Edição LXXXIX (Terça Livre, Revista Esmeril 50, Revista Exílio, opinião e mais)

Tempo de Leitura LXXXIX

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo quinzenal de conteúdo com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
 


ANTES DE MAIS NADA, ESSA É A BANDEIRA QUE EU DEFENDO:
ESSE É O PAÍS QUE EU QUERO!


REVISTA ESMERIL 50

FILOSOFIA INTEGRAL | Morte em Dorian Gray (Fabio Blanco)

Moonwalker do Curupira (Vitor Marcolin)







Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA


Minhas redes:
    


18 de Dezembro de 2023
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 58 da Revista Terça Livre, de 18 de Agosto de 2020.

O site do Terça Livre mudou de endereço, passando a se chamar Academia Conservadora. As revistas históricas do Terça Livre já não se encontram mais disponíveis, pelo menos por enquanto, passando as matérias que posto a novamente serem veiculadas apenas usando meus pdfs pessoais. O jornalista Allan dos Santos garantiu que elas voltarão. Acessem e assinem o site, caso possam.

Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo. Os valores estão em dólares. Vale a pena, pois é um site de formação intelectual, algo imprescindível para a guerra de informação que lutamos no momento. 

Também o jornalista Allan dos Santos, através da plataforma SUBSTACK, fundou a Revista Exílio, para veiculação de artigos importantes, passando então o Terça Livre a estar resumido a seu perfil do Rumble (com o programa Guerra de Informação) e ao do Locals.


COMPORTAMENTO

👆 O momento demanda sensatez
(por Padre José Eduardo)


Tenho acompanhado o caso da menina de dez anos que foi violada por um parente e teve uma gravidez como resultado da violência sexual. A absurdidade da situação causa em todos nós uma justificada comoção, a qual pode, porém, ser usada de modo a obscurecer uma análise atenta e racional dos fatos.

Gostaria de chamar a atenção para alguns detalhes:

  1. O movimento que visa à expansão da prática do aborto adota como técnica retórica a sistemática invisibilização do bebê. E a razão disso foi explicitamente declarada pela então presidente das "Catholics for Choice", Frances Kissling, na entrevista que concedeu a Rebecca Sharpless em 2002, em Washington DC: "Quando você contrapõe um feto contra uma mulher, a mulher perde. Você sabe disso. Bebês contra mulheres, os bebês vencem".
  2. Ora, no caso concreto deste fim de semana, todo o noticiamento silenciou cuidadosamente o fato de que o bebê estava com 23 semanas de gestação, ou seja, quase seis meses. Tratava-se de um bebê já formado.
  3. Os objetivos deste silenciamento eram: fazer o aborto acontecer às pressas, através de uma autorização judicial, para conseguir-se um precedente; manter a opinião pública imobilizada ou confusa, concentrando todas as atenções sobre a violência sexual, fazendo apelo aos sentimentos de revolta da população; amordaçar todos os pró-vida como fanáticos, fundamentalistas, obscurantistas que querem apenas salvar a vida de um bebê, a despeito da vida da mãe.
  4. A força desta retórica está na invisibilização do bebê, mas também na mentalidade utilitarista que se conseguiu incutir na mente das pessoas, que pensam mais ou menos assim: "Como uma criança vai gestar uma criança? E esta menina, não vai para a escola? Quem vai cuidar do bebê?" São questões importantes, mas cuja solução ética é também exigente. Em outras palavras, todos nós temos muitos problemas que, por exemplo, se revolveriam com a eliminação de uma pessoa, mas esta não é a solução verdadeira, pois não se pode atropelar uma vida humana. Aqui, a afirmação de um aspecto (a vida do bebê) não equivale à negação do outro (a vida da mãe). Trata-se de um falso dilema. A verdadeira solução ética consistiria em salvar as duas vidas e fazer tudo que fosse humanamente possível para tornar as duas viáveis, coisa que é muito mais exigente e que demanda muito mais atenção.
  5. Do ponto de vista da justiça, a invisibilização do bebê constitui uma gravíssima iniquidade. Qualquer pessoa minimamente lúcida sabe que é errado condenar um inocente a qualquer pena (num Estado democrático, existe não apenas a presunção de inocência, como também o direito à ampla defesa). Quando falamos sobre a "pena de morte", então, a questão se torna imensamente mais delicada. Ora, quem não conseguirá perceber o absurdo horror que consiste em condenar um bebê inocente à pena de morte, sem que ele tenha feito nada de errado e sem possibilidade alguma de defesa? Será que alguém é incapaz de perceber o quanto isso é injusto? O verdadeiro culpado, o estuprador, deve ser duramente punido (se já não o foi), bem como os responsáveis pela criança (vale dizer, pelas duas crianças).
  6. Parece que o processo de aborto já foi iniciado com uma injeção de cloreto de potássio no coração do bebê (ao menos foi o que li na internet). A gestante corre riscos com o procedimento e, além do trauma da violência sexual e do aborto, pode ter sequelas graves em seu próprio corpo. Em outras palavras, em benefício do aborto, invibiliza-se não apenas o bebê, mas também são gerados os próprios malefícios do aborto na vida da mulher.
  7. Por fim, nós precisamos zelar pela nossa própria mente, pois, desgraçadamente, há todo um sistema de educação projetado para formar pessoas passivas à cultura da morte. Temos de vigiar sobre os nossos pensamentos, sentimentos, palavras, ações e omissões. As fundações interessadas em promover o aborto amam explorar casos de comoção pública não apenas para avançar em sua agenda de ampliação do aborto, mas também para nos encurralar psicologicamente, para nos fazer trair nossas convicções através de sentimentos contraditórios, para derrubar as nossas resistências intelectuais.

