Edição XI (Revista Terça Livre 101, opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



CULTURAL

ENTREVISTA COM DIOGO FONTANA
(por Leônidas Pellegrini)


Muitos de nós, entre os quais inclui-se este que lhes escreve, já pertencemos ao “lado vermelho da força”. De tontos a cínicos, muitos já fomos esquerdistas e, de maneira militante ou passiva, já fomos movidos pelo pensamento revolucionário e, com as melhores ou piores intenções, já votamos 13 com toda a convicção.

Agora, imagine o leitor estar amarrado àquela realidade, talvez até o último dia de sua vida? Com a inteligência corrompida e a consciência embotada? E, ainda, sendo parte de um seleto grupo de privilegiados pelos anos de política patrimonialista e corporativista canhota, vivendo naquele universo de uma máfia legalizada, com supersalários, benefícios e privilégios de toda sorte? Imagine-se, enfim, um “petista de luxo”, como bem assinalou Bruna Torlay, tão agarrado ao seu credo ideológico e às benesses que um sistema corrompido lhe oferecem, que é incapaz de enxergar da realidade como ela é?

O escritor e editor Diogo Fontana, que conheceu algumas dessas figuras no meio acadêmico, soube retratá-las com maestria na galeria de personagens que compõe sua novela (como ele mesmo prefere definir) A Exemplar Família de Itamar Halbmann, publicada por sua editora, a Danúbio, em 2018, uma narrativa que se expandiu a partir de um conto, sob influência de Balzac, e que retrata o cotidiano de alguns membros da burguesia petista de Curitiba, mas que facilmente poderia ser de qualquer outra parte do Brasil, tal é a superficialidade e linearidade desses tipos sociais e nossa realidade. Uma história de (maus) costumes e (de)formação, com uma prosa ágil e divertida, que se revela um perfeito espelho de parte da realidade brasileira sobretudo nos “anos de ouro” do império canhoto.  

A seguir, você pode conferir uma entrevista exclusiva à revista Terça Livre, em que Diogo nos fala sobre sua formação como leitor e escritor, sua experiência como editor, mais detalhes e curiosidades sobre a elaboração de A Exemplar Família de Itamar Halbmann e os planos futuros para a Editora Danúbio e suas próximas publicações.

Terça Livre: Em primeiro lugar, gostaria que falasse para os nossos leitores quem é Diogo Fontana. Sua formação, inclusive como leitor e escritor, suas principais referências e influências etc.

Diogo Fontana: Acho engraçado esse negócio de formação. Formalmente, não tenho nenhuma. Larguei quatro faculdades em Curitiba, abandonei os cursos de Comércio Exterior, Informática, Administração e História. Fiz um pequeno tour pelas universidades curitibanas, incluindo a Federal, e em todos os lugares só encontrei picaretagem. Por isso, quando me perguntam qual a minha formação, eu logo respondo: Balzac, Machado de Assis, José Geraldo Vieira, Tolstoi, Camões, Flaubert, Dostoievski, etc. Precisa de mais?

Terça Livre: Fale um pouco sobre sua editora, a Danúbio, que tem publicado ótimas obras de gêneros diversos – nós aqui, inclusive, já entrevistamos dois de seus autores, Fabio Gonçalves e André Caetano Ghiggi da Silva. Qual é a história dela, suas propostas editoriais, seu funcionamento?

Diogo Fontana: A editora começou como uma livraria de rua, em Curitiba, em 2013. O lugar era um sucesso, mas um sucesso cultural, e não um sucesso comercial. Sabe o que é vender livro no Brasil... Na prática, o lugar vivia de café e empadinha, a cafeteria é que pagava as contas do estabelecimento. Mas foi um período muito bacana, conheci muita gente boa e inteligente. A livraria era um ponto de aglutinação dos olavetes de Curitiba. Isso na época em que o olavismo era tudo mato.

Em 2014 eu acabei vendendo o ponto comercial e me mudei pro litoral catarinense. Fui morar em Balneário Camboriú, aquela pequena Babilônia, mescla de Las Vegas com programa do Ratinho. Sem ter que abrir e fechar a lojinha todos os dias, eu consegui tempo para mudar o foco do negócio e, de livraria, passei a editora. O primeiro livro publicado foi A Vida é Traição, volume de contos do escritor paranaense Luiz Cezar de Araújo. Escritor, aliás, muito talentoso e cuja leitura eu recomendo.

A editora nasceu com três objetivos, basicamente: 1) publicar novos autores; 2) publicar no Brasil alguns dos milhares de livros que faltam em nossas prateleiras; 3) publicar a mim mesmo! Eu sabia que seria muito complicado me projetar como escritor se eu ficasse dependente das editoras disponíveis à época.

