Edição LVI (Terça Livre, Revista Esmeril 31, opinião e mais)
REVISTA ESMERIL 31
- Humor e censura: hipócrita é quem, afinal? (Leônidas Pellegrini)
- Os últimos segundos de Matias (Leônidas Pellegrini)
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)
Os dados são do Instituto de Acompanhamento da Publicidade (IAP), criado em 1999, ainda no governo
FHC. As agências de publicidade que faziam serviços para o governo eram obrigadas a enviar os chamados “pedidos de inserção” (PIs) para o instituto. Elas enviavam para o instituto as informações sobre os valores pagos pelos anúncios por cada órgão do governo. Dessa forma, o IAP podia compilar os dados sobre os gastos do governo federal em publicidade com relação a todos os meios de comunicação: televisão, rádio, jornal, revista etc.
O governo federal mudou esse cenário e começou a reduzir consideravelmente essas despesas, que são
totalmente injustificáveis num país com tantas necessidades. Ao analisar os gastos do governo com publicidade em televisão este ano, nota-se uma queda considerável. Ao comparar os números gastos com a TV Globo neste ano com o do ano passado isso fica bem claro. No ano passado, o governo teria gasto, segundo dados do Tribunal de Contas da União (TCU), R$ 400 milhões com publicidade na emissora. Neste ano, a estimativa é de que os gastos sejam entre R$ 150 e 170 milhões.
Qualquer um pode perceber que a fala do presidente Jair Bolsonaro na época de sua campanha sobre os bilhões que a Rede Globo recebia do governo não era descabida, como alguns quiseram afirmar. O problema foi que muitos interpretaram que ele se referia a um ganho anual, mas ao alarga-se a visão para as últimas duas décadas chega-se facilmente à cifra de uma dezena bilionária de faturamento.
Alguém poderia perguntar-se por que se está falando apenas do faturamento até o ano de 2016. Onde estão os registros dos faturamentos ocorridos nos anos de 2017 e 2018? O problema é que o IAP foi descontinuado em março de 2017, durante o governo de Michel Temer. Isso levou a uma grande perda de transparência nos gastos públicos em publicidade. Aqueles que vêm acompanhando a revista Terça Livre desde outubro passado, certamente se recordam de que muitos esquemas de corrupção estavam envolvidos com a publicidade e entendem bem o perigo da perda do controle desses gastos.
O que aconteceu nessa situação é que o IAP era financiado por uma parte do lucro das agências de publicidade, que deviam pagar uma porcentagem para a manutenção do Instituto. Mas no ano de 2017 as agências não quiseram mais pagar essa porcentagem e o Planalto aceitou. O que resultou no fechamento do IAP e na descontinuidade do acompanhamento de preciosos dados para o futuro.
Investigações reforçam a necessidade de controle dos gastos
As recentes investigações da polícia federal endossam ainda mais a questão da importância do controle de gastos com os veículos de comunicação. Tudo indica que nos anos de governo PT foram inúmeras as ramificações utilizadas para passar o dinheiro recebido de propinas oriundas das mais diversas fontes. E o interessante é que a mídia, de uma maneira ou de outra, parece sempre estar no meio disso tudo.
A emissora de televisão TVT (Televisão dos Trabalhadores), que é controlada pela Fundação Sociedade Comunicação Cultura e Trabalho, também está sendo investigada pela Polícia Federal. É aquela mesma Televisão dos Trabalhadores a que já nos referimos aqui na matéria sobre quem são os donos da mídia no Brasil. Ela foi criada pelo sindicato dos metalúrgicos do ABC e tem sede em São Bernardo do Campo. Só pode entrar no ar graças a um decreto assinado por Lula, quando era presidente, ainda em 2005. É a mesma emissora que contou com a presença de Lula em sua estreia e que possui a participação assídua em sua programação de vários líderes sindicais.
A PF descobriu, em uma investigação posta em evidência há pouco tempo, que a fundação que controla
a emissora TVT repassou quase meio milhão de reais à FlexBR A empresa é de propriedade de Sandro Luís Lula da Silva, um dos filhos de Lula. Segundo o relatório da Polícia Federal, foram 36 pagamentos entre os anos de 2014 e 2016. Esses pagamentos eram muito semelhantes aos que a TVT recebeu do Instituto Lula antes da Lava Jato. Isso levantou uma suspeita de que a TVT, com o decorrer das investigações, estaria sendo utilizada como laranja para ocultar os repasses do Instituto Lula para a empresa do filho de Lula.
Ainda conforme o relatório da PF, uma funcionária da fundação teria repassado por e-mail uma planilha de prestações de contas para o instituto indicando que os gastos da TVT com a FlexBR por supostos serviços prestados, que eram da alçada do Instituto Lula. Para a investigação, não faz sentido a cobrança desses valores ao instituto. E muito menos se compreende como a empresa poderia prestar os serviços contratados para a emissora, se ela sequer possuía um quadro de funcionários.
