Edição LXXI (Terça Livre, Revista Esmeril 39, opinião e mais)

Tempo de Leitura LXXI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
    


ANTES DE MAIS NADA:



REVISTA ESMERIL 39

Entrevista com Padres Bernardo Maria e Marcelo Monteiro da Costa (Leônidas Pellegrini)

Ainda é tempo (Vitor Marcolin)




Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
    



02 de Janeiro de 2023
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 40 da Revista Terça Livre, de 14 de Abril de 2020.

O novo site do Terça Livre está de volta, e com ele, todos os cursos e todas as edições da Revista Terça Livre desde o seu início. acessem:
ou
Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo. Os valores estão em dólares.



INTERNACIONAL


👆 China: a mentira como notícia
(por Rafael Fontana)

“Mentir é maldade absoluta. Não é possível mentir pouco ou muito; quem mente, mente. A mentira é a própria face do demônio.” (Victor Hugo)


Um traço comum entre regimes totalitários refere-se à perseguição religiosa e à supressão da fé, para que igrejas e religiosos sejam incapazes de competir em importância com o poder político dominante. A consequência para a população, via de regra, traduz-se na drástica redução da ética e no quase aniquilamento da moral.

Na China, as sete décadas que se passaram desde a Revolução Comunista moldaram gerações cada vez mais distantes da integridade. Não que os chineses sejam intrinsecamente desonestos, mas, ao longo desses 70 anos, os cidadãos do país transformaram-se paulatinamente em vítimas de um regime que os privou do sentimento de probidade.


O comportamento amoral estende-se por todos os setores sociais e produtivos, incluindo a mídia, liderada pelos mais fortes braços da propaganda comunista: a agência Xinhua e o Grupo de Mídia da China. Este último firmou no Brasil acordos de cooperação com a Band, a Globo e, pasmem, com a EBC, do Governo Federal.


O grupo de mídia chinês agora adentra os lares brasileiros oferecendo o mais absurdo cardápio de fake news da mídia mundial. E não só pela agenda socialista obrigatória, 
mas também pelo total descompromisso com a verdade.


Relato, a seguir, dois episódios para ilustrar do que é capaz o jornalismo chinês, com o qual convivi durante anos atuando em Pequim. O primeiro ocorreu em 2017, quando um jornalista da emissora CCTV, Wang Yong, procurou-me para que eu fosse o entrevistado de uma reportagem sobre geopolítica. Aceitei. E o repórter me pediu para indicar também um russo para participar da mesma matéria.


Entrei em contato com um colega, mas ele estava viajando. Falei com outro russo, que me informou estar com a agenda lotada naquela semana. Quando informei isso ao repórter chinês, ele me disse não haver problema, que eu poderia chamar qualquer pessoa que falasse russo. Então imediatamente recorri a um amigo jornalista ucraniano, Anatoly, que prontamente aceitou.


No dia da entrevista, ocorreu-me que a reportagem poderia ter relação com a reunião do BRICS, a ser realizada dentro de duas semanas na cidade chinesa de Xiamen. Ou seja, a TV precisava de fato de um brasileiro e de um russo, cidadãos de países-membros do BRICS, e não de um ucraniano. Consultei Wang Yong, da CCTV, ele confirmou essa minha suspeita e ouvi algo surreal. “Russo, ucraniano, tanto faz”, disse ele. “O que importa é falar russo e ser branco. Vamos falar na reportagem que ele é russo, ninguém vai saber a origem dele mesmo.”


Só faltei chamar o repórter chinês de ignorante. Mesmo assim, ele deu de ombros. Avisei Anatoly imediatamente. Indignado com a história, mesmo conhecendo as constantes maracutaias chinesas, o ucraniano recusou-se a conceder a tal entrevista, obrigando a TV chinesa a buscar, 
em cima da hora, outra alternativa. Talvez alguém da Bielorrússia.


