Edição XIV (Revista Terça Livre 104, opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Terça Livre, da qual sou assinante, com autorização pública dos próprios autores da revista digital. Nenhum texto aqui pertence a mim, todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.



GERAL


ENTREVISTA COM FERNANDO PAGNO DE LIMA
(por Leônidas Pellegrini)


Há uns três meses, Allan dos Santos e Italo Lorenzon, fundadores do Terça Livre, começaram, durantes os boletins do canal, a incentivar a criação de periódicos locais impressos por parte dos nossos seguidores. Deixaram à disposição, inclusive, as próprias matérias do TL para serem utilizadas.

Esse tipo de iniciativa é vital, pois, ao contrário do que se publica na nuvem, o conteúdo impresso não pode ser simplesmente apagado da existência de um minuto para outro, como acontece cada vez mais corriqueiramente com postagens, perfis e canais conservadores nas redes sociais (vide o que houve com o próprio TL em fevereiro deste ano). Não há almofadinhas do Vale do Silício ou carecas de capa preta que possam conter a disseminação pessoa a pessoa de informações impressas – a não ser que contratem capangas para pessoalmente empastelarem os centros de produção desses periódicos, o que, mesmo assim, ainda demandaria uma logística de execução um pouco mais complexa.

Além disso, essas publicações que vão sendo distribuídas na padaria, no ponto de ônibus, nas filas dos bancos, barbearias, clínicas, banquinhas de jornal etc., muitas vezes podem chegar a parcelas da população que têm pouco ou nenhum contato com a internet, ou que não têm grande conhecimento da “bolha digital” conservadora e ainda são vítimas das mentiras da velha mídia, ou, como gostamos de chamar, mídia escrava.

Pois bem, lançadas as sementes, elas já começaram a germinar e, em breve, começaremos a colher os frutos. Acompanhando a divulgação feita a partir de grupos no Telegram, com o apoio pessoal de Allan dos Santos, já pude ver o início e evolução de cinco periódicos impressos de diferentes regiões do país: Leitura Expressa, semanário de Duque de Caxias (RJ); miniJORNALzinho Eu Quero A Verdade, semanário de Sinop (MT); Primavera Post, semanário de Primavera (MT); Expresso News Valinhos, periódico mensal de Valinhos distribuído na região de Campinas (SP); e o quinzenário Informe Caxias Livre, de Caxias do Sul (RS).  

Alguns deles já começaram com estrutura bastante profissional, inclusive com anunciantes locais; outros estão evoluindo à medida que seus editores começam a se familiarizar com os trabalhos jornalístico e editorial. Alguns fundadores/editores realizaram o curso O Povo No Poder em 2020; outros realizarão a atual edição. O importante, no entanto, é que essas iniciativas se espalhem por todas as regiões do país e que tenhamos, daqui a não muito tempo, 5568 periódicos desses em circulação no Brasil – um para cada município, no mínimo!

Bem, se depender de iniciativas como a de Fernando Pagno de Lima, apoiador de longa data do TL e fundador e editor do Informe Caxias Livre, essa realidade não é algo distante. Disposição para o aprendizado do jornalismo, boa vontade em mudar o Brasil a partir de sua cidade, disciplina e foco fazem parte da produção de seu periódico, que já conta com 5 edições, e, como o próprio Fernando indica na entrevista que nos concedeu, é um caminho sem volta.

Fiquem atentos, pois, em breve, traremos novidades de outros periódicos comprometidos com a verdade se espalhando Brasil afora! 

Terça Livre: Em primeiro lugar, fale para nossos leitores um pouco sobre você e sobre o que te motivou/inspirou a se engajar em uma iniciativa de imprensa livre, com o Informe Caxias Livre.

Fernando Pagno: Sou desenvolvedor de software em Caxias do Sul e trabalho em conjunto com meus amigos, nas horas vagas, com esse nosso novo projeto do Informe, que é uma iniciativa da Associação Cultural Duque de Caxias, surgida como um grupo de pessoas de mentalidade conservadora que, preocupadas com a hegemonia cultural da esquerda, queriam fazer o que pudessem para começar a puxar a corda para o lado de cá, por assim dizer.

É interessante notar que a semente do que veio a se tornar a ADC foi uma palestra que o Allan dos Santos deu aqui em Caxias do Sul há alguns anos, no tempo em que morou na Serra Gaúcha. O tema era sobre 1964, a Era Militar e o Foro de São Paulo, se a memória não falha – honestamente, já não lembro mais qual era o tema. O Gengisvão foi o nosso padrinho e nos ajudou a começar. Foram dois caras que já estavam bem inseridos no meio político e cientes da necessidade de formar uma direita local, política e culturalmente, o Anderson Lampe e o Jeisson de Carvalho, que o trouxeram para cá na época; eu fui “de gaiato” nessa palestra, como se diz aqui no Sul, a convite do meu pai. Nem sabia direito quem era o Allan. Honestamente, ainda me sinto como se fosse um recruta dentro dessa guerra em defesa da verdade, na qual todos somos combatentes, mas, após ser sensibilizado pelo Allan em um dos boletins a respeito da necessidade de termos essas mídias locais, e com o incentivo e ajuda dos meus amigos e família, esse projeto, que já era um desejo antigo, saiu do papel e foi para o papel de fato.

