Edição XII (Revista Terça Livre 102, opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na 
Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



GERAL

A beleza do matrimônio
(por Dom Fernando Arêas Rifan)


A intenção do Papa Francisco para esse mês de junho é “A beleza do matrimônio”, para que rezemos não só pelos casados, mas para os que se preparam para o matrimônio, para que o vejam com generosidade, fidelidade e paciência.

Ele assim começa a sua Exortação Apostólica Amoris Laetitia: “A ALEGRIA DO AMOR que se vive nas famílias é também o júbilo da Igreja. Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio ‘o desejo de família permanece vivo, especialmente entre os jovens, e isto incentiva a Igreja’. Como resposta a este anseio, o ‘anúncio cristão sobre a família é verdadeiramente uma boa notícia’”.

O Papa recorda que na família “se realiza aquele desígnio primordial que o próprio Cristo evoca com decisão: ‘Não lestes que o Criador, desde o princípio, fê-los homem e mulher?’ (Mt 19, 4). E retoma o mandato do livro do Gênesis: ‘Por esse motivo, o homem deixará o pai e a mãe, para se unir à sua mulher; e os dois serão uma só carne’ (Gn 2, 24)”.

E o matrimônio, nos recorda o Papa, vem ser a solução para dois problemas: o primeiro é a inquietação vivida pelo homem, que busca “uma auxiliar semelhante” (Gn 2, 18-20), “capaz de resolver esta solidão que o perturba e que não encontra remédio na proximidade dos animais e da criação inteira”. “Deste encontro, que cura a solidão, surge a geração e a família. Este é um segundo detalhe, que podemos evidenciar: Adão, que é também o homem de todos os tempos e de todas as regiões do nosso planeta, juntamente com a sua esposa, dá origem a uma nova família, como afirma Jesus citando o Gênesis: ‘Unir-se-á à sua mulher e serão os dois um só’ (Mt 19, 5; cf. Gn 2, 24)... Deste modo, evoca-se a união matrimonial não apenas na sua dimensão sexual e corpórea, mas também na sua doação voluntária de amor. O fruto desta união é ‘tornar-se uma só carne’, quer no abraço físico, quer na união dos corações e das vidas e, porventura, no filho que nascerá dos dois e, em si mesmo, há de levar as duas ‘carnes’, unindo-as genética e espiritualmente”.

Citando o Salmo, Francisco recorda a alegria que reina no lar: “Lá, dentro da casa onde o homem e a sua esposa estão sentados à mesa, aparecem os filhos que os acompanham ‘como rebentos de oliveira’ (Sl 128/127, 3), isto é, cheios de energia e vitalidade. Se os pais são como que os alicerces da casa, os filhos constituem as ‘pedras vivas’ da família (cf. 1Ped 2, 5) ... Os filhos são uma bênção do Senhor; o fruto das entranhas, uma verdadeira dádiva... A presença dos filhos é, em todo o caso, um sinal de plenitude da família na continuidade da mesma história de salvação, de geração em geração”.

“Cada família tem diante de si o ícone da família de Nazaré, com o seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos... Como Maria, são exortadas a viver, com coragem e serenidade, os desafios familiares tristes e entusiasmantes, e a guardar e meditar no coração as maravilhas de Deus (cf. Lc 2, 19.51)”.

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COMPORTAMENTO

Tamability
(por Paula Felix)

É um entendimento comum da modernidade dizer que a história sempre se repete, acompanhado ou não do corolário de que o primeiro evento seria uma tragédia e suas repetições, farsas. Um observador mais atento, ou menos guiado por chavões, percebe que as coisas não são bem assim, embora seja certo que reagimos mais ou menos da mesma forma diante de situações semelhantes, e que este sim é o motivo pelo qual estudar História muitas vezes permite entender o presente e até mesmo prenunciar o futuro. Eventualmente mesmo quando a história em questão não é exatamente a humana.

Há coisa de 30 mil anos, nossos antepassados levavam uma vida muito dura durante a última era glacial. Largas porções do hemisfério norte estavam congeladas e as faixas tropicais experimentavam a seca e a desertificação decorrentes do aprisionamento da água naquele gelo todo e da diminuição da quantidade de vapor que um ar menos quente pode suportar. Dadas estas condições, a agricultura, se existia, era uma tecnologia incipiente, e nossos ancestrais sobreviviam mesmo era da caça e da coleta. Evidentemente não éramos a única espécie a fazê-lo e, na verdade, não éramos nem de longe a mais bem adaptada para a função. Tempos difíceis.

