Edição XLVIII (Terça Livre, Revista Esmeril 29, Opinião e mais)

 Tempo de Leitura XLVIII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


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REVISTA ESMERIL 29

As vanguardas poéticas (Antonio Fernando Borges)

José (Leônidas Pellegrini)



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LEITURA RECOMENDADA

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15 de Março de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!





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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 17 da Revista Terça Livre, de 05 de Novembro de 2019.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV saiu do ar, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



GERAL

👆 A MÃO QUE SUA
(por Laudelino Lima)


É bastante plausível que você conheça alguma pessoa próxima que esteja vivendo algum tipo de ruína. E, conhecendo essa pessoa, é também plausível que você consiga identificar muitos dos erros que ela cometeu para chegar a esse ponto. Pode ser um amigo de infância, um vizinho, um irmão, primo ou outro familiar. Seja para o fracasso ou para o sucesso, tudo remete a eventos que, se postos em lista, podem ser tomados como um processo ou um projeto, consciente ou não, mas que produziu o efeito que você percebe hoje.

 

O que nunca falta são avisos.


Você sabe que muitos desses eventos foram inevitáveis ou que algumas decisões poderiam seguir um outro caminho, mas a verdade universal é que, na maior parte do tempo, acontecem coisas que fogem completamente ao nosso controle, e a maneira como lidamos com isso é que faz a diferença entre sucesso e fracasso, seja na sua vida pessoal ou profissional.


O que nunca falta são avisos.


Isso me lembra a financeira japonesa que tinha sua operação em uma das torres gêmeas e seu backup na outra torre.


Não faltaram avisos.


Sempre que acompanhamos as conclusões de desastres aéreos, o fenômeno se repete. É uma sequência de eventos que foram tratados de maneira inadequada pelos pilotos ou pelos equipamentos, ou ambos.


O que nunca falta são avisos.


Isso tudo que escrevo agora é para te dizer que, seja qual for a sua formação, a sua trajetória, a sua personalidade ou a sua religião, problemas acontecerão o tempo todo.


Mesmo com o poder do silício, a revolução digital e os avanços da inteligência artificial, o melhor recurso para resolver problemas ainda é um negócio bípede baseado em carbono chamado “gente”. E gente é coisa muito mais complexa que máquinas e softwares. Quem teve a oportunidade de assistir à série clássica COSMOS, mais precisamente no capítulo chamado “A persistência da memória”, viu como é curto o nosso tempo e como é importante aprender o que é relevante. Ali, pude entender o quão inteligente é o nosso corpo, desde a fatoração química para a digestão de uma maçã ou a capacidade astronômica que o corpo possui para guardar informações ao nível de DNA e muito além das possibilidades dos mais avançados centros de pesquisas do planeta. Ainda existem muitos mistérios a ser resolvidos ou até mesmo conhecidos no que tange à inteligência do nosso corpo. Essa afirmação me remete à uma experiência realizada nos Estados Unidos, e com a qual tomei conhecimento em uma das aulas de filosofia do professor Olavo de Carvalho. O raciocínio está imbuído na percepção, ou seja, quando o seu corpo te avisa que tem algo errado. E avisa muito antes que o seu raciocínio entenda o que está acontecendo.


Vou deixar o professor explicar rapidamente, antes que alguém pense que estou fumando orégano ou fuja do meu texto:

 

“Durante uma experiência na Universidade de Iowa foram colocadas quatro pilhas de cartas de baralho, duas azuis e duas vermelhas. Os indivíduos retiravam uma carta de qualquer pilha e, conforme o resultado, recebiam ou pagavam uma certa quantia em dinheiro. Este jogo estava viciado, já que as cartas não estavam distribuídas uniformemente. As cartas vermelhas davam prêmios altos, mas multas maiores, ao passo que as cartas azuis davam prêmios pequenos, mas multas menores. Em média, as pessoas percebiam ao fim de 50 rodadas, que o jogo estava viciado e que era mais vantajoso retirar cartas azuis. Ao fim de 80 rodadas, em média, as pessoas já tinham uma explicação inteira para o que estava acontecendo. Mas os indivíduos também estavam ligados à maquinas que mediam a quantidade de suor nas mãos, como indicador da quantidade de stress. O que se verificou foi que, a partir da decima jogada, em média, a quantidade de suor começava a aumentar quando a mão se aproximava das cartas vermelhas, e daí para a frente havia maior tendência para retirar cartas azuis, ocorrendo isto cerca de 40 jogadas antes das pessoas terem percebido que já tinham tomado esta decisão. Os psicólogos explicam estas coisas com o conceito de inconsciente adaptativo, supostamente um mecanismo decisório que permite a adaptação à uma situação antes de se ter dela uma compreensão consciente. Nesta experiência das cartas, o que acontece entre as jogadas 50 e 80 é o típico raciocínio por indução onde são reunidos indícios que apontam num sentido, dos quais se retira uma regra hipotética que explica não só os casos passados, mas todos os futuros…


…no processo “normal” o raciocínio é feito apelando à memória e não aos próprios elementos da experiência. Este raciocínio é realizado com materiais inteiramente criados pela nossa mente, que tem uma relação com a experiência real, mas já não são as cartas da mesa e sim outras, que foram transformadas na nossa memória em símbolos. Já o primeiro raciocínio, também indutivo, trabalha não com signos da nossa mente, mas com os próprios objetos da experiência. Existem, então, duas ordens de conexões lógicas, uma fática, que é dada nos próprios objetos e na sequência dos fatos, e outra mental ou comumente chamada de lógica, que ocorre nos nossos pensamentos ao reproduzirem posteriormente a situação.”


Em resumo, você possui a percepção intuitiva e a percepção lógica. Uma é sua mão suando e a outra são suas experiências.


