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Edição LIV (Terça Livre, Revista Esmeril 31, opinião e mais)

 Tempo de Leitura LIV

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
   


REVISTA ESMERIL 31

Não contavam com… Chaves na Federal? (Leônidas Pellegrini)

Dante Mantovani fecha contrato com Editora Danúbio (Leônidas Pellegrini)



Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
     

03 de Maio de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!




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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)



Hoje voltaremos no tempo para a edição 23 da Revista Terça Livre, de 17 de Dezembro de 2019.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV saiu do ar, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



GEOPOLÍTICA

👆 Para além do horizonte comunista
(por Ernesto Araújo)



Em artigo exclusivo, o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, traça um panorama da ameaça comunista nos países latinos


O intelectual e ativista marxista boliviano Álvaro García Linera, logo após ser eleito vice-Presidente da Bolívia na chapa de Evo Morales, em 2005, declarou: “O horizonte geral da nossa era é o comunismo.”



Não há dúvida de que a América Latina viveu dentro de um horizonte comunista desde 2005, ou possivelmente desde um pouco antes, desde a vitória de Lula em 2002, ou desde a vitória de Chávez em 1999. Na verdade, esse horizonte começou a raiar com a criação do Foro de São Paulo, em 1991.


Veja-se bem a expressão: dentro de um 
horizonte comunista. Não em um sistema explicitamente comunista. Muitas pessoas ridicularizam a discussão sobre a presença do comunismo na América Latina atual dizendo que os partidos autoproclamados comunistas são fracos ou inexistentes e que em nenhuma parte – exceto um pouco na
Venezuela – cogita-se de instaurar um sistema com propriedade coletiva dos meios de produção ou ditadura do proletariado.


Em primeiro lugar, há que observar o seguinte: o comunismo não é a propriedade coletiva dos meios de produção. O comunismo não é a ditadura do proletariado.


Propriedade coletiva e ditadura do proletariado – o socialismo – são instrumentos para chegar ao comunismo, que é o estágio último da sociedade humana concebido por Marx, o zero absoluto do ser humano, onde o controle sobre o homem é tão completo que já prescinde do Estado (portanto prescinde da ditadura do proletariado). Um controle sem sujeito, apenas objetos imbecilizados, onde já não há propriedade coletiva nem individual porque já não há diferença entre indivíduo e coletividade, um sistema que se autoperpetua infinitamente, um buraco negro da humanidade, de cujo horizonte já nenhuma luz escapa. O comunismo não é a abolição do capitalismo, o comunismo é (para tomar emprestado um título de C.S.Lewis) a abolição do homem.


O socialismo, dentro da loucura marxista, é apenas um instrumento para chegar ao comunismo, mas isso não significa que não 
haja outros. Desde 1989-1991, quando desabou o “socialismo real”, o marxismo vem trabalhando para desenhar novos instrumentos de construção do comunismo. O principal desses instrumentos é o globalismo (termo que utilizo numa acepção algo distinta daquela mais corrente que o define como a criação de uma governança mundial; para mim, diferentemente, o globalismo é a captura da economia globalizada pelo aparato ideológico marxista através do politicamente correto, da ideologia de gênero, da obsessão climática, do antinacionalismo).


Assim, tudo o que os marxistas desde 1989 fazem e pensam é manter aberto o horizonte comunista. Sabem que já não podem pregar abertamente o comunismo porque o 
mainstream (ainda) o rejeita, mas podem ir se aproximando, avançando aqui e ali, ganhando terreno e ocupando espaços. Horizonte por definição é um lugar aonde nunca se chega, mas que necessariamente orienta e referencia nossa localização espacial. O objetivo ficou talvez mais distante do que era no tempo da União Soviética, mas continua presente. Talvez tenha ficado mais próximo. É isso o que querem dizer com o “horizonte comunista”.


Essa expressão, aliás, serve de título a um livro da marxista Jodi Dean, publicado em 2012,
The Communist Horizon um de tantos trabalhos surgidos desde o final dos anos 90 discutindo justamente as formas de preservar a “utopia” comunista e reinseri-la na realidade política e social concreta de um mundo aparentemente avesso ao comunismo. Na mesma linha vão os três volumes intitulados The Idea of Communism, coleção de ensaios de dezenas de autores marxistas, coordenados pelos dois principais pensadores dessa horripilante corrente na atualidade, Alain Badiou e Slavoj Zizek. O “horizonte comunista”, a “ideia do comunismo” são a mesma coisa: mil maneiras de manter viva a ideologia comunista, tantas vezes derrotada pela realidade. Dizia Mao Tse Tung: “De derrota em derrota, até a vitória final.” Esse é o programa. Aproveitar as aparentes derrotas para fortalecer-se e seguir avançando. Pode-se argumentar que neste Século XXI o projeto comunista está mais forte do que nos anos 80, justamente porque ninguém o vê e pode operar à sombra da sociedade de consumo. Em lugar de combater o capitalismo em nome de uma alternativa socialista claramente fracassada, infiltrar-se de maneira sutil dentro do capitalismo.


Vão já, portanto, quase trinta anos – mas os últimos 20 são especialmente significativos – em que o marxismo está cavando túneis por baixo da superfície aparentemente segura e tranquila da sociedade liberal. Os marxistas nunca se renderam a essa sociedade. Reúnem-se, pensam, programam, aplicam 
diferentes estratégias que vão solapando o mundo liberal-democrático, de diferentes modos, com diversas geometrias, explorando de forma inteligente e perversa as fragilidades do sistema liberal.


