Edição XC - Extraordinária de fim de ano (Terça Livre, Revista Esmeril 51, Revista Exílio, espaço do autor e mais)
Extraordinária de fim de ano
No ano passado eu havia dito que seria o último Natal sozinho. A fé em DEUS foi crucial, mas sem o apoio de TODOS vocês isso jamais se tornaria realidade.
A pobreza do presépio, invenção de São Francisco para recordar como nasceu o Rei dos reis, é um lembrete a todos nós que neste mundo podemos passar por dificuldades e contratempos, mas com a Presença de CRISTO, tudo toma outro sentido.
Se por um lado queremos dar o melhor para a nossa família, não há bem maior do que dar CRISTO para ela. Somos responsáveis pelo bem-estar e conforto dos nossos pequeninos, mas não há conforto maior do que aquele que CRISTO recebeu em Seu Natal: a companhia dos pobres pastores e o canto dos Anjos.
Não desistam de viver nessa terra, vale de lágrimas, com o que de melhor possamos obter, mas nunca retirem os olhos da Eternidade com CRISTO. É lá que nossas lágrimas serão enxugadas, nossos pecados serão perdoados e toda injustiça será reparada.
Não tenho palavras para agradecer a cada de vocês por ter me ajudado a viver nesse exílio até aqui. Quisera poder retribuir cada esforço, cada oração, cada mão estendida.
Vocês me levam às lágrimas. São pessoas como vocês que desejo aumentar no Brasil. Se em nosso amado país vocês fossem a maioria, nenhuma ilusão venceria a massa, nenhuma tirania teria êxito, não sem luta. A covardia de muitos levou nosso país ao lodo que nos encontramos. Por isso, nossa missão é fazer que pessoas como vocês, solidárias e cheias de compaixão, sejam a maioria. Não descansarei, mesmo que não possa ver esses frutos em vida.
Chegamos ao final de 2023, um ano trágico para os defensores da liberdade no Brasil. Toda vez que um ano acaba, fazemos planos e traçamos metas para o ano seguinte, então eu quero te influenciar a adicionar mais uma em sua lista neste meu último texto de 2023: salvar o seu filho da violência psicológica que acontece em TODAS as escolas brasileiras.
Não é segredo para ninguém que vivemos em um país que apresenta péssimos índices no campo da educação. É a pátria educadora de Paulo Freire. Eu já nem me revolto mais com o fato de ele ser o patrono do nosso sistema de ensino porque este título é perfeito quando falamos em escolas que formam analfabetos funcionais, militantes de extrema esquerda. Paulo Freire, o patrono do analfabetismo funcional. É simplesmente perfeito!
No início de dezembro, saiu a atualização do ranking mundial de educação do exame PISA (Programa Internacional de Avaliação de Alunos). O exame coordenado pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) é realizado a cada três anos. Nesta última edição, realizada em 2022, a avaliação foi realizada em 81 países, o Brasil ficou em 64º na classificação geral. De acordo com exame, metade dos estudantes brasileiros não conseguiu atingir sequer o nível básico de leitura, isso significa que eles não têm capacidade para extrair informações que estão explícitas no texto.
Observados estes dados, fica fácil compreender como a população é facilmente enganada por políticos loroteiros. Aliás, a classe política de um país é o reflexo da média da população. Aqui no Brasil, ainda temos o agravante de que o sistema representativo tem brechas que possibilitam até pessoas que não conseguem votos suficientes ocupar determinados espaços de poder. Some-se a isso a nossa “maravilhosa” burocracia.
Uma verdadeira guinada nos tenebrosos rumos em que anda nosso país só será possível através de uma guinada cultural. Enquanto não agirmos de forma mais enfática no âmbito da educação, continuaremos como um cachorro correndo atrás do próprio rabo. Por favor, caro leitor, não me compreenda mal! Não estou falando que devemos abandonar o campo da política, apenas observo que estamos depositando todas as fichas em um único cavalo e que, mesmo que às vezes este cavalo vença uma prova, ele não consegue fôlego suficiente para ser o campeão da temporada.