A mão, como vimos, costuma te avisar primeiro. Sim. E de várias maneiras:


Quem nunca ficou com o dedo sobrevoando a tecla enter antes de enviar uma mensagem?

 

Quem nunca, forçado pelas circunstâncias, apertou a mão do “OK” em alguma decisão, sem a mínima convicção de que aquilo seria o certo?


Quem nunca ficou calado durante uma animada reunião de projeto, com a forte sensação de que algo estava errado?


Quem nunca apertou a mão de alguém cordialmente, mas sentiu que aquela pessoa não era confiável?


Eu particularmente, toda vez que recebia um orçamento de projeto da área comercial da TOTVS, projeto esse que não tinha recebido o devido acompanhamento da área operacional dessa empresa, ficava com as duas mãos e os pés suando. Minha sudorese dizia que aquele valor deveria ser um terço do custo final e, mesmo sem a compreensão de todos, meu pé suado dava aquela freada de arrumação. Era a vez de suar a mão do vendedor ou do meu amigo da área jurídica.


Tudo isso é derivado da intuição. As experiências, fatos e eventos relacionados posteriormente, formarão o seu conhecimento que ficará guardado em sua memória. São as experiências vividas.


Platão dizia que todo o conhecimento nasce de um espanto. Do espanto diante do desconhecido que lhe surpreende com algo que aparenta ser inteligível, porém ainda incompreensível. A mão suando é o espanto. O espanto é a intuição que vai te levar ao conhecimento. Conhecimento se registra para que um outro ser humano possa se aproveitar dele.


Nunca a humanidade registrou tantas informações como hoje. No entanto, o conhecimento está no indivíduo, não nos registros. Infelizmente, não conseguimos passar informações pela genética. Cada novo ser humano tem que aprender tudo novamente. Desde a língua, a cultura e até mesmo uma profissão. Tudo acontece novamente. Existem nas sociedades um caldeirão cultural e de informações disponível para cada novo ser humano. A queda do império romano, derrubou o caldeirão europeu que levou o continente à uma situação quase de barbárie com os povos perdendo o conhecimento sobre engenharia, medicina, agricultura e organização do Estado. A genética continuou, os humanos continuaram nascendo, mas já não tinham os registros, o caldeirão havia sumido. Não havia o que beber além do que foi preservado pelos mosteiros e que acabou por ajudar na recuperação do velho continente. Vieram as magistrais e misteriosas catedrais, as primeiras universidades e surfamos até hoje nessa renascença.


Continuamos evoluindo e acumulando registros. Temos a perfeita sensação de que, por conta dos avanços tecnológicos e jurídicos, estamos avançando. Infelizmente, não podemos mensurar a história dos retrocessos para colocar ao lado dos avanços e medir o tamanho de cada pilha para então saber se andamos fazendo a coisa certa. Eu, por exemplo, gosto muito de visitar uma pequena igreja no centro do Rio de Janeiro. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, a igreja de ouro. Em tempos em que mal conseguimos fazer uma reunião de condomínio, o povo do Rio de Janeiro no século 18 conseguiu construir aquilo. Na primeira vez em que estive ali, levei três dias para conseguir colocar o queixo de volta ao lugar, tamanha minha surpresa e admiração com tanta beleza. Eles não tinham tecnologia, mas conseguiam se reunir para defender sua cidade contra invasões ou construir obras para a eternidade. Que povo. Que época.

 

Cronocentrismo é o nome que se dá quando as pessoas acreditam que a era em que vivem hoje é a melhor de todas. É a palavra ilusão conjugada no futuro mais que perfeito. A verdade é que, como dizia Edmund Burke, “somos inquilinos do nosso tempo”. Vivemos sobre a obra de gigantes que nos precederam e também, como inquilinos, temos a responsabilidade de manter e melhorar tudo à nossa volta para as gerações que nos sucederão. É um compromisso de lealdade para com o passado e o futuro da nossa espécie, mas, quando olho muitas das coisas que estão acontecendo à nossa volta, minha mão sua. Quando olho muitos tipos humanos atuais, minha mão sua. As rasas discussões ideológicas, o revisionismo histórico, o descaso com os mais velhos ou os mais pobres, o nível subreptiliano da política ou da imprensa, ver livrarias vazias ou fechando, bibliotecas vazias ou fechando, museus vazios ou seguindo a última moda, que é pegando fogo. Minha mão sua quando perdemos os registros. Quando, por descaso da minha geração, subtraímos algo de valor do caldeirão de uma próxima geração. O sentimento de falha me apavora. Mas o que nunca falta, são avisos.


E você? O que faz sua mão suar?

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REVISTA ESMERIL - Ed. 29, de 28/01/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


O QUE HÁ DE ERRADO COM...

👆 As vanguardas poéticas



(por Antonio Fernando Borges)

O impasse entre ‘vir por último’ e ‘estar na frente’

"O mundo moderno perdeu o juízo, não tanto porque aceita o anormal, mas porque não consegue restabelecer a normalidade".

G. K. Chesterton

1.

Antes de abolir a inteligência e o uso generalizado das maiúsculas, para servir aos leitores uma sopa rala de letrinhas, o poeta Edward Estlin Cummings, aliás e. e. cummings, foi capaz de pratos bem mais suculentos, como este surpreendente verso que encerra o poema Somewhere I have never travelled:

“E ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos assim tão pequenas.”

Não é preciso ser estudioso de Letras, sequer um leitor habitual de poesia,  para desfrutar do prazer que Cummings nos oferece, nesta comparação surpreendente e delicada: as gotas da chuva como um abraço envolvente. Era disso que, em palavras mais elaboradas do que as minhas, o filósofo e crítico italiano Benedetto Croce estava falando, logo na abertura de seu Breviário de Estética: “A arte é aquilo que todos sabem o que é”. 

