Edição XLVIII (Terça Livre, Revista Esmeril 29, Opinião e mais)
REVISTA ESMERIL 29
- As vanguardas poéticas (Antonio Fernando Borges)
- José (Leônidas Pellegrini)
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)
O
que nunca falta são avisos.
Você sabe que muitos desses eventos foram inevitáveis ou que algumas decisões
poderiam seguir um outro caminho, mas a verdade universal é que, na maior parte
do tempo, acontecem coisas que fogem completamente ao nosso controle, e a
maneira como lidamos com isso é que faz a diferença entre sucesso e fracasso, seja na
sua vida pessoal ou profissional.
O que nunca falta são avisos.
Isso me lembra a financeira japonesa que tinha sua operação em uma das torres
gêmeas e seu backup na outra torre.
Não faltaram avisos.
Sempre que acompanhamos as conclusões de desastres aéreos, o fenômeno se
repete. É uma sequência de eventos que foram tratados de maneira inadequada
pelos pilotos ou pelos equipamentos, ou ambos.
O que nunca falta são avisos.
Isso tudo que escrevo agora é para te dizer que, seja qual for a sua formação,
a sua trajetória, a sua personalidade ou a sua religião, problemas acontecerão
o tempo todo.
Mesmo com o poder do silício, a revolução digital e os avanços da inteligência
artificial, o melhor recurso para resolver problemas ainda é um negócio bípede
baseado em carbono chamado “gente”. E gente é coisa muito mais complexa que
máquinas e softwares. Quem teve a oportunidade de assistir à série clássica
COSMOS, mais precisamente no capítulo chamado “A persistência da memória”, viu
como é curto o nosso tempo e como é importante aprender o que é relevante. Ali,
pude entender o quão inteligente é o nosso corpo, desde a fatoração química
para a digestão de uma maçã ou a capacidade astronômica que o corpo possui para
guardar informações ao nível de DNA e muito além das possibilidades dos mais
avançados centros de pesquisas do planeta. Ainda existem muitos mistérios a ser
resolvidos ou até mesmo conhecidos no que tange à inteligência do nosso corpo.
Essa afirmação me remete à uma experiência realizada nos Estados Unidos, e com
a qual tomei conhecimento em uma das aulas de filosofia do professor Olavo de Carvalho.
O raciocínio está imbuído na percepção, ou seja, quando o seu corpo te avisa
que tem algo errado. E avisa muito antes que o seu raciocínio entenda o que
está acontecendo.
Vou deixar o professor explicar rapidamente, antes que alguém pense que estou
fumando orégano ou fuja do meu texto:
“Durante uma experiência na Universidade de Iowa foram colocadas quatro
pilhas de cartas de baralho, duas azuis e duas vermelhas. Os indivíduos
retiravam uma carta de qualquer pilha e, conforme o resultado, recebiam ou
pagavam uma certa quantia em dinheiro. Este jogo estava viciado, já que as
cartas não estavam distribuídas uniformemente. As cartas vermelhas davam
prêmios altos, mas multas maiores, ao passo que as cartas azuis davam prêmios
pequenos, mas multas menores. Em média, as pessoas percebiam ao fim de 50 rodadas,
que o jogo estava viciado e que era mais vantajoso retirar cartas azuis. Ao fim
de 80 rodadas, em média, as pessoas já tinham uma explicação inteira para o que estava acontecendo. Mas os indivíduos também
estavam ligados à maquinas que mediam a quantidade de suor nas mãos, como
indicador da quantidade de stress. O que se verificou foi que, a partir da
decima jogada, em média, a quantidade de suor começava a aumentar quando a mão
se aproximava das cartas vermelhas, e daí para a frente havia maior tendência para
retirar cartas azuis, ocorrendo isto cerca de 40 jogadas antes das pessoas
terem percebido que já tinham tomado esta decisão. Os psicólogos explicam estas
coisas com o conceito de inconsciente adaptativo, supostamente um mecanismo
decisório que permite a adaptação à uma situação antes de se ter dela uma
compreensão consciente. Nesta experiência das cartas, o que acontece entre as jogadas 50 e
80 é o típico raciocínio por indução onde são reunidos indícios que apontam num
sentido, dos quais se retira uma regra hipotética que explica não só os casos
passados, mas todos os futuros…
…no processo “normal” o raciocínio é feito apelando à memória e não aos
próprios elementos da experiência. Este raciocínio é realizado com materiais
inteiramente criados pela nossa mente, que tem uma relação com a experiência
real, mas já não são as cartas da mesa e sim outras, que foram transformadas na
nossa memória em símbolos. Já o primeiro raciocínio, também indutivo, trabalha
não com signos da nossa mente, mas com os próprios objetos da experiência. Existem, então, duas
ordens de conexões lógicas, uma fática, que é dada nos próprios objetos e na sequência
dos fatos, e outra mental ou comumente chamada de lógica, que ocorre nos nossos
pensamentos ao reproduzirem posteriormente a situação.”
