Edição LXXXIII (Terça Livre, Revista Esmeril 46, opinião e mais)

 Tempo de Leitura LXXXIII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
 


ANTES DE MAIS NADA, ESSA É A BANDEIRA QUE EU DEFENDO:
ESSE É O PAÍS QUE EU QUERO!



"Os filhos de Deus não estão à venda!"
O Som da Liberdade

Assista e divulgue o filme que está combatendo o tráfico infantil de crianças e mandando uma mensagem de Deus pelo mundo! Censurado, boicotado pelos poderosos de Hollywood, ridicularizado, caluniado e menosprezado pela mídia porca, mas FIRME E DE PÉ!

REVISTA ESMERIL 46

FILOSOFIA INTEGRAL | Ortega y Gasset e as Ideias dos Náufragos (Fabio Blanco)

A soltura (Leônidas Pellegrini)





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LEITURA RECOMENDADA


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24 de Julho de 2023
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 52 da Revista Terça Livre, de 07 de Julho de 2020.


O novo site do Terça Livre está de volta, e com ele, todos os cursos e todas as edições da Revista Terça Livre desde o seu início. acessem:
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COMPORTAMENTO


👆 NADA FAZ SENTIDO
(por Alberto Alves)


N
este “Ninguém que conheça a fundo as implicações do ateísmo ousará dizer que tanto faz se Deus existe ou não”. A frase é do filósofo e teólogo norte-americano William Lane Craig. Direta ou indiretamente, todas as nossas decisões, em última instância, estão relacionadas com a forma como consideramos a existência de Deus, embora pouca gente reflita a respeito. É a certeza de sua existência que dará sentido às nossas atitudes e compreensão do mundo. Sem ela não há princípios a zelar, não há critério a seguir, nem tampouco julgamentos a fazer.

Em toda a História não há um povo sequer que não tenha tido em sua cultura manifestações de espiritualidade ou adoração a seus deuses, por mais diversos que eles tenham sido. O que é fácil concluir, dentre outras tantas coisas, é que a existência de um criador parece ser algo óbvio demais para ser desprezado. Não faz sentido que do nada saia alguma coisa além do próprio nada.

A Filosofia se dedicou a tentar entender quem é Deus e quais as sua atribuições. Onipresente, onipotente, todo amor e justiça, causa primeira, motor imóvel que tudo move e não é movido por nada fora de si mesmo. Essas são as características mais adequadas que podem ser atribuídas a alguém que trouxe à existência tudo que há. A partir daí, é possível intuir que só faz sentido haver um único Deus como criador de tudo ao invés de vários outros. Não é à toa que as religiões monoteístas estão entre as maiores do mundo.

Na Ciência, embora não seja possível provar a existência de Deus, ela favorece argumentos que trazem nele a melhor explicação para a existência do Universo como seu causador. Um dos princípios fundamentais que guia toda a Ciência é o principio da causa e efeito, ou o princípio da causalidade. Sem a certeza da causalidade não é possível fazer investigação de qualquer natureza, uma vez que não há como estabelecer a relação entre o que aconteceu e o que o provocou. Com efeito, é possível atribuir uma causa a tudo que começou a existir. A causa do nosso nascimento, por exemplo, está em nossos pais. A criação de um prédio está na vontade de quem o idealizou, e assim por diante. Não importa qual evento aconteceu. Se ele teve um começo é sempre possível, em princípio, estabelecer uma causa para seu surgimento.

Podemos então concluir que o Universo é o próprio Deus, já que nele habita tudo que há e dentro dele está a causa de todo o surgimento do que veio a existir? De acordo com o que esperamos dos atributos de Deus segundo a Filosofia, a resposta é sim. Mas apenas se o Universo for eterno ou que nunca tivesse tido um começo. No entanto, a Cosmologia tem mostrado que ele não só não é eterno como é possível determinar a sua idade: 13,8 bilhões de anos. Junto com ele nasceu também o tempo e o espaço.

Assim, o Universo teve um começo e, por isso, necessita de uma causa. Não há nenhuma razão para esperar que ele seja incausado, uma vez que existem propriedades que são alheias à sua própria existência. Ou seja, que não depende do Universo para funcionar. As leis físicas são um excelente exemplo disso. Os constituintes do Universo - planetas, asteroides, átomos, nós - qualquer coisa que, se colocado próximo de um corpo massivo como o Sol, sofrerá uma atração gravitacional vinda dele. E isso não depende do Sol. Se houver um corpo ainda mais massivo do que ele, então este corpo será o causador da atração gravitacional sobre todos os outros.

A conclusão, portanto, é direta. O causador do Universo só pode ser alguém extra-universal. E ele não pode ter tido um começo, para não passar pelo mesmo crivo que passou o Universo. Precisa ser alguém eterno, além, claro, de ser onipresente como são as leis físicas, e onisciente, já que foi ele quem o idealizou e sabe como o Universo funciona e, como tal, é de se esperar que possa alcançar a tudo e a todos pela sua onipotência. Esse alguém só pode ser Deus! Onipresente, onipotente, onisciente e eterno.

Eis então a Ciência oferecendo evidências que favorecem Deus. De quebra, a existência das leis físicas podem ser facilmente entendidas dentro desse contexto. Elas foram criadas por Deus para que o Universo se mova de acordo com sua vontade. Também pode ser entendido por que a Ciência não consegue provar a existência física de Deus, uma vez que todo ente físico teve um começo. E, portanto, Deus não pode estar ali.

É o mundo espiritual a que Cristo se refere, cuja existência não está sujeita às leis físicas, mas que permeiam o nosso ser. O que não quer dizer que não exista, apenas não pode ser estudada pela Ciência, já que ela só trabalha com coisas que podem ser medidas. Assim como o amor, a felicidade e o ódio não podem ser medidos e ninguém duvida de que eles não sejam reais.

Note que a Ciência nada pode dizer sobre os outros atributos de Deus, tais como sua bondade e justiça. Estes aspectos, no entanto, só podem ser percebidos pela condição social humana, e é então que nossa moralidade entra em cena e nos permite apreciá-lo. Ela é fundamentada dentro de princípios que permeiam a causalidade de Deus, assim como o é com o Universo em sua condição física.

No entanto, para que esse princípio venha de Deus, ele deve ser universal dentro da condição social humana. Ou seja, não importa a cultura, a época ou o povo onde ela esteja presente. Esse padrão deve permanecer de um jeito ou de outro. Será que existem tais princípios num mundo tão rico e diverso culturalmente? A resposta é sim! Por exemplo, nenhuma cultura permite o assassinato de seus próprios filhos. Embora a explicação mais óbvia resida no fato de que isso é importante apenas para que a espécie não seja extinta, ninguém poderá dizer que ela não seja universal. Por outro lado, Deus jamais permitiria uma lei social advinda dele que nos traria um prejuízo existencial.

Outro exemplo é o livre arbítrio. Embora seja comprovado que somos vulneráveis a estímulos externos ou que estejamos sujeitos à variações hormonais, isso não tira o poder da livre decisão. Aliás, a condição de livre arbítrio é absolutamente necessária nas relações sociais, já que não é possível haver leis que possam nos julgar se ele não for real. Dito de outra forma, não é possível fazer qualquer juízo sobre as decisões do homem se não houver a certeza de que ele agiu como agiu por vontade própria e não por influência do que quer que seja. Sem o livre arbítrio, o julgamento sobre seus atos se torna estéril!

