Edição XLI (Terça Livre, Olavo de Carvalho, Opinião e mais)

 Tempo de Leitura XLI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
   


(TdL: Hoje vocês vão me desculpar triplamente: primeiro porque eu fui pego de surpresa essa semana com a morte do nosso queridíssimo professor Olavo de Carvalho. Segundo, porque em detrimento disso, o conteúdo do meu blog não se valerá das tradicionais matérias das revistas que publico (exceto a do Terça Livre e a do Allan dos Santos), mas de textos especificamente sobre o professor Olavo, escritos de última hora, mas com o coração partido e apertado pela sua passagem à Felicidade Eterna por todos nós. Terceiro porque choro enquanto escrevo. O meu coração sofre, e choro enquanto escrevo, pois sou aluno dele, e muito me dói ver uma grande inspiração minha partir. Mas Deus sabe o que faz. Olavo, meu grande amigo e mestre, eu pretendia visitá-lo um dia na Virgínia. Porém, esse encontro terá que ficar para a Eternidade. Vá em paz! A gente tem que continuar aqui no jardim de aflições nosso de cada dia, cultivando o que ensinaste e seguindo em frente até nossa hora também chegar. Que Jesus te receba de braços abertos! Guie-nos daí onde está, se não for abusar mais um pouco de sua imensa bondade.)




JORNAL DA CIDADE ONLINE

As aflições dos invejosos! (Luiz Carlos Nemetz)






REVISTA ESMERIL

Filósofos autênticos não morrem (Bruna Torlay)





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LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
     

18 de Janeiro de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!




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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)

Hoje voltaremos no tempo para a edição 10 da Revista Terça Livre, de 17 de Setembro de 2019.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV saiu do ar, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



JUDICIÁRIO


👆 OS ELEVADORES PRIVATIVOS DA JUSTIÇA DO TRABALHO
(por Tom Martins)


Um juiz fictício. Ou nem tão fictício assim.

- “Tratem os obreiros com respeito”, disse o juiz do trabalho tenazmente.

- “Chega de privilégios para a casta opressora”, acrescentou o colega.

Horas mais tarde, o fictício personagem e magistrado do Tribunal Regional do Trabalho chegaria ao seu local de trabalho em veículo arcado pelos pagadores de impostos, portando gostosa conta bancária também suportada pelo erário público e, com certa indignação pelo defeito no ar-condicionado do veículo, dirigindo-se ao seu elevador privativo para degustar seu gourmet-time. A propósito, os sofisticados lanchinhos também foram pagos pelo suor dos escravizados e já citados pagadores de impostos.

- “Antes tivesse vindo com meu Audi”, reclamou com seu assessor.

- “Mas... então... Vossa Excelência não acha que...”, disse o assessor hesitante.

- “Chega de conversa, temos muita justiça para fazer”, interrompeu.

- “Antes, porém, acerte os detalhes da cerimônia da minha posse nesse Tribunal”.

- “Que nada falte!”, finalizou.

Desnecessário dizer que a pomposa cerimônia e festividade sequencial também seria suportada pelos tiranizados da república. Todavia, o pior estava por vir. No momento em que nosso magistrado imaginário e seus assessores e demais funcionários dirigiram-se ao elevador, havia um elevador exclusivo para o ilustríssimo, excelentíssimo, meritíssimo e “doutoríssimo” magistrado. Os desprovidos da “divindade”, digo, do direito ao elevador privativo que aguardassem sua vez no elevador ao lado. Afinal de contas, o elevador é exclusivo, ora bolas caçarolas... Dura lex sed lex[1]... e ponto final. Trata-se da versão trabalhista da expressão “faça o que eu digo, não o que eu faço”.

- “Espere um minuto, caro Tom! Por que você não inclui o STF em suas críticas”, indagou-me outro personagem, ou seja, um leitor fictício (talvez o meu próprio alter ego).

De fato, se levarmos a ficção trabalhista que acabo de criar para a cúpula do Poder Judiciário, estou seguro que teratologias morais que envolvem a dissonância entre o discurso e a prática encontrariam guarida. Aliás, em recente programa no canal Terça Livre, onde tive a honra de conversar com os deputados Bia Kicis e Luiz Philippe de Orleans e Bragança, comentamos a necessidade da Lava Toga[2] (apoio a Lava Toga, apesar das polêmicas). Falta-nos mecanismos de expurgo dos tiranos de plantão. A velha questão de liberais clássicos e conservadores retorna com vigor: quem fiscaliza o fiscalizador? Neste contexto, resta-me destacar a importância do ativismo e vigília popular.

Sim, caros leitores, o preço da liberdade é a eterna vigilância. Devo ressaltar ainda, prezados amigos, que apensar do elevador privativo e das mordomias dos desembargadores serem uma realidade pública e notória, no caso específico dos juízes trabalhistas, a incoerência adquire requintes de bizarrice. Todavia, deixarei de lado meus jocosos personagens fictícios e enredos imaginários, a fim de adentrar numa questão um pouco mais profunda. 

Não é segredo meu gosto particular pelo empreendedorismo. Todavia, quando dialogo com amigos empreendedores, percebo uma resistência em investir em atividades geradoras de emprego em nosso abençoado solo brasileiro, justamente em razão das mazelas, insegurança jurídica e injustiças promovidas pela maioria dos magistrados trabalhistas. Dizem os empresários mais ajuizados: o Brasil não é sério e, se a Justiça fosse séria, não teríamos cunhado o bordão popular “de cabeça de juiz e bumbum de bebê, nunca se sabe o que virá”. Estariam meus amigos empreendedores equivocados?

Em sua esmagadora maioria, senão em sua totalidade, tais empreendedores e criadores de emprego afirmam que juízes e funcionários públicos em geral, salvo raras exceções, mantém uma tendência comunista, em especial os da Justiça do Trabalho. Esse senso comum entre os geradores de trabalho ceifa empregos e condena uma nação a permanecer muito abaixo de seu potencial.

Permitam-me um tom jocoso: a Justiça do Trabalho pratica o “empregocídio” todos os dias. Minha experiência no ramo jurídico e empresarial legitima o prudente temor dos empreendedores, pois muitos dos integrantes da chamada Justiça Especializada adoram fazer justiça social, mas sempre com o dinheiro dos outros. Essa é uma ação típica dos socialistas: “altruísmo meu, esforço seu”. Até quando ficaremos na ignorância e toleraremos esse atraso ético?

O mais interessante é que muitos cidadãos, paradoxalmente, aplaudem leis ceifadoras de seu próprio livre arbítrio e, assim que possível, fogem para nações que não tenham CLT[3]. Aliás, nossa legislação trabalhista foi imposta pelo ditador Getúlio Vargas e inspirada no paternalismo fascista[4]-[5]. Você sabia disso? Os rubros “inteligentinhos” (expressão cunhada pelo filósofo Luiz Felipe Pondé) ignoram a conexão lógica entre prosperidade e liberdade. Brasileiros, cubanos, venezuelanos e tiranizados de todo
o planeta, qualificados ou não, sonham em trabalhar na terra do suposto “opressor e malvado” Tio Sam. Se partíssemos da etimologia do termo esquizofrenia (mente dividida), trabalhadores ludibriados, legisladores incoerentes e magistrados justiceiros intrigariam desde Freud até os moderninhos psicólogos humanistas.

Eis aqui a citada esquizofrenia moral. Esquecemos o “dar a cada um o que lhes pertence” e partimos para o radical estilo Robin Hood. A capacidade e a coragem de assumirmos riscos e responsabilidades não é prestigiada. Na verdade, a situação é bem pior que isso: cavamos masmorras para o saudável lucro e enaltecemos o “coitadismo” e o prejuízo daqueles que chafurdam na irresponsabilidade, na indolência e na incompetência. Afinal, “a culpa é da sociedade”, dizem os tíbios fujões do protagonismo existencial.

