito no mundo moderno. Em tempos em que os consultórios de psiquiatras estão cheios e a opção pelo consumo de antidepressivos tornou-se absolutamente comum, a personalidade se tornou um gigantesco negócio, ainda que isso demande renúncias da mais alta espécie e experiências que tirem as pessoas de suas comodidades de estimação.

Qualquer personalidade bem forjada é capaz de contaminar positivamente o ambiente com lucidez e bondade, o que naturalmente faz com que as pessoas se identifiquem com o processo bem-sucedido dessas almas, não somente quanto ao meio profissional ou material, mas também à intelectualidade que poderá deixar legados, além do cuidado com o seu caráter individual, daí capaz de torná-la forte e apta a lidar com as dificuldades mais severas.

Como o leitor deve ter percebido, a personalidade bem forjada não é a regra no Brasil, mas a exceção. A regra é a adolescência comportamental perpétua - inclusive entre adultos e idosos - e é esse gargalo que precisa ser atacado pelos processos contrarrevolucionários.

Porém, aí chega a parte que desfavorece interesses individuais: a política simplesmente não consegue fazer este papel de disseminação da formação da personalidade. Por mais que um representante seja o espelho dos seus representados, sabemos que a política demanda muito mais estômago e capacidade pragmática dessa arte do possível quanto ao governo de todos (Estado), o que é bem diferente de buscar a forja daqueles que poderiam estar atuando culturalmente nos meios mais comuns. Aliás, cada personalidade bem forjada que se deixa levar pelas vaidades e pelo sonho brasileiro de pertencimento à classe burocrático-burguesa, acaba sendo a insubstituível perda de uma referência única - e realmente única - que poderia fazer a diferença a um nível onde a verdade e a realidade pesariam mais forte em relação aos rumos de partidos e interesses eleitorais.

Uma grande crise como a da modernidade e um grande castigo como os totalitarismos oriundos do combate ao coronavírus, geraram uma indignação íntima e justa nas pessoas: ficou revelada a incapacidade de elas lidarem com dissabores e dificuldades. Coisa bem contrária era impressa na nossa cultura atual: o apreço pelo escândalo, a justificativa do mal do adúltero e do vingador, o ódio aos superiores, e a maledicência invejosa contra o sucesso. O Brasil formou um próprio microcosmos de mediocridades que foi pausada, e novas referências prometem agora reinar, inclusive perante a política que se aproveita daqueles símbolos antigos de baixezas - seja ela de esquerda ou de direita.

Quem quiser desprezar essa oportunidade de crescimento e de suportar as dificuldades de ter de lidar com os limitadíssimos meios concedidos, sinta-se convidado a ser um público admirador que entende que já se encontra em idade avançada para deixar essas baixezas. Caso contrário, apenas compreenda que a forja da própria personalidade é acessível a qualquer um: aos mais pobres, ignorantes, rejeitados pelos establishments acadêmicos, intelectuais, profissionais, e toda e qualquer pessoa que não esteja constrangida pelas quatro linhas de trevas, tecnocracia e confusão que a modernidade insiste em moldar em nossas cabeças. Resistir, forjar-se e tornar-se útil para os mais próximos é um bom começo, além de também acabar sendo um ótimo negócio.

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De olho nos resultados
(por Alexandre Costa)


Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo. Portanto, pelos seus frutos os conhecereis. Mateus 7:16-20

O homem tem sido manipulado desde sempre. Seja no campo particular, seja na sua relação com o poder.

Na esfera privada, a influência das artimanhas retóricas e persuasivas costuma ser grande devido a elementos como confiança e credibilidade, mas por causa da incalculável combinação de possibilidades, não é possível uma observação geral. Para identificar a ação manipulatória no nível mais pessoal é necessário analisar caso a caso e, principalmente, olhar para os resultados.

Por outro lado, também existe uma dificuldade intrínseca na observação e catalogação das iniciativas que procuram manipular a interação entre o indivíduo e o establishment – magnatas, caciques da política, burocratas, os intelectuais orgânicos com suas teses, leis, instituições, corporações. Nesse caso, quando a mensagem vem de cima, normalmente o que torna muito difícil perceber os truques é a eficiência da sua execução.

A eficiência da manipulação depende de alguns elementos, todos eles dependentes de algum grau de confiança, o que se consegue com a repetição com fontes aparentemente diversas. O acúmulo de informações que se confirmam e se completam satisfaz os distraídos e os preguiçosos: “se está todo mundo falando, deve ser verdade”.

Outra forma de fortalecer a confiança em uma informação é destacar e valorizar a fonte. Prêmios, promoções na carreira e visibilidade na mídia são usados nesse sentido e com esse objetivo. Inventar, distorcer, recortar ou pinçar estudos ou selecionar “especialistas” para confirmar a tese também funciona. 