É possível, então, concluir que a presença de Deus permeia toda a esfera de nossos relacionamentos, seja entre nós mesmos ou com o ambiente que nos cerca. Se Deus não existe, então não existe um fundamento a partir do qual tais condições possam prevalecer. Pior do que isso. Se Deus não existe, então a nossa existência perde o completo sentido objetivo.

No entanto, há quem defenda o ateísmo e que Deus não passa de uma criação humana. Alguém que veio a existir com o objetivo de entorpecer a consciência da classe inferior em detrimento das arbitrariedades da classe superior como condição de controle social aceito por ambas as partes. Pior, Deus surgiu para contribuir para que a maioria pobre e miserável não se revolte contra uma minoria rica e privilegiada. É a religião sendo o ópio do povo, como defendia Karl Marx.

Se Deus não existe, então tudo é criação do homem e todos os fundamentos advindo de Deus podem ser questionados mediante atitudes que venham a subverter suas ordenanças. Assim, a família, por exemplo, nada mais é do que um meio de escravização sobre os mais vulneráveis. Uma opressão que começa na infância e se estende por toda a vida. Uma violência contra a própria natureza humana. Se Deus não existe, o incesto e a destruição do descendente mediante o aborto são permitidos e até incentivados. Seja qual for o motivo, o direito da mãe de matar seu próprio filho é justificado, e não há qualquer razão para achar que ela não deva fazer isso se sua vontade assim o permitir.

Ninguém é mais dono dos seus atos, não há livre arbítrio. Somos mero frutos de uma escravização advinda de opressores sobre oprimidos e, assim, somos todos vítimas de motivos quaisquer. O que nos impede de ser julgados como agentes independentes que possam responder pelo que fez ou fará.

Se a verdade não existe, tudo então não passa de um jogo de narrativas. Assim, fica fácil entender porque quem defende o ateísmo marxista, por exemplo, não tem qualquer receio em mentir ou criar motivos para nos prejudicar, já que nossos valores não têm qualquer importância para eles. Fica fácil entender por que o fim dessas ações todas é a destruição.

O ateísmo, em última instância, nada tem a oferecer além da própria destruição do homem e a total falta de sentido objetivo na sua existência. Qualquer um que acredite no ateísmo viverá uma vida de ilusão. Se tentar buscar honestamente um sentido em sua vida, saberá que ele não existe, pois o que é verdade para ele não o será necessariamente para outrem. A mentira, então, será seu único alento.

Portanto, como bem disse o filósofo brasileiro Clovis de Barros, “o fato é que Deus importa muito porque o homem vive e Deus continuará sendo e sempre será uma enorme fonte de critérios para que o homem possa continuar vivendo”. Devemos então ser gratos à Ele por existirmos e não devemos desistir de lutar para que Seus princípios sejam preservados, correndo o grave risco de pagarmos o preço da nossa própria destruição se nos calarmos frente às atitudes daqueles que pensam diferente.

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Terça Livre / Artigo 220 / Notícia Sem Máscara - 12 a 20 de Julho de 2023





CULTURA E LIBERDADE















👆 Disney, tráfico de crianças e heroísmo

(por Allan dos Santos - 12 a 20/07/23)

Parte I (12/07/23 - via NSM)




O tenebroso mundo novo dos revolucionários


Quem nasceu há 40 anos, ou um pouco mais que isso, cresceu assistindo um menino que virou um intrépido aventureiro, amante da história e inimigo dos nazistas assim como dos comunistas. Todos queriam ser Indiana Jones.

Indiana Jones: O Aventureiro Intrépido

Indiana Jones é um personagem icônico do cinema, conhecido por sua bravura, inteligência e paixão pela arqueologia. Criado por George Lucas e trazido à vida pelo talentoso ator Harrison Ford, tornou-se um símbolo de aventura e heroísmo.


Ao longo de sua trajetória cinematográfica, Indiana Jones protagonizou quatro filmes que se tornaram verdadeiros clássicos do cinema:


1. “Os Caçadores da Arca Perdida” (1981);

2. “O Templo da Perdição” (1984);

3. “A Última Cruzada” (1989);

4. e “O Reino da Caveira de Cristal” (2008).


Cada filme apresenta uma história envolvente e repleta de perigos, levando os espectadores a locais exóticos e cheios de mistérios ao redor do mundo.


O personagem de Indiana Jones é um professor e arqueólogo destemido, sempre em busca de artefatos históricos valiosos. Sua paixão pela história e seu conhecimento sobre antigas civilizações o tornam um especialista em descobertas arqueológicas. No entanto, suas jornadas não são apenas sobre a busca por tesouros perdidos, mas também sobre o enfrentamento de vilões perigosos que desejam explorar esses artefatos para fins malignos.


O visual distintivo de Indiana Jones também se tornou uma parte importante de sua identidade. Seu chapéu de feltro, jaqueta de couro, calças e botas desgastadas criaram uma imagem icônica que é instantaneamente reconhecida em todo o mundo. Além disso, o personagem é habilidoso no manejo de seu fiel chicote, uma arma versátil que o auxilia em suas aventuras e lhe confere uma presença imponente.


Os filmes de Indiana Jones são uma mistura perfeita de ação, humor, suspense e romance. Eles oferecem uma fuga emocionante para os espectadores, transportando-os para uma era de descobertas arqueológicas e desafios emocionantes. Indiana Jones é um herói que conquistou corações e inspirou gerações de espectadores a explorar a história e a aventura em suas próprias vidas.


Mesmo após décadas desde sua estreia, Indiana Jones continua sendo uma figura reverenciada na cultura popular, seja através de referências em outros filmes, programas de televisão ou em brinquedos e videogames. O legado de Indiana Jones permanece vivo e influente, provando que a busca pelo desconhecido e a coragem de enfrentar perigos ainda capturam a imaginação das pessoas.


Indiana Jones é um tesouro do cinema, um aventureiro intrépido que nos lembra da importância de explorar o mundo ao nosso redor, descobrir novas histórias e enfrentar desafios com coragem. Sua jornada é uma jornada e continuaria a cativar e inspirar públicos de todas as idades, por muitos anos vindouros, se não fosse a nova onda de destruição de personagens anti-comunistas e anti-nazistas.


Os “novos heróis” agora precisam ser depressivos, efeminados, medrosos (Indiana só tinha medo de cobra, mas novo filme tem medo até de insetos!) e com uma vida sem sentido.


Se o cinema outrora nos dava um horizonte de superação pela coragem e inteligência, hoje deseja que os os heróis sejam “mais humanos”, ou seja, tão medíocres que qualquer vida mesquinha tenha eco nos roteiros do cinema.

A transformação dos signos

Ao longo da história, a figura do herói tem desempenhado um papel fundamental na cultura e na sociedade. Esses personagens corajosos e altruístas são frequentemente admirados e venerados por suas ações nobres e capacidade de superar desafios. Sob o pretexto de “evolução”, as narrativas se transformaram, e uma mudança na representação do heroísmo até a perda de sua essência. O mundo atual parece não precisar de heróis, mas de passivos vassalos que tudo aceitam.


No passado, os heróis eram frequentemente retratados como figuras exemplares, dotadas de qualidades admiráveis, como coragem, honra e altruísmo. Eles se sacrificavam pelo bem maior, lutavam contra o mal e eram capazes de inspirar as massas. Esses personagens icônicos muitas vezes personificavam valores que a sociedade buscava alcançar.