Tenha muito cuidado. Uma análise sincera e atenta da situação pode facilmente mostrar que, numa drama de tão grandes proporções, nenhuma solução é realmente isenta de dores, mas existe sempre um caminho mais justo e mais humano com todas as vidas em questão.

Em todo caso, rezemos por esta mãe, por este bebê, pelos pais e por todos, rezemos pedindo perdão a Deus por este grave e irreparável dano feito a uma vida inocente.

Que Deus tenha misericórdia de nós todos e nos ajude a combater a violência sexual, o aborto e todas as injustiças decorrentes disso tudo.
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Revista Exílio - 17 de Dezembro de 2023



GLOBALISMO E COMUNISMO











👆 Bill Gates grava vídeo em parceria com o "governo" Lula
(por Allan dos Santos)

O vídeo está no Instagram oficial de Bill Gates e do Ministério do Desenvolvimento


(TdL: as aspas são minhas)

Em um vídeo publicado sábado, 16, no Instagram, Bill Gates, figura ímpar entre os metacalistas e um dos maiores bilionários do mundo, em parceria com o Ministério do Desenvolvimento do Brasil, endossa e elogia o Sistema Único de Saúde (SUS) e o programa Bolsa Família. A produção, embora curta e direta, é uma resposta importante à indagação que mais incomoda os brasileiros: quem colocou Lula na presidência?

Em uma manobra que se desenrola sob os holofotes da política nacional, o governo de Luiz Inácio Lula da Silva, sob a bandeira do Partido dos Trabalhadores (PT), decidiu incorporar a vacinação contra a Covid-19 no calendário oficial para crianças. Esse movimento, característico da administração de esquerda, coincide curiosamente com o vídeo gravado por Bill Gates. Este episódio ilustra com precisão cirúrgica a estratégia do PT para ascender à presidência da república.

A máxima latina 'cui bono' - a quem beneficia - nunca pareceu tão apropriada. Com efeito, a Rússia, apesar de sua renomada habilidade em disseminar desinformação e propaganda, não possui recursos financeiros e influência suficientes para alterar o curso das eleições brasileiras. Por outro lado, a China, com seus abissais cofres estatais, poderia facilmente adquirir contratos de privatização através do Centrão no Congresso Nacional. Isso, sem enfrentar grandes obstáculos, mesmo nos ministérios sob a égide de Jair Bolsonaro, que, vamos encarar, não se destacaram por sua eficiência e sapiência, salvaguarda um ou outro ministro que sabia muito bem quem eram os globalistas e o perigo de uma aproximação com o bloco sino-soviético. No entanto, Bill Gates, em uma continuidade do governo Bolsonaro, dificilmente conseguiria avançar em pautas de relevância para os globalistas, especialmente as que dizem respeito à Amazônia (por causa dos militares) e a outras questões ambientais (por causa de Salles, por exemplo).

De fato, os militares de alta patente abriram o caminho para Lula, mas isso explica mais do que complica a compreensão do que significa a parceria Gates e PT. Alguém pagou caro e sabemos quem recebeu o valor oferecido para deixar que o povo fosse cruelmente encarcerado por Moraes.


Atualmente, o Brasil encontra-se na encruzilhada de três forças predominantes: o bloco sino-soviético, os globalistas e o Foro de São Paulo. Este último, mais do que um mero 'senhor', atua como um governo paralelo, com estratégias ardilosas para manter seu domínio político na América Latina. Incluí-lo como um terceiro elemento nesta análise é, portanto, imprescindível.

No Terça Livre, destaquei anteriormente a interferência de Joe Biden nas eleições americanas, fato que ganhou espaço até mesmo no programa de Tucker Carlson na Fox News à época. Agora, torna-se cada vez mais crucial desvendar a quem Lula está pagando sua dívida por ter adquirido, por todos os meios possíveis, o controle da máquina burocrática brasileira para garantir sua eleição. Seja através de fraude, propaganda, manipulação ou uso da força policial estatal.

Um dado incontestável é que a queda de Bolsonaro foi arquitetada pelos globalistas, e o recente vídeo de Bill Gates, elogiando o programa 
Bolsa Família, são peças fundamentais neste complexo quebra-cabeça político. Estes eventos fornecem as pistas necessárias para compreendermos, finalmente, o caminho trilhado por Lula até o pináculo do poder brasileiro.

Eis o motivo de Alckmin ser vice. Eis o motivo de FHC permitir que Alckmin, um dos homens mais fortes do PSDB, fosse para o PSB, cantasse o hino da Internacional Socialista e permitisse que o comunismo de Lula venha a público sem qualquer receio ou constrangimento.

Acompanhar o desenrolar das eleições presidenciais dos EUA no ano que vem é de extrema importância para completar as peças que faltam. Se os 
globalistas conseguirem impedir o retorno de Trump, significa que Lula poderá agir sem contratempos. Já uma vitória de Trump, fará Lula implorar aos chineses que venha em socorro do Foro de São Paulo, mas isso é assunto para um outro artigo.


