Edição IX (Revista Terça Livre 99, Revista A Verdade 39, e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



Queria abrir essa edição com um pedido de desculpas, em nome de todos os brasileiros de bem, pelo péssimo e abominável tratamento que a doutora Nise Yamaguchi, uma profissional competentíssima e mulher digna, teve lá no Circo dos Vagabundos Contra o Povo, circo esse da torcida organizada a favor do vírus chinês. Foi algo vil de se ver, abjeto, nojento e condenável, e eu espero em Deus, do fundo do meu coração, que a excelente doutora, que tem salvo tantas vidas, possa nos desculpar por ter sido tão mal tratada, porque querendo ou não, naquele covil de vagabundos, estão nossos "representantes". Portanto, doutora Nise, aceite nossa humilde retratação! Abaixo, o ótimo Guilherme Fiuza expressa toda minha indignação, que creio ser a de muita gente também.


Feito isso, continuemos.

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COMPORTAMENTO


Crise e Controle
(por Alexandre Costa)


"Estamos diante da oportunidade para uma transformação global. Tudo o que precisamos é a grande crise certa para as nações não apenas aceitarem a Nova Ordem Mundial, mas implorarem por ela." David Rockefeller

Como vimos no artigo anterior, toda crise gera aumento e concentração de poder. 

O medo, a insegurança e a opressão da desordem amolecem a resistência e enfraquecem a defesa aos direitos naturais dos indivíduos. É da natureza humana reagir diante da instabilidade, daquilo que destoa do seu cotidiano, como o organismo do marinheiro amador que reage ao balanço do mar e põe pra fora o que ele comeu. O ambiente instável faz a pessoa buscar um porto-seguro, mesmo que seja preciso abrir mão de algumas prerrogativas do direito natural. A viagem, para o marinheiro da analogia, e os direitos, a liberdade e a privacidade para o povo, que se rende a oportunistas totalitários que instrumentalizam o pânico para alcançar seus objetivos.

Da mesma forma que o medo e o desejo pela reposição da ordem – sentimentos quase generalizados em meio a uma crise – abrem espaços para iniciativas abusivas, também permitem o avanço das técnicas de controle social em todas as áreas.

Dentre todas as implantações decorrentes da crise Covid19, podemos dividir em dois grupos, de acordo com as suas consequências mais prováveis.

No primeiro grupo encontram-se as decisões que retiram ou limitam direitos por meio de mudanças legislativas, os decretos dos poderes executivos de todas as instâncias, as regulamentações administrativas, as jurisprudências e as atitudes arbitrárias de pequenos e grandes tiranos.  

Um segundo grupo, mais diversificado, reúne as iniciativas que invadem a privacidade para estruturar uma rede que pretende coletar, classificar e usar as informações privadas para oferecer produtos e serviços adequados, mas que também permite acessar a movimentação financeira e o histórico de navegação na Internet, rastrear localização, monitorar comportamentos e controlar a circulação das notícias por meio de seleção de fontes. Neste grupo podemos destacar as tecnologias que, alinhadas com leis e decretos, ultrapassam a linha entre público e privado, e desta forma alcançam nosso espaço particular sem a nossa permissão expressa e consciente. 

Neste segundo grupo o foco é o controle. Controlar as condutas dos homens é o objetivo das tecnologias que, ao mesmo tempo, espiam e manipulam.   

A frase que ocupa o epíteto deste artigo, que já virou clichê, traz em sua essência a ideia de que a turbulência (desordem) causada por uma crise inicialmente permite o avanço de uma agenda destrutiva e, após o colapso, fornece as condições adequadas para a instalação de novos paradigmas (ordem). 

O autor do epíteto, membro proeminente de uma das famílias mais envolvidas no processo de construção desta nova sociedade, com esta nova ordem, também dizia com frequência que o mundo, na aurora do século XXI, já estava “preparado” para um governo global. “Preparado”, neste caso, pode ter o significado do sucesso na criação do ambiente de governança global por meio da cooptação das instituições, mas também pode significar “preparado” para aproveitar as circunstâncias oferecidas pela crise. Nesta interpretação, estar “preparado” seria possuir uma estratégia para agir assim que a crise aparecesse. 