Tradução fake

Essas situações, que nos parecem bizarras, eram corriqueiras durante toda a minha experiência na China, tornando difícil selecionar apenas dois entre tantos casos. O segundo que escolhi para este artigo ocorreu em 2018. Um diretor de jornalismo da CCTV buscava jornalistas estrangeiros para participar de um programa de auditório em que seria anunciado um novo aplicativo de tradução simultânea.


Lá fomos nós outra vez, selecionados entre a nata da nata do jornalismo internacional que atuava no Grupo de Mídia da China. Fui o escolhido para fazer o teste de tradução “ao
vivo” em português, acompanhado por colegas da França, Vietnã, Turquia, Índia, Alemanha, Inglaterra, Tailândia e Rússia.


Partimos da rádio em que trabalhávamos numa manhã quentíssima de julho, acomodados em luxuosas Mercedes, com destino aos estúdios da CCTV nos subúrbios de Pequim. O edifício-sede da emissora, localizado na região central de Pequim, é um dos cartões-postais da capital chinesa, dotado de uma arquitetura que realmente impressiona (veja foto neste artigo).


Já os estúdios para onde nos levaram aquele dia quente faz o Projac, da Globo, parecer uma maquete. Chegando lá, fomos levados a participar de um programa num auditório de suntuosidade incomparável com qualquer estrutura que exista na América Latina. Naquele espaço de luzes, tomado por maquiadores, cabeleireiros e produtores, fomos colocados à prova durante o programa, veiculado por um dos canais mais populares da CCTV.


O que o imenso auditório nem os milhões de telespectadores sabiam, contudo, é que o 
teste havia sido todo fraudado. As traduções foram feitas com dias de antecedência, e a apresentação na TV não passou de pura encenação. Mais uma vez eu me via constrangido ante a picaretagem da mídia chinesa.


Sem o menor pudor, milhões e milhões de pessoas são diariamente enganadas pela mídia chinesa dentro e fora do país. Inexiste nos canais de comunicação da China qualquer forma de compromisso com a verdade ou pacto com a honestidade.


As mentiras propaladas pela imprensa chinesa, sejam aquelas vinculadas à agenda política, à propaganda enganosa do estilo de vida chinês ou mesmo à venda de produtos Made in China, agora estão disponíveis em grande parte dos lares brasileiros. Neste momento, para se sentir enganado pelos chineses, não é preciso mais comprar no Ali Express. Basta ligar a TV.


Rafael Fontana é jornalista e viveu na China entre 2015 e 2018


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Allan dos Santos via Locals - 28 de Dezembro de 2022






COMPORTAMENTO




















👆 Exército de Covardes
(por Allan dos Santos)

O verdadeiro heroísmo no Brasil sempre é retratado como desequilíbrio psíquico e só os covardes apaziguadores são os “virtuosos”, quando estes, na verdade, deveriam ser dignos de pena.

Por isso que o HERÓI Antônio Conselheiro é tido como desequilibrado, quando ele era o ÚNICO SÃO. Foi na morte dos valentes guerreiros de Canudos que a bandeira republicana foi erguida pela primeira vez em uma batalha. Foi o massacre mais criminoso já feito no Brasil: mais de 25 mil mortes.

Parabéns, Exército: vocês mataram covardemente mais de 25 mil homens valentes e patriotas e nunca fizeram isso contra os mais perigosos criminosos, narcotraficantes e guerrilheiros que hoje estão na mais alta casta da burocracia brasileira atual.

Quando CADA UM dos sonâmbulos sentir a dor de quem estava acordado tentando despertá-los é então que entenderão o MOTIVO dos GRITOS. Até lá, os sonâmbulos ainda não sentem a dor e acham os gritos exagerados. Só quem abre os olhos sabe o tamanho do problema.