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REVISTA ESMERIL - Ed. 50, de 29/11/2023 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


COLUNAS SEMANAIS

👆 FILOSOFIA INTEGRAL | Morte em Dorian Gray
(por Fabio Blanco - 6/12/2023)


Não há nada mais humano do que temer a morte. Por isso, os homens sempre sonharam com a possibilidade de vencê-la. A literatura, inclusive, explorou, várias vezes, esse tema, como em “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde.

O romance retrata a história de um jovem que, ao contemplar sua própria imagem em um quadro, apaixona-se por ela, de tal maneira, que deseja que sua beleza ali retratada nunca mais lhe abandone. E, inexplicavelmente, seu pedido é-lhe concedido. A partir daquele dia, não mais envelhece, mantendo sua formosura intacta – um encanto inalterável que passa a ser sua dádiva e sua maldição.

Mantendo-se fisicamente jovem, belo e cheio de energia, deleitava a todos com sua vivacidade e graça que não se apagavam. Permanecendo sexualmente atraente, após anos, ainda era capaz de conquistar mesmo gente bem mais jovem. Com sua mocidade preservada, manteve-se com um fulgor incansável, o que o fez buscar uma vida de prazeres e dispêndios. Dorian, então, foi acumulando experiências extremas e, com isso, muitos erros. Amontoou desvios, mentiras e toda sorte de crimes.

O acúmulo de transgressões tornou a vida de Dorian insuportável. Sua alma, a despeito de seu corpo juvenil, corroía-se. Os excessos lhe proporcionavam enfado e cansaço que, sem a perspectiva da morte, se transformaram numa verdadeira maldição.

Além disso, os contemporâneos de Dorian envelheciam e morriam e a nova geração era-lhe estranha, pois não compartilhava de sua forma de ver o mundo. Tornou-se então um solitário.

O romance de Wilde, na verdade, dá-nos uma outra perspectiva da morte. Passamos a vê-la não mais como um termo, mas como delimitadora do nosso lugar no tempo, identificando-nos e moldando o nosso caráter; também como solvedora dos nossos débitos, cessando com o desconforto que nos causa o acúmulo de infrações.

A obra nos ensina que, sem a morte, viveríamos como zumbis, vagando por aí com o insuportável peso dos nossos pecados, e nos faz entender que sua chegada, no tempo certo, está longe de ser um perda, mas se configura uma solução, no mínimo, evitando que sejamos corroídos pelos nossos erros, como a vida de Dorian Gray e seu quadro desnudado no fim do livro nos mostram.

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COLUNAS SEMANAIS




👆 Moonwalker do Curupira





(por Vitor Marcolin - 07/12/2023)

O trunfo do Brasil

Qual é a cor da sua pele? Se o leitor é brasileiro, provavelmente a pergunta soará ligeiramente estranha. É normal. Dentre as nações modernas — aquelas nascidas após o Renascimento, a partir do século XVI —, o Brasil é provavelmente a mais exótica. Chamado de Pindorama (Terra das Palmeiras) pelos indígenas, e depois batizada de Terra de Santa Cruz pelos cristãos lusitanos, o Brasil abrigou provavelmente o maior fenômeno sociológico da História: a miscigenação. Quando escreveu a letra do Hino Nacional, Joaquim Osório Duque-Estrada foi bastante feliz nas referências políticas e sociológicas na ode “fulguras, ó, Brasil, florão da América, iluminado ao sol do Novo Mundo”.  

E são dois os motivos de exotismo da flor brasileira: a Monarquia e a miscigenação. O país foi o único do Novo Mundo que, depois de conquistar sua independência política em relação à Europa, manteve — por quase 70 anos — a Monarquia Constitucional como forma de governo. A letra do Hino Nacional foi oficializada por Epitácio Pessoa no centenário da Independência, quando, evidentemente, já éramos uma República. No entanto, os versos não ofendem a memória do Império. Isso porque são otimistas em relação ao futuro e, sob diversos aspectos, realistas quanto ao passado: “Paz no futuro e glória no passado”. E quanto à realidade da miscigenação, o país criou um tipo especial de democracia: a “democracia racial”.  

O termo destacado faz referência aos ensaios de Gilberto Freyre, intelectual pernambucano que está para o Brasil o que Max Weber está para a Alemanha: Freyre é o pai da sociologia brasileira. Em seus livros, o sociólogo revelou a dinâmica das raças no território português na América. É bastante evidente para qualquer um que enxergue que no Brasil a mistura de raças não se constituiu, como na Europa e nos Estados Unidos, numa exceção a uma regra sagrada. Não. Aqui, desde o início do estabelecimento da civilização europeia, o branco, o negro e o índio casaram-se entre si, tiveram filhos mulatos, caboclos e cafuzos. E como a ação tem primazia sobre o discurso, na prática, no Brasil, a perseguição de tipo racial é tão verdadeira quanto o moonwalker do Curupira. 

A bem da verdade, existe uma narrativa que, construída por gente perfeitamente consciente do que quer, pretende inculcar na cabeça dos incautos a mentira do entrechoque de raças no Brasil. Pelo que me consta, sou descendente de quatro povos fundamentais: portugueses, indígenas, negros e italianos — os judeus ainda estão no campo das suspeitas. E eu nunca soube, por parte de quaisquer parentes próximos ou distantes, de conflitos em virtude da mistura de raças na família. Simplesmente não houve. Nós não usamos a cor da pele como premissa para reivindicações, vinganças ou gritos de “justiça social!”. Somos o que somos e as disposições em contrário não têm efeito.  