Dada a agilidade e a profundidade da instrumentalização da Covid-1984, não é preciso muito raciocínio para deduzir a possibilidade – talvez probabilidade – da existência de iniciativas prontas, guardadas na gaveta, à espera de uma oportunidade para entrar em ação. Em outras palavras, aguardando a crise certa para expandir e aprofundar o controle necessário para a transição para uma nova sociedade. 

O verdadeiro poder é a capacidade de atingir seus objetivos por meio da ação de terceiros. Quanto maior, mais difícil e mais desafiador o alvo conquistado, maior a demonstração de poder. Também podemos dizer que o poder real torna-se evidente observando o aproveitamento das oportunidades oferecidas pela crise que ajudou a fomentar. O primeiro suspeito, em qualquer crise, sempre é aquele que lucra com ela. Nesse sentido, não é preciso possuir uma autoridade formal, delegada ou instituída oficialmente para ser poderoso. Basta conseguir que as coisas aconteçam e se resolvam de maneira a favorecer os seus interesses. Se estes forem contrários ao interesse coletivo, benéficos apenas para o próprio ou para o seu grupo, enfrentarão resistência e exigirão uma dose cada vez maior na “aplicação” do poder. 

Por isso, sempre será necessária uma posição hierárquica que possibilite a ingerência sobre agentes bem posicionados de forma a promover ou pelo menos defender determinados interesses. Sem comprar ou influenciar administradores, legisladores e julgadores e toda camarilha que os acompanha, fica dificílimo carregar bandeiras opostas ao clamor popular, aos seus desejos e valores.

Não é preciso explicar os casos que se enquadram na primeira hipótese, a da compra: a corrupção é proporcional ao materialismo e ao grau de diluição dos valores morais de uma sociedade.  A outra hipótese, a da influência, pode ser verificada na cultura que prepara o terreno para a condução da opinião pública e a para a formação dos grupos de pressão que vão clamar por atitudes governamentais. 

Estamos diante de um momento de transição, onde o conjunto dos acontecimentos parece confirmar que o controle sobre a população avança sem aparente resistência e, mais do que nunca, fortalece e concentra o poder real no mesmo instante que enfraquece os direitos individuais e, portanto, dilacera a individualidade. 

Alexandre Costa

Autor de “Introdução à Nova Ordem Mundial”, “Bem-vindo ao Hospício”, “O Brasil e a Nova Ordem Mundial”, “Fazendo Livros”, “O Novato”; e organizador do livro coletivo “As várias faces da Nova Ordem Mundial”, lançado em fevereiro de 2021.



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A noia da higiene
(por Paula Felix)

Domingo resolvi sair para caminhar com a Lola vestida na minha camiseta amarela de “Meu Partido é o Brasil”, não por reação às quasifestações promovidas ontem pela esquerda, mas porque desde as últimas manifestações do povo eu tinha deixado a bendita pendurada atrás da porta e queria terminar de sujar a fim de pô-la na máquina.

Ao sair, deparei-me com a vizinha tirando o lixo. Sua menina, de uns 7 anos, parada ao seu lado, de máscara - sim, de máscara dentro da própria casa - viu a cadela, de quem ela sempre gostou, e me perguntou, tímida, se podia tocá-la. Eu disse que sim e ela fez à mãe a mesma pergunta. Autorizada, passou a mão na cabeça da Lola pelo exíguo tempo de o elevador chegar. Entrei, mas ainda ouvi a vizinha dizendo à filha que corresse para lavar as mãos. Saí triste pelo olhar da menina, antes tão alegre e espevitada. Segui. 

Já estava há meia hora caminhando quando passei em frente ao Centro Espírita do bairro. Na borda da rua, de junto da sarjeta, uma mulher empurrava um carrinho de supermercado com lixo reciclável. Ela viu minha camiseta e comentou algo que não entendi direito, numa voz engazopada. Concordei por educação e segui andando, mas ela, emparelhando comigo, continuou puxando conversa. Dizia algo sobre os políticos só precisarem de povo em época de eleição.