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REVISTA ESMERIL - Ed. 39, de 22/12/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


CULTURA CATÓLICA

👆 Entrevista com Padres Bernardo Maria e Marcelo Monteiro da Costa
(por Leônidas Pellegrini)

O papel da família cristã no mundo sob a visão de dois homens de Deus

Não poderia faltar para esta edição a percepção de bons clérigos sobre a Deus, a família e os desafios impostos aos cristãos pela revolução cultural que visa subverter a família. Portanto, conversei sobre essas questões com nosso querido colunista Padre Bernardo Maria, monge cisterciense do Mosteiro de Nossa Senhora de Nazaré, em Rio Pardo (RS), e com o Padre Marcelo Monteiro da Costa, da Paróquia São Gonçalo, na Arquidiocese de Niterói (RJ).

Confiram a seguir a entrevista com esses dois homens de Deus, e um Feliz Natal a todos!


Revista Esmeril: O tema do mês da nossa revista é “Família”. Como o senhor enxerga a família no plano de Deus?

Padre Bernardo Maria: Deus, no Seu infinito amor, não apenas criou o homem, mas sempre acompanhou a sua história, inclusive intervindo diretamente em seu favor. No livro do Gênesis, no capítulo 2, versículo 18, lê-se que Deus disse: “não era bom que o homem estivesse só”, e resolveu fazer uma auxiliar que lhe correspondesse. Dessa forma, Ele modelou uma mulher e a trouxe ao homem. Daí, o que se percebe é que a matriz da família, que começa com a união entre um homem e uma mulher, não pode ser negada. A família é uma instituição desejada pelo próprio Deus, e isso está revelado nas Sagradas Escrituras, fonte insubstituível da fé católica.

Padre Marcelo: A família é algo sagrado, que Deus ama dentro do plano da História da Salvação. No Natal vemos três personagens principais: Jesus, Maria e José (Lc 1-2). Ou seja, Deus Pai quis uma família para o seu Filho Jesus. Esta família é o lindo modelo para todas as outras famílias. Percebemos aqui o lindo papel do pai e da mãe no desenvolvimento dos seus filhos. Deus aqui inspira essa realidade.

Revista Esmeril: Qual o papel da família cristã na sociedade, na cultura de um povo, de uma nação?

Padre Bernardo Maria: Para responder essa pergunta nós precisaríamos antes contextualizar um pouco essa sociedade ou cultura em que a família cristã está inserida. Caso se trate de uma sociedade eminentemente cristã, o papel da família poderia comparar-se, por exemplo, ao dente de uma engrenagem que precisa cumprir bem o seu papel, manter-se firme em seus princípios e crenças para que os mecanismos de evangelização, de assistência sacramental e de vivência da moral cristã continuem gerando os benefícios necessários para o progresso e o bem-estar das almas.

No caso de uma família cristã que se encontra em meio a uma cultura hostil à sua fé, o ideal é que essa família se una a outras, que formem uma comunidade de fé, preferencialmente conduzidos por um sacerdote, a fim de criarem um ambiente que seja minimamente favorável a prática da sua crença. A partir daí, podem fazer tentativas esporádicas de anunciar o Evangelho a quem ainda não crê nele ou não o pratica. Se observarmos todo o esforço dos mártires cristãos primitivos, veremos que há muitas maneiras de resistir à hostilidade alheia e ainda assim alcançar vitória sobre as condições adversas à vivência da fé.

Padre Marcelo: O papel da família cristã na sociedade é ser o sal da terra e a luz do mundo (Mt 5). É dar o sabor dos valores do Evangelho de Cristo, viver as virtudes cardiais (justiça, prudência, fortaleza e temperança) e teologais (fé, esperança e caridade). Proporcionar, assim, uma cultura do Evangelho, dos valores cristãos essenciais, utilizando todas as artes para esse desenvolvimento. Criando-se essa cultura, haverá uma nação que ama a Deus e aos irmãos.

Revista Esmeril: Como o senhor percebe as mudanças culturais pelas quais as famílias passaram na história recente? Como essas mudanças afetam o rumo da história humana?