Os lobos, por outro lado, estavam muito bem adaptados às condições do clima. Como os humanos, eles se organizavam socialmente em grupos familiares com hierarquia rígida e estrito controle da atividade sexual de seus membros. A alcateia caça junta, usando de estratégia, e protege seus membros mais fracos. Estas e outras características fizeram com que a espécie fosse amplamente distribuída na América, Ásia, Europa e África, ocupando posições de topo na cadeia alimentar, tendo no cardápio inclusive seres humanos.

Na velha e congelada Europa, houve um dia, porém, em que um lobo desgarrado, um filhote fraco rejeitado da alcateia, talvez, talvez impulsionado pela fome, resolveu buscar comida no lixo de uma matilha humana. Estudos genéticos realizados com raposas vermelhas na Rússia revelam que alguns animais possuem genes associados à "tamability", domesticabilidade, em tradução quase hippie de tão livre, que se traduzem em menos medo de se aproximar de humanos. A seleção destes genes pode, em poucas dezenas de gerações, determinar alterações dramáticas não apenas nos padrões de comportamento, mas nas janelas neurológicas de aprendizagem e mesmo na estrutura física dos animais, como posição de orelhas e cauda, tamanho de focinho e padrões de pelagem.

A matilha humana, sabe Deus porque, acolheu este Rômulo invertido, dando início a um dos mais bem sucedidos casos de cooperação entre nossa espécie e uma outra espécie qualquer. Os humanos abrigaram os lobos e compartilharam com eles os restos de sua comida. Os lobos, agora convertidos em cães, ajudavam os humanos na caça, na proteção do acampamento e, tempos depois, também na proteção de rebanhos. Ao longo do tempo, é claro, os cães passaram de cooperadores a propriedade: animais indesejáveis eram descartados, cruzamentos controlados foram feitos e raças foram desenvolvidas para trabalhos específicos. Quando a espécie humana experimentou enorme sucesso, tornando-se não exatamente um predador de topo, mas um construtor da própria cadeia alimentar, os cães compartilharam deste sucesso, tornando-se um dos animais mais bem sucedidos do planeta. O preço disso, porém, foi alto. Enquanto os cães se tornavam rottweilers para a guerra, pointers para a caça, border collies para pastoreio, huskies para tração, lulus para colos de madame e pugs para adolescentes brincarem de boneca, manejados e reproduzidos segundo a vontade humana e já incapazes de sobreviver na natureza por si próprios, os lobos seguiram sua dura rotina de caçar, cuidar da alcateia e viver no que restou de seus territórios originais, ferozes e livres.

Há algo nesta história que vemos se repetindo agora: humanos fracos demais para encarar as duras responsabilidades que a liberdade impõe buscam servilmente no Estado o alívio de suas vicissitudes, sustento, abrigo e direção. Mesmo agora, já é possível notar que estão dispostos a lhe ceder toda liberdade: obedecem sem questionar comandos de cuja elaboração não participaram, aceitam docilmente ser adestrados, entregam seus filhos para experimentos sociais e, agora, até farmacêuticos e aceitam que sua reprodução seja controlada sem ligar para a decorrência inevitável de que todo manejo de população passa pela eliminação dos indesejáveis. As massas de homens e mulheres fracos se tornaram pets dos donos do mundo. Por via torta, Plauto e Hobbes nunca tiveram tanta razão: homo lupus homini.

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A crítica construtiva
(por Brás Oscar)


Do meio corporativo às conversas na mesa de domingo, ela sempre está lá. Disfarçada de polidez e preocupação com a carreira, os sentimentos ou a vida alheia: a crítica construtiva. Você já deve ter recebido uma, ou pior, feito uma. Hoje eu vim aqui para te contar uma novidade: crítica construtiva não é uma crítica.

A palavra “crítica”, sempre áspera aos ouvidos, não é necessariamente algo ruim. A crítica literária, por exemplo, se ocupa em analisar e sintetizar as qualidades ou defeitos de uma obra ou autor. E no fim das contas, crítica é isso: a capacidade de analisar todos os aspectos do objeto criticado e sintetizar uma opinião que contenha um juízo; juízo este que é solicitado e valorizado no meio onde transita o objeto criticado.

