Edição LXVI (Terça Livre, Revista Esmeril 36, opinião e mais)

   Tempo de Leitura LXVI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
   


(Nota TdL: excepcionalmente esta semana, na quarta-feira do feriado de Nossa Senhora, eu lanço esta edição. Em duas semanas, voltaremos ao ritmo normal.)

REVISTA ESMERIL 36

A complexa Igreja do Brasil independente (Padre Bernardo Maria)

A caminho (Leônidas Pellegrini)





Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:
    

12 de Outubro de 2022
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 35 da Revista Terça Livre, de 10 de Março de 2020.

O novo site do Terça Livre está de volta, e com ele, todos os cursos e todas as edições da Revista Terça Livre desde o seu início. acessem:
ou
Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo.



COMPORTAMENTO


👆 SUBJETIVISMO COMO ARMA NA GUERRA CULTURAL
(por Alexandre Costa)

Uma questão muito importante para entender o processo revolucionário cultural que vivenciamos diz respeito a uma estratégia de desestabilização do imaginário. O conjunto dos
imaginários dos indivíduos corresponde ao ambiente sociocultural de uma civilização.
Os valores e princípios que estruturam a nossa sociedade foram adaptados dos ensinamentos morais e religiosos acumulados por mais de dois milênios. Desta tentativa de arranjo, com seus erros e acertos, surgiram os elementos que regem a vida cotidiana.



Revolucionar uma sociedade, no sentido de revolver a ordem estabelecida, consiste em destruir os valores para então substituí-los com menor resistência. Para substituir um valor por outro, antes é necessário desgastar a sua relevância e desconectar a sua essência da imagem que paira sobre a população.


Além da inversão de valores mais ostensiva, notada diariamente no trabalho da mídia, a parte visível do establishment, existe outra estratégia ainda mais perversa, porque age abaixo das fronteiras da percepção passiva. Trata-se de outra forma de inversão, que atinge o emocional e o psicológico de maneira profunda e muitas vezes incompreensível para boa parte das vítimas.


As capacidades cognitivas humanas estão diretamente ligadas aos parâmetros elementares que definem as diferenças entre objetividade e subjetividade. Ao estabelecer essas definições com clareza a mente se organiza de forma a produzir percepções realistas e raciocínios mais sólidos. Sem essa distinção entre fato e ponto de vista, toda inteligência torna-se incapaz de analisar a realidade sem ceder às doutrinas hegemônicas, e assim o indivíduo deixa de ser uma personalidade autônoma e passa a ser um repetidor de um conjunto de idéias não necessariamente conectadas à vida real, ou seja, a uma ideologia.


Ao inverter a preponderância do objetivo pelo subjetivo, a mente passa a operar sem premissas ou, pior ainda, com premissas não comprovadas e na maioria das vezes nem mesmo analisadas.


A ideologia de gênero é um exemplo cristalino de como essa inversão acontece e como ela pode corromper o intelecto dos ideológicos profissionais e dos desavisados ingênuos. Os primeiros sabem que estão agindo de forma revolucionária, mesmo sem entender a profundidade dos seus atos; o segundo grupo, as vítimas da ingenuidade, abandonam a objetividade simplesmente porque são carentes e precisam da aprovação do grupo.

Quando um sujeito passa a dizer que sexo é uma construção cultural está obviamente substituindo dados objetivos, o órgão genital, os hormônios e toda fisiologia humana, por um pacote de ideias que não se sustentam diante de um mero confronto com a realidade. Esse subjetivismo da ideologia de gênero, além de confundir a cognição de jovens e crianças, inaugura na mente das pessoas uma possibilidade muito agradável aos detentores do poder: o valor de uma ideia famosa e aceita pelo establishment passa a ser mais importante que seu desmentido frente aos fatos.

Com essa semente plantada no imaginário, abrem-se as portas para um enorme conjunto de possibilidades para aqueles que precisam do subjetivismo para implantar sua ideologia.

Da mesma forma que o subjetivismo é necessário para a ideologia de gênero, universitários ingênuos continuam defendendo ideais socialistas, mesmo diante de todas tentativas fracassadas, porque a mente destes jovens foi “treinada” para ignorar dados objetivos e valorizar ideias alinhadas aos seus desejos, independente da sua absurdidade.

Trocar objetivo por subjetivo, portanto, consiste em uma estratégia que visa a criar o hábito de menosprezar a realidade quando ela se choca com uma ideologia. Quando os indivíduos se acostumam a agir desta forma, o caminho para as modificações desejadas pelos poderosos fica muito mais fácil.

Todas as ideologias necessitam de uma dose de afastamento da realidade. Foi assim com o nazismo, comunismo, socialismo, fascismo e, agora, com o globalismo, a mais influente força ideológica do nosso tempo. Também precisam confundir dados objetivos e relativizar conceitos como verdade e mentira, bondade e maldade, justiça e responsabilidade. No meu entender, o relativismo é tão valorizado pela mídia e pela academia justamente porque deturpa as percepções, substitui dados objetivos por subjetivismo primário e, assim, facilita a adesão às pautas ideológicas.

Resistir às tentativas de impor o subjetivismo como norma ou como imperativo moral é a única maneira de enfrentar as ideologias que se aproveitam dessa confusão mental para angariar mais adeptos e avançar sua agenda totalitária.

Alexandre Costa

Site: www.escritoralexandrecosta.com.br
Canal: www.youtube.com/c/AlexandreCosta

Autor de “Introdução à Nova Ordem Mundial”, “Bem-vindo ao 
Hospício”, “O Brasil e a Nova Ordem Mundial”, “Fazendo Livros” e “O Novato”.


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Terça Livre TV EUA - a partir de 10 de Setembro





OPINIÃO





👆 Quem manda em Alexandre de Moraes?
(por Allan dos Santos)


Diante dos acontecimentos recentes no Brasil, não é muito difícil tentar descobrir quem manda no país. O Congresso faz o que quer e não importa se acaba decidindo-se contra a vontade popular, como é o caso do referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, e que nunca foi acatado, ou em decisões à revelia do poder judiciário — quando convém — como no ato conjunto em que Câmara e Senado afirmam que descumprirão a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ordenou o Legislativo a conferir transparência às emendas de relator — as chamadas RP9 —, dos anos de 2020 e 2021.

Com essa decisão conjunta, nem mesmo o STF é quem de fato manda no Brasil. Se o Poder Executivo tivesse algum poder, impediria o impeachment de Dilma Roussef, ou, como no caso atual, descobriria sem muitas dificuldades quem mandou matar Jair Messias Bolsonaro.

O que fica evidente com tudo isso é que no Brasil existe um “parlamentarismo” frankenstein e o Congresso só irá formalizar o poder que possui para não ter problemas descritivos no futuro.

Não há necessidade, creio, em explicar que qualquer conflito entre judiciário e legislativo é apenas um teatro. Se o caso Daniel Silveira pode confundir algumas pessoas, basta rememorar o ocorrido com Renan Calheiros, onde o coroné foi enfático ao não aceitar a decisão de Marco Aurélio Mello em 2016. À epoca, o Senado decidiu descumprir liminar para afastar Renan e mostrou a força do único poder capaz de derrubar de fato um outro: o legislativo.

Ciente disso, a China que outrora estava aumentando suas garras no executivo na era PT-MDB, muda sua tática.

Após a tentativa de acorrentar Bolsonaro e PSL, o Partido Comunista Chinês ficou só com metade do PSL e investiu mais pesado no legislativo, onde teria mais êxito na conquista do Brasil. Mas a coisa não começou agora.

O Partido Comunista Chinês investe no Brasil desde que Stálin morreu deixando o movimento comunista mundial sem uma direção, como relata Osvaldo Peralva em seu livro “O Retrato”, o único livro de um desertor do Partido Comunista no Brasil. É quando Diógenes Arruda Câmara, número 1 do Partido Comunista Brasileiro — o PCB —, visita Mao Tsé Tung e passa a ser direcionado pela China e não mais pelo Comitê do Partido Comunista da União Soviética.

O tempo passa, os comunistas fracassam em suas ações armadas na década de 60 e se reestruturaram para recomeçar suas atividades no Brasil durante e após o Regime Militar. É nesse contexto que Fidel Castro e Lula criam o Foro de São Paulo na América Latina em julho de 1990, dois anos após a “redemocratização”. Um mecanismo de auto-financiamento sem a dependência da União Soviética, que acabara de colapsar, é criado e o comunismo volta a assombrar a América Latina com o apoio da imprensa, à essa altura, completamente dominada pela esquerda.

Em janeiro de 2003, Lula assume o poder executivo e irriga o comunismo em toda América Latina e Caribe. Durante os 14 de PT, o Partido Comunista Chinês consegue desbancar os EUA e obtém o feito de ser, pela segunda vez, o maior parceiro comercial do país. Antes do PT, somente o fascista Vargas conseguira tirar os EUA do posto de maior parceiro comercial do Brasil.

A presença da China no Brasil

1961

Em agosto de 1961, uma viagem à China esteve no centro dos acontecimentos políticos brasileiros. No dia 25, enquanto o vice-presidente, João Goulart, fazia uma visita oficial ao país, o presidente Jânio Quadros renunciou.

Aproveitando-se da ausência da Goulart, os militares tentaram dar um golpe para impedir sua posse.

1987

Em 1987, foi em território chinês que o ex-presidente Fernando Collor, à época governador de Alagoas, decidiu que seria candidato a presidente da República.

Collor e aliados como os ex-deputados Renan Calheiros e Cleto Falcão ergueram um brinde no célebre restaurante Pato Laqueado, em Pequim, ao “futuro presidente do Brasil”.

A delegação de chineses presente no local não conseguiu conter a gargalhada: uma lista que tinham em seu poder elaborado pela Embaixada no Brasil continha 16 nomes de possíveis presidenciáveis – Collor não aparecia.

