Edição XXXIX (Terça Livre, Revista A Verdade 71, Revista Esmeril 27, Opinião e mais)

Tempo de Leitura XXXIX
(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.

(TdL: Antes de iniciarmos, quero desejar a todos, não um "feliz" ano, porque todos sabemos que não será um ano "feliz". Será um ano de muita tribulação que precisaremos enfrentar com força, então, eu te desejo um ano de 2022 com bênçãos e muita força e coragem para passarmos por esse calvário que nos espera. E já de volta, quero lhes fornecer um layout diferente, mas com o mesmo conteúdo de qualidade de sempre. Espero que gostem, e que eu possa estar contribuindo para o seu crescimento intelectual.

E para lembrar: por novos Novak Djokovic ao redor do mundo! LIBERDADE!)



ACOMPANHE


REVISTA A VERDADE 71

A ideologia se opõe à realidade (Carlos Adriano Ferraz)

- Clássicos que inspiraram a Declaração de Independência dos Estados Unidos ganham nova edição (da Redação)




REVISTA ESMERIL 27

A indústria de mídia no tempo do Advento (Vitor Marcolin)

Epifania do Senhor (Leônidas Pellegrini)



Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:

11 de Janeiro de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!




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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)

Hoje voltaremos no tempo para a edição 8 da Revista Terça Livre, de 03 de Setembro de 2019.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV saiu do ar, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



CULTURAL


👆 O QUADRADO-REDONDO UNIVERSITÁRIO
(por Tom Martins)
A política na realidade e na visão universitária

  • Iniciemos pelas quatro principais visões políticas em pauta na modernidade, variedade essa imoralmente omitida pelas universidades brasileiras:

1. Libertarianismo.
2. Liberalismo clássico.
3. Conservadorismo.
4. Estadismo

Em apertada síntese, podemos dizer que o libertarianismo é a perspectiva que deslegitima por completo qualquer atuação estatal ou governamental. Eis o principal mantra libertário: “imposto é roubo”. A lógica libertária baseia-se na radicalidade do livre arbítrio entre pessoas pacíficas, onde nenhum ente humano poderia expropriar unilateralmente o patrimônio de outro, sem incorrer em falha ética ou tirania.

O liberalismo clássico (de origem europeia), por sua vez, valida Estados ou governos minimalistas. Em suma, o comando central deve existir somente no absolutamente imprescindível para a manutenção daquela coletividade, evitando-se ao máximo possível a centralização de poder econômico. O princípio da subsidiariedade ocupa posicionamento central na pauta liberal clássica, especialmente para proteger as conquistas meritórias e as propriedades privadas dos cidadãos.

A via conservadora observará prudentemente o que foi consolidado pelo tempo, mormente nos aspectos morais. Assim, o agrupamento em células familiares foi devidamente validado pelo tempo, sendo digno, portanto, de conservação. Desde a Antiguidade estruturamos o conceito da proporcionalidade da Justiça, cujo tempo consolidou como uma boa ideia. O mesmo podemos dizer dos valores cristãos em torno do amor e da caridade. O tempo mostrou que tais valores são estruturais para uma sociedade justa e solidária, motivo pelo qual os precavidos conservadores advogam a preservação destes notáveis aspectos voltados ao bem, ao belo e ao verdadeiro.

Notem que não falei de finanças na vertente conservadora. Nada contra nomear Paulo Guedes como ministro da economia, mas os conservadores priorizam valores morais que a realidade validou no campo concreto. Dinheiro? Posses? Sim, são importantes também, mas secundários em relação aos valores transcendentes.

Por fim, o Estadismo advoga a concentração progressiva de poder para o Estado e seus agentes governamentais, estendendo os tentáculos estatais para todos os campos sociais, da família à religião, obviamente passando pela economia, em fragrante detrimento da liberdade individual e prostituição da justiça meritória. A máxima esquecida pelo Estadismo tirânico: a cada um, aquilo que lhe pertence.

No Estadismo, existe pouca preocupação com a realidade nua-e-crua, demonstrada empiricamente pela história da humanidade, mas sim com as panaceias políticas salvacionistas e utópicas teorias de gabinete. Seus filhotes mais famosos são o fascismo, o nazismo (nacional socialismo), o internacional socialismo e o comunismo.

Diante destas quatro visões bastante distintas, sendo três delas altamente ideológicas, faço uma pergunta retórica: adivinhem quantas delas são ofertadas nas universidades? Como o leitor atento certamente já desconfiou, a resposta é apenas uma.

A universidade advoga a pluralidade de autores e linhas de pensamento, mas foca em apenas uma vertente política e suas ramificações, que chamarei jocosamente de “50 tons de vermelho”. Abre-se o guarda-chuva estadista e dá-lhe Paulo Freire, Chauí (aquela pouco amante da classe média 1-2), Durkheim, Marx, Boff e todos os demais companheiros. De minha parte, nada contra estudar as diversas variações da perspectiva rubra, mas onde e quando entrariam as outras? Teríamos o direito de conhecer os autores libertários, como Rothbard ou Rand? Adentraríamos em Mises, Hayek ou Friedman, com a mesma profundidade? E os conservadores, como Scruton ou Chesterton? Seria pedir demais o autor Mario Ferreira dos Santos? E o impronunciável Olavo de Carvalho?

Pois bem, o que posso dizer é que, até o presente momento do curso, porto a sensação de muita lavagem cerebral e pouca “biodiversidade intelectual”, com o perdão pelo trocadilho jocoso. Em linguagem simplista: os alunos receberam promessas de múltiplas perspectivas e receberam o engodo da unicidade travestida de multiplicidade. Notem que sequer manifestei minha preferência política, apenas apontei o que julgo uma falha ética e educacional. Por fim, deixo uma pergunta retórica: isso ocorre intencionalmente ou por mera distração dos professores e gestores?

  • A ética universitária ou sua falta

Analisarei um trecho do material didático da disciplina Ética, na universidade de Filosofia que frequento, que ora compartilho para sua avaliação direta, caro leitor:

“Outro aspecto importante é ter consciência de que há tantas culturas diferentes quantas são diversas as etnias existentes no mundo. No Brasil, embora se costume falar em "cultura brasileira" como se fosse uma única, na realidade há centenas de culturas diferentes. Basta lembrar as centenas de culturas das tribos indígenas, dos negros que vieram da África e dos imigrantes de diversos países europeus ou asiáticos. Nenhuma dessas culturas, contudo, é superior às outras. Durkheim (2000) – que conviveu com mais de 400 grupos autóctones na Austrália - observou que cada grupo tem sua própria cultura e a partir dela cria suas religiões, suas leis, suas morais e ética; tornando absurda a ideia dos europeus da modernidade que tomavam sua cultura com o padrão das demais.