Você deve ter reparado que no início do artigo, eu utilizei a expressão “violência psicológica” em vez de “doutrinação”. Isso tem um propósito. Faz muito tempo que a direita brasileira toma 7X1 na sua luta contra a doutrinação nas escolas. Um dos motivos para que isto aconteça, na minha humilde opinião, é a maneira como estamos comunicando esta pauta. Em um país de analfabetos funcionais, poucas pessoas conseguem compreender o real sentido da palavra doutrinação. Na verdade, este nem é o termo mais adequado para o que realmente acontece em nossas salas de aula.
A palavra doutrinação carrega consigo um sentido de que está explícita a doutrina a ser ensinada. Na sala de aula, o que vemos é uma verdadeira lavagem cerebral, onde o conteúdo é despejado na cabeça dos alunos de forma tão sutil que, às vezes, nem mesmo os pais mais atentos ao conteúdo conseguem detectar. Sendo uma lavagem cerebral, podemos considerar que se trata de uma verdadeira violência contra os alunos, uma violência psicológica. Qualquer João Das Couves sabe perfeitamente o que significa violência e ninguém vai querer se opor à luta contra a violência psicológica nas escolas, a menos que seja um psicopata.
Outro aspecto relevante nesta análise é a postura adotada por pais que querem proteger seus filhos da lavagem cerebral. Vejo que, muitas vezes, no afã de proteger seus rebentos, os pais adotam uma postura beligerante e acabam por afastar o professor, ao invés de trazê-lo para perto.
Eu já trabalhei por alguns anos no sistema público de educação e posso afirmar categoricamente que s maioria dos professores que praticam a lavagem cerebral na sala de aula não fazem a menor ideia do que estão fazendo. Verdade seja dita, muitos deles são tão vítimas deste sistema pernicioso quanto seus alunos.
Agora vou revelar qual é a reclamação mais recorrente na sala dos professores: os pais estão terceirizando a educação dos filhos. Aposto meu diploma que grande parte dos pais que reclama da tal doutrinação na escola não faz a menor ideia do que está acontecendo com seus filhos quando a porta da sala de aula é fechada.
Eu tenho plena consciência das dificuldades que os pais enfrentam na educação dos filhos, sei que a carga horária do trabalho torna a tarefa de acompanhar a rotina dos filhos na escola ainda mais penosa do que já é. Mas preciso que você compreenda que se não tiver tempo para cuidar da educação dos seus filhos, alguém o fará em seu lugar. Quando um pai (ou uma mãe) fica próximo do seu filho a ponto de ser alguém que inspire sua confiança, a tarefa de enfiar lixo ideológico na cabeça do aluno fica infinitamente mais difícil, talvez até impossível.
Então aqui no final do texto eu gostaria que você pensasse seriamente nesta meta que eu sugiro. Adicione mais uma meta na sua lista de realizações para o próximo ano: “em 2024, eu vou salvar meu filho da violência psicológica na escola.” Somente assim poderemos trilhar um caminho sólido em direção à liberdade.
Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023
O mundo secular “se prepara” para o Natal — se é que podemos usar esse verbo — meses antes, com decorações extravagantes, comilanças para as festas e muitos gastos; mas, quando chega o dia 26 de dezembro, todos agem como se o Natal tivesse “acabado”. No máximo, permitirá um ou dois dias para se recuperar dos excessos das festividades e depois voltará ao trabalho. Na melhor das hipóteses, as decorações são mantidas até 1.º de janeiro ou um pouco mais tarde, para “adentrar” o novo ano. Depois disso, o período de comemorações termina.
