Edição XLIII (Terça Livre, Revista A Verdade 75, Revista Esmeril 28, Opinião e mais)

 Tempo de Leitura XLIII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
   



REVISTA A VERDADE 75

Atriz Whoopy Goldberg causa polêmica por fala sobre o Holocausto (Vinicios Knuth)

Joe Rogan, um dos comediantes mais famosos dos Estados Unidos, sofre tentativa de cancelamento por parte da esquerda (Vinicios Knuth)



REVISTA ESMERIL 28

Borba Gato (Vitor Marcolin)

Mentiras e estatísticas: como não se afogar em números (Antonio Fernando Borges)

Cinco Chagas do Senhor (Leônidas Pellegrini)



Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
     

8 de Fevereiro de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!





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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)



Hoje voltaremos no tempo para a edição 12 da Revista Terça Livre, de 24 de Setembro de 2019.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV saiu do ar, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



CULTURAL


👆 Entre a vida e a morte, um risco
(por Yuri Brandão)


Consagrada durante séculos de literatura, a expressão "risco de vida" viu seu reinado ameaçado após gramáticos ignorarem uma elipse para criar o desnecessário "risco de morte"

Há um ano, o então candidato Jair Messias Bolsonaro quase atravessou os umbrais da Eternidade. Conheceu bem de perto, pelas mãos do criminoso esquerdista Adélio Bispo, a lição de Guimarães Rosa segundo a qual “Viver é muito perigoso!”. Há, pois, um risco, que até hoje o ser humano Bolsonaro enfrenta a cada cirurgia de reparação ou mitigação das sequelas deixadas pela covarde tentativa de assassinato.

Mas esse risco é de vida ou de morte? O perigo mesmo, meu caro leitor, reside naquela mania que, em matéria de idioma, prolifera mais que piolho: há muita opinião e pouca ciência e tradição nos juízos sobre a Língua Portuguesa. Em tempos de redes sociais, com tantos especialistas em tudo, que de repente acordam com a missão divina de nos tirar da escuridão em que estávamos mergulhados, é preciso tomar cuidado para que os achismos, tais quais as lêndeas daquele inseto, não se reproduzam, cresçam e tomem conta do território.

Achava eu que as dúvidas e as discussões acerca da expressão risco de vida ou risco de morte já estivessem superadas. Qual o quê! Quando penso em descansar a “língua” enquanto tonifico os músculos e treino o sistema cardiorrespiratório, um instrutor da academia caçoa de um aluno que, referindo-se ao risco pelo qual passou o Presidente da República em mais uma recente intervenção cirúrgica, ousou falar em “risco de vida”, como se tivesse acabado de cometer um pecado — e do tipo capital. Os presentes riram e disseram só conhecer “risco de morte”, já que o risco seria “de morrer”, como o “risco de contaminação”, o “risco de cair”, o “risco de chegar atrasado” e demais significações negativas. Simples assim: pão, pão; queijo, queijo. Correndo risco estava eu, o de ter um enfarte! Saí em auxílio ao aluno, dando resumidamente à turma a explicação seguinte.

Sim, “risco de morte” é sintagma correto e parece satisfazer melhor a lógica, que, porém, é ironicamente esquecida quando, por elementar, deveria ser lembrada: quem disse que a adequação de uma forma exclui necessariamente a da outra (“risco de vida”)? Ademais, desde quando a lógica é o critério maior da língua, essa caixa de ressonância que, além de princípios próprios, ecoa tradição e uso por séculos e séculos? Em “risco de vida”, já se difundiu bastante, porém não suficientemente, a elipse legítima o entendimento consagrado: risco de [perder a] vida. Não há absolutamente nada de errado nessa expressão já de bengala.

O fato é que a glória dela parece incomodar tanto quanto aquela que Machado descreve em Quincas Borba (edição de 1891), quando, no capítulo LXVII, Rubião vai andando pela rua, sendo cumprimentado e contando como salvou o menino Deolindo de ser atropelado. Os ouvintes, também sedentos de realizações excepcionais, metem-se, então, a narrar as próprias proezas — “Cada gloriazinha oculta”, diz Machado, “picava o ovo, e punha a cabeça de fora, olho aberto, sem penas, em volta da glória máxima do Rubião”. Eis, digo eu, o “risco de morte” em volta da glória máxima de “risco de vida”.

Situemo-nos, entretanto. A história há de ter começado assim: o professor Pasquale humanamente escorregou em 22 de fevereiro de 2001, ao escrever para a Folha de São Paulo o artigo “É gente que jaz”, onde qualifica “risco de vida” como “paradoxal construção” e sustenta que, em “linguagem escrita formal culta, no entanto, parece mais aconselhável empregar “risco de morte”. Muitos anos depois, em um áudio na rádio O Globo, respondeu a um ouvinte que ambas as formas gozam de correção. Que eu saiba, não admitiu expressamente o juízo equivocado do passado; a meu ver, pecou ao não fazê-lo, mas isso só mostra que os bons também erram. O estrago já estava — e está — disseminado por jornais, revistas e telejornais. A moda passou a ser, portanto, “risco de morte”. Para entornar o caldo, “risco de vida”, a rejeitada das gentes, seria um disparate. Nananinanão.

Muito pelo contrário. É interessante notar a ênfase que Machado confere à expressão “risco de vida” quando, no mesmo capítulo do romance mencionado, Rubião é chamado por Freitas de São Vicente de Paulo e, entre um agradecimento e outro, diminuindo-se, recusando tal epíteto, diz que não é nada. Nesse instante, lemos (com grifo meu): “Nada? Replicou alguém. Dê-me muitos desses nadas. Salvar uma criança com risco da própria vida...”. O realce está no uso do adjetivo “própria”, coroando eloquentemente a expressão.

Também Joaquim Nabuco, em sua autobiografia Minha formação (Garnier, 1900, p. 215), que adapto ortograficamente, relata-nos, com destaque meu: “Ele [um jovem negro desconhecido] vinha das vizinhanças, procurando mudar de senhor, porque o dele, dizia-me, o castigava, e ele tinha fugido com risco de vida...”. Coelho Neto, para não correr o risco de ficar para trás, assim se expressa no romance A conquista (Civilização Brasileira, 1985, p. 245), num bate-papo entre as personagens Anselmo e Rui Vaz, que se esbarram no restaurante. Fala Rui: “Se o público soubesse quanto custa ser naturalista, pagava os meus romances a preço de ouro. Vou às estalagens apanhar em flagrante a grande vida de tais colmeias e, para que a gente não se perturbe com a minha presença, visto-me como carregador, meto-me em tamancos, subo às pedreiras, penetro, com risco de vida, as reles tavolagens [...]”.

Nesse sentido, veja-se Camilo Castelo Branco na “Introdução” de O romance de um homem rico (Joaquim Elysio Gonçalves Editor, 1890, p. 72): “Decorrera uma semana em esperanças, até que um dia o amigo do padre me procurou para me dizer que a velha Eufemia lhe escrevera, dizendo-lhe que o seu amo estava em perigo [risco] de vida”. E, para encerrar o passeio por escritores diversos —que, antes de argumentos de autoridade, são, isto sim, o lócus principal de legitimidade do idioma e de suas ricas e inesgotáveis possibilidades de traduzir, como só a literatura em norma culta o faz, os pensamentos mais elevados e as sensações mais profundas —, convido o frei português José Ignácio Roquete para que possa orar pelo afastamento dos “riscos”, que teimam em fazer parte “da vida”.

É no epítome feito por ele sobre a biografia de padre Vieira, preambular às Cartas seletas (Livraria Portuguesa de J. P. Aillaud, 1838, p. 46), que tomamos conhecimento de que o El Rei D. Pedro declara para Gonçalo Ravasco, filho de Bernardo Vieira Ravasco e, portanto, sobrinho do padre Vieira, que está “muito mal” com este, por questões de governo. Ato contínuo, Roquete assim narra a reação do genial jesuíta: “Esta notícia, chegando a Antônio Vieira sobre tantas ingratidões da pátria (que até chegou a queimá-lo em estátua em Coimbra), foi bala que lhe deu nos peitos e derribou por terra. No mesmo dia caiu gravemente enfermo, e passou largo tempo em cama com frequentes delírios, e muito risco de vida”.