Padre Bernardo Maria: Se nós pensarmos no desenrolar dos acontecimentos históricos que se deram desde o final do século XIX até agora, veremos que foi crescendo a contestação dos valores morais tradicionais – e aqui não me refiro só a ao sexo, mas também à honestidade, à verdade, à fidelidade, à responsabilidade, à palavra empenhada etc.

Essa onda de contestação acabou atingindo quase todos, se não todos os setores e mecanismos da sociedade, e produziu um fenômeno chamado relativismo, várias vezes apontado pelo Papa Bento XVI como um dos grandes males do nosso tempo. A noção de família infelizmente foi atingida pelo mal do relativismo, e a grande dificuldade por que passam as famílias é que parecem não existir mais valores absolutos, solos firmes onde construir o edifício familiar. Há uma insegurança difusa, que gera nos corações um constante medo de começar uma família, porque se tem a impressão de que basta um vento soprar de qualquer direção que seja para pôr abaixo tudo o que foi construído com esforço e renúncia. A sociedade moderna, se não quiser cair definitivamente num estado de autodestruição, precisa resgatar os valores absolutos, e o cristianismo tem esses valores para oferecer.

Padre Marcelo: Há no momento algumas mudanças culturais que afetam muito o ser humano.  Isso acontece de modo engendrado, bem esquematizado, para retirar os valores do Evangelho do mundo e do ser humano, conforme aponta o Monsenhor Sanahura em seu livro Poder global e religião universal

Essas mudanças afetam a história do ser humano, pois acabam nos tirando o sentido de vida. A cultura de morte por meio do aborto e da eutanásia, que dessensibilizam as pessoas em relação ao valor da vida humana, constituem o maior exemplo desse processo.

Revista Esmeril: Os sacerdotes fazem parte das famílias de suas comunidades? Ou, pelo menos, deveriam perceber-se assim? Como o senhor entende essa questão?

Padre Bernardo Maria: O sacerdote é fruto de uma família, neste ponto ele não é diferente dos outros homens. E digo mais: um dos Mandamentos é honrar pai e mãe, ou seja, o sacerdote tem, enquanto filho, deveres sagrados para com os pais. Entretanto, esses deveres não podem ser impedimento para que o sacerdote cumpra o maior de todos os Mandamentos da Lei de Deus, ou seja, amar a Deus sobre todas as coisas.

Com esse maior Mandamento, Deus não está pedindo que o sacerdote abandone a sua família ou que renuncie a ela, mas apenas estabelecendo uma ordem de prioridades. Ou seja: Deus vem em primeiro lugar. E por que é isso? Deus é ciumento e possessivo? De maneira nenhuma! É preciso lembrar que do fato de um homem dedicar a sua vida e o seu tempo ao sacerdócio advêm graças especialíssimas para toda a sua família. Nesse sentido, é preciso perguntar-se: o que há de mais importante nesta vida que do que ser salvo?

Padre Marcelo: Os sacerdotes participam e fazem parte das famílias de suas comunidades, já que ele é o dirigente espiritual. Ele recebe de Deus a função de conduzir o rebanho de Jesus Cristo e age na ação de nosso Mestre.

Revista Esmeril: Para terminar, gostaria que o senhor deixasse uma mensagem a todas as famílias para que vivam bem o Tempo do Natal.

Padre Bernardo Maria: Seria muito importante que as famílias se espelhassem na Sagrada Família de Nazaré, o relacionamento entre eles, a maneira como se tratavam, como conviviam, os valores que cultivavam etc. Jesus, Maria e José têm muito a nos ensinar sobre a vida em família, mas é preciso ler nos Evangelhos a sua história, meditar sobre isso. E o que é muito importante: rezar a Deus pedindo inspiração. O ser humano sozinho é limitado, mas auxiliado pela graça e pela sabedoria de Deus pode encontrar soluções para problemas que pareciam insolúveis. Famílias, aproximai-vos de Deus confiantemente, e Ele indo inundará as vossas vidas com felicidade e paz. Feliz Natal!