Terça Livre: Fale um pouco sobre a estrutura do seu jornal – linha editorial, fontes consultadas, equipe técnica, periodicidade, logística de distribuição etc.

Fernando Pagno: O Informe Caxias Livre ainda é um projeto bem incipiente, de forma que tudo isso ainda está em um processo bem prematuro de definição. Estamos procurando fazer duas edições mensais, de quinzena a quinzena, e distribuí-las pela cidade onde for possível.

Até o momento, a maior parte disso foi feito colocando cópias em caixas de correios mesmo. Temos um grupo de algumas pessoas formado para definir a linha editorial, montar e editar como nova edição. Sinceramente, nenhum de nós tem experiência real em jornalismo e em escrita, de forma que ainda é um esforço muito amador. No momento ponderamos que, como realmente há muito pouco espaço para informar em uma folha A4 frente-e-verso, foquemos então no que parece ser mais urgente. Procuramos compensar isso parcialmente com nosso canal no Telegram. E no momento isso vai de encontro à continuidade – esperamos que com um desfecho positivo – de todas as questões envolvendo a Covid-19 e as respostas políticas e midiáticas que ela suscita há mais de um ano.

Temos citado muito o Dr. Alessandro Loiola, que foi entrevistado há alguns dias no Terça Livre. E como fontes, temos usado, além do próprio TL, outros veículos independentes, tais como Estudos Nacionais, Crítica Nacional e Senso Incomum, além de divulgarmos iniciativas como o Brasil Paralelo e o Lumine TV.

Terça Livre: Fale um pouco sobre como tem sido a divulgação do Informe Caxias Livre na internet, nas redes sociais etc., e se ele tem sido impresso e distribuído em outros lugares fora de Caxias, a exemplo do que vem acontecendo com o Leitura Expressa, que é do interior do RJ e tem sido distribuído em várias partes do Brasil.

Fernando Pagno: Creio que ainda não foi impresso e distribuído fora de Caxias do Sul. Nós disponibilizamos todas as edições em PDF em nosso canal no Telegram com o objetivo expresso de que todos possam imprimir e distribuir onde e como puderem, para que assim possamos atingir as maiores áreas possíveis de uma forma rápida e descentralizada.

Temos pessoas de fora da cidade, de outras regiões do Rio Grande do Sul e de outras localidades da Serra Gaúcha que nos acompanham, e eu mesmo cheguei a falar com alguns pessoalmente, incentivando-os a imprimir e distribuir, mas não tenho informações de que alguém já o tenha feito.

Estamos pedindo para que quem o faça informe-nos quantas cópias distribuiu e onde, para que tenhamos uma ideia de quais locais estamos atingindo. Tentamos atingir sempre os mesmos locais a cada nova edição impressa e distribuída, além de sempre aumentar um pouco a área de cobertura. Acho que é basicamente a mesma ideia que o Jornal Leitura Expressa teve inicialmente, com a diferença de que estamos procurando focar mais nossas ações aqui no estado e município; esperamos intensificar esse esforço de foco no futuro. Talvez eles tenham algumas ideias parecidas lá no Sudeste.

Eu tive contato com um dos responsáveis por aquela iniciativa, o Murilo Detogne [Jornal Leitura Expressa]. Ele me deu várias dicas importantes. Estamos muito felizes de ver que eles têm crescido muito e com rapidez, e espero que eles também jamais esmoreçam.

Terça Livre: Qual tem sido e recepção do Caxias Livre por parte dos leitores? Vocês já estão tendo algum tipo de resposta por parte do público?

Fernando Pagno: Algumas pessoas já vieram nos procurar no Telegram depois de terem recebido o Informe em sua caixa de correspondência, e isso depois de não termos sequer distribuído mil cópias, somando todas as edições que distribuímos. Ainda não temos quatro dígitos de cópias “na rua”.

Pessoalmente, creio que isso já é muito, considerando o pouco que conseguimos fazer até aqui. No Telegram, chegamos a aproximadamente 150 inscritos até agora. E temos boas perspectivas; muita gente de boa vontade está se aglomerando ao nosso redor, goste ou não o nosso governador tirano. Nos próximos meses, esperamos angariar mais apoio, inclusive financeiramente, viabilizando o Informe como empreendimento. Contudo, ainda que nada disso se concretize, não vamos parar, pois não vemos isso como uma escolha possível.

Terça Livre: Em uma conversa preliminar que tivemos, você mencionou que não fez o curso O Povo no Poder ano passado, mas que você e sua equipe do Caxias Livre já estavam inscritos para este que começa agora. Quais são suas expectativas em relação ao curso? Você acredita que ele dará uma turbinada na produção de seu jornal?

Fernando Pagno: Não apenas no jornal, como também na Associação Duque de Caxias como um todo. Estamos realmente ansiosos para assistirmos e planejarmos os próximos passos. Desde o início dissemos uns aos outros que jamais vamos parar, não importa o que possa acontecer, a exemplo do que vocês fazem no TL. Vocês matam um leão por dia e de vez em quando ainda precisam enxotar as hienas também. O trabalho de vocês sempre foi inspirador e agora esperamos transformar isso em ação.