Assegurar que “risco de vida” é rei e, logo, muito dificilmente perderá a majestade não implica rejeição de “risco de morte”. Ambas as expressões podem conviver harmonicamente, e fica ao gosto do freguês escolher aquela que melhor lhe aprouver. O Código Civil, por exemplo, optou por “risco de vida” tanto no art. 15 quanto no art. 1.540. Inaceitável, também porque injustificável, é supor tolamente que “risco de morte” mandaria para as cucuias, sem mais nem menos, séculos de “risco de vida”. Ora, se temos risk of life e risk of death no Inglês; se temos risque de vie e risque de mort no Francês; se temos, enfim, a dupla possibilidade nessas e em outras línguas, então por que no Português seria diferente? “Risco de morte” impera quando, aí sim, existe uma adjetivação posterior a caracterizar a morte: risco de morte fatal, risco de morte cruel, risco de morte repentina, e por aí vai a correria atrás de um plano de saúde ou de um plano funeral.

Se a lógica de “risco de morte” fosse aplicada ao idioma de maneira tão simplista, não mais poderíamos oferecer a um parente nosso “um remédio bom para a tosse”, porquanto, a rigor, esse medicamento teria de ser ruim para o sintoma de doença, não é mesmo? Devagar com o andor... O que os logicistas olvidam, ao tratar da língua, é que esta abrange a lógica, e não o inverso. É pela língua que a lógica pode revelar-se; é na língua que emoções e sentimentos podem representar-se; é com a língua que a realidade pode, ainda mais, realizar-se.

Por ora é isso.

P.S.: No penúltimo parágrafo, afirmei: “’Risco de morte’ impera quando, aí sim, existe uma adjetivação posterior a caracterizar a morte: risco de morte fatal, risco de morte cruel, risco de morte repentina [...]”. Em juízo de cognição sumária, a mim me parece existir, aí, aquilo que Dan O’Brien, professor de filosofia e cultura da Oxford Brookes University, chama de manobra adverbial, ao discorrer sobre o adverbialismo. Segundo o autor, “O argumento dos adverbialistas, no que concerne à percepção, é que, quando percepcionamos o vermelho, estamos a percepcionar de modo vermelho ou vermelhamente” (Introdução à Teoria do Conhecimento, Gradiva, 2013, p. 93). Assim, em alguns contextos, o adjetivo não deve ser tomado na função típica de descrever e caracterizar determinados objetos (substantivos) ou suas propriedades, senão na atípica função adverbial, estabelecendo como uma ação é executada, o seu modo. Quando dizemos, por exemplo, “Fulano sofre risco de morte repentina”, não obstante “repentina” seja um adjetivo a qualificar o substantivo “morte” no plano sintático, é possível depreendermos, na esfera semântica, que a morte pode dar-se de modo repentino, repentinamente.

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OPINIÃO



👆 Atriz Whoopy Goldberg causa polêmica por fala sobre o Holocausto
(por Vinicios Knuth)


Hoje em dia a maior parte das pessoas já não tem motivos para duvidar de que a liberdade de expressão, valor tão caro às gerações antigas e que nos conduziu até aonde chegamos, está sob forte ataque. E isso é percebido quando vemos que alguns assuntos não são possíveis de debate. 

Quase sempre, o grupo que você não pode criticar é o grupo que te domina. No caso dos EUA, há uma histeria completa em taxar qualquer crítica a minorias como se fosse algo radical e extremista, mesmo quando essas minorias cometem atitudes aviltantes contra uma parcela da população. De certa forma, é como se a maioria tivesse uma mordaça e não pudesse externar suas opiniões. Por isso, de vez em quando, ao aparecer algum candidato politicamente correto, que ostenta os mesmos valores da maioria, mas que não podem ser externados, a mídia não entende o porquê de sua popularidade. 

O último caso envolvendo a apresentadora e atriz Whoppy Goldberg é bastante emblemático. Mesmo ela sendo negra ela foi ostracizada por uma opinião sobre o Holocausto. Whoopy deu a entender que o evento não teria nada a ver com raça, o que de fato é impreciso, já que os nazistas perseguiam qualquer um que tivesse uma só gota de sangue judeu nas suas veias. Mas mesmo assim, Whoopy  não teve o seu direito de estar errada respeitado. Ela foi afastada do programa do qual faz parte.

É deveras interessante avaliar que essa não foi a primeira vez que a atriz externou uma opinião errônea, mas foi a primeira que ela o fez contra um grupo que tem um enorme poder na indústria cultural americana. 

Mesmo sendo apenas 2 a 3% da população americana, os descendentes de judeus dominam as principais posições no setor bancário, jornalístico e de entretenimento. Desse modo, no contexto americano, atacar uma minoria pode significar atacar quem possui a maioria dos recursos para te retaliar. É uma situação oposta à dos negros, que sendo 15% da população americana, são o grupo étnico mais economicamente vulnerável. 

Um episódio que mostra o quanto a perseguição a minoria errada pode ser prejudicial foi o que aconteceu com a Ku Kux Klan. Durante décadas o grupo perseguiu negros e espalhou o terror por todo o sul do EUA, mas foi quando eles começaram a atacar católicos que estes se uniram e, politicamente, colocaram o grupo em rota de colisão com a lei. 

O caso de Whoopy pode parecer algo trivial, mas demonstra o quão sensível a sociedade americana está. Não há a menor dúvida de que a atriz não seja antissemita. Ela simplesmente falou algo sem pensar e não tardou em se retratar. No entanto, até mesmo ela teria que servir de exemplo para essa verdadeira Cruzada do politicamente correto que varre as opiniões marginais para a obscuridade. 

A sociedade americana parece estar emulando o farisaísmo dos dias bíblicos. Todos querem apedrejar os “pecadores”, aqueles deploráveis com opiniões “atrasadas”. No entanto, esquecem-se que todos nós somos movidos por preconceitos e somos dotados de posições que até mesmo nós não nos orgulhamos de ter. De modo que não há ninguém capaz de ser 100% correto 100% do tempo e passar intacto pelo escrutínio que é demandado pelos progressistas. Dessa forma, assim como na bíblia, o destino da cultura do cancelamento é fazer todos apedrejarem todos até que sobre apenas uma pessoa que não terá quem possa apedrejá-la.

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👆 Joe Rogan, um dos comediantes mais famosos dos Estados Unidos, sofre tentativa de cancelamento por parte da esquerda
(por Vinicios Knuth)






Não há nada como um dia após o outro na história da humanidade. Durante centenas de anos, os conservadores eram acusados de reprimir o discurso e a propagação de “novas” ideias. Quantas vezes já vimos professores de história bradarem aos quatro ventos como a religião teria coibido o avanço da ciência? Ainda nesse sentido, a defesa da moral alinhada com a agenda conservadora durante muito tempo justificou a censura a materiais de mídia. 

No entanto, se antigamente era a maioria conservadora que tentava mitigar “avanços” sociais problemáticos através de boicotes e protestos, hoje, a esquerda não só assumiu esse papel, como se arvora de um autoritarismo nunca antes visto e de meios de ação advindos da tecnologia que os nivelam no patamar dos maiores tiranos da história.

Se no passado a contracultura era simbolizada pela esquerda progressista que denunciava a hipocrisia e incongruências da sociedade ocidental, hoje, devido a hegemonia cultural da esquerda demonstrada através do jornalismo, cultura e arte, é a direita que está na vanguarda da contra o establishment. São os conservadores que desafiam o politicamente correto e os consensos ilógicos da sociedade vigente que são a personificação da rebeldia que outrora morava na esquerda.