Padre Marcelo: Neste momento de Natal, que todas as famílias acolham o Menino Deus com alegria. Que possamos vivenciar cada momento com a Sagrada Família, e celebremos com entusiasmo o nascimento do Príncipe da Paz. Que nossos corações, de fato, possam ser a verdadeira manjedoura para esse Menino Deus.

Um Feliz e lindo Natal para todos vocês!


Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2023

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Esmeril, coluna semanal de 29 de Dezembro



COLUNAS SEMANAIS




👆 Ainda é tempo
(por Vitor Marcolin - 29/12/2022)

O Natal não é um dia, mas um período


Apesar do sedutor apelo comercial praticamente irresistível, o Natal não é uma data, um dia apenas, é um período; um tempo do calendário litúrgico da Igreja cuja Natividade é apenas uma de um conjunto de cinco festas. Para além do Natal, nós temos a festa da Sagrada Família, Santa Maria, Epifania, e Batismo do Senhor. Até o Domingo no qual celebramos o Batismo do Senhor – por volta da segunda semana de janeiro –, portanto, é perfeitamente cabível desejar um “Feliz Natal” a quem ainda tenha paciência de ouvir e responder. Sim, porque o apelo comercial suprimiu a substância dos termos “paciência” e “caridade” e preencheu o vácuo semântico com um vagabundo sentido de conveniência.

Daí as relações humanas nesta época do ano provocarem aquele típico mal-estar que nos sobrevém quando estamos diante de uma flagrante esquisitice, uma incoerência explícita ou uma hipocrisia indecente. E, meio inconscientes, somos levados cada vez mais para longe das coisas importantes; anestesiados pela atmosfera intrusa das exigências materiais, esquecemo-nos do que é realmente importante. Perdemos a possibilidade da felicidade, daí o constrangimento, o sorriso fingido na hora dos cumprimentos, a sufocante sensação de tédio que aniquila até mesmo a capacidade de reconhecer as manifestações de entusiasmo nas crianças…

Ouvi de um autor comunista, um português que, para ganhar o prêmio Nobel de Literatura, dissera com sinceridade “não precisei de deixar de ser comunista”: “Eu odeio o Natal”. Não duvido. Mas não é difícil imaginar o motivo, os motivos, aliás. É culpa do capital que esvaziou o sentido original da celebração a fim de dar-lhe uma nova e descabida significação mercadológica. O comunista tem razão, mas só pela metade: o mercado fez o que fez – e continuará a fazê-lo –, mas o revolucionário crê que o “sentido original da celebração” também não passa de uma criação da classe dominante, uma afetação burguesa. Então ele odeia o Natal duplamente…

Creio que uma forma de entender as coisas seja verbalizá-las simplesmente, mas com honestidade. O que é o Natal? É a consumação de um fato: a encarnação do Logos Divino no útero da Virgem Maria — que celebramos nove meses antes da Natividade, na festa da Anunciação. O Verbo encarnado nasceu, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem. Isto basta para aniquilar o tédio, o marasmo, o frenesi e a angústia que quaisquer elementos artificiais, beneficiados com a nossa própria natureza, possam provocar “nesta época tão festiva do ano”.

“Antigamente era melhor”. É natural que todos digam isto. Mas não só: é bom também. Sim, porque esse sentimento de nostalgia não indica meramente o tempo pretérito da infância ou de um período mais feliz da vida do sujeito, não. Isto é o que ele pensa. Os nossos Natais são a recordação DAQUELE primeiro Natal. Assim, o que o consumismo e a lógica materialista tentam suprimir não é outra coisa senão a reverberação dos efeitos daquela noite feliz na distante Belém. Os parentes chatos e intrometidos deveriam dedicar um minutinho de suas vidas a fim de refletir sobre esta verdade.

Ainda em tempo: Feliz Natal!


