Edição LVII (Terça Livre, Revista Esmeril 31, opinião e mais)

 Tempo de Leitura LVII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


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REVISTA ESMERIL 31

“Merda acontece” (Diogo Cruxen)

Hoje! (Leônidas Pellegrini)



Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
     

31 de Maio de 2022
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Está no ar: O POVO NO PODER 3. Assinem o Terça Livre e aproveitem! Cliquem na imagem para acessar.




👆 Com a palavra, Terça Livre!




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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 26 da Revista Terça Livre, de 07 de Janeiro de 2020.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV está sendo reformulado, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



CULTURAL

👆 Invasão (nada) Secreta: As HQs “Lacradas”
(por Leônidas Pellegrini, assinando como "Domingos Neto")


Dois dos vilões mais poderosos de que se tem notícia invadiram e têm devastado o mundo das HQs. Maiores que Thanos, Darkseid e Capitão Feio juntos, o Politicamente Correto e a Lacração andam assassinando a criatividade, subvertendo valores, corrompendo imaginários e construindo uma realidade totalitária para as futuras gerações de leitores. A partir da minha experiência de décadas como leitor de quadrinhos, registro aqui minhas impressões sobre a epidemia histérica que invadiu as três editoras com que mais tive contato: MSP, Marvel e DC.


O professor Olavo de Carvalho aponta reiteradas vezes para o fato de que o problema do jornalismo brasileiro está sobretudo nas redações, hoje totalmente dominadas por esquerdistas. Quando avalio o que andei lendo da Maurício de Sousa Produções nos últimos dez anos, período em que as gerações de roteiristas clássicos têm sido gradativamente substituídas por “jovens dinâmicos” (que se multiplicam conforme a empresa cresce), penso que as oficinas da maior produtora de quadrinhos do Brasil sofrem da mesma doença.


Feminismo, ambientalismo, agenda étnica gratuita e forçada, ideologia de gênero e até revolução linguística orwelliana habitam as páginas de publicações que entretiveram e divertiram várias gerações que, em grande parte, devem à turminha muito de sua alfabetização, letramento e formação do imaginário.


Notando aqui e ali uma progressiva chatice nas revistas da Turma da Mônica nos últimos quinze anos, uma das que mais me espantou 
foi a revolução linguística imposta pelo politicamente correto naquelas HQs. Muito mais significativo que a eliminação dos símbolos que indicavam palavrões ou linguagem mais agressiva, por exemplo, foi a substituição de expressões populares consagradas como “chuta que é macumba” por “chuta que é coisa ruim”. Só isso já indica, via patrulhamento e reconstrução da linguagem, o processo de revolução cultural “silenciosa” e “invisível” com que se têm engajado os artistas da editora.


Outros exemplos explicitam ainda melhor tal processo: o Astronauta visitando planetas em que as pessoas podem ter ambos os sexos. Mônica e Magali discutindo o fato de meninas também poderem ter “torneirinha”. Mônica adolescente repetindo o bordão “meu corpo, minhas regras”. Um “empoderamento” forçado e desnecessário das personagens femininas (como se, nas publicações da menina mais forte do mundo, 
todas elas já não tivessem, cada uma a seu jeito, força e encanto próprios). Pautas ambientalistas e da “cultura da paz” em sintonia com as promovidas e criadas pela ONU. Uma campanha absurda e mentirosa feita recentemente em torno de Milena, a “primeira” personagem negra da Turma, ignorando-se personagens mais antigos como Jeremias, as turmas do Pelezinho e do Ronaldinho Gaúcho, e o próprio Cascão que, apesar da pele clara, apresenta evidentes traços de miscigenação. O quase total sumiço, nas histórias do Chico Bento, do Padre Lino, importante referência moral e espiritual para a turma da roça. Uma espécie de “esterilização” de personagens que pendiam para o politicamente incorreto, como Rolo e Zecão, que viraram jovens universitários dinâmicos nas histórias cada vez mais pautadas pelo feminismo da Tina. Tudo muito bonitinho, certinho, para que ninguém se ofenda. Personagens cada vez mais artificiais e chatos. Humor sem graça, cansativo.


Acrescento às impressões aqui expostas a crescente falta de criatividade dos novos roteiristas, e vejo o quanto publicações da MSP tornaram-se cada vez mais insossas e, não se enganem, perigosas. De maneira homeopática, gotinha a gotinha, o politicamente correto vai tomando o imaginário dos pequenos leitores
[1].


Lacrando a todo vapor, a editora vem, nacional e internacionalmente, crescendo ano a ano. É interessante, na esteira desse crescimento, verificar os contratos entre MSP e MEC, assim como com diversas secretarias estaduais e municipais de educação, digamos, nos último dez anos. Foram muitas e elevadas cifras despendidas por órgãos oficiais com a turminha. Quem trabalhou com o ensino fundamental nesse período sabe do que estou falando.


Marvel e DC: lacração nas infinitas terras 


Marvetes e dcnautas andam há um bom tempo insatisfeitos com as publicações dessas editoras. Eu mesmo abandonei-as há um ano e pouco, mantendo ainda a leitura mensal de Deadpool, uma das últimas divertidas e politicamente incorretas publicações da Marvel.


Essa “Lacração nas Infinitas Terras”, que hoje se estende mais agressivamente sobretudo nas adaptações feitas para as telinhas e em andamento nas telonas, pode ser percebida desde pelo menos o início dos anos 2000, e inclui o de sempre das agendas progressistas: feminismo, gayzismo, ambientalismo, ideologia de gênero, entre outras pautas mais localizadas, como ataques ao Governo Trump. A seguir, pontuo cenas, eventos, personagens e mudanças que têm marcado o avanço dessas pautas nas duas editoras.


Em 2005, a Marvel lança a equipe de heróis adolescentes Jovens Vingadores, sempre em baixa entre os leitores mais tradicionais sobretudo pelas chatíssimas posturas politicamente corretas de seus integrantes. O grupo conta com o casal gay Wiccano – Hulkling, que protagonizou a polêmica da FLIP deste ano, com a exposição do encadernado A Cruzada das Crianças, que exibe um beijo entre os dois adolescentes em uma página de destaque, no estande da Salvat, sem que houvesse qualquer indicação de restrição de idade para sua venda. O casal foi a primeira experiência LGBTeen da editora, que não parou por aí. A equipe já contou com a participação passageira de uma versão adolescente de Loki, que, nos últimos anos, tem sido um personagem “fluido” em vários aspectos, entre eles a orientação sexual. Desde 2013, tem como um de seus pesos pesados a adolescente Miss América Chavez, primeira heroína LGBT latinoamericana da Marvel. Quando não está socando vilões cósmicos, a chica dá lições de moral nos machões e milita pelas pautas arco-íris. Mais recentemente, a equipe foi reformulada com um novo nome, Os Campeões (exceto de vendas), que também conta com personagens como Viv Visão, filha do clássico Visão, sintezóide lésbica apaixonada por Riri Williams, a adolescente que substituiu Tony Stark como Coração de Ferro após a mais recente “morte” do herói.