Nada consegue simbolizar mais essa “passada de bastão” que o último entrevero entre o cantor Neil Young e o podcaster Joe Rogan. Young, que no passado já foi contra a ciência, hoje de forma hipócrita prefere a intolerância em sua cruzada contra o podcaster Joe Rogan pelo simples fato dele ter trazido em seu podcast informações contrárias à imunização.

Young deu um ultimato ao Spotify. “Quero que o Spotify saiba HOJE que quero todas as minhas músicas fora da plataforma”, escreveu ele numa carta aberta publicada em seu website. “Eles podem ficar com [Joe] Rogan ou Young. Não os dois”.

Young ficou furioso por causa de “informações falsas sobre vacinas” ditas no podcast de Rogan, o The Joe Rogan Experience, que tem em média 11 milhões de ouvintes.  Rogan entrevistou vários cientistas e especialistas céticos quanto às vacinas. Em resposta, o Spotify serviço de streaming preferiu logicamente excluir as músicas de Young que ceder aos caprichos de um artista decadente contra o podcast mais visto do planeta.

Numa queda de braço na qual não havia nenhum incentivo para que o Spotify perdesse uma massa infinda de ouvintes só por causa de um podcast polêmico, o mercado mostrou sua moral: se dá lucro, não importa se é verdade ou mentira, bom ou mal para a sociedade. A demanda por determinado discurso é o que sempre define sua propagação. E nesse sentido os discursos dos céticos possuem uma forte demanda reprimida por causa da posição unilateral da grande imprensa, e por isso podcasts como os de Rogan servem de válvula de escape para esse discurso.

Na prática, Young ao tentar censurar Rogan, acabou que deu a ele ainda mais notoriedade enquanto que suas músicas não terão mais essa plataforma para serem escutadas. É como se a vontade de calar calasse a pessoa. Contudo, para Young, a vontade de se manifestar sobre esse tema de alguma forma talvez seja mais importante que disseminar sua arte. 

Nos anos 70, Young teve músicas banidas das rádios devido ao fato de ter sido contra a Guerra do Vietnam, mas hoje ele parece ter envelhecido para ter se tornado aquele a quem ele mesmo lutava contra. O curioso caso de Young mostra de forma bastante simbólica como, na vida, às vezes é melhor morrer ainda jovem, enquanto ainda somos os heróis, que envelhecer o suficiente para que viremos os vilões.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 28, de 28/01/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


PERFIL

👆 Borba Gato



(por Vitor Marcolin)

Seu crime não havia sido cometido contra os índios, mas contra a Coroa

Em julho do ano passado, em praticamente todos os veículos de mídia, a imagem de uma estátua de dez metros de altura a arder em chamas fora o tema central das discussões. A tônica dos debates era a ressignificação histórica cujo objeto, a persona representada pela estátua, era o alvo: Borba Gato, o bandeirante.

O monumento a Borba Gato está localizado no bairro de Santo Amaro, na zona Sul da capital paulista — nas proximidades da estação de metrô homônima. A estátua, de fato, não consta no rol dos mais belos exemplares da segunda arte erigidos na cidade de São Paulo; é feia, quase grotesca.

Com dez metros de altura e vinte toneladas de peso, o monumento, obra do escultor paulista Júlio Guerra, fora projetado para as comemorações do IV centenário da freguesia de Santo Amaro, em 1963. Guerra o projetou para resistir às intempéries do tempo: trilhos de bonde foram transformados em colunetas de ferro para dar forma à estrutura revestida de concreto armado.

Objetivamente, a homenagem ao bandeirante é cabível quando observado o panorama histórico no qual a epopeia expansionista do território português na América aconteceu. O flagrante anacronismo dos arruaceiros que atearam fogo à estátua do Borba Gato os impede de considerar aquele panorama inserido na devida realidade histórica à qual ele pertence.

Transportar os alicerces da civilização da Ibéria para a América do Sul exigia sacrifício; e mais uma série infinita de pequenas virtudes distribuídas entre os homens que se embrenhavam nas matas a fim de… construir. Este verbo, neste contexto, aos ouvidos da classe universitária soa tão estranho quanto o telégrafo, a máquina de escrever, os selos postais ou qualquer outro instrumento obsoleto suplantado pelos smartphones.

Do velho bandeirante pouco se sabe. A bem da verdade, são poucos os detalhes da vida do explorador que foram coligidos pelas crônicas da época. Com certeza, sabe-se que Borba Gato fora um Tenente-Geral dos Sertões, um oficial da coroa portuguesa responsável por encabeçar as missões de prospecção de jazidas minerais no interior do território luso na América do Sul.

Longe de ser um impiedoso caçador de índios, Borba Gato, a bem da verdade, levou aos índios Mapaxós — tribo com a qual convivera durante 16 anos — os princípios de higiene e de infraestrutura que melhoraram significativamente a vida dos nativos. Tanto que, em pouco tempo de convívio na tribo, Borba Gato ascendeu à função de “respeitoso Cacique”. Os índios o ajudaram a encontrar as tão desejadas minas de esmeraldas e, numa relação mútua de benefícios — com cada elemento nos limites da sua própria cosmovisão –, receberam do bandeirante aqueles rudimentos de civilização.

O bandeirante nascera na vila de São Paulo dos Campos de Piratininga, em 1649. Aos amantes de História é fácil ceder à tentação de, numa olhadela, consultar a cronologia dos fatos à época. Isaac Newton, o bruxo de Woolsthorpe, ainda era um “menino sóbrio, silencioso e pensativo”; René Dercartes, que fizera malabarismos verbais só para esconder que se encontrara com o diabo à noite, estava a alguns meses de se encontrar com a morte; a França vivia ainda sob a pujança do velho regime, com um nível de ordem e de prosperidade de causar escândalo nos adeptos da religião de Robespierre nos campus universitários.

Na América do Norte, os peregrinos, que há quase trinta anos viviam de cultivar o gélido solo de Massachusetts, ainda dependiam da caridade dos nativos para não morrer de fome; e em Portugal a atmosfera política era de alívio depois do domínio espanhol na Península Ibérica que durara sessenta anos. Mas Borba Gato viveu longe, muito longe da agitação espiritual do velho mundo; suas preocupações eram de outra ordem.

Sabe-se que Borba Gato casou-se com a filha de um proeminente bandeirante, o Fernão Dias. Os bandeirantes tiveram uma importância fundamental para a expansão do território do atual Brasil; se hoje sentimos orgulho ao saber que o Brasil ocupa a 5ª posição no ranking dos maiores países do mundo sob o critério de extensão territorial fora graças — em grande medida — ao esforço heroico dos homens que se embrenharam nas matas a fim de desbravar os ermos mais remotos do vasto continente Sul-Americano.

A consolidação do território demandava recursos. Ipso facto, em 1681 D. Pedro II de Portugal despachou uma carta régia para o Brasil na qual informava sobre a urgência das descobertas de ouro e minerais preciosos a fim de custear os esforços de novos assentamentos no território. Àqueles que tomam o partido da narrativa que acusa Portugal de sistematicamente haver, por mais de três séculos, minado as riquezas naturais do Brasil a fim de ornamentar Igrejas e palácios na Ibéria, é necessário observar que a expansão das fronteiras de um país não se faz de graça.

Borba Gato, portanto, vivera nessa sociedade incipiente, na qual a descoberta de metais e minérios preciosos, e o estabelecimento de novas vilas e zonas de expansão do território português na América, urgiam. Sua vida, no entanto, guinou para a criminalidade quando, segundo os registros da época, em 28 de agosto de 1682, Borba Gato assassinou um representante do rei.

Em julho deste ano, a Coroa portuguesa enviara ao Brasil o fidalgo castelhano Rodrigo Castelo Branco como Superintendente-Geral das Minas. Castelo Branco, ao chegar ao Brasil e tomar ciência da experiência de Borba Gato junto aos índios, contacta-o a fim de obter informações pertinentes à localização de novas minas. O encontro entre o bandeirante e o homem do rei deu-se numa região de grutas nas proximidades do atual município de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais.