Conquistada a confiança, toda informação recebida passa a ser assimilada sem uma análise crítica, moldando o imaginário de forma a reagir de acordo com o que foi predeterminado pelo manipulador. 

O imaginário funciona como um repositório de memórias e experiências, de onde tiramos o conteúdo que guia ou influencia nossas decisões conscientes e, principalmente, as inconscientes.

Quase todas as decisões que tomamos no cotidiano são reativas, mecânicas ou emocionais. Poucas vezes analisamos de maneira lógica e racional antes de decidir algo corriqueiro. Exatamente por esse motivo, tudo o que foi plantado no nosso imaginário funciona como gatilhos que acionam reações que nos parecem espontâneas e pessoais, mas que obedecem a uma ordem externa que pretende transformar a sua opinião ou o seu comportamento.

Como sabemos que a manipulação vai muito além de usar os instrumentos da desinformação, também é possível analisar o nível de manipulação partindo dos resultados da instrumentalização da linguagem.

A linguagem decodifica pensamentos, impressões e emoções. Toda forma de comunicação está ancorada no uso comum e coerente da linguagem. A convivência social de certa forma é um reflexo dessa “saúde”: se a língua se corrompe, a sociedade empobrece, e quando a língua é aparelhada, a percepção da realidade passa a ser alterada conforme interesses nem sempre declarados.

Desde o surgimento do Politicamente Correto a linguagem tem sido aparelhada para moldar comportamentos. Por vários caminhos e diversas formas de pressão social e psicológica, o PC limitou a expressão sincera, cancelou palavras e expressões, fomentou a divisão da sociedade e, com tudo isso, preparou o terreno para novas possibilidades de manipulação. Com a linguagem aparelhada, a criação de rótulos, por exemplo, serviu para a dessensibilização que antecede a censura, a perseguição e a morte da liberdade de expressão.    

A corrosão da nossa sociedade pode ser vista na deterioração da linguagem, que a cada dia torna-se mais vulgar e menos expressiva. Esse é um dos resultados de décadas de manipulação. O povo foi conduzido a um rebaixamento intelectual e moral, que resulta em um comportamento bovino, muito apreciado pelo poder.

Também podemos ver esse resultado no “império do subjetivismo”. Com o crescente abandono da objetividade, consequência da promoção de agendas identitárias insanas, utópicas e contraditórias, a sociedade tende a perder a sua base, o seu eixo de sustentação e equilíbrio, e o indivíduo torna-se tão influenciável por estímulos externos quanto um barco à deriva.

Olhando os resultados de décadas de manipulação, um bombardeio calculado para incutir opiniões e moldar comportamentos, e reparando que pouco ou nada se diz a respeito desse processo revolucionário, fica evidente que quanto mais discreta a mensagem, mais eficiente a manipulação.

Na próxima semana veremos como chegamos nesse estágio.
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REVISTA "A VERDADE" - Ed. 52, de 30/08/2021 (Uma publicação digital semanal do Jornal da Cidade OnlineAssinar a revista


SOCIEDADE


A você, que ainda não entendeu quem é Olavo de Carvalho

(por Giorgio Cappelli)

Semana passada, seguidores, admiradores e alunos do professor Olavo de Carvalho sentiram o coração quase parar com a notícia de seu falecimento. Fofoca... Fake news... O professor segue bem, graças a Deus.

Detratores insistem em depreciá-lo, usando termos como louco, astrólogo, terraplanista, teórico da conspiração, gagá e guru do Bolsonaro. Em resposta, ele revela o pior insulto já recebido: “jornalista”. Os mesmos que lhe cobram o diploma de filósofo concedem alegremente ao molusco ébrio, a graduação na “Escola da Vida”.

Julgar o professor assim só revela uma vasta dose de canalhice ou, no melhor dos casos, superficialidade. Os conhecimentos de Olavo abarcam filosofia, geopolítica, literatura, religião, história e música. Comunismo, então, é matéria de estudo há pelo menos 50 anos; tempo de existência superior à de muitos supostos intelectuais. Quem o insulta ou tenta refutá-lo nunca o faz cara a cara – método igualmente aplicado por crianças que apertam as campainhas de nossas casas e saem correndo.

Olavo não apareceu ontem. No final dos anos 80, ao notar que a esquerda rastejava despercebida para ocupar espaços de influência cultural, alertou generais brasileiros. Em vão. Passou ao contra-ataque, escrevendo artigos e livros, além de capacitar pessoas a desenvolver um olhar sobre a atual situação e reagir à altura. Deu certo: seus alunos tornaram-se escritores, editores, criaram jornais digitais ou arriscaram-se na política (nesses casos, sem o incentivo do mestre). Mesmo um certo quadrinista obteve reconhecimento ao criar tirinhas de jornal baseadas nos vídeos e livros do professor.