Terça Livre: Agora, gostaria que falasse um pouco sobre a gênese e o desenvolvimento do seu romance A Exemplar Família de Itamar Halbmann.

Diogo Fontana: Esse livro, que eu considero uma novela, pois não é robusto o suficiente para ser um romance, surgiu como conto. Eu estava escrevendo um conto ao redor de uma cena de panelaço. Era 2017 e o impeachment da Dilma ainda estava recente na memória. Eu achava aquele negócio de panelaço muito divertido e queria de alguma forma registrar na literatura. Acontece que o negócio cresceu, foi ganhando forma, quase que uma vida própria, e percebi que eu tinha material para um livrinho. E saiu, está aí, fiquei muito satisfeito.

Terça Livre: Na introdução de seu livro, você menciona a influência de Balzac em sua composição. Explique por que e como essa influência atuou na criação e no desenvolvimento da obra.

Diogo Fontana: Justamente quando eu esbocei o conto que acabou crescendo e virando o livro, eu havia me disposto a ler a obra completa de Balzac, a seguir aquela edição de 17 volumes da Editora Globo, organizada pelo Paulo Rónai. Então, eu estava me entupindo de Balzac, estava me intoxicando, lendo um livro atrás do outro. É claro que eu ainda não terminei esse esforço monumental de leitura, devo ter lido somente uns 25% das obras do Balzac. Mas o fato é que, com tanta leitura de Balzac, à época, foi impossível não me impregnar com o estilo do autor. E veio muito a calhar, porque o assunto da novela, o retrato dos hábitos burgueses de uma família curitibana, encaixou perfeitamente no molde narrativo balzaquiano. Acho que deu certo, funcionou.

Terça Livre: Seu romance é focado em personagens saídos do meio acadêmico brasileiro a partir da década de 70, em uma universidade federal. Quem já conviveu nesse meio, ou conhece algo a respeito, ao ler sua história, percebe o quão verossímil esses personagens se revelam ao longo da narrativa, um verdadeiro espelho da realidade. A mim mesmo, me pareceu que eles foram concebidos com grande facilidade. O que eu gostaria de saber é: como foi o processo de criação dessa galeria de personagens?

Diogo Fontana: Foi realmente fácil. Acho que na literatura vale aquela frase boba da série Arquivo X: “a verdade está lá fora”. E de fato está, para escrever basta observar, ter um olhar atento, um olhar que ultrapassa a camada de clichês e enxerga as coisas como elas de fato são. Para roubar outra expressão, agora do Nelson Rodrigues, é preciso mostrar “a vida como ela é”. Então, eu fui buscar na minha experiência de vida, nos meios sociais em que transitei, nas universidades, no cursinho pré-vestibular etc., o acervo de figuras que acabei trazendo para o livro. Na prática, foi apenas um trabalho de lembrar. Lembrar e descrever com a máxima precisão. Quase todos os personagens são inspirados em gente de verdade, muitas vezes são amálgamas, eu juntei um pouco de um, um pouco de outro, e formei uma pessoa fictícia mas perfeitamente possível de existir.

Terça Livre: Para terminar, gostaria que falasse um pouco mais sobre futuras publicações e planos da editora Danúbio, assim como produções suas, pois sei que você já tem algo no forno para breve.

Diogo Fontana: Tem um monte de coisa que eu gostaria de publicar. Infelizmente, nesses esforços editoriais, não dá para ter pressa de jeito nenhum. Então, os livros vão saindo homeopaticamente, gota a gota, numa escala de tempo quase geológica. Eu pretendo lançar mais uns quatro ou cinco livros ainda em 2021. Tem um livro do Jeffrey Nyquist, analista político americano, que fala sobre a revolução comunista nos Estados Unidos e que já está bem encaminhado. Deve sair em breve. Tem outro sobre Mário Ferreira dos Santos, escrito pelo professor Elvis Amsterdã, que deve sair também neste ano.

Já em relação aos meus escritos, estou escrevendo um romance. Está quase pronto. Mas o problema é que já faz quase dois anos que está quase pronto. Eu escrevo muito lentamente, sou maníaco com as revisões e com a escolha de palavras. Então, a coisa muitas vezes se torna um grande suplício e eu evito de todo modo ficar muito tempo sentado diante do computador. Mas vai sair, quero terminar de escrever nos próximos meses. Pelo menos já tem título, vai se chamar Se Houvesse um Homem Justo na Cidade. Os pequenos trechos que já mostrei para alguns amigos, como o Paulo Briguet, tiveram boa acolhida. Espero não decepcionar.