Existem duas palavras-chaves na afirmação anterior: capacidade e opinião.

 - Capacidade pressupõe que o crítico seja capaz. Imagine que alguém publique um crítico de música que não é capaz de explicar história e teoria musical… difícil, não é? E essa capacidade do crítico é fruto de estudo e dedicação ao tema do objeto criticado, que ao longo do tempo angariou-lhe uma reputação em seu meio, de tal forma que as pessoas solicitam sua opinião: seus artigos e textos são publicados em jornais, sites especializados ou livros e são remunerados, porque eles – de fato – possuem valor.

- Opinião é aquela coisa que, como disse o Dirty Harry, é igual bunda: todo mundo tem. Entretanto, não é a bunda de todo mundo que sai na capa da Playboy do mês. Logo, assim como as bundas, há opiniões que são relevantes, e outras não. A opinião de uma crítica relevante é válida porque ela julga. Um juízo tem de ser sempre claro: ele inocenta ou condena. Uma crítica só poder ser positiva ou negativa, portanto.

Imagine alguém que não teve a opinião solicitada por ninguém, que não estudou seriamente por alguns anos o assunto em questão e a quem absolutamente ninguém daria uma nota de 3 Reais por seus palpites e impressões pessoais acerca das coisas. Esse alguém é o crítico construtivo, o picareta do mercado da crítica.

Então, como bom picareta, ele vai querer oferecer uma vantagem inexistente que, em tese, vem embutida num produto obviamente fraudulento: se você “comprar” a crítica dele, você terá a vantagem de poder “construir” algo melhor. É um produto 2 em1, critica e constrói. É como aceitar um manual de instruções de como construir uma casa de alguém que, no máximo, empilhou uns Legos na infância e se julga engenheiro.

Todo picareta quer alguma coisa em troca, e o crítico construtivo quer atenção. Ele quer ser alguém, quer o bônus de ter suas opiniões afagadas e levadas a sério sem o ônus de ter de estudar antes de emiti-las. Ele quer um pouquinho do holofote dado à pessoa que ele critica.

A tal crítica construtiva é sempre palpite pessoal, impressão figadal e um “tiquinho” assim de inveja sobre o trabalho alheio sem qualquer coisa mais intelectual que a sustente e, no fim das contas, resume-se a "eu não gostei disso, mas quero te dizer isso de uma maneira que pareça que sou alguém muito preocupado contigo e com teu trabalho”.

Só há um antídoto contra o veneno do crítico construtivo. Olhe-o no fundo dos olhos e diga:

- Eu tenho uma crítica construtiva para você. Você parece gostar e se dedicar muito em dar opiniões e conselhos. Já pensou então se você realmente começasse a estudar sobre os assuntos que você gosta de opinar? Seria o máximo! Suas opiniões seriam melhores do que são agora e  as pessoas até passariam a pedi-las, e você não precisaria mais ficar dando-as quando não foram solicitadas.

Você aceitaria pareceres e opiniões sobre seus processos judiciais do padeiro? Penso que não. Porque, independentemente daquilo que o caro Sr. Manuel acha ou deixe de achar sobre as suas tretas judiciais, ele não estudou os salamaleques e mandracarias do nebuloso Direito brasileiro.  Então, até quando você vai aceitar a maledicência alheia disfarçada de gentileza?

Críticas e opiniões legítimas devem ser aceitas, sim, mas, como preconizou Aristóteles, devemos levar em consideração a opinião dos sábios. Se você domina um assunto e alguém pede sua opinião, não se furte de, se necessário, ser claro e direto ao dizer o que está errado e por que está errado, sem fingimento de condescendência e sem afetação de piedade.

A ressalva mais importante é que se você recebeu uma crítica negativa de alguém que está à altura de criticá-lo, respire, aceite e interiorize que “verdade conhecida; verdade obedecida”.