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Padre Paulo Ricardo - 31 de Dezembro


BENTO XVI

👆“Quem crê, nunca está sozinho nem na vida nem na morte”
(por Equipe Christo Nihil Præponere)


No dia de São Silvestre, Papa que combateu as primeiras heresias que ameaçaram a fé cristã, recebemos com pesar a notícia do falecimento do Papa emérito Bento XVI, intrépido defensor da Verdade que combateu a ditadura do relativismo. Nosso apostolado deve muito a esse pontífice, por cuja alma convidamos todos a oferecer sufrágios e orações.


É com imenso pesar que recebemos a notícia do falecimento do Papa emérito Bento XVI, cuja saúde estava bastante debilitada nos últimos dias.

No dia 19 de abril de 2005, Deus, na sua infinita misericórdia, quis nos dar como Sumo Pontífice o Cardeal alemão Joseph Ratzinger, que representava entre os cardeais da época o grande ícone da ortodoxia e da fidelidade à Sagrada Escritura, à Tradição e ao Magistério.

Mesmo sendo um dos maiores teólogos de seu tempo, Joseph Ratzinger portava consigo uma humildade genuína, de quem se reconhece limitado e necessitado da graça de Deus. Em sua primeira  saudação à multidão na Praça de São Pedro, Bento XVI resumiu bem o que seria o seu pontificado:

Depois do grande Papa João Paulo II, os cardeais escolheram a mim, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor. Consola-me o fato de que o Senhor sabe agir ainda que com instrumentos insuficientes. E, sobretudo, recomendo-me às vossas orações. Na alegria do Senhor Ressuscitado, confiantes na sua ajuda permanente, vamos em frente. O Senhor ajudar-nos-á. Maria, sua Mãe Santíssima, está conosco. Obrigado!

Foram quase oito anos de um pontificado marcante, sobretudo porque seu principal objetivo era fazer com que Deus fosse o único protagonista da Igreja, da sociedade e de toda a história humana.

Justamente por isso o Papa Bento XVI incentivou tanto os sacerdotes a evangelizar através dos meios de comunicação e da internet, para que levassem a todos os povos o Cristo Ressuscitado, único que pode restaurar a natureza humana decaída e elevá-la à dignidade de filhos de Deus.

Papa Bento XVI (1927-2022)

Em 16 de maio de 2010, por ocasião do 44º Dia Mundial das Comunicações, o Papa Bento XVI publicou uma mensagem intitulada O sacerdote e a pastoral no mundo digital, na qual afirma que a internet não é apenas “um espaço a ser ocupado”, como se estivéssemos cumprindo a “mera exigência de marcar presença”, mas é um “meio útil inclusive para a evangelização e a catequese”.

Cerca de uma semana depois, no dia 24 de maio, nós tomamos a decisão de profissionalizar o site padrepauloricardo.org, fazendo com que aquele trabalho incipiente de evangelização na internet, iniciado em 2006, aumentasse suas proporções e ganhasse maior qualidade técnica.

Nesse sentido, nosso apostolado deve muito ao Papa Bento XVI, que, além de combater a ditadura do relativismo e reafirmar a Verdade de sempre, orientou-nos para a necessidade de evangelizarmos no areópago dos tempos modernos, a internet.

Nossa estima e gratidão a Bento XVI serão traduzidas em orações pelo sufrágio de sua alma. Conclamamos todos que acompanham o nosso trabalho — sacerdotes, religiosos ou leigos — a se unirem a nós em oração por este simples e humilde servo do Senhor, que se apresenta diante de Deus depois de ter sido um eloquente defensor da Verdade.

* * *

Oração. — Ó Deus, que por inefável providência quisestes contar entre os sumos sacerdotes o vosso servo Bento XVI, concedei, vo-lo pedimos, ao que foi na terra vigário de vosso Filho Unigênito a eterna companhia de vossos santos pontífices. Pelo mesmo Cristo, Senhor nosso. Amém.

℣.Dai-lhe, Senhor, o descanso eterno.
℟. E que a luz perpétua o ilumine.
℣. Descanse em paz.

℟. Amém.