Não se sabe exatamente a motivação do crime. Borba Gato e o fidalgo, provavelmente, falavam sobre novas expedições rumo aos sertões do território a fim de extrair os metais e os minérios tão desejados — e necessários. Castelo Branco sabia da importância do bandeirante para o sucesso das futuras prospecções, porque Borba Gato vivera junto aos nativos que, como ninguém, conheciam a terra.

O fato é que, “tomado de violento ardor”, o bandeirante “desfere-lhe um violento empuxão”, fazendo Castelo Branco desaparecer num sumidouro, um buraco de mina. Temendo ser condenado à morte pelo imperdoável crime de lesa-majestade — porque ele havia assassinado um representante do rei –, Borba Gato foge para junto dos índios Mapaxós. Fora nesta ocasião em que ele vivera entre os nativos por 16 anos. Passado esse período e de volta à civilização, o bandeirante recebe o perdão do novo Governador-Geral, o Arthur de Sá e Menezes — homem de reputação duvidosa.

Dentre os fatos conhecidos sobre a vida de Borba Gato, três destacam-se pelo pitoresco: o assassinato do fidalgo, sua estadia de mais de um quindênio junto aos Mapaxós e o perdão que o Governador-Geral lhe concedeu. Borba Gato não só fora perdoado como recebera as mesmas funções de Castelo Branco. Como Superintendente-Geral das Minas, o bandeirante encabeçou expedições às lendárias minas de Sabarabuçu. Borba Gato faleceu em Sabará, Minas Gerais, em 1718.

Estátua em bronze de Manuel da Borba Gato. Obra do escultor Nicola Rollo, localizada no Museu Paulista (Museu do Ipiranga), São Paulo.
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Com informações de Bueno, Eduardo, Brasil, uma História — cinco séculos de um país em construção –, Rio de Janeiro, Leya Editora, 2012; Lima, Manuel de Oliveira, Formação histórica da nacionalidade brasileira, Folha de S. Paulo Editora, São Paulo, 2000; Piletti, Nelson, História do Brasil, Ática Editora, 1999.
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“Mais que as ideias, são os interesses que separam as pessoas”.

— Alexis de Tocqueville
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ESMERIL NEWS | LITERATURA






👆 Mentiras e estatísticas: como não se afogar em números
(por Antonio Fernando Borges - 04/02/2022)



Por que um divertido ensaio lançado na década de 1950 continua sendo uma ferramenta indispensável para enfrentar as trapaças da mídia e dos políticos

Que a Teoria das Probabilidades e sua prima-irmã de má fama, a Estatística, tenham nascido de um jogo do tipo cara-ou-coroa entre dois gênios da matemática – eis, sem dúvida, uma simplificação histórica temperada de exagero. Mas o fato é que, numa página do passado, perdida entre a verdade e a lenda, consta que Blaise Pascal (1623-1662) e Pierre de Fermat (1607-1665), lá pelo ano de 1650, resolveram se divertir apostando dinheiro num passatempo numismático que era uma espécie de ancestral do nosso “cara ou coroa”.

Dizem (o que não é improvável) que Pascal escolheu cara e Fermat, coroa. E que, depois de três rodadas, Pascal ganhava por 2 a 1 quando o jogo precisou ser interrompido, deixando no ar a questão: com a partida incompleta (tinham combinado cinco rodadas), quem ficaria com o dinheiro da aposta? Fermat então teria sugerido que calculassem todos os resultados possíveis para as duas rodadas que faltavam – o que envolvia quatro combinações. Uma delas sugeria que Pascal ganharia por 3 a 2. Fermat, cavalheirescamente, propôs então dividir o dinheiro nos seguintes termos: ele ficaria com a quarta parte, e Pascal com o restante.

Verdadeira ou imaginária, o fato é que a fábula ilustra o nascimento da Teoria das Probabilidades – esta sim desenvolvida pouco tempo depois, comprovadamente, pelos dois gênios matemáticos. E, como também se sabe, a teoria de Pascal e Fermat acabou se tornando um dos fundamentos da Estatística, a “parente” de péssima reputação da ciência lógico-matemática. A tamanho desprestígio, devemos inclusive a anedota de que Deus criou a Matemática e o Diabo, de pura inveja, criou a Estatística. Para além da simples piada, a narrativa funciona como metáfora perfeita: afinal, se o anjo-das-trevas é mesmo “o pai da mentira”, como diz o Evangelho, ele não poderia ter criado uma ferramenta mais mortífera para semear a confusão. E até hoje é assim: enquanto a matemática mensura os parâmetros da verdade, as estatísticas optam por outras práticas – em especial, a de mentir.

Na Biblioteca de Borges, numa estante dedicada às ciências exatas, há um pequeno volume, de título sugestivamente indiscreto: Como Mentir com Estatística, um certeiro trabalho do norte-americano Darrell Huff (1913-2001). Lançado em 1954 e relançado em 2016, o livro permanece irretocável e atual. Nenhuma surpresa: a verdade não é da ordem do tempo, nem está condicionada a uma época específica – e não consta que os humanos tenham progredido muito desde então, no quesito “padrões morais”. Graças à atualidade do livro, podemos aprender a ficar mais atentos às “verdades objetivas” veiculadas na mídia sobre essa interminável pandemia: no fim das contas, são apenas estatísticas, ou seja, nem verdadeiras nem objetivas, na medida em que tendem a se basear em amostras enviesadas e perguntas tendenciosas para, no final, apresentar respostas nem um pouco sinceras.

Logo na Introdução, Huff adverte que “a pior forma de conferir se a criminalidade de determinada região está de fato aumentando” é simplesmente… “ler as páginas policiais dos jornais sensacionalistas” dedicados ao assunto! É o primeiro alerta vermelho de que precisamos agir com o máximo de cautela, quando se trata de “informações numéricas objetivas”. Huff se empenha em desmoralizar, um por um, os principais “vilões” da interpretação de dados (a face oculta da estatística): amostras suspeitas, gráficos dúbios, listagens incompletas, e por aí vai.  Ao longo de vários capítulos em linguagem ágil e clara, ele demonstra como os gráficos, mesmo matematicamente corretos, podem falsear completamente a realidade. Num capítulo especialmente brilhante, mostra-nos que uma mesma projeção probabilística pode ser usada para mostrar um futuro positivo ou alarmante, dependendo da abrangência e amplitude dos dados coletados.

A confiança cega nos números costuma ser muito mais letal do que a maioria dos vírus. A ilusão de que um punhado de cifras organizadas ajudam a tornar o mundo (e seu futuro) um lugar menos incerto nasce de uma necessidade ontológica: a quantidade, fundamento dos números, é um dos três parâmetros basilares da realidade – junto com o tempo e o espaço. Mais ainda: ela é uma das 10 categorias metafísicas que definem o ser, segundo Aristóteles. Ocorre que, em algum ponto do caminho, o edifício do pensamento humano desmoronou, e em seu lugar vem sendo erguido um estranho “monumento” com baixos índices de solidez, de grandeza duvidosa e credibilidade controversa. E o Diabo criou a estatística.

Na época do lançamento, há quase sete décadas, Como Mentir com Estatística fez um grande e merecido sucesso, surpreendendo os leitores com sua combinação de linguagem simples e ilustrações bem-humoradas, para abordar um tema tão espinhoso e polêmico. Num levantamento superficial, consta que o livro já vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, só na edição em inglês. E, nestes tempos de internet e BigData, não há dúvida de que o livro continua cada vez mais relevante, ajudando-nos a perder as ilusões quanto ao grau de confiança que a maioria das pessoas deposita nos números.