Gilberto Freyre tinha razão: o trunfo do Brasil é o mestiço. Mas no ambiente acadêmico e em grande parte da mídia vale o malogrado discurso do conflito, do “nós contra eles”. Isso é um grande erro. Aqueles que, desonestos, servem a essa narrativa não têm o mínimo interesse na união verdadeira da nação. Não. Ademais, hipocritamente importam modelos sociológicos da Europa e dos Estados Unidos — que não têm serventia para a realidade brasileira. O Brasil deu e dá certo todos os dias, quem não percebe deve estar assaz entretido com a visão dos mirabolantes passos do Curupira.

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Padre Paulo Ricardo - 27 de Novembro de 2023

LITERATURA | LITURGIA

👆“Dia da ira”: uma meditação sobre a morte e o juízo
(por Equipe Christo Nihil Præponere)



Temperando o tema da morte e do juízo com belas orações e uma expressão de grande confiança na misericórdia de Deus, o hino medieval “Dies iræ” continua a ser, por sua linguagem, métrica e música, o mais majestoso de todos os poemas cristãos.

Juxta est dies Domini magnus; juxta est, et velox nimis; vox diei Domini amara, tribulabitur ibi fortis. Dies irae dies illa, dies tribulationis et angustiæ, dies calamitatis et miseriæ, dies tenebrarum et caliginis, dies nebulæ et turbinis, dies tubæ et clangoris super civitates munitas, et super angulos excelsos. — Eis que se aproxima o grande dia do Senhor! Ele se aproxima rapidamente. Terrível é o ruído que faz o dia do Senhor; o mais forte soltará gritos de amargura nesse dia. Esse dia será um dia de ira, dia de angústia e de aflição, dia de ruína e de devastação; dia de trevas e escuridão, dia de nuvens e de névoas espessas, dia de trombeta e de alarme, contra as cidades fortes e as torres elevadas (Sf 1, 14-16). 

Da nobre linguagem dessa passagem da Vulgata surgiram o Responsório Libera me, Domine, de morte æterna, os hinos abecedários Apparebit repentina dies magna Domini (de origem primitiva) e Altus prosator (de São Columba), bem como muitos outros hinos posteriores e de qualidade diversa [i].

Porém, o mais famoso dos seus derivados é o Dies iræ, cuja linguagem, métrica e música se conjugam para torná-lo o mais majestoso de todos os hinos.

Para além de recorrerem a Sofonias, os poetas recorrem a outras partes do Antigo Testamento, à Segunda Carta de São Pedro e, sobretudo, aos Evangelhos. Deste modo, o autor do Apparebit repentina dies magna Domini recorre tanto a São Mateus como a Sofonias, embora a noção de imprevisibilidade do último dia se encontre também no profeta: consummationem cum festinatione faciet cunctis habitantibus terræ — “aniquilará de repente toda a população da terra” (Sf 1, 18).

Em primeiro lugar, o autor do Dies iræ se apoiou nessas passagens da Escritura, mas parece ter recorrido também a alguns poemas já existentes sobre o mesmo tema, pois as semelhanças verbais são, por vezes, muito notáveis. A unidade que o escritor alcança em seu poema pode ser explicada, por um lado, pela simplicidade e nobreza de sua linguagem e, por outro, pela nota pessoal que é a marca da tradição franciscana (nota que aparece também no Stabat Mater, de Jacopone de Todi) [ii]. Portanto, parece que devemos procurar o autor do Dies iræ entre os franciscanos ou entre aqueles que têm mais contato com a tradição deles; e até agora a única pessoa sugerida que preenche esses requisitos é Tomás de Celano (1200–1260) — o qual foi, além de tudo, biógrafo de São Francisco de Assis [iii].

Até a reforma litúrgica que se seguiu ao Concílio Vaticano II, o Dies iræ era usado como Sequência nas Missas de Réquiem, razão pela qual foi adaptado com o acréscimo dos últimos seis versos:

[1] Dies iræ, dies illa
Solvet sæclum in favilla,
Teste David cum Sibylla.

1. Dia de ira, aquele dia,
será tudo cinza fria:
diz Davi, diz a Sibila.

[2] Quantus tremor est futurus,
Quando judex est venturus
Cuncta stricte discussurus.

2. Que temor será causado,
quando o Juiz tiver chegado,
para tudo examinar!

[3] Tuba mirum spargens sonum
Per sepulcra regionum
Coget omnes ante thronum.

3. Correrão todos ao trono
quando, em meio ao eterno sono,
a trombeta ressoar.

[4] Mors stupebit et natura,
Cum resurget creatura
Judicanti responsura.

4. Morte e mundo se espantam,
criaturas se levantam
e ao Juiz responderão.

[5] Liber scriptus proferetur
In quo totum continetur
Unde mundus judicetur.

5. Vai um livro ser trazido,
no qual tudo está contido,
onde o mundo está julgado.

[6] Judex ergo cum sedebit,
Quidquid latet apparebit;
Nil inultum remanebit.