Em
resumo, você possui a percepção intuitiva e a percepção lógica. Uma é sua mão
suando e a outra são suas experiências.
A mão, como vimos, costuma te avisar primeiro. Sim. E de várias maneiras:
Quem nunca ficou com o dedo sobrevoando a tecla enter antes de enviar uma
mensagem?
Quem
nunca, forçado pelas circunstâncias, apertou a mão do “OK” em alguma decisão,
sem a mínima convicção de que aquilo seria o certo?
Quem nunca ficou calado durante uma animada reunião de projeto, com a forte
sensação de que algo estava errado?
Quem nunca apertou a mão de alguém cordialmente, mas sentiu que aquela pessoa
não era confiável?
Eu particularmente, toda vez que recebia um orçamento de projeto da área
comercial da TOTVS, projeto esse que não tinha recebido o devido acompanhamento
da área operacional dessa empresa, ficava com as duas mãos e os pés suando.
Minha sudorese dizia que aquele valor deveria ser um terço do custo final e,
mesmo sem a compreensão de todos, meu pé suado dava aquela freada de arrumação. Era a vez
de suar a mão do vendedor ou do meu amigo da área jurídica.
Tudo isso é derivado da intuição. As experiências, fatos e eventos relacionados
posteriormente, formarão o seu conhecimento que ficará guardado em sua memória.
São as experiências vividas.
Platão dizia que todo o conhecimento nasce de um espanto. Do espanto diante do
desconhecido que lhe surpreende com algo que aparenta ser inteligível, porém
ainda incompreensível. A mão suando é o espanto. O espanto é a intuição que vai
te levar ao conhecimento. Conhecimento se registra para que um outro ser humano
possa se aproveitar dele.
Nunca a humanidade registrou tantas informações como hoje. No entanto, o
conhecimento está no indivíduo, não nos registros. Infelizmente, não
conseguimos passar informações pela genética. Cada novo ser humano tem que
aprender tudo novamente. Desde a língua, a cultura e até mesmo uma profissão.
Tudo acontece novamente. Existem nas sociedades um caldeirão cultural e de informações
disponível para cada novo ser humano. A queda do império romano, derrubou o
caldeirão europeu que levou o continente à uma situação quase de barbárie com
os povos perdendo o conhecimento sobre engenharia, medicina, agricultura e organização
do Estado. A genética continuou, os humanos continuaram nascendo, mas já não
tinham os registros, o caldeirão havia sumido. Não havia o que beber além do
que foi preservado pelos mosteiros e que acabou por ajudar na recuperação do
velho continente. Vieram as magistrais e misteriosas catedrais, as primeiras
universidades e surfamos até hoje nessa renascença.
Continuamos evoluindo e acumulando registros. Temos a perfeita sensação de que,
por conta dos avanços tecnológicos e jurídicos, estamos avançando.
Infelizmente, não podemos mensurar a história dos retrocessos para colocar ao
lado dos avanços e medir o tamanho de cada pilha para então saber se andamos
fazendo a coisa certa. Eu, por exemplo, gosto muito de visitar uma pequena igreja no centro do
Rio de Janeiro. A Igreja da Ordem Terceira de São Francisco da Penitência, a
igreja de ouro. Em tempos em que mal conseguimos fazer uma reunião de
condomínio, o povo do Rio de Janeiro no século 18 conseguiu construir aquilo.
Na primeira vez em que estive ali, levei três dias para conseguir colocar o
queixo de volta ao lugar, tamanha minha surpresa e admiração com tanta beleza.
Eles não tinham tecnologia, mas conseguiam se reunir para defender sua cidade
contra invasões ou construir obras para a eternidade. Que povo. Que época.
Cronocentrismo
é o nome que se dá quando as pessoas acreditam que a era em que vivem hoje é a
melhor de todas. É a palavra ilusão conjugada no futuro mais que perfeito. A
verdade é que, como dizia Edmund Burke, “somos inquilinos do nosso tempo”.
Vivemos sobre a obra de gigantes que nos precederam e também, como inquilinos, temos
a responsabilidade de manter e melhorar tudo à nossa volta para as gerações que
nos sucederão. É um compromisso de lealdade para com o passado e o futuro da
nossa espécie, mas, quando olho muitas das coisas que estão acontecendo à nossa
volta, minha mão sua. Quando olho muitos tipos humanos atuais, minha mão sua.
As rasas discussões ideológicas, o revisionismo histórico, o descaso com os
mais velhos ou os mais pobres, o nível subreptiliano da política ou da
imprensa, ver livrarias vazias ou fechando, bibliotecas vazias ou fechando,
museus vazios ou seguindo a última moda, que é pegando fogo. Minha mão sua
quando perdemos os registros. Quando, por descaso da minha geração, subtraímos
algo de valor do caldeirão de uma próxima geração. O sentimento de falha me
apavora. Mas o que nunca falta, são avisos.