Terça Livre: Percebi, nas edições 4 e 5 do Informe Caxias Livre, que vocês começaram a publicar um impostômetro – na verdade, dois: um do que é pago de impostos pelo cidadão caxiense, na edição 4, e outro do que é pago pelo cidadão do do Rio Grande do Sul, na edição 5. Essa é uma iniciativa muito importante, a regionalização dos periódicos locais. É interessante que as pessoas estejam atentas ao que acontece em Brasília e no mundo, mas também é muito importante que estejam atentas ao que se passa em seus municípios e estados. Nesse sentido, gostaria de saber se há alguma preocupação ou meta de vocês, à medida que o jornal for evoluindo, em focar nessas questões regionais, fiscalizar e divulgar o trabalho das secretarias locais, dos vereadores, do prefeito, dos deputados estaduais, do governador etc.? 

Fernando Pagno: Sem dúvida. Esse é o sonho; precisamos desesperadamente dessas mídias locais para destronar a velha imprensa do seu trono hegemônico, o qual jamais deveria ter sido obtido ou cedido.

No futuro, precisaremos estar dolorosamente cientes da necessidade de que esses veículos sejam locais e independentes. Creio que isso vai ao encontro desse anseio crescente de descentralização do poder. A mídia é o quarto poder, querendo ou não, gostando ou não, portanto, essa regra também vale para ela. Então, ainda esperamos ter matérias com publicação regular a respeito do que acontece na Câmara Municipal, na Prefeitura e no âmbito estadual. Além disso, é muito importante averiguar o trabalho do Judiciário e dos grandes veículos de mídia. Um passo de cada vez e chegaremos lá, com a ajuda do nosso público.

Terça Livre: Notei que o layout e a qualidade do material de vocês melhoraram bastante nos últimos dois números. Existem planos para crescimento e evolução em relação ao Caxias Livre? Já existe algum planejamento, cronograma etc.?

Fernando Pagno: Sim, a qualidade do material produzido melhorou muito. Como eu disse antes, todos nós aqui em Caxias do Sul somos totalmente leigos em matéria de design e jornalismo, ao menos por hora.

Até a edição 3, estávamos trabalhando com um software livre chamado Scribus para editar as notícias. Não que a minha inaptidão seja culpa do programa, mas o fato é que aquele primeiro layout realmente deixava a desejar. Por sorte, conseguimos contato com um outro seguidor do Terça Livre, o Oscar Gomes, que usa também a alcunha Kaizen Punisher, no Telegram. Adquirimos com ele alguns modelos de layout que foram providenciais para melhorar a disposição das informações. A partir daí, passamos a usar o Word e o Photoshop. Incentivamos a quem quiser começar um projeto desse tipo a entrar em contato com o Oscar Gomes – acredito que ainda temos negócios a fazer com ele no futuro.

É importante montarmos essas redes de negócios também. Assim como o Allan deixou à disposição as notícias do Terça Livre para publicação nesses jornais que estão surgindo em 2021, tudo o que o Informe produzir também pode ser copiado e publicado, inclusive na íntegra, desde que com os devidos créditos, como sempre fazemos questão de observar. O foco, por hora, é aumentar a frequência de publicação de novas edições até que se tornem definitivamente semanais, além de aumentar a tiragem e as áreas de cobertura através do recrutamento de mais voluntários para impressão e distribuição. Estou certo de que o curso O Povo no Poder II vai nos dar importantes insights para a evolução da mídia independente caxiense.

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COMPORTAMENTO


A ignorância e a maldade na retórica
(por Brás Oscar)

Do Instagram à CPI do Circo

Todos os dias eu abro as tais caixinhas de perguntas na minha conta do Instagram. É ótimo. A gente rompeu a barreira que havia entre jornalista e audiência; o jornalista da Nova Mídia não é um oráculo separado do povo por uma escadaria imensa, no alto de um templo, como foram, por décadas, os leitores de teleprompter com salário de astro de Hollywood.

Porém, infelizmente, essa velha mídia moribunda instilou sua linguagem ambígua e maliciosamente retórica no jeito de falar e escrever do brasileiro possuidor de alguma escolaridade, uma linguagem em que frases são construídas como manchetes e perguntas são feitas para, contraditoriamente, afirmar algo. Falar como um apresentador de telejornal e escrever como um hipster da Superinteressante era o padrão de bom português de muitos professores que eu tive nos anos 90 e início dos 2000.

Ouvir uma boa pergunta, algo tão simples, tornou-se raro. Uma boa pergunta não é aquela cheia de rococós, com gramática impecável, que demonstra mais ao interlocutor o que você sabe em vez de mostrar aquilo que você gostaria de saber. Uma boa pergunta é aquela que expressa uma dúvida legítima, sem impor pressupostos. Mas o que é uma dúvida legítima?

Uma dúvida só pode existir após o conhecimento mínimo de algo. Um estudante de literatura só pode ter alguma dúvida sobre o quão sério deve ser a carga dramática de uma leitura de Shakespeare se ele já souber o mínimo do assunto, o suficiente para ter percebido que, nos tempos do Bardo do Avon, o tom de encenação daquelas peças talvez não fosse tão sério e sisudo como vemos atualmente. Isso o fará comparar as informações que ele obteve e chegar uma dúvida legítima: encenamos hoje Shakespeare do mesmo modo que no século XVI ou atualmente as peças ganharam outro tom?