O conceito de heroísmo sofreu uma transformação significativa. A cultura popular e os meios de comunicação agora tendem a retratar heróis como medíocres sem vida. Os protagonistas são frequentemente apresentados com falhas e imperfeições, sob o intuito de torná-los “mais realistas e identificáveis”. O herói já não é uma meta, mas o reflexo de uma sociedade covarde e escrava.


A noção de heroísmo tem sido questionada e, em alguns casos, até mesmo subvertida. A ideia de um herói vitorioso tem sido substituída por personagens ambíguos e anti-heróis, cujas ações e motivações não são altruístas. É a exaltação do egoísmo patético. Esses personagens destroem as convenções e exploram as áreas obscuras do comportamento, criando narrativas feministas, fracas e nada atrativas.


A perda do heroísmo é obra da cultura do cinismo e da desilusão que permeia a sociedade contemporânea. É o reino do perdedor. A desilusão com líderes, celebridades e até mesmo figuras históricas tem levado a um sentimento de descrença em relação ao conceito de heroísmo. Em vez de melhorar a sociedade com heróis ideias, busca-se aceitar os medíocres como o ápice da moralidade.


O heroísmo ainda tem seu lugar na sociedade atual. Ele não morrerá. As ações corajosas e inspiradoras permanecem. Ainda há indivíduos que se levantam em defesa dos fracos, que demonstram empatia e compaixão, e que enfrentam adversidades com bravura. É o caso do personagem de Jim Caviezel no filme que desbancou o lançamento do mais novo Indiana Jones.


Continua na parte 2.


Parte II (13/07/23 - via NSM)


A obsessão pelo fracasso


A obsessão é um estado mental caracterizado por pensamentos, desejos ou imagens persistentes e intrusivas, que são difíceis de controlar ou se livrar. É um padrão de pensamento ou comportamento recorrente que pode consumir a mente da pessoa afetada.

A obsessão geralmente está associada a uma fixação intensa em um determinado objeto, ideia, pessoa ou atividade. Pode envolver preocupações excessivas com detalhes, perfeccionismo, medos irracionais, dúvidas persistentes, entre outros aspectos. Esses pensamentos obsessivos são desagradáveis, causam ansiedade e interferem no comportamento normal da pessoa.


A obsessão difere de um simples interesse ou preocupação. É caracterizada pela sua intensidade, frequência e pelo impacto negativo que causa na vida da pessoa. Aqueles que sofrem de obsessões muitas vezes têm consciência de que seus pensamentos são irracionais ou excessivos, mas são incapazes de controlá-los facilmente.


E isso é exatamente o que a imprensa faz ao avaliar o filme “Sound of Freedom”. Por isso o lançamento desse filme desbancou em muito o tão esperado Indiana Jones da Disney.


“Sound of Freedom”, ao invés de usar efeitos especiais milionários, leva você a uma jornada emocional e reveladora que deixa uma marca indelével em seu coração e mente. Este poderoso e provocativo filme, lançado em 2023, é um testemunho da força do espírito humano e da determinação inabalável de trazer justiça aos sem voz.


Desde o início do filme, você fica cativado pelas impressionantes atuações e pela atenção meticulosa aos detalhes que o diretor Alejandro Monteverde traz para a tela. A narrativa é habilmente construída, mesclando drama de cortar o coração com momentos de resiliência inspiradora e esperança inabalável.


O filme gira em torno da história real de Tim Ballard (interpretado por Jim Caviezel), um ex-agente governamental que embarca em uma jornada perigosa para resgatar crianças presas nas garras do tráfico humano. A interpretação de Caviezel como Ballard é nada menos que notável, capturando a busca implacável por justiça do personagem e sua compaixão profundamente enraizada. Seu comprometimento com o papel brilha em cada cena, fazendo você realmente se identificar com o personagem e sua missão.


O elenco de apoio também oferece performances igualmente poderosas. Mira Sorvino, que interpreta o papel de Lita, uma mulher dedicada a ajudar Tim Ballard, demonstra seu talento excepcional e traz uma vulnerabilidade comovente a seu personagem. A química entre Caviezel e Sorvino é palpável, adicionando profundidade e autenticidade ao cerne emocional do filme.


“Sound of Freedom” não é apenas uma história sobre o resgate de vidas inocentes, mas também uma exploração do lado sombrio do tráfico humano. O filme expõe corajosamente as duras realidades dessa crise global, ao mesmo tempo em que lança luz sobre os esforços valentes de organizações como a Operation Underground Railroad, liderada pelo próprio Tim Ballard. O filme consegue conscientizar sobre essa questão importante sem fugir de sua natureza perturbadora.


A cinematografia e o design de produção são impecáveis, criando uma experiência imersiva que transporta você de um cenário para outro. A trilha sonora evocativa aumenta ainda mais o impacto emocional, levando você a uma montanha-russa emocional conforme a história se desenrola.


No final das contas, o que diferencia “Sound of Freedom” é sua capacidade de instilar um senso de esperança em meio às circunstâncias mais sombrias. Ele nos lembra que pessoas comuns podem fazer uma diferença extraordinária e que sempre há luz a ser encontrada nos lugares mais obscuros.


Em conclusão, “Sound of Freedom” é um filme imperdível que merece todos os elogios que recebe. Suas atuações poderosas, narrativa envolvente e compromisso inabalável em lançar luz sobre o tráfico humano tornam-no uma experiência cinematográfica inesquecível. Prepare-se para ser comovido, inspirado e, acima de tudo, chamado à ação. Os heróis voltaram. Embora os medíocres não tenham gostado nada disso.


Continua na parte 3.


Parte III (20/07/23 - via Locals)


Os heróis esquecidos


A Jornada do Herói, também conhecida como Monomito ou Monomito Heroico, é um conceito narrativo proposto pelo escritor Joseph Campbell em seu livro “O Herói de Mil Faces”. Essa teoria descreve uma estrutura comum presente em muitos mitos e histórias épicas ao redor do mundo.

A Jornada do Herói é composta por uma série de etapas que o protagonista deve enfrentar durante sua trajetória. Embora as histórias possam variar em detalhes e ambientação, a estrutura subjacente permanece relativamente consistente nas principais etapas da Jornada do Herói:


1. Partida: O herói é convocado a iniciar uma jornada, muitas vezes saindo de sua zona de conforto ou recebendo um chamado para a aventura.


2. Chamado à aventura: O herói é confrontado com um desafio ou problema que o impulsiona a embarcar em sua jornada.


3. Recusa do chamado: Inicialmente, o herói pode relutar em aceitar o desafio, geralmente devido a medo, insegurança ou obrigações prévias.


4. Encontro com o mentor: O herói encontra um guia, mentor ou figura sábia que o ajuda a superar suas dúvidas e oferece orientação para a jornada.


5. Travessia do primeiro limiar: O herói deixa o mundo conhecido e entra em um novo território ou realidade, muitas vezes enfrentando desafios iniciais.


6. Testes, aliados e inimigos: O herói enfrenta uma série de testes, encontra aliados e enfrenta inimigos, desenvolvendo habilidades e aprendendo lições ao longo do caminho.


7. Aproximação da caverna mais profunda: O herói se prepara para enfrentar o maior desafio, geralmente simbolizado por uma "caverna" ou lugar perigoso.


8. Crise central: O herói enfrenta seu maior teste, enfrentando seu medo mais profundo ou lutando contra um antagonista formidável.


9. Recompensa: Após superar a crise, o herói recebe uma recompensa, seja ela física, emocional ou espiritual.


10. Retorno: O herói inicia o caminho de volta, enfrentando ainda mais desafios e tomando decisões importantes.


11. Ressurreição: O herói passa por uma provação final, muitas vezes envolvendo um momento de morte e renascimento, transformando-se em uma versão aprimorada de si mesmo.