A principal fragilidade do sistema liberal é a seguinte: o sistema liberal não pensa. Não trabalha no mundo das ideias. Criou uma repulsa por tudo aquilo que chama de “ideológico”. Curiosamente, o sistema liberal em geral – e no Brasil os isentões em particular – aplicam a pecha de “ideológico” àqueles que procuram estudar o marxismo contemporâneo e entender seu “horizonte comunista”. Ou seja, os ideólogos que se esforçam dia e noite por criar os novos instrumentos do comunismo (e que publicam suas ideias em livros amplamente disponíveis) são ignorados e deixados trabalhar em paz, sob uma espécie de indiferença benigna por parte do 
establishment. Já os amantes da liberdade que lêem esses trabalhos marxistas para entender o novo projeto comunista e assim poder combatê-lo são chamados de “ideológicos”. O mundo isentão lida apenas com a figura fictícia de um certo comunismo “derrotado em 1989” e recusa-se terminantemente a reconhecer – muito menos a enfrentar – o projeto comunista real que atua hoje por toda parte.


O isentismo é antes de mais nada uma forma de preguiça intelectual.


Também é uma forma de acomodação. O isentismo não enfrenta o comunismo. Não chega nem perto. Não quer enfrentar. Não quer reconhecer que ele existe porque, se reconhecer, vai ter de fazer alguma coisa. Assim, o isentismo se inscreve confortavelmente dentro do horizonte
comunista e, no dia em que o comunismo chegar e roubar-lhe a liberdade que ele acredita possuir de graça sem precisar lutar por ela, o isentão não vai nem perceber, pois 
sua cegueira ideológica – ou seja, sua cegueira para a ideologia que penetra na sua mente – já lhe terá consumido todas as faculdades e sentimentos de resistência.


Isso na melhor das hipóteses. Em outra hipótese, o isentão sabe conscientemente que seu isentismo se insere dentro do
horizonte comunista e está muito feliz com isso. Faz parte voluntariamente do projeto. Não se acha comunista, mas compartilha com o projeto comunista todo o essencial: o materialismo e o ódio ao espírito, a sede insaciável de poder e de controle absoluto. A pressa com que hoje, no Brasil, os isentos correm para os braços da extrema esquerda e vice-versa, formando uma estranha “isentoesquerda”, é o sinal abjeto dessas afinidades profundas.


Então, temos em todo o mundo, a partir da virada do século, a progressiva construção de uma sociedade que é liberal apenas na suferfície, na aparência de uma economia 
capitalista com instituições democráticas e direitos humanos bem bonitinhos, mas que na sua subestrutura não é nada disso. Debaixo do liberalismo, no porão, os engenheiros do “ideal comunista” manejam suas alavancas. No porão grassa a corrupção, o conluio com o crime organizado, a tolerância para com a violência mais brutal, as drogas (seu tráfico e seu uso), o capitalismo distorcido pelo controle estatal, a repressão ao pensamento e à livre expressão, o anticristianismo e o antiespiritualismo, o furioso moralismo materialista, a manipulação da ciência.


E os isentões, onde estão? Estão jogando pedra justamente naqueles líderes que, no Brasil e no resto do mundo, querem descer ao porão para lutar contra todas essas mazelas. O isentão, quando você aperta, ele não quer uma economia livre, ele não quer uma internet livre, não quer um idioma livre capaz de expressar a complexidade e beleza 
do espírito humano em sua aventura multidimensional. Quer uma economia direcionada pelo conchavo político, quer o controle social da comunicação pelo monopólio da grande mídia, quer uma novilíngua continuamente empobrecida pela ditadura do politicamente correto que substitui a ditadura do proletariado como instrumento preferencial de construção do comunismo. Sim, o isentão está enclausurado no horizonte comunista.


No Brasil estamos rompendo o horizonte comunista e reenquadrando o liberalismo no horizonte da liberdade. O horizonte comunista está sendo rompido igualmente em outros lugares, certamente nos EUA, também no Reino Unido, na Hungria e na Polônia, penso que está sendo rompido na África, onde os últimos laivos da associação espúria entre comunismo e libertação, que vigorou por décadas desde as lutas anticoloniais, parecem estar-se dissipando. A 
Igreja Católica, em parte, se havia inscrito também dentro do horizonte comunista, a partir dos anos 60 e 70, mas ali a verdadeira fé parece estar resistindo e repelindo o avanço marxista sobre a sua doutrina bimilenar.


O horizonte comunista está sendo rompido na própria Bolívia, onde o povo deu um basta a Evo Morales e García Linera, que queriam continuar arrastando os bolivianos para o abismo à custa da fraude eleitoral.


Porém o horizonte comunista quer voltar a estrangular-nos. Quer regressar na Bolívia (Evo Morales foi acolhido pelo novo governo e está ali, a poucos quilômetros da fronteira, à espreita). Quer voltar no Chile, no Equador e na Colômbia, quer voltar no Brasil. Quer “iluminar” com suas trevas essas grandes nações que são a Venezuela, o México e a Argentina.


Precisamos olhar para além desse horizonte comunista, que não é um horizonte onde há árvores e campos mas sim as paredes de uma cela, esse horizonte que não é onde a terra encontra o céu mas onde a terra encontra o inferno. Tudo o que temos para combater o avanço dessas paredes e a aproximação desse abismo é o apego à liberdade. A liberdade que, insisto, não é uma ideologia, mas o eixo central do ser humano.


Para começar, precisamos estudar o comunismo a partir do que dizem e fazem os comunistas, em lugar de sair aos gritos de “ideológico, ideológico” condenando quem o estuda e quem o enfrenta.


Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 31, de 27/04/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


ALTA CULTURA

👆 Não contavam com… Chaves na Federal?



(por Leônidas Pellegrini)



Qualquer brasileiro mais ou menos normal, nascido aí entre as décadas de 70, 80, 90 ou mesmo 2000, conhece, já ouviu falar e, muito provavelmente, é ou foi espectador e fã dos programas de Roberto Gomez Bolaños exibidos no SBT, mais especificamente, o Chaves e o Chapolin.

De fato, esses dois personagens, com histórias de um humor simples e ingênuo, mas que nunca enjoa, já agregaram a ainda agregam um sem-número de fãs por gerações e gerações, e já algum tempo se incorporaram a outras esferas do cotidiano, sobretudo na escola, quando começaram a ser utilizados nas aulas de Filosofia e Sociologia por professores do Ensino Médio no início dos anos 2000.