A pauta gayzista é vasta, abraçando ainda diversos outros heróis e vilões, como Daken (um dos filhos do Wolverine), Flautista (ex-vilão e atual aliado do Flash), Mulher Gato, Arlequina, Hera Venenosa, Valquíria, Capitão Marvel e os X-Men recentemente saídos do armário Bob Drake (Homem de Gelo) e Colossus. Além disso, ainda na impossibilidade de reescrever a sexualidade de alguns ícones, tem-se utilizado do Multiverso (existência de diversos universos simultâneos nos quadrinhos) para criar as 
mais diversas versões alternativas de alguns personagens. Assim, temos um Superman nazista, um outro comunista e, claro, um casal composto por Barry Allen (Flash) e Hal Jordan (Lanterna verde clássico) em uma das 52 Terras da DC. Quanto tempo para um casal Rogers-Stark, com o Capitão América exibindo um arco-íris no escudo? Façam suas apostas!


Já chega? Ainda não! A cereja do bolo (até agora) veio às páginas em setembro do ano passado, na figura da Poderosa Rebeca (
The Mighty Rebekah), a primeira heroína trans da Marvel. Baseada no ativista trans Rebekah
Bruesehoff, de apenas doze anos de idade (e que alega sentir-se menina desde os oito), essa “garota” integra uma geração de heróis infanto-juvenis da
Marvel’s Hero Project,
iniciativa por meio da qual a Disney, sob o pretexto de incentivar o ativismo e a inclusão entre as crianças, promove 
escancaradamente a revolução cultural entre elas.


Não posso deixar de fechar este tópico com um significativo episódio de patrulhamento linguístico LGBT. Em uma das aventuras dos Jovens Vingadores, eles contam com do Soldado Invernal. Quando em uma das cenas, Bucky diz “Vamos acabar com esses maricas”, toma um pito dos adolescentes e, constrangido, reformula sua frase trocando o ofensivo “maricas” por “frouxos”.


Na esteira do feminismo, nos últimos anos os roteiristas têm apostado pesado na substituição dos personagens masculinos por substitutas mulheres ou versões femininas mais poderosas e melhores. Heróis morrendo ou pendurando as capas é pratica corriqueira nas HQs, mas as editoras apostaram pesado em recentes testes com alguns de seus maiores ícones. Na DC, uma nova morte do Superman trouxe à tona várias outras versões do Azulão, entre elas um Superman 
mais velho de outra Terra e seu filho John, o chinês Kenan Kong e duas Superwomen (Lois Lane e Lana Lang), sendo que uma delas recebeu grande destaque e um periódico próprio. A editora também tem tentado dar destaque à Batwoman, heroína surgida em 1956 e que agora reaparece em versão lésbica, também com revista própria. Diversas outras versões femininas de Superman, Batman, Flash, Lanterna Verde e Aquaman espalham-se pelo Multiverso DC, assim como um bizarro “contrapeso” nessa balança, o Homem Maravilha da Terra 11.


Já na Marvel, a coisa anda pior, com a tentativa de substituir ou reescrever os maiores ícones da editora em versões girl power. Recentemente, morreram Tony Stark, substituído pela adolescente negra Riri Williams, como Coração de Ferro; Bruce Banner, substituído nos Vingadores por sua prima Jennifer Walters, a She-Hulk (que também já substituiu o Coisa no Quarteto 
Fantástico há pouco tempo); Wolverine, substituído por sua filha Laura Kinney, a Novíssima Wolverine, e, parcialmente, por
sua “neta”, a pirralha Gabby (que tem até um pequeno Wolverine de estimação, Johnatan), enquanto um Logan alternativo de outra Terra, idoso e doente, cambaleava para sobreviver a cada dia. Odinson tornou-se indigno de portar o Mjolnir, que passou para as mãos de seu antigo amor Jane Foster, a nova (e mais poderosa) Thor. Um arco recente das histórias do Gavião Arqueiro trouxe Clint Barton como um bobalhão patético e desastrado que frequentemente precisa da ajuda de sua versão “aprimorada”, a adolescente Kate Bishop, Gaviã Aqueira. Gwen-Aranha e Teia de Seda, versões femininas do Homem-Aranha, recentemente ganharam revistas próprias. Danielle Cage, filha de Luke Cage e Jessica Jones, é a Capitã América que integra os Vingadores de um
futuro não muito distante.


Alguns desse heróis mortos ou “depostos” já retornaram e reassumiram seus mantos, mas o importante aqui é atentar quanto aos testes que estão feitos pelas editoras. Qualquer um que chame esse processo de forçação de barra está completamente certo, mas o que está em jogo é o trabalho com o imaginário dos leitores[2], sobretudo os mais jovens, em quem os mentores da engenharia comportamental mais investem. Afinal, uma revolução psicológica pressupõe preparo de terreno.


As batalhas políticas. Referências críticas e alfinetadas em figuras políticas não constituem um expediente novo nas HQs, mas têm virado militância cansativa. Cabe destacar a edição 583 de
Amazing SpiderMan, de 2008, em que o aracnídeo encontra com o então presidente eleito Barak Obama, destaque até na capa da revista. Em contrapartida a essa puxação de saco infinita, o número de estreia da Marvel Two In-One, de 2017, traz o Coisa, em diálogo com o escalador de paredes, referindo-se a si próprio como o “segundo mostro laranja mais conhecido do mundo”, em alfinetada contra o atual presidente dos EUA.


Nas páginas da ex-vilã e atual heroína bissexual Arlequina, os ataques a Trump são constantes. Em uma das edições, um mostro invasor dispara o clássico “leve-me ao seu líder”, e a palhacinha da lacração responde que o atual líder “passa o tempo todo na Casa Branca afofando a peruca e postando bobagens no Twitter”.


Cabe destaque, ainda, para um recente arco da revista Capitão América, em que o manto do veterano patriota é assumido por Sam Wilson, o Falcão. O novo Capitão alado, diante do descaso das autoridades nacionais para com o massacre de imigrantes por fanáticos milicianos nacionalistas na fronteira Estados Unidos-México, desobedece e enfrenta o governo americano 
para salvar os imigrantes, e chega mesmo a indispor-se com Steve Rogers (àquela altura, um agente da Hidra infiltrado na Casa Branca – longa história). A propaganda anti-Trump naquele arco foi tão descarada, que era possível visualizar o emblema do Partido Democrata estampado no escudo de Wilson.