12. Retorno com o elixir: O herói retorna ao mundo comum, trazendo consigo o conhecimento, a sabedoria ou a recompensa adquirida ao longo da jornada.


A Jornada do Herói é uma estrutura poderosa que ressoa com a experiência humana e nos permite explorar temas universais. Muitas histórias, desde os mitos antigos até os filmes contemporâneos, seguem essa estrutura narrativa para criar uma jornada envolvente e significativa para o protagonista e para os espectadores.


Hoje, essa jornada é usada para povoar o imaginário popular com princípios nada nobres. Os filmes e a literatura são usados apenas para exaltar o que há de pior no homem e na sociedade. É a velha retórica revolucionária. A promessa de um mundo melhor que precisa iniciar agora, negar o passado e mudar completamente o presente.


Neste último artigo da série, é importante ressaltar como a elite globalista tem usado o cinema como ferramenta de subversão da sociedade. O que exige um profundo conhecimento sobre a jornada do herói e o poder da literatura.


Poucos anticomunistas compreendem a força da literatura, embora os comunistas saibam muito bem a profundidade dos seus efeitos. Para bem ou para mal, é a literatura que molda o futuro de uma sociedade. Se não expandirmos o imaginário popular com boas histórias, as pessoas só terão as ruins para moldar suas vidas.


Ou a literatura volta a ser o que sempre foi ou será apenas uma ferramenta revolucionária, enquanto os anticomunistas ficam participando dos joguetes políticos em assuntos absolutamente irrelevantes.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 46, de 20/07/2023 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


COLUNAS SEMANAIS

👆 FILOSOFIA INTEGRAL | Ortega y Gasset e as Ideias dos Náufragos
(por Fabio Blanco - 12/07/2023)


Para Ortega y Gasset, importam apenas as ideias dos náufragos, pois elas se manifestam em um tipo de situação crítica e extrema. São pensamentos de alguém que se encontra em um cenário concreto, inescapável, fatal; pensamentos que, por esse motivo, dispensam o supérfluo e agarram-se ao essencial. Em meio ao caos e às restrições que enfrenta, o náufrago organiza sua vida com base naquilo que lhe está disponível. Nesta situação, não há espaço para a pose, para a falsidade, nem afetação; não faz nenhum sentido perder-se em sutilezas vazias e especulações estéreis. Diante do caos instalado, ele é obrigado a ser sincero e absolutamente honesto consigo mesmo, sem fingir que sua situação não é trágica. 

Do lado oposto às ideias dos náufragos, o filósofo identifica o abstracionismo científico, que, para manter a ciência coerente e lógica, recorta a realidade, purifica-a de sua experiência vital, afasta-a de suas incongruências práticas e evita, assim, suas contradições. Esse contraste entre a ciência, com suas estruturas artificiais, narrativas ficcionais e analogias, e a própria vida, onde as teses são contestáveis, as teorias encontram oposição e há elementos ocultos que influenciam os eventos, é o quadro pintado por Ortega para mostrar o nosso estado de alienação, de quem, ao se dar conta das contradições e imponderabilidade da vida real, refugia-se na mentalidade abstrata do laboratório, onde tudo parece controlável e harmonizável.

Foi, inclusive, essa atração por moldes que, ao nos dar uma sensação de estabilidade, nos fez criar formatos imaginativos com o objetivo de fazer tudo encaixar-se com perfeição. Desse anseio por segurança é que desenvolvemos nossos sistemas de governo, estruturas jurídicas e modelos sociais que nos permitem ter a ilusão de viver em uma situação minimamente previsível. No entanto, Ortega não nos deixa esquecer que tais construções não passam de abstrações, constituindo um verdadeiro mundo de faz-de-conta, um universo fantasmagórico de imagens fugazes.

Se vivemos como se tudo fosse inabalável e estável, ainda que instalados em terreno movediço, nos encontramos, então, como que hipnotizados, e para libertar-se dessa situação, o filósofo espanhol propõe-nos, como única saída, uma conscientização radical, uma abertura total de visão para o que está acontecendo. Para isso, ele insiste que precisamos compreender e reconhecer que o mundo que criamos é uma ilusão e, ao mesmo tempo, abraçar o caos em que vivemos, aceitando que este é o estado natural e fundamental das coisas; instiga-nos a enfrentar a vida de forma corajosa, sem nos escondermos no universo quimérico das ideias abstratas; aconselha-nos a reconhecer o caráter desafiador da existência e aceitar o fato de que nos encontramos perdidos.

Ortega, no fim das contas, exorta-nos a ser como aqueles que, pela característica extrema e vital que os acomete, encontram-se desprovidos de fingimento e engano; sugere que reconheçamos a fatalidade da nossa experiência real e exige, para que sobrevivamos nela, que consideremos aquilo que, verdadeiramente, deve ser levado em conta, que é o que realmente importa e que devemos imitar: as ideias dos náufragos.

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CONTEÚDO LIBERADO | SANTO CONTO




👆 A soltura





(por Leônidas Pellegrini - 4/07/2023)

Baseado em At. 12, 1 – 11

Acorrentado e cercado por dezesseis guardas, Pedro ia sendo levado como um troféu de Herodes pelas ruas de Jerusalém. O monarca pegara gosto por sangue e, desde que soubera que perseguir os seguidores de Cristo agradava a muitos de seus súditos, resolvera recrudescer ainda mais as perseguições. A morte de Tiago de Zebedeu, um dos tais doze amigos íntimos de Jesus, fora um espetáculo particularmente jubiloso, mas agora ele tinha em mãos seu maior trunfo depois do próprio Nazareno: aquele a quem o pretenso Rei dos Judeus havia legado como seu sucessor. Aquela execução precisava ser um espetáculo ímpar.

Era ainda o tempo pascal dos judeus, então era necessário esperar. Dali a alguns dias, a cidade assistiria a um evento de grandes proporções. Por enquanto, aquele desfile com o Apóstolo acorrentado já estava de bom tamanho como um aperitivo do que estava por vir, e Herodes, a assistir a tudo de longe, deliciava-se particularmente ao ver o povo que cercava o séquito: judeus furiosos que arremessavam verduras podres no prisioneiro, e vários encapuzados – certamente cristãos – que acompanhavam com aflição o desfile.

Pedro ficou muito bem guardado na prisão. Todo o lugar estava cercado de soldados, assim como a porta e o próprio interior de sua cela, onde o Apóstolo permanecia acorrentado entre dois guardas. A notícia de sua prisão espalhou-se por toda Jerusalém, e naquele mesmo dia todo o povo de Deus rezava piedosamente por ele em cada canto da cidade e até mesmo para além de seus muros. E as preces foram ouvidas pelo Céu.

Quando era alta madrugada, os soldados todos alertas, um imenso clarão tomou o lugar e todos caíram no sono. Então, o Anjo de Pedro apareceu-lhe no interior da cela, soltou-lhe os ferrolhos e o chamou:

– Levanta-te depressa. Toma o teu cinto e as tuas sandálias. Põe sobre ti tua capa e segue-me.

O Apóstolo o acompanhou em silêncio, enquanto todos os cadeados, travas e fechaduras da prisão iam se abrindo sozinhos. Lá fora, quando já haviam atravessado a rua, o Anjo desapareceu sem dizer mais nada. Pedro ainda ficou alguns segundos como que olhando para o nada, maravilhado com o que acabara de presenciar. Tomou então consciência do milagre, e disse a si:

– Agora sei verdadeiramente que o Senhor mandou Seu Anjo e me livrou da mão de Herodes e de tudo o que esperava o povo dos judeus.