Confidenciarei um curioso caso que tive a oportunidade de observar. Um cidadão que conheço, de nítida ideologia canhota, defendeu os “valores” rubros durante toda sua vida. Por um golpe de sorte (e também por sua competência e mérito pessoal), ele iniciou uma atividade empreendedora e vendeu sua empresa por um ótimo preço. Adivinhem qual o país comunista que ele escolheu para abrigar seu capital?

Acertou o leitor que pensou no termo “nenhum”. Pois é, queridos leitores, o dinheiro desse meu amigo foi parar mesmo nos Estados Unidos da América. Qual a língua estrangeira estudada por ele? O inglês. Qual país que ele fez intercâmbios culturais? Adivinhem vocês mesmos. Chocados? Eu fiquei. Esse mesmo cidadão confidenciou-me que visitou o túmulo de Marx, ocasião que “expropriou” (termo usado por ele) as flores da cripta ao lado e prestou suas homenagens ao seu ídolo. Sintomático.

Pois bem, a lógica nunca foi o forte desses nossos imaturos irmãozinhos marxistas, não é mesmo? Esclareço que advogo a liberdade plena do trabalhador, jamais a troca de uma escravidão por outra, onde sai a tirania da concentração de capital e entra o despotismo do poder político monopolista. Enfim, troca-se a mão do carrasco, mas o açoite continua o mesmo.

O maior agente libertador do trabalhador é um mercado de trabalho pujante e ativo, com uma abundante oferta de trabalho (oferta e procura). A liberdade jamais virá da centralização artificial de poder político ou econômico, mas sim do mérito de cada um de nós. Solidariedade? Claro que sim! Lembremo-nos, todavia, que o altruísmo solidário deve sair do nosso próprio bolso, jamais da carteira do vizinho.

Não posso negar que esse nefasto paternalismo getuliano[6] foi confessado até mesmo por alguns magistrados de carne e osso[7]-[8], noticiados em revistas[9] e incontáveis artigos técnicos[10]-[11]. Derradeiramente, sobre o fictício e justiceiro magistrado trabalhista, com seu opressor Audi e estilo Robin Hood, informo que o personagem é imaginário, mas inspirado em fatos reais. arte imita a vida ou a vida que imita a arte?
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[1] A lei é dura, mas é a lei.
[2] https://www.youtube.com/watch?v=hkssNubKH0g
[3] Consolidação das Leis do Trabalho: complexo de leis trabalhistas brasileiras.
[4] https://www.gazetadopovo.com.br/rodrigoconstantino/artigos/entenda-por-que-clt-e-fascista-apesar-desindicatos-de-esquerda-acusarem-os-liberais-de-fascistas/
[5] https://www.institutoliberal.org.br/blog/por-que-opaternalismo-trabalhista-e-pessimo-para-o-brasil/
[6] Referente ao ditador brasileiro Getúlio Vargas.
[7] https://www.conjur.com.br/2016-fev-29/justica-trabalhopaternalista-presidente-tst
[8] https://www.gazetadopovo.com.br/ideias/estudo-mostra-quejustica-do-trabalho-quase-sempre-decide-contra-empregadores/
[9] https://exame.abril.com.br/revista-exame/o-juiz-robin-hoodm0136646/
[10] https://www.institutoliberal.org.br/blog/por-que-opaternalismo-trabalhista-e-pessimo-para-o-brasil/
[11] https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,justicatrabalhista-e-intervencionista-diz-ives-gandra,70001661728

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OPINIÃO (25/01/2022)



👆 As aflições dos invejosos!
(por Luiz Carlos Nemetz)


Olavo de Carvalho nos deixou hoje.

Viveu e construiu uma obra que será avaliada, julgada e reverenciada pela história.

Um homem de coragem.

Um pensador raro, com um brilho excepcional.

Usava a franqueza por vezes percebida como acidez agressiva, como forma de defesa contra ataques sistemáticos que recebia, sempre tentando desqualificar seu intelecto brilhante.

Por detrás deste aparente ranzinza estava um homem doce, com valores simples, até certo ponto frágil e com uma capacidade extraordinária de ler a vida e reportá-la em ideias.

Pensador que viveu a fé e das próprias convicções e as compartilhou generosamente pelos textos e pelos exemplos com seus milhares de alunos e discípulos.

Enfrentou o mundo acadêmico munido de uma única arma: seu corpo franzino, uma vida franciscana em exílio quase monástico.

Nunca um pensador brasileiro foi tão perseguido pela "academia" - em sua singificativa composição, integrada por gente arrogantemente formada com títulos que não tem sintonia com o saber, mas com a vaidade das cártulas obtidas por vezes no "recorta" e "cola", quando não com objetivo de somar horinhas de engordar aposentadorias e sem nenhum compromisso com produção de ciência.

É claro que não são todos, mas a academia brasileira enfrentou com Olavo uma quebra de paradigmas.

Ele mostrou - produziu e consagrou - uma nova tese: o saber não tem donos e a generalidade não é monopólio dos pseudo intelectuais arrogantes, soberbos, preconceituosos, vaidosos e egoistas.

E o que corroeu seus desafetos foi e seguirá sendo a sua coerência estética, ética e lógica.

E mais que isso, seu sucesso! Inteligência, cultura, genialidade.

Munido de si mesmo, com um certo deboche que só os gênios sabem manejar para angariar atenção, criou uma escola com milhares de discípulos no Brasil e no mundo.

Jamais em nossa história um filósofo teve tanto impacto e cativou tantos no seu tempo.

É isso o fenômeno!

Nunca fui seu aluno. Mas li suas obras. E tive a imensa honra de ter artigos e vídeos meus compartilhados por ele.

Tamanho é o ódio, o ciúme e a inveja que lhe devotaram seus desafetos gratuitos, que outro dia o citei para um intelectual desses de araque, cheio de medalhas e lauréis de honras aos méritos que nunca teve, sobre seus livros.

O idiota me respondeu que não perderia tempo lendo Olavo, pois não acreditava em autodidatas!

Fui procurar saber mais sobre esse néscio e encontrei um teórico do nada, tituladíssimo em merda nenhuma.

Olavo de Carvalho deixou uma vasta obra.

Como filósofo será lembrado, estudado, citado e reverenciado por gerações.

Morre o homem, nasce o mito!

O liberal conservador foi o homem brilhante que inverteu a ordem.

Com um beijo calou e transformou em sapos e mandou para o brejo um batalhão de pensadores que nunca pensaram, mas que se julgavam príncipes!

Só para indicar: Olavo, sempre presente!

Aos milhares e aos borbotões!

Gratidão, Mestre!

Descansa em paz!

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REVISTA ESMERIL - 25/12/2021 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


ESMERIL NEWS | CULTURA



👆 Filósofos autênticos não morrem



(por Bruna Torlay)


Esta manhã, antes mesmo de levantar, recebi a notícia de que o filósofo Olavo de Carvalho falecera. Pouco crível. Na verdade, estranhamente inverossímil. O homem de carne e osso que deixa a esposa, 8 filhos e 18 netos pode até ter se livrado de seu breve itinerário no tempo; mas desde quando filósofos autênticos realmente se vão? Jamais. Daí a rapidez com que tanta gente repetiu, num gesto imediato e espontâneo, que Olavo não morre; mas fica para sempre.

Olavo de Carvalho deixa um sem número de herdeiros. Provavelmente desconhecia a maior parte dessas pessoas. Por seus herdeiros, refiro-me àqueles que entenderam a indignidade de se comportar como homens de geleia. Gente que venceu a apatia, a estupidez e passou a tentar pensar um pouquinho melhor, desde que foi introduzido a alguns clarões do universo intelectual de dimensões infinitas do professor.