Para além das salas do ensino básico, também já foram mote de trabalhos acadêmicos os mais diversos, sobretudo na área de comunicação social. E se eu dissesse, no entanto, que um fã de Bolaños conseguiu a proeza de escrever um projeto e desenvolver uma tese de doutorado com fundamentações teóricas que vão de Aristóteles e Henry Bergson a Guimarães Rosa a Olavo de Carvalho, em um programa de Estudos Literários de uma universidade federal?  Pois é, houve quem o fizesse, e muito bem.

Trata-se de Wilson Filho Ribeiro de Almeida, cuja tese O riso é um triunfo do cérebro: comédia, literatura e filosofia em Chaves e Chapolin, defendida pela Universidade Federal de Uberlândia em 2020, e recém-publicada como livro pela Editora Danúbio. Um trabalho admirável, em que o pesquisador de fato consegue se aprofundar em nuances das produções de Bolaños que revelam o quanto as mesmas podem ser encaradas para além do entretenimento infanto-juvenil.

Ora, em um país onde  as produções humorísticas de massa realmente engraçadas são cada vez mais raras (se é que ainda existem), e onde teoria de gênero, linguagem neutra e a prática do “banheirão” são levados a sério em trabalhos acadêmicos, uma tese sobre as relações do humor (aparentemente) simples e despretensioso de Chaves e Chapolin com a comédia, a literatura e a filosofia, por mais inusitada que seja, chega a ser um bálsamo em meio a tanta empulhação sendo produzida na Academia.

Na entrevista que Wilson Filho nos concedeu, você pode conferir um pouco mais sobre as condições de produção dessa inusitada tese, percalços e desafios do empreendimento e detalhes do conteúdo.


Revista Esmeril: Você acaba de ter publicada em livro sua tese de doutorado em Estudos Literários, defendida pela Universidade Federal de Uberlândia, com um enfoque bastante incomum para a área: Chaves e Chapolin. Fale um pouco sobre a origem desse trabalho. O que te motivou, como se deu o insight para que se dispusesse a produzi-lo?  

Wilson: Eu, como muitos brasileiros, assisti muito na infância aos programas de Chaves e Chapolin pela televisão, durante a década de 1990. Depois, como adulto, com o surgimento do Orkut e do YouTube ali por volta de 2006, voltei a vê-los pela internet, e vi que ainda continuava me divertindo muito com eles, e até mais do que antes, visto que agora conseguia perceber nuanças e sentidos que, como criança, não era capaz de perceber. Desde então, tornei-me definitivamente fã das séries e nunca deixei de revê-las.

A lembrança mais antiga que tenho da origem da ideia de estudá-las na universidade é a de uma conversa que tive em 2010 com um colega do mestrado, o Júlio Cezar de Assis, em que eu lhe disse que tinha vontade de um dia fazer uma tese de doutorado sobre o Chaves, e dele recebi uma resposta encorajadora: “Faça mesmo!”

Depois, porém, acabei mudando temporariamente de ideia, achando que o mais prático seria apenas dar continuidade no doutorado à minha pesquisa de mestrado. Mesmo assim, continuei interessado pelos programas de Roberto Bolaños e, em 2013, enquanto os revia pela enésima vez, comecei a perceber alguns padrões nas cenas e diálogos cômicos, que passei a anotar e classificar conforme esses padrões que eu ia distinguindo, referentes aos seus recursos cômicos.

De início, pensei em usar essas anotações para escrever uma série de artigos a respeito, mas em 2015, ao ser convidado a participar do processo seletivo do recém-inaugurado curso de doutorado em Estudos Literários da Universidade Federal de Uberlândia, decidi abandonar o plano de prosseguir com o tema do mestrado em outra universidade e, retomando a vontade antiga, transformei aquelas notas em um projeto de tese sobre Chaves e Chapolin.

Uma das motivações para a realização deste trabalho foi um incômodo que eu sentia com o fato de que, apesar de os programas de Bolaños terem milhões de admiradores no Brasil e no mundo, eles, por outro lado, com certa frequência são referidos com desprezo por quem os conhece não mais que de forma superficial.

Minha intenção, portanto, foi mostrar que na verdade Chaves e Chapolin têm valores artísticos que os fazem dignos de serem apreciados, refutando assim as críticas que os julgam como, por exemplo, “pobres”, “fracos”, “simples” e “estúpidos”.

Uma esperança que tenho é a de que, como resultado desse esforço, com o tempo falar mal de Chaves e Chapolin já não será mais tão fácil como antes…

Revista Esmeril: Você menciona em seu trabalho algumas dificuldades que enfrentou, inicialmente, para conseguir que sua proposta fosse aceita. Fale um pouco sobre isso.

Wilson: Na verdade, mesmo havendo naquele curso de doutorado uma linha de pesquisa específica sobre “Literatura e outras artes”, meu projeto foi reprovado no processo seletivo (por uma banca que não tinha nenhum professor daquela linha de pesquisa, diga-se), sob a alegação de que as séries de Bolaños não tinham nenhuma relação com a literatura.

Depois, porém, devido a um pedido de recurso de uma candidata desclassificada que reclamava de inconsistências entre o edital e a realização do processo seletivo, esse processo acabou sendo anulado, de maneira que todos os candidatos tiveram de ser aceitos como alunos. Foi então dessa forma inusitada que tive a oportunidade de escrever sobre Chaves e Chapolin no doutorado em Estudos Literários da UFU.

A propósito, eu conto essa história em detalhes, com a reprodução do debate que tive com a banca durante minha avaliação oral, em um ensaio chamado “O estudo das comédias de Chespirito e as relações entre literatura e outras artes”, presente em um livro inédito que acabei de organizar em fevereiro, com textos que escrevi entre 2009 e 2021, subtitulado Ensaios e Polêmicas sobre Arte e Literatura (ainda a procura de uma editora).

Naquele debate, argumentei que Chaves e Chapolin têm sim uma relação com a literatura, e essa argumentação, que registrei no ensaio mencionado, veio depois a fundamentar o item sobre o “Aspecto literário” no capítulo introdutório de O riso é um triunfo do cérebro.