6. Quando o Cristo se sentar,
o escondido vai brilhar,
nada vai ficar impune.

[7] Quid sum miser tunc dicturus?
Quem patronum rogaturus? —
Cum vix justus sit securus.

7. Eu, tão pobre, que farei?
Que patrono chamarei?
Nem o justo está seguro.

[8] Rex tremendæ majestatis,
Qui salvandos salvas gratis,
Salva me, fons pietatis.

8. Rei tremendo em majestade,
que salvais só por piedade,
me salvai, fonte de graça.

[9] Recordare, Jesu pie,
Quod sum causa tuæ viæ,
Ne me perdas illa die. 

9. Recordai, ó bom Jesus,
que por mim fostes à Cruz,
nesse dia me guardai.

[10] Quærens me sedisti lassus;
Redemisti, crucem passus;
Tantus labor non sit cassus.

10. A buscar-me, vos cansastes,
pela cruz me resgatastes,
tanta dor não seja vã.

[11] Juste judex ultionis,
Donum fac remissionis
Ante diem rationis.

11. Juiz justo no castigo,
sede bom para comigo,
perdoai-me nesse dia.

[12] Ingemisco tamquam reus,
Culpa rubet vultus meus;
Supplicanti parce, Deus. 

12. Pela culpa, se enrubesce
o meu rosto; ouvi a prece
e poupai-me, justo Deus.

[13] Qui Mariam absolvisti
Et latronem exaudisti,
Mihi quoque spem dedisti. 

13. A Maria perdoando
e ao ladrão, na cruz, salvando,
vós me destes esperança.

[14] Preces meæ non sunt dignæ,
Sed tu bonus fac benigne
Ne perenni cremer igne.

14. Meu pedido não é digno,
mas, Senhor, vós sois benigno
não me queime o fogo eterno.

[15] Inter oves locum præsta
Et ab hædis me sequestra,
Statuens in parte dextra.

15. No rebanho dai-me abrigo,
arrancai-me do inimigo,
colocai-me à vossa destra.

[16] Confutatis maledictis,
Flammis acribus addictis,
Voca me cum benedictis.

16. Quando forem os malditos
para o fogo eterno, aflitos,
entre os vossos acolhei-me.

[17] Oro supplex et acclinis,
Cor contritum quasi cinis;
Gere curam mei finis.

17. Dum espírito contrito
escutai, Senhor, o grito:
tomai conta do meu fim.

[18] Lacrimosa dies illa
Qua resurget ex favilla
Judicandus homo reus:

18. Lacrimoso aquele dia,
quando em meio à cinza fria
levantar-se o homem réu.

Huic ergo parce Deus.
[19] Pie Jesu Domine,
Dona eis requiem.

Libertai-o, Deus do céu!
19. Bom Pastor, Jesus piedoso,
dai-lhe prêmio, paz, repouso.

Alguns lamentavam a sua inclusão no Réquiem, alegando que a tônica da Missa era a paz, a alegria e a luz, enquanto a sequência dava uma nota dissonante de tristeza e medo. Outros consideravam-na apropriada: o hino tempera o tema da morte e do juízo com belas orações e uma expressão de grande confiança na misericórdia de Deus.

Seja como for, o Dies iræ não está mais presente na Missa dos defuntos, nem em Missa alguma. 

Com exceção dos últimos versos, o poema é uma pia meditatio sobre a morte e o juízo. Segundo a opinião comum, foi utilizado pela primeira vez na liturgia do 1.º Domingo do Advento, embora já se tenha sugerido que era um tropo do Responsório Libera me, Domine. Há certamente algum parentesco musical entre os dois. É muito apropriado para o Advento ou mesmo no final do ano litúrgico, quando a Igreja está pensando também na vinda de Nosso Senhor como juiz (cf. estrofe 12). (Não sem razão tornou-se uma opção ad libitum de hino para a 34.ª e última semana do Tempo Comum, na atual Liturgia das Horas.)

O esquema do Dies iræ é muito simples. Os seis primeiros versos descrevem o juízo, com o poeta entrando na cena do juízo no sétimo verso e perguntando quem o poderá ajudar naquele momento. Como ninguém pode fazê-lo, uma vez que todos serão julgados, é agora o momento de nos prepararmos para esse dia. Ele reza a Nosso Senhor, que aparecerá então como o Rex tremendæ majestatis, mas que é agora uma fons pietatis para a humanidade. A primeira razão para a misericórdia é a Encarnação — quod sum causa tuæ viæ — associada aos trabalhos e à morte de Cristo — tantus labor non sit cassus. A outra é o arrependimento do pecador — Ingemisco tamquam reus… mihi quoque spem dedisti. Os versos Juste judex e Preces meæ são as orações que encerram cada uma das seções. Graças à misericórdia de Deus para com ele, o poeta espera unir-se a Deus quando o julgamento terminar (estrofes 15 e 16). O último verso (da estrofe 17) é o clamor de humilde esperança que resume todo o hino — Gere curam mei finis.

Seguem, abaixo, um vídeo do Padre Paulo Ricardo comentando o Dies iræ de Mozart, e observações adicionais sobre alguns versos de seu texto:

(TdL: vídeo interno do site do Padre Paulo Ricardo, clique abaixo e vá para essa ilustração para assistir.)