Mais do que “diversão garantida”, o livro de Darrell Huff é sobretudo didático e revelador. Sua principal proposta é demonstrar que, para terem um mínimo de credibilidade, estatísticas precisam enfrentar e vencer alguns “probleminhas” – o diminutivo é irônico, pois eles não são propriamente pequenos…

O primeiro problema: as estatísticas trabalham por amostragens, ou seja, utilizando pequenas fatias extraídas de um universo maior – sempre com o cuidado de que o resultado seja proporcionalmente fiel à totalidade. Em outras palavras: que seja a expressão da verdade. Mas, para se alcançar (e apresentar) essa verdade, é imprescindível que a amostra seja absolutamente aleatória – quer dizer, escolhida ao acaso, como é próprio do movimento real do mundo. Só a amostra aleatória garante a plena confiabilidade. Do contrário, o resultado será tendencioso ou, como diz o jargão da área, “enviesado”. Basta um exemplo simples: entrevistar fiéis na saída das missas dominicais não é a maneira mais honesta de mostrar que a religião católica é “maioria esmagadora” no Brasil. Mas o problema das amostras aleatórias é que são caras e difíceis. Sem falar que os homens são falhos e caem em tentações e desvios. Por isso, é cada vez mais fácil… mentir com estatísticas.

Mas o grande problema é que esse não é o único… “problema”. Para ser confiável, qualquer estatística também precisa deixar claro qual medida utilizou para o resultado final apresentado. Há, no mínimo, três:

  • a média (a mais conhecida e mais simples), que é a soma dos valores de determinado conjunto de dados dividida pelo número de integrantes do conjunto;
  • a moda, que é o valor mais frequente num determinado conjunto de dados apurados – para defini-la, basta observar a a quantidade de vezes que cada item do conjunto aparece. Exemplo: num hospital de campanha, há onze pessoas internadas com covid-19, respectivamente com 34, 39, 36, 35, 37, 40, 36, 38, 36, 38 e 41 anos – no caso, a moda será 36 anos – por ser a idade que apresenta maior frequência (três vezes, destacadas em itálico);
  • e a mediana, que representa o valor central de um conjunto de dados apurados. Para encontrá-la, é preciso colocar os valores em ordem crescente ou decrescente, e definir aquele que fica, literalmente, no meio.

Por desconhecer o vocabulário e os conceitos específicos da área, a maioria das pessoas acaba não percebendo as manipulações mais elementares, que desacreditam a estatística e alimentam sua má reputação, gerando ainda por cima um punhado de frases nada gentis. A mais famosa é atribuída ao primeiro-ministro britânico Benjamin Disraelli: “Há três espécies de mentiras: mentiras sutis, mentiras descaradas e estatísticas”. Mas há uma série de outras, de autoria desconhecida, mas igualmente engraçadas. Entre algumas exemplares:

  • “A estatística é a arte de nunca precisar dizer que você está errado”.
  • “Estatística é um método sistemático para se chegar a uma conclusão errada com 95% de confiança”.
  • “A diferença entre um economista e um estatístico é que as pessoas acreditam no que os economistas dizem sobre o futuro, mas não naquilo que os estatísticos dizem sobre o passado”.
  • “Pelas estatísticas, o lugar mais perigoso do mundo é a cama, porque é onde mais se morre”.

Se nada disso for suficiente, leitor desconfiado, para convencê-lo da importância estratégica da obra, vale acrescentar o detalhe de que o suspeitíssimo Bill Gates tem o trabalho de Darrell Huff entre seus “livros de cabeceira”. Precisa mais?

Não deixa de ser um epílogo triste e amargo para uma ideia nascida (mesmo que por acaso e brincadeira) das mentes brilhantes de dois matemáticos sérios. Fazer o quê? Um deles (Blaise Pascal) costumava dizer que “a condição do homem é feita de inconstância, tédio, inquietação”. Sem contar que o Diabo está sempre fazendo das suas. Quanto a mim, gosto de acreditar que, na matemática do mundo, Deus é mais!
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“Há três espécies de mentiras: mentiras sutis, mentiras descaradas e estatísticas”.

— Benjamin Disraelli
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ESMERIL NEWS | DOSE DE FÉ






👆 Cinco Chagas do Senhor
(por Leônidas Pellegrini - 07/02/2022)


Celebra-se hoje uma importante devoção portuguesa iniciada por São Bernardo de Claraval em terras lusas



Hoje é celebrada em Portugal a Festa das Cinco Chagas de Nosso Senhor Jesus Cristo.

A devoção às Cinco Chagas é bastante antiga, e remete às feridas que Jesus sofreu nos pés, nas mãos e no lado em sua crucifixão. São Bernardo de Claraval, primo de Dom Afonso Henriques, primeiro rei de Portugal, foi o grande difusor da devoção no país, tendo enviado monges ao Mosteiro de Alcobaça, e dali os religiosos a espalharam pelo país.

Portugal foi de tal forma marcado pelas Cinco Chagas, que elas aparecem em sua bandeira, que traz 5 escudos azuis, conhecidos por quinas, sobre base branca e uma faixa vermelha com 7 castelos amarelos. Os escudos representam os 5 reis mouros que foram derrotados por Dom Afonso Henriques na Batalha de Ourique. Cada um desses escudos apresenta 5 bolinhas brancas, que representam as 5 chagas de Cristo.

Bandeira de Portugal, onde se estampam as 5 Chagas nos 5 escudos ao centro.
















Camões, no início de Os Lusíadas, obra fundadora da língua portuguesa moderna, refere-se às Cinco Chagas na bandeira nacional na 7ª estrofe do poema:

“Vós, tenro e novo ramo florescente
De uma árvore de Cristo mais amada
Que nenhuma nascida no Ocidente,
Cesárea ou Cristianíssima chamada;
(Vede-o no vosso escudo, que presente
Vos amostra a vitória já passada,
Na qual vos deu por armas, e deixou
As que Ele para si na Cruz tomou)”

Tamanha é a importância desta devoção em Portugal, que o Papa Bento XIV instituiu a festa litúrgica no país, com ofício e missa próprios.

As Cinco Chagas, expostas por Jesus quando de Sua aparição aos Apóstolos após Sua Ressurreição, nos convidam à confiança e à consolação n’Ele, sobretudo nos momentos de maior apreensão, medo a angústia. Nos tempos que se anteveem reservados aos cristãos, é interessante que elas sejam lembradas e meditadas.

 

As Cinco Chagas

 

Em sete de fevereiro,

celebra-se em Portugal

a Festa das Cinco Chagas

trazidas por Claraval.

 

Esta festa rememora

as feridas de Jesus,

nas mãos, nos pés e no lado,

quando pregado na Cruz.

 

Jesus Cristo, ressurreto,

aos Apóstolos mostrou

Suas Cinco Santas Chagas

e suas almas confortou.

 

A bandeira portuguesa

as Chagas de Cristo traz,

em reverência ao Senhor,

em tempos de guerra ou paz.

 

Até mesmo o grão Camões

cantou em sua obra-prima

as Cinco Chagas de Cristo

em versos de oitava rima.

 

Que não só de Portugal

seja a santa devoção

às Chagas de Meu Senhor

em Sua Santa Paixão.

 

Que as Chagas de Cristo possam

nossas almas confortar

quando a hora mais sombria

ao povo cristão chegar.

 

Que as Santas Chagas nos tragam

consolação, paz e bem,

e nos guiem rumo aos Céus,

nos braços de Cristo, amém!

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Brasil Sem Medo - 2 a 6 de Fevereiro





RESGATE DA INTELIGÊNCIA

👆Conheça os 8 ensinamentos da filosofia de Olavo de Carvalho
(por Natália Cruz Sulman e Fernando de Castro)

Professora Natália Sulman e jornalista Nando Castro comentam oito contribuições fundamentais do filósofo e escritor brasileiro

Natália Cruz Sulman e Fernando de Castro
Especial para o BSM


O filósofo Olavo de Carvalho foi responsável pela elaboração de diversos pensamentos que conduziram a composição do seu horizonte de ideias e consciência. Ele definia a filosofia como “a unidade do conhecimento na unidade da consciência e vice-versa”.