Leia mais em: https://www1.folha.uol.com.br/fsp/brasil/fc1305200119.htm

1988

Assis Canuto foi representante do PL em viagem à URSS; e Representante do PFL em viagem à China, 1988 (https://www.camara.leg.br/deputados/66476/biografia). O primeiro Ministro do Desenvolvimento de Bolsonaro, Gustavo Canuto, é sobrinho de Assis Canuto, ex-vice-governador de Rondônia (https://outline.com/Lx7JPw). Atualmente o sobrinho é o presidente do Dataprev (Empresa de Tecnologia e Informações da Previdência).

1990

No início da década de 90, PT e o Partido Comunista chinês acabam rompendo relações, mesmo mantendo membros maoístas no partido. O motivo do rompimento é a repressão do Exército chinês ao movimento estudantil na Praça da Paz Celestial. Não é estratégico para o PT ter aliança com quem mata pessoas em praça pública e com imagens que chocaram o mundo. O PT já é em si uma máscara de “democracia” e está sedento para assumir o poder no Brasil. O Foro de São Paulo, recém criado, não poderia mostrar sua face tão cedo. Os petistas condenaram o massacre na Praça da Paz Celestial e em 1989, Luiz Inácio Lula da Silva, agora líder da comitiva petista, comparou o massacre à invasão do Exército brasileiro à Companhia Siderúrgica Nacional, que deixou três mortos. Na China, o episódio matou milhares de pessoas totalmente desarmadas.

2001

Em 2001, sete anos depois, Luiz Inácio Lula da Silva, José Dirceu e outras lideranças petistas embarcam rumo à China para uma viagem oficial a convite do governo do país.

O Partido dos Trabalhadores (PT), um partido que conta com ex-maoístas entre seus dirigentes, tem que ressaltar a condenação aos aspectos antidemocráticos do regime chinês -o que não acontece com o PFL, por exemplo, integrante de um governo que nunca se pronunciou em termos duros em relação à China.

O “exemplo” chinês que o PT afirma admirar é a independência do país frente à potência hegemônica, os Estados Unidos, e a capacidade do país de adotar medidas econômicas e posições internacionais “inteligentes, patrióticas”, em defesa de seus interesses. “O governo chinês dá resposta à altura aos problemas da globalização”, afirma o presidente do PT, José Dirceu. Veja mais em: https://www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u19744.shtml

2004

Brasil e China têm acordo de combate ao crime organizado.

Brasil e China farão um esforço conjunto de combate ao crime transnacional. O Senado aprovou Projeto de Decreto Legislativo (PDS) 69/09 com o texto de acordo de cooperação entre os dois países, com essa finalidade, assinado em Brasília, em 12 de novembro de 2004. O acordo faz parte do esforço brasileiro e chinês para incrementar a cooperação e coordenação entre as respectivas autoridades para aplicação da lei com objetivo de coibir toda uma gama de atividades ilícitas transnacionais.

(Matéria atualizada em 13 de julho 2020 https://www.douradosagora.com.br/noticias/brasil/brasil-e-china-tem-acordo-de-combate-ao-crime-organizado).

2005

O Governo de Mato Grosso assinou em 12 de Maio três protocolos de intenções para cooperação e intercâmbio com o Governo da Província de Henan, na China, nas áreas da Educação, Comércio, Ciência e Tecnologia. A decisão de intensificar a relação econômica e cultural entre os dois Estados é resultado da viagem feita pela comitiva de Mato Grosso, liderada pelo governador Blairo Maggi, em maio do ano passado à China. O político do Partido Progressita (PP) é dono da Amaggi Group (http://www5.sefaz.mt.gov.br/-/mt-assina-protocolos-com-a-china-em-tres-areas).

2008

Sobre a influência e importância da China para o Brasil, o Ministro da Cultura do Brasil, Gilberto Gil disse na palestra no Núcleo da Cultura Brasileira na Universidade de Pequim: “Trata-se de uma presença sutil, sofisticada, que vem construindo bases profundas de sustentação para as convergências entre o Brasil e a China no presente, permitindo-nos antever o povo brasileiro e povo chinês percorrendo largos caminhos comuns no futuro. Não é só pela extensão territorial que os dois países convergem. O Brasil tem um grande poder de absorção cultural e sempre houve no Brasil algo de oriental contrastando com suas características ocidentais (http://br.china-embassy.org/por/whjy/t410251.htm).

2010

O empresário Moreira Leite começou a trabalhar com Pomar em 2002. Lula estava prestes a assumir o poder e os amigos de Moreira Leite na China o procuraram. “Eles queriam muito se aproximar do novo governo”, diz o empresário. Pomar levou o assunto a Lula e a dupla recebeu dinheiro do governo para realizar seminários promovendo o comércio entre o Brasil e a China. LeiaLeia Leia mais em Grupos chineses se associam a ex-dirigente do PT — Estatais escolhem empresa com conexões políticas para disputar projetos de infraestrutura no Brasil (https://www1.folha.uol.com.br/fsp/mercado/me0407201006.htm).

2010

A State Grid Corporation of China, maior estatal chinesa de distribuição de energia, comprou o controle de sete empresas das 12 da Plena Transmissoras no Brasil, controlada pelas espanholas Elecnor, Isolux e Cobra, segundo reportagem do Valor Econômico:

https://oglobo.globo.com/economia/estatal-da-china-compra-controle-de-sete-empresas-de-energia-no-brasil-diz-valor-3007244

2010

O IPRIS – Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança, publicou um artigo em inglês que trata do acordo entre o Brasil e a China para treinamento de tripulações na operação de navios-aeródromo.

2010

Lula assina acordo com China e defende nova ordem de liderança

O presidente Luís Inácio Lula da Silva defendeu, ao receber o ditador chinês, Hu Jintao, uma presença maior dos países emergentes nos organismos internacionais. Lula e Hu Jintao assinaram acordos nas áreas de tecnologia, petróleo e cultura.

“Temos a obrigação de lutar para uma nova ordem internacional. Estamos unindo esforços em defesa de uma governança global, que dará a todos os povos e nações a mesma esperança de um futuro de paz, prosperidade e entendimento”, disse Lula. Como consta em:

http://g1.globo.com/politica/noticia/2010/04/lula-assina-acordo-com-china-e-defende-nova-ordem-de-lideranca.html

2010

A maior estatal chinesa do setor, a China National Agricultural Development Group Corporation, opera em 40 países e 10 mil de seus 80 mil funcionários trabalham no exterior. Foram anunciados planos de investimentos de pouco mais de US$ 11 bilhões no Brasil. Se todos forem concretizados, o estoque de capital chinês no Brasil poderá ocupar a 9.ª posição em ordem de grandeza. Representantes do Chongqing Grain Group anunciaram a disposição de aplicar US$ 300 milhões na compra de 100 mil hectares no oeste da Bahia. (Lei mais em: https://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,china-compra-terras-no-brasil-imp-,589697).

2011

China Firma parceria com Brasil por cooperação militar: O ato foi firmado durante a visita da presidente Dilma Rousseff a Pequim, na presença do presidente chinês, Hu Jintao. Pelo texto, que reúne dez artigos, a cooperação engloba também visitas mútuas das delegações brasileira e chinesa e a autorização para o fluxo de navios e aeronaves militares.

O objetivo é que “os dois países façam treinamentos conjuntos e troquem experiências referentes a ações e a tecnologia de defesa. O objetivo é que o acordo comece a vigorar o mais rápido possível. Veja mais em: https://www.terra.com.br/noticias/brasil/politica/china-firma-parceria-com-brasil-por-cooperacao-militar,b8fb97730cbda310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html

FORO DE SÃO PAULO E PARTIDO COMUNISTA CHINÊS

2017

O Partido Comunista Chinês enviou representantes para participar do XXII encontro do Foro de São Paulo, realizado em Manágua, informou o governo de Nicarágua.

Link: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2017/07/18/partido-comunista-da-china-envia-delegacao-para-o-foro-de-sao-paulo.htm

2017

Após o impeachment de Dilma Rousseff, Temer faz sua primeira viagem internacional, para Hangzhou, na China. Em sua viagem, Temer se esforçou em vender aos chineses os projetos de concessões e privatizações que se tornaram uma das principais marcas de seu governo.

Link: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-41088184

2017

Partido Democrático Trabalhista (PDT) e Partido Comunista da China (PCC), promoveram no Rio de Janeiro, uma reunião para debater a crise econômica e política do Brasil, e a importância da candidatura de Ciro Gomes em 2018. “O nosso país tem uma posição estratégica na América Latina. Devemos buscar aliados, como a China, que façam a contraposição aos Estados Unidos e executem a necessária posição independente ao governo Trump”.

Link: https://www.pdt.org.br/index.php/pdt-e-partido-comunista-da-china-fortalecem-parceria-e-discutem-candidatura-de-ciro/

2018

A China fez um duro alerta ao presidente eleito Jair Bolsonaro e apontou que, se a opção do Brasil em 2019 for por seguir a linha de Donald Trump e romper acordos com Pequim, quem sofrerá será a economia brasileira. Link: https://economia.uol.com.br/noticias/estadao-conteudo/2018/10/31/china-faz-alerta-a-bolsonaro-e-diz-que-custo-pode-ser-grande-ao-brasil.htm

2018

O governo da China está tentando fazer as pazes com o candidato presidencial que lidera as pesquisas no Brasil, Jair Bolsonaro. Diplomatas chineses em Brasília se encontraram duas vezes com alguns dos principais assessores de Bolsonaro nas última semanas, segundo participantes das reuniões: http://www.defesanet.com.br/brasilchina/noticia/30985/BR-CN—Retorica-anti-China-de-Bolsonaro-causa-apreensao-sobre-Brasil-em-Pequim/

2019

O presidente Jair Bolsonaro pode ter tecido duras críticas ao governo da China durante a campanha (e tomou uma dura como resposta), mas a bancada do PSL no Congresso está interessada em fazer negócios com o País do Meio: ela pretende apresentar em breve um Projeto de Lei, em que fica obrigado a implantação de sistemas de reconhecimento facial em lugares públicos, como ferramenta de combate ao crime.