Para terminar, eis que nosso presidente, Jair Bolsonaro, passou a figurar como vilão nas revistas dos X-Men, Batman e Demolidor. Aparecendo com nomes como JM Bozo e Mito Fisk, de maneira geral é retratado um ditador cruel de uma nação neofascista. Em X-Men, por exemplo, as crianças mutantes são escravizadas pelos militares do nosso governo, retratando-se aí as perseguições que Bolsonaro supostamente promove contra as minorias excluídas. Enfim, histeria pouca é bobagem...


As impressões aqui expostas são apenas um esboço, dão uma leve ideia do que se passa no mundo das HQs invadido pela esquerda. 
Vence a militância histérica em detrimento da criatividade, da inteligência e da diversão. No entanto, ainda há esperanças para os quadrinhos, e aqui mesmo, no Brasil.


Dois talentos nacionais


Recentemente, estive em contato com dois talentosos quadrinistas brasileiros cujos trabalhos seguem na contramão das chatices lacradoras. São bons, e fornecem boa artilharia para a guerra cultural que enfrentamos.


O primeiro é o estreante Destro, criador do herói homônimo que, em um distópico 2045, luta sozinho contra uma ditadura digital marxista controlada globalmente por três empresas. Esses três conglomerados manipulam a linguagem e têm controle sobre as opiniões, dados, pesquisas e redes sociais para poderem moldar o comportamento das pessoas e manter seu domínio totalitário global por meio da 
promoção de ideologias esquerdistas (qualquer semelhança com o presente é mera coincidência, claro). No entanto, esse futuro orwelliano é ameaçado por essa brazuca mistura de Frank Castle com John Spartan que promete lutar pela liberdade e demolir completamente a Matrix, ou morrer tentando.


A revista Destro estreia em março, e foi totalmente financiada por
crowdfunding entre outubro e novembro do ano passado. Um sucesso estrondoso de vendas, aliás: a campanha atingiu 460% da meta. Isso indica o quanto os leitores de quadrinhos estão sedentos por boas histórias de ação e aventura que os representem no gênero[3].


O outro talentoso artista não é estreante. Giorgio Cappelli tem em seu currículo a participação na coletânea de contos
Visões de São Paulo (2006), dois livros de terror na coleção Necrópole (2005 – 2008), o infanto-juvenil Quem Tem Medo dos Lobos do Mal? (vencedor do Prêmio Literário Jacareí de 2018, superando outros 75 concorrentes) e os dois álbuns de quadrinhos, Rastreadores da Taça Perdida: O Segredo da Jules Rimet (2014) e O Extracurricular Cucaracha (2015).


Seus quadrinhos foram uma grata surpresa para quem, como eu, gosta de aventura e humor politicamente incorreto. Nos 
Rastreadores, deparamo-nos com a epopeia do atrapalhado playboy Vini del Toro e seu parceiro Giovanni em busca da Taça Jules Rimet original. A caçada os leva a aventuras pelo Brasil e pelo mundo dignas de produções como as dos filmes do Indiana Jones e outros clássicos como As Minas do Rei Salomão e Tudo por Uma Esmeralda. Bom entretenimento, com inúmeras referências à cultura pop dos anos 80 e 90, que também estão presentes no encadernado de 2015. Em uma linha mais paródica, Cucaracha satiriza os clichês de adolescentes super-heróis em que um deles acidentalmente ganha poderes de... barata. Diversão e risos garantidos[4].


Cappelli também tem trabalhado com charges e tirinhas que publica no Facebook. A partir de uma dica dada por Bernardo Pires Küster no Twitter, criou recentemente as 
True Outstrips, em que homenageia Olavo de Carvalho e seu pensamento, com participações especiais de ilustres olavetes como Allan dos Santos e o próprio Bernardo. As tirinhas são publicadas em sua página https://www.facebook.com/TrueOutstrips/que atualmente conta com 1316 seguidores.


O apoio a artistas como Destro e Cappelli é fundamental no contexto da guerra cultural pra lá de assimétrica que vivemos atualmente. Promovê-los pode incentivar e encorajar novos talentos a usarem sua criatividade contra a invasão do politicamente correto e das agendas esquerdistas no mundo dos quadrinhos.


[1] Para os pais, fica a dica que segue orientação do professor Felipe Nery: contribuam com a formação do imaginário e da personalidade dos pequenos com livros infantis sobre as vidas dos santos. A Editora Katechesis já possui 18 volumes da coleção Clubinho Katechesis, com histórias de santos diversos.


[2] Leitores e não leitores, na verdade, já que grande parte do que foi mencionado está em preparação para ir às telonas em breve. O processo, aliás, já está em curso. Quem não revirou os olhos diante do desnecessário destaque girlpower para as heroínas do UCM
durante a batalha contra Thanos em 
Vingadores: Ultimato? E quantas não acharam aquilo o máximo? E, por falar em UCM, preparem-se para a Poderosa Rebeca nas telonas em breve (está na agenda da Disney).


[3] Confira o site da campanha em
https://www.catarse.me/pt/destro?ref=notiècacaoreminder&utm_campaign=reminder_link&utm_cont


A página Destro hq, no Facebook, conta com 11018 seguidores até o momento, e 3671 no Instagram. Nelas, o leitor tem acesso à atualizações dos trabalhos em andamento:
https://www.facebook.com/destroquadrinhos/
e
https://www.instagram.com/destro_quadrinhos/?hl=pt-br


[4]
Os livros de Cappelli podem ser adquiridos diretamente com o autor em sua página no Facebook:

https://www.facebook.com/giorgio.cappelli.9

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REVISTA ESMERIL - Ed. 31, de 27/04/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


ORDEM DO DIA

👆 “Merda acontece”



(por Diogo Cruxen)

Entenda por que este é o moderno “De te fabula narratur” (A fábula é sobre você) de Horácio, poeta e satírico de mão cheia


Acredito que todos (incluindo eu e você) têm um estômago e um caso “de merda” para contar. É com esse espírito que pretendo mostrar como a sátira despreocupada, pura e honesta pode ser “acidamente” necessária e, por isso, corrói de maneira universal.

Afinal, como bem expressou o famoso Boça (vestido de coco) que “pode ser rico, pobre, israelense, palestino, fumante ou não fumante: eu sempre apareço, e nas horas mais inoportunas!”. 

A sátira

Ninguém foge de um bom satírico, assim como ninguém foge de uma dor de barriga. Para os primeiros escritores do estilo, era uma maneira de “desferir golpes certeiros contra os vícios do seu tempo”.

Mas vale lembrar que ao ridicularizar os casos particulares, o bom poeta satírico tem o propósito de denunciar os costumes que “se manifestam em todos os tempos e em todas os povos”. Então, cabe ao escritor dessas narrativas uma sensibilidade para captar a corrupção e o ridículo humano, combinados a uma argúcia audaciosa para escrachar essas personas.