Revista Esmeril: Seu trabalho é rico em referências e fundamentações teóricas, mas houve uma em especial que me chamou a atenção: Olavo de Carvalho, e em uma universidade federal. Houve desafios em relação a esse autor em especial, no que diz respeito às bancas avaliadoras, orientação etc.?

Wilson: Curiosamente, passada a resistência ao meu tema de pesquisa no processo seletivo, o único outro empecilho que enfrentei durante o doutorado não foi relacionado diretamente ao Olavo de Carvalho, pelo fato de citá-lo na tese, mas sim talvez apenas indiretamente, devido à sua influência filosófica e literária, que nos instiga a escrever de uma forma mais pessoal e nos inclina a um pensamento filosófico mais próximo da tradição platônica e aristotélica, sujeito a entrar em conflito com o pensamento pós-moderno, que, pode-se dizer, de modo geral é dominante na universidade.

Foi assim que acabei sendo reprovado uma vez na disciplina obrigatória do curso, para a qual escrevi como trabalho final um ensaio em que criticava o pensamento de Terry Eagleton quanto à definição de literatura, afirmando, com base na análise dos antepredicamentos aristotélicos, que suas considerações estavam “em parte certas e em parte erradas”.

A professora, supinamente revoltada com o meu atrevimento de escrever na primeira pessoa do singular e analisar argumentos a partir das categorias de certo e errado, avaliou-me o trabalho com a nota 0, o que me levou a ser reprovado na disciplina.

Este trabalho sobre a definição de literatura, que influenciaria o modo como tratei desse conceito em O riso é um triunfo do cérebro, bem como o relato detalhado de toda a encrenca que ele gerou, com os pedidos de recurso que escrevi em sua defesa, também estão presentes no livro de ensaios que mencionei acima.

Já quanto ao fato de citar o Olavo na tese, não tive problemas, principalmente porque tive a sorte de ser designado para um orientador compreensivo, que já me conhecia desde o mestrado e confiava em meu trabalho, de forma que me deu a liberdade de realizar o projeto como eu queria e convidar para as bancas os professores de minha escolha. Assim, pude convidar professores que eu considerava bons e nos quais tinha a confiança de que avaliariam o trabalho com justiça e sem preconceitos em relação ao tema ou aos autores citados.

Aliás, no exame de qualificação, a referência ao Olavo foi até elogiada pelo prof. Thiago Saltarelli, que é não só leitor do Olavo, mas também conhecedor e admirador das séries de Bolaños, e teve, portanto, uma participação muito importante em minhas bancas, tanto que depois o convidei a escrever o texto de orelha do meu livro.

Revista Esmeril: Seu trabalho tem como foco análises das relações da comédia, da filosofia e da literatura nas produções de Roberto Gómez Bolaños, o Chespirito. Fale um pouco sobre as questões envolvendo a comédia.

Wilson: Em sentido específico, a comédia é entendida como uma obra de ficção destinada a causar o riso. Dessa forma, o valor próprio da comédia é o de ser engraçada, e é esse um dos principais valores cuja presença nas séries de Bolaños eu procurei mostrar, com a citação e o comentário de inúmeros exemplos.

Além disso, o seu valor cômico está não só no fato de serem engraçadas, mas também na variedade de meios utilizados para atingir esse fim, de forma que também destaquei a riqueza de seus recursos cômicos, que vão desde os recursos cênicos, como o pastelão e a pantomima, até os mais complexos e requintados recursos literários, que foram o foco do meu trabalho.

O livro então se estrutura a partir desses recursos cômicos de ordem literária, a saber: as anedotas de abstração; a paródia e a caricatura; a ironia e a sátira; o cinismo; os títulos de episódios e nomes de personagens; o quiproquó; os equívocos de interpretação; os trocadilhos; e os bordões.

Revista Esmeril: Agora, fale um pouco sobre os aspectos filosóficos e literários no trabalho de Bolaños, e em que medida isso transforma Chaves e Chapolin em algo além do entretenimento infanto-juvenil?

Wilson: No meu estudo, a literatura é entendida como “a arte das palavras”, em sentido amplo, e como “texto de ficção”, em sentido restrito. Assim, aqueles recursos cômicos que citei são de ordem literária na medida em que são formados por palavras, como as ironias verbais, as frases cínicas, os trocadilhos, os bordões, os diálogos equívocos, os insultos e apelidos satíricos etc., e também na medida em que contribuem para o desenvolvimento dos principais elementos da ficção, isto é: personagens, diálogos e enredos.

Nessa definição mais restrita, de “texto de ficção”, os seriados de televisão constituem, assim como as peças de teatro, “um caso-limite da obra de arte literária” — nas palavras de Roman Ingarden a respeito do espetáculo teatral —, visto que têm em sua origem um texto de ficção (literário, portanto), mas que é complementado por elementos de outras artes, como a representação dos atores, os cenários, figurinos, trilhas sonoras etc.

Nesse sentido, partindo das considerações de Ingarden, Mário Ferreira dos Santos e Massaud Moisés, considero que a arte do filme, seja de televisão ou cinema, assim como as peças de teatro, é uma arte de combinação, isto é, formada por elementos de várias artes, entre elas a literatura.

Além disso, o Chapolin, especificamente, também mantém relação com a literatura mediante a referência, geralmente paródica, a textos clássicos como Dom Quixote, Romeu e Julieta, A roupa nova do imperador, Cyrano de Bergerac etc.

Já o aspecto filosófico decorre principalmente do recurso humorístico chamado de “anedota de abstração”, que basicamente é uma piada baseada num processo de separação mental, ou seja, de abstração.

Esse é um conceito que tirei de um prefácio do livro Tutaméia, de João Guimarães Rosa, que considerava que, nesse modo específico, o chiste não é “rasa coisa ordinária”, na medida em que pode alargar “os planos da lógica, propondo-nos realidade superior”, traçando assim uma linha que vai do humor a uma compreensão metafísica. Em outras palavras, a anedota de abstração pode servir para nos causar aquele espanto ou admiração que, segundo Sócrates, está no início da atividade filosófica.