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👆 OLAVO DE CARVALHO

Prefácio da edição de 2018 do livro "A Vida Intelectual", por Olavo de Carvalho

"Na miséria mental da Igreja contemporânea, torna-se até difícil para o leitor leigo conceber o que possa ter sido o renascimento filosófico e literário do catolicismo na primeira metade do século XX, quando dificilmente se poderia encontrar, em quaisquer outras correntes de pensamento, personagens da estatura intelectual de Étienne Gilson, Jacques Maritain, André Marc, Maurice Blondel, Pierre Boutang, Charles Péguy, T. S. Eliot, John Senior, Georges Bernanos, Paul Claudel, G. K. Chesterton, Giovanni Papini, François Mauriac e tantos outros, incluindo, como veremos em seguida, o nosso querido Pe. Sertillanges.

Embora nem todos esses autores se filiem à corrente tomista, ou neotomista, é inegável que o tiro de largada dessa vasta e emocionante aventura espiritual foi desferido pelo Papa Leão XIII quando, em 1879, na encíclica Aeterni Patris, exortou os teólogos e intelectuais católicos a desprender-se das modas filosóficas e voltar à meditação dos ensinamentos de Sto. Tomás de Aquino (1225–1274).

Também é difícil, para o leitor de hoje, conceber o quanto o pensamento dominante nos seminários e na alta hierarquia clerical havia se afastado dos ensinamentos tradicionais da Igreja desde o início da modernidade. Só para dar um exemplo, durante todo o século XVIII o ensino nos seminários franceses esteve baseado sobretudo em René Descartes, cujo idealismo subjetivo era radicalmente incompatível com a revelação cristã.

Leão XIII não fez com que todos os pensadores católicos se tornassem tomistas, mas, recolocando as doutrinas de Sto. Tomás na ordem do dia, operou um vertiginoso upgrade no pensamento católico, obrigando-o a confrontar-se com as mais profundas e espetaculares descobertas do Doutor Angélico.

Entre os beneficiários dessa grande virada que optaram pela fidelidade estrita a Sto. Tomás encontrou-se o Pe. Antonin-Dalmace Sertillanges, nascido na cidade francesa de Clermont-Ferrand e morto aos 84 anos em Salange, que em 1893 viria mesmo a fundar a Revue Thomiste para difundir o pensamento do mestre aquinate entre os clérigos e leigos. Sertillanges tornou-se repentinamente famoso em 1917 com o livro La Vie Héroïque, inflamada defesa das propostas de paz do Papa Bento XV. Ao tornar-se professor de filosofia moral no Institut Catholique de Paris, o padre deu início a uma vasta produção literária dedicada sobretudo à explicação em profundidade dos ensinamentos de Sto. Tomás, mas também à análise de grandes problemas da cultura contemporânea à luz da doutrina católica. No meu entender, suas obras maiores são o longo estudo em dois volumes, Saint Thomas d’Aquin, publicado pela Félix Alcan em 1910, e Le Christianisme et les Philosophies, também em dois volumes, publicados entre 1939 e 1941. Ele escreveu também valiosos estudos monográficos sobre as filosofias de Blaise Pascal, Henri Bergson e Claude Bernard, além de obras pedagógicas sobre a moralidade na arte, a oratória cristã e vários problemas da vida contemporânea. Nesta última série inclui-se a pequena obra-prima, La Vie Intellectuelle, de 1921.

É até difícil, para mim, explicar a influência que esse livro teve na minha vida. O mínimo que posso dizer é que ele decidiu o curso da minha vocação. Ao lê-lo, já nem lembro quantas décadas atrás, percebi, com horror, que os princípios mais básicos e incontornáveis da vida intelectual haviam desaparecido completamente da consciência nacional, ocasionando a usurpação de praticamente todos os postos da alta cultura e da educação por charlatães, tagarelas e carreiristas desprezíveis, que nada tinham a oferecer às jovens gerações senão uma caricatura horrenda da inteligência, da ciência e das artes.