Ao trazer tal definição para a filosofia, Carvalho entendia que à medida em que o indivíduo buscasse conhecimento, aquele conjunto de informações iria formar uma complementação em sua consciência, capacitando-o, assim, a formar uma unidade entre a sua realidade, o conhecimento adquirido e a própria personalidade.

“Busquei o seguinte critério ao elaborar essa definição: o que todos os filósofos fizeram independentemente do conteúdo das suas doutrinas e da definição que eles davam para a filosofia? O que eles tinham de fazer para serem necessariamente filósofos? E era isso o que eles faziam: todos buscavam alguma unidade e coerência no conhecimento disponível e foram formando a sua consciência à medida em que iam encontrando ou se esforçando para captar essa unidade. Iam unificando a sua consciência e, portanto, também, a sua personalidade, a sua vida, o seu ser inteiro a partir desse esforço, independente de eles serem idealistas ou materialistas, cristãos ou anticristãos, muçulmanos ou judeus. Ele tem que fazer isso, porque é a prática, o exercício da filosofia. O filósofo não faz outra coisa”, explicava Olavo.

Além do conceito de filosofia, Olavo de Carvalho também elaborou alguns conceitos ao longo da sua carreira filosófica. Conheça abaixo oito ensinamentos teóricos da filosofia do professor Olavo.

Com destaque para a Teoria dos Quatro Discursos, que deu origem ao livro “Aristóteles em Nova Perspectiva; Introdução à Teoria dos Quatro Discursos” e a Teoria das 12 Camadas da Personalidade Humana. Ambos os pensamentos de Carvalho ganharam forte difusão por entre os seus alunos e leitores.

1 – Paralaxe Cognitiva: É o deslocamento entre o eixo da experiência e o eixo da teoria. É o caso de quem percebe a realidade – porque o homem é consubstancial a ela – mas, na hora de explicá-la, contradiz a sua experiência para afirmar uma ideia. Os ideólogos sofrem dessa paralaxe ao enxergar o mundo apenas como construção social e linguística.

2 – Teoria dos Quatro Discursos: Essa teoria, como dizia o próprio Olavo, pode ser resumida em uma frase: “O discurso humano é uma potência única, que se atualiza de quatro maneiras diversas: a poética, a retórica, a dialética e a analítica-lógica”.

O discurso poético trata do possível, a fim de traduzir uma impressão. O discurso retórico, do verossímil, para produzir uma decisão. O discurso dialético submete as crenças à prova, a fim de alcançar a mais provável. O discurso analítico parte das premissas admitidas pela dialética, a fim de chegar à demonstração certa.

3 – Conhecimento por presença: Trata-se da inversão da fórmula de Kant: “Há coisas que podemos pensar, mas não podemos conhecer”, afirmava Olavo de Carvalho. Ele acrescentava: “Há outras coisas que podemos conhecer, mas não podemos pensar”. Afinal, certas coisas são intuitivamente reconhecíveis, mas não podem ser transformadas em pensamento.

4 – Trauma da emergência da razão: Apesar de o ser humano nascer com a faculdade da razão, precisa aprender a exercê-la, dominando a linguagem. No entanto, até isso acontecer, ele já acumulou muitos traumas que precisam ser curados.

“A razão permite generalizar e resumir o conhecimento de forma a não ser necessário carregar imensa carga de memória. Ela obedece, então, a função prática de descarregar a memória. Também permite que se veja as coisas mais de longe: quando pensamos por conceitos, não temos todo o trabalho de recordar uma por uma as imagens dos objetos que lhes correspondem e, portanto, diminuímos a emoção, o impacto das imagens, que só são evocadas de longe e de leve, graças à rapidez com que passamos de um conceito a outro”, assinalava o filósofo.

5 – Doze camadas da personalidade: Olavo afirmava que o desenvolvimento do ser humano ao longo da vida passa por doze camadas. Aquela que você está determina a finalidade dos seus atos.

Camada 1: Tudo responsável pela manutenção da existência, como a respiração e a alimentação;

Camada 2: A integração com o que vem de fora, desde a hereditariedade até o temperamento;

Camada 3: O desenvolvimento do processo cognitivo e perceptivo;

Camada 4: O desenvolvimento afetivo, de modo que quem para nela fica sentimentalista e carente;

Camada 5: A individuação e autoconsciência;

Camada 6: A camada integrativa da sua aptidão e vocação;

Camada 7: O desempenho do seu papel social, de modo que os seus atos trazem benefício aos outros;

Camada 8: A síntese da sua personalidade;

Camada 9: O início da vida intelectual;

Camada 10: O desenvolvimento da personalidade moral ou eu transcendental;

Camada 11: Ser capaz de deixar a sua marca na história;

Camada 12: O destino final próprio aos santos; o encontro com Deus.

6 – Método de confissão: Consiste em admitir a existência de realidades que se impõem, mas você não tem domínio sobre elas, mas deve confessar exercer poder sobre você.

7 – Círculo de latência: Trata-se da rede das relações possíveis e da percepção da forma essencial de qualquer ser em torno da sua expressão. Nesta teoria, Carvalho explica a respeito da dedução das propriedades, possibilidades de ação e conjuntos de possibilidades de um ente.

Exemplo: um cachorro pode latir, mas não pode voar, diferentemente de um passarinho. Portanto, o círculo de latência de um cachorro se comprime em sua limitação natural da sua espécie.

8 – Exercício do necrológio: Apesar de não ser uma filosofia propriamente dita de Olavo de Carvalho, em seu Curso Online de Filosofia, o professor sugeria aos alunos que realizassem o exercício do necrológio, que consiste em escrever como se fossemos um amigo ou alguma outra pessoa íntima, capaz de apreender o conjunto da sua vida e narrar suas realizações mais relevantes.

O exercício busca expor suas aspirações práticas mais elevadas, sendo assim, sendo capaz de descrever as expressões mais efetivas e relevantes da sua vida.


– Natália Cruz Sulman é professora de filosofia (Recife/PE) e Fernando de Castro é jornalista, analista político e repórter do BSM (Recife/PE)

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POEMA DE SUPERCHAT

"Deu certo!" - nome dado por Bras Oscar
(poema por Carlos Garcia, lido por Bras Oscar ao vivo no Tapa Cultural #43 - 02/02/2022)

De olhar radicalmente intuitivo
Como em contemplação mui amorosa
Ao fim de árdua busca e sempre zelosa
Repousa o mestre e é justo o motivo

Mas sobrevive mais que quando vivo
No homem de alma já tão mentirosa
Que com escrita clara e primorosa
Da verdade enfim tornou cativo

Vive também e com maior crueldade
Nos que o calor quiseram e contudo
Seguem na mais completa nulidade
E por estes que digo não me iludo

E digo com mortal seriedade:
Deu certo, o senhor fodeu com tudo!

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Allan dos Santos
 - 02 de Fevereiro




COMUNISMO




👆 Ideais Traídos ou De Volta Para o Futuro
(02/02/2022)


Ideais Traídos”, livro de memórias escrito pelo General Frota logo após sua demissão por Geisel, e publicado apenas dez anos após sua morte, em 2006, aponta a inserção do autor nas correntes políticas existentes no meio militar na época. Ele afirma que os ideais perseguidos pelos militares desde 1922 e que se concretizaram com a Revolução de março de 1964 haviam sido traídos “[…] por um grupo encostado no poder desde março de 1974, de falsos revolucionários e aproveitadores, que, tendo recebido delegação daqueles verdadeiros idealistas para realizá-los, seguiu em caminho oposto ao esperado, destruindo a Revolução [de 64] e enterrando com ela todas as perspectivas e esperanças de atingir-se, num tempo aceitável, aqueles ideais que visavam arrancar o Brasil do subdesenvolvimento e alçá-lo a uma posição de relevo no mundo, mercê de suas enormes potencialidades.” (FROTA), 2006, p.24-25.