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O Golem e a Guerra Cultural
(por Robson Oliveira)

Não é estranho que o relativismo epistemológico, reinante em praticamente todas as redações de jornais e cátedras universitárias do Brasil, tenha dado lugar tão rapidamente a um discurso pró-ciência? Não causa surpresa a você uma mudança tão brusca em tão pouco tempo? Se você não entende como a mídia, que antes defendia abertamente o relativismo e a inexistência da verdade, de repente começa a clamar pela ciência e pelo verdadeiro, você ainda não entendeu o que está acontecendo. E a razão de seu engano é que você está analisando o fenômeno com o critério errado.

A mudança no discurso da mídia, bem como a transformação do discurso de formadores de opinião e muitos professores, antes céticos ou relativistas, em francos defensores da verdade e da ciência só causa espanto se você procura achar o ponto de convergência na busca da verdade. Para quem sabe que a verdade não é uma questão de gosto ou utilitarismo, é no mínimo estranho céticos retintos se transformarem num átimo em cientificistas empedernidos. Ocorre que o motivo de tal conversão não é a verdade, mas a Guerra Cultural.

Não é que professores, jornalistas e artistas comunistas descobriram a verdade e, agora, defendem a ciência contra a mentira e o erro. Não, eles continuam comunistas – o que de “per se” testemunha seu apego ao erro e à mentira. Ademais, perceba que eles ainda defendem causas indefensáveis cientificamente, como a teoria de gênero (afinal, a ciência até hoje só consigna dois modos de sexo entre humanos sob os cromossomos XX e XY). O que ocorre então?

Ocorre que, de fato, não houve mudança alguma. A transformação, como costuma ser com este povo, é aparente, é fake. Com efeito, os formadores de opinião comunistas não abandonaram sua confiança e sua dependência do comunismo. A mudança no discurso e na narrativa sobre o que é importante na sociedade foi apenas uma adaptação, uma correção, para que a sociedade continue a caminhar para o socialismo, como eles desejam. O que importa é fazer avançar as pautas de comportamento, que favoreçam a implantação do comunismo na sociedade. E neste momento, algumas informações aparentemente científicas servem e, por isso, podem ser usadas em favor da causa.

Veja o caso do professor Carl Hart, 54 anos, professor de Psicologia na Universidade de Columbia e defensor do uso irrestrito de drogas ilícitas como caminho pessoal para felicidade. A divulgação desta hipótese do professor, sem peso na academia, acontece menos de sete dias depois de Marcelo Freixo defender o uso de doses “seguras” de crack para viciados. Travestindo sua opinião de alguma confiabilidade – buscada em professores como Carl Hart e professores afins – a esquerda e o jornalismo que o serve pretendem emprestar algum verniz de cientificidade para suas teses sociológicas descabidas. Daí a importância de o jornalismo “profissional” produzir matérias divulgando hipóteses irrazoáveis como se fossem científicas, ao passo que desacreditam verdadeiras pesquisas científicas, mas que atrapalham a narrativa comunista (como é o caso do sucesso no uso de ivermectina e cloroquina no tratamento precoce e imediato contra a Covid-19). Isto tudo tem método e segue uma teoria apresentada recentemente pelos autores Harry Collins e Trevor Pinch: a ciência se comporta como um Golem.

O Golem é um personagem da mitologia judaica. Ele é uma criatura poderosa, mas manipulável pelo homem. Na série de livros The Golem, os autores compararam o personagem a diversas áreas da prática científica: o Golem e a ciência, o Golem e a tecnologia, o Golem e a medicina. E faz algum sentido, na medida em que a ciência pode ser tutelada pelo homem, produzindo benefícios ou malefícios gigantescos, segundo o desejo de seu tutor. Eis a razão da ciência ser útil à Guerra Cultural neste momento, pois oferece aos incautos a impressão de que os absurdos divulgados por políticos, jornalistas e artistas socialistas estão do lado da verdade, verdade que – todos sabemos – acham que não existe e desprezam profundamente.

É preciso reconstruir desde os fundamentos a sociedade brasileira. E vai demorar. Mas um passo necessário é entender que o desprezo pela verdade integral, em todas as suas áreas, é caminho para desumanização e para a escravidão dos indivíduos, o sonho de todo comunista. Não dá para gritar “ciência, ciência, ciência” ao mesmo tempo em que defende a ideologia de gênero. Então, por favor, antes de acreditar no poder terapêutico da maconha ou na ineficácia da ivermectina, divulgada por “especialistas” ocultos, feche este jornaleco e invista em uma mídia alternativa, que defenda a verdade acima de tudo.