Deu graças ao Senhor, encapuzou-se e seguiu adiante, rumo a uma casa amiga. Por toda a Jerusalém, o povo de Deus ainda rezava pelo Apóstolo.

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Padre Paulo Ricardo - 22 de Junho de 2023

HISTÓRIA DA IGREJA - SANTOS & MÁRTIRES

👆São João Fisher, São Tomás More e o Terror dos Tudor
(por Joseph Pearce)


Em junho de 1532, demonstrando uma coragem singular, João Fisher pregou em público contra os planos de Henrique VIII de se divorciar… Três anos mais tarde, tanto ele quanto Tomás More seriam executados, pelo mesmo motivo.


O, how wretched
Is that poor man that hangs on princes’ favours!
There is, betwixt that smile we would aspire to,
That sweet aspect of princes, and their ruin,
More pangs and fears than war or women have;
And when he falls, he falls like Lucifer,
Never to hope again.

Triste a sorte
de quem depende do favor dos príncipes!
Entre o sorriso a que ele aspira tanto,
o aspecto prazenteiro do monarca,
e sua ruína há mais angústias e medo
do que na guerra ocorre ou nas mulheres.
E quando a queda vem, quem cai é Lúcifer,
privado da esperança.

— William Shakespeare, Henrique VIII (trad. de Carlos Alberto Nunes)

Em junho de 1532, demonstrando uma coragem de que, infelizmente, careciam os demais bispos da Inglaterra, João Fisher pregou em público contra os planos do rei de se divorciar de Catarina de Aragão. Em janeiro do ano seguinte, Henrique VIII e Ana Bolena, já então grávida, contraíram em segredo um arremedo de matrimônio. Dois meses depois, Thomas Cranmer tornou-se arcebispo da Cantuária. Uma semana mais tarde, Fisher foi preso. Parece que Cranmer e o rei o queriam fora do caminho para que não se manifestasse publicamente contra o divórcio do rei, que Cranmer recohecera em maio, ou a coroação de Ana Bolena no início de junho, grávida de seis meses. Fisher foi libertado duas semanas após a coroação, sem qualquer acusação.

Rei Henrique VIII, em retrato de um discípulo de Hans Holbein, o Jovem.

Em março de 1534, Fisher, junto com Tomás More e outros, foi acusado de conluio na chamada “traição” de Elizabeth Barton, a conhecida santa Donzela de Kent que alegara ter visto o lugar reservado no inferno a Henrique VIII, caso ele se divorciasse de Catarina e se unisse a Ana Bolena. Passando por cima de toda formalidade jurídica, o Parlamento declarou Fisher e outros culpados. A punição foi o confisco de todos os bens pessoais e encarceramento ao bel-prazer do rei. Mais tarde, Fisher recebeu um indulto mediante o pagamento de uma multa de 300 libras. A pobre e infeliz “santa Dama” não teve a mesma sorte. Acusada de traição, morreu enforcada em abril junto com mais cinco companheiros, quatro deles sacerdotes. Em seguida, teve a cabeça arrancada e fincada numa estaca na Ponte de Londres, um aviso a quantos pudessem sentir-se tentados a questionar as ações do rei. Um ano depois, as cabeças de Fisher e More teriam o mesmo destino terrível. Nas palavras do historiador Richard Rex, “a execução da santa Dama e seus companheiros foi uma das muitas formas de uso judicioso do terror jurídico como meio de garantir a obediência à Reforma inglesa” [i].

No mesmo mês da prisão de More e Fisher por suposto envolvimento com a santa Dama, o Parlamento aprovou o Primeiro Ato de Sucessão, que obrigava todos os súditos a fazer um juramento de sucessão reconhecendo quaisquer filhos do casamento de Henrique e Ana como herdeiros legítimos do trono. O descumprimento da lei considerava-se um ato de traição passível de pena de morte [ii]. Fisher recusou-se a jurar e foi encarcerado na Torre de Londres no dia 26 de abril de 1534. Duas semanas antes, More também se recusara a fazer o juramento.

Da cela na prisão na Torre, More viu o abade da London Charterhouse e mais três monges passarem abaixo de sua janela a caminho do martírio, enquanto louvavam o Senhor. Como More e Fisher, eles se negaram a jurar: “Que esses benditos padres possam encarar a morte com a mesma alegria dos noivos que se dirigem ao matrimônio”, disse More à filha [iii].

Ao saberem da morte heróica daqueles santos monges, Fisher e More devem ter pensado no que os aguardava se continuassem insubmissos à nova tirania. Que teria pensado More quando a amada filha Margaret, grávida de seu neto, o visitou? Ao vê-la, como não se haveria de sentir amargurado aquele coração? “Quase lhe podemos chamar santo padroeiro da vida em família”, escreveu Christopher Hollis. “Guardamos tantas e tão vívidas imagens de sua casa, da qual vinha boa parte de sua felicidade. Felicidade, portanto, que não difere em espécie da que é oferecida a todos os homens comuns. É justamente isso o que intensifica o horror e a grandiosidade dos momentos derradeiros de sua vida. Ele caminhou em direção àquele fim a partir de uma vida como a nossa” [iv].

Escultura de São João Fisher, por Pietro Torrigiano.

Ao compararmos a paixão e prisão de More com a de Fisher, podemos quase apalpar a diferença entre laicato e sacerdócio. More tem uma esposa amável e filhos dependentes sob a sua responsabilidade. Fisher, por outro lado, é celibatário; age in persona Christi, desposado com a Esposa de Cristo, a Igreja. Poder-se-ia dizer que More estava mais justificado no conflito de lealdades que teve de enfrentar.

É compreensível a tentação de uma consciência evasiva a dar o braço a torcer, se com isso puder ajudar a família. Deve, pois, ser ainda mais louvado e venerado por ter resistido à tentação. A posição do sacerdote, porém, não parece tão difícil. Tendo a Igreja por Esposa, sua vocação é dar a vida por ela. A ausência de conflito de lealdades é um dos argumentos mais fortes a favor do celibato sacerdotal. Por isso é trágico que Fisher tenha sido o único bispo inglês a desafiar o rei; é, de resto, um atestado de fraqueza e covardia por parte da hierarquia eclesiástica. Tanto no seu como no nosso tempo, Fisher é um símbolo potente do dever que têm os bispos em todas as épocas de resistir abnegados ao espírito do mundo e ao do tempo, sempre fiéis ao Corpo de Cristo e a serviço do Espírito Santo (Heilige Geist), não do espírito da época (zeitgeist).

Fisher, já velho e doente, estava tão fraco na manhã da execução, que teve de sair carregado da cela. Quanto à execução propriamente dita, temos uma testemunha ocular de suas últimas palavras pronunciadas no cadafalso. “Povo cristão”, disse Fisher à multidão reunida em Tower Hill, “vim até aqui para morrer pela fé da Igreja Católica, fundada por Cristo” [v].

Embora os momentos finais de Fisher sejam um exemplo da coragem que lhe caracterizou a vida, não houve dignidade alguma na forma como lhe trataram o corpo. Provavelmente por ordem de Henrique VIII, o cadáver foi decapitado, despido e deixado no cadafalso pelo resto do dia. À noite, foi retirado sem cerimônias e levado a um cemitério próximo, onde o descartaram ainda despido numa cova grosseira. Não houve ritos funerários. Puseram-lhe a cabeça sobre uma vara na Ponte de Londres, onde permaneceu por duas semanas. Seu aspecto corado e aparentemente incorrupto chamava bastante a atenção.