Para além da aparência de mera tautologia, a frase de Croce vem atualizar a ideia clássica (que remonta a Aristóteles) de que a arte é um discurso primordial, capaz de dispensar perfeitamente o auxílio luxuoso dos “hermeneutas” de plantão. Por ser uma forma de conhecimento, advertia o sábio italiano, a arte não precisa ser explicada – porque já é uma explicação do mundo.

Durante longos séculos, nossa civilização se manteve firme sobre um tripé que colocava a Beleza em pé de igualdade com a Verdade e a Bondade, como um de seus esteios. Até as primeiras décadas do século 20, se perguntássemos a uma pessoa medianamente educada sobre o objetivo da poesia, da arte e da música, ela responderia, sem hesitar: a Beleza, integrante inseparável da trindade fundamental. Por isso, quando deixou de ser importante, sua derrocada atingiu também as representações do verdadeiro e do bom. Pouca coisa (quase nada) permaneceu nos mesmos lugares de antes. Invertendo o verso modernista de Carlos Drummond de Andrade (no poema Eterno, de Fazendeiro do Ar), foi como se, de repente, tivesse ficado chato ser eterno, e agora fosse preciso ser “moderno”. 

2.

Pode-se dizer que modernidade é aquilo que todos sabem o que é: uma pedra no meio do caminho da aventura humana. Mas eu arriscaria dizer: uma pedra só, não. Três pedras.

A primeira delas se chama historicismo – que Karl Popper (entre outros) definiu como o esforço perigoso de enxergar um sentido inerente à simples passagem do tempo. Eis, em breve síntese, a grande tragédia. Com o advento da modernidade, o horizonte do histórico, do miseravelmente temporal, aprisionou a inteligência e reduziu a ação dos homens a uma caminhada assintótica, rumo a um futuro idealizado, mas impossível de ser atingido.

A segunda pedra de tropeço, diretamente ligada à primeira, é a ideia de evolução. Quando a vida se tornou “moderna”, o evolucionismo (seja o de Darwin ou o de Hegel e Marx) se impôs como princípio explicativo universal, capaz de explicar desde os protozoários até as esferas mais altas do espírito, da arte e do pensamento. Ao pretender jogar para escanteio a religião tradicional, o evolucionismo quis ocupar seu lugar como base única e suficiente da moral e da civilização.

Sem esta preparação meticulosa do terreno – sua terraplanagem, adubação e semeadura –, não teriam brotado no asfalto as flores mais implausíveis – como, por exemplo, a Semana de Arte Moderna e, três décadas depois, a poesia concreta. 

3.

 “Não somente a arte fez um culto à feiúra, como a arquitetura se tornou desalmada e estéril. E não foi somente o nosso entorno físico que se tornou feio: nossa linguagem, a música e as maneiras estão ficando cada vez mais rudes, autocentradas e ofensivas, como se a beleza e o bom gosto não tivessem lugar em nossas vidas”. 

Roger Scruton, filósofo

Para não cometerem um anacronismo que logo seria descoberto, poetas como Ronald de Carvalho, Menotti del Picchia e Luís Aranha, mas sobretudo Mário e Oswald de Andrade nunca leram os livros de Scruton, que só nasceu em 1944. Mas isso não impediu que os moços ocupassem o palco do Theatro Municipal de São Paulo no dia 15 de fevereiro de 1922, para declamarem aquilo que consideravam ser a arte poética à altura nos novos tempos – um amálgama que agredia ao mesmo tempo a sintaxe e a lógica, a beleza e os bons costumes.

Quem precisa ver para crer, que então leia e creia. 

A poesia de Mário de Andrade segue a cartilha dos movimentos modernistas europeus (como o surrealismo e o dadaísmo). Encarnando o papel de arauto do movimento, Mário rascunhou uma espécie de “Projeto Brasil”, onde, como é inevitável, é possível encontrar mais militância política do que arte poética. Os exemplos poderiam ser muitos – mas, para não cansar o leitor, eis apenas dois:

Descobrimento 

Abancado à escrivaninha em São Paulo 

Na minha casa da rua Lopes Chaves 

De supetão senti um friúme por dentro. 

Fiquei trêmulo, muito comovido 

Com o livro palerma olhando pra mim. 

 

Não vê que me lembrei que lá no 

Norte, meu Deus! muito longe de mim 

Na escuridão ativa da noite que caiu

Um homem pálido magro de cabelo escorrendo nos olhos,

Depois de fazer uma pele com a borracha do dia, 

Faz pouco se deitou, está dormindo.

Esse homem é brasileiro que nem eu. 

Inspiração

São Paulo! comoção de minha vida.
Os meus amores são flores feitas de original! 

Arlequinal! Trajes de losangos.. Cinza e ouro... 

Luz e bruma. Forno e inverno morno...

 

Elegâncias sutis sem escândalos. sem ciúmes ... 

Perfumes de Paris. Arys!

Bofetadas lírica no Trianon. Algodoal! 

São Paulo! comoção de minha vida. 

Galicismo a berrar nos desertos da América. 

(in Pauliceia Desvairada, 1922)

Os exemplos da poesia-minuto de Oswald de Andrade também poderiam ser muitos, posto que encheu muitos cadernos com versos que mostram o quanto um equívoco pode fazer grandes estragos numa cultura. Até hoje, passados 100 anos, alunos dos cursos universitários de Letras ainda vibram e suspiram, como se estivessem diante do Santo Graal da poesia:

Amor

Humor

o capoeira 

— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada

senhor feudal 

Se Pedro Segundo vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia 

Passados 100 anos, pode-se dizer que o legado da esquecível poesia apresentada na Semana de 1922 não se destaca nem pelas ideias, nem por eventuais belos versos. Darwin e Hegel postos em prática, são poemas que pertencem menos à arte do que à História, menos à poética do que à política, vendendo a ideia marota de que, pelo simples fato de terem vindo depois, podem reivindicar o direito de terem superado todo o patrimônio poético anterior. 