Sabe quando o professor explica algo por meia hora e pergunta para a turma: alguma dúvida? E alguém levanta e mão diz: “Sim. Não entendi o que você explicou.” Obviamente isso não é uma dúvida. Sequer é uma pergunta, gramaticalmente falando. Essas coisas que fazemos o tempo todo são confissões de ignorância; expressamos nossa ignorância através de uma afirmação utilizando-se do pretexto da dúvida para não ferirmos muito nosso ego.

Isso não é tão mal quanto a pergunta que, apesar de ser gramaticalmente uma pergunta, está, na verdade, forçando o interlocutor a concordar com uma afirmação oculta. Isso é o que mais aparece nas caixinhas de perguntas do Instagram, nas entrevistas dos repórteres da velha mídia e nas inquirições dos parlamentares da CPI do circo. No primeiro caso, as perguntas são feitas assim por ignorância ou ingenuidade. Nos demais, é por pura maldade mesmo.

“Por que café é melhor que chá?” – a título de exemplo – é uma pergunta aparentemente ingênua, mas ela representa a estrutura básica daquilo que eu expliquei acima: a pergunta já está afirmando algo – café é melhor que chá – e quem a faz apenas pede para que você explique o porquê. Há uma premissa estabelecida.

O problema, entretanto, é que só se pode estabelecer premissas sobre fatos e coisas absolutas. Dizer “por que esta caneca é vermelha?” apontando para uma caneca vermelha é uma premissa verdadeira: é indiscutível que tal objeto é uma caneca e que ela é vermelha; apenas pergunta-se o porquê.

Agora é fácil entender a maldade em perguntas como “você era consultado pelo Ministério Paralelo?”. Mesmo que o interrogado responda que não, ele já aceitou a falsa premissa de que existe um Ministério Paralelo, afinal você só pratica a ação de participar ou deixar de participar de algo que exista.  A única maneira de responder a tal pergunta é não a respondendo e desmontando a armadilha: expondo que há uma falsa premissa e, em seguida, exigindo que o interlocutor prove sua premissa.

Não adianta ter conhecimento sobre o assunto que seremos interpelados se não dominarmos plenamente a linguagem, a retórica e a análise do discurso (que é uma espécie de “retórica de trás pra frente”). Aceitar um debate, uma sabatina ou até uma entrevista – seja para um repórter ou para uma vaga de emprego - crente de que apenas o conhecimento do tema central bastará é como pretender que alguém que nunca dirigiu um carro conduza numa autoestrada repleta de motoristas agressivos, buracos e com chuva tendo consigo apenas o manual de instruções do carro e um mapa da rodovia.

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CULTURAL


Machado for Dummies
(por Robson Oliveira)


No último dia 21, comemoramos o aniversário de nascimento de Machado de Assis, um dos gênios da literatura nacional. O absoluto silêncio dos formadores de opinião e dos editoriais de cultura aponta para um dos maiores desafios da reconstrução nacional: a guerra cultural. A ignorância com respeito à própria história, bem como o desprezo pela intelectualidade nacional, são ferramentas para o desenraizamento de um povo e para a destruição de sua identidade. Se o “esquecimento” da data fosse o lado mais grave deste processo de emburrecimento nacional, o fato seria menos perigoso. Mas a verdade é que não é. A literatura nacional – e Machado de Assis em particular – costuma ser alvo de ataques mais torpes e vilipendiosos. E é necessário prestar atenção aos movimentos da guerra cultural em curso.

Embora muitos não saibam, a cultura grega impregna a vida do homem comum, desde a mais tenra idade até o entardecer da vida adulta. Teatro, democracia, medicina são legados dados ao Ocidente pela Grécia. A filosofia também é uma destas heranças e, por ser tão presente no Ocidente, resquícios de sua influência são facilmente encontrados aqui e ali. Conceitos técnicos como “paradigma”, retórica, “cogito”, “dialética”, “consciência de si” ganharam as conversas cotidianas e ultrapassaram os limites da academia. Neste sentido, talvez não haja sentença mais célebre que a de Sócrates: “Só sei que nada sei”.

Repetida à exaustão, a máxima socrática é usada como sinônimo de impossibilidade para a verdade, como coringa em situações constrangedoras, como argumento contra a própria incompetência. Por exemplo, ao ter de determinar o responsável por uma tragédia, o membro do poder público saca Sócrates e esgrima: “Só sei que nada sei”; numa conversa informal sobre o responsável do setor de construções, que tem poder sobre seus subordinados e que os chantageia, murmura o pequeno funcionário entredentes: “Só sei que nada sei”. Indagado sobre a eficácia de um medicamento ainda em fases de testes e com vítimas amontoando-se em consultórios, brada faceiramente a médica engajada: “só sei que nada sei”. Sócrates é usado para justificar nossa covardia em denunciar o erro e malversação da coisa pública, para eximir-nos da responsabilidade pelo mal que um erro profissional pode causar a outros. Mas não é bem assim. A frase do mestre de Platão quer destacar o caráter positivo da verdade, antes que o negativo. Por causa da enormidade da sabedoria é que sabemos muito pouco. Sócrates tem uma perspectiva otimista quanto à inteligência humana e não o contrário.