Personalidades intelectuais, gente que ama o conhecimento, souberam admirá-lo, quando tentaram compreendê-lo um pouco. Mas não era preciso ter vasta cultura para captar a grande lição ministrada pelo filósofo com seu feroz, memorável e inimitável poder de comunicação: ‘você não é obrigado a ser um idiota; se o faz, é por livre e espontânea vontade, e cá estou eu a dizê-lo sem cerimônia, fazendo assim justiça à lição de Cristo, que implica, na prática, em ter a decência de não deixar de estender a mão ao próximo, quando temos a possibilidade e capacidade de fazê-lo’.

É este o motivo por que tanta gente aderiu ao luto na data de hoje, tentando registrar em palavras como e em que medida a ampla generosidade de Olavo de Carvalho o alcançou. Evidentemente, os difusores de sombras espalham as banalidades costumeiras, que tendem a ser esquecidas com a rapidez semelhante com que os pobres de espírito afundam no mar morto do inferno. Não o dos penitentes, mas aquele que perfaz a essência das consciências desprovidas de direção.

Quem conhece o amor reconhece, na trajetória do filósofo, os sinais de sua incansável vitalidade no mundo. Falando aos muitos como um pescador, Olavo fez da palavra, a poderosa e eterna presença de Deus no mundo dos homens, uma vara de almas penadas perdidas no abismo do auto-esquecimento. E muitas conseguiu resgatar.

Não fez pouco no mundo porque tudo o que fez, o fez pelos homens. E cada um sabe — ou virá a saber, no dia em que vier a conhecê-lo.

Em abril de 2020, esta Revista Esmeril publicou um Tributo a Olavo de Carvalho. De hoje por diante, a edição ficará aberta a não-assinantes. Diante do valor de seu legado, aposto sem medo cada um de meus dedos que o tempo fará justiça ao homem que, em vida, corajosamente lidou com difamações mesquinhas, sabendo certamente que elas voltariam ao pó, quando sua alma retornasse à cidade de Deus.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2021

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Brasil Sem Medo - 25 de Dezembro





DIÁRIO DE UM CRONISTA

👆O homem que salvou a minha vida
(por Paulo Briguet)

Homenagem ao meu amigo e mestre Olavo de Carvalho, testemunha solitária da realidade
Em 2017, depois de fazer uma palestra em Harvard, Olavo de Carvalho foi jantar com familiares e amigos em um pequeno restaurante de frutos do mar, no mercado central de Boston. Lá foram atendidos por um velhinho grego que era, ao mesmo tempo, dono e garçom da casa. Como uma equipe de TV pediu para fazer uma entrevista com Olavo no local, o proprietário do restaurante percebeu que se tratava de uma pessoa “famosa”.

Depois da entrevista, o velhinho grego se aproximou de Olavo e, com muita discrição, perguntou em inglês quem ele era. Olavo respondeu com a habitual gentileza e convidou o proprietário a sentar-se. O rosto do homem se encheu de surpresa:

― Olavo de Carvalho, o filósofo?

― Sim, sou eu mesmo.

Então o velhinho começou a chorar.

Na juventude, o velhinho havia estudado filosofia. Tempos atrás, ele recebera pela internet um artigo sobre religião, traduzido para o inglês, e havia dado para o filho ler. Após a leitura do texto, o moço decidiu voltar à Igreja, da qual estava afastado por muito tempo. O dono do restaurante fizera questão de guardar o nome daquele autor que tanto bem fizera ao seu filho: era Olavo de Carvalho, “brazilian philosopher and writer”. E agora o homem estava ali, diante dele.

 

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Nos anos 70, meu pai me levava todos os finais de semana para a AABB, um clube de campo localizado na Estrada de Itapecerica da Serra, em São Paulo. Um dos meus passatempos preferidos nestes dias ― eu devia ter o quê? oito, nove anos? ― era ir até a pequena biblioteca do clube. Ali um livro grossíssimo me chamava a atenção com seu nome misterioso: “A Divina Comédia”. Mas nunca tive coragem de abri-lo. Como tinha um grande interesse por assuntos astronômicos e sobrenaturais, preferia ler a coleção da Revista Planeta. Foi assim, ainda na infância, que tive meu primeiro contato com os escritos de um homem chamado Olavo de Carvalho. E os textos, já naquela época, eram fascinantes aos olhos de um menino. É a primeira vez que conto essa história.

 

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No final dos anos 90, eu era um homem completamente perdido. Ateu, comunista, mulherengo, bêbado, trabalhava como editor de primeira página em um jornal diário e diretor do Sindicato dos Jornalistas de Londrina. Dentro de mim carregava um ódio intenso por todos aqueles que se opunham às minhas ideias políticas. Sonhava com uma revolução em que todos os inimigos da humanidade seriam destruídos sem compaixão. Fiel a essa loucura, cheguei a atacar e caluniar um amigo querido, um poeta a quem muito admirava, por razões políticas, e o remorso por esse crime frequentava meus pesadelos. As únicas coisas que ainda faziam sentido em minha vida eram o amor pela família e a literatura.

Minha rotina era mais ou menos assim: eu entrava no jornal às cinco da tarde, fechava a edição por volta da onze e passava a madrugada em bares. De manhã, moído de ressaca, ia para a sede do sindicato, onde almoçava e esperava o horário de entrar no jornal. Nos finais de semana, acordava meio-dia e ia beber em um bar das redondezas, de onde saía para outros bares até perder a consciência e voltar para casa graças à bondade de amigos ou estranhos.

Numa certa noite de sexta-feira, entrei no bar e deparei com uma cena insólita. Um homem dormia na mesa, diante de uma porção de batatas fritas decorada por uma folha de alface e de um copo de chope totalmente cheio. Dormia com a boca aberta e os olhos semifechados. Tinha as mãos cruzadas sobre o peito, como um cadáver. Aquele homem era eu.

Na manhã seguinte, acordei ao meio-dia, numa ressaca terrível, peguei uma revista que havia comprado no dia anterior e fui para o bar perto da minha casa. Abri a revista na página do artigo “Sem testemunhas”, assinado por Olavo de Carvalho. Ele contava uma história sobre a infância do escritor, músico e teólogo Albert Schweitzer. Em seu livro de memórias, Schweitzer lembra de um episódio quando estava com três anos de idade: picado por uma abelha, o menino começou a chorar e foi acudido por familiares e vizinhos. Em certo instante, o pequeno Albert percebeu que já não estava sentindo dor, mas continuava chorando só para continuar atraindo a atenção das pessoas. Olavo diz:

“Ao relatar o caso, Schweitzer era um septuagenário. Tinha atrás de si uma vida realizada, uma grande vida de artista, de médico, de filósofo, de alma cristã devotada ao socorro dos pobres e doentes. Mas ainda sentia a vergonha dessa primeira trapaça. Esse sentimento atravessara os anos, no fundo da memória, dando-lhe repuxões na consciência a cada nova tentação de auto-engano.

Notem que, em volta, ninguém tinha percebido nada. Só o menino Schweitzer soube da sua vergonha, só ele teve de prestar contas de seu ato ante sua consciência e seu Deus. Estou persuadido de que as vivências desse tipo – os atos sem testemunha, como costumo chamá-los – são a única base possível sobre a qual um homem pode desenvolver uma consciência moral autêntica, rigorosa e autônoma. Só aquele que, na solidão, sabe ser rigoroso e justo consigo mesmo – e contra si mesmo – é capaz de julgar os outros com justiça, em vez de se deixar levar pelos gritos da multidão, pelos estereótipos da propaganda, pelo interesse próprio disfarçado em belos pretextos morais”.

Aquelas palavras caíram sobre mim com a força de uma tempestade ― e creio que essa tempestade não passou até hoje. Aos 30 anos de idade, corroído pelo vício e devastado pelo ódio, eu descobri que toda a minha vida era uma grande farsa, uma negação peremptória da realidade. Apoiando-se em ilusões criminosas, a minha alma estava sendo sugada pela mentira. Eu era um escravo e meu senhor era o Gênio Maligno de Descartes, aquele que nega a existência ontológica da verdade.