E você? O que faz sua mão suar?
"O mundo moderno perdeu o juízo,
não tanto porque aceita o anormal, mas porque não consegue restabelecer a
normalidade".
G. K. Chesterton
1.
Antes de abolir a inteligência e o uso generalizado
das maiúsculas, para servir aos leitores uma sopa rala de letrinhas, o poeta
Edward Estlin Cummings, aliás e. e. cummings, foi capaz de pratos bem mais
suculentos, como este surpreendente verso que encerra o poema Somewhere I have never travelled:
“E ninguém, nem mesmo a chuva, tem
mãos assim tão pequenas.”
Não é preciso ser estudioso de Letras, sequer um
leitor habitual de poesia, para desfrutar do prazer que Cummings nos
oferece, nesta comparação surpreendente e delicada: as gotas da chuva como um
abraço envolvente. Era disso que, em palavras mais elaboradas do que as minhas,
o filósofo e crítico italiano Benedetto Croce estava falando, logo na abertura
de seu Breviário de Estética: “A arte é aquilo que todos sabem o
que é”.
Para além da aparência de mera tautologia, a frase
de Croce vem atualizar a ideia clássica (que remonta a Aristóteles) de
que a arte é um discurso primordial, capaz de dispensar
perfeitamente o auxílio luxuoso dos “hermeneutas” de plantão. Por ser uma forma
de conhecimento, advertia o sábio italiano, a arte não precisa ser
explicada – porque já é uma explicação do mundo.
Durante longos séculos, nossa civilização se
manteve firme sobre um tripé que colocava a Beleza em pé de igualdade com a
Verdade e a Bondade, como um de seus esteios. Até as primeiras décadas do
século 20, se perguntássemos a uma pessoa medianamente educada sobre o objetivo
da poesia, da arte e da música, ela responderia, sem hesitar: a Beleza,
integrante inseparável da trindade fundamental. Por isso, quando deixou de ser
importante, sua derrocada atingiu também as representações do verdadeiro e do
bom. Pouca coisa (quase nada) permaneceu nos mesmos lugares de antes.
Invertendo o verso modernista de Carlos Drummond de Andrade (no poema Eterno,
de Fazendeiro do Ar), foi como se, de repente, tivesse ficado chato
ser eterno, e agora fosse preciso ser “moderno”.
2.
Pode-se dizer que modernidade é aquilo que todos
sabem o que é: uma pedra no meio do caminho da aventura humana. Mas eu
arriscaria dizer: uma pedra só, não. Três pedras.
A primeira delas se chama historicismo –
que Karl Popper (entre outros) definiu como o esforço perigoso de enxergar um
sentido inerente à simples passagem do tempo. Eis, em breve síntese, a grande
tragédia. Com o advento da modernidade, o horizonte do histórico,
do miseravelmente temporal, aprisionou a inteligência e reduziu a ação dos
homens a uma caminhada assintótica, rumo a um futuro idealizado, mas impossível
de ser atingido.
A segunda pedra de tropeço, diretamente ligada à
primeira, é a ideia de evolução. Quando a vida se tornou “moderna”,
o evolucionismo (seja o de Darwin ou o de Hegel e Marx) se impôs como princípio
explicativo universal, capaz de explicar desde os protozoários até as
esferas mais altas do espírito, da arte e do pensamento. Ao pretender jogar
para escanteio a religião tradicional, o evolucionismo quis ocupar seu lugar
como base única e suficiente da moral e da civilização.
Sem esta preparação meticulosa do terreno – sua
terraplanagem, adubação e semeadura –, não teriam brotado no asfalto as flores
mais implausíveis – como, por exemplo, a Semana de Arte Moderna e, três décadas
depois, a poesia concreta.
3.
“Não somente a arte fez um
culto à feiúra, como a arquitetura se tornou desalmada e estéril. E não foi
somente o nosso entorno físico que se tornou feio: nossa linguagem, a música e
as maneiras estão ficando cada vez mais rudes, autocentradas e ofensivas, como
se a beleza e o bom gosto não tivessem lugar em nossas vidas”.
Roger Scruton, filósofo
Para não cometerem um anacronismo que logo seria
descoberto, poetas como Ronald de Carvalho, Menotti del Picchia e Luís Aranha,
mas sobretudo Mário e Oswald de Andrade nunca leram os livros de Scruton, que
só nasceu em 1944. Mas isso não impediu que os moços ocupassem o palco do
Theatro Municipal de São Paulo no dia 15 de fevereiro de 1922, para declamarem
aquilo que consideravam ser a arte poética à altura nos novos tempos – um
amálgama que agredia ao mesmo tempo a sintaxe e a lógica, a beleza e os bons costumes.
Quem precisa ver para crer, que então leia e
creia.