Até aí, sabemos que não faltaram grandes satíricos que, evidentemente, fossem mais dignos de serem lembrados num artigo. Então, por que escolhi esse grupo de malucos que se cunhavam de “Hermes e Renato”?

Simplesmente porque acredito terem sido os últimos.

O grupo


“Hermes e Renato” é o nome do primeiro quadro de humor que os garotos Marco Antônio Alves, Fausto Fanti, Adriano Silva, Felipe Torres e Bruno Sutter desenvolveram para passar o tempo e usar a filmadora com um roteiro planejado.

Seria como qualquer um de nós, eu ou você, que pretendesse “tirar um lazer” com os amigos de infância, filmando um teatrinho mambembe para depois assistir tomando cerveja e se contorcendo de rir.

Acontece que eles acertaram na veia. Por algum motivo, eles não são iguais a você e eu. As “palhaçadas de menino” que eles faziam eram muito bem tramadas e tinham a regularidade necessária para inventar centenas de quadros e personagens produzidos com baixo orçamento e mesmo assim (ou justamente por esse motivo) tirar risada de qualquer um que os acompanhasse. Os caras tinham talento e os vídeos foram aceitos pelo programa Voz MTV, de 1999, quando começaram a gravar esquetes para a emissora, onde ficariam até 2013. 

Me lembro que uma das coisas mais divertidas que meu pai fazia quando eu era criança era deixar a TV ligada com o som “mutado” para que ele fosse dublando o filme. Acontece que essa brincadeira despretensiosa e aleatória foi levada a sério pelo grupo de humoristas e daí surgiu o quadro “Tela Class”, no qual recolhiam filmes péssimos e de baixo orçamento para redublar. Mais uma vez, não seria como eu e você. Os filmes “Piratas do Carilha”, “Memórias de um Ninja Lóki”, “Boquinha de Cemitério”, “Capeta em forma de guri” eram gravados pelo quinteto como se fossem um novo filme, com outro contexto, outros personagens e, acredite, se você ainda não assistiu, precisa fazer isso o quanto antes.

O segredo das sátiras do Hermes e Renato tem sua raiz no que eu poderia chamar de o simples ridículo.

É a fórmula mais autêntica (ou a única) da sátira. Pensando em seu estatuto de poesia, essa modalidade de arte é essencial quando notamos as vicissitudes do outro ou as situações em que somos acostumados a encarar como normais e que, definitivamente, não são.

Mas como nos acostumamos até com o que é ruim, a precariedade do ser humano vai se tornando banalidade, não notamos mais a sua existência e sequer nos incomodamos. Esse é o caso da TV brasileira. 

O que o grupo fazia de melhor era “esculhambar” os programas televisivos. Não estou me referindo a um programa específico, como fizeram com os quadros do “Palhaço Gozo”, “Super Pobre” e “Boça espetacular”. Mas, eu diria, desde a forma até o conteúdo da TV (Globo, mais especificamente). Eles incorporaram seu modus operandi.

O que fascina no trabalho dos garotos é que eles identificavam, com facilidade, os pontos fracos dos programas televisivos, justamente porque entendiam a intenção deles. Com o “Jornal Jornal”, por exemplo, ridicularizavam a maneira como a notícia é dramatizada e como o conteúdo é dissimulado pelo jornalista que, longe de se preocupar em lhe informar, está, na realidade, encenando um papel a todo tempo.

Ridicularizar o jornalismo é algo fundamental, já que é natural do seu ofício criar narrativas e direcionar o pensamento da população para fins específicos — ainda assim posando de “bons meninos”, já que a ideia que se tem do jornalismo é a de neutralidade. Homens honestos, que trabalharam em grandes mídias, se manifestaram naturalmente contra essa “entidade”, como foi o caso de George Orwell e Olavo de Carvalho.

Como esquecer do menino “Charlinho” e a maestria como satirizaram a ingenuidade de grande parte da população brasileira ao lado da astúcia dissimulada do jornalista “altruísta”?

Obras de arte


Não é exagero dizer que o grupo Hermes e Renato cumpriu seu papel na arte.

Hoje, com a monopolização da cultura de massa, tudo que “deve ser consumido” por nós é ressaltado como tendência incontestável pelos grandes veículos de comunicação e cria-se uma áurea em torno do lixo. Seja um meme ou um cantorzinho meia-boca que começa com seu canal no YouTube: quando passa pelos programas de TV se torna referência e recebe outra importância.

Por isso, a autenticidade de uma obra deve ser medida (também) pela soma de interferências que recebem no “empacotamento” através de seus patrocinadores ou, diríamos, “mecenas”. Quanto mais interferência, menos autêntica.

Todos os atores que tinham algum talento na MTV Brasil, que receberam ofertas irrecusáveis das grandes emissoras, foram “encaixotados” em uma série de limitações e, no fim das contas, ficaram sem graça pra caramba.

Quando o grupo aceitou a proposta “Os legendários”, por exemplo, o seu humor declinou e se descaracterizou, acontecendo o que ninguém poderia imaginar: eles ficaram como peixinhos fora d’água, como se não soubessem o que dizer para serem engraçados. Grande ironia!

A sátira é uma linguagem artística que resiste a “elitização” e “enquadramento”. Talvez seja ela a arte mais “exata” das artes, assim como a matemática é para as ciências. Sendo o produto final da comédia o riso, se ele não existe, não tem comédia, não tem obra, não tem arte.

A sátira não aceita censura porque sua matéria prima é a honestidade “elevada ao cubo”. Ela não aceita interferências. Se não houver o caminho direto entre a encenação e o referencial real, que é o ridículo humano, ela não existe.

Liev Tolstoi, o escritor russo, advogava que a arte deveria atingir a todos, indistintamente, sendo inteligível e agradável a qualquer tipo de homem. Nisso, ele estava coberto de razão. Do particular que a obra de arte trabalha, é colhida a recorrência para todos os casos, enfim, para o universal. Então, quando Hermes e Renato fazia um quadro sobre o “Cara chato”, o homem ciumento (no conto do Zé do Caixão), “Sacoleiros (Muambeiros)”, “Unidos do Caralho a Quatro” ou “Bicha não toma cerveja”, não sei se os perdoaram; mas tenho certeza que muita gente riu.


Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2022

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Esmeril, conteúdo gratuito de 29 de Maio



ESMERIL NEWS | LITERATURA | CONTO





👆 Hoje!
(por Leônidas Pellegrini - 29/05/2022)



Conto baseado na conversão de Santo Expedito

Capitão Expedito havia acabado de escutar mais uma vez seu ajudante geral e amigo, Cássio, contar-lhe sobre a vida de Jesus. Ele realmente adorava cada uma de Suas histórias, os milagres, as parábolas, as lições, Sua Morte e Ressurreição, a Ascenção ao Céu, as vidas de Seus Apóstolos, de Sua Mãe, tudo. Encantava-se e desejava de coração se converter, mas…

Despediu-se do rapaz e, antes de voltar à sua tenda, prometeu-lhe que no dia seguinte iria procurá-lo para resolver aquele assunto do batismo, já era hora. Queria mesmo tornar-se um cristão. O espírito, o ânimo de seus subordinados cristãos, que ele protegia com especial cuidado, dava-lhe alento. Queria mesmo ser um deles. Sempre que os via orando, sempre que testemunhava o espírito de caridade naqueles homens, se empolgava, ficava a ponto de chamar Cássio e lhe pedir que arrumasse um padre para ser batizado, mas…

Deixava para depois. Ou melhor, para amanhã: “Amanhã”, ele dizia para si, “Amanhã”. E, no dia seguinte, o amanhã continuava sendo amanhã, e nunca, nunca era o “hoje”, jamais chegava o dia de sua verdadeira e definitiva conversão.

Não que ele fosse preguiçoso. Fora justamente seu espírito ativo que o fizera crescer tão rapidamente em sua carreira militar, galgando postos com facilidade, caindo nas graças do imperador. E as promessas que essa amizade lhe acenava, as facilidades, a vida sossegada e próspera, as riquezas, as possibilidades que se lhe abririam quando ingressasse na política… Ah, um batismo poderia estragar tudo, tudo. E se fosse denunciado? E se o próprio Diocleciano o flagrasse em adoração Àquele que ele sabia ser o único e verdadeiro Deus?

Já havia assistido a martírios, alguns em companhia do próprio imperador, que se alegrava, se divertia em tais ocasiões. Combatente de coragem e vigor, Capitão Expedito não era de recuar no campo de batalha, mas nenhuma carnificina que já presenciara, nem a escaramuça mais sangrenta em que já se metera podia se comparar ao que se fazia com os cristãos. Aquilo lhe dava calafrios, pesadelos. Ia dormir e se via sendo batizado, seu amigo Cássio lá, sorrindo, ele feliz como nunca, e de repente chegavam a guarda real e o imperador em pessoa, desapontado e furioso. E então via Cássio todo feito em pedaços, e ele próprio sendo queimado, mutilado, esticado, esmagado, espetado, coberto de chumbo derretido, obrigado a andar descalço sobre brasas, e, por fim, só depois de muitos e requintados suplícios, decapitado.

Nessas ocasiões o respeitado Capitão se apavorava. Seu espírito se apequenava, e ele deixava para depois, para quando as coisas estivessem mais tranquilas para os cristãos. “Quem sabe Diocleciano não morre amanhã ou depois”, ele pensava, “e um novo imperador mais condescendente, mais tolerante, não torna tudo mais fácil?” Melhor mesmo era esperar. “Amanhã, amanhã…”.

E foi com esse pensamento, com esse “amanhã” conformado que foi dormir aquela noite. Antes de deitar, orou meio sem jeito para Jesus, pedindo que lhe fosse dada coragem, e “quem sabe, quem sabe amanhã…”.

Abriu os olhos com o sol alto na cara. Sua barraca havia sumido, o acampamento todo havia sumido. Estava em um campo de trigo bonito, tranquilo. Levantou, olhou para os lados, era só trigo e mais trigo. Lá adiante havia uma cruz, daquela que se usava para os condenados. Foi até ela. Quando chegou perto, a cruz havia diminuído a ponto de poder ser carregada na mão. Pegou-a e a olhou com carinho. Havia uma inscrição nela: “Hoje”. Então sentiu um fedor desagradável, era enxofre, e de repente um corvo pousou sobre seu ombro esquerdo e grasnou: “Amanhã!” Ele o espantou com a mão, mas a ave voou em volta dele e voltou a pousar em seu ombro, desta vez bicando sua orelha com força e grasnando de novo: “Amanhã! Amanhã! Amanhã!”.

Bateu no corvo com a cruz, o bicho desapareceu. Sentiu o sangue escorrendo de sua orelha bicada, e quando as gotas caíram no chão, a terra começou a tremer e rachar, e um abismo se abriu bem ali ao seu lado, por pouco ele não caiu. Viu o abismo se alargando, o fedor de enxofre ficou insuportável, vomitou. E do abismo emergiu um rio de lava, e de lá saía um fedor pútrido, cadavérico. Caiu de joelhos e vomitou de novo quando viu que daquela lava nojenta emergiam pessoas pedindo por socorro, desesperadas. Vomitou mais uma vez quando viu que uma daquelas pessoas era ele próprio. Só então percebeu que o corvo havia voltado, e voava em volta de si, todo alegre e divertido, grasnando sem parar aquele “Amanhã!” insuportável.  Levantou-se num pulo, agarrou e esganou o bicho, jogou-o no chão, esmagou-o com o pé direito e gritou:

– Amanhã é teu bico rachado, ave do inferno! É hoje! Hoje!

Acordou com Cássio o sacudindo, estava gritando, havia acordado o acampamento inteiro. Seu rosto era um misto de pavor e alegria. Olhou o amigo nos olhos:

– Cássio, aquele padre! Vá buscá-lo! É hoje, meu filho! Hoje!

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Padre Paulo Ricardo - 24 de Maio





LITURGIA

👆Soprai, Senhor, as nossas velas!
(por Michael P. Foley)



“Dai aos que vos suplicamos pensar, por vós inspirados, o que é reto e, por vós dirigidos, fazê-lo”. Eis duas coisas que a liturgia nos move a pedir, quase evocando uma imagem náutica: Deus sopra as velas, inspirando-nos, e assume o leme, dirigindo-nos.


Na semana passada, vimos que a Coleta do 4.º Domingo depois da Páscoa tem o objetivo de educar nossos afetos, pondo-os a serviço da “grande escola do amor” que é a Eucaristia. Nesta semana, observamos semelhante pedagogia nas orações do 5.º Domingo depois da Páscoa. Comecemos pela Coleta [i]:

Deus, a quo bona cuncta procédunt, largíre supplicíbus tuis: ut cogitémus, te inspirante, quæ recta sunt; et, te gubernante, éadem faciámus. Per Dóminum nostrum. — “Ó Deus, de quem todos os bens procedem; dai aos que vos suplicamos: pensar, por vós inspirados, o que é reto e, por vós dirigidos, fazê-lo [na prática]. Por Nosso Senhor Jesus Cristo…”.

Trata-se de uma Coleta cheia de dinamismo. Todas as coisas procedem de Deus, o Espírito de Deus move os que lhe suplicam para que pensem em coisas corretas, e sua direção os move para que ajam retamente.