A conclusão dos investigadores é que a FlexBR emitia notas frias para lavar dinheiro de propina. Além disso, ela recebia repasses de outras empresas, como a G4 de Fábio Luís, o Lulinha, e a Lils, que promovia as palestras de Lula. Essas empresas recebiam também dinheiro da Oi, Odebrecht e Andrade Gutierrez, que confessaram pagamento de subornos.
A Polícia Federal também indiciou Lula no último dia 23 por supostamente ter recebido mais de R$ 4 milhões da Odebrecht. Os valores seriam referentes a propinas disfarçadas de doações ao Instituto Lula. Outro relatório da PF aponta que a empresa Lils, a mesma anteriormente citada, recebeu mais de R$ 450 mil a Infoglobo Comunicação e Participações, em outubro de 2013. A Globo informou que os gastos foram para cobrir um evento naquele ano em que Lula seria um dos palestrantes.
Ao analisar tudo isso, pode-se perceber como o assunto é espinhoso. Um dos grandes objetivos do governo do Bolsonaro, desde o início, é o desmonte dos oligopólios, que por décadas vêm destruindo o livre mercado do país e constituindo-se num dos maiores obstáculos para um crescimento saudável da economia brasileira.
As mudanças vêm acontecendo pouco a pouco, mas estão sendo reais e concretas. Sem acabar com os monopólios que assolam o país nas mais diversas áreas, não há como seguir em frente. É como se estivéssemos diante de um organismo doente que não consegue crescer e se desenvolver por causa dos parasitas que lhe roubam os nutrientes. O que temos visto repetidamente este ano, e certamente veremos também nos próximos, são os parasitas sendo exterminados e se contorcendo para não morrerem.
Acontece, no entanto, que, além de o canal ter
crescido demais, passando de um milhão de inscritos, recentemente resolveram
cutucar com vara curta a onça-mor e diva suprema do Judiciário brasileiro,
aquele cujo nome não pode ser mencionado, em um vídeo em que satirizam os
abusos de poder do cabeça de ovo em relação ao deputado federal Daniel
Silveira. Isso bastou para que, dias depois, o alcance do Hipócritas fosse
reduzido no Instagram e o canal, proibido de publicar vídeos no Youtube,
estratégia já manjada de estrangulamento financeiro promovida pela tirania das
Big Tech.
O protagonista e diva do referido
vídeo (por enquanto ainda no YouTube), aliás, é interpretado
Bismark Fugaza, um dos sócios do Grupo Hipócritas que nos concedeu a entrevista
a seguir. A mensagem ao final do vídeo (assistam antes que apaguem!) é bastante
clara: Quem é o hipócrita, afinal?
Revista Esmeril: Gostaria que falasse um pouco sobre a história do
Hipócritas. Como tudo começou, se desenvolveu e o que vocês oferecem hoje?
Bismark: O Hipócritas começou em 2014, o Paulo Souza e
outras pessoas, mas não conseguiram desenvolver muito o trabalho. Em 2017,
Paulo estava trabalhando na minha empresa, e acabei entrando como sócio.
Voltamos ao ar com um primeiro vídeo que fez muito
sucesso, Bolsomito, que fez muito sucesso na época.
Três ou quatro vídeos depois, chamamos o Augusto Pacheco, que também se tornou
sócio.
O nosso intuito, a nossa missão, é rir e fazer rir,
pensar e fazer pensar. Nosso ideal é libertar as mentes das pessoas, para que
possam encontrar a Verdade. Na Palavra de Deus, em João 3, 16 (Bolsonaro
cita esse versículo muitas vezes), lemos: “E conhecereis a Verdade e a Verdade
vos libertará”. E fazemos isso através do humor, que acreditamos ser uma
ferramenta muito importante para isso.
Revista Esmeril: Quem mantém otrabalho de vocês, e como?
Bismark: Nunca recebemos um centavo de dinheiro de Governo.
Todo mundo que nos ajuda são pessoas físicas, por meio de doações através
do Pix, espectadores que assinam a nossa plataforma e que assistem ao YouTube
(porque o nosso canal no YouTube é monetizado, o nosso Facebook também),
pessoas que ajudam a compartilhar e curtir nosso conteúdo. Todos os que
fazem isso nos ajudam de alguma forma. Aqueles que dão um Pix de 1, 2, 5,10,
20, 30 reais, tudo ajuda muito o nosso canal.
Também temos a nossa plataforma para assinantes.
Lá temos todos os cursos do extinto Terça Livre (Terça Livre Escola e
Terça Livre Academia), cuja migração para nossa plataforma conseguimos através
de um acordo, todos os nossos teatros, e tudo que vamos fazer de novo.
Lançaremos um curta-metragem, um longa-metragem. Teremos novos teatros. E tem
materiais que são exclusivos só para quem assina nossa
plataforma.
Revista Esmeril: Quais foram os maiores desafios que você
enfrentaram e ainda enfrentam devido às posturas político-ideológicas de vocês
(censura, desmonetização, cancelamentos, processos, problemas na vida privada
etc.)? E o que os motiva a continuar esse trabalho, mesmo com tais desafios?
Bismark: Enfrentamos muitos desafios de cancelamento.