(Pensando bem, não é assim que se comportaram sempre os movimentos que, desde a Revolução Francesa, propagam a construção de um mundo melhor, para um Novo Homem ainda a ser forjado?)

4.

“Poesia se faz com palavras, não com ideias”. 

Stéphane Mallarmé, poeta francês.

“Eu, à poesia, só permito uma forma: a concisão, a precisão das fórmulas matemáticas”. 

Vladimir Maiakovski, poeta russo.

“Realismo total. contra uma poesia de expressão, subjetiva e hedonística (…) Nessa fase, predomina a forma geométrica e a matemática da composição”.

Plano-Piloto da Poesia Concreta

(manifesto assinado por Pignatari e pelos irmãos Campos)

Na década de 1950, na mesma Pauliceia dos “desvairados”modernistas de 22, o movimento da poesia concreta, capitaneado por Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos, carregou nas tintas e levou a extremos o ideal de uma poesia ousada, implacável e contrária à Tradição, da mesma forma como os bolcheviques tinham superado os mencheviques e radicalizado a Revolução Russa. Como os modernistas de 22, os concretos também fizeram espetáculos de apresentação, lançaram revistas e assinaram manifestos. E, em questão de meses, depois de abolirem as rimas, a métrica e a norma sintática, reivindicaram também a abolição das ideias e das palavras – como testemunham os “poemas” abaixo:





Não é o caso de fazer aqui um resumo ou cronologia do movimento, mas apenas articulá-lo numa linha de tempo paralela à que reúne Revolução Francesa, Revolução Russa e a revolução permanente que agora permeia o mundo. O que importa, no fim das contas, é tentar responder à pergunta: o que há de errado em tudo isso?

5.

Acientificização reivindicada pela arte moderna (a forma geométrica, a matemática da composição) não é uma ideia fortuita, aleatória: deriva diretamente do projeto mais amplo de quantificar o mundo real, levado a efeito pelo espírito científico da modernidade – cujas raízes, profundas, recuam até o Renascimento. Atraídos pelo canto da sereia desse paradigma, que prometeu a compreensão e o domínio plenos da realidade, os artistas passaram a representar o mundo, não tal qual existe e é captado pela experiência direta dos cinco sentidos, mas sim como as ciências o veem. 

Desde então, a arte moderna tem cometido o erro trágico de confundir a realidade com essa representação – mísera redução quantificada pelas ciências exatas. No fim das contas, aquilo que supõem ser o mundo real é na verdade um limbo intermediário, a que Santo Tomás de Aquino chamava de materia secunda. Mesmo porque, no mundo real, nada tem exatidão das fórmulas matemáticas, como já alertava o velho Aristóteles, alguns “milênios” antes. Não deixa de ser irônico que um dos frutos de operações tão abstratas receba o nome de… poesia concreta.

A isso se resumem as artes modernas: na pintura, a recusa do figurativismo e da perspectiva; na poesia, o cárcere asfixiante do jogo vazio de palavras. Não por acaso o francês Stephane Mallarmé, para defender seu Un Coup de Dées (Um Lance de Dados) contra a acusação de inteligível, porque desprovido de ideias, gritava aos quatro ventos que “poesia se faz com palavras, não com ideias”. Sem se esquecer de Maiakovski, que também tentou jogar uma pá de cal na tradição poética com o poema Sobre a V Internacional: “Eu, à poesia, só permito uma forma: a concisão, a precisão das fórmulas matemáticas”.  

E por fim esbarramos na terceira pedra no meio do caminho da civilização: a ideia de vanguarda. Sem ela, fica difícil entender toda esta encrenca. Usado originalmente pelos militares franceses para se referir a uma pequena milícia de reconhecimento que ia à frente da tropa principal, o termo (do francês avant-garde) logo passou a rotular também os radicais franceses de esquerda, que no século 19 saíam às ruas em bandos por reformas políticas. Em algum momento de meados daquele século, o termo se vinculou também aos artistas, guiados pela ideia de que a arte é um instrumento de transformação social. Deste convívio espúrio, resultou uma arte cada vez mais militante, desprovida de beleza, que vem dominando a cena a partir do século 20.

Somado às ideias de historicismo e evolucionismo, igualmente basilares para entendermos o paradigma modernista, o conceito de vanguarda vem completar o novo tripé que, para tantos incautos e desavisados, tornou-se a base de sustentação do mundo futuro – resultado de um empenho militante, que não veio para construir uma sociedade ou uma cultura melhores, mas simplesmente (como bem definiu Hannah Arendt) mudar a natureza humana. Nesse projeto, a arte já não é “aquilo que todos sabem o que é”, mas um utensílio a serviço de um projeto difuso que nem seus próprios apologistas conseguiriam definir “o que é”.

6.

Esta é, em breve síntese, a perigosa armadilha em que se perde todo aquele que concebe a experiência humana como uma linha temporal guiada pela ideia de progresso irreversível: ficar indeciso entre ser um atleta numa pista de corrida ou um soldado-batedor de vanguarda – vivendo, enfim, a contradição de ter vindo por último e, ao mesmo tempo, estar na frente.  

Poesia de vanguarda: o impasse de “estar na frente”, fingindo não perceber que, nesta corrida, é o atleta que na verdade “chegou por último”. 

Certamente, a vida real – aquela que conhecemos pela experiência direta dos cinco sentidos – é muito mais complexa do que isso. Mas quem abdicou da realidade primeira para viver no limbo das ciências exatas e caminhar no fio-de-navalha do eterno devir, não costuma ligar muito para  os “detalhes” – essa Terra de Ninguém onde o diabo mora.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2022

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Esmeril, conteúdo gratuito de 19 de Março



ESMERIL NEWS | DOSE DE FÉ





👆 José
(por Leônidas Pellegrini - 19/03/2022)


Casto esposo da Virgem Maria e pai adotivo de Jesus, São José, depois de Nossa Senhora, precede todos os outros santos

Hoje é dia de São José, pai adotivo de Jesus e esposo da Virgem Maria.