Em se tratando do atual governo, eu discordo, mas julguei inútil dizer isso à mulher, e concordei novamente, agora diminuindo o passo a fim de não ser grosseira, visto que a mulher seguia puxando conversa. Notei seu aspecto: a pele escura, opaca e suja, o cabelo pixaim desgrenhado, os dentes podres, faltado os incisivos, a magreza extrema e a voz engrolada diziam crack.

Ela seguiu por um tempo ao meu lado, falando da morte do marido, catador na Estrutural. Primeiro disse que fora o vírus. Depois que não teve coragem de ir reconhecer o corpo no IML. As mentiras dos viciados ficam pouco tempo de pé. Pediu-me dinheiro pra comer, porém eu nunca levo dinheiro comigo quando desço com a cachorra. Como a rua terminasse e eu fosse seguir por uma trilha pela qual ela e seu carrinho com certeza não poderiam passar, perguntei-lhe onde ela estaria em uma hora, a fim de que eu pudesse encontrá-la e lhe dar a comida que me pedira. Ela apontou para o supermercado próximo e disse que ficaria por ali. 

Terminei a outra meia hora de caminhada até em casa, bebi uma água, peguei a lista de compras e fui de carro até o lugar. Chegando lá, encontrei a mulher, agora de máscara, com uma lata na mão, mendigando. Dei-lhe um valor em dinheiro equivalente a uma cesta básica e lhe disse que entrasse e comprasse o que quisesse. Ela me olhou, a voz bêbada balbuciando um Deus te abençoe, e me pediu algo inusitado: um abraço. Abracei a mulher, que chorava, me sentindo desconfortavelmente no centro da atenções, uma mulher sem máscara, com camiseta do Brasil, abraçando uma mendiga viciada na porta do supermercado em plena pandemia de aversão ao contato físico. Meu Deus! A mulher noiada percebeu o que a vizinha, o que a sociedade alucinada não consegue: é este contato que nos faz humanos.

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CULTURAL


Capital Federal
(por Leônidas Pellegrini)

A Gregório de Matos


Supremos juízes – urubus de capa – 
são corja que na Carta Magna trepa,
e amassa, e rasga, e queima, e, enfim, decepa,
e da ordem não fica a menor rapa. 

Em CPI sem nexo solapa
o Senado a República, e se increpa
de vagabundo a alcunha, mas se estrepa
é o povo, que das contas não escapa. 

No Congresso, onde a honra se dissipa,
empaca o probo, mas ladrão galopa,
e quem justiça almeja, o dedo chupa.

Este é o bolo fecal feito na tripa
da nossa Capital, que ora aqui topa
em apa, epa, ipa, opa, upa.

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Corpus Christi
(por Dom Fernando Arêas Rifan)

No dia 03/06 celebraremos com toda a Igreja a solenidade de Corpus Christi, isto é, do SS. Corpo e Sangue de Cristo, presente na Santíssima Eucaristia. 

Por que se dá tanta importância a esta solenidade? Porque “a Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.

A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo: isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra esta tornada presente pela ação litúrgica. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais” (C.I.C. nn.1407, 1409 e 1414). 

A Eucaristia, nas suas três dimensões, Sacrifício da Missa, Comunhão e Presença Real, “é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ela é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo...” (Direito Can. cân. 897). 

Esse tesouro de valor incalculável, a Santíssima Eucaristia, foi instituído por Jesus na Última Ceia, na Quinta-feira Santa. Mas, então, na Semana Santa, a Igreja estava ocupada com as dores da Paixão de Cristo. Por isso, na primeira quinta-feira livre depois do tempo pascal, ou seja, amanhã, a Igreja festeja com toda a solenidade Jesus Cristo, vivo e ressuscitado, presente sob as espécies de pão e vinho, na Hóstia Consagrada. 

