Edição XV (Revista Terça Livre 105, opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



(Não tenho o hábito de trazer matérias ligadas a geopolítica neste blog, todos sabem que atuo mais na área cultural, mas o momento e a ocasião históricos faz com que seja necessário falar sobre Cuba esta semana, pois é necessário que todos saibam disso. Primeira matéria abaixo.)

MATÉRIA DE CAPA


Cubanos se levantam pela liberdade
(por Bruna de Pieri Oliveira)


Liberdade, pátria e vida: eis o que está em jogo no inédito levante registrado em Cuba.

Aos pés de Nossa Senhora da Caridade, padroeira de Cuba, a palavra de ordem era uma só: Liberdade. O registro de centenas de pessoas ao redor da imagem da Virgem Santíssima, elevada pelas mãos de um sacerdote, é um dos momentos mais marcantes das manifestações que irromperam na ilha neste domingo (11).  

Os protestos começaram na cidade de San Antonio de Los Baños e rapidamente se espalharam para outras regiões de Cuba. Além da tão cara liberdade, os cubanos também pediam pelo fim do comunismo, pela “pátria” e pela “vida”.   

Enquanto as lojas eram saqueadas em busca de alimentos, a imprensa brasileira afirmava categoricamente que a luta dos cubanos era por vacinas contra o vírus chinês. 

A velha mídia faz uma cobertura abafada do que é considerado o maior protesto do país em 30 anos e acaba derrotada pela realidade exposta nas redes sociais: o levante combina pandemia e miséria, mas de longe a falta de vacinação é o principal motivo. 

Em um dos milhares de vídeos que circulam nas redes, uma mulher aparece dizendo que o “povo está morrendo de fome”. Com um salário mínimo equivalente a R$ 90, as pessoas passam horas na fila todos os dias para comprar alimentos básicos.  

Muitos estão impossibilitados de trabalhar porque restaurantes e outras empresas estão fechadas há meses. Essas condições desesperadoras levaram ao aumento da migração por terra e mar.

Além disso, o país que diz ter os melhores médicos do mundo enfrentou uma grave epidemia de sarna no início deste ano e não tinha sequer remédios para tratar de seus doentes. 

O governo cubano atribui seus antigos problemas econômicos ao embargo comercial dos Estados Unidos, que impede seu acesso ao financiamento e às importações. A pandemia do vírus chinês também piorou e em Matanzas, no leste de Havana, alguns pacientes e seus familiares recorreram à publicação de vídeos furiosos no YouTube, gritando por falta de remédios e de médicos. 

Em Cuba, demonstrar publicamente a insatisfação contra o “governo” significa trair a revolução. O regime castrista reprime qualquer tipo de manifestação. Ainda assim, o povo teve coragem de ir às ruas, mesmo sabendo das consequências.  

Trechos das manifestações foram transmitidos ao vivo nas redes sociais pelos seletos usuários da internet no país. As imagens explodiram por todo o mundo, expondo o falido regime socialista e incomodando Miguel Díaz-Canel, ditador que hoje comanda a ilha. Os sinais de internet e de telefonia foram derrubados e os cubanos ficaram incomunicáveis com o resto do mundo. 

Em anúncio público, Canel convocou todos os revolucionários comunistas a atacarem os cidadãos, que foram confrontados com muita violência. De acordo com as informações de Zoe Martinez, cubana naturalizada brasileira, a ordem agora é que os hospitais não atendam quem foi machucado durante os atos.

MST

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), saiu em defesa da ditadura e publicou uma nota em apoio ao ditador Miguel Díaz-Canel. O MST informou que a brigada no movimento em Cuba foi para as ruas.

Em entrevista ao Boletim da Manhã desta segunda-feira (12), o deputado estadual Gilberto Cattani (PSL-MT), alertou que o MST é um dos braços mais fortes do Foro de São Paulo na América Latina. 

“Onde a esquerda busca forças, lideranças e militância? No MST. O cerne das organizações de esquerda, o cerne do comunismo dentro do nosso país chama-se MST”, comentou.  

Itamaraty

Apesar das cobranças, até o momento, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) do Brasil não se pronunciou sobre Cuba. 

Mas ainda no domingo, quando os protestos eram o principal assunto ao redor do mundo, o ex-chefe do Itamaraty, Ernesto Araújo, falou sobre o assunto e disse que seu trabalho à frente do MRE contribuiu para o movimento popular em Cuba. 

De acordo com o diplomata, no período de janeiro de 2019 a março de 2021, o Brasil rompeu a má tradição de bajular o regime castrista e colocou pressão contra a ditadura de Cuba, como parte da política para enfrentar o Foro de São Paulo. 

“Talvez essa pressão e essa nossa atitude de dar um basta ao projeto criminal-socialista, denunciando-o e deslegitimando-o, em articulação com outros países democráticos, tenha contribuído em alguma medida para o movimento popular que irrompeu hoje [domingo] em Cuba contra a ditadura”, escreveu. 

O presidente Jair Bolsonaro também falou sobre o assunto na primeira oportunidade que teve. Na segunda-feira (12), em conversa com os apoiadores, ele se colocou ao lado do povo cubano e criticou o regime socialista. 

“[Os cubanos] foram pedir liberdade. Sabe o que tiveram ontem? Borrachada, pancada e prisão. E tem gente aqui no Brasil que apoia Cuba, que apoia Venezuela… Gente que foi várias vezes para Cuba tomar champanhe com [Fidel] Castro, foi para a Venezuela tomar uísque com o [Nicolás] Maduro. E tem gente aqui que apoia esse tipo de gente. É sinal de que querem viver como os venezuelanos, como os cubanos”, afirmou o mandatário.

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CULTURAL


Não há mal do mundo - Parte 2
(por Kauê Varela)

Continuando...

Peguemos um caso muito peculiar na literatura cristã: Clive Staples Lewis. Lewis foi um exímio defensor da fé cristã, mas, para nossa análise, vamos a sua obra, que é em grande medida a base deste singelo texto que estás a ler, “O problema do sofrimento”. Esta é a uma das melhores análises do que (de fato) é o sofrimento. No entanto, ela se enquadra justamente como uma análise hipotética, ainda que feita de forma magnífica! Nela, Lewis faz a distinção entre o problema do sofrimento entendido e analisado de forma abstrata e a distinção do problema do sofrimento real em cada indivíduo. No entanto, 20 anos depois de escrever essa obra, Lewis foi vítima de sua própria construção teórica, pois se viu dentro de um dos maiores sofrimentos que havia passado até então, a morte de sua amada esposa Joy Davidman. Lewis escreve então o livro “A anatomia de uma dor – o luto em observação”. Aqui vemos de perto como alguém realmente sofre diante da dor sentida na alma! Não vou cometer aqui a heresia de dar spoilers, então fica a recomendação para que você leia essas obras e, se me permite uma recomendação, dentro deste tema, leia primeiro a obra “O problema do sofrimento” para depois encarar “A anatomia de uma dor – um luto em observação”.

Feitas as devidas ressalvas, indicações e exemplos, entendamos de uma vez por todas que quando participamos do processo da dor e do sofrimento, estaremos inevitavelmente envoltos por uma neblina pessoal difícil de ser superada para que possamos ver as coisas com relativa clareza. Ah, antes que pense qualquer coisa, não vou aqui cair no discurso clichê de “Tudo faz parte dos planos de Deus”. Sabemos lá no fundo que isso é verdade, mas somente um afastamento tanto temporal quanto pessoal desses eventos que nos causam sofrimento podem, eventualmente, nos trazer algum sentido para eles. Voltemos ao exemplo da mãe que perde seus filhos em uma tragédia e imagine sussurrar em seus ouvidos, enquanto ela chora na calçada com um olhar catatônico “Não se preocupe, tudo faz parte dos planos de Deus”. Estaríamos agindo como monstros... bem-intencionados! Mas ainda assim, monstros!