Estamos experimentando isso no Instagram, onde nosso perfil não pode mais ser
marcado. Vemos isso nos alcances, pois os algoritmos são todos contra nós. O
nosso alcance tem caído, apesar de termos crescido em números de seguidores
inscritos. Agora, perdemos o direito de postar vídeos no Youtube, fonte essencial
de recursos para nossa empresa. Há muita censura nessa parte das Big Tech, e
justamente pelo estrangulamento financeiro tentam acabar conosco.
Coincidentemente, essa censura mais pesada começou depois de um vídeo em que satirizamos o ministro do STF Alexandre de Moraes. A partir desse vídeo, as plataformas começaram, como bem disse o Augusto*, a “passar um pente fino” em nossos conteúdos para encontrar qualquer coisa e tirar a gente do jogo. Só que na verdade o jogo é deles, o campo é deles, o juiz é deles e a gente tem menos jogadores em campo”.
Temos potencial para lutar e ajudar a promover a
contrarrevolução cultural de que o Brasil precisa, mas no momento estamos
lutando para sobreviver. Por isso, é tão importante que contemos com nossos
apoiadores, como já mencionei, através de doações e, principalmente, de
assinaturas dos nossos conteúdos, que não podem mais ser disponibilizados no
Youtube.
Nós não temos tanto apoio, também, de pessoas,
empresários que poderiam fazê-lo, porque muitos têm medo de se posicionar como
empresa, principalmente de vincular a imagem deles com a nossa, por ser um
humor bem ideológico da direita conservadora. Por nos posicionarmos desse
jeito, acabamos restringindo o mercado para muitas pessoas, porque o
empresário/empresa pensa: “Eu tenho que vender para quem é de esquerda, e para
quem é de direita”. São poucas as empresas que pensam diferente. Por exemplo,
quem se posiciona muito bem é o Luciano Hang, o Véio da Havan. Ele é um cara
que poderia nos ajudar, mas não ajuda. Nunca fechamos nada com ele. Então, como
eu falei antes, nosso apoio vem só de pessoas físicas.
Enfrentamos processos também, mas o que faz com que
continuemos é saber que temos um propósito e que estamos juntos por ele, que é
ajudar as pessoas a libertarem as mentes e enxergarem a Verdade, saber o que é
a mentira temos vivido há anos nos no Brasil. E queremos fazer isso através do
humor.
Revista Esmeril: Pegando um gancho na pergunta anterior, sabemos que
a sátira pode tomar rumos diversos, desde a piada sem graça ao humor mais fino
ou à ofensa mais grosseira. Vocês acreditam que deva haver alguma regulação em
relação ao que fazem os humoristas, ou esse julgamento deve ser feito pelo
público?
Bismark: Não, e acredito que os três (Paulo, Augusto e eu)
acreditam na mesma coisa: que nunca deve haver regulação. Temos que ter o livre
arbítrio para falar o que quisermos.
Agora, quem fala o que quer, ouve o que não quer,
como diz aquele ditado. Então, temos que estar preparados pra tomar pedrada.
Tu falou, tu tem que bater no peito. Vimos o caso do Monark, que falou do
nazismo. Tem que bater no peito e aguentar as consequências. O Mamãe Falei
também, a mesma coisa. Falou as coisas que falou, tem que aguentar as
consequências. O MC Gui ficou rindo um tempo atrás de uma menina que tinha
câncer, que estava usando uma peruca lá na Disney. Para ele aquilo era humor.
Aguenta as consequências.
Entendeu? Acreditamos, como canal, que existe
limite no humor, e o limite é cada pessoa. Por exemplo, tem gente que nos acha
engraçados, tem gente que não. Então, o limite do nosso humor está nas pessoas
que não nos acham engraçados. Por isso, creio que nunca deve haver regulação de
coisa alguma. A pessoa deve ter liberdade de expressão para tudo. Mas tem que
saber que tem as consequências depois, e tem que aguentar o que vier. Não
adianta depois ficar em depressão.
Revista Esmeril: Duas questões sobre projeções futuras: acreditam
que haverá um recrudescimento ainda maior em relação às perseguições sobre
vocês neste ano em especial? Independentemente dos resultados eleitorais de
2022, quais são os planos futuros para o Grupo Hipócritas?
Bismark: Acreditamos que sempre se tem que estar preparado
para tudo, inclusive para o pior.
Vínhamos com um canal muito mais forte do que em
2018. Estávamos com mais inscritos, com mais poder de fala dentro do Brasil.
Então, acabamos nos tornando alvos, mas estamos aqui para isso.
Temos a nossa missão e não vamos deixar de segui-la
por medo do que possa acontecer por falarmos aquilo em que acreditamos. Pode
acontecer de tudo, como já está acontecendo, que a gente está preparado.
Quanto ao projeto do nosso canal, pretendemos continuar
a fazer o que estamos fazendo, e coisas maiores, dentro de nossa plataforma,
onde não dependemos de seguir “regras da comunidade”, e, para isso, insisto,
precisamos da adesão do nosso público.