Na semana seguinte, passei todas as manhãs e tardes lendo os artigos de Olavo de Carvalho. Lia-os escondido, no velho computador Pentium do Sindicato dos Jornalistas. Se um de meus companheiros me flagrasse lendo aquilo, eu provavelmente seria expulso da entidade e me tornaria persona non grata.

Naquela semana, também escondido, fui até uma pequena livraria que não existe mais ― chamada “A Rosa do Povo”, vejam que ironia ― e comprei “O Jardim das Aflições”, na velha edição da Diadorim. E li com espanto a descrição da noite extática em que Olavo escreveu as primeiras cem páginas de sua obra-prima.

Minha vida e minha morte nunca mais seriam as mesmas.

 

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Cerca de 15 anos depois, eu conheci pessoalmente Olavo de Carvalho. Em junho de 2013, estive com ele em Richmond, no 1º Encontro de Escritores na Virgínia. Naquela ocasião, e em várias outras, eu pude agradecer por todo bem que ele e sua obra me fizeram. Acredito sinceramente que, não fosse o Olavo, eu não estaria vivo hoje; na melhor das hipóteses, seria um desses mortos-vivos que encontramos todos os dias na vida brasileira. Graças ao Olavo, eu voltei para a Igreja, confessei e confesso os meus pecados, compreendi a importância da vida intelectual, aprendi que o amor ao próximo (base da vida social) e o amor à verdade (base da vida intelectual) estão inextricavelmente ligados, busco todos os momentos realizar a unidade do conhecimento na unidade da consciência e estou convicto de que o perdão é a lei estrutural do universo.

Olavo recebeu os sacramentos antes de partir. Tenho certeza de que Deus o deixou entrar no Céu, não pela porta de trás, como ele costumava brincar, mas pela entrada dos sábios e dos mártires. Em seu livro “O Futuro do Pensamento Brasileiro”, ele homenageia as quatro grandes fontes da qual emana a inteligência brasileira sob a perspectiva universal: Gilberto Freyre, Miguel Reale, Otto Maria Carpeaux e Mário Ferreira dos Santos. Olavo passa a ser o quinto elemento dessa plêiade.

Obrigado, Olavo, por salvar a minha vida ― e a vida do Brasil.

― Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

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Allan dos Santos
 - 21 de Janeiro




CENSURA / COMUNISMO




👆 O controle chinês na mídia: o comunismo vive
(21/01/2022)

(TdL: primeiramente, assista o vídeo abaixo clicando na imagem; irá contextualizar o texto seguinte do Allan. O vídeo também se encontra anexo na matéria do site dele:)

Desinformação, censura e propaganda são pilares da estratégia do Partido Comunista Chinês. O secretário-geral do PCCh, Xi Jinping, adicionou um tempero especial a essas características e confiou ainda mais nelas para promover seus objetivos. Recentemente, a resposta do Partido Comunista Chinês à pandemia do COVID-19 nos mostra que desinformação, censura e propaganda são “características” e não “falhas” do sistema de governo do PCCh. A guerra contra a verdade é o pilar central da estratégia de sobrevivência do PCCh.

A burocracia

Em fevereiro de 2016, em uma turnê pelos meios de comunicação chineses, Xi anunciou que “todo o trabalho da mídia do partido deve refletir a vontade do partido, salvaguardar a autoridade do partido e salvaguardar a unidade do partido”. O trabalho da mídia chinesa não é informar o público e buscar a verdade. Em vez disso, é “reportar” histórias favoráveis ​​a Xi e ao partido, enquanto censura aquelas que não lhes são submissos.

O PCCh construiu um aparato maciço de propaganda e censura: considera a verdade perigosa demais. Não quer que seus cidadãos saibam a extensão de sua corrupção, sua repressão, sua má gestão da economia e de crises como o vírus atual, a gripe aviária em 1997 e a SARS em 2003.

A amostra abaixo de algumas organizações encarregadas pela censura e propaganda sugerem quão proeminente esses esforços ocupam na política externa e doméstica da China:

  1. A Administração Geral de Imprensa e Publicação (AGIP) – AGIP elabora e aplica regulamentos de contenção;

  2. Administração Estatal de Rádio, Cinema e Televisão (AERCT) – AERCT controla o conteúdo de rádio, cinema e TV exibido na China;

  3. Ministério da Indústria da Informação (MII) – O MII regula as telecomunicações chinesas, indústrias de software e serviços relacionados à Internet;

  4. Gabinete de Informação do Conselho de Estado (GICE) – O GICE promove a mídia chinesa para uma audiência internacional e também é responsável por restringir as notícias que são postadas na Internet;

  5. Departamento Central de Propaganda (DCP) – O DCP é o órgão do Partido que trabalha com o AGIP e o AERCT para monitorar o conteúdo;

  6. Ministério da Segurança Pública (MPS) – O MPS monitora e filtra a Internet e pune e detém quem se manifesta;

  7. Administração Geral das Alfândegas – A Alfândega coleta livros, vídeos e outras informações que a China não deseja dentro de suas fronteiras;

  8. Secretaria Estadual de Sigilo (SES) – SES impõe leis de sigilo governamental, que são frequentemente usadas para punir indivíduos que escrevem conteúdo indesejável.

‘Controlando’ a Internet

Existem dois grandes programas de censura na Internet: o programa “Great Firewall” e o programa “Golden Shield”. Ambos censuram rapidamente o conteúdo da internet produzido na República Popular da China (RPC), sites na internet e “soberania de dados”, a ideia de que os dados estão sujeitos às leis do país onde foram coletados.

A RPC propôs às Nações Unidas um Código Internacional de Conduta sobre Segurança da Informação (com o apoio da Rússia) que colocaria os governos dos países no controle da Internet. Essas mudanças não apenas aumentariam significativamente a eficácia do controle da RPC da Internet, mas também mudariam as regras internacionais que o regem.

PCCh e a mídia

A mídia chinesa retrata críticas específicas que o Ocidente fez contra a China, como questões de direitos humanos, como sendo “anti-China”, como se uma história sobre os abusos dos direitos humanos do partido fosse uma afronta a todo o povo chinês. Recentemente, a máquina de propaganda chinesa começou a manipular a opinião publica ocidental chamando qualquer crítica às ações do governo chinês de “racista” contra todos os chineses. O objetivo é claro: desviar o assunto e acabar com essas críticas.

A mídia chinesa há muito tempo deturpa deliberadamente os eventos para atacar os inimigos do PCCh. Por exemplo, durante o Revezamento da Tocha Olímpica de 2008, a CCTV descreveu todos os manifestantes no Ocidente como “separatistas tibetanos e membros de outros grupos anti-China” que “atacaram repetidamente” os portadores da tocha. Isso não era verdade. Quase todos esses protestos foram pacíficos e juntaram-se muitos grupos étnicos diferentes nos Estados Unidos e em outros países. A causa da liberdade religiosa e cultural no Tibete há muito é defendida no Ocidente.

Mais recentemente, a China acusou os Estados Unidos de “intenções sinistras” depois que o Congresso aprovou a Lei de Direitos Humanos e Democracia de Hong Kong de 2019. A agência de notícias estatal Xinhua publicou uma declaração do Escritório de Ligação de Hong Kong acusando Washington de apoiar a violência e a instabilidade, algo similar às falas de Barroso e Alexandre de Moraes. A verdade é que o Congresso americano se preocupa com os direitos fundamentais dos habitantes de Hong Kong e com o cumprimento de suas obrigações pelo PCCh. O PCCh quer que seu povo e grupos-alvo em todo o mundo pensem que Hong Kong (como Taiwan) é simplesmente uma questão interna chinesa e que a América age de forma imperialista e com um viés anti-chinês implacável.