Esses postulados – que considero inverdades – são a tônica do material didático em várias disciplinas. Destaquei e grifei três problemas contidos no texto, que tomo a liberdade de corrigi-los: 1. Os brasileiros não costumam falar que nossa cultura seja a única. 2. Existem níveis ético-culturais, inferiores e superiores. 3. Genericamente, os europeus modernos não podem ser acusados de imporem sua cultura como padrão para as demais, aliás, num sentido simbólico, penso que os europeus modernos careçam de mais testosterona contra os ataques tirânicos que, lamentavelmente, assombram o Velho Mundo.

Decidi compartilhar no chat da universidade (visível por professores e colegas de curso) minha opinião pessoal sobre o pensamento de Durkheim, que fora exposto pelo material apostilado sem contrapontos, ou seja, de maneira hegemônica, apologética e com ares de uma suposta verdade incontestável. Eis meu comentário:

Obviamente, existem culturas de mesmo patamar ético. Todavia, não estamos diante de uma disputa ética sobre qual a melhor gastronomia, se o tutu-de-feijão da cozinha mineira ou o acarajé baiano. Evidentemente, tais regionalismos peculiares e pitorescos estão em planície ética. Todavia, quando lembramos das cruéis touradas(3), apedrejamento de mulheres(4), infanticídio cultural indígena(5), infibulações(6), rinhas de galo(7), farras do boi(8), dentre outras hediondas práticas, não podemos igualar tais ações culturais com a compra de presentinhos natalinos. Ou podemos?

Ainda aguardo resposta dos professores. Porém, o mais chocante do conteúdo ofertado pela disciplina ainda estava por vir. Transcrevei outro trecho do material apostilado, sob o longo título “Os grupos sociais construídos e construtores da cultura, moral, ética e lei”:

Sem haver interação com outros seres humanos, um bebê humano nunca será um ser humano, como mostra, entre outros exemplos, o conhecido caso das meninas que conviviam com os lobos na Índia. Elas não tenham nada de humano, além da aparência física; comportavam-se como lobas(9). Assim percebemos que o ser humano constitui seu ser na convivência com os demais membros de sua comunidade”.

Ao analisar tal linha argumentativa, ousei elencar uma séria de questões que desafiam a premissa sugerida pelo material apostilado, no sentido de uma onipotência cultural em detrimento de aspectos personalíssimos, biológicos, individuais, psíquicos, espirituais e meritórios de cada ente humano. Ei-las:

1. Um bebê humano deixa de ser humano pela convivência com lobos?
2. O que seria ele então?
3. Seria ele um lobo?
4. Procriaria lobos, dando continuidade à sua “nova” espécie?
5. Seu potencial cerebral seria reduzido ao da alcateia?
6. Como uma suposta loba (na verdade, a menina Kamala) aprendeu a andar?
7. Como um suposto bebê não humano (lobo) voltou a falar?(10)
8. Isso seria aplicável aos demais membros da alcateia?
9. Adotando a premissa advogada pelo material didático, um lobo criado em meio a humanos adquiriria potencial para falar, aprender física quântica, fazer operações matemáticas?
10. E por que não balé clássico?

  • Reducionismo interpretativo

Claramente, o ambiente universitário está contaminado por uma distorção reducionista da realidade. Eis aqui a nova divindade universitária: o reducionismo cultural. Pessoalmente, sou entusiasta de inúmeros aspectos culturais e advogo sua forte influência no indivíduo, mas isso não me impede de perceber que a cultura é “apenas” parte da realidade. Vale dizer, além de existirem níveis ético-culturais distintos, existem fatores subjetivos e objetivos que transcendem e convivem em simbiose com os fatores intersubjetivos culturais.

Focar apenas na cultura é reduzir todas as perspectivas da realidade ao aspecto intersubjetivo. Obviamente, reconheço a importância e a magnitude da influência da cultura em nossas vidas. Todavia, se excluirmos do tabuleiro da vida o lado objetivo e subjetivo da realidade multidimensional, escorregaremos numa interpretação míope e refratária ao óbvio ululante. Como resultado da loucura reducionista moderna, criaremos a ilusão infantil de que a parte seja o todo. Enfim, numa jocosa linguagem coloquial, bem-vindos ao pós-moderno quadrado-redondo.

(1) https://www.youtube.com/watch?v=svsMNFkQCHY
(2) https://www.youtube.com/watch?v=5sDYDbyRcUs
(3) https://pt.wikipedia.org/wiki/Tauromaquia
(4) https://pt.wikipedia.org/wiki/Apedrejamento
(5) https://jus.com.br/artigos/60830/o-infanticidio-indigena-oconéito-entre-os-direitos-humanos-e-o-respeito-a-diversidadecultural
(6) https://pt.wikipedia.org/wiki/Mutilação_genital_feminina
(7) https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-e-realizadauma-briga-de-galo/
(8) https://www.infoescola.com/folclore/farra-do-boi/
(9) https://pt.wikipedia.org/wiki/Amala_e_Kamala
(10) https://pt.wikipedia.org/wiki/Amala_e_Kamala

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OPINIÃO



👆 A ideologia se opõe à realidade
(por Carlos Adriano Ferraz)


Dentre as mais irrazoáveis e nefastas ideologias surgidas no século XX, certamente a ideologia de gênero (IG) se destaca, especialmente no contexto atual. Isso porque ela não contraria apenas a ciência, mas, inclusive, o senso comum mais iletrado. Afinal, ainda que não familiarizados com a literatura em biologia, mesmo sujeitos simples sabem que há diferenças cruciais entre homens e mulheres. Eles sabem que ser homem ou ser mulher não é uma mera questão de “construção social ou cultural”. Um homem que se veste de mulher não se torna uma mulher (e vice-versa). Por certo sabemos que há casos reais de disforia de gênero, de tal forma que um indivíduo que nasce biologicamente do sexo masculino (ou feminino) pode se sentir desconfortável com sua realidade biológica. Também sabemos de outras situações ainda mais graves, como o hermafroditismo. Ou seja, sabemos que há situações que demandam o cuidado fraterno daqueles que carecem de acompanhamento psicológico, médico, etc. Em suma, nossa preocupação deve estar voltada particularmente para as pessoas, independentemente de sua condição, sexo, orientação, etc. Contudo, ideologias como a IG não estão preocupadas com as pessoas, mas com sua própria agenda. Tal é o que ocorre, também, no feminismo, dentre outras formas de ativismo. Quando convertidas em ideologias, tais ideias ganham “vida própria”, se desconectam da realidade e, obviamente, das pessoas. Por essa razão, por exemplo, o ativismo feminista despreza mulheres conservadoras. Por essa mesma razão movimentos ativistas ditos ‘antirracismo’ desprezam negros considerados ‘de direita’, ou conservadores. Isso ocorre porque, para tais movimentos, não importam as pessoas, mas unicamente sua ideologia.