[1] Dies illa: tais palavras são, para o profeta Sofonias (1, 15) e para o poeta, o verdadeiro assunto, estando elas em aposição no poema. Solvet: “Todavia, como um ladrão, virá o dia do Senhor, no qual passarão os céus com grande estrondo, e os elementos com o calor se dissolverão (solventur) e a terra como as obras que há nela será consumida” (2Pd 3, 10). Cf. também o versículo 12, segundo o qual naquele dia “os céus, ardendo, se desfarão (solventur)”. Favilla, æ: cinza quente, cinza, brasa. David é tomado como representante da Revelação, em ambos os Testamentos. Embora a primeira referência seja provavelmente a Sofonias, a expressão solvet in favilla é tão reminiscente de 2Pd 3, 10 que alguns (de modo bem desnecessário) sugeriram a troca de Teste David por Teste PetroSibylla representa a religião natural. Uma repulsa por colocar a Sibila juntamente com Davi levou à linha alternativa: Crucis expandens vexilla — “Expandindo o estandarte da Cruz”, em referência a Mt 24, 30: “Então aparecerá o sinal do Filho do homem no céu”. Todavia, tal linha está em claro descompasso com o restante do poema. 

[2] Tremor: referência a Lc 21, 26: “As virtudes dos céus se abalarão (movebuntur)”. Stricte: de modo estrito, minucioso. Discussurus: futuro de discutio, examinar, investigar.

[3] Tuba: referência a Sf 1, 16: “dia de trombeta”; e a Mt 24, 31: “[O Filho do homem] mandará os seus anjos com poderosas trombetas”

[4] Mors stupebit et natura: “O mar deu os mortos que estavam nele, a morte e o Hades deram (também) os mortos que estavam neles, e fez-se juízo de cada um segundo as suas obras” (Ap 20, 13).

[5] Liber: “E vi os mortos, grandes e pequenos, de pé diante do trono. Foram abertos livros; e foi aberto um outro livro, que é o da vida; e foram julgados os mortos pelas coisas que estavam escritas nos livros, segundo as suas obras” (Ap 20, 12). Cf. também Ml 3, 16-18.

[6] Sedebit: provavelmente se deveria ler censebit aqui, futuro de censeo, avaliar, julgar, estimar (os atos dos homens).

[7] Patronum: advogado, conselheiro. O tempo de merecer terá passado, e como serão todos julgados, ninguém estará livre para defender ninguém; e até o justo se verá em dificuldade. Vix: “Se o justo a custo (vix) será salvo, o que acontecerá ao ímpio e ao pecador?” (1Pd 4, 18).

[8] Rex tremendæ majestatis remonta aos seis primeiros versos, enquanto as palavras fons pietatis preparam o restante do poema, sendo imediatamente seguidas de Jesu pie.

[9] Viæ, “via” ou “caminho”. Assim, viajor, viandante, é aquele que percorre uma “via”, isto é, uma viagem ou peregrinação. Referência à Encarnação de Jesus e à sua vida na terra.

[10] Sedisti lassus: referência a Jo 4, 6: “Fatigado da viagem, Jesus sentou-se sobre a borda do poço”. Santo Agostinho comenta: Tibi fatigatus est ab itinere Jesus — “Por causa de ti fatigou-se Jesus do caminho”. Daí dizer o poeta: Quærens me

[11] Rationis: referência a Mt 12, 36: “Ora eu digo-vos que de qualquer palavra ociosa que tiverem proferido os homens, darão conta (reddent rationem) dela no dia do juízo”. Diem rationis seria, portanto, o “dia do acerto de contas”. Cf. também Rm 14, 12: “Cada um de nós dará conta (rationem) de si a Deus”.

[16] Confutatis: refutados, silenciados. Nenhuma resposta mais será possível aos condenados quando ouvirem: “Todas as vezes que o não fizestes a um destes mais pequeninos, a mim o não fizestes” (Mt 25, 45). A esses maledicti, “malditos”, como os chama o próprio Jesus (v. 41), só restará o “suplício eterno” (v. 46). 

[17] Esta oração final retoma o termo fons pietatis, dirigido a Jesus, e o arrependimento do pecador, nas estrofes 12 e 13. Supplex: suplicante; acclinis: inclinado, em completa submissão. Cor… cinis: aparentemente, a ideia é que os desejos maus e pecaminosos do coração são reduzidos ao pó, queimados pela contrição, até que nada reste deles senão cinzas. Cinis faz ecoar, também a palavra favilla, da primeira estrofe.

[18] Ex favilla: As cinzas aparecem de novo, como pó do qual o homem ressuscitará no fim dos tempos, mas também numa referência à primeira estrofe, quando tudo se fará em cinzas.

Referências

  • A maior parte deste texto foi traduzida de: Joseph Connelly, Hymns of the Roman Liturgy. Birmingham, 1954, pp. 253ss, com omissões e adaptações passim.