Nesta solenidade do Corpo de Deus, dada a atual triste situação de pandemia e de violência, duas intenções se fazem necessárias: oração pelo fim dessa doença com a preservação da nossa saúde, com menção especial dos que estão na frente dessa batalha pela cura dos nossos irmãos, e a paz, nas consciências, nas famílias, nas cidades, no Brasil e no mundo. É o que nos pede o Papa Francisco: “Reconhecemos a necessidade de rezar constantemente pela paz, porque a oração protege o mundo e o ilumina. A paz é o nome de Deus”. A oração recorda que a verdadeira paz começa no coração de cada um. “Estamos indignados diante de tanta corrupção e violência que espalham morte e insegurança. Pedimos perdão e conversão. Pai misericordioso, nós vos pedimos pelo Brasil! Vivemos um momento triste, marcado por injustiças e violência. Necessitamos muito do vosso amor misericordioso, que nunca se cansa de perdoar, para nos ajudar a construir a justiça e a paz, em nosso país. Vosso Filho, Jesus, nos ensinou: ‘Pedi e recebereis’. Por isso, nós vos pedimos confiantes: fazei que nós, brasileiros e brasileiras, sejamos artesãos da paz, iluminados pela Palavra e alimentados pela Eucaristia. Vosso filho Jesus está no meio de nós, no Santíssimo Sacramento, trazendo-nos esperança e força para caminhar. A comunhão eucarística seja fonte de comunhão fraterna e de paz, em nossas comunidades, nas famílias e nas ruas. Seguindo o exemplo de Maria, queremos permanecer unidos a Jesus Cristo, que convosco vive, na unidade do Espírito Santo. Amém!”

Dom Fernando Arêas Rifan, bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney.

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REVISTA "A VERDADE" - Ed. 39, de 31/05/2021
(Uma publicação digital semanal do Jornal da Cidade Online)

OPINIÃO

“Ex-Fake News”: Erros de checadores demonstram absurdo da função
(por Cristian Derosa)

Nas últimas semanas, os checadores e grandes jornais do mundo tiveram que se desculpar por terem rotulado como fake e teorias conspiratórias a tese de que o vírus causador da COVID-19 teria se originado do laboratório de Wuhan. A admissão do erro veio de uma das primeiras agências de fact-checking, a Politifact, que é mantida pelo Instituto Poynter. Não se trata, portanto, de uma agência de pouca importância, já que o Poynter é o criador e mantenedor do International Fact-Checking Network (IFCN), certificador das principais agências do Brasil e do mundo, que atuam em parceria com o Facebook.

A admissão do erro pode finalmente esclarecer ao mundo o absurdo da função de “verificador da verdade”, uma atribuição digna de distopias totalitárias e seus caricatos comitês de censura, cuja função é apagar dos jornais, dos livros e da história, os fatos inconvenientes aos seus ditadores supostamente iluminados.

O Politfact emitiu nota no último dia 17, pedindo desculpas pela checagem que acabou por rotular a possível origem chinesa da COVID-19 como “falsa” ou “teoria da conspiração”. A nota do editor assume que o tema ainda está “em discussão” e que “removerão a checagem de sua base de dados, enquanto esperam novos desenvolvimentos” a respeito da origem chinesa na pandemia.

Na mesma semana, o Facebook anunciou que irá reverter a política de conteúdo em suas plataformas, permitindo que notícias e publicações sobre a origem da doença sejam publicadas em suas redes sociais. A mudança é de “180 graus”, afirmam especialistas, pois em fevereiro, “após consultar organizações de saúde, incluindo a OMS”, o Facebook declarou que iria censurar “afirmativas falsas” sobre a origem laboratorial do vírus.

O Facebook anunciou que:

“À luz de investigações em andamento sobre a origem da COVID-19, e consultando experts em saúde pública, nós não removeremos mais afirmações a respeito da origem laboratorial do vírus”.

Representantes do Twitter e YouTube recusaram-se a se manifestar a respeito de possíveis mudanças em suas políticas de censura. Algumas mudanças nestas plataformas influenciaram drasticamente a circulação de informação na internet, obtendo o efeito desejado: a aceitação da narrativa dominante sobre temas como origem do vírus, medicamentos para tratamento precoce para COVID-19 e vacinas.