Descendente da casa real de Davi, São José aparece nos Evangelhos de Mateus (capítulos 1 e 2) e Lucas (capítulos 1 e 2), com referências à sua profissão, seu noivado com Maria e alguns momentos importantes da infância de Jesus. Outras informações sobre sua biografa constam nas visões da Bem-aventurada Anna Catarina Emmerich, que revelam que ele fugiu de casa ainda bem jovem por ter optado pela profissão simples de carpinteiro, desagradando ao pai e aos irmãos.

Segundo os relatos bíblicos, José estava noivo de Maria e, quando lhe foi revelado que Ela estava grávida, resolveu abandoná-la em segredo, para que não Lhe recaísse a culpa de adúltera, com a pena de morte por apedrejamento. No entanto, o Anjo Gabriel apareceu-lhe em um sonho e disse-lhe para não abandonar Maria, pois Ela estava grávida do Espírito Santo. José acreditou e assumiu o papel de pai adotivo do Filho de Deus e casto esposo de Sua Mãe.

O papel de José na História da Salvação é fundamental. Ele fugiu com Jesus e Maria para o Egito depois de ser novamente avisado pelo Anjo do Senhor sobre a perseguição de Herodes, e voltou para Nazaré quando o Anjo avisou-o a respeito da morte do monarca. Durante todo esse tempo até sua morte, ele foi o protetor e provedor da Sagrada Família. Consagrou Nosso Senhor no Templo logo depois que Ele nasceu. Instruiu-O tanto na vida religiosa quanto no trabalho, ensinando-Lhe a profissão de carpinteiro, com que o jovem Jesus sustentaria Sua Mãe viúva posteriormente. Faleceu antes de Jesus iniciar Sua vida pública, mas, homem trabalhador e piedoso, educou o Pequeno Deus com seus ensinamentos e exemplos.

Gigante entre os santos, sendo precedido apenas por Nossa Senhora, São José foi inserido no calendário litúrgico em 1479, mas a devoção a ele já era bem mais antiga quando isso ocorreu. Inúmeros santos (como São Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila) ajudaram a divulgar a devoção a ele. Em 1870, São José foi declarado Patrono Universal da Igreja por Pio IX, e diversos outros Papas foram seus devotos e o exaltaram em discursos e documentos. Bento XV o declarou Patrono da justiça social. Pio XII, em 1955, instituiu uma segunda homenagem a ele no calendário litúrgico com a Festa de São José Operário, celebrada no dia primeiro de maio.

O intercessor entre os intercessores

Por sua grandeza, São José é invocado como o intercessor junto a Deus por todas as nossas causas. Ele tem privilégios únicos diante do Senhor. Santa Águeda, por exemplo, nas revelações que lhe deu Nossa Senhora, afirma: Por sua intercessão alcançamos a virtude da castidade e a vitória sobre as tentações contra a pureza; alcançamos o poderoso auxílio da graça para sair do pecado e voltar à amizade com Deus; alcançamos a benevolência da Santíssima Virgem Maria e a verdadeira devoção a ela; alcançamos a graça de uma boa morte e a especial proteção contra o demônio nesta hora[…] Os homens ignoram os privilégios que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua intercessão junto de Deus. Somente no dia do Juízo os homens conhecerão sua excelsa santidade e chorarão amargamente por não haverem se aproveitado desse meio tão poderoso e eficaz para sua salvação e alcançar as graças de que necessitavam.

Dono de inúmeros títulos (O Justo, Casto Guarda da Virgem, Pai Nutrício de Jesus, Espelho de Paciência, Último dos Patriarcas, Alívio dos Miseráveis, Sustentáculo das Famílias, Patrono da Boa Morte, Modelo dos Trabalhadores, entre tantos), São José constitui exemplo de homem, pai de família e fiel piedoso. Modelo a ser seguido por todos os cristãos.

Por sua grandeza, São José merece todo um livro de poemas só para ele. Hoje, ganha cinco sonetos, inspirados nos mistérios josefinos do Terço Abençoado de São José, concebido pelo Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, de Campinas: 1) Aparição do Anjo do Senhor, em sonhos, a José (Mt 1, 18 – 25); 2) José no presépio com o recém-nascido e Maria (Lc 2, 1 – 16); 3) Fuga para o Egito (Mt 2, 13 – 15); 4) Apresentação  de Jesus no Templo (Lc 2, 22 – 39); 5) Reencontro de José e Maria com Jesus no Templo.

São José, rogai por nós!

 

Os Mistérios Josefinos

Para o Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, criador do Terço Abençoado de São José, e um José em minha vida.

 

I – Aparição do Anjo

 

Quando José da noiva recebeu

a boa-nova de sua gravidez,

magoado e recolhido em sua mudez,

em segredo a deixá-la resolveu.

 

Mas o Anjo do Senhor lhe apareceu

num sonho, e lhe mostrou com rapidez

a Verdade, e suas dúvidas desfez.

José, justo e piedoso, aquiesceu,

 

e quando, ainda mais santo, despertou,

como de seu costume, silencioso,

louvou e agradeceu ao Pai Senhor,

 

e à esposa e ao filho com ternura olhou,

pois era, já, da Mãe de Deus o esposo,

e de Seu Filho, pai e protetor.

 

II – No presépio

 

Num leito improvisado põe José

sua casta esposa, que vem dar à luz

ali mesmo o Salvífico Jesus,

o Pequenino Deus de Nazaré.

 

Reis e pastores chegam vindo a pé,

guiados por um Anjo que os conduz,

e enquanto o Deus Menino ali reluz,

trasbordam de seu peito amor e fé.