Notas

  1. Os hinos abecedários foram pensados com cada verso ou estrofe de sua estrutura tendo por início as letras do alfabeto, uma a uma e na ordem. Outro exemplo desta composição é o hino A solis ortus cardine, do poeta Célio Sedúlio, que conta a vida de Cristo em 23 estrofes. Das primeiras estrofes desse belo poema foram extraídos os hinos presentes nos ofícios litúrgicos do Natal e da Epifania. (Obviamente, para apreciar melhor essas pérolas, é preciso ir aos textos latinos originais.)
  2. Ou seja, o uso frequente de verbos e pronomes da 1.ª pessoa do singular, como na estrofe 9 do Stabat MaterEia, Mater, fons amóris, / me sentíre vim dolóris / fac, ut tecum lúgeam. — “Eia, Mãe, fonte de amor, / faz-me sentir a força da dor / para estar de luto contigo”.
  3. Podemos excluir imediatamente a hipótese de São Gregório Magno como seu autor. O caso de São Bernardo seria plausível (os franciscanos herdaram e popularizaram muitas características do monge de Claraval), mas, admitamos, o poema é demasiado austero para São Bernardo — além do fato de só ter ficado conhecido no século XIII. E é muito improvável que um poema deste gênero, se fosse realmente obra de alguém tão conhecido como Bernardo, ficasse, literalmente, sem ser cantado por um século.

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👆 OLAVO DE CARVALHO



Feliz Natal, queiram ou não

(Publicado originalmente no jornal Diário do Comércio, em 23 de Dezembro de 2013, disponível no site do professor)


Diário do Comércio
, 23 de dezembro de 2013

Por mais que me esforce, não consigo imaginar como se faz para desejar “Feliz Natal” contra alguém. Mesmo que estejamos nos dirigindo a um cidadão que rejeita o nosso Cristo com todas as suas forças, o que lhe ensejamos com essas palavras, já que ele não quer os benefícios da vida futura, é que pelo menos desfrute de alguma paz e bem-estar na sua casa enquanto, na nossa, celebramos o Advento do Salvador sem incomodá-lo no mais mínimo que seja e até pensando alguma coisa em seu favor durante as nossas orações. No entanto, de uns tempos para cá um vasto grupo de ateístas militantes, escorado em organizações bilionárias e no apoio da grande mídia, decidiu fingir que se sente mortalmente ofendido quando assim o cumprimentamos. Quando em vez disso um deles nos diz “Boas Festas”, o sentido da sua mensagem é claro: “Vá para o diabo com o seu Natal, o seu Cristo e toda a sua maldita religião. Esconda-a, pratique-a nas catacumbas mas tire essa coisa hedionda da minha frente.” Subentende-se que, saudados com tamanha gentileza, devemos retribuir desejando para o nosso interlocutor uma pletora de bens deste mundo e total despreocupação quanto à existência do outro. Se em vez disso você insiste em responder com “Feliz Natal”, terá de fazê-lo com plena consciência de que essas duas palavrinhas fatídicas serão ouvidas como uma declaração de guerra. É assim que, neste como em outros casos, o sentido do que dizemos já não depende da intenção com que o fazemos, mas do propósito imaginário que um fingidor histérico nos atribui. Como ele nos odeia, tem de fazer de conta que a nossa gentileza é uma ofensa intolerável.

Essa inversão projetiva – talvez o mais clássico sintoma da histeria — é minha velha conhecida. Uns dez anos atrás, um grupo de moleques enfezados criou no Orkut uma comunidade de nome “Nós odiamos o Olavo de Carvalho”, onde espalhavam a meu respeito as histórias mais medonhas, me atribuíam toda sorte de crimes e baixezas e vasculhavam a vida da minha família em busca de pecados escabrosos. Tudo, é claro, sob o pretexto de “debate democrático”, com o direito suplementar de queixar-se de “ataques ad hominem” quando, uma ou duas vezes numa década, eu lhes dava um minuto de atenção e os mandava pastar. Quando a virulência da coisa chegou ao nível da loucura pura e simples, trocaram o nome da página para “O Olavo de Carvalho nos odeia”, para dar a impressão de que era eu, de algum modo misterioso, o autor das suas ações, a fonte misteriosa do ódio que despejavam sobre mim.

O caso, em si, não tem a mais mínima importância, mas, se isso não tivesse me acontecido, talvez eu não compreendesse tão claramente quanto compreendo hoje o mecanismo psicopatológico que inverte o sentido do cumprimento natalino e lhe atribui uma intenção odienta no ato mesmo de cobri-lo de ódio.

O mesmo mecanismo está em ação, é óbvio, quando alguém ateia fogo numa igreja, urina no altar, bolina uma criatura do seu mesmo sexo durante a missa ou enfia um crucifixo no ânus para provar, com lógica insuperável, que o cristianismo é uma “religião de ódio”.

Como o raciocínio histérico se disseminou na nossa sociedade ao ponto de servir de modus argumentandi exemplar e obrigatório em teses universitárias, debates parlamentares e opiniões eruditíssimas expressas em artigos de jornal, é previsível que em breve o sentido insultuoso da expressão “Feliz Natal” será consagrado em lei e essas duas palavras só poderão ser ditas em recinto fechado, entre pessoas que tenham previamente assinado um disclaimer isentando de qualquer responsabilidade penal o desalmado que ouse pronunciá-las.

Por enquanto isso é só uma tendência, uma possibilidade que talvez possa ser afastada. Mas certamente não o será se os cristãos, antecipando-se servilmente aos planos do opressor, consentirem em limitar-se ao genérico e vazio “Boas Festas” para não ferir suscetibilidades fingidas.

Portanto, aqui vão os meus votos: Feliz Natal para todos, aí incluídos os que não o desejam.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Arrume seu castelo, pois Ele vem!
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
18 de Dezembro de 2023









Sua Majestade está chegando novamente em nossas vidas. É tempo de arrumarmos nossos castelos. Santa Tereza D'Ávila, que se referia dessa forma ao Rei por Excelência, Jesus Cristo, usava essa ideia de Castelo que eu admiro tanto.