O mais engraçado, porém, veio depois. Um colunista do New York Times admitiu que a mídia americana inteira (assim como a brasileira) classificou como fake news e teoria conspiratória a versão sobre a origem do vírus apenas, porque ela estava sendo propagada por Donald Trump e pela direita. Ou seja, eles admitem que precisam ostensivamente criticar e bater contra a versão dada por conservadores, seja qual for, e esteja ou não embasada em documentos e fatos reais, como de fato já estava. Assim, a mídia se negou a acreditar, fingindo imparcialidade e perseguindo quem divulgava essa mera possibilidade.

A pandemia trouxe diversos exemplos deste mesmo expediente. O negacionismo do tratamento precoce, como o combate a remédios baratos, como a hidroxicloroquina, também perpetrado por checadores, teve impulso ainda maior quando Bolsonaro resolveu defendê-lo abertamente. No início de 2021, o Facebook fez a mesma coisa que os checadores, após estudos comprovarem a eficácia do medicamento, retirando assim a censura que havia imposto a alguns usuários. Essa situação tende a se repetir em diversos temas.

De maneira geral, isso expõe o absurdo de uma verificação “em tempo real”, como foi proposta na CPI, quando o rótulo de fake news, como qualquer outro, tende a ser provisório e dependente da quantidade (ou qualidade) da informação disponível no momento. Em breve, veremos checadores interromperem uma frase para classificar a pessoa como mentirosa, com base no que a frase dizia até aquele ponto, recuando logo em seguida para criar o surreal rótulo da nossa pós-modernidade: a ex-fake news. Existe a verdade, a pós-verdade, mas estamos vendo o surgimento da pós-mentira e da ex-mentira. É tudo muito hilário, certamente, se não fosse, no fundo, profundamente perturbador.

Cristian Derosa é mestre em jornalismo pela UFSC. Autor dos livros "A transformação social: como a mídia de massa se tornou uma máquina de propaganda"(2016); "Fake News: quando os jornais fingem fazer jornalismo" (2018) e "Fanáticos por Poder: esquerda, globalistas, China e as reais ameaças por trás da Pandemia" (2020).

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Enquanto isso, no THINKSPOT...
(texto traduzido do inglês)

Além da Ordem | Ensaios bônus | Sobre a moralidade
(por Jordan Peterson)

Antigas e tradicionais discussões filosóficas sobre moralidade tendiam a tomar a moralidade como certa e a se concentrar na natureza das regras morais; tendia à discussão sobre quais atos eram e não eram morais. Muitos argumentos filosóficos modernos, particularmente desde a época de Friedrich Nietzsche, concentram-se em uma questão discutivelmente mais fundamental: existem quaisquer atos que sejam considerados com justiça moral? Esse é o análogo filosófico do problema da escolha delineado no início deste capítulo: vale a pena seguir algum caminho? Os filósofos franceses continentais da década de 1960, como Michel Foucault e Jacques Derrida, afirmam que moralidades são construções culturais arbitrárias, que não existe um quadro de referência superordenado que justifique qualquer caminho individual ou sistema social particular - e, por um truque de ilusionismo que eu não entendo exatamente, mas parece ter a ver com um profundo ressentimento e uma cegueira profundamente obstinada de que todo sistema de valores é, portanto, projetado apenas para servir aqueles “no poder” e oprimir todos os outros.