Desse modo, devemos ter de forma clara em nossa mente que questionar a existência de Deus pela maldade existente no mundo é simplesmente absurdo. No fundo, estaríamos exigindo que Deus alterasse toda a realidade para o nosso “bem-estar”. Vamos a um exemplo simples: uma mera ofensa verbal. Em um cenário onde existe um Deus bom que não permite o mal no mundo e alguém nos ofendesse, ou mesmo mentisse para nós, esse Deus teria que alterar as moléculas de oxigênio para que o som das mentiras e/ou ofensas não chegassem aos meus ouvidos, ou, caso chegassem, alterar minhas sinapses cerebrais para que eu não as compreendesse, ou mesmo, em última instância, Deus precisaria retirar nosso livre-arbítrio, pois nossa liberdade faculta o direito de pegar o garfo construído para alimentar e cravar no coração de alguém por mero capricho e se alguém decidisse fazer uso desse mesmo utensílio doméstico desta forma, Deus precisaria transformá-lo, por exemplo, em uma peça de algodão para que não causasse ferimento algum, em suma, analisando de forma ampla, para que um Deus bom não permitisse o mal, dada a existência do livre-arbítrio, Ele precisaria eliminar a própria vida!

O que você lerá em seguida pode soar estranho, mas é um dos grandes paradoxos do Amor divino: Por amor, Deus permite o mal, pois do contrário Ele precisaria eliminar a possibilidade de O amarmos livremente e um amor “obrigatório” não é Amor. Lembre-se das curas realizadas por Jesus nos leprosos (hoje essa doença é chamada de hanseníase). Essa doença tem por particular efeito a impossibilidade de sentirmos dor, o que em uma análise mais superficial nos parece até atraente, mas se pensarmos bem, a dor é uma forma do corpo avisar que algo não está certo em determinado lugar e se, por exemplo, pisarmos em um prego enferrujado e não pudermos sentir a dor imediatamente, imagine o estrago que isso nos causará a médio prazo! E era exatamente essa a condição dos leprosos na época de Jesus. Eles eram praticamente pedaços de pele podre ambulantes, o que os tornava socialmente indesejados, não só pelo desconforto de se estar ao lado de alguém nessas condições, mas pela transmissibilidade da doença. Quando Jesus os cura, além de restaurá-los fisicamente, Ele também restaura a capacidade daquelas pessoas de sentir dor! Já pensou nisso por um instante? Jesus, literalmente, devolveu aos leprosos a capacidade de sentirem dor! A dor, seja ela física ou mesmo emocional, possui lá sua importância, por mais que, como eu já disse, enquanto inseridos no problema seja muito difícil. Falo por mim. Hoje me considero um homem completo, pois sou casado há 13 anos com uma linda mulher, que me ama e me apoia em qualquer circunstância e juntos temos dois filhos maravilhosos, no entanto, isso só foi possível pela morte de minha avó (minha mãe de criação). Morávamos em Ubatuba e lá ela veio a falecer. Meu avô, então, decidiu que devíamos vender aquela casa repleta de lembranças e tentar a vida em São Paulo. Em menos de três meses já estávamos em nossa nova casa. No entanto, nesses mesmos três meses eu havia perdido minha mãe de criação, todos os meus amigos (nos anos 2000 não havia WhatsApp), minha casa repleta de lembranças e até meu cachorro! Ele precisou ficar na casa de um conhecido em Ubatuba, pois nossa nova casa não comportava um cão de grande porte. Meu mundo inteiro desabou nesse novo cenário! Mas nove anos depois, nesse mesmo cenário, foi onde conheci minha atual esposa. Não vou aqui falar se minha vida na antiga cidade seria melhor ou pior do que a que eu efetivamente vivi, pois esse “exercício mental” geralmente só nos causa dor e sofrimento. Precisamos nos acostumar a olhar e analisar a vida que vivemos, de fato, não aquela que poderíamos ter vivido.

Se qualquer um me perguntasse naquela época, eu não saberia explicar o motivo de tanta dor e sofrimento, mas hoje eu posso sim notar um sentido muito claro e definido, mas isso é muito pessoal e não vale para mais ninguém além de mim mesmo. O que não é tão absurdo, visto que é justamente essa a análise que devemos sempre fazer e que está posta nas linhas deste texto: o sofrimento com toda a sua “bagagem”, positiva ou negativa, precisa ser analisado na individualidade de cada um, mas nunca em si mesmos (a dor pela dor), mas sempre dentro de um contexto mais amplo que só é possível pelo tempo. Como diz aquele velho clichê, que é verdadeiro justamente por ser clichê: O tempo é a mãe da Verdade!

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COMPORTAMENTO


Maternidade
(por Letícia Dornelles)


Quando uma criança nasce, também nasce uma mãe. É clichê. Mas não se constranja de repetir. A mãe literalmente nasce junto com o bebê. Não há curso, terapeuta, obstetra ou manual que prepare a mulher para tamanha emoção. É um divisor de águas na vida da gente. Existe o antes e o depois do momento sublime que é dar à luz.

Meu parto estava marcado para as 18h do dia 17 de agosto de 2010. Cheguei às 17h na maternidade. Troquei a roupa comum pelo camisolão de hospital. A obstetra ligou avisando que havia uma emergência e teve de se dirigir à outra maternidade para um parto inesperado.

Meu coração parecia que ia sair pela boca. O tempo não passava. A obstetra não chegava.

Meus primos ligavam de dez em dez minutos, querendo notícias, lá do Sul. Duas tias vieram acompanhar.

Dois amigos estavam em Las Vegas e ligavam de meia em meia hora. Eram Leon Abravanel e Fernando Pelégio, do SBT, emissora para a qual escrevi especiais e uma novela, Amigas e Rivais. Leon brincava: “Espera até dia 19, que é aniversário do SBT!”

Às 22h, o enfermeiro entrou e avisou que a obstetra havia chegado. Fui colocada na maca e fechei os olhos, sem coragem de ver mais nada.

No momento da anestesia, a gestante é colocada segurando os joelhos e apertando a barriga. Dói. A gente já está desconfortável e o anestesista ainda fala: aperta mais”. Claro. Soltei um pum. Perdi ali a minha dignidade. O médico riu: “É comum, relaxa”.

Eu estava prestes a dar à luz, mas a vergonha tomou à frente de qualquer oura emoção mais fofa.

Eu comecei a tagarelar sem parar. A obstetra avisou: “Leticia, para de tagarelar. Você vai ficar toda inchada e cheia de gases”.

Gases. Para que citar esse detalhe? Mas eu ria. E tagarelava. Deveria ter alguma coisa na anestesia que me deixou elétrica. A situação em si. Anestesiada no corpo, mas com a alma desperta. Para me acalmar e me distrair, o pediatra falava bobagens. E eu ria. Posso dizer que meu filho veio ao mundo em meio a muita alegria.

Muita coincidência: o nome que escolhi para o meu filho é Patrick. O filho da obstetra é Patrick. O filho do pediatra é Patrick. Uma segunda pediatra também era mãe de um Patrick.

Quando meu filho nasceu, a médica olhou para o relógio na parede e disse:

- Vinte e três horas e trinta e oito minutos.

Via a movimentação no centro cirúrgico. Mas não escutava o choro

dele. Estava muito tensa. Perguntei:

- E o meu filho? Não escutei o choro dele.

- Está chorando. Ouça.

Ouvi. Era um chorinho distante.

- Ele está bem? Como ele é?

- Está ótimo. É loirinho de olhos cinzas.

Em seguida, o pediatra o colocou no meu peito. Eu estava maravilhada com meu bebê. Chorei muito.

- Seja bem-vindo ao mundo, meu amor. Que Deus te abençoe e te proteja.

Foi o que consegui dizer. As palavras engasgavam na minha garganta.