Link: https://meiobit.com/396473/psl-china-reconhecimento-facial-cidadaos/

2019

A China está disposta a motivar suas empresas a participar dos programas de privatização e de parcerias de investimentos que venham a ser propostas pelo governo brasileiro, disse o embaixador chinês no Brasil Yang Wanming.

Link: https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2019-01/china-quer-participar-de-programa-de-privatizacao-brasileira

2019

O vice-secretário assistente de estados dos EUA para comunicações internacionais e cibernéticas, Robert L. Strayer, alertou que caso o Brasil inclua empresas chinesas de tecnologia, como a Huawei, em sua rede 5G, os americanos podem reavaliar o compartilhamento de informações que mantém com o país.

Link: https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/09/narrativa-dos-eua-sobre-tecnologia-da-china-e-arrogante-diz-embaixador-chines-no-brasil.shtml

2019

O diplomata chinês fez questão de destacar, também, que a China é um país de economia de mercado. “As empresas chinesas operam de forma independente e equitativa”, reforçou. “Nenhuma lei obriga as empresas, na China, a fornecer dados de inteligência para o governo. Para ele, os Estados Unidos utilizam-se da Lei de Segurança Nacional do país asiático para fazer sensacionalismo sobre o que seria um risco embutido de segurança (na transmissão de dados) de certas empresas chinesas e na sua tecnologia. “Tal acusação é totalmente infundada. É uma deturpação da verdade e difamação mal intencionada para confundir o público.” Link: https://jornaldebrasilia.com.br/politica-e-poder/embaixador-chines-no-brasil-taxa-de-ridiculas-acusacoes-dos-eua-sobre-5g/

2019

Segundo diplomata chinês a guerra comercial não é direcionada a um país específico, mas sim a toda cadeia de valor global. “O objetivo ( da Casa Branca) é usar o bullying e a máxima pressão para tirar o maior proveito.”

Link: https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,o-objetivo-de-washington-e-usar-bullying-e-pressao-diz-embaixador-chines-no-brasil,70003010618

2019

Funcionários da Huawei já trabalharam para o governo da China em áreas estratégicas, como o Ministério da Segurança de Estado, e em projetos do exército. Alguns estudaram na academia militar e atuaram nas unidades ligadas a ataques cibernéticos a multinacionais americanas. O estudo analisou 25 mil currículos e descobriu que cerca de cem funcionários da Huawei têm ligações com agências de inteligência e do exército chinês, além de experiência em questões de segurança nacional. Link: https://www.gazetadopovo.com.br/republica/5g-guerra-tecnologica-china-eua-afeta-brasil/

2020 e 2021

Nesse período de pandemia, os fatos que demonstram o poder do Partido Comunista chinês são tantos que precisam de um artigo só para este tópico.

Para concluir, é preciso entender que quem manda no Brasil são os “donos” dos partidos políticos. Quanto maior o partido, maior o poder do “dono” desse partido. E como todos os partidos estavam à venda de seus corpos numa espécie de prostituição de luxo, o comprador apareceu e irá mandar no país como planejado em décadas de estratégia. As prostitutas são os partidos e cafetão é o Partido Comunista chinês.

Os anos passaram, o plano de Dirceu consolidou-se, o PT voltou a se aliar ao Partido Comunista Chinês e nem mesmo a ousadia de Yang Wanming virou alvo de debates nas eleições. Nem mesmo os deputados que dele viraram alvo ousaram criticar a postura do Partido Comunista Chinês. Não é difícil imaginar quem determinará o que acontecerá com o Brasil nos próximos resultados eleitorais desse ano de 2022. Quando um ostensivo e declarado inimigo faz o que o quer na casa de sua vítima e sequer é desmascarado, denunciado e contido, certamente não parará até abater sua vítima por completo. Só quem não conhece a ação de um partido comunista pensaria o contrário: essa é exatamente a situação dos noviços em anticomunismo no Brasil.

O que faremos diante disso? Bem, antes de pensar em uma solução, as pessoas precisam saber dos fatos que expus aqui dentro de meus limites.




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REVISTA ESMERIL - Ed. 36, de 25/09/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


ENSAIO

👆 A complexa Igreja do Brasil independente
(por Padre Bernardo Maria) 

Neste ano de 2022, em que completam-se 200 anos desde a declaração de independência do Brasil, um olhar atento aos movimentos civis e eclesiais daqueles inícios de século XIX leva-nos a contemplar a complexidade da organização e da constituição da Igreja Católica naqueles tempos. Os movimentos liberais de 1820 na Europa obrigaram o rei português a voltar para Lisboa e deixar como regente no Brasil o seu filho Dom Pedro. Os líderes desses movimentos planejavam a rápida recolonização do Brasil em favor dos interesses maiores do comércio português, ameaçados pela presença britânica. Isso levou o Brasil ao desenvolvimento do Partido da Independência, ou Partido Brasileiro, liderado por José Bonifácio e Joaquim Gonçalves Ledo, aos quais se uniu em 09 de janeiro de 1822 o Príncipe Regente ao responder “eu fico” às Câmaras portuguesas, que exigiam sua volta a Portugal. Assim, nascia o Brasil para uma vida independente, mantendo a unidade nacional mediante o fortalecimento do poder central, organizando a monarquia.

No campo eclesial, reinava o Papa Pio VII, que já em 20 de abril de 1884 publicara a Carta Encíclica Humanum Genus, advertindo contra o perigo da maçonaria, e em 13 de setembro de 1821, no vigésimo segundo ano de pontificado, publicara a Bula Ecclesiam a Jesu, condenando a maçonaria carbonária. A Carbonária foi uma sociedade secreta e revolucionária que atuou na Itália, França, Portugal, Espanha, Brasil e Uruguai nos séculos XIX e XX. Fundada na Itália por volta de 1810, a sua ideologia assentava-se em valores patrióticos e liberais, além de se distinguir por um marcado anticlericalismo. Os Carbonários – ou Carvoeiros, do Italiano: Carbonari –, para alcançar seus objetivos, estavam prontos a cometer assassinatos e revoltas armadas. A composição do quadro era separada em duas classes – aprendiz e mestre. Havia duas maneiras de se tornar um mestre: servir como aprendiz por, pelo menos, seis meses, ou por ser um maçom quando do seu ingresso.  Seus rituais de iniciação eram estruturados em torno do comércio de carvão, daí o seu nome.

Há que se observar que a história do Brasil aponta os fundadores do Império brasileiro (Dom Pedro I e José Bonifácio) como sendo maçons. A Carbonária, fundada em Portugal em 1822, teria chegado ao Brasil com José Bonifácio, o qual, apesar de ter participado na loja da Alvenaria, havia sido iniciado muito antes na Alta Venda (ou Alta Vendita). Quase todos os ocupantes dos mais altos cargos administrativos do Império eram maçons (apesar de certamente haver exceções); as revoltas e movimentos separatistas foram conduzidos por maçons (antes de 1822 e depois); a narrativa do discurso da Independência foi urdida por maçons; a imensa maioria dos jornais e periódicos do Brasil era de maçons. Apesar disso, não se encontra em lugar algum o registro de uma relação direta da maçonaria, enquanto instituição, com a Independência e tampouco com o Império do Brasil. Os membros eram da maçonaria, mas a maçonaria não estava envolvida? Ao menos um membro do episcopado, contudo, solicitou explicitamente a permanência do Príncipe Regente no Brasil, em Janeiro de 1822:

“Senhor, foi para nós e para todo o povo de São Paulo e de todo o Brasil, como uma seta que atravessou os nossos corações, o decreto das Cortes Gerais de Portugal, que manda Vossa Alteza Real seja recolhido a Lisboa, deixando-nos órfãos sem pai. Esse decreto está tão longe de fazer a felicidade dos povos a que se devem dirigir todas as leis, que servem de fazer a infelicidade e fomentar desordens e partidos, que infalivelmente se hão de seguir da ausência de Vossa Alteza Real, apartando-se deste continente do Brasil. (…) Não se aparte Vossa Alteza Real do Reino do Brasil, onde todos os brasileiros amam, reverenciam Vossa Alteza, sobretudo os honrados paulistas; todos eles, eu e o meu clero estamos prontos a dar a vida por Vossa Alteza e pela família real”.

1º de Janeiro de 1822 – Dom Mateus, bispo de São Paulo. In: CAMARGO, História Eclesiástica do Brasil. Ed. Vozes, pp. 308-309

As contradições e as margens pouco definidas entre história e lenda, que aliás são próprias das sociedades secretas, que emitem ordens oralmente, pouco ou nada registrando por escrito, dificultam a tarefa da investigação sobre a Carbonária em nosso país.

Concretamente, o Brasil imperial herdou as instituições básicas, como a Igreja e o Exército colonial. As irmandades religiosas atravessaram florescentes o inteiro período colonial, mostrando a mesma pujança também no alvorecer do século XIX. Os primeiros núncios apostólicos não se cansaram de lutar para que se estreitassem os laços da Igreja do Brasil com a Santa Sé. Aos 13 de maio de 1818, uma realidade realmente alvissareira aconteceu: foi nomeado para a diocese de Mariana o primeiro bispo declaradamente “ultramontano” – qualificativo, cunhado no século XIII, para designar pessoas ou associações alinhadas com as diretrizes do Romano Pontífice – da história da Igreja no país, e que marcaria época. Seu nome: Dom Frei José da Santíssima Trindade (franciscano natural do Porto). Dom José, ao longo de seu governo episcopal, combateu por todos os meios o liberalismo e as obras “perniciosas”, como O Espírito das Leis, de Montesquieu, e O Contrato Social, de Rousseau. O espírito tridentino (relativo ao Concílio de Trento: 1545 a 1563) que o movia tornou-se público desde a sagração episcopal, acontecida no dia 09 de abril de 1820. Após o seu falecimento, no entanto, seguiu-se um período de vacância, no qual, segundo afirma Raimundo Trindade, a obra de reforma decaiu, devido ao “governo calamitoso do cabido regalista – Regalismo: sistema dos que defendem as regalias e privilégios do Estado contra as pretensões da Igreja –, desvirtuado e inteiramente desprestigiado como corporação eclesiástica” (Raimundo Trindade, Arquidiocese de Mariana, vol. I, pp. 291, 296).