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BRASIL



O crepúsculo da grande imprensa
(por Alexandre Costa)

"No Inferno, cada um a seu modo, se envolverá na podridão em que viveu na Terra." Catarina de Sena

Há algum tempo venho tentando mostrar que a grande mídia deixou de ser veículo de informação e agora procura cumprir a função de formar opiniões e moldar comportamentos. Desta maneira, o jornalismo mainstream tem funcionado como porta-voz de um sistema que aumenta progressivamente o controle sobre os cidadãos e a repressão aos direitos individuais. Com a intenção de criar novos parâmetros civilizacionais, corporações midiáticas trabalham em sintonia com a burocracia estatal, com a elite financeira e com as oligarquias regionais e setoriais que sugam a seiva formada pelos impostos derivados do suor dos brasileiros.

O jornalismo praticado pela grande imprensa está profundamente comprometido com a construção de um ambiente de governança global, com leis e regulações que controlam condutas e palavras, iniciativas que enfraquecem as soberanias nacionais, limitam a liberdade de expressão e fortalecem o poder dos organismos internacionais e a hegemonia das megacorporações.

Também é necessário lembrar que a grande imprensa possui uma elevada responsabilidade pelo emburrecimento e pela vulgarização da sociedade brasileira, o que contribui para tornar a população mais dependente, mais suscetível à manipulação e mais dócil diante da intromissão nas suas decisões de foro privado.

Devido à sua relação umbilical com a indústria do entretenimento, com quem o jornalismo compõe o que podemos chamar de “mídia” (meio), não é possível negar a responsabilidade pelo baixo nível cultural produzido pelo cartel. Em um universo de novelas, programas de auditório, reality shows e outros lixos que distorcem e poluem o imaginário do seu público, rebaixar a qualidade do jornalismo torna-se um ato obrigatório, tendo em vista que o público será mais ou menos o mesmo. Essa é a constatação lógica: se uma empresa faz produtos que emburrecem o seu consumidor, não conseguirá segurar sua audiência com programas que exijam um maior preparo intelectual da sua audiência.

O atual estágio de degradação, no entanto, também traz outra questão angustiante.

A imprensa sempre teve o desejo de conduzir o debate público e durante décadas isso funcionou com perfeição, principalmente porque o jornalismo tradicional exibia uma homogeneidade que, embora pobre e entediante, parecia confirmar, dar veracidade e credibilidade uns aos outros. A aparente solidez do discurso, no entanto, era apenas reflexo desse referenciamento grupal e recíproco, como um monólogo em uma sala de espelhos. Com a chegada das redes sociais e o enfraquecimento da hegemonia cultural ditada pelas vozes do establishment, essa unanimidade mostrou-se como a sentença de Nelson Rodrigues: burra – ou, para ser mais preciso e atual, uma “unanimidade para conduzir burros”.

O crepúsculo[1] da imprensa tem ainda outro agravante. Com a perda da credibilidade e o aumento da percepção acerca desse novo papel do jornalismo, a relevância do seu discurso está sendo paulatinamente esvaziada e transferida para o território controlado pelas Big Techs, alimentando os monopólios e facilitando o controle sobre o fluxo de informações. Em outras palavras, o ocaso da imprensa tradicional, desacreditada e abandonada pelo público que começa a entender os seus interesses obscuros, favorece a concentração de poder nas mãos das gigantes do Vale do Silício.

Embora seja hoje vista hoje por boa parte da população como aética, corrupta e culturalmente perniciosa, a irrelevância da imprensa mainstream, que parece irreversível, não é motivo de comemoração.

A poderosa indústria da tecnologia, o grupo das gigantes que controlam o Big Data e a quase totalidade do tráfego de dados na rede e em toda a sociedade, além de trabalhar em sintonia com as Big Pharma e as Big Money, estão assimilando a função da imprensa e acumulando mais esses instrumentos de poder, submetendo o jornalismo aos interesses dos monopólios e tecendo a malha que vai criar o Cérebro Global[2], o Leviatã que deseja criar um novo mundo e um novo homem.

Para resumir ainda mais, podemos criar uma analogia “patológica”. Com a imprensa torpe que temos, ou tínhamos, era necessário acompanhar a evolução da doença cotidianamente, observar os seus sintomas, diagnosticar e combater suas consequências. Transferindo o controle da circulação das notícias a cargo dos mesmos monopólios que já controlam as permissões e proibições do debate público por meio das redes sociais, estaremos alimentando um tumor que tende à metástase, ou seja, estamos reduzindo os males de um diabetes e promovendo um câncer.