É assim que, por exemplo, quando Dona Florinda pede ao Quico para “gritar em silêncio”, ou quando o Chapolin diz que entende francês desde que seja falado “devagar, em voz alta e em espanhol”, esses são chistes que nos ajudam a compreender o conceito de contradição e a noção de impossibilidade absoluta.

Como observa o professor Olavo de Carvalho em seu livro sobre a Teoria dos Quatro Discursos (Aristóteles em Nova Perspectiva), o discurso poético tem esse papel de fomentar a imaginação, sobre a qual a mente trabalhará depois para desenvolver ou compreender os conceitos.

Então foi assim, combinando as ideias de Guimarães Rosa e Olavo de Carvalho, que observei esse trânsito da anedota à metafísica a partir de Chaves e Chapolin, mostrando que várias piadas das séries apontam para temas filosóficos, tais como os graus de impossibilidade, a afirmação e a negação, a contradição, o ser e o nada, a lógica e a dialética, as categorias aristotélicas, entre outros.

Além disso, observei também que, com seus personagens, enredos e diálogos cômicos, Chaves e Chapolin tratam de temas de interesse universal, que vão muito além da esfera apenas infantil, como a coragem e a covardia, o heroísmo e o medo, o amor e o perdão, a honra e a vergonha, a pobreza e a fome, o orgulho, a inveja, a violência, a morte, e por aí afora.

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Sobre o autor: Wilson Filho é artista plástico, quadrinista, poeta, compositor e tradutor. Nascido em Capinópolis-MG, mudou-se em 2003 para Uberlândia-MG, onde ainda reside. Na Universidade Federal de Uberlândia, cursou a graduação em Artes Plásticas, o mestrado em Teoria Literária e o doutorado em Estudos Literários. Trabalha como revisor desde 2012 e como tradutor desde 2017, havendo traduzido autores como Frederick Copleston, Glenn Hughes, Jeffrey Nyquist, George Orwell e Charles Dickens. Seu trabalho artístico pode ser visto no Blogspot (wilson-filho.blogspot.com) e no Instagram, no Facebook e no YouTube (@wilsonconvictor).


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Esmeril, conteúdo gratuito de 27 de Abril



ESMERIL NEWS | ACONTECE





👆 Dante Mantovani fecha contrato com Editora Danúbio
(por Leônidas Pellegrini - 27/04/2022)

Contrato foi fechado no início de abril, e prevê a publicação de dois livros para o segundo semestre de 2002

O maestro Dante Mantovani, ex-presidente da Funarte, é o mais novo reforço da Editora Danúbio. Segundo informa a editora, o contrato foi assinado no começo de abril, e serão publicados dois livros do autor, ambos sobre música erudita. A previsão de lançamento é para o início do segundo semestre de 2022.

O maestro Dante Mantovani é graduado em Música pela Universidade Estadual de Londrina e em Regência Orquestral pela Escuela de Diréccion Orchestal de Huelva (Espanha); também é especialista em Filosofia Política, e mestre em Linguística e Doutor em Estudos da Linguagem (Universidade Estadual de Londrina).

Fundou e regeu diversas Orquestras e Corais no Brasil e no exterior; criador e idealizador do Festival de Música de Paraguaçu Paulista-SP; Autor do livro ” Ensaios sobre a Música Universal – do Canto Gregoriano a Beethoven” (editora Si vis Pacem, 2017). Integrou o Conselho Nacional de Cultura e Conselho Municipal de Turismo do Rio de Janeiro. Foi Presidente da FUNARTE – Fundação Nacional de Artes (2019-2020) e criador do Sistema Nacional de Orquestras Sociais (SINOS).

É acadêmico pesquisador da Academia Nacional de Música, membro da Academia Paulista de Música e Comendador pela Ordem do Mérito Cultural Carlos Gomes.

Com informações de Editora Danúbio.


“O necessário e mais difícil e mais importante na música é o ritmo.”

– -Wolfgang Amadeus Mozart

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Padre Paulo Ricardo - 26 de Abril





HISTÓRIA DA IGREJA

👆Cristo ressuscitado e a civilização decaída
(por Joseph Pearce)


De olhos escancarados para a degradação que vemos à nossa volta, sabemos que as coisas estão deterioradas no mundo moderno. Quem consegue negar isso? Há hoje, no entanto, mais cristãos no mundo do que nunca. A Igreja não está morta.
A cristandade teve uma série de revoluções, e em cada uma delas o cristianismo morreu. O cristianismo morreu muitas vezes, mas ressuscitou novamente; pois tinha um Deus que sabia o caminho para sair do túmulo (G. K. Chesterton, O Homem Eterno).

Há dois tipos de progressistas: os que acham que as coisas estão melhorando cada vez mais e os que acham que estão piorando cada vez mais.

“Alguns escritores populares nos dizem perpetuamente que o mundo está sempre a melhorar”, escreveu Chesterton; “outros, menos populares, nos dizem que faz um tempo que ele tem piorado de forma contínua. Pessoalmente, não consigo entender ninguém que diga que o mundo tornou-se qualquer coisa de modo contínuo” [i]. A realidade não está no vir a ser, não importa se queremos percebê-la como algo que melhora ou que piora; pelo contrário, ela simplesmente é. As leis que governam a realidade são invariáveis e imutáveis. O pecado original é parte integrada do cosmos tanto quanto as leis da termodinâmica [ii]; consequentemente, não pode ser removida nem reparada por nenhum progresso humano. Não conseguimos progredir além daquilo que somos: seres caídos feitos à imagem de Deus, e nenhum progresso tecnológico ou inovação ideológica mudará este fato [iii]. Plus ça change, plus c’est la même chose! Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas.

Não obstante, as evidências que se apresentam aos nossos próprios olhos não sugerem o oposto? Não conseguimos ver que as coisas estão se desmantelando? A decadência não está estabelecida? Não há nada verdadeiramente deteriorado no mundo moderno? 