Pois bem, o enunciado socrático é uma defesa do homem comum, do homem inculto. Como a verdade é muito mais do que podemos alcançar, não é impossível que alguém reconhecidamente simples nos ensine algo (como comprovou Sócrates com o relato do escravo Mênon). Nada mais contrário ao nosso tempo! A cultura brasileira deste início de século sofre de uma sintomática amnésia socrática. Os mestres atuais esqueceram-se desta lição helênica. Alguns dos nossos contemporâneos têm certeza de que sabem mais que os outros e tomaram para si a tarefa e o dever de ensiná-los, arrancando-os das trevas da ignorância. É esta a pior faceta da já ridícula e vergonhosa tentativa de entidades educacionais e literatos “progressistas” de simplificar Machado de Assis para o público. Resolveu-se em algum escritório antissocrático que uns sabem e outros jamais saberão. Por isto, é necessário facilitar a literatura. Algo como José de Alencar para abobalhados! Gregório de Matos para paspalhos! Ou Machado for Dummies!

Com efeito, o que pensaríamos de um maestro que, para simplificar a públicos menos refinados uma peça de Chopin ou de Beethoven, resolvesse trocar deliberadamente um ou outro andamento, um ou outro acorde de execução mais difícil por um substituto mais simples? O que pensaríamos de um pintor que resolvesse ensinar para alunos pobres ou incultos a partir de obras menos belas, com o argumento de que os pupilos não estariam aptos a contemplar a beleza da Monalisa ou do Juízo Final? Certamente concluiríamos que o resultado seria outra coisa que não mais a obra de Chopin ou de Beethoven, de Da Vinci ou Michelangelo. Ainda seria música e pintura, decerto, mas configuraria uma grande falsificação, uma enorme ofensa ao público, pois ofereceria como clássico um genérico pop de fácil deglutição.

Até quando os acadêmicos sérios tratarão seus concidadãos como imbecis? Até quando os intelectuais menosprezarão o povo, tratando-os como verdadeiros incapazes, idiotas impossibilitados de elevar-se à altura dos clássicos?

É preciso compreender a ligação necessária entre a simplificação da literatura nacional e o globalismo. Urge entender a profundidade da guerra cultural em que estamos envolvidos. Se ainda não conseguimos ver a razão da música, do teatro e da arquitetura nacionais agonizarem sob o domínio de inaptos e imorais, ainda estamos arranhando levemente as ações para destruição do Brasil.

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COMPORTAMENTO


O custo da sanidade
(por Bruno Dornelles)

Não há nada mais triste do que ver uma pessoa passar por um processo de abandono de ideais. Pessoas que antes tinham o compromisso próprio firmado com a perpetuidade de sua alma, com a responsabilidade da geração de valores através da educação familiar própria e com a disseminação de conteúdos baseados em fundamentos cristãos e ocidentais, acabam usualmente se entregando à confusão moderna, onde são tentadas a desistirem e abandonarem essa força propulsora da própria vontade. E, quando isso acontece, o processo não é nem um pouco bonito.

Venho falando em meus últimos artigos sobre o perigo da “direita moderada”, e o que ela pode significar em termos de consolidação do processo cultural. Porém, ninguém se pergunta o que pode acontecer com o comportamento e a inteligência íntima dessas pessoas quando buscam apenas sobreviver à apropriação de meios revolucionária ou à pressão individual por reconhecimento (indevido) das convenções sociais às quais pertencem. Como estamos tratando da análise de uma alma, onde, sim, a verdade é a verdade e a mentira é a mentira, pode-se dizer que a flexibilização dessas realidades pode levar a pessoa ao seu mais profundo enlouquecimento e destruição da própria personalidade. E, acreditem, atualmente não faltam correntes técnicas, filosóficas e esotéricas que permitam alimentar essa verdadeira destruição de si mesmo.

Um dos mais bonitos valores ocidentais é o da clareza. A capacidade filosófica de colocar luzes perante as situações, dirimindo elementos de maneira fria e sem muito alarde ou drama sentimental. Contudo, quando a força da personalidade humana está sendo constantemente travada por processos de histeria e incapacidade de uma simples leitura sem buscar se sentir algo com sua análise - como uma gigantesca expectativa de que a realidade soe um pouquinho melhor aos nossos sentidos -, percebemos que o analfabetismo funcional não é um mero probleminha que afeta exclusivamente os que encontram-se do lado revolucionário da história, senão que “pessoas de direita” também se alimentarão dessas fontes de flexibilização de seus ideais, seja por meio da insegurança de serem expulsas das convenções sociais, seja por acolhimento de métodos confusos próprios das filosofias modernas - como a psicanálise freudiana e junguiana, a cultura new age dispersa do aspecto cosmológico tradicional e mesmo a afetação própria do pensamento burocrático.

Nós estamos constantemente dialogando com os resultados simbólicos que optamos em vida, ao mesmo tempo que não faz sentido algum manter certas contrariedades humanas ou inverter o sentido natural das coisas, onde os símbolos é que passam a servir como referência de adaptação perante a realidade - o que vai no caminho contrário do movimento contingente e gera confusão própria. Contudo, quando essas filosofias modernas buscam retrair o pensamento humano, não trazendo qualquer clareza e simplicidade, mas ainda mais confusão, é sinal de que algo irá se dividir perante a personalidade da pessoa e ela não irá mais crescer.