Estamos agora com o projeto do
longa-metragem, para ser passado inclusive nos cinemas. Temos também os
projetos de curta, mais outros projetos para alguns programas. Quem sabe neste
ano ou no ano que vem, se surgir a oportunidade, consigamos entrar na TV aberta
no Brasil, que ainda é onde se alcança o grande público.
O que queremos é fazer com que a nossa voz seja conhecida por
aquilo em que acreditamos.
Um conto baseado no martírio de São Matias
Antes que a primeira pedra o atingisse, em poucos segundos Matias viu uma sucessão de cenas.
Viu-se às margens
do Jordão, escutando as pregações do Batista, quando chegou aquele seu primo
que também pedia pelo Sacramento nas águas. Viu o profeta submergindo-O no rio,
e então a luz, aquela luz que desceu do céu sobre Ele. E seu coração palpitou.
A imagem d’Ele o
deixou ansioso, e Matias sentiu uma impaciência parecida com a que havia
sentido quando o Mestre viajou ao deserto e parecia que não voltaria nunca
mais. Mas voltou, para alegria sua e de muitos outros amigos que aguardavam com
a mesma inquietação.
Veio-lhe à mente
o rosto da mãe do Mestre, mulher tão boa e tão piedosa, e sentiu o perfume de
muitas, muitas rosas. Viu-a com o Mestre naquele casamento em Caná, o perfume
das rosas transformou-se cheiro de vinho. Daquele vinho, o melhor que já havia
provado em toda a sua vida. E sorriu.
Depois foi um
borrão, fatos passando numa velocidade além do que os olhos eram capazes de
acompanhar, e de repente sentiu o cheiro do mar, e teve fome. Viu-se ajudando a
distribuir aquela infinidade de pão e peixe para uma multidão a perder de
vista, e sua fome foi embora.
O cheiro gostoso
de mar transformou-se em fedor cadavérico. Viu o Mestre chorando quando soube
da morte daquele Seu amigo, Ele mandando abrir o túmulo, e sentiu o fedor ainda
mais forte, mais nítido, mas logo desapareceu. Seu coração voltou a palpitar
com força, a mesma força de quando viu o amigo do Mestre saindo do túmulo,
inteiro, recomposto, vivo. Sorriu novamente.
Viu o Mestre
pregando, ensinando. Fixou-se em uma frase, “Eu sou o Caminho, a Verdade e a
Vida”, e então viu aquela multidão O recebendo feito um rei. Ele em cima de um
burrico e toda aquela gente alegre O saudando, e sentiu aquele cheiro das
folhas de palmeira novamente.
Veio então uma
sucessão de cenas que fizeram seu coração doer. O Mestre todo maltratado,
sangrando mais, e mais, e agora só sentia o cheiro daquele sangue todo. E o
cheiro de sangue se misturou ao de madeira. Viu a Cruz e chorou.
Depois sentiu de
novo o susto de quando avisaram que o corpo do Mestre havia sumido, e a alegria
de quando O viu andando entre eles novamente, e ficou com a imagem d’Ele, todo
iluminando, subindo aos Céus. Seu coração alegrou-se.
Sentiu o calor do
fogo que vinha dos Céus quando recebeu aquela Luz bendita. Maria estava
ali perto dele, mas o rosto que lhe apareceu de repente foi o de Pedro, e então
viu Pedro discursando naquele dia que novamente mudaria sua vida, dizendo que
era ele que iria ocupar o lugar do traidor. Por onde andaria Pedro? Será que já
estava com o Senhor no Céu? Seu coração teve saudade.
Viu de novo o
rosto do Mestre, o de Maria, o de Pedro, os de tantos amigos, a vida nos
últimos anos, a peregrinação constante, as pregações, a emoção das conversões,
as perseguições e as fugas, a prisão, o julgamento, a sentença.
Então a primeira
pedra atingiu sua testa e uma gota de sangue desceu sobre seu olho direito.
Outra pedra. Mais outra. E mais outra. Com a visão turva e avermelhada, e as
dores dos ferimentos, ergueu seus olhos para o céu e repetiu as palavras do
Mestre: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito”. E tudo ficou escuro.
Abriu os olhos e
já não sentia dor. E sentiu perfumes, e ouviu melodias, e enxergou cores que
nunca havia sentido, ouvido ou enxergado antes. Viu vários Anjos, eram eles que
cantavam. E viu São José, que lhe trazia lírios, e o reconheceu como se o
tivesse conhecido toda a sua vida. E finalmente viu o Mestre, todo de branco,
ainda mais iluminado que quando subiu aos Céus. E O abraçou.
2019 marcou o 70.º aniversário do único exorcismo
documentado nos Estados Unidos da América [i]. Trata-se de algo realmente
importante porque uma das maiores mentiras do diabo é convencer a
humanidade de que ele não existe. Isso talvez explique a reação atordoada
do público à versão dramatizada desse exorcismo no filme O Exorcista,
de 1973 [ii].
As cenas foram tão horríveis, que fizeram muitos
espectadores vomitar, enquanto outros desmaiaram e tiveram de ser levados de
ambulância. Um homem, ao sair do cinema, disse o melhor: “Eu acredito, eu
acredito”. Este foi o testemunho de alguém que mais uma vez acreditou no diabo.