O governo chinês monitora, assedia e proíbe jornalistas ocidentais que publicam conteúdo retratando a China sob uma luz “negativa”.  Exemplos incluem:

  1.  A China expulsou três repórteres do Wall Street Journal do país depois que o jornal publicou um Op-Ed (Uma op-ed, abreviação de "oposto à página editorial" ou como sigla "página de opiniões e editoriais", é uma peça em prosa escrita, normalmente publicada por um jornal ou revista norte-americana, que expressa a opinião de um autor geralmente não afiliado ao conselho editorial da publicação) sobre a China que falava a verdade sobre os riscos que o sistema de governo da China representa para o mundo;

  2. A China bloqueou o acesso ao site do The New York Times depois que o The Times publicou um artigo sobre a riqueza da família do oficial do partido Wen Jiabao em 2012;

  3. A Bloomberg News autocensurou uma reportagem investigativa sobre a riqueza das famílias “Princeling” para proteger seus jornalistas (ou seus resultados financeiros); e

  4. A prisão de Jimmy Lai, fundador do Apple Daily e magnata da mídia de Hong Kong, ostensivamente por participar de uma assembléia ilegal durante os protestos antigovernamentais de 2017. Isso pretendia silenciá-lo (ele também havia acabado de escrever um editorial crítico no The Wall Street Journal) e seu próprio jornal, além de puni-lo por apoiar movimentos pró-democracia.

O PCCh sempre usou o acesso à China como um ponto-chave de alavancagem para moldar as percepções. Durante anos antes dessas prisões, a China colocaria acadêmicos e analistas na lista negra de entrar no país se fossem considerados “anti-China”. O PCCh também usa a intimidação física para impor a censura. Cinquenta e sete por cento dos entrevistados de uma pesquisa do Clube de Correspondentes Estrangeiros da China relataram alguma forma de interferência, assédio ou violência ao tentar denunciar na China, e oito por cento relataram maus-tratos ou uso de força física. Vinte e seis por cento dos entrevistados relataram que funcionários do governo chinês assediaram, detiveram, questionaram ou puniram suas fontes.

Indo atrás da cultura popular americana

A China não apenas visa jornalistas e meios de comunicação em seu território, mas o regime também começou a influenciar a cultura pop no exterior. Pequim sabe que seu povo tem grande admiração pelos esportes americanos e ícones da cultura pop.  Portanto, acredita que deve controlar com extrema intensidade o que tais números podem dizer.  Dois exemplos destacam o nível de interferência chinesa: Basquetebol e Hollywood.

O caso da National Basketball Association (NBA) na China usa seu poder de mercado para fazer os americanos restringirem a liberdade de expressão dos atletas. Tudo começou quando o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, tuitou uma imagem que dizia: “Lute pela liberdade, fique com Hong Kong”. Isso foi durante as manifestações de Hong Kong sobre seus direitos humanos básicos.

A resposta chinesa foi rápida e furiosa: a gigante chinesa de tecnologia Tencent e a emissora estatal CCTV suspenderam as transmissões dos jogos dos Rockets, enquanto outros patrocinadores suspenderam as relações com a equipe. O proprietário dos Rockets, Tilman Fertitta, repreendeu publicamente seu gerente geral. O All-Star James Harden pediu desculpas pelo tuíte de Morey. A NBA divulgou um comunicado em mandarim expressando decepção com Morey.

Como muitas empresas americanas, a NBA está ganhando bilhões de dólares no mercado chinês, em audiência, direitos de propriedade digital, merchandising e patrocínio de atletas. Com certeza, os chineses não têm poder absoluto em disputas como essa. O povo chinês adora o “produto”, assim como muitos produtos americanos, e o aparato de censura chinês acabou recuando. Mas ainda assim o episódio mostra a extensão dos esforços de censura do PCCh fora da China. De fato, a atração do mercado chinês é a arma mais poderosa que os chineses têm em sua luta para evitar qualquer crítica às práticas e abusos do regime. O sinal foi feito e é muito improvável que as estrelas ou a administração da NBA critiquem a China no futuro.

A censura chinesa também atingiu o coração do entretenimento americano em Hollywood.  Os americanos provavelmente notaram a ausência de vilões chineses ou “bandidos” nos filmes americanos. Nenhum outro país, incluindo o nosso, é poupado de retratos negativos no cinema ou na televisão. Desde que a China concordou em abrir seu mercado para filmes estrangeiros em 2012, Hollywood teve que fazer concessões a seus censores chineses. Produtores e diretores devem se coordenar com o governo chinês ou perderão o acesso ao mercado chinês. Filmes com personagens chineses mal retratados, como o “Cavaleiro das Trevas”, de Christopher Nolan, nem são enviados para aprovação na China.

Como a escritora Martha Bayles relatou, a China acredita que os filmes também são uma ferramenta do Estado e seu conteúdo deve se alinhar com a ideologia do PCCh. O próximo Top Gun: Maverick – “uma sequência financiada em parte pela empresa chinesa Tencent – ​​omitiu as bandeiras japonesas e taiwanesas da jaqueta de Tom Cruise”.

De acordo com Bayles, além das muitas organizações de censura e propaganda mencionadas acima, os filmes agora também precisam passar pela Comissão Estadual de Assuntos Étnicos, Ministério da Segurança Pública, Secretaria Estadual de Assuntos Religiosos, Ministério da Educação, Ministério  da Justiça, o Ministério das Relações Exteriores e inúmeras outras entidades burocráticas.

A China também começou a fazer sucessos de bilheteria para seu mercado interno. Filmes feitos para o mercado chinês são assertivos em seu retrato da China como corajosa e justa, enquanto retratam os EUA como um país fraco e decadente (o que pode ser visto no filme Shan-Chi e a Lenda dos Dez Anéis).

A cultura pop dos Estados Unidos é uma de suas vantagens competitivas, desfrutada por bilhões de pessoas em todo o mundo. Quando as populações reprimidas realmente começam a perguntar por que os Estados Unidos são tão dominantes no entretenimento, eles descobrem que a resposta é sua liberdade – seu mercado livre, sua cultura inovadora e criativa. Se a China puder cooptar e silenciar ícones culturais, as pessoas perderão a fé no poder dessas ideias.

Desinformação Estrangeira

Um esforço fundamental da grande estratégia chinesa é romper as alianças dos EUA. A mídia estatal chinesa ataca consistentemente os aliados americanos como sendo economicamente dependentes dos Estados Unidos e destaca a fragilidade nas relações. O Japão é um alvo frequente. O China Daily também descreveu a Grã-Bretanha como "a favor" dos Estados Unidos porque não tem escolha depois de deixar a União Europeia. Outros temas incluem a perda de soberania para a América e a dependência econômica dos Estados Unidos. Esses temas surgem em artigos em chinês e inglês e Op-Eds em meios de comunicação como China.com, Xinhua, China Daily e Global Times, e são compartilhados nas mídias sociais.

Pandemia do covid-19

Sabemos que o COVID-19 é muito mais difundido do que seria como resultado da censura da China. Sabemos que Li Wenliang, Xu Zhangrun, Chen Qiushi, Fang Bin e inúmeros outros médicos, jornalistas e ativistas que falaram e tentaram dizer a verdade sobre o vírus e a resposta inepta foram silenciados, presos e intimidados.

O PCCh também tentou censurar pesquisas iniciais sobre o vírus. Em 1º de janeiro, depois que os laboratórios devolveram os primeiros lotes de resultados da sequência do genoma às autoridades de saúde, a Comissão de Saúde da Província de Hubei ordenou que pelo menos uma empresa interrompesse os testes, parasse de liberar os resultados dos testes e destruísse as amostras existentes do coronavírus. Dois dias depois, a Comissão Nacional de Saúde da China ordenou que todas as instituições parassem de publicar sobre o novo coronavírus e ordenou que as amostras de coronavírus fossem transferidas para laboratórios designados ou destruídas. O laboratório que primeiro sequenciou o genoma do COVID-19 foi fechado para “retificação” em 12 de janeiro, um dia após a equipe publicar seus resultados de sequência do genoma em plataformas abertas.