Algo similar ocorre com a chamada IG, pois ela é uma abstração mental que deliberadamente rejeita o que realmente sabemos sobre a sexualidade humana, causando danos não apenas às pessoas, mas ao conhecimento e à ciência. Trata-se, pois de uma visão marcada pela fobia à inteligência e à realidade.

Primeiramente, ela ignora que existem diferenças causadas não por “construções sociais abstratas” ou, mesmo, por “como nos sentimos”, mas pela nossa constituição desde um ponto de vista biológico. Certamente existem situações que fogem do dualismo “homem-mulher”. Mas mesmo essas situações (incomuns) frequentemente têm um componente biológico. Por exemplo, há a “teoria da alteração hormonal causada por contaminantes”, a qual demonstrou que agentes químicos sintéticos podem atuar como hormônios, causando perturbações graves nos indivíduos (em sua sexualidade).

Portanto, nossa estrutura sexual está evolutivamente talhada para desempenhar funções específicas, havendo uma inter-relação entre a esfera biológica e a esfera mental. Isso está, hoje, robustamente evidenciado pela ciência. Como disse o teórico evolucionista Matt Ridley, “hoje ninguém nega que homens e mulheres são diferentes não só na anatomia, mas também no comportamento (...) há diferenças mentais e físicas consistentes entre os sexos”. Isso é também esclarecido por Simon Baron-Cohen (precursor da “empathising-systemising [E-S] theory”), o qual demonstrou (de forma consistentemente documentada) as diferenças existentes até mesmo entre nenéns de sexos diferentes. Assim, o que a ciência nos tem mostrado é que a biologia atua em todos os momentos de nossa vida. Hoje, por exemplo, sabemos muito sobre o dimorfismo cerebral, isto é, sobre as diferenças entre homens e mulheres em um nível endocrinológico. Eu ainda citaria o estudo de 2016, do ‘The New Atlantis: A Journal of Technology and Society’ (2016), no qual diversos artigos evidenciam o óbvio: “identidade de gênero não é, de forma alguma, independente do sexo biológico”. Nesse sentido, diversas tentativas de se tornar “iguais” homens e mulheres falharam: afinal, homens e mulheres não são iguais!

Na Escandinávia, por exemplo, houve uma das mais vigorosas tentativas de se alcançar a “igualdade entre homens e mulheres”. Resultado? Mesmo que partindo de situações iguais, homens seguiram procurando profissões como a de engenheiros, ao passo que as mulheres, em geral, continuaram buscando trabalho como enfermeiras. Como entender esse fato? Ora, aqui entra a “empathising-systemising [E-S] theory”: o cérebro masculino está ‘projetado’ para a construção de sistemas, enquanto o cérebro feminino está ‘projetado’ para a empatia. Obviamente não se trata de um universal, mas, em geral, é o que ocorre. Com efeito, a ‘ideologia de gênero’ (IG) não é apenas irrazoável e obscurantista por ignorar, por estultice ou má fé, as evidentes diferenças entre homens e mulheres. Ela também ignora e hostiliza outras verdades oriundas da ciência. Por exemplo, os ideólogos da IG defendem radicalmente que mesmo crianças devem poder escolher o uso de medicamentos, redesignação de sexo, etc, para se aproximarem daquilo que desejam, a saber, ser do sexo oposto. Insistem nisso usando de um argumento à primeira vista louvável: sabemos que quem sofre de disforia de gênero tem altíssima probabilidade de sofrer de depressão, cometer suicídio, etc. No entanto, o que os ideólogos de gênero não revelam é que esse tratamento que eles querem impor inclusive às crianças talvez seja ineficiente. Um dos mais abrangentes estudos feitos até esse momento revelou que, pacientes submetidos à redesignação de sexo e a tratamentos hormonais, simplesmente não tiveram benefícios atinentes à saúde. Além disso, cabe enfatizar, não se depreende que não existam alternativas de tratamento para aqueles que sofrem de disforia de gênero. Se os ideólogos da IG realmente estivessem preocupados com a ciência e com as pessoas, eles levariam em conta o ‘American Psychiatric Association: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders’, no qual lemos que 88% das garotas que relatam disforia de gênero, e 98% dos garotos, passam a se identificar com seu sexo biológico ao final da adolescência, desde que sejam acompanhados e auxiliados a compreender sua sexualidade biológica.

Um caso paradigmático acerca do problema da IG

Um dos casos mais paradigmáticas dos danos que a ideologia de gênero (IG) pode causar é o trágico caso de David Reimer, o qual serviu de cobaia para um experimento desumano realizado por um dos precursores da IG, John Money. Em resumo, o que ocorreu foi que, ao ser circuncisado, ainda neném, com uma agulha de cauterização elétrica, Reimer teve seu pênis totalmente danificado. Quando seus pais recorreram ao Dr. Money (Johns Hopkins University), ele viu no menino uma oportunidade para levar a efeito sua teoria de que a sexualidade é algo “construído socialmente”. Ou seja, uma vez feita uma cirurgia de redesignação de sexo o outrora menino Bruce poderia se transformar, sem maiores implicações, em Brenda, uma menina saudável. Bastava que seus pais o vestissem e tratassem como menina para que Bruce se “transformasse” em Brenda. Parecia simples, não é mesmo? Afinal, essa era a teoria de John Money: como a sexualidade seria “fluída”, “construída socialmente”, seria suficiente criar o jovem Bruce como menina para que ele fosse “reconstruído” como menina.

No entanto, tal como ocorre sempre que uma ideologia é levada a efeito, a realidade inevitavelmente se impôs. Por anos a “pseudomenina” Glenda sofreu terrivelmente, se recusando a ser menina. Subsequentemente seus pais acabaram revelando a farsa, explicando a ela/ele o ocorrido. Embora ela/ele tenha tentado viver de acordo com seu sexo biológico (inclusive casando com uma mulher), já era tarde demais: ele (que passou a se chamar David) cometeu suicídio aos 38 anos de idade. Os danos à sua saúde mental foram devastadores e irreparáveis. John Money nunca se retratou pelo dano que causou.

Esse é apenas um exemplo de uma vida destruída por uma ideologia desconectada da realidade e de qualquer preocupação com a dignidade da pessoa humana.