Estava cheia de fios que me ligavam aos aparelhos medidores de batimentos cardíacos e à anestesia. Não consegui colocar o respirador. Sufoquei. Preferi ficar ao natural.

Patrick no meu peito. Já estava no ventre, no coração, mas naquele momento estava no meu peito. Colado na minha pele.

Soube que enquanto eu tentava localizar meu filho, minha mãe estava cortando o cordão umbilical. Ela assistiu ao parto, fotografou, e foi convidada a cortar o cordão. Eu pensei: “ela vai desmaiar”.

Que nada. As fotos estão nítidas. Não tremeu. E ainda fez pose, com os olhos cheios de lágrimas.

Patrick vai completar 11 anos em 2021. Um pré-adolescente que me enche de orgulho. Companheiro, amigo, divertido, inteligente, cúmplice dos lanches à meia-noite na cozinha.

Aprendo dia após dia a ser mãe. Cresço com meu filho. E creio que nunca terei o diploma de mãe do ano. Estou sempre aprendendo. Jamais serei professora. Sempre aluna na escola da maternidade.

Fale com o seu filho. Conte para ele ou ela como veio ao mundo. Como você se sentiu. Como estava o dia. Um dia, seu filho contará ao filho dele, que contará ao neto. Essas lembranças fazem parte da história de vocês. São como as fotos que ainda fazemos. E de vez em quando olhamos para matar a saudade de épocas distantes.

Meu filho nasceu numa terça-feira, de lua crescente, sob o signo de Leão.

Há quem deteste astrologia. Mas eu creio nas estrelas. Gosto de admirar o céu. De tentar localizar as constelações. De observar as fases da Lua.

Deus está no céu. Olhe para o céu. Sempre. Conecte-se com o infinito.

Conecte-se com o seu filho. Não apenas pelas mensagens carinhosas de WhatsApp. Mas olho no olho. Risada com risada. Lágrima com lágrima. Conte histórias. Ouça as histórias dele. Mesmo as inventadas. Criança adora criar histórias. Não veja como mentiras. Mas como uma mente criativa. Um mini escritor amador. Seja leve com ele. O mundo já está pesado demais. Tenha paciência com o seu filho. Pergunte como foi o dia. O que sentiu. O que sonhou. Acredite: não há conversa melhor do que a que você tem com a sua criança.

O cordão umbilical é cortado na maternidade. Mas há um cordão invisível que ninguém jamais cortará: o seu amor por ele. Olhe o seu umbigo e olhe o umbigo dele. Vocês já foram unidos de maneira orgânica. E estarão sempre unidos pelo coração. Pelo amor.

Não há elo mais forte e necessário para a nossa sanidade emocional e mental do que amor pelo filho que colocamos no mundo. Ame. Cuide. Proteja. Agarre e beije muito.

Você vai perceber o quanto vai se sentir forte e com coragem de enfrentar qualquer desafio que tiver pela frente. E vai criar uma pessoa mais segura de si e com valores importantes. Sentir-se amado e desejado fará do seu filho um ser humano melhor. Ele repetirá os gestos que viu você fazer com ele nas relações futuras. Com quem namorar, casar e com os filhos. Com os amigos. Com os colegas de trabalho.

Não se importe se os outros não valorizam o afeto que você oferece. Cada um dá o que tem no coração. Quem tem amor, entrega amor. Quem tem fel, entrega fel. O seu filho saberá separar o joio do trigo porque aprendeu em casa. Lá da maternidade já começou a ser aprendiz na arte de amar e ser uma pessoa de bem. E lá adiante, na velhice, você pode se orgulhar de ter cumprido a missão que é colocar uma vida no mundo.

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BRASIL


As primeiras coisas primeiro
(por Lucas Campos)

O Brasil profundo abriga um povo aguerrido, trabalhador, alegre e extremamente cristão. Nossa Ilha de Vera Cruz é bela e receptiva. Contudo, nas últimas décadas, nos tornamos hostis a determinados elementos da vida humana, ao passo que, em outros, colocamos todo o nosso coração.

Esse povo, outrora saudável, pouco a pouco, em meio aos antagonismos, desfigurou-se. Com o advento das redes sociais, aquilo que não interessava passou a ser a principal ocupação mental do cidadão comum. Abandonamos aquilo que é atemporal e aderimos ao efêmero. Tem sido assim desde que constatamos que fomos todos usados como trampolim político por uma certa elite de caráter duvidoso. Na ânsia de sair do charco de lodo no qual fomos lançados, abraçamos de corpo e alma aquela que não poderia nos tirar do lamaçal, mas que nos atolaria em definitivo: a política.

Não faço aqui uma crítica ou proselitismo sobre tal item, ou, ainda, desqualifico-o, mas chamo atenção para a hipnose que nos encontramos. O brasileiro viciou-se em saber do que não lhe acrescenta - está em transe.

Na mesa do café, além dos biscoitos e do pão d’água, está o smartphone que o seu João deixou ligado na expectativa da próxima notícia vinda da capital - e que amanhã já não mais servirá. O trabalho não rende como antes; o interesse pela família desgasta; a missa, antes prioritária, hoje é ''quando dá''. ''Deus que lute para resgatar-me''. As raras conversas com o padre se transformaram em debate político. Mas também, pudera, o sacerdote abandonou o ofício de levar almas a Deus ao entregar a sua ao partido. Os altares e púlpitos contemplam homilias vazias do Cristo Ressurrecto e cheias de ideologia e profanação. O que é sacrossanto importa menos que o desejo desenfreado de saber qual será a novidade passageira que os donos do poder decidiram nas câmaras legislativas e nos tribunais superiores, sem a participação do seu João - que não comungou, tampouco confessou seus pecados ao pároco.

Os lugares sacros, onde encontramos paz, estão cada vez mais infectados pelo que não interessa. A comunidade reúne-se em torno da beleza do sagrado; vitrais esplêndidos, que dão vida à nave da igreja, hoje são esquecidos ou substituídos pelos devaneios da politicagem do dia. O transcendente é visto como um elemento distante, às vezes obscuro. Logo, a perda do senso das proporções nos coloca distante da realidade. O homem acredita que o novo vício é a máxima expressão do tangível; tudo o abala, pois, como diz o apóstolo São Paulo em sua Epístola aos Romanos: ''estou certo que as aflições deste tempo presente não são para comparar com a glória que em nós há de ser revelada''. Quando o cidadão abandona aquilo que é eterno, naturalmente perde a referência de quem ele é; e é destruído pelas circunstâncias temporais. Ele está tão desconexo do mundo real, que lida com efemeridades como se fossem eternas.

Não há um indivíduo adulto que não tenha passado por momentos de transição na vida. Também não há quem nunca vivenciou ciclos de alegria ou tristeza. O que diferencia a sanidade da loucura é a percepção dessas fases; fazer a leitura adequada de cada componente, ou seja, distinguir entre o temporário e o duradouro; separar o sagrado do profano; saber o que é transitório e o que é para eternidade. Ser são é analisar tudo isso e colocar cada elemento na escala correta da existência.

Para nós, militantes modernos, Deus, família e a convivência na comunidade local perderam espaço nos estágios de nossa vivência na Terra. O que merecia um minuto ganhou uma hora. O que valia uma vida já está à venda. Estamos, ao que parece, longe de voltar à normalidade. Continuamos no frenesi político. Estamos considerando, ainda que inconscientemente, que há messianidade na política.

Ainda temos tempo. Então, faço um apelo: esforcemo-nos, com nossos joelhos dobrados em oração e coração contrito para resgatar a imagem e semelhança de Deus que ainda há em nós. Não somente o aspecto aparente - desgastado pelas vãs preocupações -, mas o religioso, a conexão espiritual, o que nos dá vida perpétua. Por mais que nossas incongruências nos afastem do transcendente, não esqueçamos: somos a pátria amada, e vive em nós um espírito bravo, jubiloso, conquistador, devoto ao Cristo Ressurrecto. Portanto, sejamos sóbrios e voltemos às primeiras coisas.