O recrudescimento da defesa da ortodoxia e do Romano Pontífice ameaçados pelas convulsões revolucionárias europeias refletiu sobre o clero do Brasil; e muitos sacerdotes, ao entrarem em contato com a novidade, tentariam implantá-la no solo pátrio. Alguns padres-deputados da constituinte de 1823 e das eleições parlamentares de 1826 e seguintes já se manifestavam por ela, e, contemporaneamente, a escolástica, até então esquecida, reapareceu. Na primeira metade do século XIX, já era possível encontrar tomistas convictos como o padre português Patrício Muniz e o italiano Gregório Lipparani, que haviam estudado em Roma. Padre Muniz ainda se enquadrava no tipo “tolerante” e seu escolasticismo seria depois colocado em dúvida por Sílvio Romero e Pe. Leonel Franca; mas, o mesmo não se pode dizer dos padres Luís Gonçalves dos Santos, cônego e professor do Rio de Janeiro, e seu grande aliado, Pe. Willian Paul Tilbury, um inglês radicado no Brasil. Juntos, eles redigiriam uma obra apologética intitulada Antídoto católico e também foram os primeiros a cometer a proeza de condenar abertamente a maçonaria.

A Igreja do Brasil independente continuou com o Padroado – direito concedido pelos Papas aos reis de Portugal de administrar alguns assuntos religiosos nas terras além-mar – e herdou a dependência do Estado, característica da época colonial, e os bispos, pouco numerosos, não chegaram nunca a constituir um centro de unidade eclesial. Em sua maioria, bispos e sacerdotes constituíam uma segunda esfera administrativa do governo. No interior da Igreja, destacavam-se duas grandes correntes de opinião: uma liderada pelo padre Antônio Feijó – contrário às diversas medidas restritivas da Constituição, outorgada em 1824, despertou a antipatia de D. Pedro I –, incluindo os sacerdotes e o bispo de São Paulo, que consideravam a necessidade de constituir uma Igreja nacional cujo centro de unidade seria um Conselho Nacional vinculado ao Estado. Esses iluminados eram partidários de um sacerdócio sem celibato e da liquidação das ordens religiosas. A outra corrente, encabeçada pelo bispo da Bahia, Antônio de Seixas, defendiam a formação de um clero celibatário, mais ligado a Roma, com autonomia frente ao poder político.

Apesar de tudo, é certo que o Estado reconhecia à Santa Sé o direito de conceder Padroados, pois, seis meses após o texto constitucional ser outorgado, isto é, aos 07 de agosto de 1824, foi organizada uma missão diplomática para ir a Roma, sob o comando de monsenhor Francisco Correia Vidigal. Acompanhava-o seu secretário, Vicente Antônio da Costa, e o jovem Bernardo Rangel. A escolha em si mesma já era ambígua, considerando-se que Vidigal aplicava as máximas liberais no campo religioso, fazendo uma nítida distinção entre Igreja e papado, nutrindo contra este último um espírito de desconfiança. Por isso, a missão que encabeçava tinha dois objetivos: que Roma aceitasse e legitimasse o novo país como nação independente e que o Papa confirmasse os “direitos” imperiais.

Mesmo no século XIX, era muito difícil para o Papa comunicar-se com os católicos do mundo inteiro e sobre eles exercer o seu ministério. Além disso, a Igreja Católica não era uma instituição tão poderosa e materialmente presente como alguns historiadores insistem em descrever. Assim, o regime de Padroado deveria proteger e apadrinhar (daí o nome “Padroado”) a construção de templos, o sustento da ação evangelizadora da Igreja, criar dioceses, nomear padres e bispos, aprovar ou recusar a vinda de uma Ordem religiosa para o território do Império, recolher dízimos, conduzir investigações do Tribunal Eclesiástico, além de algumas outras poucas questões administrativas. Infelizmente, esse regime teve seus limites ultrapassados, e o Império português – e depois o brasileiro – acabou por imiscuir-se em assuntos espirituais da Igreja, como por exemplo: determinando o número de celebrações de Missas nas paróquias, limitando a uma só o número de confrarias em cada igreja, e determinando quantas velas o altar deve ter. Essa interferência indevida, oriunda de ideias liberais que já haviam contaminado os governos português e brasileiro, é chamada de Regalismo, que passou a asfixiar a ação da Igreja Católica.


A Igreja do jovem Brasil independente teve seus dramas e complexidades, e nela produziram-se muitas feridas doloridas, herança de um tempo em que havia todo tipo de batalha nesta Terra de Santa Cruz. Quis, porém, a Providência divina que tais feridas não fossem “de morte”, e que, sob a proteção de Nossa Senhora da Conceição Aparecida, o Corpo místico de Cristo continuasse dignamente vivo em nosso território, nestes últimos 200 anos de história brasileira.


Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2022

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Esmeril, coluna semanal de 09 de Outubro



SANTO CONTO





👆 A caminho
(por Leônidas Pellegrini - 09/10/2022)

A todos os nascituros

Miriam não queria a criança e estava decidida a tirar. A lei permitia e ela estava no seu direito, não havia problema algum. A caminho da clínica, seus pensamentos eram as contas, o financiamento da faculdade, os estágios, o que fazer depois do curso. Quanto à situação no seu ventre, era nada mais que um incômodo, um probleminha a ser resolvido dali a pouco. “Feto, é só um feto”, repetia para si toda vez que uma voz distante e lhe trazia a palavra “criança” à mente, “É um feto, não uma criança. Não é uma pessoa, é um feto…”

Na clínica, passou por todos os procedimentos de praxe antes da intervenção e apagou depois da anestesia.  

Acordou em seu útero. Aliás, não era mais seu, era da criança. Haviam trocado de lugar, mas de alguma forma ainda mantinha sua consciência. Olhou em volta e era mesmo o útero, entendeu tudo bem rapidamente: estava tendo algum delírio, a droga anestésica devia ser forte, mas por que tinha tanta consciência de tudo, por que parecia tão real?

Não teve tempo de pensar mais, pois começou a sentir muito medo, perder o fôlego. Estava apavorada. Não entendia como podia perder o ar, e seu coração estar batendo daquele jeito, o mesmo jeito de quando ela tinha crises de pânico. Não podia haver batimento cardíaco, não podia haver respiração, não podia sequer haver consciência, não podia…

Sentiu um líquido invadindo tudo em volta, e todo seu corpo, desde a pele ao coração e os pulmões, cada fibra de músculo, o cérebro, tudo queimava, ardia, derretia. Sentiu uma dor como jamais havia sentido antes, como se pegasse fogo, mas não morresse, e aquele fogo continuasse a consumi-la sem parar. Soluçava, engasgava, convulsionava, vomitava, e voltava  a engasgar, a convulsionar,, a vomitar.

De repente, tudo parou. A dor passou, ela sentiu-se inteira entorpecida e teve um segundo de alívio. Mas foi um segundo só. Foi acordada com a dor dilacerante da sua perna sendo cortada fora. Depois a outra, e um braço, e o outro, e enfim a cabeça. Ela podia sentir cada pedaço cortado e sendo levado embora, a dor se repetindo um sem-número de vezes, e ela novamente não morria, apenas ficava ali, impotente, vendo-se retalhada repetidas vezes, e a dor cada vez pior.

Depois, novo apagão. E, quando acordou, estava novamente em seu corpo de Miriam, queimando, mas agora com fogo de verdade, e a sensação era muito pior, era um fogo insuportável, terrível, que a queimava sem consumir. E enquanto queimava, assistia à cena que acabara de vivenciar. O líquido venenoso, a mutilação e, enfim, ela própria em pedaços espalhados em uma bandeja. E a cena, que se repetia ininterruptamente, era acompanhada de um choro desesperado e doído. E a única coisa que ela podia fazer era chorar e chorar, com os olhos ardendo, sem sequer poder piscar.

Acordou dando uma golfada de vômito. Suava e tremia. Correu para o chuveiro, a água fria a fez ver que estava bem acordada. Colocou a mão na barriga, a criança – sim, agora era uma criança – ainda estava ali. Então, lembrando de todo o pesadelo e sentido a culpa por tudo que quase fizera, e tudo o que pensara a respeito do bebê que agora amava tanto, chorou de soluçar.


Anos depois, enquanto estava a caminho da casa da filha para o chá de bebê de seu primeiro neto, passou em frente ao lugar onde um dia fora aquela clínica – lugar que sempre a fazia rezar um Ave Maria por todas as crianças não nascidas –, chorou de novo, e agradeceu a Deus pelo caminho que escolhera.


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Padre Paulo Ricardo - 11 de Outubro





SANTOS & MÁRTIRES

👆O heroísmo da virtude nas crianças
(por Pe. Reginald Garrigou-Lagrange)

Na Venerável Anne de Guigné e em outras tantas crianças encontramos o dom de sabedoria em grau eminente, proporcional à caridade que tiveram esses pequenos servidores de Deus, grandes pelo testemunho heroico que deram até a morte.


Recentemente, alguns estudos muito bons foram publicados sobre a vida interior das crianças [i]. Gostaríamos de sublinhar aqui alguns aspectos relacionados às virtudes heroicas nelas, tomando como exemplo a vida de Anne de Guigné [ii].

De acordo com Bento XIV (De Servorum Dei beatificatione III 21ss), as virtudes heroicas, para serem comprovadas, exigem quatro condições: 

  1. a matéria, objeto da virtude, deve ser árdua ou difícil, acima das forças comuns dos homens;
  2. os atos devem ser realizados com prontidão e facilidade; 
  3. também devem ser realizados com certa alegria, que é a de oferecer um sacrifício ao Senhor;
  4. bem como com alguma frequência, quando surge a ocasião.