A poesia de Mário de Andrade segue a cartilha dos
movimentos modernistas europeus (como o surrealismo e o dadaísmo). Encarnando o
papel de arauto do movimento, Mário rascunhou uma espécie de “Projeto Brasil”,
onde, como é inevitável, é possível encontrar mais militância política do que
arte poética. Os exemplos poderiam ser muitos – mas, para não cansar o leitor,
eis apenas dois:
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São
Paulo
Na minha casa da rua Lopes
Chaves
De supetão senti um friúme por
dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra
mim.
Não vê que me lembrei que lá no
Norte, meu Deus! muito longe de
mim
Na escuridão ativa da noite que caiu
Um homem pálido magro de cabelo
escorrendo nos olhos,
Depois de fazer uma pele com a
borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem
eu.
Inspiração
São Paulo! comoção de minha vida.
Os meus amores são flores feitas de original!
Arlequinal! Trajes de losangos..
Cinza e ouro...
Luz e bruma. Forno e inverno morno...
Elegâncias sutis sem escândalos. sem
ciúmes ...
Perfumes de Paris. Arys!
Bofetadas lírica no Trianon.
Algodoal!
São Paulo! comoção de minha
vida.
Galicismo a berrar nos desertos da
América.
(in Pauliceia Desvairada, 1922)
Os exemplos da poesia-minuto de Oswald de Andrade
também poderiam ser muitos, posto que encheu muitos cadernos com versos que
mostram o quanto um equívoco pode fazer grandes estragos numa cultura. Até
hoje, passados 100 anos, alunos dos cursos universitários de Letras ainda
vibram e suspiram, como se estivessem diante do Santo Graal da poesia:
Amor
Humor
o capoeira
— Qué apanhá sordado?
— O quê?
— Qué apanhá?
Pernas e cabeças na calçada
senhor feudal
Se Pedro Segundo vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia
Passados 100 anos, pode-se dizer que o legado da
esquecível poesia apresentada na Semana de 1922 não se destaca nem pelas
ideias, nem por eventuais belos versos. Darwin e Hegel postos em prática, são
poemas que pertencem menos à arte do que à História, menos à poética do que à
política, vendendo a ideia marota de que, pelo simples fato de terem vindo
depois, podem reivindicar o direito de terem superado todo o patrimônio poético
anterior.
(Pensando bem, não é assim que se comportaram
sempre os movimentos que, desde a Revolução Francesa, propagam a construção de
um mundo melhor, para um Novo Homem ainda a ser forjado?)
4.
“Poesia se faz com palavras, não com
ideias”.
Stéphane Mallarmé, poeta francês.
“Eu, à poesia, só permito uma forma:
a concisão, a precisão das fórmulas matemáticas”.
Vladimir Maiakovski, poeta russo.
“Realismo total. contra uma poesia de
expressão, subjetiva e hedonística (…) Nessa fase, predomina a forma geométrica
e a matemática da composição”.
Plano-Piloto da Poesia Concreta
(manifesto assinado por Pignatari e
pelos irmãos Campos)
Na década de 1950, na mesma Pauliceia dos
“desvairados”modernistas de 22, o movimento da poesia concreta, capitaneado por
Décio Pignatari e os irmãos Haroldo e Augusto de Campos, carregou nas tintas e
levou a extremos o ideal de uma poesia ousada, implacável e contrária à
Tradição, da mesma forma como os bolcheviques tinham superado os mencheviques e
radicalizado a Revolução Russa. Como os modernistas de 22, os concretos também
fizeram espetáculos de apresentação, lançaram revistas e assinaram manifestos.
E, em questão de meses, depois de abolirem as rimas, a métrica e a norma
sintática, reivindicaram também a abolição das ideias e das palavras – como
testemunham os “poemas” abaixo:
Não é o caso de fazer aqui um resumo ou cronologia
do movimento, mas apenas articulá-lo numa linha de tempo paralela à que reúne
Revolução Francesa, Revolução Russa e a revolução permanente que agora permeia
o mundo. O que importa, no fim das contas, é tentar responder à pergunta: o que
há de errado em tudo isso?
5.
Acientificização reivindicada pela arte
moderna (a forma geométrica, a matemática da composição) não é uma ideia
fortuita, aleatória: deriva diretamente do projeto mais amplo de quantificar
o mundo real, levado a efeito pelo espírito científico da modernidade –
cujas raízes, profundas, recuam até o Renascimento. Atraídos pelo canto da
sereia desse paradigma, que prometeu a compreensão e o domínio plenos da realidade,
os artistas passaram a representar o mundo, não tal qual existe e é captado
pela experiência direta dos cinco sentidos, mas sim como as ciências o
veem.
Desde então, a arte moderna tem cometido o erro
trágico de confundir a realidade com essa representação – mísera redução
quantificada pelas ciências exatas. No fim das contas, aquilo que supõem ser o
mundo real é na verdade um limbo intermediário, a que Santo Tomás
de Aquino chamava de materia secunda. Mesmo porque, no mundo real,
nada tem exatidão das fórmulas matemáticas, como já alertava o velho
Aristóteles, alguns “milênios” antes. Não deixa de ser irônico que um
dos frutos de operações tão abstratas receba o nome de… poesia concreta.