9 de julho, dia de Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus, do ano de 2021 do Nosso Senhor.

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A tentação dos incrédulos
(por Bruno Dornelles)


A incredulidade é uma doença da alma que consiste em acreditar apenas no que os olhos estão vendo e no que a cabeça está precocemente concluindo. Porém, numa realidade nunca tão confortável e ideal, é absolutamente comum que as pessoas passem a bater pezinhos e neguem qualquer possibilidade de virada ou esperança no futuro, exceto por alguma coisa que corresponda somente à sua mera sobrevivência ou à manutenção do cômodo e doentio espírito de desânimo generalizado, que sepulta e macula qualquer nova iniciativa antes mesmo dela existir ou ser posta à prova. O medo consentido é apenas um dos vários sintomas que enfrentamos cada vez que essa incredulidade é compartilhada, razão pela qual precisa ser imediatamente quebrada pelos mais corajosos, fervorosos e dilatados corações detentores da sempre acessível fé em Deus.

Ora, se o que vem acontecendo no Brasil ainda motiva essa fome de incredulidade, deveria o incrédulo se perguntar o que Jair Bolsonaro - um presidente de direita - está fazendo no poder, ou por qual razão meios independentes estão se equivalendo em audiências quase semelhantes às dos convencionais, ou mesmo por que todas as manifestações com a presença do presidente alcançam recordes e recordes de participantes. O que a pessoa contaminada com a desesperança não percebe é que o domínio dos meios, no qual, sim, a direita conservadora peca e muito pela falta de organização, não é a única maneira de fomentar processos culturais.

Os processos culturais possuem sua semelhança com a própria realidade e com os fatos em ocorrência no mundo sobrenatural. Não é necessário nem dizer que uma pessoa sem fé ou alienada acerca desses fatos automaticamente só verá a parcela da realidade que seus olhos e miolos conseguem enxergar, o que é obviamente muito pouco diante da imensidão que está sendo renunciada pelo cognitivo da pessoa.

O próprio ato de evangelização dos apóstolos foi um milagre cultural. Quem poderia imaginar que os discípulos de um jovem homem, condenado, açoitado e morte injustamente, poderia levar milhões à conversão direta, e na crença da abertura do reino dos céus para aqueles que corresponderem aos mandamentos de Deus? Parecia impossível doze homens, marcados pela simplicidade e irrelevância social, levarem adiante essa mensagem e disso resultar a súbita expansão da instituição mais antiga de todos os tempos, mas foi justamente isso que aconteceu.

René Girard, pai da teoria mimética, afirmava que um dos elementos primordiais da natureza humana é a imitação. Nós imitamos aquilo que aparenta ser superior a nós. Quando bebês, víamos nossos pais falarem, caminharem, se portarem, sem termos um cognitivo e uma capacidade de movimento plenamente desenvolvidos, mas foi justamente através da imitação que passamos a absorver essas capacidades plenamente. O mesmo acontece em sociedade.

A tendência é de que as pessoas passem a imitar e, disso, adotem discursos superiores baseados no simples convencimento de superioridade e de uma certeza de progresso nessa adoção. Daí que não é possível, por exemplo, que a exposição da Grande Mídia como a maior fonte de mentiras no Brasil, ante inúmeros meios independentes que se esforçam para garantir um mínimo de relato dos fatos censurados pelas grandes redações, não gere nenhum cuidado social por aquisição de informação verdadeira. Mais do que isso: não é possível afirmar que pessoas querem imitar sindicalistas histéricos, vândalos do movimento black bloc ou frustrados que insistem em propagar algum discurso político sutil que seja simpático tão somente aos seus próprios sentidos e interesses.

Pelo contrário. Nunca se assistiu tanto a cases de sucesso empresarial como hoje. Nunca o discurso conservador, ordenado à realidade e não aos desejos egoísticos, foi tão propagado. Nunca a religião teve sacerdotes tão fortes neste século como está tendo agora. A liberdade de informação permitida pelo advento das redes sociais na internet pode ter resultado em posteriores monstrinhos ideológicos de censura, mas estes ainda não chegaram a nenhum processo didático que permita penetrar a psique humano e impedi-lo de beber de fontes superiores a ele.

E é aí, neste lapso de inteligência, ordem e superioridade, que a esquerda se assentou no passado e hoje morre na praia. Se antes eram os propagadores - ainda que mentirosos - de discursos superiores de “liberdade de pensamento”, “defesa da democracia ante a ditadura” e de "pensamento artístico”, hoje seus discursos se limitam à defesa de um criminoso condenado, à defesa das mamatas de dinheiro público para a Grande Mídia e para a classe artística, e do ataque repetitivo, insistente e meramente semântico que apresenta a direita como “antidemocrática", enquanto são eles que depredam, impõem o terror nas ruas e manipulam as instituições para os atos mais arbitrários já vistos.

Enquanto a esquerda não se coordena mais na pressão que exercerá através das imitações próprias das convenções sociais, os processos imitativos da direita geraram uma reinvenção do “filtro social” baseado em valores universais. Ou seja, ganha apreço social e imitação imediata na sociedade aquele que dá valor ao trabalho, aos bons costumes, à beleza, à família e à religião. Deveria ser sempre assim, não é mesmo? Correto, exceto que, em algum momento da história, as gerações passadas culparam abertamente esses valores nas artes, na filosofia e na teologia modernizada, por uma adesão enganada aos processos revolucionários, justificando o que Girard chamava de “interditos”, que são os óbices e escrachos sociais para aqueles que tornarem a defender coisas tão "retrógradas", "autoritárias", "machistas", e coisas do gênero.

Ocorre que, de tanto imitar o mal, o Brasil simplesmente cansou. Cansou de suas misérias - inclusive sociais -, de seus fracassos compartilhados, de suas castas impostas - que se apresentavam como “doutores" e “excelências”, enquanto contaminadas pela imundície moral -, etc. Enfim, cansou de não ter sequer o direito de ter um pouco de esperança no meio de sua terra arrasada.

Por alguma razão, no país onde a Teologia da Libertação resultou no mais nefasto evento da história bimilenar da Igreja Católica, mais conhecido como Sínodo da Amazônia, o povo olhou para os céus de maneira diferente. Não era por saúde, nem por educação, nem por um aumento no Bolsa Família que ele passou a pedir às alturas. Pediu por um sinal, por uma luz, por uma esperança. E a esperança foi dada.

Se, em choque com a realidade e os processos culturais brasileiros, levarmos em conta algo que poderia explicar o sucesso do cristianismo no mundo após a Paixão de Nosso Senhor, Girard também possui uma tese bastante convincente a esse respeito. Ele afirma que o sacrifício possui os seus efeitos culturais justamente por consistir na paz gerada pela eliminação ou pelo martírio de um agente que produz imitação e simpatia social em grandes escalas. Foi assim com Jesus Cristo, mas também houve outros “sacrifícios sociais” que geraram efeitos positivos para determinado ideal revolucionário ou civilizacional.

Assim, a esquerda cresceu ante as mortes de Herzog, de Marielle e de George Floyd – que fulminou no incêndio racial americano promovido pelo Black Live Matters -, mas também com as supostas injustiças aplicadas a Lula, Nelson Mandela, José Mujica, Hugo Chávez, dentre outros. E a direita? Nunca houve uma memória justa às injustiças cometidas à figura difamada de Carlos Lacerda, enquanto a facada de Adelio Bispo em Jair Bolsonaro gerou um efeito cultural tremendo, sobretudo com as versões oficiais inacreditáveis de que "Adelio agiu sozinho". Era como se a justificativa de enfrentamento ao sistema ficasse esclarecido e acessível aos olhos de todo brasileiro comum, e isso fizesse agora todo o sentido do mundo.