A primeira dessas condições mostra que o heroísmo nas crianças é relativo à sua idade, às suas forças, às condições que comumente possuem. Se alguns adultos são muito pequenos [espiritualmente], há crianças que, por suas virtudes, já são bem grandes. A Escritura diz: Ex ore infantium et lactentium perfecisti laudem: “Da boca das crianças e meninos de peito fizeste sair louvor” (Sl 8, 3). Foi isso que Jesus recordou aos príncipes dos sacerdotes e aos escribas indignados ao ver crianças gritando no templo: “Hosana ao filho de Davi” (Mt 21, 16); e se, por vezes, a fé dos pequenos serve de exemplo para os grandes, o mesmo deve ser dito de sua confiança e amor.

      “Crianças em Oração”, por Antoine Moulinet.

Pensemos aqui o que pode e deve ser, de acordo com o pensamento e a vontade de Deus, o heroísmo de cada um nas várias idades da vida e nas mais diferentes condições. Deve-se tomar cuidado não apenas com o que se ensina, mas com o que se deve ensinar para alcançar a perfeição cristã. Devemos também nos lembrar que o sacramento da Confirmação já faz da criança um soldado de Cristo. Também não devemos nos esquecer de como as crianças entendem o heroísmo: na maioria das vezes, quando são heroicas, não sabem que são. A criança, quando é heroica, é simples, sem exibição; sua simplicidade lembra a de Jesus na Sagrada Família de Nazaré.

Convém também assinalar que, na inocência da criança batizada, o Espírito Santo não tem muito o que purificar antes de comunicar a sua luz de vida e sua força atrativa. De fato, existem certas consequências marcantes do pecado original, que são como feridas que curam após o Batismo. Mas elas não foram agravadas pelos pecados pessoais reiterados. A criança em estado de graça, desde que não peque pessoalmente, está em contato direto com a Santíssima Trindade que nela habita; sua alma é como um diamante, que ainda precisa ser lapidado, mas que praticamente não tem escórias. Das dolorosas purificações, necessárias aos católicos pecadores na medida dos seus pecados, o Espírito Santo dispensa a criança que é fiel à graça no cumprimento dos deveres da sua idade. Então nós a vemos se elevar… ela se deixa levar, não mais por sua mãe, mas pela graça do Todo-Poderoso. Certamente, ainda é preciso deixar-se levar ou conduzir. A criança, menos cheia de coisas para sacrificar, mais livre, mais pura em suas intenções, com frequência sofre menos que o homem.

A comunhão precoce por vezes leva a frutos de heroísmo nas almas desses pequeninos. A Crisma traz uma nova floração de graças; por vezes se constata um belo desabrochar dos sete dons na alma infantil, na medida em que a criança ainda não raciocina de modo metódico e complicado, e segue diretamente para a verdade, como que por intuição.

“O Infante Samuel”, por Joshua Reynolds.

Nas melhores delas, nota-se uma relativa elevação das virtudes teologais. Como a criança, consciente de sua ignorância e de sua fraqueza, é naturalmente inclinada a acreditar no que o seu pai e a sua mãe lhe dizem, a confiar neles e a amá-los, não apenas pelos benefícios recebidos, mas em si mesmos; do mesmo modo, ela é movida pela graça do Batismo a crer na palavra de Deus, que lhe é transmitida pela sua mãe e, em seguida, pelo sacerdote que a instrui, ela é igualmente inclinada a confiar em Deus e a amá-lo por si mesmo. Ela vive à sua maneira das três virtudes teologais, antes de refletir sobre a necessidade das virtudes cardeais da prudência, justiça, fortaleza e temperança. Nas orações da manhã e da noite, são atos de fé, esperança e caridade que pedimos delas. Se ela é fiel, a cada dia fará esses atos um pouco melhor.

Mais tarde, quando os sentidos despertarem, quando tiverem de entrar em contato com os homens, compreenderão a necessidade das virtudes morais que disciplinam as paixões e que regulam nossos relacionamentos com os outros de maneira justa e equitativa. Então, impressionadas com a importância dessas últimas virtudes de ordem humana, talvez dêem menos atenção às virtudes muito mais elevadas que unem nossas almas a Deus. Ao perderem sua ingenuidade infantil, poderão perder também algo de sua intimidade com o Senhor; não atentarão o suficiente, talvez, para o fato de que, quanto mais avançamos, se é preciso agir menos como criança diante dos homens, é preciso agir mais como criança diante de Deus, pelo progresso na vida de graça, pela consciência de nossa dependência do Pai celestial, pela intimidade cada vez maior a que Ele se digna nos chamar; finalmente, temos de entrar, por assim dizer, no seio de Deus: os eleitos no Céu estão em in sinu Dei, um pouco como o seu Unigênito que está in sinu Patris (Jo 1, 18).

A simplicidade das crianças as ajuda a entrar nas alturas de Deus pela fé, pela esperança e pela caridade.

A fé

As crianças acreditam de bom grado nas coisas do Céu, sem deixar de querer ver e entender o máximo que podem. Não demoram a compreender que esses grandes mistérios não podem ser vistos aqui embaixo, que é preciso crer; e, de todo o coração, elas querem fazê-lo. Se forem dóceis, irão crer de modo cada vez mais firme.

Essa perseverança na fé é uma maravilha em algumas crianças. Somente a graça divina pode levá-las a crer firmemente em mistérios tão elevados, invisíveis e incompreensíveis, e dedicar-lhes não uma atenção passageira, e sim uma atenção contínua e cada vez mais penetrante.

Vemos como isso foi o ponto de partida da vida interior de Anne de Guigné. Era essa a verdade fundamental que ela anotava cuidadosamente em seu caderno: “Precisamos salvar nossa alma, ela voltará a Deus, seu Criador. Nosso corpo vem da terra, mas nossa alma vem de Deus”. Eis uma verdade elementar para todo católico, mas à qual ela sempre retorna quando fala com Nosso Senhor. Ela escreveu no início de um retiro em abril de 1921: 

Quanto mais falar com Ele, mais Ele me responderá. Jesus falará comigo por meio do padre, por meio dos conselhos que o padre me dará. Onde Jesus mais falará comigo, sobretudo, é no fundo de minha alma por meio de sua graça. O bom Senhor me dirá: quero você mais obediente, não quero que seja vaidosa. Se você já é assim na sua idade, o que será depois?

Ela observa em outro lugar: “Devemos ter um grande respeito pela presença de Deus. Precisamos respeitar a Deus e a nossos pais... amá-los de todo coração, prestar o máximo de serviços possível, obedecê-los e fazer o que quiserem”. Ela acolhe com entusiasmo a ideia de ir ao catecismo para aprender as verdades da religião.

     A bebê Anne nos braços de seu pai, em 1911.

A dificuldade da fé não vem apenas da sua obscuridade, mas também do seu caráter prático, quando, por exemplo, ela nos pede assentimento para algum sacrifício, como a aceitação da doença ou de sofrimentos que se prolongam. Bem rápido, a criança dirá: “Chega!” Crer que o bom Deus deseje o seu sofrimento como uma ocasião de luta e para promover um amor mais generoso lhe é difícil. É preciso uma vontade corajosa e, sobretudo, a luz e a força divina para dominar-se.

A primeira grande dor para Anne de Guigné foi a morte de seu pai. O modo sobrenatural com que aceitou essa morte, como demonstra seu biógrafo, representou para sua alma o ingresso numa vida nova: pela fé, ela começou a viver do pensamento do outro mundo e a enxergar a vida presente desde uma perspectiva superior. Desde então essa criança, armada de uma vontade enorme, cede, luta a cada dia e, em alguns meses, é como que invadida pelo Espírito de luz, “o doce hóspede da alma”. Anne se torna cada vez mais submissa; ela que era inclinada ao ciúme, busca a partir de então só pensar nos outros e não recusa mais nada ao bom Deus. Ao adoecer, declara: “Meu bom Jesus, tudo o que quiserdes!” Isso é mais do que uma simples resignação, pois inspira-se numa grande fé.

Anne, que ama muito a Santíssima Virgem sob o título de Nossa Senhora das Dores, escreve: “De pé diante da cruz, sobre a qual seu Filho estava pregado, Maria chorava… Dai-me a graça de chorar convosco…” — Por que chorar? — “Porque Jesus não é amado o bastante”.

Onde encontrar uma criança que deseje a graça de chorar? A luz divina da fé viva, esclarecida pelos dons do Espírito Santo, traçava o caminho por onde avançava sua alma.

A esperança

     Jacques, Magdeleine, Anne e Marie-Antoinette sobre os joelhos da senhora de Guigné (3 de maio de 1915).

A esperança não é menos viva que a fé numa criança profundamente católica. Assim como confia naturalmente em seus pais, pelos quais se sente amada, a graça a leva a contar com o amor de Deus, a esperar o socorro da sua bondade e do seu poder. Sob a luz divina, percebe limpidamente, mas nem sempre sem pena, as manifestações da bondade infinita. Ela crê que a Providência dirige tudo, que nada acontece sem que “Deus o tenha desejado ou permitido”. Ela espera o socorro divino, conta com ele. Quando mais tarde lhe ensinarem que “o motivo formal da esperança é Deus, em quem sempre devemos contar”, compreenderá imediatamente, pois sua experiência há muito lhe terá instruído acerca do socorro divino.

Ao chegar a hora de fazer certos sacrifícios penosos, de renová-los com frequência, se a criança os fizer com perseverança, serenidade e alegria, como vemos na vida de Anne de Guigné, poderá alcançar o heroísmo, que se manifesta precisamente nisto de que a criança guarda não apenas intacta, mas muito viva, a sua confiança amorosa nesse Deus tão bom que lhe pede tantos sacrifícios.