Tomemos o exemplo de um legislador com afetações burocráticas, que visa simplificar os procedimentos de um dos maiores gargalos que conhecemos: as juntas comerciais. Qual documento ele irá tornar desnecessário para servir como requisito da abertura de uma empresa? Será que ele poderia acreditar na sociedade como um todo e deixar de exigir o quase sacramental reconhecimento de firma? Veja que nos acostumamos com os processos altamente burocráticos justamente porque os legisladores não possuem a clareza e a certeza diante das situações que levam ao gargalo do que legislam. Há uma dispersão completa, um sistema todo que os afasta e os coloca em funções muito distantes do que realmente está acontecendo, permitindo que apenas reproduzam uma repetição do que já existia e não trazendo qualquer novidade de clareza no seu serviço.

Porém, quais são os efeitos íntimos dessa confusão de ideias diante de uma pessoa que está buscando determinada ordem e valores fundados no cristianismo, mas que está submetida a essas espécies de confusões? O professor Olavo de Carvalho, em seu artigo “O abandono de ideais”, afirma que podem acontecer dois fenômenos diferentes.

O primeiro fenômeno é a banalização, onde o sujeito simplesmente não está mais se importando com a forja dos seus ideais, deixando-se rasgar pelas contradições que pratica, sem nenhum cuidado com a própria inteligência ou com a limpeza constante de sua psique. O segundo é a exaltação do próprio imaginário, em que, na intenção de seguir mantendo-se naqueles valores, buscará na base da escassez de clareza, presença e inteligência a violência exaltada perante qualquer um que ofenda o seu direito de estar em contradição e alienação.

Ambos os fenômenos atuam não somente na diminuição da inteligência de uma pessoa - onde ela para de se conectar com as coisas óbvias e reais que estão à sua frente -, como também geram a perda de parte de sua memória, onde é guardado o histórico de sua própria constituição humana. Diante dessa espécie de confusão, fica fácil simplesmente decidir abandonar os próprios processos de valoração, inteligência e compromisso adulto para a pessoa fazer cálculos baseados em um custo-benefício próprio e incerto, onde finalmente irá culpar estes valores por todas as suas dores e incapacidades de lidar com a falta de sucesso, irrelevância ou dificuldades próprias da vida.

Não devemos descartar a possibilidade de que esse fenômeno venha a ficar mais claro quanto mais nos aproximamos das eleições de 2022. Diante das crises geradas pelas medidas ditatoriais dos distanciamentos e lockdowns, ou mesmo da dificuldade cada vez maior de manter uma narrativa econômica vencedora diante do aumento da gasolina, do preço dos produtos e da diminuição do poder de compra básico, a esquerda de Lula e Ciro Gomes tende a explorar o “custo conservador” de evitar-se até às últimas consequências à volta dos partidos comunistas pertencentes ao Foro de São Paulo ao poder.

Não somente isso, estamos diante da definitiva e reveladora fase onde o brasileiro vai decidir se renunciará a esse “custo conservador”, permitindo o retorno da esquerda cleptomaníaca e narcotraficante, ou se ainda valerá manter um projeto de país diante das incertezas de composição do governo do presidente Jair Bolsonaro, que está rodeado por  seus inimigos e que já cede à renúncia de nomes fundamentais como Ernesto Araújo e Ricardo Salles. Se promovermos que as dificuldades atuais não valem o nosso empenho por retomar o poder isolado de Brasília, estaremos abandonando não somente um processo individual de crescimento perante a difícil realidade, como ainda nos deixaremos enganar por aqueles que sonham com a perda total dos ideais do brasileiro para retornarem ao poder. Não se trata apenas de mera política do dia, mas de uma luta pela própria sanidade do povo brasileiro, de não ser confundido por aqueles que querem apenas a sua destruição.

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BRASIL


O resgate da alta cultura
(por Lucas Campos)


O Brasil, nos últimos quarenta anos, foi acometido por uma avassaladora ideologia: uma espécie de neomarxismo, fruto da famigerada Escola de Frankfurt; uma cepa atualizada do Leninismo clássico, voltada à tomada de poder através de uma hegemonia cultural, mediante a ocupação de espaços, manipulação de comportamento e usurpação da linguagem. Em contrapartida, durante este evento, o conservadorismo popular, ou seja, a opinião e o comportamento da grande massa, foi vítima dessa engenharia social silenciosa. O produto disso: o cidadão comum privado de tudo que é belo e moral; da cultura. 

Diante disso, é preciso ter em mente que o pensamento conservador, pelo menos no Brasil, ainda tem um caráter embrionário. Essa direita que surge agora caminhou às cegas nas últimas décadas, sem que houvesse um orientador ou um mentor intelectual. Aqueles que receberam alguma instrução cultural e política (alunos do Professor Olavo de Carvalho) e estão no governo - mesmo sobrando poucos -, buscam viabilizar, em alguma medida, a agenda que levou Jair Bolsonaro ao Planalto.

Portanto, é notório que precisaremos de alguns anos para adquirirmos maior robustez cultural e política. Por isso, a necessidade de uma preparação intensa no campo filosófico para que, futuramente, haja uma maior força política organizada. Porém, enquanto isso não ocorre, é óbvio que teremos muitas dificuldades. 

Vejo com bons olhos termos otimismo, já que o líder máximo da nação, embora pouco combativo no âmbito cultural, tem entregue um bom trabalho e está, a meu ver, bem intencionado - o que é louvável e digno de honra, diante de tudo que passamos nos últimos anos. Todavia, nos estados e municípios – onde está a grande massa – teremos as maiores dificuldades, visto as últimas eleições – não temos, todavia, um partido, apenas os agentes, por ora dispersos.