Por fim, o que importa notar é que, apesar de seu obscurantismo e dos danos às pessoas, ideologias como a IG seguem sendo impostas à sociedade civil. Elas e seus “frutos” pervertidos (linguagem neutra, por exemplo) seguem, com resultados deletérios, sendo forçadas desde a mídia, as universidades, a cultura, etc.

Para ter acesso a textos diários acesse meu Instagram:https://www.instagram.com/professorcarlosferraz/

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CULTURA

👆 Clássicos que inspiraram a Declaração de Independência dos Estados Unidos ganham nova edição
(da Redação)





A Faro Editorial lança este mês pelo selo Avis Rara dois livros clássicos do filósofo Thomas Paine, “A era da Razão” e “O bom senso”.

Levando em conta o contexto político da época em que “A era da razão” foi originalmente lançado, é fácil compreender por que suas palavras soaram tão desconfortáveis para tantas pessoas. Paine influenciou o pensamento religioso ao redor do mundo, pois criticava a corrupção da Igreja Cristã e seus esforços para adquirir poder político numa época em que fazer isso poderia significar sua ruína e destruição social.

Sua proposta prioriza a razão em lugar da revelação, mas não se trata de uma obra ateísta, mas deísta: pois defende a ideia de uma religião natural, a importância da consciência individual e a existência de um Deus criador.

Já “O bom senso” foi escrito como um manifesto pela insatisfação dos norte-americanos com a Grã-Bretanha, que queria impor novos impostos e restringir o comércio, mas acabou se tornando um documento contundente na luta pela independência dos Estados Unidos.

Em sua época, o texto encontrou uma audiência altamente receptiva, impulsionou o desanimado exército de Washington e prenunciou muitas das palavras e do conteúdo presentes da Declaração da Independência. O manifesto propõe reflexões de caráter filosófico a partir de cenários, julgamentos e expressões, e seu conteúdo tem sido utilizado para embasar discussões sobre os mais variados assuntos relacionados à liberdade e democracia em nossa época, reafirmando caráter perene das proposições apresentadas por Paine.

“É preciso considerar que existem três caminhos diferentes pelos quais a independência poderá se concretizar, e que mais cedo ou mais tarde por um deles se dará o destino da América: pela voz legítima do povo no Congresso, pela força militar ou pela turba em rebelião. (...)”

Sobre o autor:

THOMAS PAINE (1737-1809) foi um ativista político, filósofo, teórico político e revolucionário inglês americano e um dos fundadores dos Estados Unidos. Nasceu na Inglaterra, teve uma breve passagem na Marinha, tentou a carreira como artesão e trabalhou no governo britânico como cobrador de impostos. Essa experiência moldou sua visão crítica sobre o sistema parlamentar da Grã-Bretanha. Em 1774, imigrou para os Estados Unidos, onde passou a se dedicar ao jornalismo e à escrita de artigos, poemas e panfletos que impressionaram e incitaram debates políticos e a revolução norte-americana. As ideias do autor refletiam a retórica dos direitos humanos transnacionais da era do Iluminismo. Paine era conhecido por posições contundentes, argumentos bem fundamentados, que atraiu tanto inúmeros admiradores quanto ferrenhos adversários.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 26, de 25/12/2021 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


PERFIL


👆 A indústria de mídia no tempo do Advento



(por Vitor Marcolin)

Vende-se de tudo a um alto preço: a consciência da “única coisa que importa”


Imagine a seguinte cena: segunda quinzena de dezembro, o sujeito abre o celular a fim de correr os olhos por alguma novidade nas redes sociais e depara-se com a exibição encantadora de um biquíni vermelho no melhor estilo “fio dental” preso à carne de alguma modelo aparentemente assaz profissional no ofício. Os contornos da imagem, em altíssima resolução, permitem ao sujeito boquiaberto medir, com um ligeiro apertar de olhos, o coeficiente negativo da flacidez dos glúteos ou determinar o tempo médio de exposição aos raios UV que resultaram naquela tonalidade mel-com-canela do traseiro da dona.

O biquíni é só um dos elementos que compõem o quadro burlesco: o centro de gravidade da cena é uma imponente árvore de natal salpicada com bolinhas coloridas — mormente vermelhas –, estrelas douradas, anjos, sinos, pinhas, fitas e toda sorte de outras miudezas natalinas. Para completar o enquadramento falta à árvore a enorme estrela branca resplandecente ao topo; e é justamente esta peça que a donzela do biquíni vermelho está, não com pouco esforço, tentando alçar à copa da árvore generosamente adornada.

A fim de cumprir a missão que lhe fora incumbida, a mocinha espicha-se toda, fica na ponta dos pés. À moda de duende, com o gorro branco-vermelho do qual pende a bolinha branca rabo de coelho, a donzela finalmente coroa a árvore com a estrela. Ao cabo da cena o abismado sujeito vê surgir os seguintes dizeres na tela do seu smartphone: “Aproveite! Promoção válida até o dia 24 de dezembro”. Esta anedota, se não é verdadeira, é verossímil.

Desde pelo menos os anos 1920 o Ocidente padece sob o jogo dialético da indústria de mídia que, na ânsia pelo lucro, promove uma danação completa das pobres alminhas incapazes de resistir à tentação de trocar o Paraíso pelo gozo do fruto proibido. A realidade das implicações do consumismo nas sociedades modernas é complexa, mas observar o tema desde uma perspectiva histórica pode valer o acesso a uma compreensão ligeiramente mais profunda sobre a problemática.

Do ponto de vista da harmonia entre a religião e a vida cotidiana nas vilas longínquas, nos centros urbanos ou em qualquer ajuntamento humano possível, a coisa começou a degringolar quando da passagem do mundo medieval para o mundo moderno. Pudera. A classe aristocrática tivera o seu lugar tomado de assalto pelos burgueses que, a fim de fazer valer os seus projetos de poder mediante a expansão econômica, ajudaram a incrementar um afastamento progressivo dos valores tradicionais.

Cai a Bastilha. A burocracia que, segundo Alexis de Tocqueville, fora centralizada e corrompida desde muito antes do 14 de julho, torna-se o principal instrumento da sanha revolucionária. Com o poder centralizado, bastava aos burocratas de peruca e pó de arroz rabiscar a bico de pena qualquer nova lei esquisita a fim de dar sequência aos seus planos de desmantelamento da sociedade. Entramos na modernidade com a idolatria às futilidades, às aparências e ao status social elevada à categoria de virtude sem a qual o sujeito candidato à vida pública — dentro ou fora da política — está condenado a um fracasso permanente.