Foi assim que Jair Bolsonaro se tornou Presidente da República. Desde então, os processos de tomada do país pelo povo são árduos, geram perseguições e prisões políticas, que muitos não percebem que conservam um espírito de sacrifício que tende a agigantar a direita para 2022. Aos que eram incrédulos até a facada em Bolsonaro e seguem incrédulos, respondam: como então a esquerda vai explicar para as multidões que abraçam o presidente que o seu sistema aniquilou a recontagem dos votos, prendeu um deputado, um jornalista e uma ativista injustamente e manipulou o sistema até soltar o seu candidato predileto? Parecem esses fatos um martírio ou algo a ser imitado pelo povo brasileiro? Raciocine bem, e depois responda honestamente a si mesmo se sua incredulidade faz tanto sentido assim.

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COMPORTAMENTO



O Amor não é um Deus
(por Robson Oliveira)

A grande crítica impetrada contra a filosofia é a pretensa pouca aderência do discurso filosófico às questões cotidianas: “que fazemos com esse conceito filosófico?”, “como aplicar estes conceitos na vida real”, acusam a todo o momento. Embora seja um equívoco pensar que a filosofia não tem impacto direto e profundo na vida das pessoas (não há área da vida teórica mais impactante que a filosofia), é verdade que a abordagem filosófica é pouco percebida pelas pessoas. E neste sentido, os críticos têm alguma razão. A filosofia não se ocupa e nem pode se preocupar primeiramente em aplicar seus conhecimentos, pois cabe a outras ciências a tarefa da aplicação concreta.

Mas se a filosofia se ocupasse com qualquer objeto do campo da aplicação, seria prioritariamente do campo da ética, pois esta é a ciência do bem agir; e se assim o fizesse, deveria tomar este objeto segundo a forma própria da filosofia (objeto formal), isto é, como ciência da causa última e mais fundamental da ação humana. Ora, se tal é o objeto adequado à reflexão filosófica sobre o agir humano, então já se encontrou o motor e o motivo da atividade humana nesta vida: o amor. Pois afinal, esta é a causa última do agir do homem. Com efeito, o amor é motor e termo de cada ação produzida pelos filhos de Adão sob o Sol. De fato, por amor, artigos são escritos; por amor, há professores; por amor, prepara-se o almoço; por amor, não se prepara o almoço; também por amor, há homens-bomba, por amor, defendem-se amigos; por amor, envenenam-se inimigos. Mas veja: a simples descrição dos diversos amores existentes levanta um importante obstáculo: há apenas um ou há mais amores? Se há apenas um, qual sua natureza? Se mais de um, qual sua caracterização e qual é aquele que movimenta cada ação humana? Há amores maus? Enfim, que amor move o homem?

Sobre a questão de se há um ou mais amores deve-se dizer que causas iguais geram normalmente iguais efeitos. Ora, se é assim, um mesmo amor não pode gerar ações contraditórias. No entanto, comumente se ouve dizer que fulano casou-se por amor e cicrano separou-se por amor; que se fez nascer e morrer por amor; se uniu e se separou por amor. Impõe-se, portanto, que o amor que causa ações contraditórias não seja o mesmo, mas diferente tipo de amor. Prova-se, portanto, que há não um, mas ao menos dois tipos de amor. Para explicar o que é algo, nada melhor que testemunhar seu nascimento. Importa olhar para o natal do amor para que se entenda melhor o que ele é. Para isso, deve-se retomar a Grécia Antiga, deve-se retomar Platão. Pedindo ajuda ao mito, o discípulo de Sócrates tenta compreender o que seja o amor.

Em O Banquete, Platão põe na boca de Sócrates o discurso sobre o amor. Reunidos em casa para comemorar Agatão, cinco amigos, Sócrates, Fedro, Pausânias, Erixímaco, Aristófanes e o próprio anfitrião Agatão se reúnem para beber e fazer o elogio do amor. Cada um pronuncia um discurso tentando superar os outros em beleza e verdade.

O primeiro é Fedro, o poeta, que apresenta o Amor como um deus, o mais velho dentre eles. Seu discurso é apaixonado, como cabe ao poeta. O segundo é Pausânias, o homem sério, o racional, que apresenta o amor de modo frio, comedido, de forma que se mostre melhor a beleza do deus. Ele não se contamina com o discurso de Fedro e fala com a razão. O terceiro é Erixímaco, o médico, cujo discurso coloca o amor como a harmonia, o equilíbrio, assim como a saúde. O amor é a saúde da alma. O quarto é Aristófanes, o piadista, aquele que crê em mitos. Ele representa aqueles que pensam no amor como a busca da “cara-metade”, da outra parte que lhe cabe, da alma gêmea. O quinto é Agatão, o jovem, inconsequente, arrebatador, aquele que crê que o amor justifica e torna boas todas as ações, mesmo as mais unidas à sensibilidade, já que é um deus. Por fim, Sócrates vem desfazer os equívocos.

Sócrates desenvolve toda a sua argumentação contra Agatão, o jovem. Talvez porque o erro do jovem seja mais grave, pois a juventude tem ou terá a cara da democracia. Diz Sócrates a Agatão: todos disseram que o amor é deus. Mas, diz-me, não é o amor sempre amor “de algo” ou “a alguém”? E não é este amor um modo de reconhecer a falta de algo ou alguém, que se teme perder ou que não se possui? Caso a resposta seja afirmativa para as duas questões anteriores, um obstáculo se apresenta. Afinal, não é ponto pacífico que se houver um deus, este precisa ser pleno, absoluto, infinito, portanto, totalmente ausente de qualquer falta ou carência? Ora, se é assim, como pode o amor ser um deus, se lhe falta algo, precisamente aquilo de que é amor? Com isso, diz-lhes Sócrates sem pestanejar e contestando Agatão: o amor, senhores, não é um deus! E para ser mais didático, Sócrates escolhe o mito do nascimento de Eros para demonstrar sua tese de que o amor humano não se pode equiparar a deus.

De fato, o amor é filho de Penúria e de Recurso. De uma semideusa e de um deus. E foi pensando em sua falta de recurso que Penúria deitou-se com Recurso para dele gerar Amor-Eros, na festa de Afrodite. Eros é, portanto, pobre, mendicante, faminto, solicitante; mas também rico, engenhoso, inteligente. Segundo Platão, que usa os lábios de Sócrates para explicar o problema, o amor não é um deus, mas um daimon, um semi-deus, pois filho de uma semideusa e de um deus. E apenas esta descrição de Platão é suficiente para recolocar a reflexão humana ao seu eixo, a fim de superarem-se os discursos pretensiosamente racionais, que pretendem usar o amor para santificar toda e qualquer escolha prática. Não, o amor não é um deus, ele não santifica tudo que toca. E nisto, a filosofia platônica tinha alguma razão.

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COMPORTAMENTO


Servidão voluntária
(por Alexandre Costa)


Pela liberdade, assim como pela honra, pode-se e deve-se arriscar a vida. Miguel de Cervantes

Todo controle social depende de uma predisposição instalada no imaginário coletivo. Para que seja possível controlar a sociedade, seu povo deve estar preparado para a servidão. Se não totalmente voluntária, pelo menos gradativamente tolerante com a imposta.

Nenhum poder formal sobrevive muito tempo sem uma mentalidade de submissão impregnada na imaginação das pessoas. Na verdade, até mesmo o surgimento e a sua sustentação mínima tornam-se difíceis na ausência de uma maioria com o comportamento servil assimilado.

Nas revoluções e nas ditaduras, uma minoria toma decisões em nome de uma maioria desorganizada e tornada apática por uma mentalidade submissa. Seja por um discurso racista, classista, religioso ou cientificista, seja circunstancial e por puro oportunismo, uma elite instrumentaliza o hábito da servidão que ela mesma fomentou. Sempre foi e continua sendo assim.