Essas idéias se apoderaram e dominaram os departamentos de humanidades das modernas universidades norte-americanas, bem como grande parte das ciências sociais. Isso apesar do fato de que a alegação de pura arbitrariedade é tão tola quanto fingir que todas as composições musicais são de igual beleza, que todos os atletas são igualmente habilidosos ou todos os dançarinos igualmente graciosos. Isso apesar do fato de que a alegação de motivação unicamente pelo poder exige que seus proponentes neguem que qualquer sistema que possa ter sido estabelecido para tratar de problemas reais e possa, portanto, valorizar uma coisa acima de outra por razões de necessidade ou habilidade. É como se o mundo natural, com todas as suas limitações, não existisse dentro de tais esquemas conceituais. As pessoas sofrem por outros motivos que não a opressão social. Nossas limitações estão embutidas. A natureza nos traz à existência, mas também nos devasta e nos destrói. Este problema existencial fundamental não pode ser atribuído apenas aos pés da insuficiência da estrutura social, que em parte está aí para proteger e servir (mal como poderia fazer as duas coisas, do ponto de vista do utópico). Uma hierarquia baseada na competência não é o mesmo que uma baseada na opressão. Sabemos perfeitamente que no Ocidente, pelo menos, a posição hierárquica depende, pelo menos em parte, da inteligência e da consciência, devidamente medidas. Isso parece bastante justo e também bastante apropriado, apesar da grande quantidade de aleatoriedade: em geral, pessoas inteligentes e trabalhadoras se saem melhor. A quem mais você gostaria de conceder autoridade, quando há problemas difíceis esperando para serem resolvidos? A quem mais você procuraria para fornecer soluções?

Além disso, até mesmo para fazer a pergunta "o que é moral?" racionalmente é deixar de prestar atenção, prematuramente, e, em conseqüência, voltar-se muito rapidamente para o pensamento. Devemos perguntar, em vez disso, onde prevalece a harmonia? Devemos olhar para lá e observar com atenção - e só então, começar a pensar. Você pode fazer isso com sua própria vida. Quando você está engajado e satisfeito, em seus minutos, horas, dias e semanas? Quando você entra na vida como se fosse importante e escapa da sua duvidosa autoconsciência? Quais são as pré-condições para a experiência do significado? Que situações provocam essa experiência? Você poderia assistir, discriminar e alterar suas ações, de modo que pudesse estar mais presente? Talvez o sentido da vida seja uma questão de descoberta e decisão. Talvez isso esteja natural e necessariamente aliado ao sacrifício, compromisso e disciplina - particularmente do tipo voluntário. Talvez você precise escolher algo a que se submeter para se tornar verdadeiramente livre. Você se torna mais corajoso e competente ao enfrentar o que teme, em relação aos seus objetivos; talvez você se torne mais profundo e mais livre submetendo-se radicalmente a uma sequência voluntária escolhida de mestres.


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ESPAÇO DO AUTOR

O "calça-apertada" de Ribeirão Preto

Lamento não estar tendo tempo de escrever ultimamente. Gostaria de estar tendo boas ideias. Estou pensando em algo que pode ser interessante, mas preciso de tempo para escrever. Fica para a edição que vem.

Fiquem hoje com o excelente comentário do jornalista e escritor Carlos Dias de 01/06/2021 no Boletim da Manhã do Terça Livre; Dias é comentarista, colunista e cronista do jornal conservador, e ele fala sobre a escapadela do prefeito de Ribeirão Preto para Dourados.

"O que se esperava de um prefeito ou de um governador do estado? Não é ir para Miami nem para Dourados. É estar junto com a população nesse momento de sofrimento e ver quais seriam as medidas que ele poderia tomar para amenizar essa dor. Mas não, ele ameniza a dor dele, vai beber em Dourados, vai namorar, e a população toda trancada, sem nenhuma condição de saída. Qualquer líder, deixando seus liderados nessa condição, é um covarde. O que precisa ser feito é ver o que essa Câmara de Vereadores irá fazer porque certamente é um crime. Você não pode, por exemplo, declarar o fechamento da cidade e não se autosubmeter ao seu próprio procedimento. A palavra está com a Câmara Municipal. Isso é matéria para IMPEACHMENT”.

Assista:

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HUMOR

(31/05/2021)


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LEITURA RECOMENDADA

Quer um resumo do que está acontecendo DE FATO no mundo? Corre lá ler o livro do Alexandre Costa que explica da forma mais simples possível. É de 2016, mas continua hoje mais atual do que nunca. Mas corre mesmo, que a Livraria Terça Livre está com promoção até dia 14 de Junho!


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