A queda deprimente e vertiginosa da imprensa tradicional nos livra do viés ideológico, dos agentes estupidificadores, da manipulação diária de notícias, das opiniões disfarçadas de dados... Também diminui o número de parasitas, o volume e o ritmo das mamadas no dinheiro público, mas ao mesmo tempo aproxima o futuro distópico que parece nos aguardar ali na frente.

[1] Por causa desses rebaixamentos culturais, o significado da palavra que forma o título deste texto foi cooptado pelo marketing best seller e blockbuster, mas aqui Crepúsculo é usado com o sentido das acepções indicadas no dicionário Michaellis: “Perda da força ou da importância; decadência, declínio, ruína”.

[2] Veja a 77ª Live de 5ª (27/09/2020) no canal Alexandre Costa, do YouTube.

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CULTURAL
O Apóstolo do Brasil
(por Dom Fernando Arêas Rifan)


Na última sexta-feira celebramos a Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, recordando o grande amor de Deus por nós. Jesus Cristo, Deus feito homem, tem um coração como o nosso, com todas as perfeições divinas e humanas, num coração perfeito. E esse amor nós vemos espelhado no coração dos santos, que se dedicaram a espalhar o amor de Deus pelo mundo.

Exemplo desse amor nós o temos no Apóstolo do Brasil, o grande missionário São José de Anchieta, falecido em 9 de junho de 1597, em Reritiba, hoje Anchieta/ES. Por isso, nesse dia, celebramos a sua memória.

São José de Anchieta nasceu na verdade em Tenerife, no arquipélago espanhol das Canárias, em 19 de março de 1534. Tendo recebido uma primorosa educação cristã em sua família, foi enviado a estudar em Coimbra, onde dividia o seu tempo entre o estudo e a oração. Sentindo-se chamado por Deus para a vida consagrada e desejando levar a luz do Evangelho aos que não o conheciam, entrou, aos 17 anos, na Companhia de Jesus, sociedade religiosa missionária recém-fundada por Santo Inácio de Loyola. Deus o provou com uma grave doença, com fraqueza e dores em todo o corpo, durante dois anos. Os superiores decidiram enviá-lo ao Brasil, na esperança de que o bom clima da terra lhe fizesse bem. Providência divina! Partiu de Lisboa em 1553, com 19 anos de idade, acompanhando o novo Governador Geral do Brasil, Duarte da Costa, e alguns outros jesuítas. 

Viveu aqui no Brasil dos 19 aos 63 anos, idade em que morreu, sendo ao longo desses 43 anos o verdadeiro “Apóstolo do Brasil”, participando da fundação de escolas, igrejas e cidades, liderando a catequese dos índios, aprendendo perfeitamente a língua deles e escrevendo a primeira gramática brasileira em tupi. É, junto com o Pe. Manuel da Nóbrega, o fundador da cidade de São Paulo, tendo estado também no Rio por ocasião da fundação da cidade, onde dirigiu o Colégio dos Jesuítas. Preparou alas da escola como enfermaria, criando a Santa Casa do Rio de Janeiro, sendo, além disso, diretor do Colégio dos Jesuítas em Vitória/ES.

Anchieta lutou para que o Brasil não ficasse dividido entre portugueses e franceses. Quando, apoiados pelos franceses, os Tamoios se rebelaram contra os portugueses, Anchieta se ofereceu como refém, enquanto Manuel da Nóbrega negociava a paz. Ficou cinco meses no cativeiro, resistindo à tentação contra a sua castidade, pois os índios ofereciam mulheres aos prisioneiros. Para manter a virtude, Anchieta fez uma promessa a Nossa Senhora de que escreveria um poema em sua homenagem: é o seu célebre “Poema da Virgem”, de 4.172 versos.

A pé ou de barco, Anchieta viajou pelo Brasil inaugurando missões, catequizando e instruindo os índios e colonos, consolidando, assim, o cristianismo e o sistema de ensino no país, fundando povoados, sendo o grande promotor da expansão e interiorização do país. Ele amou os pobres e sofredores, amenizando e curando seus males e foi solidário com os índios, ajudando-os conhecer e amar a Deus em sua própria língua e costumes. Sadia inculturação!
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Enquanto isso, no THINKSPOT...
(texto traduzido do inglês)

Observação de Camus do 948
(por Stephen Hicks)

Esse tipo psicológico é como uma erva daninha.

"Vivemos em um tempo que homens, levados pela mediocridade, ideologias ferozes, estão se acostumando a se envergonharem de tudo. Envergonhar-se de si mesmos, envergonhar-se de serem felizes, de amar e de criar.... Então temos que nos sentir culpados. Estamos sendo arrastados ante o confessionário secular, o pior de todos."
(Albert Camus).