 

A cena toda, vê maravilhado:

o Filho de Deus Vivo, ainda Neném,

também seu filho, a ser ali adorado.

 

Sussurra uma oração que mais ninguém

escuta, além do Anjo ali ao lado,

que, lhe chegando perto, diz: “Amém!”

 

III – Fuga para o Egito

 

Quando o Anjo atroz perigo anunciou,

José, mais que depressa, e pesaroso,

a esposa e o filho (em choro copioso)

pra longe do assassínio carregou.

 

A pátria, a casa e os bens pra trás deixou,

e sob o frio cortante e rigoroso,

ou causticante sol, em tortuoso

caminho, com os dois então rumou.

 

Seu coração pesava, mas seguia

seguro e entregue a Deus, pois sua missão

era a mais importante, e ele a sabia:

 

proteger e prover seguro chão

à esposa e ao pequenino, para um dia

ao mundo assegurar a Salvação.

 

IV – Apresentação no Templo

 

“Do Filho de Deus Pai assumo agora

oficialmente esta paternidade”,

pensava assim José, que em tenra idade

Jesus levava ao Templo sem demora,

 

“e hei de amparar seu coração que chora”,

a si dizia, cheio de piedade,

ao ouvir a profética verdade

à esposa revelada àquela hora.

 

Num misto de tristeza e de alegria,

orou ao Céu, sereno e silencioso,

e olhando pra Jesus e pra Maria,

 

naquele instante, o pai e casto esposo

louvou e agradeceu a Deus: “Senhor,

a Vós e a Eles, todo o meu amor!”

 

V – Reencontro no Templo

 

“Como pudeste alhear-te do Menino?”,

cobrava-se José enquanto seguia

em busca de Jesus, junto a Maria,

clamando, angustiado, ao Pai Divino.

 

No entanto, eis que já avista o pequenino,

que a Lei, entre os doutores, discutia,

com eloquência e com sabedoria.

Sentiu então alívio genuíno,

 

e enquanto com a criança a mãe ralhava,

ele em silêncio agradecia a Deus,

e em ação de graças aos Altos Céus orava,

 

e a caminho do lar, junto dos seus,

luziu em si grandioso e santo brilho

quando falou ao Pai: “Eis o Teu Filho!”

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Brasil Sem Medo - 18 de Março





IGREJA CATÓLICA

👆Papa convoca todos os bispos do mundo para consagração da Rússia ao Imaculado Coração de Maria
(por Vinicius Sales)

A Consagração atende a um pedido feito por Nossa Senhora de Fátima

O Papa Francisco anunciou a convocação de todos os bispos do mundo para a consagração da Rússia e da Ucrânia ao Imaculado Coração de Maria. O evento está programado para acontecer em 25 de março, dia da Anunciação do Senhor.

Em documento enviado à Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, o núncio apostólico dos EUA, Christophe Pierre, anuncia o convite feito pelo Santo Padre. 

“O Santo Padre pretende convidar cada Bispo, ou equivalente em lei, juntamente com seus sacerdotes, a se juntar a esta rede de consagração, se possível, a uma hora correspondente às 17h, horário de Roma. Nos próximos dias, o Santo Padre dirigirá uma carta de convite aos Bispos, anexando o texto da Oração de Consagração nas diversas línguas. Escrevo agora, pedindo-lhe que informe os membros da USCCB e, através deles, os sacerdotes das diversas dioceses e eparquias do país, sobre o convite do Santo Padre.”, diz Christophe em ofício. 

A consagração ocorre em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, não é a primeira vez que a Rússia é consagrada. Em 1917, em sua aparição, Nossa Senhora de Fátima pediu a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, afirmando que, se este pedido não fosse atendido, a Rússia espalharia “seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”. “Os bons”, acrescentou, “serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas”.

Em 1942, Papa Pio XII consagrou o mundo todo ao Imaculado Coração de Maria e no dia 7 de julho de 1952 consagrou a Rússia na Carta Sacro Vergente Anno.

A consagração foi renovada ao longo de outros mandatos papais. Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, renovou a consagração da Rússia ao Imaculado Coração na presença dos Padres do Concílio Vaticano II. O Papa João Paulo II compôs uma oração para o que definiu de "Ato de entrega" a ser celebrado na Basílica de Santa Maria Maior em 7 de junho de 1981, Solenidade de Pentecostes.

Em junho de 2000 a Santa Sé fez a revelação da terceira parte do Segredo de Fátima. Em uma carta escrita em 1989 por Irmã Lúcia, uma das pastorinhas que viu a aparição de Nossa Senhora de Fátima, afirma que o ato de consagração correspondia ao pedido de Nossa Senhora.

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Allan dos Santos
 - 16 de Fevereiro




LIBERDADE



👆 CIDH expressa preocupação com pessoas detidas e processadas por participarem de protestos em Cuba
(por OEA - 16/02/2022)