Sem dúvida alguma. As evidências falam por si. De olhos escancarados para a degradação que vemos à nossa volta, sabemos que as coisas estão deterioradas no mundo moderno. Quem consegue negar isso? No entanto, há algo realmente deteriorado no mundo moderno, porque há algo realmente deteriorado no coração do homem; ou, falando em linguagem shakespeariana e, portanto, perene, há algo podre no estado da Dinamarca porque há algo podre no coração do homem. Este “algo podre” é o que os teólogos chamam de pecado, cujo pai é aquela autodivinização narcisista a que os teólogos chamam orgulho. É o orgulho que apodrece o coração do homem e a sua relação com o próximo.

Esta realidade miserável e sórdida se manifesta em todas as gerações da história. Os cananeus sacrificavam os próprios filhos a deuses sanguinários. Herodes massacrou inocentes. César entregava a si mesmo o sangue dos mártires. Esse antigo massacre é o mesmo de hoje. Do genocídio armênio ao genocício ruandês, matamos uns aos outros em nome da raça. Das guilhotinas da Revolução Francesa aos gulags da revolução comunista, matamos uns aos outros em nome da classe. E assim como os cananeus, sacrificamos nossos próprios filhos, massacrando-os para deuses lascivos em nome do “planejamento familiar” [iv]. Não, nada muda. Plus ça change, plus c’est la même chose.

Contudo, há algo que muda toda essa imutabilidade. Outrora aconteceu algo que mudou e muda tudo. O próprio Deus se tornou um conosco na pessoa de Jesus Cristo. Foi igual a nós em todas as coisas, exceto no pecado. Por não ter sido afetado pela podridão interior que corrompe todas coisas, Ele foi e é uma luz nas trevas. Mas as trevas não o compreenderam. Na verdade, elas odeiam tudo o que lhe diz respeito. Odeiam-no por causa de seu amor, inseparável da cruz. Desprezam sua bondade. Negam sua verdade. São cegas para a sua beleza. Recusam seu caminho. Rejeitam sua vida, preferindo a morte. Crucificam-no. Massacram o Inocente da mesma forma que massacram milhões de inocentes.

Há no entanto uma diferença crucial entre o massacre do Inocente e o massacre dos milhões de outras vítimas inocentes da cultura da morte. Essa diferença crucial, o cerne da questão, é a própria cruz [v]. A mesma cruz na qual o Inocente é sacrificado torna-se o altar verdadeiro no qual somos salvos da morte pela própria Vítima sacrificial. O Inocente nos limpa com o próprio sangue imaculado. Mas o que isso significa? Evidentemente, não nos poupa do sofrimento. Não interrompe o fluxo das vítimas inocentes, mortas de forma implacável, século após século sangrento, pelas forças do orgulho. Não poupa nenhum de nós da morte física. O que isso significa exatamente?

GravuGravura da Ressurreição por Philip Galle.

Significa que a via dolorosa, o caminho das tristezas que levou Cristo ao Gólgota, torna-se o caminho para a Ressurreição, para a Vida que supera para sempre o poder da morte e das trevas. Aceitar nossas próprias cruzes com a ajuda dele, para o seguir no caminho do sofrimento, torna-se o meio de superar a causa do sofrimento: os nossos pecados e os do próximo. Vemos isso no testemunho dos santos e mártires, mas também no testemunho vivo da história humana. Como diz Chesterton: “A cristandade teve uma série de revoluções, e em cada uma delas o cristianismo morreu”. Os poderes das trevas mataram o cristianismo na Igreja primitiva, massacrando sucessivos papas a partir de São Pedro por quase trezentos anos. Submeteram os mártires à espada e alimentaram com eles os leões. Diante da perseguição, a Igreja subterrânea, escondida nas catacumbas, ressurgiu dos mortos ao fim e ao cabo, vencendo o poder do Império Romano. 

O que foi verdade a respeito da Igreja primitiva é verdade a respeito da Igreja nos tempos modernos. O cristianismo foi morto pela Revolução Francesa, abatido pelas guilhotinas do Reino do Terror. Ressurgiu dos mortos, dando origem no século seguinte a um renascimento católico na cultura francesa. O cristianismo foi morto pela Revolução Russa e pelos setenta anos de ateísmo forçado decorrentes dela. Ressurgiu dos mortos e, nos últimos trinta anos, tem testemunhado uma ressurreição milagrosa da igreja ortodoxa [vi]. Foi morto pela revolução comunista na China, na medida em que realmente já esteve vivo no Oriente, aparentemente abandonado por Cristo. Hoje a Igreja na China é talvez a parte da cristandade que cresce mais rápido. 

Em números brutos, mais cristãos foram perseguidos e mortos pelos poderes das trevas no século passado do que em todos os séculos anteriores juntos. No entanto, também em números brutos, hoje há mais cristãos no mundo do que nunca. A Igreja não está morta, nem jamais morrerá, embora aparente estar sempre morrendo e, muitas vezes, já tenha estado aparentemente morta. Fazendo eco às palavras de Mark Twain, os relatos de sua morte são em grande medida exagerados. E reiterando as palavras de Chesterton: ela morreu muitas vezes, mas ressuscitou novamente; pois tem um Deus, seu Esposo celeste, que sabe o caminho para sair do túmulo.