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OPINIÃO DO AUTOR

Quando a vaca deixa de ser vaca, a escola deixa de ser escola e a realidade é que vai pro brejo.
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
15 de Junho de 2021


O que está acontecendo com o significado das palavras no Brasil e no mundo é que muitas palavras deixaram de ter o seu significado original no imaginário popular, passando a ter outro significado atribuido por algum canalha (ou grupo de canalhas) ou tendo seu verdadeiro sentido completamente esvaziado sem ter nada que preenchesse aquele vazio.

Vejam, uma coisa que vocês tem que entender é que toda palavra de um idioma é um composto de três elementos: signo, significado e significante. Aqui vai um exemplo a grosso modo de algo ensinado pelo professor Olavo em seu curso de Filosofia, para que você entenda bem rápido.

Signo é o que você vê no mundo concreto e palpável. Você por exemplo pode não saber definir uma vaca, mas você vê o animal na sua frente e sabe do que aquilo se trata. Esse é o signo.

Significado é justamente aquilo que é definição, ou seja, como eu defino aquele objeto concreto da realidade, a exemplo do "animal malhado, grande, com tetas e que dá leite quando se ordenha". Esse é o significado.

Finalmente, o significante é o conjunto de letras que formam a palavra que define, em uma estrutura só, curta e sem firulas, o que eu estou vendo. Exemplo: "vaca", ou em inglês, "cow". O significante pode mudar de acordo com o idioma, mas o resto permanece.

Ao dizer o significante "vaca", meu cérebro rapidamente junta todas aquelas características atribuidas a ele e me faz pensar em uma vaca.

Só que para uma pessoa da esquerda, enlameada de ideologia e politizada até a medula, vaca pode significar outra coisa. Pode por exemplo, significar aquele animal que dá leite para o rico da fazenda e o faz ter um mercado para comercializar o leite, promovendo a exploração do trabalho animal e com isso abusando da pobre vaquinha ou do pobre que não pode comprar o leite que ele vende.

A partir daí, você já entende a razão de tantas palavras como "fascista", "empoderar", "democracia", "homem", "família", "cristão" e por aí vai, começar a acionar mecanismos de defesa e ataque bizarros na cabeça torpe de um esquerdista que foi emburrecido pelo sistema educacional vigente que distorce tudo. Muitos deles ficaram tão imbecis, que são incapazes de invocar os significados certos para determinadas palavras, o que faz com que sejam imbecis até mesmo perigosos para a sociedade que vivem.

A educação é a base de tudo. Isso é ainda uma verdade. Mas não a educação da esquerda. O sistema educacional brasileiro precisa ser posto inteiramente abaixo para ser repensado por quem de fato quer o bem das nossas crianças. Ou isso acontece (nem que seja com o Homeschooling) ou teremos que ficar eternamente supervisionando se os nossos filhos e filhas não saíram da escola naquele dia aprendendo a usar a infame linguagem neutra.

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HUMOR

(14/06/2021)


""O Branquelo" - Conheça nosso canal no YouTube https://www.youtube.com/c/ChargesOSalConservador" (@SalConservador)
(9/6/2021)


"Enquanto isso..." (@SalConservador)
(12/6/2021)

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LEITURAS RECOMENDADAS

Hoje eu vou fazer uma recomendação extra, porque também sou leitor de quadrinhos e gosto de recomendar boas obras quando elas aparecem. Sendo assim, recomendo que você vá HOJE na loja da editora SuperPrumo, do meu querido Luciano Cunha, e faça a encomenda da edição DEFINITIVA de seu personagem mais famoso, o Doutrinador. Eu já li, e é uma das coisas mais sensacionais que eu vi surgir nos quadrinhos brasileiros atuais. Luciano Cunha é um artista conservador e sabe muito bem como expressar a realidade através de seu trabalho na nona arte. No caso do Doutrinador, alguns de vocês já devem ter tido um primeiro contato através do filme no cinema. Pois bem, agora leiam sobre esse fantástico personagem que luta contra a corrupção nas ótimas histórias que Cunha escreveu de 2013 a 2018.
E o livro de hoje...

Para quem quiser entender o picadeiro político que foi 2020 e que continua neste momento em 2021, Guilherme Fiuza é essencial! Leia, se indigne, mas também dê umas risadas pra não ficar doido. Apesar dos assuntos fortes, a apresentação de Fiuza é irresistível, e seus diálogos criativos são ótimos e bem contextualizados. 


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