Washington DC – Sete meses após os massivos protestos em Cuba, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) expressa sua preocupação com a privação de liberdade e a instauração de processos judiciais contra as pessoas, inclusive adolescentes, que participaram das manifestações. Desde o dia 7 de fevereiro, mais de 700 pessoas permanecem presas em Cuba por terem participado dos protestos que aconteceram em julho de 2021, segundo informações da sociedade civil. As condições em que essas pessoas estão detidas são caracterizadas, entre outras questões, por altos níveis de superlotação, falta de acesso à água potável e alimentação adequada, cuidados médicos negligentes e medidas de isolamento. Em relação aos processos judiciais derivados dos protestos de 11 de julho, segundo informações oficiais de 24 de janeiro, a Procuradoria Geral da República reconheceu que um total de 790 pessoas são acusadas de "atos de vandalismo, que agrediram autoridades, pessoas e bens, bem como graves perturbações da ordem". Da mesma forma, indicou que as sanções impostas – até 30 anos de prisão – seriam de acordo com a gravidade dos fatos. Conforme informações disponíveis, a maioria desses detidos estaria sob o regime de prisão preventiva, contrariando os princípios internacionais de sua aplicação. Além disso, os processos judiciais seriam baseados em tipos penais abertos e acusações criminais infundadas e desproporcionais. Da mesma forma, há informações sobre violações ao devido processo legal, como a restrição de acesso a arquivos criminais ou cópias de sentenças e ausência de defesa técnica adequada e contato com representantes legais. Sobre a situação dos adolescentes, o Ministério Público cubano informou que 55 deles têm entre 16 e 18 anos e que foram acusados ​​de crimes no contexto dos protestos. Destes, 28 jovens estariam em prisão preventiva e 18 réus tiveram seu pedido de sanção modificado por outros de menor gravidade. Nesse sentido, a sociedade civil denunciou que esses adolescentes foram privados de liberdade e submetidos a processos judiciais sem respeito às normas que regem o sistema penal de justiça juvenil, especialmente no que diz respeito ao acompanhamento de mães e pais no processo. Além disso, eles enfatizam que enfrentarão acusações de crimes graves, que incluem penas altas, de até 20 anos de prisão. Por outro lado, a CIDH recebeu denúncias sobre a persistência de atos de intimidação, assédio e violência por parte das forças de segurança do Estado e pessoas ligadas ao governo contra familiares dos acusados, bem como jornalistas e ativistas. Isso, como consequência da manifestação contra os processos e as altas sentenças que estão sendo executadas em resposta à participação nos protestos. Nesse contexto, a Comissão observou com preocupação a denúncia de 11 pessoas detidas em 31 de janeiro, em frente ao Tribunal Municipal de Diez de Octubre, em Havana, por protestar contra o julgamento de manifestantes em 11 de julho. A CIDH insta o Estado cubano a libertar todas as pessoas privadas de liberdade, adolescentes e adultos, por participação nos protestos, bem como a cessar a prática de assédio e detenção por motivos relacionados com protesto social ou outros direitos conexos. Da mesma forma, lembra que o Estado deve assegurar a garantia do devido processo legal a todos os detidos e acusados, de acordo com as normas interamericanas. Finalmente, a Comissão reitera que a detenção de adolescentes é uma medida que deve ser utilizada como último recurso e, excepcionalmente, pelo menor período possível. Nesse sentido, o Estado deve adotar as medidas necessárias para minimizar o contato dessa população com os sistemas de justiça criminal. A CIDH é um órgão principal e autônomo da Organização dos Estados Americanos (OEA), cujo mandato decorre da Carta da OEA e da Convenção Americana sobre Direitos Humanos.

A Comissão Interamericana tem o mandato de promover a observância e a defesa dos direitos humanos na região e atua como órgão consultivo da OEA na matéria. A CIDH é composta por sete membros independentes que são eleitos pela Assembleia Geral da OEA a título pessoal e não representam seus países de origem ou residência.


Publicado por OEA


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👆 ENSINAMENTOS DE OLAVO DE CARVALHO

(TdL: extraído do site OlavoDeCarvalho.org)

Estudar antes de falar
(por Olavo de Carvalho - 13/08/2013, via Diário do Comércio)

O caminho mais curto para a destruição da democracia é fomentar o banditismo por meio da cultura e tentar controlá-lo, em seguida, pelo desarmamento civil.  A esquerda nacional tem trilhado coerentemente essa dupla via há pelo menos cinco décadas, e sempre soube perfeitamente qual seria o resultado: o caos social, seguido de endurecimento do regime se ela estiver no poder, de agitação insurrecional se estiver fora dele.

 

Essa estratégia é antiga, clássica, imutável, mas os pretextos com que se legitima conforme as conveniências do momento têm sido variados o bastante para desnortear a plateia, que se entrega a animadas e às vezes ferozes discussões sobre os pretextos mesmos e nunca atina com a unidade do projeto por trás deles. Às vezes, como acontece no Brasil, nem chega a perceber que entre as duas vias simultâneas existe alguma relação.


Pessoas mentalmente covardes vendem a mãe para não correr o risco de ser rotuladas de “teóricas da conspiração”. Rebaixam-se ao ponto de defender de unhas e dentes a “teoria das puras coincidências”, segundo a qual as ações acontecem sem autores.

 

Imaginem então o medo que essa gente tem de reconhecer algo que no resto do mundo já é obviedade patente: que o comunismo não morreu em 1990, que está hoje mais forte que nunca, sobretudo na América Latina. Treze anos atrás, quando Jean-François Revel publicou seu último livro, La Grande Parade, ninguém na Europa ou  Estados Unidos o contestou quanto a esse ponto, que no Brasil ainda é um segredo esotérico.

 

Há até quem negue que Dilma ou Lula sejam comunistas, mas faz isso porque não sabe exatamente o que é um comunista e, como em geral os liberais, imagina que é questão de ideais e ideologias. Na verdade, um sujeito é comunista não porque creia em tais ou quais coisas, mas porque ocupa um lugar numa organização que age como parte ou herdeira da tradição revolucionária comunista, com toda a pletora de variedades e contradições ideológicas aí contida.

 

A unidade do movimento comunista, sobretudo desde Antonio Gramsci, da New Leftf americana e do remanejamento dos partidos comunistas após a dissolução da URSS, é  mais de tipo estratégico do que ideológico.

 

Na verdade, esse movimento, cuja extinção a queda da União Soviética parecia anunciar como iminente e inevitável, conseguiu prosperar e crescer formidavelmente desde o começo dos anos 90 só porque abdicou de toda autodefinição doutrinal homogênea e aprimorou a técnica de articular numa unidade de ação estratégica as mais variadas correntes e dissidências cuja convivência era impossível até então. Convicções, portanto, sinceras ou fingidas, não têm aí a mais mínima importância.