Percorrendo as páginas desse livro, eu me lembrava do alto conceito que da sua missão de escritores haviam tido muitos autores brasileiros, como Lima Barreto, Graciliano Ramos, Otávio de Faria e tantos outros. Tudo isso havia se perdido, e era ridículo esperar que sem a reconquista da inteligência, tomada na sua mais alta expressão, fosse possível atacar com proveito quaisquer problemas práticos da vida social e econômica brasileira. Seria como esperar que um homem imbecilizado pelo vício das drogas restaurasse a sua vida normal primeiro para tornar-se inteligente depois. A expressão “colocar o carro adiante dos bois” não descreve corretamente a loucura dessa expectativa. O que aparecia nos debates públicos brasileiros, com o seu praticismo imediatista, era a esperança de que o carro saísse correndo no encalço dos bois para atrelá-los a si mesmo.

Também me ocorria, durante essa leitura, a evocação do soneto de Rainer Maria Rilke Torso arcaico de Apolo, na tradução de Manuel Bandeira, em que a contemplação da beleza e harmonia perfeitas no corpo do deus grego impunha ao observador, de repente, a consciência do seu dever de mudar o rumo da sua vida e buscar a perfeição.

Era a isso que esse maravilhoso livro nos convidava. Todos os meus esforços literários e pedagógicos das três últimas décadas provam que não consegui resistir ao seu apelo."

Olavo de Carvalho
Richmond, VA, novembro de 2018.
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👆OPINIÃO DO AUTOR

A republiqueta de bananas voltou... ou nunca saiu?
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
Publicado originalmente no grupo do Terça Livre do Locals, em 30/12/2022)
30 de Dezembro de 2022

Nota adicional: meu último comentário político sobre o atual estado de coisas.


A grande verdade em que vivemos... ou melhor dizendo, a grande mentira que sempre temos vivido se chama REPÚBLICA FEDERATIVA. Essa mentira foi imposta a todo povo brasileiro (que não foi perguntado se queria ou não) em 15 de Novembro de 1889. Mais de 130 anos de república depois, o país chega em seu processo avançado de ESFACELAMENTO.

Toda vez que eu vejo uma placa de rua dedicada ao Marechal Deodoro da Fonseca, tenho vontade de cuspir na placa e na rua.

A república foi programada para nunca dar certo, fruto de um golpe MILITAR contra o Império, que mantinha o país GRANDE E SOBERANO DE VERDADE. Hoje, 130 anos depois, o trágico resultado do país nessa aventura suicida de república está aí.

Me dou ao direito de manter aqui minha tese: enquanto o Brasil não retomar sua verdadeira vocação, aquela pela qual foi fundado, ou seja, DEVOLVER O PODER PARA A CASA IMPERIAL, o nosso país NUNCA VAI SE LIVRAR DOS PROBLEMAS QUE ENFRENTA. Nunca!

Quem viver, verá.

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje:
- Sem picanha? Chama o Éli! Fazuéli Kipaça!
- Depois o Paulo Briguéti conta como lia Olavo em meio aos ex-cumpanhêro!
- Aí tem um imbecil juvenil que se dá conta tarde demais!
- Sequência de reprise dos derrotados... ou talvez não... mas talvez sim... a ver!
- E pra fechar, um burro de carga que não se dá conta da própria situação!

Se nada acontecer comigo, a gente se vê de novo em 15 dias!
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- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!















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👆 LEITURA RECOMENDADA

Como puderam perceber ao longo desta primeira edição de 2023, meu foco será muito mais cultural agora do que nunca. Para as almas que ainda estão sofrendo com o terrível início de ano, e para aquelas que ainda vão sofrer com o que certamente virá por aí, eu recomendo esta leitura de Gustavo Corção, uma grande lição de como superar abismos na vida e dar sentido para a própria existência através do pensamento sobre a própria morte. Acalmem o coração de vocês para poder superar os obstáculos que terão. Salvem suas consciências do caos iminente.

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