Mas se as cenas vívidas do filme mostraram o horror
e a repugnância da possessão demoníaca, deixaram de fora a parte mais
importante da história real do menino possuído de Maryland: ele foi libertado
das garras do diabo pela intercessão de Nossa Senhora de Fátima e pelo poder de
São Miguel.
Tabuleiro Ouija
e Possessão
A figura central da história era um adolescente
conhecido pelos pseudônimos “Robbie Mannheim” ou “Roland Doe”. Embora a
verdadeira identidade de Robbie e de seus pais permaneça em segredo, os
detalhes dos eventos extraordinários deste exorcismo de 1949 foram
meticulosamente registrados no livro Possessed [“Exorcismo”,
no Brasil], de Thomas Allen.
Robbie cresceu em Mount Rainier, Maryland. Filho
único de Karl e Phyllis Mannheim (também pseudônimos), ele costumava brincar
com adultos. Um deles era sua tia Harriet, uma espírita, que morava em St.
Louis, Missouri, e visitava com frequência os Mannheims. Durante uma visita em
janeiro de 1949, ela ensinou o sobrinho de treze anos a usar um tabuleiro
Ouija.
Não muito tempo depois, os Mannheims notaram coisas
estranhas ao redor de seu filho. Ouviram ruídos estranhos no quarto, como o som
incessante de goteira e depois um ruído de arranhões, como se garras raspassem
a madeira. Na mesma época, Harriet morreu e Robbie começou a usar o tabuleiro
Ouija para falar com ela. Ele usaria o tabuleiro por horas a fio, até que o
jogo se tornasse uma obsessão, em sentido figurado e literal.
Seus pais logo notaram anormalidades físicas
preocupantes no corpo do filho, como marcas de arranhões, vergões e hematomas,
que surgiam sem motivo aparente. Mais perturbador ainda foi a transformação da
personalidade. O garoto, normalmente quieto e tímido, de repente se tornou
agressivo, com frequentes explosões de raiva e acessos de ira violentos contra
eles. Começou a falar em latim, uma língua que não tinha meios de conhecer. Foi
aí que os pais decidiram que precisavam de ajuda.
Eles tentaram de tudo, desde um médico regular até
psicólogos, psiquiatras e até mesmo um vidente, antes de finalmente recorrerem
ao seu ministro, o pastor Luther Miles Schulze. Enquanto os pais já
consideravam a possibilidade de possessão diabólica, o pastor Schulze
mantinha-se cético. Ele considerava a possessão “uma relíquia medieval, algo
que havia sido deixado para os católicos quando a Reforma liderada por Lutero
dividiu o mundo cristão” [iii].
Cena do clássico de terror “O Exorcista”, de 1973.
“Você tem de ver
um padre católico”
O pastor Schulze decidiu descobrir por si mesmo o
que estava acontecendo, e convidou Robbie para passar uma noite em sua casa.
Naquela noite, viu com seus próprios olhos a cama de Robbie mover-se para
frente e para trás e depois pular para cima e para baixo. Quando ele pediu ao
menino que tentasse dormir numa cadeira, esta se moveu pelo quarto e caiu de
lado, deixando Robbie esparramado no chão. Como Schulze não conseguisse manter
a cadeira em pé, percebeu que estava na presença de uma força colossal e mudou
de ideia. Levou Robbie para casa e disse aos pais dele: “Vocês têm de ver um
padre católico. Os católicos sabem dessas coisas” [iv].
Os Mannheims então visitaram a igreja católica St.
James, não muito longe de casa. Pe. E. Albert Hughes foi escolhido para ajudar
os pais, mas mostrou-se totalmente inadequado para a tarefa. Ele viu o
potencial de violência de Robbie e ordenou que ele fosse mandado a um hospital.
Quando Hughes começou as orações rituais, o menino
conseguiu libertar o braço da mordaça, chegar debaixo da cama e remover uma das
molas. Ele então a usou como arma e cortou o antebraço do padre do pulso ao
cotovelo. Foram necessários cem pontos para fechar a ferida.
Pouco depois, os Mannheims se mudaram para St.
Louis, Missouri, para ficar com o irmão de Karl, George, e sua esposa,
Catherine. Coisas aterrorizantes continuaram a acontecer com Robbie. A filha
deles, Elizabeth, que estudava na Universidade de St. Louis, abordou seu
professor, Pe. Raymond J. Bishop, para lhe falar sobre o primo.
Após uma avaliação inicial, o padre entregou o caso
a Pe. William S. Bowdern, S.J., pároco da Igreja Católica de São Francisco
Xavier, que acabou designado pelo então Arcebispo Joseph Ritter para realizar o
exorcismo. Pe. Bowdern, descrito por um colega jesuíta como “totalmente
destemido”, foi assistido por Pe. Walter Halloran e Pe. William Van Roo.