Para que o movimento revolucionário viva, é preciso manter promessas vazias ou abstratas para condicionar o militante (o agente periférico) a agir e pensar conforme o interesse dessa elite que diz representar o coletivo. Essas promessas funcionam como combustível para a militância, que vai aos poucos condicionando seu comportamento até que o sujeito passe a acreditar que foi ele mesmo que teve aquelas ideias. São apenas caixas de ressonância – uma importante forma de servidão –, mas acham que estão “pensando com os próprios miolos”.

Com o condicionamento para a servidão voluntária acontece da mesma forma. Após a constante e permanente indução para determinado comportamento ou opinião, a pessoa tende a esquecer da influência externa que recebeu porque a assimilou por completo. E essa sensação de autoria costuma fortalecer bastante uma posição.

No caso da servidão, o imaginário coletivo foi contaminado, de forma evidente ou subliminar, com as supostas vantagens de transferir as suas decisões para uma casta de privilegiados que sabe o que é melhor para a sociedade e até para você mesmo.

Esse ambiente, que brota da mentalidade burocrática e se alimenta da idolatria da autoridade tão presente no cientificismo dos nossos dias – como ficou claro com a Covid-19 –, fornece o terreno perfeito para a instalação de estruturas de poder cada vez mais amplas, com alcance em camadas cada vez mais profundas da sociedade e ferramentas de controle cada vez mais precisas e invasivas.

A consequência de uma mentalidade servil disseminada na sociedade é a escalada da opressão: o poder tende a produzir leis e regulações mais rígidas, com limitações à liberdade e à privacidade, enquanto o povo sofre perda significativa dos seus direitos naturais. Em seu livro “Caminho da Servidão”, Friedrich Hayek expõe o passo-a-passo da escalda opressora que deriva inapelavelmente do fortalecimento do coletivo em detrimento do indivíduo.

A História mostra que todas as tiranias foram precedidas pelo enfraquecimento, material ou psicológico, das condições de resistência. Para que um tirano ou uma casta de iluminados se imponha à maioria, antes eles vão desgastar os ímpetos individuais, diluir os direitos objetivos em abstratos subjetivos e condicionar à submissão até que ela se transforme em reflexo automático, como um gatilho que, apesar de acionado desde fora, camufla-se como uma ação espontânea. É neste momento que evapora o aparente paradoxo entre as palavras “servidão” e “voluntária”.

O filósofo francês Etienne de La Boétie (1530-1563) deixou um livro, ou melhor, um opúsculo que analisa a predisposição humana à servidão, suas causas, seu mecanismo e suas terríveis consequências sociais e políticas. Além da exposição objetiva e profunda sobre o condicionamento servil, “Discurso sobre a servidão voluntária”, publicado após a sua morte, mostra como já é bem antiga a estratégia de distrair e instrumentalizar o imaginário coletivo para afrouxar a resistência à opressão por meio do hábito servil:

“É inacreditável como se deixam ir tão rapidamente, contanto que sejam agradadas. O teatro, os jogos, as farsas, os espetáculos, os gladiadores, as bestas curiosas, as medalhas, as pinturas e outras drogas desse tipo eram, para os povos antigos, as iscas de servidão, o preço de sua liberdade encantada, as ferramentas de tirania. Isso significa, na prática, que tais artifícios eram usados pelos antigos tiranos para colocar seus súditos para dormir sob o jugo. Assim, as pessoas idiotas, achando todos esses passatempos bonitos, encantadas por um prazer vão que as deslumbrou, estavam acostumadas de maneira tola e pior do que as crianças que aprendem a ler atraídas pelas figuras brilhantes dos livros ilustrados.”

Diante da semelhança com o processo que atravessamos, onde multidões estão se jogando no colo dos seus opressores e oferecendo sua servidão em troca de conforto, segurança e distração, ou recorremos a Eclesiastes 1:9, que diz “O que foi é o que será: o que acontece é o que há de acontecer. Não há nada de novo debaixo do sol” ou aceitamos que tudo não passa de mais uma incrível coincidência.

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CULTURAL


Antes que o mês acabe
(por Leônidas Pellegrini)

A avalanche de lixo que tem sido provocada pela política nacional com a CPI da Covid e o avanço das pautas do totalitarismo sanitário Brasil e mundo afora quase me fizeram esquecer de duas datas muito importantes para a história do Brasil no mês de julho, os dias 2 e 9.

O 2 de Julho ganhou valor especial para mim quando estive me aprofundando na história da literatura baiana, em especial enquanto estudava a biografia de Francisco Moniz Barreto, poeta romântico e militar veterano de Independência, que trocou o curso de Direito em Coimbra para servir ao Brasil. A data, conhecida como Independência do Brasil na Bahia, remete aos conflitos ocorridos naquele estado entre brasileiros patriotas e um grupo de portugueses que, mesmo após o Sete de Setembro, queriam mantar a Bahia como território luso. A luta começou meses antes do Grito do Ipiranga, em fevereiro de 1822, e só terminou em 2 de julho de 1823. Em torno dela juntaram-se liberais, conservadores e até mesmo republicanos, unidos pela soberania da Bahia enquanto território brasileiro. Foi a primeira de diversas vitórias de D. Pedro I, que para lá enviou reforços em favor dos baianos, em seu esforço de garantir a unidade nacional após a Independência. Para quem quiser conhecer um pouco mais do 2 de Julho em nossa literatura, recomendo a coletânea O 2 de Julho na Bahia – Antologia Poética, organizada pela professora Lizir Arcanjo Alves.

O dia 9, muito mais conhecido entre os brasileiros, dispensa maiores explanações. Remete à luta dos paulistas, em 1932, contra o tirano Getúlio Vargas, queridinho da esquerda que, até hoje, infelizmente, povoa de maneira positiva o imaginário político de boa parte dos brasileiros. Para mim, a data é ainda mais especial por minha árvore genealógica trazer dois veteranos de 32: meus bisavós João e Sebastiana da Nóbrega.

João e Tiana, pouco antes de mudarem-se para Londrina, onde viriam a ser pioneiros em um tempo em que, literalmente, era tudo mato, moravam em Ourinhos, e tão logo se soube dos conflitos na capital, os homens da cidade se coçaram num misto de sede de luta e liberdade, e rumaram para se juntar às tropas voluntárias. A bisa Tiana foi uma das tantas mulheres que tiveram que ficar e se virar como pudessem. O biso deixou-lhe as economias, umas compras do armazém, a horta, a roça e as galinhas do quintal, e as cinco crianças para cuidar - uma ainda de colo -, sem data para voltar.  

Pouco tempo após a partida dos homens, eis que um destacamento de gaúchos desordeiros passou por Ourinhos e resolveu acampar justamente no quintal dos meus bisavós. Bisa Tiana se trancou em casa com as crianças e ficou de prontidão, um olho nos filhos e outro na porta, a espingarda pronta para disparar. Os arruaceiros mataram todas as galinhas, destruíram a horta e a roça do quintal, churrasquearam e, quando já estavam bem bêbados, começaram a ameaçar entrar, queriam “galantear e se divertir com a moça bonita” (a bisa não passava ainda dos 25). Quando já era alta noite e ninguém, exceto a bebê, dormia, tentaram forçar a porta para entrar. A bisa, então, fez mira e atirou, várias vezes. Silenciado o último tiro, só se ouvia lá fora o alvoroço de tralhas sendo arrumadas, cavalos sendo encilhados e rumando embora, tudo às pressas. Os gaúchos sumiram, não só daquele quintal, mas da cidade. Quando o biso voltou, ficou estupefato com o estrago na porta e o relato da bisa – mesmo depois de cinco filhos, não fazia ideia da força da mulher com que se casara.