Ela comparava nossa Alma a um imenso castelo interior com várias moradas. Para entender com profundidade essa história, você pode ler um excelente livro espiritual que vou recomendar aqui, que é o famoso Castelo Interior Ou Moradas, que eu inclusive já recomendei na edição LV do Tempo de Leitura. Nele, você vai aprofundar muito no conhecimento de si mesmo e do quão sagrados nossos corpos são para Deus.

Pois bem, para que possamos arrumar bem nossas moradas, precisamos jogar todo lixo fora. Depois assear o ambiente, e por fim, arrumar todas as coisas. Fazemos isso constantemente com nossas casas. Porém, o falta fazermos em nossa primeira propriedade privada, aquela que vem antes de nossas casas: nossa Alma.

E como podemos fazer isso com nossa alma? Simples: aceite que você tem problemas e desvios humanos. Aceite seus erros e frustrações. Depois peça a Cristo que os receba e destrua tudo aquilo que te afasta dEle. Eu faço isso sempre em todas as missas, levando em conta aquela frase de Santo Agostinho, que diz: "Senhor, se meus projetos não forem os seus, destrua-os!" E acrescento por vezes: "destrua-os COMPLETAMENTE" Tenha essa coragem! Para os Católicos, é hora de procurar o confessionário. Tenho feito isso de 2 em 2 meses, para manter uma regularidade, e percebo que eu faço muita porcaria! Somente quando você pára pra refletir sobre sua vida e sobre si mesmo voce começa a se dar conta de quanta merda você faz em um curto espaço de tempo. Então, não tenha medo, ACEITE ISSO! E aceite ainda a ajuda Divina, pois sem ela, você sozinho não dá conta! Nem adianta tentar!

Fazendo isso e confessando suas porcarias para Deus, já foi meio caminho andado. A última etapa, que é a mais difícil de todas, é colocar todas as suas ideias no lugar. Isso que se chama arrumar o castelo. Faça constantes reflexões, reze, peça ajuda, revise sua vida neste fim de ano, se está indo para um caminho bom ou ruim. Isso ajuda muito. E por último, promova ações que representem uma mudança verdadeira de vida. Eis o mais importante, e onde queremos chegar. Se todas as pessoas fizessem isso pelo menos uma vez por ano, nós teríamos uma realidade muito diferente da que vivemos, e não estaríamos de forma nenhuma sob a égide de uma ditadura tecnocrática global que nos assombra a cada dia de nossas vidas neste mundo pós-2020.

Mas, como não podemos mudar o mundo, vamos ao menos procurar mudar a nós mesmos. E aproveitando o ensejo, eu quero lhes dar uma dica valiosa: sabe aquele "serumaninho" bobo e ignorante que vem em sua direção todas as vezes dizendo "vamos mudar o mundo, eeehh!", sabe? Então, comece se afastando dessas pessoas! Não no sentido de deixá-las desamparadas, porque por vezes elas são só ignorantes mesmo. Mas procure chegar e dizer com piedade e jeitinho "olha cristãozinho, que tal deixar pra lá essa ideia besta de querer mudar o mundo e começar a mudar tua casinha?" Sabe aquele conselho tão útil do psicologo Jordan Peterson, "arrume seu quarto"? Pois é! Dá essa dica pra essa criatura de Deus! E se ele não quiser aceitar, não esquente, siga sua vida! Você fez sua parte!

Essa é a reflexão que eu tenho para lhes dar nessa véspera de Natal em que nos encontramos no ano de 2023, um ano tão horroroso. Dizem por aí que 2024 será pior ainda. Não duvido. Mas sabem, eu aprendi recentemente a lidar com a desilusão do mundo e das pessoas. E Santa Tereza D'Ávila e Cristo tiveram um papel enorme nisso! Faça isso você também para que todos nós estejamos com a casa arrumada nesta próxima semana!

VOSSA MAJESTADE VEM AÍ! Vamos recebê-lo com a honra e a dignidade que Ele merece.


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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje:

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- E em mais um capítulo de fábulas, vemos os bichos de Orwell no cotidiano moderno... wow!;
- Aí o Brás se inspira e como bom analista que é, faz o nosso mestre dar boas risadas!" 😁
- A vida cheia de amores não-correspondidos, traições... é, estamos no Brasil!;
- E na próxima, nem vou comentar... nós avisamos! CRACK!;
- Que Sócrates que nada! Nem Oráculo de Delfos! O oráculo aqui é outro, parceiro!;

 A tristeza da direita que vê o argentino levar a melhor!...;
- E finalmente alguém entendeu aquele disquinho da parede branca do Rogério Águas... Era tão óbvio!
(27/11/2023)















- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!


E como sempre... 

Se nada acontecer comigo, a gente se vê de novo em 15 dias!

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LEITURA RECOMENDADA

Cada vez mais interessado e deslumbrado com os pensadores da Idade Média, fui atrás de conhecer grandes mestres como São Tomás de Aquino, por exemplo. Mas queria uma espécie de catálogo em que eu pudesse me apoiar. Eis aqui então uma boa dica para quem também está interessado em se iniciar nesses pensadores, e no que defendiam.

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