Uma elite intelectual conservadora ainda está sendo formada. Neste processo, acontecerão, obviamente, os erros, pois esses executores alheios precisam de um norte.

Na prática, o que acontece hoje é que a população precisa ser educada por uma elite em formação, e essa elite em formação tem a necessidade de aprender enquanto trabalha. É como diz o ditado: "trocar o pneu com o carro andando."

Não é o ideal, mas é o que temos, meus compatriotas. Creio que teremos corpo mais adiante, se Deus permitir. No entanto, até lá, penaremos. Que Deus nos ajude. Confiamos na doutrina da providência e no trabalho para varrer o neomarxismo do Brasil e recuperarmos nossa identidade, arruinada pelos engenheiros sociais comunistas e, portanto, resgatarmos a alta cultura.

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CULTURAL

(nota do editor e organizador do blog: Leiam até o fim e aguardem a edição em que virá a conclusão. Fica a impressão de que o autor irá propôr uma solução para o tema em questão, e creio que tem a ver com a parte 2 do art. 3 da Suma Teológica, onde se tem a brilhante conclusão a que chega o grande e santo Doutor Angélico. Todo o cenário que aqui se monta aponta para algo semelhante.)


Parece que Deus não existe
(por Kauê Varela)

“Parece que Deus não existe. Pois, um dos contrários, sendo infinito, destrói o outro totalmente. E como, pelo nome de Deus se intelige um bem infinito, se existisse Deus, o mal não existiria. O mal, porém, existe no mundo. Logo, Deus não existe.”

Essa citação, diferente do que aparenta, não foi retirada de um site, trecho de livro ou vídeos antirreligiosos, mas foi escrita por Santo Tomás de Aquino, padre da igreja católica, canonizado Santo em 18 de julho de 1323, em Avinhão, Estados Papais, pelo Papa João XXII. O trecho que inicia este artigo encontra-se na obra intitulada “Suma Teológica”, volume 1, página 39 (editora Ecclesiae). O motivo da citação direta é simples: de fato, dada a quantidade de males no mundo, parece-nos que a existência de um Deus bom, como pregado por todas as religiões (exceto no satanismo, obviamente) parece descolada da realidade que nos bombardeia diariamente, sobretudo se você for um telespectador recorrente de jornais sensacionalistas. Morte, estupros, traições, mães jogando bebês pela janela do ônibus em movimento... ou mesmo em sacos plásticos ao lado do lixo. Como podemos conceber a ideia de um Deus bom com tantas desgraças acontecendo pelo mundo?

Pois bem, esse é um dos argumentos mais recorrentes quando se tenta negar a existência de Deus e claro que há nele certo fundamento, no entanto, o quanto esse mesmo argumento consegue suportar quando pensamos (apenas) um pouco nele? Na realidade, muito pouco.

Não me entenda mal, para começar. Este texto não tem pretensões de explicar um dos, senão o maior gênio da humanidade que foi São Tomás. Tampouco “provar” que Deus existe. Minha única e singela missão aqui é apenas expor uma “dor”, utilizando o linguajar empresarial, que está aí acessível a todos que observem a realidade diante de si. O mundo é perverso, seja sob o olhar natural ou da maldade que certas pessoas são capazes de realizar. Então, repito a pergunta: como conceber um Deus bom, diante dessa realidade assustadora?

Para início de conversa, sejamos francos: Não existe nem nunca existiu esse “troço” entendido como “mal do mundo”. Geralmente quando se utiliza essa expressão, o que nos parece é que há uma espécie de somatória de males no mundo, ou seja, se escalássemos nossos problemas de 0 a 10, sendo que eu tenho, por exemplo, vício em balas de goma, poderíamos colocar este problema na escala entre 1 e 2, a depender do quanto isso realmente me afeta e/ou aos meus familiares. Enquanto que outra pessoa pode ter o vício em crack e estar entre 9 e 10 na nossa escala imaginária. Logo, segundo nos parece estar implícito na sentença “mal do mundo”, teríamos nessas duas pessoas um resultado entre 11 e 13 na nossa “escala problemática”. Agora imagine quantas pessoas no mundo tem problemas e o resultado dessa somatória! Pois bem, mas isso não é verdade! O que temos é a pessoa “A”, que tem um problema de nível “1” e a pessoa “B” que tem um problema de nível “10”, mas não uma somatória de problemas dessas duas mesmas pessoas. Lembremos por um momento de Santo Agostinho e sua obra “Cidade de Deus” onde, dentre tantas outras coisas, temos uma abordagem surpreendentemente simples, mas que poucos percebem: não existe uma “história da humanidade”, mas sim a história de pessoas entendidas em sua singularidade e concretude! Da mesma forma, não existem “os problemas do mundo”, mas os problemas individuais que variam de pessoa para pessoa. Uma frase muito interessante que ouvi por aí foi “O pior problema do mundo é o seu, pois você é que terá que resolvê-lo!”.