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Emoções cientificamente comprovadas
(por Lucas Campos)


Se há uma verdade irrefutável na existência humana é que o nosso comportamento se mostra extremamente complexo. É comum, no meio acadêmico e científico, adotar premissas inflexíveis para o debate sobre certo tema.

Existem dois aspectos importantíssimos que, por vezes, são tidos como superados. Nosso intelecto e nossas emoções ainda devem encontrar ocasião para o debate, principalmente nas relações políticas e nas manifestações culturais do indivíduo. Muitos mestres, doutores e cientistas constatam que o intelecto, por si só, é objetivo; é onde a ciência "joga em casa"; não há sombra de variação; é voltado para as descrições dos fatos, da lógica e da racionalidade. As emoções, em contrapartida, são subjetivas; resultam da somatização de comoções, sentimentos e imaginações inerentes ao homem. Portanto, devem ser subjugadas à cientificidade do intelecto.

Não é possível desejarmos algo objetivo sem fazer um recuo emocional e situarmos o intelecto na realidade, é verdade. Mas se retrocedemos, qual é a nossa motivação? Em nome de que abrimos mão de verdadeiras emoções? Se recuarmos demasiadamente, comprometemos a verdade e adulteramos a estrutura da realidade. Fazendo uma analogia com homens públicos, políticos, agentes institucionais ou cientistas, constatamos que, por suas práticas, querem menosprezar verdades ditas no calor da emoção; num momento de dor, perdas ou indignação, fruto de justas reações a transtornos causados, em boa parte, por estes entes que mexem com a coisa pública.

Menosprezar e diminuir a importância de características humanas não é saudável e serve, para quem o faz, de consolo para sua incapacidade, seja ela técnica ou cognitiva. Mas, evidentemente, os homens da ciência não deduzem que o ser humano, entre suas inúmeras variantes comportamentais observadas na realidade, pode apresentar algumas inadequações, teses paradoxais e, por conta do aspecto formal e científico, desprovido de todo e qualquer sentimento, defender que a soma de um mais um é igual a três. Ou seja, resguardam aberrações por não conterem extravagantes emoções que tal aberração poderia. Se o fazem por ignorância ou malícia não sabemos, mas certa feita disse Olavo de Carvalho: "Burrice e malícia são coisas diferentes, mas indissolúveis".

Ora, se a motivação é questionável, quais os medos? De perderem o chão? Seus privilégios? O monopólio da virtude e da "verdade"? O fingimento e a indiferença, então, seriam apenas autodefesas disponíveis no momento?

Se não temos todas as certezas, uma, ao menos, temos: se olham a realidade com esses óculos, cheio de jogos de impressões, indubitavelmente, não almejam serem vistos com as mesmas lentes que utilizam. Logo, a complexidade dos seres humanos é tão real quanto a mentalidade simplista, que reduz o debate à teoria cientificista, olvidando-se do empirismo característico da criação divina.

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GERAL


Internet: da anarquia ao controle total
(por Alexandre Costa)

"A democracia depende da liberdade de expressão. A liberdade de conexão, com qualquer aplicação, a qualquer parte, é a base social fundamental da Internet e, agora, da sociedade que nela se baseia." Tim Berners-Lee

Antes de receber o nome que usamos hoje, e antes mesmo de funcionar, a Internet surgiu como uma porta para um universo de infinitas possibilidades. Desde os primeiros insights de Paul Baran, da Rand Corporation, a possibilidade de conexão entre computadores atraiu a atenção de pessoas com perfil anárquico. Se por um lado o próprio Baran e seus colegas cientistas da computação tinham profundas ligações com poderosas instituições do deep state, no campo dos aficionados e primeiros usuários civis, em sua maioria nerds, e hippies atrelados ao mundo acadêmico, o sentimento era libertador, anticensura e antiburocrático.  

Após o sucesso de consolidação do projeto capitaneado pela Arpanet, houve uma divisão entre a rede militar e a rede aberta, civil. E daí em diante, a Internet ganhou aparente liberdade e independência. 

Hoje sabemos que tudo que transita pela Internet pode ser rastreado, mas naquele momento essa aparência de liberdade sem limites era bem convincente. Milhares de sites e milhões de usuários usufruíram desse privilégio por pouco mais de uma década.