Notas

  1. G. K. Chesterton, Illustrated London News, April 27, 1929. 
  2. A comparação deve ser bem entendida: as leis físicas (como as da termodinâmica) decorrem da natureza mesma dos entes naturais e são, portanto, necessárias; o pecado original, por outra parte, é uma condição decorrente da liberdade do primeiro pai e, por conseguinte, poderia não ter-se dado. Seja como for, ambas são parte integrante da realidade, cada uma a seu modo. (N.T.)
  3. Também aqui se faz necessária uma explicação: na ordem do tempo, não somos “seres caídos” feitos à imagem de Deus, mas seres feitos à imagem de Deus que caíram. O estado pós-lapsário (i.e., depois do pecado original) não é conatural e necessário ao homem, mas uma condição punitiva na atual economia de elevação do gênero humano à ordem sobrenatural. (N.T.)
  4. No original inglês, o autor usa a expressão planned parenthood (literalmente, “paternidade planejada”), fazendo um trocadilho com o nome da grande organização que provê abortos nos EUA. (N.T.)
  5. The very crux of the matter, is the crux itself. Também aqui, no original, o autor brinca com as palavras: crux, em inglês, é sinônimo de “ponto ou aspecto central ou essencial” de algo; em latim, é “cruz”, o madeiro do qual pendeu Nosso Senhor. (N.T.)
  6. Com isso, não nos parece ser intenção do autor afirmar que a igreja cismática russa seja parte da Igreja Católica, mas simplesmente aduzir um exemplo histórico mais, ao lado da sobrevivência do catolicismo na França e na China, de que os poderes do mundo jamais poderão suprimir de todo o nome de Cristo, mesmo onde a fé não é pregada em seu integridade. Afinal, se os católicos forem calados, Deus é poderoso para fazer clamar as mesmas pedras (cf. Lc 19, 40). (N.T.)
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Allan dos Santos
 - 30 de Abril




LIBERDADE DE EXPRESSÃO



👆 Chefe do departamento de censura do Twitter ganha milhões de reais por ano e poderá ser demitida
(por Allan dos Santos - 30/04/2022)


Elon Musk diz que suspender o NY Post do Twitter foi 'incrivelmente inapropriado'

O advogado-chefe do Twitter – visto como o principal defensor da rede social para censurar conservadores – está entre os executivos altamente bem pagos que podem perder o emprego se Elon Musk concluir sua aquisição da empresa.


Vijaya Gadde, que ganhou US$ 17 milhões no ano passado como principal consultor jurídico do Twitter, pode estar em risco, já que Musk está planejando cortar empregos e reduzir os salários dos executivos enquanto procura obter financiamento para sua oferta no Twitter.


Depois de divulgar os planos de adquirir a empresa no início deste mês, Musk expressou “nenhuma confiança” na atual administração do Twitter – o que não é um bom presságio para o futuro deles quando ele assumir o comando no final deste ano.


No entanto, Gadde também pode ganhar um bom prêmio de consolação se for demitida: um pacote de indenização no valor de US$ 12,5 milhões que inclui a aquisição acelerada de um tesouro de ações do Twitter que ela acumulou.


Gadde, de 48 anos, que supostamente caiu em prantos ao se dirigir a colegas sobre o futuro do Twitter, tornou-se um para-raios de controvérsia nos últimos dias devido em grande parte ao próprio Musk, que twittou um meme que a pintou como alheio a um "viés liberal" no Twitter.


O meme se baseia em uma aparição de Gadde e seu então chefe, o ex-CEO Jack Dorsey, no podcast de Joe Rogan “The Joe Rogan Experience” em 2019.


Durante essa aparição, o jornalista conservador Tim Pool confrontou Dorsey e Gadde sobre casos em que vozes de direita foram banidas do Twitter.


O tweet de Musk, bem como um tweet crítico do jornalista Saagar Enjeti, que chamou de “principal defensor da censura” do Twitter de Gadde, que “censurou a história do laptop de Hunter Biden”, levou usuários pró-Musk do Twitter a criticá-la.


Musk também criticou Gadde implicitamente, chamando a decisão do Twitter de bloquear links para a cobertura do New York Post do laptop de Hunter Biden “obviamente incrivelmente inapropriada”.


A peça foi banida pelos principais sites de mídia social nas semanas que antecederam a eleição, com o Twitter justificando as acusações de censura rotulando a história como “conteúdo obtido por meio de hackers que contém informações privadas”.


Muitos meios de comunicação também tentaram desacreditar o artigo do Post, antes de relatar sua veracidade muito depois da eleição do presidente Joe Biden.


Em resposta à enxurrada de críticas online dirigidas a Gadde no início desta semana, outro alto executivo do Twitter a defendeu e acusou Musk de “misoginia”.


Lara Cohen, chefe global de parceiros do Twitter, também compartilhou mensagens de apoio a Leslie Berland, diretora de marketing da empresa que foi flagrada em um áudio vazado sugerindo que os planos de liberdade de expressão de Musk os colocam em “uma posição muito difícil”.


“Fiquei chocada CHOCADA que as pessoas estão vindo atrás de duas de nossas proeminentes executivas no primeiro dia dessa coisa”, Cohen twittou na terça-feira.


Ela também compartilhou um tweet atacando o senador do Missouri Josh Hawley por apontar que o choroso Gadde era “o mesmo que liderou a acusação de censurar a reportagem do laptop Hunter Biden. Diz tudo."


Hawley pediu ao homem mais rico do mundo que agora também investigue os velhos hábitos da empresa, incluindo suspensões generalizadas de contas, bem como relatos de shadowbans suprimindo vozes.


Em uma carta oficial, ele pediu a Musk que também investigasse “quem foi responsável por suprimir deliberadamente as reportagens agora justificadas do New York Post sobre o laptop e os negócios de Hunter Biden”.


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👆 LEGADO DE OLAVO DE CARVALHO

Feliz aniversário, Professor Olavo
(por Allan dos Santos, via Allandossantos.com - 30/04/2022)

Você completaria mais um ano de vida. Mais um ano amando a sabedoria que perseguia nas letras, nos corações e nas mentes daqueles que estavam próximos, seja por meio de um livro, conectando-se com milênios de anos, seja com aquele indigente que sempre recebia uma doação sua ao fim da missa dominical em Richmond.


Sinto saudade de chegar no escritório e ver seu sorriso que nunca tirava férias ou folga por causa de alguma dor física ou inquietude na alma. Sinto saudade de vê-lo abraçadinho à Roxane depois do terço. Sinto saudade de ver os vídeos engraçados como aqueles de pessoas que criam tigres em casa aqui nos EUA. Sinto saudade de ouvir suas análises sobre os poetas e sempre me impressionava como era possível recitar de cor Shakespeare ou um outro escritor que eu nem sabia da existência ainda. É difícil até listar o que me faz falta de tanto que era agradável estar ao seu lado.