Daí até a cooptação completa dos símbolos religiosos para a causa burguesa foram só alguns passos, suficientes para superar a distância até a loja de shopping mais próxima. Para qualquer cristão minimamente preocupado em não só defender a sua , mas em entendê-la, é natural que a percepção do mundo enquanto elemento antagônico à sua própria revele-se cada vez mais nitidamente. E em nenhum outro período do ano esta bruma anticristã assume feições tão confusas quanto no tempo do Natal. É a natureza dialética do pecado.

Os dias que precedem a encarnação do Verbo são dias atribulados, temerosos, hostis. À espreita montam guarda os acusadores, os invejosos, os maliciosos, aqueles cujo único intento é o impedimento do regozijo do coração do fiel no encontro simbólico com a sua Esperança encarnada. Ipso facto, estes são dias também de expressar alegria; e aqui está a tensão dialética imposta pela sociedade contemporânea no tempo do Advento: presentear a quem se ama sem cair na tentação do consumismo, celebrar sem exceder-se.

As pessoas ficam idiotizadas na exata medida em que, incapazes de resistir às investidas da massiva campanha publicitária, cedem à sutil proposta de trocar a substância transcendente que preenche os símbolos religiosos por gatilhos psicológicos cuja única recompensa é a satisfação de abrir a caixa de um presente comprado às pressas na véspera de Natal. Deus encarnado no útero da Virgem que dá à luz numa estribaria numa noite fria não está à altura dos encantos de uma duende de biquíni e gorro que, a fim de fisgar as almas dos condenados, espicha-se para colocar a estrela de Belém no topo de um pinheiro ornamentado com miudezas infantis. O segredo é esconder o preço até que a cobrança seja inevitável e o devedor seja inescapável.

Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2021

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Esmeril, conteúdo gratuito de 06 de Janeiro



ESMERIL NEWS | DOSE DE FÉ






👆 Epifania do Senhor
(por Leônidas Pellegrini - 06/01/2022)

(TdL: geralmente as colunas "Dose de Fé" do meu amigo Leônidas eu não costumo publicar porque o dia que ele fala de algum Santo nunca é o dia que eu lanço uma edição nova, e por isso fica meio sem sentido, e até também para não boicotar o número de acessos dele na revista que ele trabalha. Porém, esta edição eu faço questão de reproduzir aqui por consequência da própria fé que nós compartilhamos como Irmãos em Cristo, para começarmos um ano difícil com uma mensagem boa para nossas vidas e também pelo valor cultural que ela pode te agregar. Acompanha também um pequeno vídeo do nosso grande Padre Paulo Ricardo, a quem eu sigo, sou aluno e quero muito bem, pois mudou a minha vida e a forma como enxergo minha própria fé.)


No dia da Epifania do Senhor, Jesus se revela o Deus de todos os povos e nos convida à nossa vocação missionária como Suas estrelas-guias

Hoje no Brasil é celebrada a Epifania do Senhor, também conhecida como Festa dos Santos Reis.

Neste dia, celebra-se a manifestação de Deus em Jesus Cristo para todos os povos, representados pelos reis pagãos que O visitam em Seu nascimento e se convertem. Ou seja, Jesus é o Deus e Salvador de todas as pessoas, basta que haja estrelas que, a exemplo da Estrela de Belém, apontem para Ele. É, portanto, um dia que nos relembra e nos convida à nossa vocação missionária.

Uma bela reflexão sobre a Epifania do Senhor está na homilia do Padre Paulo Ricardo, de 6 de janeiro de 2019:


Um feliz Dia dos Santos Reis a todos!

 

Como estrelas de Belém

 

No Dia dos Santos Reis

Jesus vem te convidar

a ser como Suas estrelas

e para Ele apontar.

 

Jesus é o Deus de nós todos,

mas é preciso aceitá-Lo,

e de nós Ele precisa

como estrelas a apontá-Lo.

 

Os pagãos lá do Oriente

prostraram-se ao Deus Neném,

sendo a Ele conduzidos

pela Estrela de Belém.

 

Já Bodas de Caná

foi Sua estrela Maria,

e nas águas do Jordão

o Batista foi Seu guia,

 

e a seguir estes exemplos

há na História muitos santos,

a converter aos milhares

variados povos e tantos.

 

Portanto, caros irmãos,

na festa da Epifania,

Jesus convida, repito,

para que Sua estrela guia

 

sejamos em nossas vidas,

com perseverança e amor,

para que se manifeste

a todos Nosso Senhor.

 

Sem mais, aqui me despeço,

prazenteiro, de vocês,

e a todos, enfim, desejo

um feliz Dia de Reis.

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Brasil Sem Medo - 27 de Dezembro





DIÁRIO DE UM CRONISTA


👆Burro is beautiful
(por Paulo Briguet)


Sem Olavo de Carvalho, a candidatura de Jair Bolsonaro jamais teria sido, nem digo realizada ou vitoriosa, mas sequer imaginada


Dias atrás li o trecho do último livro de Fernando Henrique Cardoso em que ele presta homenagem aos seus mestres intelectuais. Entre as personalidades mencionadas, destaca-se a do sociólogo marxista Florestan Fernandes. FHC reconhece o papel fundamental de Florestan na sua trajetória intelectual e descreve-o com o carinho que se dedica a um pai. É preciso lembrar que o autor de “A Revolução Burguesa no Brasil” foi um dos fundadores do PT, pelo qual se elegeu deputado, e um crítico severo das políticas que levaram o tucano ao poder. Florestan morreu em agosto de 1995, no primeiro ano do mandato de FHC.

A homenagem de Fernando Henrique a Florestan é um exemplo de como a esquerda brasileira trata os seus intelectuais. Mesmo com todas as diferenças e conflitos, há um profundo respeito e reconhecimento dos membros da casta político-militar (shatryas) pelos membros da casta intelectual (brâmanes). FHC sabe que sem o caminho aberto por Florestan Fernandes, Raymundo Faoro, Darcy Ribeiro, Caio Prado Júnior, Francisco Weffort e outros pensadores de esquerda, o seu governo não teria sido possível.

No entanto, a importância de Florestan Fernandes para o Regime das Tesouras (1994-2018) não pode ser comparada ao papel de Olavo de Carvalho para o conservadorismo brasileiro. Quando Olavo iniciou o seu trabalho solitário, no início dos 90, a direita praticamente não existia no Brasil. O que havia eram alguns políticos e jornalistas estigmatizados como direitistas e que eram obrigados a utilizar a pauta e a linguagem totalmente definidas pela esquerda. A partir da publicação de “A Nova Era e a Revolução Cultural”, Olavo iniciou nada menos que o processo de restauração da inteligência brasileira. Antes dele, o simples uso da palavra “conservador” era considerado um crime, punível com assassinato moral e psicológico. Esse trabalho desbravador se coroou em 2009, com a criação do COF ― Seminário de Filosofia; foi então que o movimento conservador brasileiro ressuscitou com a plenitude que jamais conhecera, movido por aquele amor à verdade que não se encontra em nenhuma plataforma política, amor saudoso de uma perfeição jamais encontrada na pólis humana, como dizem os versos de Camões:

Não é logo a saudade
das terras onde nasceu
a carne, mas é do Céu,
daquela santa cidade
donde esta alma descendeu.