No depoimento da Madre Saint Raymond sobre a vida e as virtudes de Anne de Guigné [iii], lemos:

Foi seu espírito de fé que lhe deu essa grande confiança em Deus que tanto admiramos nela: estava sinceramente persuadida de que Deus conduz tudo, que estamos todos em suas mãos, que nada nos acontece sem que seja desejado por Ele, que tudo é, por conseguinte, bom. Daí a sua paz, a sua serenidade, essa alegria inalterável em todas as contradições. Pois Anne não teve a vida fácil que se pode imaginar. Ela sentia dores de cabeça frequentemente, precisava interromper os estudos; ela vivia um tempo aqui, outro tempo acolá; tinha de deixar seus amigos, separar-se; tudo isso devia lhe custar muito, mas ela via a mão da Providência nas menores coisas e, assim, tudo estava bem.

É por isso que amava tanto as Escrituras: nelas, via à descoberto a Providência de Deus. A história de Abraão, sobretudo, a impressionava. O anjo vindo impedir a imolação de Isaac, a fé de Abraão triunfante, tudo isso fazia seu coração bater mais forte… Ela compreendeu muito bem que Deus é tudo! Ir até Ele continuamente, eis a sua vida: ela marchava para Ele em todas as suas ações.

As provações jamais alteraram a confiança de Anne de Guigné. Quando, em dezembro de 1921, foi acometida de graves dores de cabeça e nas costas, o seu rosto estava lívido, os músculos respiratórios paralisados. Ela não se queixava, mas gemia docemente: “Meu bom Jesus, não aguento mais”. Em seguida, um sorriso revelava o socorro divino: “Estou feliz”, dizia a pequena doente, feliz por oferecer tudo pelos pecadores. “Sim, ainda quero sofrer muito!” Ela já vivia alhures, os olhos fixados na pátria celeste, no termo da viagem. Ao invés de ficar abatida com a dor, ela não apenas demonstrava uma confiança vivíssima, mas comunicava aos demais a sua esperança — e a pedia pelos pecadores.

A caridade

O amor de Deus em alguns predestinados aparece não apenas sob a forma da caridade afetiva que repousa na bondade de Deus, amado por si mesmo, mas ainda sob a forma da caridade efetiva, que se prova pelo sacrifício e por um grande amor ao próximo.

Isso é muito marcante em Anne de Guigné; assim, falar de seu amor a Deus é falar, ao mesmo tempo, do seu desprendimento, da sua humildade, da sua mortificação e obediência.

A menina possuía a generosidade de uma noviça carmelita. Bastava-lhe compreender o que era mais perfeito para tentar fazer; foi preciso até mesmo moderar o seu desejo de mortificação quando se tornou muito pronunciado.

Anne com dois anos e meio, em 1913.

É o amor de Deus que a movia à prática das virtudes: “É preciso obedecer sempre”, era um dos pontos do seu programa. E ainda que por vezes fosse bem difícil, cumpria esse ponto admiravelmente. Fortificada pela graça da primeira comunhão, ela se dava inteiramente aos pequenos deveres familiares e escolares, pequenos em si mesmos, mas grandes para ela e para Deus, pela intenção que a movia a cumpri-los. Aplicava-se a servir aos seus pronta e alegremente. Chegando aos nove anos de idade, escreveu: “Para mim se faz necessária uma luta quotidiana”. Diante dos pequenos ou dos grandes esforços, dizia: “Bom Jesus, eu os ofereço a Vós”. É a sua maneira de caminhar para Deus, de adquirir coragem e perseverança. Não se sabe bem o quanto a mansidão custava à sua natureza irascível: “Oh, como é exasperante… quanta vontade de brigar!” Mas logo a graça triunfava, e a bondade dava a palavra final.

Ela compreendeu que oferecer tudo ao Senhor é um grande socorro para nós: “Nada é difícil quando nós o amamos”. Ela despertava rapidamente todos os dias, ainda que o sono a abatesse. Renunciava aos seus gostos, privava-se de sobremesa, comia os pratos de que gostava menos; uma vez, raspou o corpo em ortigas para agradecer ao Senhor por ter atendido um dos seus desejos. Outro dia, tendo deslocado um músculo do joelho, levantou-se sem dar um pio, os olhos cheios de lágrimas, inquieta por ter preocupado os seus: “Mamãe querida, não fique assim, não é nada; fico muito triste por ter te assustado”. Quem viveu perto dela pôde dizer: “Nunca a vimos recusar um sacrifício”.

A religiosa que dirigia o catecismo em Cannes nunca percebeu na pequenina — salvo uma pequena vez, quando tinha cerca de quatro anos — a menor inclinação à vaidade, e isso ao longo de cinco anos. Aí está um sinal de grande amor a Deus.

Ainda que fosse inclinada a censurar e mandar, Anne se apagava, fazia-se pequena, e se contentava em ser esquecida; folgava quando lhe davam o pior e buscava sempre reservar pequenas ajudas aos necessitados.

Se a graça que a atraía era bem poderosa, o ardor com que Anne lhe correspondia era dos mais generosos. Uma derrota a deixava humilde e confiante: “Foi porque não rezei bastante…”

Mal tinha quatro anos de idade, quando lhe aplicaram cataplasmas de mostarda bastante dolorosos: “Arde muito… mas, ah, meu Jesus, eu vo-lo ofereço”. Os familiares se compadeciam:  “Sofres muito, Aninha?” — “Ah, não! Ainda estou aprendendo a sofrer”. E acrescentava: “Sempre podemos sofrer alguma coisa por Nosso Senhor, porque Ele sofreu por nós”.

Com profunda convicção, aos nove anos, declarou: “Uma vida longa é uma grande graça, porque nos permite sofrer muito por Jesus”. Vê-se aí manifestadamente uma altíssima inspiração do Espírito Santo, inspiração concedida por sua perseverante docilidade.

                          Anne com cerca de seis anos em companhia de Magdeleine e Jacques.

A sua contínua alegria e perseverança — gestos apagados, ignorados, que ela chamava de “modos pequeninos” —, sua contínua caridade e a sua união a Jesus no meio das suas ocupações, dos seus jogos, não é menos bela do que a sua maneira tão natural de ser… tão sobrenatural aos dez anos.

Quanta renúncia uma fidelidade tão grande exige! “Nós a vemos subir do mesmo modo que observamos no céu o voo de uma aguiazinha”, disse-nos uma alma contemplativa que nos ajudou a conhecê-la melhor.

Sem dúvida, a sua educação, o meio em que nasceu, favoreceram o desenvolvimento dessa bela vida interior — o catecismo também ajuda a alma a se refinar, se adaptar, tornar-se delicada, reservada e afável —, mas mesmo num berço privilegiado, a prática contínua dessas virtudes requer uma grande generosidade, sinal certo do amor a Deus que não cessa de crescer.

Esta criança tinha o zelo muito evidente da glória de Deus, estava “pronta para suportar tudo por sua fé”. O pecado feria o seu coração: “Ó meu Deus, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem…” Percebia surgir nela a vocação do Carmelo “pela glória de Deus”.

Ela velava, sobretudo nos primeiros sábados de cada mês, para evitar as menores faltas, para ser agradável à Santíssima Virgem e lhe oferecer nesse dia “mil sacrificiozinhos em reparação dos pecados cometidos contra a sua honra”. Oração, Rosário, Ave maris stella, rejubilavam o seu coração e o uniam a Jesus por sua Mãe Imaculada.

Entre as crianças cuja vida já foi escrita, bem poucas, aparentemente, receberam tantas graças de recolhimento, de união com Jesus, como a pequena Anne. Ela também sabia fazer penitência pelos pecadores, desejando fortemente “conversões extraordinárias… para que todos reconheçam a glória de Deus”. Ela adorava “quando lhe confiavam uma alma a ser convertida”.

Nesta menina bem equilibrada, percebemos uma caridade radiante e universal, a paz, a doçura e também a gravidade, que não impedia as brincadeiras nas horas de recreação; não encontramos nela nada de irrefletido.

Impressiona profundamente esse grande sinal do amor de Deus e do próximo que é o esquecimento de si mesmo. Desde os primeiros dias da sua doença, inquietava-se mais com a fadiga dos seus do que com o seu próprio mal, e a Nosso Senhor rezava: “Curai outros doentes”. É o ensinamento de Jesus: “Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13, 35).

Anne e a Comunhão

A vida eucarística de Anne de Guigné merece menção especial; é um outro sinal do seu grande amor a Deus [iv].

Ela ainda não sabia ler, e já seguia a Missa num pequeno missal com imagens, sem perder um só gesto do padre (Vie, p. 67).

  Anne nos braços de sua mãe (outono de 1911).

Uns dois anos antes da sua primeira comunhão, já falava a toda hora desse dia e pedia à sua mãe que lhe falasse a respeito (Vie, p. 22). Ela queria a todo custo preparar “uma bela morada no seu coração ao seu querido Menino Jesus”, e para isso não recusava nenhum sacrifício.

No dia da sua primeira comunhão, a alegria era grandíssima; eufórica, corria de uma a outra das suas amigas. A Madre Saint Raymond escreveu no seu depoimento que, depois desse dia, se fosse privada da Comunhão por alguma falta, choraria com todas as forças do seu corpo (Vie, p. 195).

Também ficou felicíssima com a primeira comunhão das suas irmãs: ela lhes transmitia o seu entusiasmo, vivendo com elas numa perfeita harmonia (Vie, p. 196).

Antes de se aproximar da santa mesa da Comunhão, demonstrava grande delicadeza de consciência; um dia, perguntou à mãe: “Será que andei muito dispersa?” Por vezes, censurava a si mesma pela negligência na oração (Vie, p. 43).

Desde a véspera ela pensava na Eucaristia; por vezes tomava seu pequeno livro, lia-o antes da comunhão e se preparava com fervor para a grande ação do dia seguinte; ela comunicava sua alegria a sua preceptora (Vie, p. 68).