A isso se resumem as artes modernas: na pintura, a
recusa do figurativismo e da perspectiva; na poesia, o cárcere asfixiante do
jogo vazio de palavras. Não por acaso o francês Stephane Mallarmé, para
defender seu Un Coup de Dées (Um Lance de Dados) contra
a acusação de inteligível, porque desprovido de ideias, gritava aos quatro
ventos que “poesia se faz com palavras, não com ideias”. Sem se esquecer de
Maiakovski, que também tentou jogar uma pá de cal na tradição poética com o
poema Sobre a V Internacional: “Eu, à poesia, só permito uma forma:
a concisão, a precisão das fórmulas matemáticas”.
E por fim esbarramos na terceira pedra no meio do
caminho da civilização: a ideia de vanguarda. Sem ela, fica difícil
entender toda esta encrenca. Usado originalmente pelos militares franceses para
se referir a uma pequena milícia de reconhecimento que ia à frente da tropa
principal, o termo (do francês avant-garde) logo passou a rotular
também os radicais franceses de esquerda, que no século 19 saíam às ruas em
bandos por reformas políticas. Em algum momento de meados daquele século, o
termo se vinculou também aos artistas, guiados pela ideia de que a arte é um
instrumento de transformação social. Deste convívio espúrio, resultou uma
arte cada vez mais militante, desprovida de beleza, que vem dominando a cena a
partir do século 20.
Somado às ideias de historicismo e evolucionismo,
igualmente basilares para entendermos o paradigma modernista, o conceito
de vanguarda vem completar o novo tripé que, para tantos
incautos e desavisados, tornou-se a base de sustentação do mundo futuro –
resultado de um empenho militante, que não veio para construir uma sociedade ou
uma cultura melhores, mas simplesmente (como bem definiu Hannah Arendt) mudar
a natureza humana. Nesse projeto, a arte já não é “aquilo que todos sabem o
que é”, mas um utensílio a serviço de um projeto difuso que nem seus próprios
apologistas conseguiriam definir “o que é”.
6.
Esta é, em breve síntese, a perigosa armadilha em
que se perde todo aquele que concebe a experiência humana como uma linha
temporal guiada pela ideia de progresso irreversível: ficar indeciso entre ser
um atleta numa pista de corrida ou um soldado-batedor de vanguarda – vivendo,
enfim, a contradição de ter vindo por último e, ao mesmo
tempo, estar na frente.
Poesia de vanguarda: o impasse de “estar na frente”,
fingindo não perceber que, nesta corrida, é o atleta que na verdade “chegou por
último”.
Certamente, a vida real – aquela que conhecemos
pela experiência direta dos cinco sentidos – é muito mais complexa do que isso.
Mas quem abdicou da realidade primeira para viver no limbo das
ciências exatas e caminhar no fio-de-navalha do eterno devir, não costuma ligar
muito para os “detalhes” – essa Terra de Ninguém onde o diabo mora.
Hoje é dia de São José, pai adotivo de
Jesus e esposo da Virgem Maria.
Descendente da casa real de Davi, São José aparece
nos Evangelhos de Mateus (capítulos 1 e 2) e Lucas (capítulos 1 e 2), com
referências à sua profissão, seu noivado com Maria e alguns momentos
importantes da infância de Jesus. Outras informações sobre sua biografa constam
nas visões da Bem-aventurada Anna Catarina Emmerich, que revelam
que ele fugiu de casa ainda bem jovem por ter optado pela profissão simples de
carpinteiro, desagradando ao pai e aos irmãos.
Segundo os relatos bíblicos, José estava noivo de
Maria e, quando lhe foi revelado que Ela estava grávida, resolveu abandoná-la
em segredo, para que não Lhe recaísse a culpa de adúltera, com a pena de morte
por apedrejamento. No entanto, o Anjo Gabriel apareceu-lhe em um sonho e
disse-lhe para não abandonar Maria, pois Ela estava grávida do Espírito Santo.
José acreditou e assumiu o papel de pai adotivo do Filho de Deus e casto esposo
de Sua Mãe.
O papel de José na História da Salvação é
fundamental. Ele fugiu com Jesus e Maria para o Egito depois de ser novamente
avisado pelo Anjo do Senhor sobre a perseguição de Herodes, e voltou para
Nazaré quando o Anjo avisou-o a respeito da morte do monarca. Durante todo esse
tempo até sua morte, ele foi o protetor e provedor da Sagrada Família.
Consagrou Nosso Senhor no Templo logo depois que Ele nasceu. Instruiu-O tanto
na vida religiosa quanto no trabalho, ensinando-Lhe a profissão de carpinteiro,
com que o jovem Jesus sustentaria Sua Mãe viúva posteriormente. Faleceu antes
de Jesus iniciar Sua vida pública, mas, homem trabalhador e piedoso, educou o
Pequeno Deus com seus ensinamentos e exemplos.