Esta história de 32 sobrevive no imaginário da família graças à minha vó Maria, que era uma excelente contadora de histórias e que foi uma das crianças presentes naquela noite – como era uma das meninas mais velhas, ficara com a tarefa de cuidar da nenê enquanto a bisa protegia a casa e a família. O causo também foi eternizado, com suas licenças poéticas, por meu pai Domingos em um de seus mais belos contos, Guerra em Família.

A memória dos baianos de 1823 e dos paulistas de 1932 talvez devesse falar mais alto à consciência um tanto amortecida dos brasileiros, mas nem tudo está perdido. O evento pró-armas da última sexta-feira (aliás, na significativa data do 9 de julho) mostra que o brasileiro ainda quer lutar por sua liberdade. No entanto, aqueles 20 mil manifestantes ainda precisam crescer para 200 mil, e, depois disso, para 2 milhões, e assim por diante. Que o espírito e a coragem de pessoas como Moniz Barreto e os bisos Tiana e João possam crescer entre os brasileiros, para que não tenhamos que um dia nos defender de tiranos e oportunistas com pedras e tijolos, como vimos acontecer em Cuba no último domingo. E que possamos bradar, antes que o mês acabe: Viva o 2 de Julho! Viva o 9 de Julho! Viva o Brasil! Viva a liberdade!
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OPINIÃO DO AUTOR

Jeremias 17:5-6
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
13 de Julho de 2021


Há tempos que venho tentando escrever sobre isso, mas acho que agora encontrei o tom certo.

Eu venho observando as pessoas cada vez mais dispersas e confiantes nas capacidades humanas. Lamento informar, mas não compartilho da mesma confiança. O ser humano é o ser mais questionável, desleal, trapaceiro e ambiguo que se pode conceber. Dizer que confia no homem e em suas criações seculares é o mesmo que comprar uma passagem só de ida para o reino dos incessantes desastres. O mundo tem dado a nós provas incontestáveis disso tudo. Claro, não estou dizendo que você não deva ter um certo grau de credibilidade em relação à outras pessoas, especialmente do seu círculo pessoal, só que a fé cega no ser humano, ignorando o limite que a confiança permite, já se provou uma fonte inesgotável de desastres. Vou lhes contar algumas coisas que me passaram no pensamento, e usar isso tudo para ligar à passagem bíblica do título.

Vou dividir esses fatores em religiosos (I), filosóficos(II) e sociais(III).

I
Vamos aos religiosos primeiramente.

Não passa um dia em que eu fique imaginando a grande crise e apostasia que está acontecendo dentro da Igreja Católica, fora a grande perseguição à nós, cristãos, que ficou mais agressiva. E no entanto, padres e leigos com vontade de defender aquilo que mais amam, a tradição, se erguem para nos mostrar a verdade.

Eu nunca costumo perder programas e vídeos de dois padres que muito admiro: Padre Paulo Ricardo, da paróquia Cristo Rei de Cuiabá, e o Padre José Augusto, da Canção Nova. Foi através desses dois grandes homens de batina que eu retornei à minha fé, e por isso a opinião deles sobre qualquer assunto me interessa muito.

No caso do primeiro, um intelectual de primeiríssima ordem, ele conta que teve uma formação meio errada no seminário. No entanto, hoje ele é um grande guerreiro que combate a tal Teologia da Libertação com muita bravura. Ele sempre menciona, especialmente em seu curso sobre Santo Tomás de Aquino, que foi levado a pensar que Santo Tomás era um filósofo e teólogo frio e retrógrado, ultrapassado, mas quando, por curiosidade, resolveu pegar seus escritos para estudar a sério, se apaixonou tanto por Santo Tomás que se converteu em um aquinate. Quanto a mim, eu fui levado a comprar uma edição da Suma Contra os Gentios, e a cada dia me vejo mais e mais maravilhado com seus escritos baseados na filosofia aristotélica. Se padre Paulo tivesse ainda imbuido daquela visão negativa de Santo Tomás durante seu seminário, jamais teríamos recuperado tamanha sabedoria na história.

O mesmo aconteceu com Padre Paulo em relação à Santa Terezinha do Menino Jesus. Ele conta, em seu curso sobre a santa, que achava tudo aquilo que ela escrevia muito afeminado e ridículo, e que por isso não dava atenção. Porém, a divina providência não desistiu dele e o levou a ler a santa à sério; o resultado, é que Padre Paulo vai às lágrimas muitas das vezes que fala da santa, e até dedicou um curso sobre ela para nos ensinar a sua Pequena Via, inclusive há uma aula do curso que ele lê Santa Terezinha com um olhar de Santo Tomás. Provavelmente foi por influência das pessoas erradas que ele ficou anos na penumbra intelectual em relação à ela. Bendita Santa Providência que traz as pessoas à luz da verdade.

Quanto ao Padre José Augusto, com perdão do trocadilho, um grande e AUGUSTO combatente contra os vícios modernos, como ideologia de gênero, aborto, etc, o padre conta em uma de suas homilias, que sua formação foi toda baseada na Teologia da Libertação. Foi depois de ter estudado com afinco os grandes santos e o Catecismo da Igreja Católica que ele tirou a escama dos olhos, largou a hedionda Teologia da Libertação, e se tornou o grande pregador que temos hoje. Graças novamente à Santíssima Providência.

O que os dois sacerdotes tem em comum é muito visível: ambos tiveram uma formação problemática que quase os levou para um pensamento carreirista e secular, mas dificuldades da vida os levaram a enxergar certas coisas que homens comuns não foram capazes de lhes ensinar, e permaneceram confiando plenamente na misericórdia de Deus para lhes colocar no caminho certo, e dessa forma, eles, com ajuda de Deus, puderam ajudar muitas outras pessoas, incluindo essa que vos fala.

II
Agora vamos aos fatores filosóficos.

Durante muitos anos tivemos um homem que, levado pelo amor que sempre teve pelo próprio país, empreendeu uma luta solitária para tirar o país da miséria, especialmente a miséria intelectual. Ele já se comunicava nos anos 80, mas seu amadurecimento intelectual se daria somente nos anos 90. Trata-se do professor e filósofo Olavo de Carvalho. Em sua tenra idade, por volta dos 20 anos, Olavo, um membro do Partido Comunista no Brasil debandava do partido, pois veio a perceber que aquilo tudo era lixo ideológico. Passou a estudar o outro lado da história, lendo durante sua vida inteira, e acabou por fim, nos anos 2000, fazendo um buraco enorme na bolha intelectual da esquerda brasileira. Tão grande, que nunca mais conseguiram se recuperar. E fez isso apenas com um livro: O Imbecil Coletivo.

Hoje, Olavo tem muitos companheiros de batalha espalhados pelo Brasil, e também muitos leitores, apoiadores e pessoas dispostas a ajudar nessa batalha pela reforma intelectual do país, incluindo este que vos fala. Olavo também sempre conta que suas leituras filosóficas o levaram a confrontar a verdade e, sendo um homem muito agarrado e fiel à ela, reconhece que Deus e a Santíssima Providência teve parte em sua iluminação. Com ela, Olavo também, em suas aulas do COF, do qual também sou aluno, sempre menciona os grandes homens, filósofos e pensadores que antes não tinham espaço aqui no Brasil, como Mário Ferreira dos Santos, José Ortega Y Gasset, Wolfgang Smith, Bruno Tolentino, e muitos outros mais.

Com isso, muitas máximas que há muito estavam esquecidas no campo dos debates filosóficos (compostos de alegres chás de comadre entre a patota da esquerda) vieram à tona. A verdade passou a ser uma máxima explorada no lado dos grupos conservadores, ensinos aristotélicos, tomistas, socráticos e outros mais começaram a popular a cabeça de uma recém-formada direita no Brasil. Mas tudo isso não teria sido possível sem algum tipo de inspiração vinda do Alto.