Sem Olavo de Carvalho, a candidatura de Jair Bolsonaro jamais teria sido, nem digo realizada ou vitoriosa, mas sequer imaginada. Foi esse um dos grandes feitos do Olavo: tornar possível, por meio de sua obra filosófica, a admissibilidade de um governo conservador no Brasil. E o homem fez esse milagre formando uma geração de intelectuais em sua Universidade de Um Homem Só, o COF.

Dante coloca no último círculo do Inferno aqueles que traem os benfeitores, simbolizados por Judas Iscariotes, Cássio e Brutus. Se não se arrependerem a tempo, esse pode ser o destino dos membros da direita-2018, aquela que não sabíamos onde estava e de repente surgiu com a ascensão de Bolsonaro ao poder. É bem verdade que alguns desses neodireitistas podem ser chamados mais precisamente de direita-2021, por sua adesão ao mesmo tempo tardia e incondicional ao governo.

Nos últimos dias, Olavo de Carvalho tem sido atacado precisamente por esses ocupantes de gabinete, que parecem reduzir a guerra espiritual que atravessamos à manutenção de cargos na estrutura de poder. São os mesmos que se calaram quando apoiadores do governo tiveram suas casas invadidas e suas vidas devassadas por meio de ordens ilegais da Junta Governante do Brasil (ex-STF). São os mesmos que viram com naturalidade (e silêncio cúmplice) as saídas de conservadores leais como Ernesto Araújo, Fabio Wajngarten e Ricardo Salles e a adesão de tipos como Ciro Nogueira, Flávia Arruda e Fábio Faria. É uma gente que só pensa em eleição e cargo; uma gente que nunca abriu um livro na vida, portanto desconhece a importância que as ideias exercem sobre o destino da sociedade. Essa direita lacradora e oficialesca me faz lembrar os bombeiros de Fahrenheit 451, que queimavam os livros para impedir a inteligência de chegar ao coração dos homens. A cada post mal escrito contra o Olavo, eu os ouço gritando, com os olhos faiscantes de luz verde, fazendo arminha com a mão:

―  Burro is beautiful! Burro is beautiful!

E imediatamente eu me lembro dos slogans do Grande Irmão em 1984:


GUERRA É PAZ
LIBERDADE É ESCRAVIDÃO
IGNORÂNCIA É FORÇA

Bolsonaro tem o nosso apoio e nosso voto para as eleições de 2022. É preciso lembrar, porém, que Bolsonaro passará ― mas as ideias que o tornaram presidente, não. Essa guerra não vai ser vencida queimando livros, fazendo tweets lacradores e dizendo que a esquerda “está desesperada”; mas certamente será perdida se voltarmos as costas a quem abriu os caminhos para todos nós.

E perder essa guerra não vai ser bonito.


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Allan dos Santos
 - 09 de Janeiro




FORMAÇÃO / LIBERDADE DE EXPRESSÃO




👆 Não ter um preço entre aqueles que se vendem tão facilmente
(09/01/2022)


A busca pela verdade é uma angústia insaciável e inextinguível no homem. Em um denso resumo, pode-se dizer que o afastamento dessa busca é a causa de toda deformação na personalidade humana e até de patologias psíquicas.

Ocorre que querer a verdade não é suficiente para encontrá-la, assim como querer uma casa não é suficiente para obtê-la. A posse dos meios adequados é etapa crucial nessa jornada, pois a posse de meios inadequados é o mesmo que entrar em um trem indo para outro destino. O seu desejo não mudará o destino, o trem certo sim. Desejar construir uma casa de alvenaria apenas com bambus pode resultar na construção de uma casa de bambu, mas não de alvenaria. Tamanha a importância da posse dos meios ADEQUADOS à finalidade desejada.

Desejar algo nunca será critério ÚNICO para a sua obtenção. E foi pensando nisso que homens como Platão, Aristóteles, Agostinho e Tomás de Aquino escreveram livros e mais livros para explicar como é possuir os meios adequados para a busca da verdade, uma vez que eles já sabiam que o DESEJO pela verdade já está inato no homem.

E como esse desejo não morre, é importante salientar que ele pode se frustrar. E é aqui que nasce a enfermidade psíquica, a burrice e a maldade. Ninguém se torna ímpio por desejar a verdade, mas por não reconhecer que o fim desejado ficou frustrado. A maldade nasce do império da frustração no íntimo do homem.

Muitos pensam que maldade e sabedoria podem andar juntas, mas é exatamente a ausência da sabedoria que dá à luz à maldade, à impiedade, ao abandono do mais frágil, ao esfriamento do amor. Não é a sabedoria que cega o homem, mas a sua ausência. O coração passa a ficar seco, desidratado, e para manter a posse das ferramentas equivocadas que precisam ser jogadas no lixo, o que há de pior no homem passa a ferir quem quer que seja para manter de pé a ilusão da paz interior. Paz essa que não dura segundos, de tão falsa que é.

Essa luta aflige ricos e pobres, famosos e desconhecidos, cidadãos comuns e autoridades. Quem quiser se livrar dessa guerra interior terá de ser honesto com sua consciência, recôndito onde aplauso algum poderá abafar o grito mais íntimo de fazer e falar o que é certo, independente das consequências.

Sem essa conversação interior, todo homem, por mais forte e poderoso que seja, irá sucumbir nas mãos dos perversos, que não são poucos. É uma luta que não se vence, mas se deixa ser vencido. No coração do homem, ou a verdade impera, ou ele será servo daqueles que sabem qual é o preço do seu silêncio, da sua omissão. Já o homem que não tem preço, podem tirar tudo dele, mas ele nunca deixará a verdade. Não porque ele APENAS a deseja, mas por saber que possuiu os MEIOS ADEQUADOS de encontrar a verdade tão querida e suspirara no íntimo de sua consciência. Homens assim sempre serão odiados. Afinal, onde já se viu não ter um preço entre aqueles que se vendem tão facilmente?