Os binômios inspiração–pensamento e direção–ação são coerentes. “Inspirar” (inspiro) quer dizer literalmente pôr em alguém sopro ou espírito (onde estão os pensamentos), ao passo que “dirigir” (guberno) significa literalmente pilotar uma embarcação ou conduzir de fora (onde residem as ações). Até nos poderíamos perguntar se a intenção é evocar uma imagem náutica: Deus sopra as velas (inspira) e assume o leme (dirige)… Em todo o caso, a petição final para fazermos o que é reto alinha-se com o tema da Epístola (cf. Tg 1,22-27): devemos pôr a Palavra em prática.

A Coleta é suplementada pela Pós-comunhão [ii]:

Tríbue nobis, Dómine, cælestis mensæ virtúte satiátis, et desideráre quæ recta sunt, et desideráta percípere. Per Dóminum nostrum. — “Dai-nos, Senhor, saciados pela virtude desta mesa celeste, desejar o que é reto e perceber o que desejamos. Por Nosso Senhor…”. 

Um paradoxo frequente das orações Pós-comunhão do rito romano tradicional é a descrição da Eucaristia como alimento que nos aumenta a fome. Vemos nisso um contraste entre saciedade e desejo: alimentados com a Eucaristia, pedimos fome do bem.

A petição também nos instrui a abordar as coisas retas. Na Coleta, pedimos a capacidade de pensar nelas e de as pôr em prática; aqui, pedimos que as desejemos e consigamos. Não são apenas as nossas inteligências e ações que devem ser retificadas, senão que nossos próprios corações devem apaixonar-se pelo que é reto, a fim de alcançarmos a felicidade.

É uma tentação comum pensar que a felicidade é simplesmente conseguir o que se deseja (se quiser uma boa casa, um bom carro e uma boa conta bancária e conseguir isso tudo, serei feliz). Essa perspectiva desconsidera um fator crucial. Como escreve Cícero:

Querer, com efeito, o que não convém, isso é de todos o mais miserável, nem tão miserável é não conseguires o que queres do que conseguir querer o que se não deve. Pois uma vontade depravada traz consigo mais mal do que os bens trazidos pela fortuna (Hortensius, frg. 39, cf. Agostinho, De Trinitate XIII, 5.8; De beata vita II, 10).

Ou, como diz sucintamente Santa Mônica quando Santo Agostinho lhe pergunta se são felizes todos os que conseguem o que desejam: 

Se é bom o que quer e deseja, é feliz; se, porém, quer o mau, embora o tenha, é miserável (Santo Agostinho, De vita beata II, 10).

A propósito, é oportuna uma lição sobre o que desejar e o que não desejar, pois imediatamente após o 5.º Domingo depois da Páscoa a Igreja observa as Rogações por três dias seguidos, período em que os fiéis pedem a Deus uma multidão de bênçãos e proteções. Mas — como diz o ditado — devemos ter cuidado com o que pedimos.

A Secreta, por sua vez, sem falar explicitamente do desejo ou das coisas retas, refere-se aos meios e aos efeitos de se desejar e conseguir o que é reto [iii].

Súscipe, Dómine, fidelium preces cum oblatiónibus hostiárum: ut per hæc piæ devotiónis offícia, ad cæléstem glóriam transeámus. Per Dóminum nostrum. — “Recebei, Senhor, as preces dos fiéis com as oblações das hóstias: a fim de que, por meio destes ofícios de piedosa devoção, alcancemos a glória celeste”.

A oração é rica em linguagem sacrificial: a palavra preces conota sacrifício [iv], assim como oblatio e hostia (oblação e vítima), obviamente. Officium, ou “ofício”, é no fundo o equivalente latino de “liturgia” [λειτουργία], serviço público oferecido em nome do povo. A Secreta vincula a liturgia sacrificial realizada na Terra à glória da liturgia celeste, e o pedido: “que alcancemos a glória celeste” pode ser lido como antecipação da festa da Ascensão, a qual celebra o trânsito de Nosso Senhor para a glória celeste, o que também nós queremos alcançar.

A glória é a recompensa por pensar, desejar e fazer o que é reto, e a glória celeste é a recompensa por pensar, desejar e fazer o que é reto aos olhos de Deus. Rezemos para que esse ofício litúrgico, escola de “piedosa devoção”, faça isso por nós.

Notas

  1. A análise do autor baseia-se no texto do rito antigo. Sobre isso, vale recordar o seguinte. Primeiro, o 5.º Domingo depois da Páscoa corresponde, no calendário atual, ao 6.º Domingo da Páscoa: como já dissemos noutra oportunidade, o calendário anterior à reforma de Paulo VI enfatizava a Páscoa e os domingos “depois” dela, enquanto o atual busca enfatizar o Tempo Pascal “com” os domingos nele incidentes. Segundo, esta oração Coleta, embora preservada na íntegra no rito novo, foi transferida para a Missa do 10.º Domingo do Tempo Comum (N.T.).
  2. Esta oração faz parte dos mais de 50% do Missal de 1962 completamente suprimidos pela reforma litúrgica (N.T.).
  3. Esta oração dita “Secreta” era feita em silêncio pelo padre, daí o nome que tinha na liturgia antiga. Agora ela é denominada de oração “Sobre as Oferendas”. Esta, em específico, é usada na liturgia atual no 7.º Domingo da Páscoa, na Terça-feira da 7.ª Semana da Páscoa e no 28.º Domingo do Tempo Comum (N.T.).
  4. Sr. Mary Pierre Ellebracht, Remarks on the Vocabulary of the Ancient Orations in the Missale Romanum (Dekker & Van de Vegt N.V.), 141.
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Terça Livre TV EUA
 - 23 de Maio




LITERATURA



👆 Os 100 livros indispensáveis para Olavo de Carvalho
(por Allan dos Santos - 23/05/2022)



1. Homero — Ilíada

2. Homero — Odisséia 3. Ésquilo — Prometeu Acorrentado 4. Sófocles — Édipo Rei 5. Heródoto — História 6. Tucídides — História da Guerra do Peloponeso 7. Platão — O Banquete 8. Platão — Mênon 9. Platão — A República 10. Aristóteles — Organon 11. Aristóteles — Metafísica 12. Aristóteles — Física 13. Aristóteles — Da Alma 14. Aristóteles — Ética 15. Aristóteles — Política 16. Hipócrates — Escritos Médicos 17. Galeno — Das Faculdades Naturais 18. Euclides — Elementos 19. Epicteto — Discursos 20. Virgílio — Eneida 21. Sto. Agostinho — Confissões 22. Sto. Agostinho — A Cidade de Deus 23. Sto. Tomás de Aquino — Suma contra os Gentios 24. Sto. Tomás de Aquino — Suma Teológica 25. S. Boaventura — Itinerário da Mente a Deus 26. Dante Alighieri — A Divina Comédia 27. Anônimo — Santo Graal 28. Giacomo di Varezzo — A Legenda Dourada 29. Maquiavel — O Príncipe 30. Hobbes — Leviatã 31. Shakespeare — Otelo 32. Shakespeare — Rei Lear 33. Shakespeare — Macbeth 34. Shakespeare — Hamlet 35. Nicolau de Cusa — Da Douta Ignorância 36. Martinho Lutero — Discursos 37. Galileu — Duas Novas Ciências 38. Cervantes — Dom Quixote 39. Camões — Os Lusíadas 40. Bacon — Novum Organum 41. Descartes — Meditações de Filosofia Primeira 42. Descartes — Discurso do Método 43. Spinoza — Ética 44. Racine — Fedra 45. Concílio de Trento — Catecismo 46. Milton — Paraíso Perdido 47. Pascal — Pensamentos 48. Newton — Filosofia Natural 49. Teresa de Ávila — Castelo Interior