Quem teve acesso à Internet no início dos anos 1990 deve lembrar que, mesmo com as dificuldades técnicas, não existia censura. Os buscadores de catálogo coletavam os endereços manualmente, o que elevava a qualidade e a precisão dos links, mas o trabalho braçal limitava o número de resultados alcançados.  

A liberdade (aparente), naquele momento, era total. 

Alguns grupos foram atraídos de imediato pela promessa de acesso universal ao conhecimento, pela liberdade, pelo fim da censura e, principalmente, pela possibilidade de mostrar o seu trabalho e fazer valer a sua voz – ou, como se diz atualmente, “produzir seu conteúdo”. Surgem então os sites pessoais, os fóruns, os blogs e as pessoas começam a juntar seus estudos, solucionar suas dúvidas e aprofundar seu conhecimento sobre assuntos pouco explorados ou, no máximo, reservados ao jornalismo ou à Academia. 

Esse clima que imperou no início da Internet aberta a usuários sem distinção criou uma aura de independência que atraía cada vez mais pessoas dispostas a aprender e contribuir com temas ausentes do debate público e contrários ao discurso oficial do establishment. Liberdade e subversão embalavam a rede que crescia vertiginosamente em conteúdo e colaborações.

Com o tempo, aquele universo caótico e anárquico por onde circulavam as informações foi se tornando um ambiente controlado. Pouco a pouco, o politicamente correto, o vitimismo, o coletivismo e a mentalidade burocrática foram diluindo as liberdades virtuais, limitando conteúdos e cerceando os usuários.

O advento das redes sociais deu voz ao cidadão comum, mas concentrou o fluxo de informações de forma avassaladora, tirando da Internet algumas de suas melhores características, como a diversidade, a profundidade e a complementaridade. 

Hoje temos poucas empresas recebendo a quase totalidade dos acessos dos usuários. As redes sociais concentram o maior percentual de tempo conectado, e cientes deste poder, as empresas direcionam a linha do tempo dos seus clientes, censuram suas postagens e penalizam seus “comportamentos impróprios de acordo com as regras da comunidade”. Isso sem falar na invasão de privacidade e comercialização ilegal de dados.  

A própria pesquisa está submetida à ação de algoritmos que podem definir a relevância de uma notícia ou uma fonte. Uma notícia indesejada pode aparecer entre os primeiros ou últimos resultados, uma busca por um autor pode entregar elogios ou críticas, e por meio de manipulação da linguagem e artimanhas neurolinguísticas, pode fomentar ou condenar uma ideia ou um movimento.  Tudo de acordo com o algoritmo, ou melhor, de acordo com as vontades de quem escreveu o algoritmo.

A concentração do tráfego reduziu significativamente o potencial da Internet. Todas as possibilidades de conhecimento sem censura oferecidas no seu início anárquico e caótico sucumbiram diante da superficialidade, da mentalidade burocrática e dos interesses megalomaníacos de meia dúzia de corporações a serviço do establishment.
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OPINIÃO DO AUTOR

A invenção da realidade absurda
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
22 de Junho de 2021


Vamos pensar aqui um pouquinho. Tem muita gente hoje que acha que pode enganar os próprios olhos e sentidos. Mas essas pessoas estão enganadas, e se pensam que vão poder manter esse comportamento por muito tempo, então devem imediatamente reavaliar os seus conceitos.

Como eu disse no artigo anterior, o mundo e as pessoas passam por um brutal processo de emburrecimento geral. E esse emburrecimento começa no exato momento que você decide relativizar a verdade e enganar os seus próprios olhos.

Um modo muito eficiente de se auto-emburrecer é negando aquilo que você vê na sua frente. Fazendo dessa forma, cada camada de realidade que você possui vai aos poucos sendo demolida, até você não conseguir mais se apoiar no real.

Vou dar um exemplo: você vê um sujeito que é visivelmente branco. Mas ele quer porque quer (por birra, ou porque recebeu lavagem cerebral na escolinha) que você o veja como negro. Você então, num processo de destruição da sua própria cognição, passa a ver o sujeito como negro. Pronto, lá se foi uma camada sua de realidade, e a partir desse ponto seu cérebro já não vai conseguir, com o hábito, diferenciar um sujeito branco de um negro. Já pensou no trabalho que isso vai dar na identificação visual de qualquer pessoa?