Goste você ou não, Olavo é o maior filósofo brasileiro vivo. Penso nele como “a versão realista do Morpheus de Matrix”. Um homem que escancarou a verdade aos distraídos, aos que intuíam haver algo errado e desconheciam como se expressar. Não à toa, a gíria redpillado refere-se a quem “acordou para a realidade brasileira e global”, por influência direta ou indireta do trabalho desenvolvido pelo professor.

Caso você ainda tenha dúvidas sobre o valor desse homem dentro do panorama nacional, ou insista em acreditar nas mentiras ditas a respeito do Olavo de Carvalho, preste atenção em seus detratores. Assim como ao presidente Bolsonaro. Não há, no meio daqueles, uma só pessoa de caráter.

Giorgio Cappelli conhece outro sujeito com as mesmas características de Olavo e Bolsonaro, com relação a detratores. A modéstia, contudo, o impede de revelar quem seria.

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CULTURA


A fivela ardente de Bila - Os novos quadrinhos de Giorgio Cappelli
(por Giorgio Cappelli)


Giorgio Cappelli, talentoso artista que marca presença na revista A Verdade com True Outstrips – As tirinhas do Olavo de Carvalho, lança mais um trabalho imperdível! A Fivela Ardente de Bila é um álbum de histórias em quadrinhos contendo as aventuras de uma guerreira de 19 anos, bonita, boa de briga e bastante hábil no manejo de seu cinturão. Suas histórias misturam fantasia e comédia; algo como Senhor Dos Anéis encontra Asterix. Neste volume há três histórias:

1) O Sequestro do Príncipe Poliano: soldados transportando secretamente um jovem nobre, sofrem um ataque inesperado. Os atacantes, contudo, também não esperavam pela “arma-secreta” que os soldados traziam.

2) A Princesa e o Lobisomem: Bila reencontra Rômulo, um velho amigo recém-alçado ao estágio de guerreiro lobisomem. Apesar de praticamente invencível, ele não tem resistência a álcool: uns poucos goles de sangria o derrubam. E isso acontece logo quando o Rei Papelônius – pai da princesa, ex-namorada de Rômulo – necessita urgentemente de ajuda extra para enfrentar um cerco ao castelo.

3) Em O Império Contra Takka, aventura que encerra o álbum, Bila encara todos os clichês de uma história do Conan (derrotar um exército, vencer o feiticeiro e libertar a princesa – digo, o príncipe – das garras de um monstro), a fim de investigar uma possível armação contra Takka, famosa chef de cozinha da Antiguidade.

Histórias divertidas e entretenimento sadio. Para jovens dos 9 aos 99 anos.

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PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

"Estou pelo menos mais vivo que a IstoÉ." (27/08/2021)
"Ser professor de filosofia  na USP consiste em falar com ares de superioridade sobre temas dos quais não se entendeu coisa nenhuma." (30/08/2021)

"Se os países conservadores progridem e os progressistas regridem, esses nomes estão invertidos, não estão?" (30/08/2021)

"A Filo-USP, em quase um século de existência, ainda não percebeu a diferença entre filosofia e mito fundador." (31/08/2021)

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ESPAÇO DO AUTOR

Teaser
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
31 de Agosto de 2021

Estou preparando algo mais aprofundado para as próximas semanas. Fiquem aí hoje apenas com essa imagem.


Bom dia.

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HUMOR

(Nota do blogueiro: AUMENTA esse valor que ainda tá muito barato! 😎)
(30/08/2021)


"A rachadinha da gazela saltitante..." (@SalConservador)
(24/08/2021)


"O iludido se achando grandioso..." (@SalConservador)
(25/08/2021)


(26/08/2021)


"Charge de hoje: Fumaça da esquerdalha perto do Palácio do Planalto. #JindeltCartunista." (@PS_Jindelt_60)

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LEITURA RECOMENDADA

Leiam a obra de um filósofo original. Recomendo aqui pra vocês uma obra de entrada para o pensamento de Sir Roger Scruton. É um meio de nos lembrarmos de que a beleza, o culto ao belo, a arte do belo tem uma raíz filosófica histórica, e é afinal o que deveria permear o nosso imaginário, pois isso não só muda os nossos conceitos, mas também a forma como a sociedade é regida. Quem sabe, desta forma, não podemos ter um caminho de volta para que o homem moderno volte a cultuar a beleza da forma que ela merece ser cultuada em todos os âmbitos possíveis, pois se o mundo está feio do jeito que nós vemos, ou se as pessoas estão feias do jeito que nós vemos, é porque a nossa lente identificadora da beleza está embaçada. Desembace a sua com esta relevante obra.

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