Gigante entre os santos, sendo precedido apenas por
Nossa Senhora, São José foi inserido no calendário litúrgico em 1479, mas a
devoção a ele já era bem mais antiga quando isso ocorreu. Inúmeros santos
(como São Francisco de Assis e Santa Teresa de Ávila)
ajudaram a divulgar a devoção a ele. Em 1870, São José foi declarado Patrono
Universal da Igreja por Pio IX, e diversos outros Papas foram seus
devotos e o exaltaram em discursos e documentos. Bento XV o declarou Patrono
da justiça social. Pio XII, em 1955, instituiu uma segunda homenagem a ele
no calendário litúrgico com a Festa de São José Operário, celebrada no dia
primeiro de maio.
O intercessor entre os intercessores
Por sua grandeza, São José é invocado como o
intercessor junto a Deus por todas as nossas causas. Ele tem privilégios únicos
diante do Senhor. Santa Águeda, por exemplo, nas revelações que lhe deu
Nossa Senhora, afirma: “Por sua intercessão alcançamos a virtude da
castidade e a vitória sobre as tentações contra a pureza; alcançamos o poderoso
auxílio da graça para sair do pecado e voltar à amizade com Deus; alcançamos a
benevolência da Santíssima Virgem Maria e a verdadeira devoção a ela;
alcançamos a graça de uma boa morte e a especial proteção contra o demônio
nesta hora. […] Os homens ignoram os privilégios
que o Senhor concedeu a São José, e quanto pode sua intercessão junto de Deus.
Somente no dia do Juízo os homens conhecerão sua excelsa santidade e chorarão
amargamente por não haverem se aproveitado desse meio tão poderoso e eficaz
para sua salvação e alcançar as graças de que necessitavam.”
Dono de inúmeros títulos (O Justo, Casto Guarda da
Virgem, Pai Nutrício de Jesus, Espelho de Paciência, Último dos Patriarcas,
Alívio dos Miseráveis, Sustentáculo das Famílias, Patrono da Boa Morte, Modelo
dos Trabalhadores, entre tantos), São José constitui exemplo de homem, pai de
família e fiel piedoso. Modelo a ser seguido por todos os cristãos.
Por sua grandeza, São José merece todo um livro de
poemas só para ele. Hoje, ganha cinco sonetos, inspirados nos mistérios
josefinos do Terço Abençoado de São José, concebido
pelo Padre Luiz Roberto Teixeira Di Lascio, de Campinas: 1) Aparição do
Anjo do Senhor, em sonhos, a José (Mt 1, 18 – 25); 2) José no presépio com o
recém-nascido e Maria (Lc 2, 1 – 16); 3) Fuga para o Egito (Mt 2, 13 – 15); 4)
Apresentação de Jesus no Templo (Lc 2, 22 – 39); 5) Reencontro de José e
Maria com Jesus no Templo.
São José, rogai por nós!
Os Mistérios Josefinos
Para o Padre Luiz Roberto Teixeira Di
Lascio, criador do Terço Abençoado de São José, e um José em minha
vida.
I – Aparição do Anjo
Quando José da noiva recebeu
a boa-nova de sua gravidez,
magoado e recolhido em sua mudez,
em segredo a deixá-la resolveu.
Mas o Anjo do Senhor lhe apareceu
num sonho, e lhe mostrou com rapidez
a Verdade, e suas dúvidas desfez.
José, justo e piedoso, aquiesceu,
e quando, ainda mais santo, despertou,
como de seu costume, silencioso,
louvou e agradeceu ao Pai Senhor,
e à esposa e ao filho com ternura olhou,
pois era, já, da Mãe de Deus o esposo,
e de Seu Filho, pai e protetor.
II – No presépio
Num leito improvisado põe José
sua casta esposa, que vem dar à luz
ali mesmo o Salvífico Jesus,
o Pequenino Deus de Nazaré.
Reis e pastores chegam vindo a pé,
guiados por um Anjo que os conduz,
e enquanto o Deus Menino ali reluz,
trasbordam de seu peito amor e fé.
A cena toda, vê maravilhado:
o Filho de Deus Vivo, ainda Neném,
também seu filho, a ser ali adorado.
Sussurra uma oração que mais ninguém
escuta, além do Anjo ali ao lado,
que, lhe chegando perto, diz: “Amém!”
III – Fuga para o Egito
Quando o Anjo atroz perigo anunciou,
José, mais que depressa, e pesaroso,
a esposa e o filho (em choro copioso)
pra longe do assassínio carregou.
A pátria, a casa e os bens pra trás deixou,
e sob o frio cortante e rigoroso,
ou causticante sol, em tortuoso
caminho, com os dois então rumou.