Finalmente, as autoridades continuam com sua prática habitual de encerrar qualquer crítica ou retrato negativo do governo. Os censores fecharam grupos do WeChat e o debate nas redes sociais, puniram indivíduos e removeram artigos que retratavam a resposta do governo de maneira negativa. O governo chinês censurou Fang Fang, uma escritora premiada com sede em Wuhan, que escreveu no blog um relato diário de sua experiência durante o bloqueio. Seus escritos descreviam paisagens desertas, superlotação de hospitais, escassez e incompetência do governo chinês. A imprensa estatal criticou seu diário como “tendencioso e apenas expõe o lado sombrio de Wuhan”.

O PCC não apenas silenciou a verdade, mas também empurrou narrativas falsas sobre uma epidemia de gripe originada nos Estados Unidos, criticou os Estados Unidos por “[criar] caos e [espalhar] medo com restrições de viagem” e mentiu sobre a construção de hospitais. Zhao Lijian, porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, promoveu uma teoria da conspiração de que o Exército dos EUA trouxe o coronavírus para Wuhan. Os Estados Unidos não foram o único país que o PCCh falsamente acusou de iniciar o vírus.  Uma postagem no Weibo alegando que o coronavírus estava na Itália no final de novembro, antes do surto em Wuhan, se tornou viral e atingiu mais de 490 milhões de visualizações em 24 de março. A intenção dessa desinformação não era necessariamente fazer as pessoas acreditarem em uma história específica, mas para semear a discórdia geral em torno das discussões sobre as origens do vírus. Isso indica uma sofisticação crescente nas técnicas de desinformação do PCCh.

O que fazer?

As abordagens estratégicas para o uso em massa de censura, propaganda e desinformação pela China podem ser divididas em duas categorias: o direcionamento da China para seu próprio povo e os esforços externos da China. Existem medidas ofensivas e defensivas que podemos tomar. Lembre-se, o PCCh depende de mentiras para permanecer no poder.

Primeiro, os Estados Unidos devem aumentar substancialmente seus próprios esforços em língua chinesa (já temos as instituições de transmissão) para dizer a verdade ao povo chinês sobre como eles são governados. A verdade deve ser revelada sobre a saúde pública, meio ambiente, corrupção e injustiça. Os EUA e os países aliados devem se colocar ao lado do povo chinês e ajudá-lo a descobrir a verdade que pode melhorar suas vidas. Obviamente, o regime ditatorial de Xi tentará bloquear todos esses esforços. Mas as campanhas multimídia em chinês chegam à China. A censura é um jogo de gato e rato, e o regime precisa gastar recursos cada vez maiores para impedir que seu povo aprenda a verdade. Quando a Agência de Informação dos Estados Unidos (USIA) operava, havia planos de carreira para aqueles que queriam ser “oficiais de informação” ou mesmo “guerreiros da informação”. Os EUA precisam disso novamente.

O Centro de Engajamento Global (GEC) do Departamento de Estado americano pode preencher essa lacuna se devidamente financiado e equipado com pessoas fluentes em mandarim. Tais esforços devem contar a história da América em chinês. A diplomacia pública, juntamente com campanhas multimídia, deve explicar e persuadir – precisamos contar a história de por que os americanos apoiam os valores democráticos básicos em Hong Kong e Taiwan e como faríamos isso na China também. Não precisamos ser defensivos em relação à nossa política externa.

Em segundo lugar, devemos aprovar uma legislação proposta que permita aos Estados Unidos fazer um trabalho melhor ao destacar a origem dos anúncios políticos, principalmente de fontes estrangeiras. Também devemos divulgar a origem do conteúdo de mídias sociais e outras de países que consideramos rivais ou inimigos em nossos documentos de segurança nacional.

Terceiro, os EUA deve estabelecer um centro de excelência no combate à desinformação em Taiwan. Taipei enfrentou um ataque violento durante sua eleição passada. Muitos países, incluindo os EUA, podem aprender com isso. E Taiwan é um país de língua chinesa que sabe quais mensagens funcionam em chinês e na cultura chinesa.


Em quarto lugar, os líderes políticos podem fazer um trabalho melhor explicando a natureza dos abusos e censura chineses contra os direitos humanos. A pressão deve ser colocada sobre as figuras do entretenimento dos EUA e Europa para não que se curvam aos ditames do PCCh – eles provavelmente enfrentarão uma reação entre seguidores e clientes se o público estiver mais informado sobre os abusos da China.

Quinto, o governo americano e a Europa devem ser encorajado a acelerar e ampliar os esforços para designar as empresas de mídia controladas pela ditadura chinesa como agentes estrangeiros que precisam se registrar como tal e garantir que os “jornalistas” que trabalham para essas entidades não sejam credenciados como jornalistas. O Congresso americano poderia ajudar publicando e divulgando informações facilmente digeríveis sobre a censura em massa e o sistema de controle de mídia da China. As pessoas precisam saber exatamente de onde vem suas informações sobre a China e quem está pagando por elas.

Conclusão

Para o PCCh, a verdade é perigosa. O partido não pode permitir que seus cidadãos saibam que comete erros graves que levam à doença e à morte na China, que a liberdade e a democracia funcionam em Taiwan e no Ocidente, que os habitantes de Hong Kong exigem suas liberdades fundamentais, que os Estados Unidos são uma força para o bem do mundo.

Pequim não pode admitir falhas de governança, desde a má gestão dos surtos virais até uma economia em desaceleração acentuada. O PCCh tem lutado por legitimidade e uma razão de ser desde que começou a permitir que os mercados funcionassem (e, portanto, minou o maoísmo) e certamente desde sua violenta repressão aos manifestantes na Praça Tiananmen em 1989. Agora, ele coage seu povo a aceitar sua legitimidade e precisa se proteger em uma teia de mentiras. E, como o ditador Xi também estabeleceu metas geopolíticas lunáticas para seu país rejuvenescer e retornar ao seu lugar “de direito” como o Reino do Meio, a propaganda do PCCh tem como alvo os Estados Unidos. Ele o faz por sua influência sobre filmes em que os Estados Unidos são retratados como decadentes e em sua representação midiática dos Estados Unidos como gananciosos e autoritários.

Embora o PCCh tenha um vasto aparato para controlar as informações, sem dúvida sua ferramenta mais poderosa é o tamanho do seu mercado. A economia pode estar desacelerando, mas o mercado consumidor ainda é muito grande. O PCCh ameaçará as empresas de mídia e entretenimento dos EUA e Europa com perda de mercado e financiamento, se eles se desviarem da linha partidária do PCCh. É preciso quebrar e divulgar o máximo possível as entidades específicas que propagam a linha ideológica do PCCh e parar de tratar a “mídia” chinesa como qualquer coisa, menos agentes comunistas.

Por fim, urge que Europa e EUA ajudem países como Índia, África do Sul e Brasil para que o BRICS seja desfeito. Sem apoio financeiro e de livre comércio com esses países será impossível conter o balcão de negócios chinês nesses países. O comunismo está mais vivo do que nunca e não pode ser tratado como uma ideologia de direitos fundamentais ou luta pelos pobres e favorecidos. É preciso chamá-lo pelo nome e suas ações – agere sequitur esse (o agir segue o ser) – mostram para que serve: roubar, matar e destruir. Comunismo nunca mais.

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👆 ÚLTIMA PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO


(1947 - 2022)

ATÉ BREVE, GRANDE MESTRE!

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👆OPINIÃO DO AUTOR

"Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat."
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
14 de Janeiro de 2022


Esta é a história de um resgatado que escapou da caverna de Platão e não deseja mais voltar.