Os católicos, porém, deveriam ter uma concepção totalmente diferente do Natal. O certo seria, antes do nascimento do Senhor, observar o tempo penitencial do Advento, preparando-nos, sem extravagâncias, para a grande festa da sua vinda. Tradicionalmente, as famílias decoravam a árvore de Natal nos dias 23 ou 24, pouco antes do grande dia. Na Missa da vigília, inicia-se, de fato, o Natal do Senhor, que é intensamente celebrado por uma oitava (oito dias, de 25 de dezembro a 1.º de janeiro, quando se recorda sua circuncisão, ou também a conhecida Solenidade de Maria, Mãe de Deus).
Contudo, o tempo do Natal estende-se até a Epifania do Senhor, em 6 de janeiro (o famoso “décimo segundo dia”) e inaugura quarenta dias de festas natalinas, que se encerram em 2 de fevereiro, com a festa de Nossa Senhora das Candeias, ou da Purificação da Bem-aventurada Virgem Maria, também conhecida, por seu título grego, como festa da Apresentação do Senhor. Em outras palavras, há quatro círculos concêntricos de celebração: o Natal, sua Oitava, os doze dias e, por fim, os quarenta dias que se lhe seguem.
Não podemos nos render à abordagem secular que, de certa forma, “celebra” o Natal antes do Natal e não depois, como deveria ser. Precisamos realmente nos esforçar — na maneira como decoramos nossas casas, no modo como guardamos o domingo e os dias de preceito, nas histórias que lemos e nas outras atividades que fazemos em casa — para manter vivo o espírito do Natal, mesmo nesse período de 26 de dezembro a 2 de fevereiro, que, numa visão secular, é uma “baixa temporada” para os negócios. Para nós, o grande “negócio” que podemos fazer, ou o grande “presente” que podemos receber, é celebrar o belíssimo tempo do Natal de maneira digna e festiva! A observância desse tempo litúrgico em nossas vidas torna-se uma contundente catequese contracultural sobre um dos mistérios fundamentais da fé cristã: a Encarnação do Filho de Deus. Esse é o ponto primordial de toda a história universal e da história particular de cada homem, mulher e criança.
Infelizmente, as reformas litúrgicas na Igreja não necessariamente ajudaram as famílias a viver o tempo do Natal tão bem como deveriam.
O primeiro problema foi a abolição total das “comemorações”. Por muitos séculos, a Igreja fez uma observância adequada de vários eventos que eram celebrados ao mesmo tempo, usando um conjunto adicional de preces ou orações durante a Missa (na coleta, nas orações que o sacerdote faz em segredo e na oração pós-comunhão). Assim, como 26 de dezembro é a festa de Santo Estêvão, 27 de dezembro é a de São João e 28 de dezembro é a dos Santos Inocentes, sempre havia — além das orações próprias desses dias — as orações adicionais do Natal, para que os católicos recordassem continuamente que o Natal é uma festa que se estende por oito dias. Hoje, muitas vezes pode parecer que seja uma festa de um dia só.
O segundo problema é a “perda”, para todos os efeitos, da festa da Epifania do Senhor, que, em vez de ser mantida em 6 de janeiro — como fora por milênios no Oriente e no Ocidente —, agora é “colocada” de forma conveniente no domingo mais próximo, a fim de não causar nenhum contratempo ou surpresa em nossa rotina de trabalho. Isso, porém, acaba por neutralizar a celebração da Epifania enquanto um acontecimento especial, igualando-a às demais celebrações dominicais, em vez de reconhecê-la como uma festa de luz que irrompe no mundo “de surpresa”, assim como irrompe em nossas vidas na segunda-feira ou na quinta-feira ou em qualquer que seja o dia, jogando por terra nossa rotina e nos ajustando ao senhorio de Deus sobre o tempo. Através de um dia específico, é como se o Senhor, de fato, estivesse nos “convocando” para sua festa, porque sabe que seremos preguiçosos ou preocupados demais para dela participar.