Seu coração pesava, mas seguia
seguro e entregue a Deus, pois sua missão
era a mais importante, e ele a sabia:
proteger e prover seguro chão
à esposa e ao pequenino, para um dia
ao mundo assegurar a Salvação.
IV – Apresentação no Templo
“Do Filho de Deus Pai assumo agora
oficialmente esta paternidade”,
pensava assim José, que em tenra idade
Jesus levava ao Templo sem demora,
“e hei de amparar seu coração que chora”,
a si dizia, cheio de piedade,
ao ouvir a profética verdade
à esposa revelada àquela hora.
Num misto de tristeza e de alegria,
orou ao Céu, sereno e silencioso,
e olhando pra Jesus e pra Maria,
naquele instante, o pai e casto esposo
louvou e agradeceu a Deus: “Senhor,
a Vós e a Eles, todo o meu amor!”
V – Reencontro no Templo
“Como pudeste alhear-te do Menino?”,
cobrava-se José enquanto seguia
em busca de Jesus, junto a Maria,
clamando, angustiado, ao Pai Divino.
No entanto, eis que já avista o pequenino,
que a Lei, entre os doutores, discutia,
com eloquência e com sabedoria.
Sentiu então alívio genuíno,
e enquanto com a criança a mãe ralhava,
ele em silêncio agradecia a Deus,
e em ação de graças aos Altos Céus orava,
e a caminho do lar, junto dos seus,
luziu em si grandioso e santo brilho
Em documento enviado à Conferência dos Bispos Católicos dos Estados Unidos, o núncio apostólico dos EUA, Christophe Pierre, anuncia o convite feito pelo Santo Padre.
“O Santo Padre pretende convidar cada Bispo, ou equivalente em lei, juntamente com seus sacerdotes, a se juntar a esta rede de consagração, se possível, a uma hora correspondente às 17h, horário de Roma. Nos próximos dias, o Santo Padre dirigirá uma carta de convite aos Bispos, anexando o texto da Oração de Consagração nas diversas línguas. Escrevo agora, pedindo-lhe que informe os membros da USCCB e, através deles, os sacerdotes das diversas dioceses e eparquias do país, sobre o convite do Santo Padre.”, diz Christophe em ofício.
A consagração ocorre em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia. No entanto, não é a primeira vez que a Rússia é consagrada. Em 1917, em sua aparição, Nossa Senhora de Fátima pediu a consagração da Rússia ao Seu Imaculado Coração, afirmando que, se este pedido não fosse atendido, a Rússia espalharia “seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja”. “Os bons”, acrescentou, “serão martirizados, o Santo Padre sofrerá muito, várias nações serão destruídas”.
Em 1942, Papa Pio XII consagrou o mundo todo ao Imaculado Coração de Maria e no dia 7 de julho de 1952 consagrou a Rússia na Carta Sacro Vergente Anno.
A consagração foi renovada ao longo de outros mandatos papais. Paulo VI, em 21 de novembro de 1964, renovou a consagração da Rússia ao Imaculado Coração na presença dos Padres do Concílio Vaticano II. O Papa João Paulo II compôs uma oração para o que definiu de "Ato de entrega" a ser celebrado na Basílica de Santa Maria Maior em 7 de junho de 1981, Solenidade de Pentecostes.
Em junho de 2000 a Santa Sé fez a revelação da terceira parte do Segredo de Fátima. Em uma carta escrita em 1989 por Irmã Lúcia, uma das pastorinhas que viu a aparição de Nossa Senhora de Fátima, afirma que o ato de consagração correspondia ao pedido de Nossa Senhora.
A Comissão Interamericana tem o mandato de promover a observância e a defesa dos direitos humanos na região e atua como órgão consultivo da OEA na matéria. A CIDH é composta por sete membros independentes que são eleitos pela Assembleia Geral da OEA a título pessoal e não representam seus países de origem ou residência.
Publicado por OEA
O
caminho mais curto para a destruição da democracia é fomentar o banditismo por
meio da cultura e tentar controlá-lo, em seguida, pelo desarmamento civil.
A esquerda nacional tem trilhado coerentemente essa dupla via há pelo
menos cinco décadas, e sempre soube perfeitamente qual seria o resultado: o
caos social, seguido de endurecimento do regime se ela estiver no poder, de
agitação insurrecional se estiver fora dele.
Essa estratégia é antiga, clássica, imutável, mas os pretextos com que se legitima conforme as conveniências do momento têm sido variados o bastante para desnortear a plateia, que se entrega a animadas e às vezes ferozes discussões sobre os pretextos mesmos e nunca atina com a unidade do projeto por trás deles. Às vezes, como acontece no Brasil, nem chega a perceber que entre as duas vias simultâneas existe alguma relação.
Pessoas
mentalmente covardes vendem a mãe para não correr o risco de ser rotuladas de
“teóricas da conspiração”. Rebaixam-se ao ponto de defender de unhas e dentes a
“teoria das puras coincidências”, segundo a qual as ações acontecem sem autores.