Imagino que o leitor deva ter entendido o ponto até aqui, no entanto, ainda que entendamos que não há somatória de males no mundo, ainda assim o mal no mundo é real e está disponível para quem quiser ver! A afirmação feita no início permanece intacta: diante do mal no mundo, agora entendido em sua singularidade, como conceber a existência de Deus? Aliás, não só permanece intacta como aumenta em sua força, pois quando se usa a expressão “mal no mundo” estamos no campo meramente hipotético teórico, enquanto que quando citamos o caso de uma mãe que perdeu três filhos em um incêndio acidental e imaginamos o tamanho da dor que ela carregará pelo resto de sua vida, ah, caro leitor, a banda toca em outro tom, como dizia minha avó.

Façamos a seguinte distinção, de imediato. Há o que se entende por sofrimento em sua forma racional, ou seja, alguém analisando o sofrimento de forma hipotética e racional de forma lógica. Essa abordagem é relativamente simples de se rebater, basta estudarmos silogismo, retórica, sentar-se com um debatedor, refutá-lo ou sermos refutados. Agora, imagine você expor os mesmíssimos argumentos e silogismos retóricos com aquela mãe que acaba de perder três filhos de forma trágica. Realmente não cabe! Essa é a forma subjetiva de males que experimentamos durante a vida, ou seja, o sofrimento real, sentido na pele, não aquele teórico abstrato. Esse, caro leitor, é o mais difícil! Como tal tarefa demandará certa paciência para desenrolarmos, deixemos para a próxima semana.
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OPINIÃO DO AUTOR

Leia para suas crianças!
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
25 de Junho de 2021, originalmente publicado na rede social BomPerfil


Todo aquele que pensa que não pode ler para sua criança em uma tenra idade de 4 ou 5 anos está cometendo uma grande imprudência. Ler para seu filho pequeno não só é possível como também RECOMENDADO.

Eu leio muito para minha menina de 4 anos (5 agora em 25 de agosto, está chegando), e leio histórias não só referente ao mundo de fantasias, mas também histórias bíblicas. Com 4 anos, minha menina já conhece Adão e Eva, Noé, Sansão, Daniel, Rute, Moises, Josué, Davi, Golias, Marta, Jesus e outras personalidades das Sagradas Escrituras, graças a uma Bíblia para crianças que eu fiz questão de pegar e ler para ela. Também conhece inúmeros personagens do reino da fantasia e da ficção, da Disney (clássica e mais contemporânea dos anos 90), Walter Lanz, Hanna-Barbera, e assim vai. Ela ganhou um livrinho com 60 histórias da Disney, envolvendo Pinóquio, as princesas, Toy Story, e outros, e eu às vezes leio para ela essas histórias antes de dormir.

Mas o que eu descobri recentemente e que me deixou encantado, é que eu posso também ler em inglês para ela. Por acidente, eu estava sapeando meu celular e ela viu a figura icônica do personagem Cat in The Hat, do Dr. Seuss. Eu pensava que eu ia ler isso pra ela só quando tivesse mais idade, mas ela gostou do gato. Tive que pegar o PDF do livro de forma improvisada para poder ler a história para ela. Li umas duas vezes para ela, em inglês mesmo, por vezes explicando algo do que eu estava lendo para que ela entendesse, e ela simplesmente se apaixonou. Na terceira noite que eu fui ler a mesma história para ela, pensei em fazer tradução simultânea em português, mas ela INSISTIU para que eu lesse em inglês. Dr Seuss é excelente com sua escrita poética, e o modo como ele trabalha com o som das palavras é apaixonante. E então, permaneci lendo a história para ela em inglês mesmo, depois que comprei o livro na Estante Virtual. Ela ama. Pelo visto não precisaremos fazer muito esforço para que ela aprenda inglês no futuro, pois já estará habituada ao som das palavras.

Vejam o resultado de se ler constantemente para sua criança! Jamais deixem de praticar isso! E se você souber inglês, leia para ela também nesse idioma! Se antecipe em relação à escola de seu filho para que você jamais perca o encanto, pois dessa forma, você estará protegendo sua cria do mundão e também construindo fortíssimos laços familiares! Essa é minha dica.


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HUMOR


(5/7/2021)


(29/06/2021)


"O Calça Apertada está bem caladinho!!!
(04/06/2021)


"Ainn, o Bonoro apanha para o Mula e o Coroné "Rivotryl"!! " ...8 Ear of maize" (@SalConservador)
(06/06/2021)


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LEITURAS RECOMENDADAS

Hoje eu vou mais uma vez fazer uma recomendação dupla, porque acho que devemos valorizar o que estamos criando no campo cultural, e por coincidência, o trabalho que realizo através deste site, divulgando textos da Revista Terça Livre e outras coisas, É no campo cultural.

Eu já havia divulgado o quadrinho do Doutrinador na edição XI do site. Hoje eu lhes recomendo o excelente Destro, que é um trabalho posterior ao Doutrinador, e que se passa no mesmo universo. Vale a leitura e notar como o Luciano Cunha acabou acertando várias previsões da história nesta excelente narrativa distópica.
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E o livro de hoje...

Venho mais uma vez recomendar uma ficção a vocês, não somente porque estamos em uma semana bem difícil, mas porque essa ficção em especial virou realidade no mundo moderno que vivemos. Se você ainda não leu 1984, já está mais do que na hora de ler e tomar consciência do que está acontecendo com a sociedade, coisas que Orwell alertou no passado, mas achávamos absurdo demais para acontecer. 


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