A história de
Fátima leva à conversão
Imagem da Virgem de Fátima. |
Desde o início do exorcismo, Pe. Bowdern colocou
Nossa Senhora de Fátima no centro da luta. Em sua primeira visita à casa, em 11
de março de 1949, ele estava conversando com os Mannheims quando ouviram gritos
terríveis no andar de cima vindos do quarto de Robbie. Quando entraram, o
menino estava sentado na cama, visivelmente assustado com o que sentiu ser uma
presença maligna no quarto. Bowdern corajosamente pôs as contas no pescoço do
menino e começou a rezar o Rosário.
Depois de terminar, o padre Bowdern pregou uma
“homilia espontânea”, na qual “falou a Robbie sobre três crianças da sua idade
que tinham visto algo que outras pessoas não tinham visto” [v]. Bowdern então
lhe explicou as aparições de Fátima e como aquelas três crianças haviam
recebido o privilégio especial de ver a Mãe de Deus, cujo nome é Maria. Isso
ajudou a explicar a Ave-Maria ao menino, que não era católico.
O adolescente ficou fascinado com a história de
Fátima, e Pe. Bowdern a repetiu várias vezes nos 38 dias seguintes. Isso levou
Robbie a perguntar mais sobre a fé católica e, finalmente, levou à sua
conversão e, mais tarde, à de seus pais.
Em 23 de março, ele começou seu estudo do catecismo
e foi batizado em 1.º de abril. No dia seguinte, Robbie recebeu a primeira
comunhão. Bowdern sugeriu sabiamente que, por ser o primeiro sábado do mês,
rezassem o Terço em honra de Nossa Senhora de Fátima.
Em 10 de abril, Domingo de Ramos, Robbie foi levado
para o Hospital Alexian Brothers e internado na ala psiquiátrica. Isso
proporcionou ao exorcista mais privacidade, mas também meios de lidar com o
menino. Após o batismo, os demônios que possuíam Robbie tornaram-se mais
violentos. À sua chegada, “o Irmão [reitor] Cornélio trouxe uma imagem de Nossa
Senhora de Fátima e colocou-a no corredor principal ao rés do chão” [vi].
“Não irei até
que uma certa palavra seja pronunciada”
Nas semanas seguintes, Bowdern e o padre assistente
sofreram insultos indescritíveis, blasfêmias, linguagem suja e até violência
dos demônios que possuíam o menino. A certa altura, Pe. Halloran quebrou o
nariz quando Robbie o acertou com um golpe preciso de olhos fechados.
Durante todo o processo, Bowdern ponderou sobre
algo que o diabo havia dito no início. “Eu não irei”, disse a voz
gutural, “até que certa palavra seja pronunciada, e não permitirei que este
menino a diga”.
Durante a Semana Santa, Pe. Bowdern tinha grandes
esperanças de que Nosso Senhor pudesse libertar Robbie no dia de sua
ressurreição gloriosa. No Sábado Santo, o Irmão Cornélio mandou trazer uma
estátua de São Miguel para o quarto de Robbie e colocá-la no canto.
No entanto, o Domingo de Páscoa chegou e passou,
mas na manhã seguinte algo realmente extraordinário aconteceu. Robbie acordou
furioso, e a mesma voz rouca zombou dos padres. “Ele tem de dizer mais uma
palavra, uma pequena palavra, quero dizer uma GRANDE palavra. Ele nunca vai
dizer isso. Estou sempre nele. Posso não ter muito poder sempre, mas estou
nele. Ele nunca dirá essa palavra” [vii].
Sempre que o espírito maligno se manifestava em
Robbie, ele entrava no que parecia ser um ataque. A voz do menino
nessas ocasiões se distinguia por seu tom cínico, áspero e diabólico. Ao
longo do dia, Bowdern e seu assistente ouviam essa voz. Naquela noite, porém,
algo mudou. Uma voz totalmente diferente veio de Robbie.
“Eu sou São
Miguel e te ordeno”
“São Miguel Arcanjo”, por Claudio Coello. |
Às 22h45min, Robbie ficou muito calmo e entrou em
estado de transe, como de costume. No entanto, os que estavam na sala ficaram
surpresos quando ouviram uma voz completamente diferente sair do menino. A voz
não provocava medo e desgosto, mas confiança e esperança. Em tom claro e
autoritário, disse um augusto personagem: “Satanás! Satanás! Eu sou São Miguel,
e ordeno a vós, Satanás e outros espíritos malignos, que deixeis este corpo em
nome de Dominus, imediatamente. Agora, AGORA, AGORA!” [viii]
Robbie então teve as convulsões mais violentas de
todo o exorcismo. Finalmente se acalmou e disse aos que cercavam sua cama: “Ele
se foi”.
Robbie explicou o que viu. São Miguel apareceu como
um homem muito bonito de cabelos ondulados e esvoaçantes que sopravam na brisa,
enquanto ele estava no meio de uma luz branca brilhante. “Na mão direita,
ele segurava uma espada ondulada e ardente à sua frente. Com a mão esquerda
apontou para um poço”. O menino descreveu como sentiu o calor sair, mas
também viu o diabo resistir cinicamente a São Miguel.