Eu estava cuidando da minha vida. Desiludido da existência, da espiritualidade, da política, e até mesmo de fazer qualquer coisa significativa, eu procurava escapar da realidade através da "comiseração" (assim eu pensava, apesar de desconhecer a palavra) da indústria do entretenimento. Em outra vida, isso me dava um "sentido". Passei a acompanhar a política achando que o sentido era lutar para se ter uma política melhor. Num passe de mágica, a gente elegia políticos melhores, e pum! A vida ia melhorar.

Muitos ainda são levados por essa estultícia. Bom, mas em 2015, mais ou menos, eu começava a prestar atenção em um nome que falavam por aí. Um certo Olavo de Carvalho. Mas, como eu não o conhecia nem nunca havia visto mais gordo, deixei para lá. Mas o nome foi se repetindo, se repetindo, na boca de diversas pessoas, durante muito tempo. E quanto mais eu escutava, mais curioso eu ficava. Então um belo dia, eu cansei de apenas ouvir o nome ou ouvir dizerem que "Olavo tem razão", e resolvi olhar mais de perto.

A primeira impressão que tive foi a de que era apenas um senhor idoso que eu me lembro de ter visto uma vez ou duas na televisão, anos atrás. O que encontrei na verdade, foi muito mais do que isso. De início, ele dizia coisas que eram absurdas demais para mim, coisas que eu não entendia, então voltei apenas a ouvir quem citava ele. Mas de tanto citarem ele, eu fui ouvindo mais este senhor. E como quem de repente gira uma chave e lhe revela o ouro de um baú achando a combinação correta, eu encontrei algo que não tenho como definir de outra forma: o tesouro do CONHECIMENTO.

Esse conhecimento não chegou a mim de imediato. Olavo era muito habilidoso para te fisgar, um verdadeiro pescador de homens! Ele me "pescou" através de seus palavrões, seu jeitão meio "Alborghetti" de falar. Eu achava o máximo, e comecei a prestar mais atenção quando ele falava de política e corrupção. E tudo que ele falava me fazia sentido! Meu Deus... ouvi-lo era como encontrar uma amizade verdadeira, daquelas que não se encontra todos os dias. E passei a ouvi-lo muito constantemente. E ficava cada vez mais maravilhado com ele! Ouvi-lo me entusiasmava! Me enchia de alegria! Me divertia, muitas vezes, pelo seu jeito debochado de falar!

Mas isso é apenas o topo do iceberg. Ouvi-lo fazia todo o sentido, porque o que ele falava fazia sentido. Era impossível ouvi-lo e não falar: "ele tem razão! O cara tem razão! É isso que tá acontecendo mesmo!" Olavo não fazia um teatrinho ou uma mágica para te encantar. Ele apenas falava o que via com os próprios olhos. Olavo foi capaz de me explicar em pouquíssimo tempo o que "professores" de faculdade ou do curso ginasial não foram minimamente capazes de explicar em anos! Sabe aquela pergunta que você fazia na escola e te davam uma resposta que você achava que entendia mas só te confundia mais? Olavo desconfundiu tudo! TUDO! Porque o que te falavam era a respostinha vinda da burrice programada da vida acadêmica. Ninguém dentro desse círculo consegue se libertar dessas amarras da ignorância. Olavo conseguiu e libertou outros.

Tudo que ele dizia fazia sentido. E não era somente porque era verdade, mas também porque haviam coisas que você SEMPRE PENSOU DAQUELA MANEIRA mas não sabia como falar ou explicar!

Quantas pessoas você ouvia falar por dia, e faziam você dizer "esse cara tem razão!" Poucas, acredito? Raras? Nenhuma? Comigo era assim, um dia eu estava ouvindo alguém e no dia seguinte, eu já não concordava com essa pessoa. Mas com Olavo isso não acontecia. E de tanto ele ter razão, eu comecei a seguir suas falas e palestras no YouTube. Um dia resolvi ir na livraria e comprar um livro dele, um volume grande de aproximadamente 600 páginas, chamado "O Mínimo Que Você Precisa Saber Para Não Ser Um Idiota". Comprei e o acomodei na minha estante de livros, achando que o leria quando acabasse as minhas ficções. Mas eu olhava para os livros na minha estante, e aquele "IDIOTA" na lombada escrito em letras garrafais me incomodava. Era como se o próprio autor estivesse me chamando de idiota. "Por que eu sou um idiota?", ficava pensando... "Deve ser figura de linguagem..." NÃO ERA!

Me vinha à mente aquela cena de "Loucademia de Polícia 5: Missão Miami Beach":

"Oi, idiota!"
"Quais são as novas, idiota?"
"Idiota!"
... "Idiota!"
... ... "IDIOTA!"

Eu era o capitão Harris com a palavra "DORK" escrita com protetor solar no peito, sem saber por que me chamavam de idiota! Aí eu cansei e abri o livro. Não queria me igualar ao quixotesco capitão Harris. O próximo romance de Stephen King teria que esperar.

Resolvi que leria os primeiros artigos, talvez a primeira seção do livro, e depois guardaria e pegaria numa outra oportunidade que certamente viria depois de muito tempo. Em apenas 4 meses eu devorei o livro! E depois de um semestre eu o devorei de novo. Não havia mais como esconder: eu era um IDIOTA, e não sabia. Olavo não enganava ninguém no seu livro. Era uma constatação baseada em FATOS. O brasileiro pensa que conhece, mas não conhece absolutamente nada. Não faz a menor ideia do que se passa nos bastidores do poder, e anda de forma estóica e fazendo pose quixotesca, sem saber por que estão lhe xingando. E caso você duvidasse de algo que estava lá no livro, haviam fontes e mais fontes de mais informação para você constatar. Mas a outra parte do título se mostrou também verdadeira: aquilo era o MÍNIMO! Havia um aprofundamento FILOSÓFICO. E eu me interessava por Filosofia. Só não sabia bem o que era. Idiota!

Perto de 2017 eu ouvi falar que Olavo tinha um curso de Filosofia online. Pensei "idioticamente" que a "base" de filosofia que eu havia tido na faculdade me faria ter sucesso no saber, e quanto mais eu via o que falavam no ambiente acadêmico, mais eu me distanciava dessa esperança. Durante os anos de 2017 e 2018 eu prometia a mim mesmo que entraria no COF, mas sempre adiava minha entrada. Quando eu finalmente perdi todos os meus amigos da faculdade, em final de Dezembro de 2019, ingressei no COF, e estou até hoje. A melhor coisa que alguém já fez por mim foi ter me chamado de idiota!

No começo, eu tive um certo medo de estar lá no meio. Eu era um zé-bunda, um zé-goiaba, um joão-ninguém. Ser aluno no mesmo curso que Allan dos Santos, Ítalo Lorenzon, Bernardo Küster, Paula Marisa, isso me assustava, porque eu não me via a altura de nenhuma dessas pessoas. Era, se minha memória não me trai, a 500ª aula do curso, em 28/12/2019. Olavo então apareceu, com seu atraso costumeiro de 15 minutos e disse "Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat." Eu achei que deveria responder, então respondi. Eis que o professor Olavo de Carvalho me impressionou mais ainda, se isso era possível. Foi uma hora inteira de tanto conhecimento, falando sobre o sistema educacional e a burrice programada pelo sistema, e pela primeira vez eu pude constatar que ele vivia por aquilo que ensinava. Olavo era sincero, ele falava os dados da mesma maneira que nos informava fora do curso, mas com muito mais aprofundamento e provando o que falava, citando autores, etc. Era uma biblioteca ambulante, viva! Dizia o nome dos livros de cabeça e possuía uma memória absolutamente inacreditável! Se assemelhava a um super-herói do conhecimento! Um campeão da alta-cultura! Eu aprendi em apenas uma hora o que eu não havia aprendido em anos e anos a fio de escolinha.

"Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat."