Dizia ao irmãozinho: “Ah, como você ficará feliz quando o Menino Jesus estiver no seu coração!” Mais tarde, enquanto brincava com ele, interrompeu de repente e propôs com gravidade e docilidade: “E se nós fizéssemos uma curta oração para nos prepararmos para a comunhão de amanhã?” Em outro dia, nós a vemos ajoelhada sobre o degrau de uma escada. Interrogada sobre o que fazia, respondeu: “Eu agradecia ao bom Jesus”, disse ela, “por querer vir ao meu coração” (Vie, p. 70). Seu biógrafo escreveu:

Nas suas visitas ao Santíssimo Sacramento, encontrava no tabernáculo o seu Deus vivo e, quando a hóstia pairava sobre o altar, seu olhar se fixava sobre o ostensório com profundidade e intensidade tão impressionantes, com uma chama tão luminosa, que sua fé parecia tocar na visão.

“Para que a vida de Jesus cresça em mim”, escreveu Anne, “é preciso que minha alma se alimente muito frequentemente”. “Eu quero comungar sempre que possível”, também escreveu. “A vida da graça é muito preciosa, e seu alimento, que é Jesus Cristo, é tão bonito que é preciso desejá-lo de todo coração” (Vie, p. 71).

Ela confiou a uma das suas tias, que era religiosa: “Essa manhã, chorei porque mamãe não me deixou comungar”; em seguida, acrescentou: “Mas agora já estou bem porque me ensinaram a fazer a comunhão espiritual”.

Uma manhã, passou pela sua casa, à caminho da Missa, uma amiga da sua mãe; a menina lhe perguntou: “A senhora poderia me levar?” e, depois de obter a permissão da mãe, voltou tão contente que logo lhe perguntaram: “Desejas muito ir à Missa?” — “Ah, sim!”, respondeu ela, “amo muito ir à Missa… e depois, veja, é uma comunhão a mais” (Vie, p. 67).

Durante o santo sacrifício, após ler o Evangelho do dia, cerrava os olhos e, com a cabeça levemente inclinada, com as mãos juntas, deixava-se absorver inteiramente por um movimento profundo da alma, unindo seu coração ao Coração Eucarístico de Jesus. O ardor de sua alma deixava-se trair pelos menores gestos, e quando retornava da santa mesa, estava “inteiramente perdida em Deus”, a ponto de ser preciso, por vezes, guiá-la até que reencontrasse o seu lugar (Vie, p. 68).

Um dia, perguntou à mãe:

— Mamãe, posso rezar sem o livro durante a Missa?

— Por que, minha filha?

— Eu já sei de cor todas orações do missal e muitas vezes me distraio ao ler. Mas, quando falo com o bom Jesus, nunca me distraio; é como quando a gente conversa com alguém, mamãe, a gente sempre sabe o que diz.

— E o que você fala ao bom Jesus?

— Que o amo. Em seguida, peço por você e pelos demais, para que Jesus os torne bons. Eu lhe falo sobretudo dos pecadores.

E, ruborizando-se um pouco, acrescenta:

— Depois eu digo a Ele que gostaria de vê-lo (Vie, p. 73).

    Anne no outono de 1921, poucos meses antes de sua morte.

Diz-se que, durante a fase final da sua vida, sua piedade tinha “algo de celeste”. Após a comunhão, na festa de Todos os Santos, poucos meses antes da sua morte, ela parecia transfigurada. Na igreja ela era notada, e um fiel chegou a se levantar para “ver melhor aquele perfil que não tinha nada de humano” (Vie, p. 104).

No dia 28 de dezembro de 1921, o seu confessor lhe disse: “Quer que eu te traga Nosso Senhor?” — “Ah, sim!”, respondeu com uma voz na qual transparecia um desejo imenso (Vie, p. 111). Ela morreu alguns dias depois, após ter visto o seu anjo da guarda e voltando um olhar derradeiro a sua querida mãe. Uma única palavra saía de todo os corações: “É uma santa” (Vie, p. 119). 

Por seu amor à Eucaristia, Anne de Guigné nos faz pensar na Beata Imelda Lambertini, morta aos onze anos durante a ação de graças de sua primeira comunhão.

Ao ler a sua biografia, lembramo-nos do princípio: a prova da caridade, do amor de Deus, são as obras das diferentes virtudes que a caridade inspira. “Pelos seus frutos os conhecereis” (Mt 7, 16). Sem querer antecipar os julgamentos da Igreja, é possível pensar que encontramos nessa criança, também morta aos onze anos de idade, as quatro condições requeridas por Bento XIV para julgar da heroicidade das virtudes:

  1. a matéria difícil, acima das forças comuns às crianças dessa idade; 
  2. a prontidão no cumprimento dos atos virtuosos; 
  3. a alegria de oferecer sacrifícios ao Senhor; 
  4. a frequência desses atos, desde que a ocasião se apresente.

Isso nos faz pensar no que ensinou Santo Tomás: “Além da virtude comum, [há] uma virtude heroica ou divina, que faz certos homens serem chamados divinos” (STh I-II 68 1 ad 1) — devemos ver aí uma inspiração especial do Espírito Santo.

O relato dessas virtudes deve nos mover a agradecer ao Senhor que se compraz em cumular os pequenos e a restabelecer, assim, o equilíbrio na balança do bem e do mal; a colocar um contrapeso em tantas vilanias que a iniquidade acumula. Nós encontramos também aí um grande exemplo e, tendo chegado ao limiar da velhice, percebemos que ainda temos muito a aprender com os melhores dentre esses pequeninos.

Outros exemplos de heroicidade manifesta

Anne de Guigné não foi uma exceção. Outras crianças nos oferecem exemplos semelhantes. Veja, em um ambiente completamente diferente, a filha de um operário comunista. Annette [v] perde a sua mãe; ela tem quatorze anos e educa seus quatros irmãos e irmãs. A caridade católica a conquistou um dia e ela converteu seus irmãos. Morreu em seguida tentando impedir que seu pai cometesse um furto sacrílego numa igreja.

“Menina Rezando”, por Roberto Ferruzzi.

O pai estava desempregado; os camaradas o convidaram a roubar os vasos sagrados da igreja… para transformá-los em lingotes de ouro e alimentar os filhos. O honesto operário hesita, mas os outros o desafiam e o pai de Annette entra com eles no santuário. Ela os acompanha… e se joga sobre um deles que repele este agressor desconhecido com tanta violência que a criança desmorona no chão. O pai de Annette corre, reconhece a sua filha e a leva consigo. Ela morre sob as bênçãos do padre, como uma vítima pura e radiante de alegria. O pai, tocado, retorna à religião.

Não podemos falar desse tema sem lembrar a heroicidade da pequena Nellie, de quatro anos de idade, cuja vida foi escrita há poucos anos [vi]. Atormentada pela osteíte que corroía a sua mandíbula, para suportar as dores ela apertava o crucifixo contra o seu coração; enquanto lágrimas corriam, ela aceitava tudo, repetindo sem parar: “Vejam como o santo Deus sofreu por mim!

Podemos mencionar a vida de Lucila de Senilhes, morta aos quinze anos de idade, oferecendo a sua vida pela Igreja e pela pátria.

Antes de vir a pedir o sofrimento, essa menina escrevia:

Renunciar a si mesma; não falar assim: “Eu preferiria que…” — Para conservar a paz, é preciso obedecer a quatro regras importantes: Procurar fazer antes a vontade de outro do que a própria. Escolher sempre ter menos do que mais. Buscar em tudo o último lugar. Desejar sempre e suplicar que a vontade de Deus se cumpra perfeitamente em nós!

Um dia, ela escreveu depois da comunhão:

“Procurai a minha felicidade e procurarei a tua”. — Eis, meu Deus, o pensamento que me enviastes essa manhã, durante a comunhão. Como eu procurarei a vossa felicidade, ó divino Coração do meu Jesus? Eu o farei cumprindo fielmente meu dever quotidiano, oferecendo-vos todas as minhas ações, fazendo muitos pequenos sacrifícios por amor a Vós, rogando pelos pecadores, fazendo com que o Senhor seja amado, não resistindo jamais aos movimentos da vossa graça.

Seguindo esta via e sob a inspiração do Espírito Santo, ela chegou a pedir o sofrimento:

Minha natureza é tão fraca que se queixará — é o que temo, meu Deus, se Vós a fizerdes sofrer; mas então, Senhor, não escutai o que eu vos disser, e quando tiverdes começado, ó Jesus, não parai mais; eu me entrego a Vós; a única coisa que eu vos demando, é de me ajudar a suportar o sofrimento… Ó meu Deus! Eu vos consagro os meus quinze anos com todo o fervor da minha alma… Enviai-me o sofrimento… aumentai o número dos justos que salvarão a França.

Pouco depois, ela morreu de pneumonia, suportando heroicamente, sem um suspiro sequer, uma punção na coluna vertebral feita com agulhas bem curtas.

Qual o peso de uma alma de criança tão heroica nas mãos de Deus?

Em 1909 morria também heroicamente, na Itália, a pequena Guilhermina Tacchi Marconi, conhecida em Pisa por seu extraordinário amor pelos pobres [vii]. Nas ruas, ela os procurava para poder vir socorrê-los. À mesa, não conseguia comer se algo lhes faltasse.

Ela morreu aos onze anos, torturada ao longo de sete meses por uma endocardite; durante esses meses, não se viu um capricho sequer. Desde o primeiro dia, ela, que não tinha mais do que uma hora de sono tranquilo, contentava-se em repetir com muita confiança: Tutto per amore di Gesù! Após a sua primeira comunhão, feita antes de morrer, permaneceu longo tempo em êxtase, e morreu dizendo: “Vinde, Jesus! Vinde, Jesus”.

Um livro recente relata os atos heroicos realizados por criancinhas anamitas, japonesas, das quais algumas, já conhecidas, morreram como mártires [viii]. Para terminar, citaremos algumas.