O que aconteceu a seguir mostrou claramente que o
diabo fora superado pelo aparecimento abrupto de seu inimigo angelical neste
campo de batalha. São Miguel virou-se para Robbie, sorriu e então falou. No
entanto, a única palavra que Robbie ouviu enquanto estava em transe foi a que
seu algoz jurou que não permitiria que ele dissesse: Dominus. Com
essa única palavra, Robbie estava finalmente livre.
Após esses eventos horríveis, Robbie passou a levar
uma vida normal. Ele se casou e chamou seu primeiro filho de Miguel, em
homenagem ao anjo guerreiro que veio em seu socorro em tempo de necessidade
urgente.
Pe. William Bowdern permaneceu pároco de São
Francisco Xavier até 1956. Embora possa parecer que sua vida também continuou
como de costume, a verdade é outra. Parentes dizem que, até sua morte em 1983,
aos 86 anos, esse heroico padre sofreu mental e fisicamente pelo que passou
durante o exorcismo.
“Eu acredito, eu
acredito”
Esta impressionante vitória de São Miguel sobre o
diabo no caso de Robbie Mannheim é apenas a continuação de uma guerra que
começou no início da Criação. O fato de que este episódio particular entre este
anjo de luz e seu eterno inimigo tenha se centrado em uma palavra, Dominus,
não surpreende. Na verdade, está ligado à mensagem de Fátima.
Em uma de suas aparições às três crianças, Nossa
Senhora disse que, se a humanidade não se convertesse, a Rússia espalharia seus
erros por todo o mundo. Um dos erros, na verdade o principal, é o
igualitarismo, uma filosofia que rejeita qualquer superioridade. Referir-se a
alguém, na verdade a qualquer um, como Dominus — latim
para Senhor — é uma afronta ao espírito igualitário. Isso
explica a alegria quase infantil demonstrada por São Miguel ao sorrir para
Robbie antes de pronunciar categoricamente aquela palavra “detestável”. Ele
reafirmou assim a superioridade de Deus e também seu poder sobre o inimigo do
homem.
Nos 70 anos desde o exorcismo, a crença em Satanás
— mesmo que seja uma versão hollywoodiana — realmente aumentou. Muito
lamentavelmente, a crença em São Miguel e nos anjos que estão esperando para
ajudar os fiéis diminuiu. Deve-se, portanto, meditar a extraordinária história
da intercessão desse anjo guerreiro na vida de um menino indefeso e repetir as
palavras do homem que deixou o cinema em 1973: “Eu acredito, eu acredito!”
Notas
i.Embora tenha
havido muitos exorcismos, esta é uma referência ao único que foi
meticulosamente documentado pelos jesuítas que o realizaram (N.A.). Como data
de 2019 a publicação do texto original, esta primeira frase foi levemente
adaptada para esta publicação (N.T.).
- Não é porque mencionamos uma produção cinematográfica que a
recomendamos sem restrições. Na verdade, sempre que você quiser saber se
um filme é apropriado ou não, para você e sua família, aconselhamos que
procure por ele no site IMDb e consulte a seção Parents Guide,
que apresenta a classificação indicativa do filme e descreve quaisquer
cenas com conteúdo impróprio que nele possa haver (N.T.).
- Thomas B. Allen, Possessed: The
True Story of An Exorcism, iUniverse, 1994, p. 17.
- Ibid., p. 24.
- Ibid., p. 70.
- Ibid., p. 201.
- Chad Garrison, The True Story of the St.
Louis House That Inspired The Exorcist.
- Id.
- Thomas B. Allen, op. cit.,
p. 290.
O material informativo cita, por exemplo, a imagem de caveira, explicando que se refere à representação da cultura da morte; o rosto de Che Guevara, como símbolo do comunismo; aborda a imagem do arco-íris, destacando que “o arco-íris, que é um símbolo de aliança de Deus com seu povo, foi raptado pela militância LGBT”. E, quanto à figura do unicórnio, orienta o texto: “Também tem sido muito presente no cotidiano infantil a figura do unicórnio. Ele é sempre representado como uma figura doce e encantadora. Sua origem é diversa, mas o perigo é o que ele representa atualmente, pois também é utilizado por personalidades para identificar alguém de gênero não binário, que não se identifica como homem, como mulher, e nem mesmo como um transexual”.
Esse é o cenário; partir dele e de denúncias, o Ministério Público do Estado de Minas Gerais instaurou inquérito para apurar os fatos e, por entender que o conteúdo do comunicado configura discurso odioso de cunho LGBTfóbico, propôs ação civil pública contra o colégio católico Recanto do Espírito Santo, em abril deste ano, com o intuito de responsabilizar civilmente o colégio pela propagação de discurso preconceituoso e discriminatório contra a comunidade LGBTQIA+, requerendo sua condenação para indenizar a referida comunidade no valor de R$ 500 mil.
Em razão da ampla repercussão nacional, muitas vezes induzindo os leitores a crer que o colégio realmente praticou atos homofóbicos e, especialmente, em razão da absurda propositura da ação por parte do MP – que deveria prontamente arquivar as denúncias ofertadas em reconhecimento aos fundamentos de nossa República, à laicidade brasileira e às liberdades civis fundamentais, mas não o fez, pedindo condenação de uma escola que simplesmente agiu de acordo com sua liberdade educacional, religiosa e de crença em um país que ainda é democrático, plural e livre –, o Grupo de Estudos Constitucionais e Legislativos do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR) lançou um parecer brilhante, que reproduzimos na íntegra abaixo. O texto é longo, mas vale a pena a leitura atenta de cada linha.