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👆 PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO! (agora não mais pelo FoiceBookistão, mas pelo Telegram)


01/01/2022:
"Pessoas que julgam as opiniões alheias menos pelo seu coeficiente de veracidade e falsidade do que pela conjeturação antecipadíssima de seus efeitos possíveis na propaganda eleitoral são tão desprezíveis quanto os politiqueiros ladrões que ciclicamente elas enviam ao Parlamento."

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02/01/2022:
"As instituições foram feitas para o ser humano, não o ser humano para as instituições. É a verdade mais óbvia e, no Brasil, a mais desprezada."

"Cada vez mais vocês verão comunistas posando de superiores a ideologias, senão mesmo de conservadores e cristãos. A hipocrisia,  nessa gente, não é uma atitude oportunística, é o modo natural, espontâneo e permanente de ser."

"Repito pela milésima vez, e em vão como sempre: O comunismo é o ÚNICO movimento político de alcance mundial, contra cujo poder avassalador pouco ou nada seus concorrentes locais puderam e podem fazer. E é o único que há  décadas obtém vitória em cima de vitória por meio do velho truque diabólico de fingir que não existe."

"Os comunistas sempre se orgulharam de ser confessadamente ideológicos num mundo onde tudo, segundo eles, era ideologia. Agora descobriram que podem obter vitórias posando de  superiores a ideologias e usando o termo "ideólogo" como xingamento para depreciar seus inimigos."

"Repetir chavões de quatro séculos contra a "Inquisição" é a prova de que hoje em dia ficou difícil dizer qualquer verdade sem reforçá-la com alguma mentirinha."

"Até o século XVIII, nenhum movimento ideológico matou tanta gente quanto o "iluminismo", que até hoje é símbolo de liberdade e  amor aos direitos humanos."

"Ser conhecido pelas suas lindas presunções retóricas em vez da materialidade dos seus hediondos feitos reais é o privilégio dos ídolos modernos."

"A universidade é o berçário da classe mandante. A direita pode vencer todas as eleições e jamais terá poder nenhum, enquanto não tomar das mãos dos comunistas o controle da vida acadêmica."

"Eleger um presidente da República é menos importante do que eleger presidentes de centros acadêmicos."

"Apoio popular não é poder. O governo Bolsonaro é a maior prova disso."

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03/01/2022:
"Quanto mais louco fica o mundo, mais as pessoas acham tudo normal."

"O país dos coitadinhos -- como o chamava o Emil Farhat num livro clássico -- despreza a Sara Winter, o Bob Jeff, o Allan dos Santos e o Daniel Silveira. Só gosta de gente educadinha."

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Guerra de informação
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
8 de Janeiro de 2022

A finalidade do presente artigo é dividida em três partes:

1) Mapear como os ramos da árvore Terça Livre se dividiram após seu corte;

2) Explicar o legado que essa árvore deixou;

3) Sintetizar por que tudo isso é importante.

Vamos à primeira.

Ramificações

Após seu término, os membros do Terça Livre se espalharam pela web. Alguns ainda bem próximos do público e outros um pouco mais distantes.

Os que ainda estão bastante próximos de sua audiência e que ainda interagem com ela de forma bem mais frequente são Ítalo Lorenzon, Max Cardoso e o novo canal Expressão Brasil.

Ítalo está tentando basicamente reconstruir um vaso quebrado (com outro nome). Não é tarefa fácil, e não se sabe se, em um dado momento, terá que largar esse vaso quebrado e buscar por uma réplica ou substituto, ou poderá mantê-lo. Mas ele está se esforçando, pois não é do tipo que desiste. Passou a fazer lives todos os dias com convidados antigos (e novos) dos programas do Terça para seguir na análise política e promover uma nostalgia para quem sente falta dos boletins, o que é bom, pois mantém a coisa na lembrança das pessoas de forma geral e continua nos informando. Seu canal Ligando os Pontos tem angariado muito público e bastante inscritos (incluindo este que vos fala), e eu espero que angarie cada vez mais.

Outro que está bem próximo do ex-público do Terça é Max Cardoso, porém, seu direcionamento mudou. Ele também está convidando pessoas, como o escritor Laudelino Lima para seus programas, mas de forma geral, ensina as pessoas sobre história, filosofia e teologia. Seu canal está todo voltado ao conhecimento geral, o que tira Max da análise política que antes fazia, mas isso é muito bom, pois aumenta a carga de cultura que as pessoas podem ter. O canal Expressão Brasil, fundado por Max, Anderson e Carlos Dias, continua sua missão de trazer notícias e análises para o ex-público do TL paralelamente ao trabalho que o Ítalo está fazendo.

Há um ramo que não conseguiu se segurar próximo de seu público e acabou caindo mais longe. Muitos devem saber de quem estou falando: Allan dos Santos. Não por culpa dele. Todos que acompanhavam o jornalista no Terça sabem o que lhe aconteceu. Allan acabou se distanciando da árvore, primeiro porque acabou tendo que ficar nos Estados Unidos, mas esse não foi o principal fator complicador: Allan foi EXPULSO de todas as suas redes sociais, Instagram, Twitter, Facebook, e até mesmo o próprio YouTube. Algo análogo aconteceu exatamente com o jornalista Alex Jones nos EUA. Não lhe restou alternativa alguma a não ser se valer de canais alternativos, como as redes Gettr, CloutHub e Telegram, além de seu site no exterior.

Sua empresa acabou tendo que ser fechada no Brasil e ficou com ele no exterior. Dessa forma, seu itinerário também mudou por lá. Allan ficou com a difícil tarefa de ser o - para usar um termo de Jeffrey Nyquist - "canário na mina de carvão". Aquele que quer despertar as consciências, que chama a atenção para os assuntos difíceis, proibidos pela velha mídia, mas que não consegue tanto quanto antes pela dificuldade da distância, alcançar mais um grande número de pessoas, muito embora tenha alcançado bastante pessoas, e eu sou uma delas. Allan foi o mais prejudicado de todos, pois perdeu todos os seus meios de ganho no Brasil, tendo que recorrer ao dólar americano para se sustentar, e ainda sofre com sua filha bebê no hospital enfrentando a encefalite. Dessa forma, Allan conta com seu público para lhe ajudar e com a misericórdia de Deus, e sendo eu um dos que o segue, eu o acompanho e rezo para que consiga superar essa fase difícil, pois tenho convicção de que Allan é um fiel servo de Deus em nosso mundo. E nada vai me tirar essa convicção.