A única coisa que me conforta é que se a saudade doer demais e me deixar entristecido, sei que é um sinal de um egoísmo que não é nada bom pra mim, pois de todas as lições que aprendi contigo — desde suas músicas favoritas, tenores memoráveis, ciência política até à mais alta questão metafísica —, a que mais importava era a consciência de imortalidade que brota no coração que entendeu o jardim das aflições em que nós vivemos.


E como aprendi que a alma é imortal e Nosso Amado DEUS VIVO nos quer pertinho dele, a saudade é golpeada pela sabedoria que tanto exalava de ti e um leve sorriso inicia uma cura na memória tornando cada momento um episódio agradável.


Se a gravidade da sua ausência fere meus olhos que choram, sei que é porque ainda não sou um daqueles alunos que tanto te davam orgulho. Um dia chegarei lá, professor. Ah, fale de mim e de minha família para JESUS. Não mereço, mas aprendi contigo a ter esperança e esperar dELE a compaixão que tanto esqueço de ter com meu próximo.


Feliz aniversário, Prof. Olavo de Carvalho.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Amaiséque
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
02 de Abril de 2022


Eu geralmente não costumo falar de pessoas especificamente, mas desta vez eu vou falar. Existe um cara que anda por aí e eu não suporto nem ver a cara dele. Ô sujeitinho nojento! Sabe aquela pessoa que quanto mais você pensa, mais você sente repulsa? Que só mesmo Deus para aguentar? Então, eu não suporto nem ouvir falar do tal Amaiséque. Que sujeito abominável esse!


Amaiséque é aquele tipo de cara que não tem absolutamente firmeza nenhuma naquilo que fala. Você chega nele e diz:


"Cara, cê lembra daquilo que tu me falou que ia fazer ontem mesmo? Então, não vi tu fazendo."


Amaiséque: eu estava precisando descansar.


Confuso, você tenta entender a situação...


"Tu tava precisando descansar? Mas tu tirou férias esses dias mesmo e postou aquela foto marota no Instagram!"


Amaiséque: eu nem consegui parar esses dias, mal começou e já me deu uma canseira pro ano inteiro, rapaz! Além disso meu lumbago berrou, aí eu tive que ficar quietinho, sácumé!


Para não ficar uma situação embaraçosa, você tenta mudar de assunto.


"Certo, certo! Tô ligado nessa desculpa aí. Ow, mudando de pato pra ganso, tu falou que ia na missa no Domingo, que era um baita de um religioso, saiu dizendo que eu tinha que reavaliar minha vida, aí eu fui nessa igreja que tu diz que vai, animado com o que cê me falou, e tu não tava lá."


Amaiséque: nem deu pra eu ir nesse Domingo, tive um churrasco de um amigo, aí eu não fui.


"Ué, mas tu me falou que não faltava na missa nem pra ir em churrasco!"


Amaiséque: esse era um amigo meu especial, sabe? Não podia faltar! Eu nem queria ir, fui por obrigação mesmo!


"Mas na missa podia faltar que não era obrigação, né seu energúmeno!"


Amaiséque: são ossos do ofício! Eu até dei uma choradinha nele lá pra me fazer um empréstimo, sabe, daquele jeitão. O sujeito é bom, mas meio pão-duro, então catei lá uns trocado sem ele ver, hehehe!


Você até nem ia falar mais nada, mas nem tem como, depois de uma dessas...


"Ué, mas tu disse que era a 'couraça da moral', que nunca sacaneava um amigo nem por dinheiro! Ué, não tô entendendo!"


Amaiséque: tá meio difícil, né parceiro! Uma mão amiga as vezes vai. Depois eu pago ele, o sujeito é parça!


"Mas e aquela história de que Jesus disse 'que teu sim seja sim, e teu não seja não', onde foi parar?"


Amaiséque se irrita por um momento e pensa em mandar você para um lugar desagradável e rugoso. Não querendo prejudicar sua "boa imagem", diz outra coisa.


Amaiséque: tu também não pode levar tudo ao pé-da-letra, né meu filho? Falando nisso, hoje é sexta-feira, né? Bora tomar aquela gelada e ver as tchutchuca lá da esquina?


Amaiséque acaba de sugerir que vocês fossem em um bar e puxar conversa com umas rodadoras de bolsinha da esquina. Você sente um troço esquisito e fica meio sem-jeito, com medo de alguém te ver perto dele.


"Ah, mas é que não posso hoje. Prometi pra minha mulher que a ajudaria em uma tarefa importante. Quem sabe outro dia?"


Você se despede. E o outro dia vira outra semana, que vira outro mês, que vira outro ano, que vira outra vida. Amaiséque segue levando sua vidinha, enquanto você vai conhecendo novas amizades que te levam para a Vida de mais sentido.


Às vezes é bom nos livrarmos dos "Amaiséques" da vida!...
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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje: a vingança de mamãe! E ainda: uma questão de direção... valendo vaga no vestibular do COF!
(02/05/2022)
(29/04/2022)


E o arrombado caviar, Gadu Ananauê, está furioso com o Twitter por algum motivo! Bem, esse povo vermelhinho fica fulo com esse negócio de chefe mesmo!
(26/04/2022)


Falando em arrombado, o Sal Conservador catou o Calça Encravada fazendo biquinho de novo... e dando o... oooo... BumBum-Tan-Tan para as forças das trevas!!
(01/05/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Este livro de Aristóteles tem tudo a ver com a sua vida. Não se trata de economia no sentido financeiro, mas no sentido de organizar sua vida, sua casa, seus pensamentos, e principalmente ser um bom gestor de sua família, no sentido de patriarca mesmo. Textos luminosos de Chesterton, Gustavo Corção e São Tomás complementam essa leitura maravilhosa. Necessário!

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