50. Böhme — Aurora Nascente 51. Locke — Do Entendimento Humano 52. Locke — Do Governo Civil 53. Leibniz — Discurso de Metafísica 54. Leibniz — Teodicéia 55. Berkeley — Do Conhecimento Humano 56. Hume — Do Entendimento Humano 57. Swift — Aventuras de Gulliver 58. Montesquieu — Do Espírito das Leis 59. Rousseau — O Contrato Social 60. Gibbon — Declínio e Queda do Império Romano 61. Smith — Riqueza das Nações 62. Müller — Elementos de Política 63. De Maistre — Noitadas de S. Petersburgo 64. Kant — Crítica da Razão Pura 65. Kant — Crítica da Razão Prática 66. Kant — Crítica do Juízo 67. Burke — Reflexões sobre a Revolução na França 68. Schelling — Filosofia da Mitologia 69. Schelling — Sistema do Idealismo 70. Hegel — Filosofia da História 71. Hegel — Ciência da Lógica 72. Napoleão — Código Civil 73. Goethe — Fausto 74. Goethe — Wilhelm Meister 75. Balzac — Ilusões Perdidas 76. Stendhal — O Vermelho e o Negro 77. Mill — Lógica 78. Bernard — Introdução à Medicina Experimental 79. Machado de Assis — Dom Casmurro 80. Machado de Assis — Memórias Póstumas de Brás Cubas 81. Manzoni — Os Noivos 82. Comte — Catecismo Positivista 83. Dostoiévski — Crime e Castigo 84. Dostoiévski — Os Irmãos Karamázovi 85. Tolstói — Guerra e Paz 86. Darwin — A Origem das Espécies 87. Marx — O Capital 88. Freud — Introdução Geral à Psicanálise 89. Leão XIII — Do Pai Eterno 90. Dilthey — Introdução às Ciências do Espírito 91. Weber — Ensaios de Sociologia 92. Weber — A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo 93. Thomas Mann — A Montanha Mágica 94. Husserl — Investigações Lógicas 95. Husserl — A Crise das Ciências Européias 96. Heidegger — Ser e Tempo 97. Guénon — O Reino da Quantidade e os Sinais dos Tempos 98. Guénon — A Metafísica Oriental 99. Schuon — A Unidade Transcendente das Religiões 100. T. S. Eliot — A Terra Gasta


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👆 ENSINAMENTOS DE OLAVO DE CARVALHO


Quem dura mais, vence
(artigo extraído do site do jornal Brasil Sem Medo, o último artigo escrito pelo professor Olavo, em 02/07/2021)

Conselhos para quem deseja levar uma vida de estudos

Na Primeira Guerra Mundial, o físico Werner Heisenberg, então um adolescente, numa cidade reduzida à miséria pelo cerco e pelos bombardeios, se escondia no porão de uma igreja para ler Platão e discutir com seus amigos a metafísica de Malebranche. Foram os anos decisivos de sua formação: ele poderia tê-los perdido, aguardando melhores dias para estudar.


***


Quanto mais pobres vocês ficarem, mais se dediquem aos estudos. A porcaria reinante não prevalecerá sobre a sinceridade dos seus esforços. Digo isto com a experiência de quem, ao longo de mais de duas décadas de pobreza, com mulher e filhos para sustentar, jamais deixou de estudar um único dia, aproveitando cada momento livre e abdicando de toda sorte de viagens e divertimentos. Nunca esperei que minha situação melhorasse para depois estudar.

 

***


Os romenos são um povo cultíssimo, com a alma aprimorada pelo sofrimento. O número de sábios "per capita" lá é impressionante. Hoje os romenos, espoliados pela Nova Ordem Mundial, são um povo cansado, esgotado, descrente, com dificuldade para enxergar suas próprias qualidades mais óbvias. No entanto, no meio da mais negra miséria, não perdem o gosto de estudar.


***
 

Vou lhes dar um conselho que eu mesmo segui desde a juventude e só me fez bem: Se você está assoberbado de problemas, dívidas, doenças, dramas de família, despreze tudo e se concentre ainda mais nos estudos e na oração. Enquanto tudo em volta desaba, você vai ficando dia a dia mais forte. Quem dura mais, vence. É só isso.


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👆OPINIÃO DO AUTOR

O Terça Livre e a Resiliência
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
30 de Maio de 2022

No tempo que eu era criança, anos 80 e 90 (sou de 80), nós tínhamos que enfrentar uma coisa na escola que hoje chamam de "bullying". Funciona mais ou menos assim: um valentão te batia e te esculachava na escola e você só tinha duas opções apenas: reagir ou sucumbir à valentia dele. Eu passei por isso e creio que muita gente também passou.

Bem, após muitos anos depois desses acontecimentos, se você é uma pessoa que reagiu, que não ficou de joelhos no chão frente a uma valentia, você percebe que isso forjou um certo caráter em você. Você percebe que isso acabou fazendo com que você criasse calos em suas feridas. E esses calos geralmente deixam o local da ferida mais fortalecido. Você é capaz até de aguentar trancos mais fortes do que antes. Você então olha para si mesmo e vê que você é o proverbial "anti-frágil".

Em Ribeirão Preto, nós tivemos um exemplo desses. Trata-se do Eduardo Cornélio, comerciante daqui. Ele se recusou a abaixar a cabeça frente à DITADURA SANITÁRIA de 2020-2021 e retornou mais fortalecido. Perdeu muita coisa, é verdade, mas segue ajudando pessoas e se ajudando em seu caminho e luta pela liberdade.

Eu quando era moleque e sofri com o tal do "bullying" na escola (escola de freira, inclusive!) percebia que quanto mais eu deixava fazerem o que quisessem comigo, mais vezes eu seria alvo. A única maneira de parar com uma provocação, seja física ou psicológica, era reagir de uma forma que metesse medo e intimidasse o "valentão". Uma forma que fizesse ele entender que deveria me respeitar ou me temer, ou nem sequer querer mexer comigo por qualquer motivo que seja; falhando tudo isso, uma forma que o expusesse ao ridículo, se fosse necessário chegar a tanto.