Era a vez de Tomás More enfrentar o machado do carrasco.

Três dias após o martírio de Fisher, Henrique VIII ordenou que pregadores denunciassem dos púlpitos as traições de Sir Tomás More. Como o julgamento dele por traição só começaria dali a uma semana, no dia 1.º de julho, as ordens do rei significavam — como se fosse necessário explicá-lo… — que a sentença já estava dada e só um veredicto seria admissível. São suficientemente claros os paralelos com os sistemas jurídicos de outras tiranias secularistas, como os julgamentos de fachada na União Soviética de Stálin.

   Sir Thomas More, em retrato de Hans Holbein, o Jovem.

No dia 6 de julho de 1535, a caminho do cadafalso, More pediu a Edmund Walsingham que o ajudasse a subir os degraus até o local da execução, e ainda gracejou, preservando o bom humor até o fim: “Senhor tenente, rezo para que me ajude a chegar a salvo lá em cima. Quanto à descida, posso me mover por conta própria” [vi]. Do cadafalso, momentos antes de ter a cabeça arrancada do corpo, More proclamou para a multidão ali reunida que sua morte era a de um “bom servidor do rei, mas primeiro de Deus”. 

A cabeça foi levada até a Ponte de Londres, onde a de João Fisher, coberta de sangue, ainda era exibida. Jogaram-na no Tâmisa e puseram no lugar a cabeça de More.

Hollis descreveu More e Fisher como “os dois homens mais sábios da Inglaterra” e a morte deles como o assassinato da sabedoria e da justiça, do humor e da santidade [vii]. Com um juízo tão genérico só podemos concordar parcialmente. Talvez seja ponto discutível que More e Fisher fossem inigualáveis em sabedoria; mas é certo que a morte deles não acabou com a sabedoria, que continuou “de forma medíocre” (para citar Belloc) [viii]; nem com o humor, que ressurgiria de modo estrondoso nas comédias de Shakespeare; nem com a santidade, que sempre desafia o túmulo, já que o sangue dos mártires é a semente da Igreja.

No entanto, ela matou a justiça ou, quando menos, a enfraqueceu seriamente. A usurpação pelo rei dos direitos religiosos da Igreja e, portanto, das liberdades religiosas dos próprios súditos pôs em movimento um processo de nacionalismo secular que levaria ao surgimento de um tipo de secularismo que se transforma em fundamentalismo secular. Quando o Estado se torna presunçoso demais e esmaga a liberdade religiosa, a presunção logo se transforma em autoritarismo, que esmaga os indefesos e os fracos, o que leva ao acúmulo de corpos de incontáveis vítimas

A palavra final sobre o legado de João Fisher e Tomás More — e o juízo definitivo (sob Deus) sobre a razão por que deveríamos considerá-los heróis — é de G. K. Chesterton, cuja personalidade prova que o martírio de More e Fisher não matou a sabedoria, o humor e a santidade. Num ensaio sobre Tomás More, Chesterton toca o núcleo do que separa a soberba de um rei da humildade de um santo:

Henrique sempre quis ser juiz em causa própria, contra as esposas, contra os amigos, contra a Cabeça de sua Igreja. Mas o elo que une More à supremacia romana pela qual morreu é este fato: que ele sempre teve a mente aberta o bastante para querer outro juiz que não ele mesmo […]. Há esta relação verdadeira entre o mártir e a doutrina pela qual foi martirizado; é que [More] morreu não apenas em defesa do Papa, mas em desforra do homem que quer se tornar Papa” [ix].

Notas

  1. Richard Rex, “The Execution of the Holy Maid of Kent”, Historical Research 64 [1991], 220.
  2. Tecnicamente, eles eram culpados de conivência com a traição, por si só um ato de traição na época, e portanto passível de pena capital também.
  3. Philip Caraman (ed.), Saints and Ourselves (London: The Catholic Book Club, 1953), 76-7.
  4. Christopher Hollis, St. Thomas More (London: Burns & Oates, 1961), 31.
  5. Maisie Ward (ed.), The English Way: Studies in English Sanctity from Bede to Newman (Tacoma, Washington, Cluny Media Edition, 2016), 212.
  6. From William Roper’s Life of Sir Thomas More (1626); quoted in Hollis, 237.
  7. Hollis, op. cit., 239.
  8. Hilaire Belloc, “Lines to a Don”.
  9. Ward (ed.), op. cit., 221.
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👆 OLAVO DE CARVALHO

A proibição de comparar: Brasil-Mentira III

(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 17 de Abril de 2009, disponível no site do professor)

Exemplos recentes da radical abolição do senso das proporções nas discussões públicas neste país, e da sua substituição por proclamações absolutistas rancorosas e pueris até à demência, aparecem em dois artigos do Observatório da Imprensa, publicação que, sublinhando o grotesco da situação, se autodefine não como um agente entre outros no jornalismo brasileiro, mas como um tribunal para o julgamento da idoneidade dos demais agentes.

Discutindo a celeuma causada pelo uso do termo “ditabranda” na Folha de S. Paulo para qualificar o regime militar brasileiro, o Sr. Alberto Dines, fundador, diretor, e guru máximo do Observatório, proclama:


“O debate sobre a ‘ditabranda’ estava errado desde o início porque fixou-se numa classificação de ditaduras, quando o certo seria discutir a inflexibilidade do processo democrático. Há um certo momento pareceu que as partes estavam querendo inventar um medidor de ditaduras, ou ditadurômetro, por meio do qual as diferentes relativizações, devidamente equacionadas, estabeleceriam um kafkiano ranking de autoritarismo, do suportável ao insuportável… A ‘Guerra Suja’ argentina matou 30 mil, a nossa matou 300 ou 3 mil. A quantificação é desumana, armadilha brutalizante…”


Vamos por partes. O Sr. Dines afirma que toda comparação de autoritarismos é indecente. Só vale a democracia absoluta. “O pacifismo é ncondicional ou é hipócrita. A democracia é integral ou é uma farsa.” Não vou apelar ao expediente, até covarde nas presentes circunstâncias, de mostrar que nenhuma democracia no mundo jamais foi integral. Os meros fatos não alcançam as alturas do rigorismo platônico exigido pelo Sr. Dines. Em compensação, conceitos puros são o domínio da lógica e não podem furtar-se ao dever de definir-se a si mesmos. Ora, a “democracia integral” é indefinível, porque é autocontraditória.


Todo principiante no estudo da teoria política tem de saber, desde logo, que a democracia não é uma substância, uma coisa, mas uma qualidade que se tenta impor a uma substância preexistente, isto é, à sociedade tal como estava antes do advento da democracia. Tem de saber também, em conseqüência, que a democracia não é uma quantidade fixa, mas uma proporção – e que, por isso mesmo, não pode ser “integral”. A democracia constitui-se essencialmente de uma limitação mútua entre os poderes, o que subentende que esses poderes existam e que cada um deles não seja integralmente capaz de limitar-se a si mesmo. Todos os teóricos da democracia, mesmo os mais entusiastas, sempre ressaltaram que ela é um estado de equilíbrio instável, incapaz de fixar-se na perfeição do equilíbrio puro subentendido na palavra “integral”. A democracia não é um princípio universal, mas um arranjo pragmático. Princípios universais podem ser aplicados ad infinitum sem levar jamais a contradições. Por exemplo, o próprio suum cuique tribuere, ou a noção de que a responsabilidade de um ato incumbe a quem o cometeu e não a outra pessoa. Você pode aplicar indefinidamente esses princípios a todos os casos possíveis e imagináveis, nunca eles levarão a situações paradoxais e sem saída.