Nesse sentido, a leitura do texto The Epiphany of Our Lord — “A Epifania de Nosso Senhor” —, do grande liturgista Dom Prosper Guéranger [1], ajuda-nos a apreciar a tremenda magnitude dessa festa, que, por tantas razões, é estupenda e gloriosa. Na verdade, a Epifania compartilha com as festas do Natal, da Páscoa, da Ascensão e de Pentecostes a honra de ser chamada, no Cânon Romano da Missa, de “um dia santíssimo”. É uma festa que devemos comemorar de todo o coração, esperando que um dia as autoridades da Igreja a devolvam ao seu status anterior como um dia sagrado de preceito, a ser observado em 6 de janeiro.
O terceiro problema é a abolição do “tempo da Epifania”, um período de várias semanas após o dia da Epifania do Senhor, que conduzia para o tempo da Septuagésima [2].
Felizmente, todos esses três elementos — as comemorações, o dia da Epifania e o tempo da Epifania — ainda são observados onde quer que a liturgia latina tradicional tenha sido preservada ou retomada. O número de igrejas que seguem o Summorum Pontificum e o número de famílias que moldam suas devoções de acordo com essa liturgia continuam a aumentar.
Devemos manter vivo o espírito natalino, conservando a decoração da casa e as devoções até a festa da Purificação (ou, se o domingo da Septuagésima cair antes de 2 de fevereiro, até o sábado daquele final de semana) [3] ou, pelo menos, até o Batismo do Senhor, tradicionalmente comemorado em 13 de janeiro, o dia da oitava da Epifania. O mesmo se aplica às igrejas católicas: elas não devem ceder à pressão secular, mas conservar suas árvores, grinaldas, luzes e outros sinais de Natal até o dia do Batismo do Senhor, ou até a festa da Purificação. Somos chamados a ser magnânimos, e não medíocres, a fim de seguirmos a exortação de S. Paulo que ouvimos no Domingo Gaudete: “Alegrai-vos sempre no Senhor. Repito: alegrai-vos!” (Fl 4, 4).
O mesmo se aplica à Páscoa e à sua Oitava, bem como à solenidade de Pentecostes e à sua Oitava (nos lugares em que os católicos mantêm sua tradição). De qualquer forma, temos muitas razões para dar o passo extra de tornar essas festas visíveis, alegres e memoráveis. Não precisamos ficar envergonhados se for necessário nos afastarmos dos costumes familiares ancestrais, a fim de “redescobrir” e, até certo ponto, “reinventar” as férias; essa é, em maior ou menor grau, a condição da maioria dos católicos ocidentais que zelam por manter viva a própria fé.
Devemos, pois, aceitar humildemente que temos muito trabalho a fazer e, então, começar a agir, dando um passo de cada vez. Nas devoções e costumes familiares, busquemos introduzir, a cada ano, um desses tempos litúrgicos ou dias festivos dos quais nunca participamos antes e, se tudo correr bem, continuemos no próximo ano. Pensemos em como organizar isso, mobilizando também as crianças mais velhas para ajudar. Certamente, depois de algum tempo, viveremos em nossas famílias os costumes de Natal, Páscoa e Pentecostes com os quais gostaríamos de ter crescido.
Atualização [14 de fevereiro de 2022]: O que mudou após o documento Traditionis Custodes, do Papa Francisco? Na prática, a celebração do chamado rito tridentino, ou de São Pio V, diminuirá a olhos vistos, devido às novas restrições que lhe foram impostas. O usus antiquior, no entanto, não foi extinto e, ainda que novas medidas restritivas sejam tomadas agora ou no futuro, permanece o valor espiritual e cultural da Missa que por tanto tempo a Igreja celebrou — como um farol a iluminar o nosso caminho ainda hoje. Para mais conteúdo sobre este assunto, consultar a homilia “Em que, afinal, devemos acreditar?” e a aula “Sacerdócio e vida de oração”.
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