Imaginem
então o medo que essa gente tem de reconhecer algo que no resto do mundo já é
obviedade patente: que o comunismo não morreu em 1990, que está hoje mais forte
que nunca, sobretudo na América Latina. Treze anos atrás, quando Jean-François
Revel publicou seu último livro, La Grande Parade, ninguém na Europa ou
Estados Unidos o contestou quanto a esse ponto, que no Brasil ainda é um
segredo esotérico.
Há
até quem negue que Dilma ou Lula sejam comunistas, mas faz isso porque não sabe
exatamente o que é um comunista e, como em geral os liberais, imagina que é
questão de ideais e ideologias. Na verdade, um sujeito é comunista não porque
creia em tais ou quais coisas, mas porque ocupa um lugar numa organização que
age como parte ou herdeira da tradição revolucionária comunista, com toda a
pletora de variedades e contradições ideológicas aí contida.
A
unidade do movimento comunista, sobretudo desde Antonio Gramsci, da New Leftf
americana e do remanejamento dos partidos comunistas após a dissolução da URSS,
é mais de tipo estratégico do que ideológico.
Na
verdade, esse movimento, cuja extinção a queda da União Soviética parecia
anunciar como iminente e inevitável, conseguiu prosperar e crescer
formidavelmente desde o começo dos anos 90 só porque abdicou de toda
autodefinição doutrinal homogênea e aprimorou a técnica de articular numa
unidade de ação estratégica as mais variadas correntes e dissidências cuja
convivência era impossível até então. Convicções, portanto, sinceras ou
fingidas, não têm aí a mais mínima importância.
Para
um sujeito falar com alguma propriedade sobre o movimento comunista, deve antes
ter estudado as seguintes coisas:
(1)
Os clássicos do marxismo: Marx, Engels, Lênin, Stálin, Mao Dzedong.
(2)
Os filósofos marxistas mais importantes: Lukács, Korsch, Gramsci, Adorno,
Horkheimer, Marcuse, Lefebvre, Althusser.
(3) Main Currents of
Marxism, de Leszek Kolakowski.
(4) Alguns bons
livros de história e sociologia do movimento revolucionário em geral, como Fire
in the Minds of Men, de James H. Billington, The Pursuit of the Millenium, de
Norman Cohn, The New Science of Politics, de Eric Voegelin.
(5)
Bons livros sobre a história dos regimes comunistas, escritos desde um
ponto de vista não-apologético.
(6)
Livros dos críticos mais célebres do marxismo, como Eugen von
Böhm-Bawerk, Ludwig von Mises, Raymond Aron, Roger Scruton, Nicolai Berdiaev e
tantos outros.
(7)
Livros sobre estratégia e tática da tomada do poder pelos comunistas, sobre a
atividade subterrânea do movimento comunista no Ocidente e principalmente sobre
as “medidas ativas” (desinformação, agentes de influência), como os de Anatolyi
Golitsyn, Christopher Andrew, John Earl Haynes, Ladislaw Bittman, Diana West.
(8)
Depoimentos, no maior número possível, de ex-agentes ou militantes
comunistas que contam a sua experiência a serviço do movimento ou de governos
comunistas, como Arthur Koestler, Ian Valtin, Ion Mihai Pacepa, Whittaker
Chambers, David Horowitz.
(9)
Depoimentos de alto valor sobre a condição humana nas sociedades socialistas,
como os de Guillermo Cabrera Infante, Vladimir Bukovski, Nadiejda Mandelstam,
Alexander Soljenítsin, Richard Wurmbrand.
É
um programa de leitura que pode ser cumprido em quatro ou cinco anos por um bom
estudante. Não conheço, na direita ou na esquerda brasileiras, ninguém,
absolutamente ninguém que o tenha cumprido.
Há
tanta gente neste país querendo dar palpite no assunto, quase sempre com ares
de sapiência, e ninguém, ou praticamente ninguém, disposto a fazer o esforço
necessário para dar alguma substância às suas palavras.
Nenhum
esquerdista honesto o fará sem abjurar da sua crença para sempre. Nenhum
direitista, sem reconhecer que era um presunçoso, um bocó e, em muitos casos,
um idiota útil – às vezes ainda mais útil e mais idiota do que a massa de
manobra esquerdista.
A
esquerda prospera na exploração da ignorância, própria e alheia. Onde quer que
ela exerça a hegemonia, impera o mandamento de jamais ler as obras de
adversários e críticos, mas espalhar versões deformadas e caricaturais das suas
ideias e biografias, para que a juventude militante possa odiá-los na ilusão de
conhecê-los. Universidades que professam dar cursos de marxismo capricham nesse
ponto até o limite do controle mental puro e simples.
A direita, bem, a direita cultiva suas formas próprias de auto-ilusão, das quais já falei bastante neste mesmo jornal. Talvez volte ao assunto em outro artigo.
(18/03/2022) |
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