Bem diferentes são os arranjos pragmáticos, cuja aplicação é limitada por definição e que, estendidos para além do seu campo próprio de aplicação, se autodestroem ou se convertem nos seus contrários. A democracia é um dos exemplos mais óbvios dessa distinção, e isso é mesmo uma das primeiras coisas que o estudante de teoria política tem de aprender. Em toda democracia há, por definição, uma infinidade de abusos antidemocráticos. Suprimi-los por completo, como subentendido na noção de “democracia integral”, exigiria a instalação do controle social perfeito, portanto a eliminação da própria democracia. A democracia reside precisamente na busca permanente da compensação mútua entre fatores que, em si, não são democráticos. Isso quer dizer que enormes coeficientes de autoritarismo subsistem necessariamente dentro de qualquer democracia e que sem eles o próprio conceito de democracia não faria sentido. A “democracia integral” coincidiria em gênero, número e grau com a ditadura.


Em segundo lugar, democracias não existem no ar, mas em unidades políticas soberanas que coexistem com outras unidades políticas soberanas. Um regime de um país só pode ser democrático para dentro. Não pode conceder aos cidadãos e governos de outros países os mesmos direitos e garantias que dá aos nacionais. Isso implicaria a sua dissolução imediata. Uma “democracia integral” pressuporia a inexistência de fronteiras, mas parece difícil explicar isso a uma mente como a do Sr. Dines. Tratados internacionais podem, por sua vez, retroagir sobre as leis internas, diminuindo o coeficiente de direitos desfrutados pelo cidadão da democracia. Por outro lado, o governo mundial, necessário à implantação da “democracia integral”, seria também contraditório com a noção de democracia, por ser inatingível à fiscalização direta de todos os eleitorados locais – a não ser na hipótese de uma humanidade ilimitadamente poliglótica. Uma expressão como “democracia integral” só pode ser usada por um leviano opinador que não examinou o problema por um só minuto e que se limita a manifestar desejos arbitrários como uma criancinha que esbraveja e chora quando contrariada.


A existência mesma de um poder legislativo, que é um componente essencial da democracia, prova que ela não pode ser integral. Se você tem de estar continuamente produzindo novas leis, é porque as anteriores não produziram a “democracia integral”. Se a produzirem, a subseqüente supressão do legislativo a transformaria ipso facto em ditadura. Basta isso para mostrar como as idéias de pureza e democracia são radicalmente incompatíveis, não apenas no baixo mundo dos fatos, mas na própria esfera dos conceitos absolutos. Como é possível que um sujeito que ignora uma coisa tão elementar da teoria política tenha os meios de sair por aí dando lições de democracia?

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Eu, você, e o nosso inimigo, parte 3
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
20 de Julho de 2023





Em outubro de 2021 eu comecei a fazer uma série chamada "Eu, você e o nosso inimigo", que eu pretendia que se estendesse em 5 edições. Todas as edições iriam tratar de um capítulo do livro "The fool and his enemy" do escritor, analista político e jornalista americano Jeffrey Nyquist, ou "O tolo e seu inimigo" como ficou na tradução em português da Vide Editorial feita por Alessandro Cota.

Se quiser, você pode ler a parte 1 e a parte 2 das análises que postei naquela época, talvez você não se recorde do que escrevi ou não tenha lido mesmo.

"Por que parou?", você deve estar se perguntando... bom, pelo seguinte problema: com o fechamento do jornal Terça Livre aqui no Brasil me bateu um certo desânimo e eu tive que suspender a coisa por um tempo para processar toda aquela situação de censura e repressão. Eu somente publiquei a parte 2 no início de novembro porque eu já a tinha rascunhado antes, faltando adicionar somente alguma informação, como a da jornalista chinesa, mas não dei conta de continuar com uma próxima parte pelos absurdos que testemunhei acontecendo. Eu não conseguia pensar de forma clara, uma vez que as ÚNICAS pessoas que eu confiava pra me trazer análises confiáveis (Allan, Ítalo, Max, Carlos Dias, etc) foram caladas SEM RAZÃO ALGUMA.

Precisei respirar e achar o tempo certo (para mim e para vocês, leitores) para dar sequência. E o tempo certo eu creio ser AGORA. Mesmo porque os últimos acontecimentos nos foram bem propícios pra isso.

Se você já tomou um tempo para interromper sua leitura e ler as outras duas partes desta série, bom, no final da parte 2 eu disse que a coisa não ia melhorar. A observação atenta da realidade me diz que minhas maiores expectativas foram superadas em larga escala, tamanha é a maldade do homem moderno.

Continuamos então a partir de agora com o Capítulo 3 - A Nova Religião. O título está em estreita consonância com a situação alemã que temos acompanhado atualmente. E se me permitem uma opinião aqui – ATENÇÃO, CUIDADO!... É A MINHA OPINIÃO... feito o disclaimer, sigamos – essa nova religião do título se erguerá em breve, virá do seio do próprio Vaticano, e já tem até representante papal; será a Igreja Sinodal, ou coisa que o valha. Os bons católicos terão a sede de sua Fé tomada pelo inimigo e serão em pequeno número. Penso dessa forma; dentro de alguns anos, veremos o que vai ser. Feita essas observações, vejamos o que Jeff Nyquist tem a nos dizer.

Ele começa o texto citando Jung, o famoso psiquiatra, e o conceito de enantiodromia, que se trata da força inicial que acaba inexoravelmente gerando uma força oposta. Algo que São Tomás de Aquino já sabia em seu tempo ao explicar a existência de Deus, muito embora não nos mesmos termos. O anticristo é explicado então como sendo o idealizador dessa nova religião.

E não é complicado enxergarmos a lógica de Nyquist ao ler sobre isso, tendo agora os exemplos da realidade da Igreja HOJE. Se Cristo é o dono da Igreja, a nova religião terá o oposto a Cristo como seu fundador. Semana passada eu estava ouvindo o confidente Pedro Regis e ele dizia sobre uma mensagem de 2008 de Nossa Senhora de Anguera, que dizia sobre aquele que poderia ter sido Pedro, mas será Judas. Não apontarei dedos aqui, continuemos.

Resumindo essa teoria tomista que citei acima, que é o argumento da causalidade, ela acaba gerando essa ideia interessante de opostos que me chama a atenção, e eu descrevo, a grosso modo, assim:

Se tem.......... também tem.
Cristo............ anticristo,
Tempo........... extra-tempo (ou eternidade),
Religião......... antirreligião,
Vida............... morte,
Ser criado...... ser criador (a causa motora inicial).

E assim por diante. Detalhe é que São Tomás nunca se refere a opostos diretamente, mas o argumento da causa primeira que ele detalha na Suma Contra os Gentios acaba dando vazão a essa ideia útil aqui para nossa análise.