Legado

Ítalo Lorenzon em seu canal no YouTube usou de uma analogia muito boa que eu reproduzo aqui: a árvore foi cortada mas espalhou frutos que jogaram sementes na terra. Essas sementes gerarão outros frutos. Alguns exemplos disso nós vemos com a Brado Rádio em Salvador - Bahia, que conta com gente muito boa, como o dono Thimóteo Oliveira, Leo Dias, Didi Castro, Gervásio Lopes, Sara Couto e outros que sempre aparecem fazendo análises tanto no Brado Jornal quanto no programa Hora 360; o Jornal da Cidade Online também conta com gente boa e um canal no YouTube, isso sem contar com os futuros projetos que os ex-membros do Terça Livre irão promover a partir de agora.

Uma coisa que eu ainda não falei tanto desde o fim do Terça, foi dos ex-escritores da extinta Revista Terça Livre, publicação que sempre foi uma constante aqui no meu site, que eu tive o prazer e a honra de assinar e dividir um pouco com vocês. Caras como Paulo Moura, Alexandre Costa, Letícia Dornelles, Bruno Dornelles, Alexandre Magno, Ernesto Araújo, entre outros articulistas, e claro, meu grande amigo Leônidas Pellegrini, que tive a satisfação de conhecer pela revista e com quem sempre troco ideias e conselhos no Telegram.

Bruno por exemplo continua tendo seu espaço no YouTube, fazendo suas análises, com espaço garantido no jornal Brasil Sem Medo. Alexandre Costa, um dos maiores entendidos em geopolítica e grande expert em Nova Ordem Mundial, autor de vários livros essenciais, continua escrevendo por lá também e fazendo suas transmissões pelo seu canal no YouTube. Paulo Moura tem seu canal também no YouTube, o Dextra.

Ernesto Araújo, ex-ministro do Itamaraty no governo Bolsonaro, também muito ativo na revista e no Terça, está no projeto ConservaTalk agora e no jornal Brasil Sem Medo, no programa apresentado por Brás Oscar, o Brave News, excelente e informativo. E Leônidas está agora na Revista Esmeril, e continuará SIM a ser publicado aqui neste site.

A importância desse legado

Como vocês podem ver, são muitos os bons ramos que essa árvore chamada Terça Livre acabou criando, e que foram preservados após o seu corte, fazendo com que esses ramos continuassem a crescer e a dar ainda mais frutos. A razão de eu estar trazendo tudo isso à tona de novo é notarmos o óbvio, uma lição que Padre Paulo Ricardo sempre nos ensina: "Deus nunca permite que um mal aconteça se desse mal ele não pudesse tirar um bem maior". Acredito que o fim do Terça Livre foi um mal sim, muito grande, e uma constatação cabal que a liberdade de expressão no Brasil está suspensa. Satanás mandou para essa tarefa um de seus melhores demônios, o cara da cabeça lustrosa que todos sabem quem é. Para uma missão dessas, Satanás jamais indicaria um estagiário menor ou mesmo um escrivão, como o do livro de CS Lewis bem famoso, Cartas de Um Diabo a Seu Aprendiz. Contudo, em vista de tamanha ameaça, Deus também mandou seus melhores anjos, prontamente dispostos a socorrer as boas almas atacadas pelo melhor secretário de Satanás. Com o tempo, essa balança há de se equilibrar e o bem há de triunfar novamente.

Isso nos deixa, por hora, as ferramentas para entender a razão de lembrarmos sempre da importância desta batalha. E ela é austera: é porque estamos em uma GUERRA DE INFORMAÇÃO.

Alex Jones havia acertado muito quando deu a seu canal, o trabalho de sua vida, o nome InfoWars, canal que pode ser acessado pelo Rumble e pelo BitChute.

Allan dos Santos, em seu programa Guerra de Informação vai pela mesma toada. Percebam que esta guerra não é uma daquelas da visão clássica de guerra, lutada com canhões, escopetas, etc. É uma guerra que é combatida por meio da informação, da palavra, da escrita, dos meios culturais de supremacia. É uma batalha desigual, de Davi contra Golias, somos nós, TODOS NÓS, enfrentando o Leviatã, um monstro já acostumado a seu meio e bastante traiçoeiro. Quem tiver a supremacia no domínio da informação, ganha essa batalha. Portanto, ela não se trata de algo que apenas temos que desferir socos fortes e potentes. Não! O inimigo possui um canhão, nós possuímos apenas um estilingue torto e desregulado. Mas existe um ditado americano que eu gosto: não se trata do carro, mas sim do piloto. É o piloto do carro que guia o carro. Isso nos dá a perspectiva de que nós podemos vencer um Porsche novo com um modelo Gol usado e batido, se tivermos estratégia e conhecimento suficientes. É difícil, mas possível.

Allan sabe disso.
Ítalo sabe disso.
Max sabe disso.

Todos sabem.

Nós também temos que saber. Esta é a razão de, frente às adversidades, eles não desistirem. Também nós não devemos desistir. Quando pensar em desistir, ouça o tilintar do sino na cabeça anunciando as palavras de Olavo de Carvalho: "quem durar mais tempo, vence". Ouça a voz de Stallone interpretando Rocky Balboa: "não é quantos socos você desfere, mas quantos você aguenta sem cair e seguindo em frente".

E siga em frente. É assim que vamos vencer a GUERRA DE INFORMAÇÃO.

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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)

De volta, nosso grande Giorgio Cappelli faz o seu Olavo falar do "extremismo da direita"... segundo o CataFôia... he he he!
(10/01/2022)


E nessa nova temporada, nosso amigo Leandro Spett, criador do Gadu Ananauê fecha 2021 com tudo, nos trazendo o maior arrombado socialistinho desde o Afonsinho! E também descobrimos a razão de termos passado um Natal em paz!... ou algo assim! Curioso pra saber o que esse arrombado lacrador vai aprontar em 2022! Como bônus, uma história de dois castores... mas não é piada do Ary Toledo!...
(26/12/2022)
(24/12/2022)
(16/12/2022)


Fui falar em Afonsinho, e me bateu a nostalgia. Será que o Afonsinho finalmente virou gente?... 😏
(29/12/2019)


E finalmente, duas surpresas do Sal Conservador, PeppaLeão e o Moroango da Peste! Biografanda e biografado! Já pensou a dupla sertaneja que sai? Eita par! 🙌
(08/01/2022)
(29/12/2021)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Para este início de ano, todos sabem que teremos um ano muito difícil e turbulento. Muita coisa ruim vai aparecer no meio do caminho, e o que já está péssimo, vai ficar ainda pior. Neste cenário desalentador, uma leitura de reflexão é mais do que essencial. Então, aproveite as palavras de sabedoria de nosso grande Santo Agostinho para se inspirar e não se abater. Quem sabe, as Confissões desse grande Doutor da Igreja possam te iluminar a inteligência? É o que eu desejo para você.

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