 

Para um sujeito falar com alguma propriedade sobre o movimento comunista, deve antes ter estudado as seguintes coisas:

 

(1) Os clássicos do marxismo: Marx, Engels, Lênin, Stálin, Mao Dzedong.

(2)  Os filósofos marxistas mais importantes: Lukács, Korsch, Gramsci, Adorno, Horkheimer, Marcuse, Lefebvre, Althusser.

(3)  Main Currents of Marxism, de Leszek Kolakowski.

(4)  Alguns bons livros de história e sociologia do movimento revolucionário em geral, como Fire in the Minds of Men, de James H. Billington, The Pursuit of the Millenium, de Norman Cohn, The New Science of Politics, de Eric Voegelin.

(5)  Bons livros sobre a história dos regimes comunistas, escritos desde um ponto de vista não-apologético.

(6)  Livros dos críticos mais célebres do marxismo, como Eugen von Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Raymond Aron, Roger Scruton, Nicolai Berdiaev e tantos outros.

(7) Livros sobre estratégia e tática da tomada do poder pelos comunistas, sobre a atividade subterrânea do movimento comunista no Ocidente e principalmente sobre as “medidas ativas” (desinformação, agentes de influência), como os de Anatolyi Golitsyn, Christopher Andrew, John Earl Haynes, Ladislaw Bittman, Diana West.

(8)  Depoimentos, no maior número possível, de ex-agentes ou militantes comunistas que contam a sua experiência a serviço do movimento ou de governos comunistas, como Arthur Koestler, Ian Valtin, Ion Mihai Pacepa, Whittaker Chambers, David Horowitz.

(9)  Depoimentos de alto valor sobre a condição humana nas sociedades socialistas, como os de Guillermo Cabrera Infante, Vladimir Bukovski, Nadiejda Mandelstam, Alexander Soljenítsin, Richard Wurmbrand.

 

É um programa de leitura que pode ser cumprido em quatro ou cinco anos por um bom estudante. Não conheço, na direita ou na esquerda brasileiras, ninguém, absolutamente ninguém que o tenha cumprido.

 

Há tanta gente neste país querendo dar palpite no assunto, quase sempre com ares de sapiência, e ninguém, ou praticamente ninguém, disposto a fazer o esforço necessário para dar alguma substância às suas palavras.

 

Nenhum esquerdista honesto o fará sem abjurar da sua crença para sempre. Nenhum direitista, sem reconhecer que era um presunçoso, um bocó e, em muitos casos, um idiota útil – às vezes ainda mais útil e mais idiota do que a massa de manobra esquerdista.

 

A esquerda prospera na exploração da ignorância, própria e alheia. Onde quer que ela exerça a hegemonia, impera o mandamento de jamais ler as obras de adversários e críticos, mas espalhar versões deformadas e caricaturais das suas ideias e biografias, para que a juventude militante possa odiá-los na ilusão de conhecê-los. Universidades que professam dar cursos de marxismo capricham nesse ponto até o limite do controle mental puro e simples.

 

A direita, bem, a direita cultiva suas formas próprias de auto-ilusão, das quais já falei bastante neste mesmo jornal. Talvez volte ao assunto em outro artigo.

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👆ESPAÇO DO AUTOR

Mas está tudo bem!
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
21 de Março de 2022

Supremos soltadores da "justissa".
garantem o funcionamento do crime

Mas está tudo bem!

Criminosos atuando supremamente
não podem levar tiro da polícia

Mas está tudo bem!

Jornalistas independentes, cidadãos, escritores,
cantores, caminhoneiros, homens, mulheres,
vendo seus direitos constitucionais
sendo supremamente suprimidos...

Ah, mas você sabe...
Está tudo bem!

Um homem que gostava de cabritas em tenra idade,
faltando-lhe um dedo a bem da verdade,
e já tendo lhe tomado a vaidade,
financiando supremas ditaduras genocidas mundo-além,

MAS ESTÁ TUDO BEM!!!

Uma pandemia suprema de vaidade
De lascívia, hipocrisia e mentiras,
com panos faciais e picadas homicidas,
te privam da plena liberdade...

Você não está vendo tudo isso!

Repita pra si mesmo, meu bem...

ESTÁ TUDO BEM!
ESTÁ TUDO BEM!
ESTÁ...
    ... TUDO... supremamente...
BEM...

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje, curtura cinematográfica de artoníver! Tudo junto e misturado, Vin Dízer, Du, Olavão, Veloso, e... Veloso?... melhor tirar o "artoníver"...
E ainda... ãhhhh... os sofrimentos do jovem Marreco de Maringá... ãaahhhhhh...
(18/03/2022)
(21/03/2022)


E o Sal Conservador faz piada, nós rimos, masss..... a coisa é braba! O diabo e seus capetas.
(14/03/2022)


Aí eu fui ver O Ilustra e... meu Deus do Céu.... a obsessão já virou doença! Está arrancando os cabelos de sua careca lustrosa! Deem o remedinho desse careca antes que ele prenda mais alguém, rápido!!
(21/03/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Hoje vamos de ficção. Olavo nos ensina que o estudo de Filosofia e do estado de coisas é precedido pela leitura de obras de ficção para alimentar nosso imaginário e as possibilidades de realidades possíveis. Pois bem, nada como um livro de contos e crônicas de Machado de Assis para esse fim. Procurem neste aqui um conto que o Rodolpho Loretto chamou a atenção em tempos recentes, chamado "O Segredo de Bonzo". É o retrato escarrado do Brasil de hoje. O conto isolado também encontra-se na biblioteca eletrônica do Kindle, mas aí você estaria perdendo grandes textos como "O Alienista", "Na Arca", e "O Espelho", histórias de muita reflexão. Machado, creio eu, se encontra entre aqueles escritores que nunca vão deixar de falar da realidade vigente, não importa a época.

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