Allan dos Santos em Novembro de 2014, junto com seu ex-sócio Ítalo Lorenzon, e seus amigos Thiago Rachid e Rodolpho Loreto, fundou o maior veículo de comunicação conservador que já existiu na América Latina: o Terça Livre, do qual ainda sou assinante.

Muita gente não sabe, mas o Terça Livre está de volta. Sim. Em 2021 o veículo estava crescendo, prestes a fazer o pulo da Internet para a TV, para a sala de estar de milhares de brasileiros ao redor do país. Foi abruptamente fechado por uma ordem ilegal e inconstitucional vinda de um inquérito igualmente inconstitucional. Acho que podemos dizer que o "valentão" conseguiu, por um breve momento, seus 15 minutos de fama ao fechar o Terça Livre. Todos aqui sabem quem é o tal valentão.

O veículo ficou num hiato de final de Outubro de 2021 até o presente momento, Maio de 2022, sob um limbo e se apresentando como o site de Allan dos Santos, na internet, que também hoje não existe mais como endereço eletrônico. Muita gente pensou que o Expressão Brasil fosse uma espécie de continuação do Terça Livre, mas não se trata disso. Trata-se de um veículo independente, que veio sim, em socorro dos conservadores, fundado por Max Cardoso, Carlos Dias e o apresentador e âncora Anderson Braz, todos ex-Terça Livre (por motivo de força maior, como vimos). Desta feita, o ex-sócio e fundador do veículo, Ítalo Lorenzón resolveu tentar a sorte na política, plano esse que ele já tinha em 2018, mas resolveu abrir mão. E muito embora eu não concorde com esse plano dele, desejo toda sorte a ele.

Mas voltando ao raciocínio, Allan não se curvou ao valentão. Veja, quando a gente não se curva a um valentão na escola, ele fica meio acuado pelo seu próprio orgulho, e aí tenta de todas as formas te colocar em uma situação difícil, e se a gente começa a fazer troça dele, ele vê seu orgulho ainda mais ferido. E é por isso que Allan dos Santos se encontra na situação que se encontra hoje. Ele é vítima de uma injustiça perpetrada por um valentão.

Porém, existem inúmeras vítimas de injustiça espalhadas por aí. E o que faz com que as atitudes de Allan sejam tão admiráveis, seja com relação a não se curvar ou do seu sacrifício pessoal, qual seja, ter que se exilar e não poder ver a família por dois anos seguidos com sua filha menor ainda sofrendo de problemas sérios de saúde, ou ainda a atitude de reerguer o veículo de comunicação que ajudou a fundar, o Terça Livre, é aquelas três coisas que chamamos de as Três Virtudes Teologais: Fé, Esperança e Caridade.

Fé, por crer em Nosso Senhor Jesus e ter a certeza de que seu sacrifício pessoal não será em vão, a certeza de que Deus irá recompensar aquele que é perseguido pelo mundão por causa dEle. O Terça Livre quando foi fundado foi dedicado para a honra e glória de Jesus, tendo inclusive a rosácea da Catedral de Notre Dame como logo.

Esperança por também acreditar que Deus dá a nós as forças e a inteligência para fazer o que for preciso fazer, pois por nós mesmos, nada poderíamos fazer. Allan sabe que por si só, ele nem sequer aguentaria o primeiro dia de perseguição. Deus o levantou e o levanta sempre, todos os dias, porque Allan tem uma missão a cumprir. Tenho certeza de que ele se dá conta disso.

E por fim, a Caridade, pois desde o primeiro programa Guerra de Informação, Allan repete incessantemente que poderia largar tudo isso e viver sua vida de outra forma, mas não conseguiria colocar a cabeça no travesseiro à noite sabendo da nossa situação aqui. Isso é justamente ser caridoso com os seus irmãos, e até mesmo com os seus próprios inimigos, se me permitem dizer.

O professor Olavo disse, em uma nota do Facebook, que Allan é um Cristão porque não poderia ser outra coisa. E o velho tinha razão... como de costume!

A isso tudo, a essas qualidades todas envolvendo as virtudes e tudo mais, a gente dá um nome aqui de RESILIÊNCIA. É aquela resistência sobrenatural que somente os santos e homens de Deus possuem. A capacidade de suportar coisas horríveis, sem desanimar, sem se desesperar e procurando, mesmo nas adversidades, ajudar os outros.

Hoje, por exemplo, eu não condeno e nem quero revidar as provocações que eu sofri na escola. Pelo contrário, me compadeço de meus agressores e espero que tenham todos achado um caminho melhor para suas vidas. Me considero resiliente, pois nunca mais fiquei pensando no assunto, muito menos nas provocações que sofri. Pelo contrário, vivo minha vida normalmente. Tem gente que não consegue, e eu sei que precisam de ajuda, mas para quem tem resiliência, quem tem esse comportamento anti-frágil, se tiver fé e coragem, conseguirá fazer coisas que vão além de suas capacidades humanas.

As provações existem para nos fazer melhores, mais fortes. As adversidades existem para nos engrandecer, quando conseguimos superá-las. É aquilo que o professor Olavo disse em seu último texto: "Quem dura mais, vence". Ou como Rocky Balboa tão bem aconselha seu filho no sexto filme da série: não é quantos socos você dá, mas sim quantos consegue levar e ainda assim permanecer de pé e continuar a se mover para frente. Nossos calos nos tornam mais fortes, resilientes, e capazes de coisas maiores do que antes. Allan, tenho certeza, poderá hoje, reerguer o Terça Livre e ainda fazer com que seja maior, melhor, e mais influente. Quem estiver com Deus, terá a vitória no final. "Quem dura mais, vence".

"Não vos preocupeis com coisa alguma!" (Fl 4:6)

Desejo ao Allan e a todos que estão sofrendo com perseguições e provações, a luz e a sabedoria para superar a tudo e alcançar a vitória. O bullying do mundo acaba. A vitória, essa é ETERNA.

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje, em dose tripla: Olavo se engana com a referência! Acontece, hehehe! Mas acerta na piada autorreferente e no conselho referente à referência da referência familiar. Ok, por hoje chega de tanta referência! 😁 
(23/05/2022)
(27/05/2022)
(30/05/2022)



Aí o Sal Conservador catou uma reunião de Esquerduritos, com direito a Chupa-cabra, cão chupando manga, e toda sorte de aberrações! Hahaha!
(26/05/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Pra terminar hoje, assim como na última edição, recomendo a vocês mais uma pequena grande obra de Dennys Andrade, para melhor entender as referências de nossa cultura e o que sobrou dela.

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