Era outro sábado, agora em Janeiro de 2020. Mais uma aula. E mais ensinamentos valiosos. Mas com um diferencial: agora eu SABIA por experiência própria que eu não havia aprendido absolutamente nada de Filosofia na faculdade.

"Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat."

Mas eu tinha outras 499 aulas para contemplar. Não poderia apenas ficar nas aulas mais atuais. Comecei a me programar, mas meu horário era atribulado. Por vezes trabalhava e ouvia as aulas no serviço quando batia o intervalo. O problema era voltar a trabalhar. A fome de conhecimento era muita.

Não passava uma semana sem que eu ficasse esperando ouvir novamente aquela frase...

"Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat."

Era como um chamado para fora.

Para fora de onde?

DA CAVERNA!

As pessoas viviam dentro de uma caverna com paredes acolchoadas de ideologia comunista. Havia um menino, o jovem Olavo Luiz Pimentel de Carvalho, membro do Partido Comunista nos anos 60. Ele foi o primeiro a sair. Resgatado por José Ortega Y Gasset, o jovem Olavo teve contato com a luz da alta cultura aristotélica, de Sócrates, de Mário Ferreira dos Santos, de Louis Lavelle, de São Tomás de Aquino, e de muitos outros mais. Maravilhado com tudo que viu, ele se banhou na luz fora da caverna durante muitos anos. Só que ele estava sozinho. Soube de muita coisa, mas não havia ninguém para lhe ouvir. Preocupado, criou um jardim de aflições. Passou a habitar nesse jardim. Mas o sentimento de solidão, muito embora bom, não o preenchia. Cheio de empatia e bondade, quis dividir com as pessoas. Não conseguia puxar tantas pessoas para fora da caverna quanto queria, precisava de ajuda. Conseguiu mãos que o ajudariam nesta grande obra, e essas mãos o auxiliaram. Algumas o traíram. O colocaram em situações ruins. Foi difamado, xingado, perdeu empregos, teve que sair do Brasil. Aguentou difamação e mentiras sendo contadas sobre ele a todo momento até o final da vida. Mas seguiu firme seu propósito. Não vendeu sua alma por preço algum. Estou aqui lhe contando porque essa é a prova do sucesso de Olavo. Eu fui puxado para fora da caverna, e não quero mais voltar para ela.

Em uma das aulas do COF em 2020, ele respondeu uma pergunta que eu fiz. Eu não lembro bem qual aula foi, vocês vão ter que pesquisar, mas foi bem curto, um breve momento. Mesmo assim, você sente que fez algo importante. Eu perguntei se existia alguma semelhança entre ignorância auto-imposta e malícia criminosa, algo assim. Talvez eu tenha perguntado algo relevante para aquele momento. Eu sempre percebia que o professor era muito criterioso na seleção de perguntas das aulas, tanto nas aulas bem antigas lá de 2009 pra frente, quanto das mais recentes, ele nunca deixou de ter esse critério. Então, deve ter sido algo importante. E isso faz com que eu e muitos outros tenham aquela sensação de ter, de alguma forma, estabelecido contato com um mestre muito querido do qual nós nos orgulhamos. Por um momento, existimos, fomos marcados pelo Olavo nas aulas do COF. E isso é algo fantástico.

O que existe, não pode jamais desexistir. Isso não existe. E essa é a beleza de tudo nesse mundo. Olavo dizia:

"Aquilo que aconteceu aqui numa fração de segundo já está na eternidade. Nunca mais voltará a não-ser."

Olavo foi importante pra mim porque ele restaurou TUDO que eu estava desacreditado.

A existência,
a espiritualidade,
a política,
de fazer qualquer coisa significativa.

Olavo me fez ter Amor pela verdade novamente. Não que eu não tivesse, mas não era algo superlativo, não era o Amor com "A" maiúsculo. Olavo me restaurou na busca pela verdade e pelo entendimento. Me reforçou o grande valor da honestidade. Me ensinou a ser sincero comigo mesmo. restaurou minha vida religiosa e espiritual através de um de seus alunos, o Padre Paulo Ricardo, fato que eu pude descrever em outro texto meu da edição XIII.

Olavo restaurou a esperança que tínhamos perdido no nosso próprio país, esquecidos de nossa história e de nossa herança cultural. Olavo puxou eu e milhares de outras pessoas para fora daquela caverna como quem consegue pescar muitos peixes em uma só pescaria.

Em uma passagem bíblica, Simão Pedro e seus sócios Tiago e João não conseguiam mais pescar. A história está em Lucas 5:1-11. De repente Jesus entra na barca e pronto, peixes aos borbotões. Olavo permitiu que Jesus entrasse em sua barca. Pescou muitos, em diferentes épocas, mas pescou. Pescou a mim. E eu não quero mais voltar ao mar revolto. Tenho coisas a fazer. Gente pra acordar.

Olavo gastou uma vida inteira antes que pudesse realizar a sua maior obra: resgatar este país. E conseguiu, deu certo. Combateu o bom combate. Completou a corrida. Guardou a fé. E fez tudo isso porque em seu Ser havia Amor. Tudo assim, Superlativo. Amor Ágape. Amor de entrega. Amor verdadeiro.

Um dia após sua passagem. Um dia após Olavo ter passado para a Felicidade Eterna. Manhã de 26 de Janeiro de 2022, 7 horas da manhã. Ainda sinto o gosto amargo de não poder mais vê-lo. Mas ele estará com todos nós agora. Em espírito, em memória. Quem sabe, conversando com Jesus em pessoa, pedindo a Ele, Nosso Senhor, e a Nossa Senhora, nossa Rainha, nossa Mãe, para que conserte as milhares de almas brasileiras que ainda precisam ser consertadas. Estou convicto disso. E não vou parar. Nunca! Ideia do Olavo!

"Sabe quando vamos parar? NUNCA!"

"Alô, por favor, se estão ouvindo, avisem pelo chat."

Estou na escuta, professor Olavo! Pode começar. Estamos ouvindo o senhor.

Em Oseias 4:6, Jesus Cristo disse: "Meu povo foi destruído por falta de conhecimento. Uma vez que vocês rejeitaram o conhecimento, eu também os rejeito como meus sacerdotes; uma vez que vocês ignoraram a lei do seu Deus, eu também ignorarei seus filhos."

Olavo restaurou nossa fome por conhecimento. O mínimo que podemos fazer é honrar esse trabalho que ele começou em nós. A maior obra de Olavo de Carvalho ainda está para acontecer. Breve. E essa, será feita pelas mãos de seus alunos e de todos que o escutaram em todos esses anos.


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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)

E nas True Outstrips de hoje... uma despedida emocionante... e não, Giorgio não vai parar... NUNCA! Ideia do Olavo!
(25/01/2022)


Hoje o arrombado do Gadu Ananauê está se sentindo como sempre... hipócrita... não, não estou sendo grosso! "Moderação na defesa da verdade é serviço prestado à mentira!" (Olavo de Carvalho)
(25/01/2022)


Já o Sal Conservador preferiu homenagear o nosso querido mestre com o humor de sempre, relembrando uma lição muito importante! Contra a parede! E estilo clássico!
(25/01/2022)


Por último, a linda homenagem do pessoal do canal Hipócritas.
(25/01/2022)
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👆 LEITURA RECOMENDADA

Hoje não seria dia de Olavo de Carvalho,  mas será por conta da ocasião! Ajude a Roxane, os filhos e netos de Olavo que agora estão sem o pai, e também ajude a si mesmo comprando este livro sensacional do nosso grande professor que, em 1994, prevê, LINHA POR LINHA as desgraças que iriam acontecer no futuro. Confie em mim, quando acabar de lê-lo, vai ficar boquiaberto com o nível de exatidão contido nestas páginas. Você vai entender perfeitamente porque Olavo foi e continuará sendo um GIGANTE por toda eternidade.

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