Percebemos assim a que lógica esses fatores se operam. Daí dá pra se entender quando Nyquist afirma na página 82 que "a nova religião é contra toda religião". Ou seja, será uma antirreligião, que não promoverá o sobrenatural e perene, mas o material e temporário. Ela será a religião estatal, materialista, uma religião de interesses e que usará máscaras que farão com que pareça uma religião que leva para alguma coisa. Mas não leva, inclusive ela pretende eliminar DEUS da face da terra, deixando as pessoas apenas com o culto ao Estado. Algo parecido com o modelo estatal chinês. Para isso, Nyquist explica que a coisa primeiro fará com que as pessoas se vejam como deuses, tornando o culto à Deus em um culto ao ser humano, em uma manobra luciferiana, de fazer com que as pessoas se preocupem apenas com o imediatismo, o aqui e o agora, o material, tirando completamente o sobrenatural da história. E nós podemos ver perfeitamente essa tendência vagarosamente dominando seminários, escolas, mosteiros, carmelos, fazendo com que as pessoas tenham uma cabeça ambiental, a favor de minorias, a favor do ganho pelo ganho, da luta pelo poder, da ciência que não é ciência, tudo isso... menos DEUS. E já se tem sacerdotes no Vaticano que defendem os maiores absurdos que você pode imaginar, como aborto, as pautas LGBT, a psicose ambientalista, ordenação de sacerdotisas, e por aí vai. Quem sabe as diretrizes da Teologia (ou HERESIA) da Libertação, sabe muito bem do que estou falando. É a heresia que promove a destruição de tudo que é caro e bom da sociedade, a família, a nação, a própria igreja e o sentido de hierarquia e patriarcado, de propriedade, e assim vai.

"Faça o que tu queres, pois é tudo da lei!"
Assinado: Lúcifer e Aleister Crowley, satanista.

Afinal de contas, o novo “deus” são as próprias pessoas, e ninguém ao mesmo tempo. E se não acredita em nada disso, meu amigo, primeiro observe as resoluções dos novos cardeais que Bergoglio escolheu, depois fique à vontade para acusar eu, Alexandre Costa, o próprio Nyquist, o professor Olavo de Carvalho, Alex Jones e outros de loucos conspiracionistas. Só não fique chorando depois quando descobrir tardiamente que era tudo real!

E se isso não é o bastante pra você, Nyquist ainda cita na página 90 a eliminação sumária de toda história pregressa do ser humano, ou a distorção daquilo que se conhece por história. A inversão já está em curso, pois se você olhar o novo prefeito do dicastério da doutrina da Fé do Vaticano, e olhar seu passado de beijoqueiro, o conjunto de sua obra perversa, vai entender perfeitamente que tudo isso já vinha sendo avisado, falado e alertado há muito, muito tempo. Esse livro mesmo do Nyquist data de 2017, e pessoas como Olavo de Carvalho já vinham falando de toda essa desgraceira há anos antes da publicação deste livro.

A beleza será rebaixada e o feio será cultuado e elevado ao patamar de arte. Só ver o presépio horroroso montado por Bergoglio no Natal de 2020. Homens não serão mais capazes de se portarem como adultos. Se ninguém percebe aí fora a infantilização progressiva das pessoas então não vive no mesmo mundo que eu. Basta eu falar das discussões e conversas que tive com professores colegas meus que me confirmaram que as empresas estão chamando a velha guarda para trabalhar novamente porque jovens não dão conta de fazer o serviço; não tem comprometimento. A sociedade como um todo está sendo levada ao matadouro estatal, onde o Estado é o provedor, mas se você não se comportar como eles querem, não pensar como eles querem, cortam seus benefícios. O sistema de crédito social chinês está chegando.

A obstinação narcisista das pessoas de provocar o mal com a intenção de tirar bens, como se fossem iguais a Deus, revela a sanha revolucionária de querer destruir tudo quanto existe de bom para construir o tal paraíso na terra. O homem, tomado dessa arrogância após o pecado original se põe a agir da mesma forma, querendo eternamente de volta o "paraíso perdido" que tanto amou no início do mundo. A trama de John Milton vai tomando corpo no nosso mundo decaído.

Nós aqui temos nossa parcela de culpa em tudo isso. Somos de certa forma culpados por permitirmos, ao longo das décadas, que as pessoas erradas chegassem a condições de poder que jamais deveriam ter chegado.

Outro dia desses alguém me perguntou o que eu faria para melhorar a igreja. Respondi que já estava fazendo isso melhorando a mim mesmo. Sim, porque se hoje temos um Bergoglio, um bispo beijoqueiro ou mesmo um que diz que “não queremos levar as pessoas à Cristo, absolutamente”, eu vejo isso como uma espécie de castigo divino à nossa soberba e arrogância, ao nosso descaso em permitir que tantas coisas ruins acontecessem ao redor de nós, com a nossa indiferença. Melhorar a nós mesmos é um jeito – talvez o único que nós tenhamos agora – de combater isso aí.

Durante muito tempo, e isso Nyquist também atesta, fomos orgulhosos demais. Quisemos que Deus satisfizesse nossas ambições, nossos desejos, nossas vontades tortas. O homem, em seu desejo pernicioso de querer se tornar um deus, nega a si mesmo e a sua humanidade. Deus nos corrige nos abandonando ao nosso próprio orgulho.

Um dia, tudo isso acabará. Um dia, isso que vemos hoje estará nos livros de história, longe do dia a dia das pessoas. Não sei se na nossa era, ou em outras eras futuras, mas estará. Nenhum mal dura para sempre. Porém, enquanto não melhorarmos a nós mesmos, esse mal, ainda que temporário, ainda que secular, estará aí quanto tempo Deus achar que merecemos correção.

A Nova Religião, atestada não só por Nyquist ou os que vieram antes dele, está aí, e nos torturará, e tentará nos desviar da Verdade, do Um Deus, do Cristo banhado em sangue por nossos pecados. Sejamos fortes, resolutos, mesmo que isso custe nossas próprias vidas.

Do “paraíso perdido”, todos sentiremos saudades, sempre. Mas ele está Lá, acima de nós, esperando o momento de nos acolher. “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti.” (Santo Agostinho)

No próximo artigo da série, que não sei quando sairá, seremos confrontados com nós mesmos e as repercussões do que vimos até agora. Sei que esta terceira parte foi como uma pancada no estômago, mas ainda não acabou. Respire, releia, reflita, e leia a obra do Nyquist, pois somente o conhecimento vai nos libertar desse pesado jugo.


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👆 HUMOR

Nas True Outstrips de hoje:

- Parecia a luta do século! Tinha até soros envolvidos! Até que apareceu um treinador duro de derrubar!;

- Aí o mestre, vendo que o nerdeta tem um trans-problema, dá uma trans-solução... hehehe!;

- Por fim... a nova rainha má, a Tchentcha, não contava com um segredo seu que nem ela sabia: não suportar ouvir a verdade! Hahaha!

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- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!
https://campanhadobem.com.br/campanhas/true-outstrips-nao-pode-parar


(24/07/2023)


E hoje, em Alea Torium Est:

- Um japa até que bem intencionado... mas que precisa abrir mais o olho! Hahaha!

- Aí o japa pega a referência mas entende tudo errado!... Abre uzóiu, japa! Hehehe!

(24/07/2023)

E como sempre... 

Se nada acontecer comigo, a gente se vê de novo em 15 dias!
E não se esqueçam! VEM AÍ...


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LEITURA RECOMENDADA

Hoje vou recomendar um livro que se trata de uma sátira. O autor, o grande Thomas More, cria uma ilha e lá tenta construir uma sociedade utópica, muito aos moldes de Platão em A República, mas no fim... bem, trata-se de uma sátira. Bom para quem ler, entender que utopias nunca dão certo no nosso mundo e sempre terminam em banhos de sangue.

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