III
Por fim, os sociais, e desses, há muito a ser dito, até porque são os mais problemáticos.

Recentemente tem-se falado muito na tal ciência. O homem moderno está frequentemente com aquele discurso canalha: "confie na ciência". Quando eu ouço alguém me dizer para "confiar na ciência", minha vontade é de esbofetear a cara do sujeito e falar "confiar por quê, cara-pálida? É seita por acaso?"

Para mostrar o que digo, basta ver as recentes tentativas de assassinato de reputação em relação à médicos conceituadíssimos (exemplos não faltam, mas citarei aqui dois muito bons: Nise Yamaguchi e Alessandro Loiola) se mostrando favoráveis a tratamentos para a peste chinesa, com remédios como a Cloroquina, a Ivermectina, e complementos como a Azitromicina, o Zinco e a Vitamina D. Muita gente que morreu com o vírus chinês poderia ter sobrevivido naqueles primeiros meses, não fossem políticos canalhas e sub-celebridades compostas de patifes querendo promoção e participando de um nojento e abjeto jogo político, e pior, se colocando na posição de médicos e promovendo uma pretensa "ciência". E que teríamos que "confiar" nessa pretensa "ciência".

Ora,
CIÊNCIA NÃO SE CONFIA! CIÊNCIA SE CONTESTA!
CONFIE APENAS EM UMA PESSOA: CRISTO.

Desnecessário dizer que pessoas, levadas pelo discurso da "siênssia, siênssia, siênssia 👻👻👻", perpetrado por imbecis como Átila Tamorrindo e compania limitada, abraçaram a causa dos patifes, sem nem sequer considerar o outro lado da história, confiando cegamente em homens desesperados e narrativas que se dissolveram como tinta fresca depois de algum tempo. Enquanto isso, quem defendia a verdadeira ciência, aquela baseada em fatos ao invés de achismo, era execrado em praça pública.

A coisa se agrava. Recentemente houve uma notícia de que um menino de 11 anos recém-formado em uma universidade (que universidade permite isso, meu Deus?) pretende achar o segredo para a imortalidade. Não estou brincando! Na matéria, ele diz que quer substituir suas partes físicas originais por partes mecânicas e postiças o máximo que puder para chegar numa forma de alcançar a imortalidade. E pior: a Google está apoiando essa idéia bizarra e insana através de uma startup!

Mas isso não é tudo. Há também a questão dos chips sub-cutâneos que estão sendo propostos por pessoas como Elon Musk, a tal da transumanização do homem. E não pense que é algum tipo de teoria da conspiração ou trama de Black Mirror, ou algo do tipo, porque pessoas na Suécia já estão vivendo com esses chips debaixo da pele, e pessoas como Olavo de Carvalho já vem avisando sobre essas coisas desde os anos 90, entre outras como o Foro de SP, a Agenda 2030 e a Nova Ordem Mundial. No entanto, resolvemos dar as costas, ligar a TV e assistir a Tiazinha, bem confortáveis em nossos sofás de casa quando pessoas como Olavo estavam nos alertando, e acreditávamos quando um canalha mal-intencionado zombavam dele, dizendo "é só um astrólogo conspiracionista".

Preciso ir mais além?

Acho que não. Percebem o que está acontecendo e para o buraco que estamos caminhando? Ok, vamos ligar os assuntos.

A sociedade ocidental está se desmantelando aos poucos. Há uma grande apostasia acontecendo na igreja e entre as pessoas. Apostasia, ou perda da fé, que acontece em um momento tal, quando pessoas perdem a capacidade cognitiva de uma forma que não conseguem mais raciocinar sobre assuntos com mais profundidade, dessa forma, fenômenos e coisas relacionadas ao campo da filosofia, ou mesmo da metafísica são retirados da pauta dos debates sociais promovendo um pensamento secularista e que vai levando as pessoas de um abismo a outro. Tendo retirado esses assuntos, e tornando as pessoas miseravelmente ignorantes e relativistas, elas passam a aceitar qualquer coisa que você as ofereça como "verdade", o que faz com que tanto a classe falante quanto o povo entrem em uma espiral de Paralaxe Cognitiva sem fim. Tendo retirado a metafísica, e a crença no sobrenatural, o homem coloca a sua total e completa confiança no HOMEM, e não mais em DEUS, muitas vezes sem nem perceber isso. Não há mais uma procura pelos valores transcendentais.

A geração que temos hoje é uma geração APÓSTATA, RELATIVISTA, SECULARISTA e MISERAVELMENTE IGNORANTE... completamente ignorante, sem a mínima noção de beleza e coerência. Uma sociedade onde Deus não é mais o centro, mas o homem. Sendo assim, essa geração coloca sua confiança inteiramente em outros homens e instituições humanas para que os livrem de sua grande miséria. E isso remete à citação bíblica que compõe o título destes comentários.

Jeremias, no capítulo 17, versículos 5 a 6 diz claramente que o Senhor nos falou isso: "Maldito é o homem que confia nos homens, que faz da humanidade mortal a sua força, mas cujo coração se afasta do Senhor. Ele será como um arbusto no deserto; não verá quando vier algum bem. Habitará nos lugares áridos do deserto, numa terra salgada onde não vive ninguém."

Confiar na Teologia da Libertação é confiar nos homens. Confiar em ideologias comunistas seculares é confiar que homens possam fazer o paraíso aqui na Terra. Confiar em uma ciência que não se abre sobre que remédio pode te fazer bem, ou que não quer te dizer qual substância querem te injetar no seu corpo (à força inclusive) é tapar os olhos e colocar sua inteira confiança em homens. Confiar que essa mesma ciência pode te fazer escapar do julgamento divino vivendo eternamente aqui nesta realidade física é se esvaziar de si mesmo e dizer para outro homem "eis-me aqui! Faça o que você quiser comigo!", e pior, pensando que você está exercendo suas liberdades!

Mas Deus advertiu Eva em Genesis 3:2-3 para que não comesse da Árvore do Bem e do Mal, de forma que não morresse. Cristo advertiu em Jeremias para não colocarmos nossa confiança em homens. E o Livro do Apocalipse é ABUNDANTEMENTE claro e cristalino que este mundo físico inteiro será destruído, que o Inferno será jogado no rio de fogo para queimar eternamente como a palha, e que a única alternativa para que o homem seja Eterno e Feliz é ir para o Céu viver com Cristo, e vivendo, aí sim, com abundância.

Essas pessoas que confiam em homens estão brincando com fogo. Estão cavando o seu próprio buraco que as fará cair para um destino muito cruel. Estão fazendo a sua própria cama na qual irão se deitar eternamente, sofrendo eternamente.

MALDITO O HOMEM QUE CONFIA NO HOMEM.

Não sejam como Eva. Não sejam como os soberbos e presunçosos que querem viver na mais completa desordem. Essa é a sugestão que lhes dou de graça.

Antes de confiar em outra pessoa, confie primeiro em Deus e sua infinita Sabedoria. Ela te guiará e te dará discernimento para saber, aqui nesta realidade, o que fazer.

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HUMOR


(12/07/2021)



(13/07/2021)



"Para "O Grobo", "presidente" de Cuba adotou um "tom combativo" contra a população que protesta por liberdade... Os Termos como: "Ditad...r" , discurso de "Ód...o, "Ag...essão" ou "V1olêc..." não cabe para falar dessa "galerinha do bem."" (@SalConservador)
(12/07/2021)


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LEITURA RECOMENDADA

Para entender os métodos de manipulação mental mais comumente usados para convencer pessoas através da mídia escrava, da política, ou de elementos culturais de entretenimento, este livro é essencial. A leitura é pesada e o conteúdo é tal que você tem que ter estômago de avestruz pra processar tudo sem ficar meio assustado, mas é uma leitura muito necessária, bem escrita, de coisas que você tem que ficar sabendo.


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