Outro exemplo: você vê um sujeito na sua frente que claramente parece um homem, e por essa razão, você o trata como homem. De repente, esse sujeito diz que acordou se sentindo uma mulher, e diz que quer ser tratado como tal. Você, bovinamente, e querendo parecer "simpático", o trata como mulher. Com o hábito, você já destrói aí mais um processo cognitivo de seu cérebro, e já não é mais possível pra você diferenciar um homem de uma mulher.

Percebe para onde isso está te levando? Está te levando à destruição sumária de todos os seus processos cognitivos. Se a coisa continuar assim, amanhã alguém chega pra você com uma bola vermelha, dizendo que é uma maçã e você acredita e morde. Depois pega cocô e diz que é chocolate, e você põe na boca sem reclamar. Não vai faltar muito para pegarem veneno, te darem na mão dizendo que é remédio e você tomar sem questionar coisa alguma. Ops!...

Já assistiu o filme O Primeiro Mentiroso? O filme se dá numa realidade paralela a nossa onde a mentira não existe, portanto tudo aquilo que as pessoas dizem deve ser a expressão da verdade. Um sujeito no filme, o protagonista, se vê numa situação difícil e aprende a mentir. Logo, ele consegue dominar a mídia e a opinião pública inteira com sua nova habilidade.

Se não assistiu esse filme, recomendo que assista. Mostra o que, na gíria, um cara com um olho só em uma terra de cegos é capaz de fazer.

E é justamente isso que esses comuno-globalistas que se acham os donos do mundo estão tentando fazer a nível global. Por isso que aqui no Ocidente a tal ideologia de gênero por exemplo, essa coisa nefasta de eliminar diferenças de sexo entre as pessoas se faz tão necessária para esses canalhas. Ao conseguirem destruir completamente a capacidade de diferenciação, e promover a dissociação cognitiva das pessoas, todos ficam facilmente influenciáveis e são dominados de forma muito mais fácil, pois já estão dóceis a essas sugestões.

A destruição e eliminação das palavras do vocabulário das pessoas se faz necessária pelos mesmos motivos. Nós precisamos de palavras para expressarmos aquilo que sentimos, as ideias que temos. Com um vocabulário limitado, as ideias ficam limitadas, e as liberdades vão se perdendo. Pessoas que perdem a capacidade de se expressarem ficam muito mais susceptíveis a aceitarem qualquer ideia que outros vão passar em suas cabeças. Nossos jovens são o maior exemplo disso. Perceba que ano após ano, década após década, as pessoas jovens dizem cada vez menos, e quando dizem, não há nada que se aproveite. Nós precisamos urgentemente ficarmos atentos a esses fatores, se não quisermos que as próximas gerações estejam totalmente à mercê de inteligências malignas e totalmente focadas em escravizar a mente e o corpo de nossos jovens. Ensine o que é certo para seus filhos, e não ligue para o que os outros vão pensar. É melhor uma pessoa sem um diploma na mão, mas que é um livre pensador que pode frutificar em boas obras, do que um diplomado escravo (inclusive nas ideias) de grandes oligarquias globalistas.

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HUMOR

(18/06/2021)


(18/06/2021)


"A velha imprensa como sempre muito "imparcial"...(contém ironia) Rolling on the floor laughingRolling on the floor laughingRolling on the floor laughing" (@SalConservador)
(20/06/2021)


"Os novos especialistas em medicina... Acompanhe nossas charges também no YouTube.
(22/06/2021)


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LEITURA RECOMENDADA

Hoje eu trago a vocês uma mistura de ficção, crônica e apologética Cristã. Este maravilhoso livro de C.S. Lewis trata do seguinte: no inferno, um diabo secretário e conselheiro aconselha seu sobrinho estagiário sobre como ele deve dominar as almas para ganhá-las para o chifrudo e tirá-las, obviamente, Daquele que chamam de "Inimigo"; você sabe Quem é. Esta é uma leitura da qual tirei muito proveito, pois me fez refletir sobre como o diabo age em nossas vidas, e como podemos ser melhores cristãos e não cair tanto nas armadilhas do encosto. Como podemos ficar mais perto de Deus. Aproveitem!


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