A ideia de que a Revolução de 1964 seria a concretização dos ideais revolucionários de 1922 pode ser encontrada também em “A História do Exército Brasileiro”, publicada pela Biblioteca do Exército em três volumes, cuja organização foi feita pelo Prof. Olavo de Carvalho, de saudosa memória. Essa obra mostra que em 1922 teve início um processo de transformação tanto em termos institucional quanto nacional que se realizou plenamente com a Revolução de 31 de março de 1964 e, portanto, todos os eventos deste ínterim constituíram uma preparação para este desfecho.

Geisel e Frota encarnavam duas visões distintas do papel das Forças Armadas no processo político: a adulação aos comunistas com Geisel, e a consciência do perigo comunista com Frota. Geisel demitiu Frota e o Brasil parece não ter recuperado a imunidade para combater e expurgar a visão ingênua de que os comunistas estão preocupados com o país.

Todos os eventos que se desencadearam e levaram à demissão de Frota não passaram de uma farsa a fim de desmoralizá-lo e fortalecer o poder de Geisel, que Frota chamou de “A Farsa de Outubro”. Para ele, esse empreendimento teria sido levado a cabo por um grupo que ele denomina de “grupelho do Planalto”: um grupo de militares mais preocupados com a política eleitoral do que com as questões concernentes à defesa nacional, vocação primeira dos militares. Este grupelho era liderado por General Ernesto Geisel, o General Cordeiro de Farias e o General Golbery do Couto e Silva.

Parece que no Brasil o roteiro de nossa história é escrito por traidores e aproveitadores que sempre surrupiam as pessoas que realmente desejam o melhor para a nação. Esses traidores e aproveitadores, para tomar emprestado as palavras do General Frota, existem sim no meio militar e não compreendem a importância da DEFESA DA NAÇÃO contra a ameaça comunista.

Qual grupo prevalecerá no derradeiro ano de 2022?

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👆 LEGADO DE OLAVO DE CARVALHO


O mais impressionante esmagador de c
omunistas de que você nunca ouviu falar
(por Daniel Ashman, 29/02/2022)

Matéria traduzida do Inglês, originalmente do site americano American Thinker.

Vi Olavo de Carvalho pela primeira vez há anos em um programa chamado Update Brazil, que cobria a luta global contra o comunismo.

O vídeo desapareceu agora, todo o canal foi purgado pelo YouTube.  O apresentador foi Allan dos Santos, um excelente jornalista anticomunista que agora está sendo perseguido e incluído na lista negra pelo Supremo Tribunal Federal de extrema-esquerda do Brasil.  Também no programa estavam os brilhantes analistas americanos, Jeff Nyquist e Diana West.

A quarta pessoa foi a única que eu não reconheci.  Um homem brasileiro velho e brincalhão.  Ele parecia peculiar.  Talvez um blogueiro e amigo de Allan.

Na verdade era Olavo de Carvalho, que era algo como um herói nacional e incrivelmente realizado.  Eu simplesmente não conseguia distinguir isso de sua conduta educada e humilde.  Se bem me lembro, ele se esforçou para promover os livros de West e Nyquist, dizendo quão grandes eles são, e que grande fã deles ele é.

Desde então, estudei o trabalho de Olavo, conseguindo traduzi-lo para o inglês, e aprendi algo de sua carreira.  Na minha opinião, ele era talvez o pensador mais brilhante e interessante que tínhamos no mundo.

Olavo fez algo incrivelmente difícil, até mesmo impossível.  Ele liderou o movimento ideológico para retirar os comunistas do poder no Brasil.  E conseguiram reconquistar a presidência.

Nas últimas décadas, o Brasil esteve sob o governo dos presidentes Lula e Rousseff, que, dependendo de seu ponto de vista, ou eram comunistas de extrema-esquerda ou de direita.  A mídia brasileira está tão à esquerda que faz com que a mídia americana pareça mansa em comparação. 

Durante esse tempo, Olavo estava soando o aviso na TV e por escrito.  Ele explicava como o movimento esquerdista era perigoso e alertava sobre um movimento comunista internacional sombrio.

Há paralelos claros a tudo isso na América, mas no Brasil, ele estava investigando e alertando especificamente sobre o Fórum de São Paulo.  É como uma espécie de campo de convivência e planejamento para comunistas como Castro, Maduro, Chávez e Lula, entre outros.

Enquanto investigava e falava sobre a ameaça do comunismo, Olavo foi atingido por ameaças de morte e seguiu para os Estados Unidos, onde então residia na Virgínia.  Ele estava feliz por fazer parte da comunidade conservadora e cristã da Virgínia.

Atualmente, após a guerra subversiva contra Trump, é um tanto mainstream para os americanos falar sobre o avanço do comunismo.  Há algumas décadas atrás, não era.  O Brasil já falava sobre o avanço do comunismo antes dos americanos.  E com o passar dos anos, as pessoas perceberam que Olavo estava certo.  A hashtag "#OlavoTemRazão" ou "#OlavoIsRight" varreu a nação.

O movimento olaviano trouxe Bolsonaro ao poder, que é indiscutivelmente o presidente mais conservador do mundo.  Considere uma amostra de manchetes sobre ele: "Jair Bolsonaro quer que todo brasileiro tenha uma arma", "O líder mundial que é muito pior do que Trump", e "Bolsonaro do Brasil chama os Governadores de 'Tiranetes' pelos Lockdowns".

Eu perguntei a Fernando Candia, um dos muitos alunos do curso de filosofia de Olavo, sobre isso.  Ele disse: "Apesar do fato de Bolsonaro ser um homem independente, posso dizer sem erro, que sem Olavo, ele não teria a plataforma para se candidatar à presidência.  Durante os protestos de 2013 contra o governo de esquerda, as pessoas começaram a compartilhar o trabalho de Olavo, que ganhou impulso ao apresentar críticas adequadas contra os esquerdistas e comunistas em geral".

O que Olavo e Bolsonaro fizeram no Brasil é surpreendente, uma inspiração, e digno de estudo.

O que torna Olavo tão instrutivo não é apenas o que ele disse.  Temos muitos analistas de alto nível que podem explicar uma posição de forma lógica e pedante.  Se ele quisesse, Olavo poderia fazê-lo melhor do que ninguém.  Ele lia os clássicos, estudava latim, podia discursar sobre os meandros de Aristóteles e levar as pessoas por passagens específicas de Marx, explicando como elas são deficientes.

Mas o estilo de Olavo era algo completamente diferente.  Ele combinou um aprendizado extremamente profundo com sua própria atitude de baixo para cima, para mostrar como, e trazer uma vitória sobre a esquerda.

Assista a este vídeo.  Sua análise é certeira, e todo republicano na América deveria ser forçado a memorizá-la.  Isso nos levaria a 50% do caminho para a solução de nossos problemas:

"A política é sobre pessoas e meios.  Nunca valores e idéias.  Nunca.

O que lida com valores e idéias?  Religião.  Filosofia.  Somos nós, os intelectuais, os otários, que continuamos discutindo isso.  E enquanto isso, esses caras vêm" e... bem, sodomizam você.  Você terá que assistir ao vídeo para ouvir as frases coloridas que ele usa.

Ele explicou, a chave não é o debate intelectual; "trata-se de destruir a carreira e o poder dessas pessoas".  É muito importante não respeitá-las". 

Em uma palestra, ele expôs as táticas necessárias para vencer a esquerda radical.  Basicamente, é apenas responsabilizá-los por seu próprio comportamento desviante:

"Uma vez tive um debate com dois senadores do Partido dos Trabalhadores. ... E eles me disseram: 'Agora você está desrespeitando nosso governador'.  Eu respondi: 'Não é que eu o esteja desrespeitando agora, é que eu nunca o respeitei'.  Porque ele disse em uma entrevista que aos 20 anos de idade era um campeão de masturbação, como se estivesse fazendo um concurso de masturbação.  Ele não estava fazendo isso aos 12 anos de idade.  Ele estava fazendo isso quando tinha 20 anos e já era um homem.  Como você pode respeitar essa porcaria?'.  Isto encerrou sua carreira.  Depois disto, todos tinham medo de estar juntos com ele".