Da confessionalidade do colégio Recanto do Espírito Santo
A legislação brasileira permite a existência de instituições de ensino privadas e comunitárias, podendo ser qualificadas como confessionais, as quais atenderão a orientação confessional, a doutrina e a teologia específica da instituição que representam. Nesse sentido dispõe o artigo 19 da Lei 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional:
As instituições confessionais, em sua maioria particulares, são mantidas por igrejas e congregações, cujos fundadores estão congregados na mesma fé e pelos valores morais e religiosos, com intuito de agregar esses princípios à educação que oferecem à comunidade. Estas instituições educacionais confessionais prestam serviços na educação infantil, ensino fundamental, médio e superior.
A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (9.394/96), no artigo 33, prevê a possibilidade de oferta do ensino religioso também na educação pública, mas de caráter facultativo:
No mesmo sentido dispõe o artigo 11, §1.º, do Decreto 7.107/2010, a concordata entre o governo da República Federativa do Brasil e a Santa Sé:
“Art. 11, §1.º: O ensino religioso, católico e de outras confissões religiosas, de matrícula facultativa, constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental, assegurado o respeito à diversidade cultural religiosa do Brasil, em conformidade com a Constituição e as outras leis vigentes, sem qualquer forma de discriminação.”
Denota-se dos textos legais que a legislação brasileira permite a existência de instituições educacionais privadas ou comunitárias de ensino confessional, nas quais o ensino será ministrado de acordo com a fé, valores morais e religiosos de seus fundadores, sem qualquer objeção do Estado, pois a vinculação com estas instituições é de livre escolha do cidadão e das famílias que congregam com seus ideais.
Além do ensino religioso nas instituições confessionais, o Brasil permite o ensino religioso nas escolas públicas, até mesmo de forma confessional, como já decidiu o STF na ADI 4439/DF, reconhecendo-o como parte integrante da formação do cidadão, mas com matricula facultativa, em respeito à diversidade cultural religiosa existente no Brasil e ao princípio da liberdade religiosa insculpida na Constituição Federal (artigo 210, § 1.º), conteúdo jurídico essencial da laicidade.
No caso em tela, denota-se que o colégio Recanto do Espírito Santo é uma instituição de ensino confessional cristã, ou seja, sua didática está de acordo com a fé professada por seus fundadores, fundamentada na doutrina da Igreja Católica Apostólica Romana, e, consequentemente, da família dos alunos que frequentam a instituição e congregam da mesma fé, valores e princípios.
Neste ponto, é de fundamental importância ressaltar que a educação dos filhos cabe aos pais, que a partir de seus valores e crenças têm a liberdade de escolha da instituição que seus filhos frequentarão. Este direito está previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente, que no artigo 22 dispõe: “aos pais incumbe o dever de sustento, guarda e educação dos filhos menores”, e no parágrafo único estabelece que a educação familiar será exercida “devendo ser resguardado o direito de transmissão familiar de suas crenças e culturas”.
Esse é um direito humano fundamental, reconhecido por documentos internacionais, como a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, da qual o Brasil é signatário, que em seu artigo 12, item 4, estabelece:
Por sua vez, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, em seu artigo 26, item 3, também estabelece o direito dos pais de educarem seus filhos conforme suas convicções, nos seguintes termos:
“Artigo 26º. [...] 3. Os pais têm prioridade de direito na escolha do gênero de instrução que será ministrada a seus filhos.”
Destarte, é evidente o direito dos pais em escolher a instituição de ensino que congrega com os ensinamentos de sua fé e religião, portanto não deve prosperar a tentativa de criminalizar uma escola confessional por orientar e promover ensino que está de acordo com a crença de sua própria confissão. Tratar-se-ia de um contrassenso, também de uma ilegalidade, além de ser oposto ao direito humano de os pais assegurarem educação à sua prole conforme seus próprios valores familiares, e, não menos importante, atuaria em contrariedade à liberdade religiosa da escola, dos pais e alunos.
Leiam o artigo completo dessa perseguição abjeta e atroz: A vítima da vez, o colégio Recanto do Espírito Santo
Augusto Comte / Karl Marx, HegelPositivismo / Comunismo
FALSOS EM SUAS BASES.
Por quê?
Porque tentam observar a história como um objeto desde fora. A ordem que pessoas como Comte, Marx e Hegel projetam é a ordem como apenas eles mesmos a concebem, e por sua vez ocupam um lugar determinado nas sucessivas buscas da ordem, e nada além disso. A busca não acaba e não se sabe para onde leva.
Toda tentativa de traçar a história humana como um trajeto que deve conduzir a um determinado fim, ESTÁ ERRADA NA BASE! Não se sabe como a história termina. Podemos fazer isto com uma biografia porque a vida humana é finita.
(16/05/2022) |
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