Incrivelmente bem-sucedido como ele foi, meu palpite é que Olavo só foi forçado a fazer política e que seu verdadeiro interesse era a filosofia e a cultura.  Ele simplesmente não tinha escolha porque os comunistas estavam atacando tudo à sua volta, inclusive a cultura significativa.

Há alguns anos, comecei a enviar-lhe sem parar e-mails solicitando que ele me desse permissão para traduzir e publicar seus trabalhos em inglês.  Olavo disse ok.

Minha proposta era traduzir suas coisas políticas.  Era um best-seller, um material quente, que tratava de assuntos do dia.

Mas, ele contrariou, "que tal" seu livro de filosofia, "Maquiavel ou a Confusão Demoníaca?", onde ele expôs o caso de Maquiavel ter feito guerra contra a moralidade e Deus.

Isso é bastante revelador.  Sua mente não correu para a promoção de seu trabalho político mais vendido.  Isso foi apenas um meio para ele defender o que lhe interessava.  Seu coração estava em seu trabalho filosófico. 

Nyquist leu o livro de Olavo sobre Maquiavel e escreveu: "O mundo anglófono ainda não descobriu Olavo de Carvalho".  No Brasil ele é um 'evento', e sua influência será inevitavelmente sentida além do Brasil".  Eu concordo.

Ele faleceu na segunda-feira.  Os principais meios de comunicação estão lançando obituários monstruosos que o mancham.  Eles não suportam o fato de que ele era mais esperto do que eles e não aceitava suas porcarias.

Olavo costumava escoriar os jornalistas que mentiam sobre ele.  De alguns anos atrás, ele terminou uma entrevista incrível com o The Atlantic ordenando ao jornalista que saísse, e disse: "Eu queria que você soubesse que enojou toda a minha família".

Ele contou ao jornalista sobre a escola de filosofia on-line que ele fundou e dirigiu, onde ensinou a milhares de estudantes dedicados.  Ele explicou: "Minha influência sobre a cultura do Brasil é infinitamente maior do que qualquer coisa que o governo está fazendo".  Estou mudando a história cultural do Brasil".  Os governos vão embora; a cultura fica".

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Tríade
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
7 de Fevereiro de 2022


Uma coisa que se nota de forma muito clara e objetiva quando se presta atenção nos eventos bíblicos, é a constante presença do número 3.

Deus criou homem e mulher. Disse-lhes para serem frutíferos e multiplicarem. Entra a figura do filho: 3 pessoas. Famílias são pai, mãe e filho, ou filhos, mas sempre 3 figuras. Assim foi com a família de Cristo. E para somar a isso, Adão e Eva tiveram três filhos, Caim, Abel e Seth.


E falando em família de Cristo, temos que os reis magos foram visitar Jesus na gruta. Quantos? 3. Levaram presentes: ouro, incenso e mirra. 3 presentes. Com quantos anos vemos o Jesus menino pela última vez? 12. 3 x 4. Quantos apóstolos Jesus escolheu? 12. 3 x 4. Quantas tribos Israel tinha no Antigo Testamento? 12 também. 3 x 4. Se você contar 3 por 4 vezes, terá 12, e se você contar 4 por 3 vezes, também terá 12.


Em sua vida pública, Jesus foi traído por Judas Iscariotes, o 12º discípulo. Qual foi o preço? 30 moedas de ouro... 30 são 10 x 3, que é a idade com que Jesus começou sua vida pública. Quantas vezes Pedro negou Jesus? 3 vezes. Quantas vezes Pedro teve que reafirmar Jesus ao ser perguntado "tu me amas?"... 3 vezes. Jesus morreu com qual idade? 33 anos. Seria um 3 em dobro. Mas espere... se você contar 12 por 3 vezes, vai dar 36... hum... mas se subtrair 3, é 33. Subtração aqui será que indicaria um sacrifício? e Se somarmos 36 com 4 dá 40, que é o mesmo período de anos que os hebreus andaram no deserto. Bom, especulações à parte...


A cruz tem quatro pontas, mas apenas 3 estão à altura da cabeça. Quantos homens haviam no Gólgota? com Jesus, 3, sendo ele e 2 ladrões, um bom e um mau. 3 cruzes para 3 condenados. todas com 4 pontas, somando 12 pontas. Quantas horas há num relógio? 12. Jesus morreu às 3 da tarde. Quantos haviam com Jesus, levando o corpo dele até a tumba? 3, sendo ele, José de Arimatéia e Nicodemos. Jesus morreu e ressuscitou depois de... 3 dias. Após isso, ficou mais 40 dias antes de subir aos céus, novamente, o mesmo período de anos que os hebreus andaram no deserto.

Engraçado que trazemos isso para as nossas vidas, né? Na fantasia e na ficção, sempre imaginamos nós com outras duas entidades, um anjinho e um diabinho. Parece Cristo e os dois ladrões. 3 da tarde é a hora da misericórdia, pois Cristo morreu por nós nessa hora. 3 da manhã é a hora da maldição, pois reza a lenda que os demônios saem nessa hora para rondar o mundo.

Se dermos sequência nisso, a coisa vai longe: Lúcifer levou consigo a terça parte (1/3) dos anjos; Jonas esteve 3 dias e 3 noites no ventre da baleia; Mateus viu 3 pessoas no momento da transfiguração: Jesus, Moisés e Elias; o livro do Apocalipse fala de 3 espíritos imundos saindo das bocas de 3 personagens: dragão, besta e falso profeta; nós somos feitos de 3 elementos: corpo, alma e espírito. 3 são as partes da Igreja de Cristo no plano de Deus: a igreja Triunfante, no Céu, a igreja Suplicante no Purgatório, e a igreja Militante, a que está aqui na Terra, ou seja, nós, os vivos; 3 são as virtudes dadas por Deus: Fé, Esperança e Amor. 3 são as partes do dia: manhã, tarde e noite. E tudo tem um começo, meio e fim. Trilogias no mundo das histórias tem começo, meio e fim.

Não dá para ignorar essa numerologia toda. Também não dá para dizermos que tudo isso que eu citei tem ligação, algumas coisas podem ser bem especulativas. Mas se ficarmos somente naquilo que é revelação bíblica, teríamos uma referência constante à tríade mais elevada de todas: Pai, Filho e Espírito Santo. A Santíssima Trindade. O Logos, o início, o meio e o fim de tudo. Deus jamais faz uma coisa porque "pode" fazer. Sim, Ele pode fazer, mas tudo que faz, tem um sentido. É feito, porque há um efeito prático. Ainda que, para nós, seja um grande mistério.

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👆 HUMOR

E o Giorgio Cappelli nas True Outstrips de hoje mostra um pito de peso e um peso de pinto murcho, além é claro das aventuras aventurescas de Olavo Van Hal... ops, Van Helsing, novamente envolvido com certas criaturas gnoseanas tão fãs de estrelas, que as veem sem o mínimo de esforço!
(03/02/2022)
(06/02/2022)


E aqui, o Sal Conservador foi atrás do buraco do governador... não, você não entendeu errado, assiste aí que o problema é um buraco mesmo! 😁
(03/02/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Vamos aproveitar que o Antonio Fernando Borges trouxe este livro à baila e fazer dele a leitura recomendada de hoje. Quero que vocês comprem este livro, nem que seja pelo Kindle mesmo, que é mais barato, e vejam como é extremamente fácil mentir usando dados estatísticos. Isso vai ajudar vocês a saírem da lógica da mídia canalha. Faz um tempo que li esse livro, e esperava a hora certa de divulgá-lo. Chegou a hora. Comprem, leiam, e despertem para os enganos que a estatística pode levar se usada para o mal.

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