Uma pequena anamita, Dân, que morreu martirizada aos treze anos, havia sido aprisionada com sua família, sofreu de sede e, apesar dos maus tratos, manteve-se sempre inflexível, dizendo: “Eu jamais negarei o meu Deus”. Como poderia ela, sem se queixar, suportar inúmeros golpes de rotim com que lhe fustigavam o corpo [ix]? Ela não cessava de rezar, adorando o Senhor, o Verbo encarnado, e depois gritou: “Que me acorrentem, que me metam na canga, que me submetam às demais torturas ou ao cruel suplício até a morte pela fé… já me decidi: estou decidida a sofrer tudo”. Submeteram-na ao vergaste, à roda, ao cavalete; queimaram-lhe as extremidades dos membros, arrancaram-lhe as unhas, derramaram-lhe chumbo nas orelhas. Mas ela manteve-se inquebrantável. Sobre as suas chagas vivas, continuavam a golpeá-la! Dân logo viu os insetos roerem seus machucados.

A criança não pôde mais se reerguer; no entanto, nenhuma queixa! E Dân deixou assim a terra rumo ao Céu.

“Crianças Cantando”, por Ferdinand Waldmüller.

No mesmo livro se lê o relato do martírio de três meninos japoneses canonizados por Pio IX em 1862. Eles queriam morrer como mártires, como os católicos. Maximiniano, com onze anos de idade, pediu com lágrimas no rosto que o mandassem para a morte. Um soldado lhe deu um golpe de espada na cabeça.

Antônio, de treze anos, antes de ser martirizado, soube responder ao governador que lhe exigia a apostasia: “Quão insensato eu seria de abandonar hoje os bens certos e eternos por bens incertos e passageiros!

Luís Ibragi, com doze anos, era tão pequeno que julgaram que seria fácil fazer dele um apóstata. Mas, ao contrário, durante a longa e dolorosa viagem que teve de fazer antes de morrer, era ele que apoiava o missionário, recebendo os golpes em seu lugar. Ele obteve do padre permissão para cantar sobre a cruz o Laudate, pueri, Dominum. Mas o missionário, sobre a cruz, entrou em êxtase, e o menino teve de cantar o salmo com os outros [x].

Nas mesmas páginas, lê-se sobre o pequeno Carlos, indiano, que, doente e sofrendo muito, dizia ao missionário que se compadecia dos seus sofrimentos: “Ah, padre, eu fico muito feliz quando me sinto mal, pois penso no Senhor que tanto sofreu por mim!” O mesmo livro, no prefácio escrito por E. Baumann, cita dois meninos que viveram frequentemente de modo heroico. O menor tinha sede de sofrer mais, para que a sua coroa fosse mais bela. Sua irmã conheceu, antes de morrer, a tortura de crer que não havia feito nada pelo bom Deus.

Lendo esse relato dos feitos realizados por essas crianças de dez a doze anos, e mesmo menores, ao se lembrar das palavras sublimes pronunciadas por muitas delas antes de morrer, percebemos que possuem uma sabedoria incomparavelmente superior, na sua simplicidade e na sua humildade, à complexidade normalmente pretensiosa da ciência humana. Encontramos aqui o dom de sabedoria em grau eminente, proporcional à caridade desses pequenos servidores de Deus, grandes pelo testemunho heroico que deram até a morte.

Notas

  1. Cf. em particular Pe. Bruno de Jésus-Marie, O.C.D., “L’enfant et la ‘voie d’Enfance’”, em: Etudes Carmélitaines, abril de 1934.
  2. Etienne-Marie Lajeunie, O.P., Anne de Guigné. Éditions du Cerf, Juvisy; “Un témoignage sur la vie et les vertus d’Anne de Guigné”, em: La Vie Spirituelle, maio de 1931, p. 177ss.
  3. Cf. La Vie Spirituelle, maio de 1931, p. 184. Todos os outros aspectos que citamos aqui foram mencionados na biografia escrita pelo Padre Lajeunie (N.A.). Para esta publicação, deslocamos para o corpo do texto todas as citações seguintes do artigo publicado em La Vie Spirituelle (Nota da Equipe CNP).
  4. Para dividir melhor o texto e facilitar a leitura, acrescentamos a este trecho o título “Anne e a Comunhão”, o qual não se encontra no artigo original (Nota da Equipe CNP).
  5. Jeanne Froehlich, Petite Annette. Apostolat de la Prière, Toulouse.
  6. Ir. Bernard des Ronces, Nellie. Maison du Bon Pasteur, Paris.
  7. Myriam de G., Guglielmina, 1898–1909. Lethielleux, Paris.
  8. Myriam de G., Mes Benjamins. Éditions du Foyer, Paris (N.A). Anamitas são os habitantes do antigo protetorado francês de Aname, hoje território do Vietnã (Nota da Equipe CNP).
  9. Rotim, ou ratã (rattan) vem do malaio rotan e designa uma fibra extraída da palmeira Calamus rotang para a fabricação de móveis, cestas e outros objetos (Nota da Equipe CNP).
  10. Trata-se do Salmo 112 (113), que começa em latim com as palavras Laudate, pueri, Dominum, “Louvai o Senhor, ó meninos”. No Ofício Divino antigo, este salmo constava sempre nas Vésperas dos domingos e festas; por isso, era muito comum e conhecido, e foi transformado em música por inúmeros compositores clássicos (Nota da Equipe CNP).
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👆 ENSINAMENTOS DE OLAVO DE CARVALHO


Quando aprenderão?
(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 03 de Junho de 2015, disponível no site do professor)

Excetuadas algumas frustrações e desencantos banais que não vêm ao caso, só guardo uma única tristeza na alma: a de não sido ouvido numa época em que ainda havia tempo de bloquear a ascensão comunopetista e impedir que o Brasil mergulhasse no lodaçal em que vai afundando hoje em dia.

Não vai nisso o menor ressentimento pessoal. A indiferença à mensagem quase nunca implicou hostilidade ou desprezo ao mensageiro. Sempre fui muito bem recebido em toda parte. As pessoas me ouviam, aplaudiam e, com ares de amável ceticismo, prometiam pensar no assunto.

Ficaram pensando até agora. Nada fizeram.

Semana após semana os acontecimentos foram se avolumando exatamente como eu havia previsto, e ainda assim até os melhores entre os meus ouvintes continuaram acreditando que tudo passaria com o tempo, que nada de mau sucederia que não viesse a ser corrigido automaticamente pela mágica do mero rodízio eleitoral.

Isso era impossível, protestava eu. Onze anos atrás escrevi:

“Quem quer que, a esta altura, ainda sonhe em ‘vencer o PT’, seja nas próximas eleições, seja ao longo das décadas vindouras, deve ser considerado in limine um bobão incurável, indigno de atenção.

“O PT, como digo há anos, não veio para alternar-se no poder com outros partidos — muito menos com os da ‘direita’ — segundo o rodízio normal do sistema constitucional-democrático. Ele veio para destruir esse sistema, para soterrá-lo para sempre nas brumas do passado, trocando-o por algo que os próprios petistas não sabem muito bem o que há de ser, mas a respeito do qual têm uma certeza: seja o que for, será definitivo e irrevogável.

“Não haverá retorno. O Brasil em que vivemos é, já, o ‘novo Brasil’ prometido pelo PT, e não tem a menor perspectiva de virar outra coisa a médio ou longo prazo, exceto se forçado a isso pela vontade divina ou por mudanças imprevisíveis do quadro internacional.”

Continuava:

“É deplorável ter de insistir numa coisa tão evidente, mas uma estratégia de escala continental, escorada numa rede global de organizações e no completo domínio da atmosfera cultural não pode ser enfrentada por meio de resistências locais, de espertezas provincianas, de críticas pontuais a erros econômico-administrativos ou da aposta louca nas brigas internas da facção dominante, que só a revigoram. A desproporção de forças, aí, é tão brutal, tão avassaladora, que não vale nem mais a pena insistir no assunto.”

Isso foi em 2004 (leia aqui).

Hoje até as crianças sabem que o establishment brasileiro – a administração pública, três quartos do Congresso, o STF, o sistema judiciário praticamente inteiro, a justiça eleitoral, a educação desde o primário até a universidade, a CNBB, parte considerável da “grande mídia” e um punhado de mega-empresas – se reduziu a uma máquina dócil e bem azeitada para amparar as tramas do PT, assessorar e acobertar os seus crimes, ajudá-lo na realização dos planos do Foro de São Paulo e na instauração da Pátria Grande comunista dos sonhos dos irmãos Castro e de Nicolás Maduro.

Chegamos finalmente a uma situação em que mesmo dois milhões de brasileiros clamando nas ruas, multidões xingando Lula e Dilma por toda parte e 90% da população exigindo nas pesquisas de opinião o fim do império petista são impotentes para remover de seus postos os delinquentes que se apossaram do país e dele fizeram um bordel de luxo para os poucos, um favelão para os demais.

Na melhor das hipóteses, ela mesma remota e dificultosa, conseguirão obter do Congresso, como prêmio de consolação pela legitimação de eleições notoriamente fraudulentas, um miserável impeachment presidencial, medida simbólica que bem pode deixar intacto o restante do sistema comunocleptocrático instalado em Brasília.

Quer isso dizer que minhas previsões de 2004 fossem proféticas? Que nada. Estavam é atrasadíssimas. Em 1993, no livro A Nova Era e a Revolução Cultural, eu já havia exposto o plano praticamente inteiro do PT para a dominação do país. O livro não foi ignorado. Vendeu uma edição inteira no dia do lançamento, outra nas semanas seguintes. A terceira esgotou-se, a quarta (Vide Editorial, 2014) já está no fim. Foi lido e guardado na estante, bem longe da possibilidade de inspirar qualquer ação, mesmo tímida.

Em 1989, em conferência na Casa do Estudante no Brasil, sob o título “O fim do ciclo nacionalista”, eu já equacionava o drama de um país cuja cultura se formara sob o signo do nacionalismo e da busca da identidade (o “senso da nacionalidade” de que falava Machado de Assis) e ao qual coubera o destino infeliz de começar a projetar-se no cenário do mundo justamente numa época em que a tendência geral é dissolver as soberanias nacionais e absorvê-las em conglomerados regionais que vão tentando aplanar o caminho para a ambição utópica mas persistente de um governo mundial.

Ao ver hoje a marcha triunfante da Pátria Grande, que o povo odeia mas da qual não sabe como se livrar, pergunto-me por que, de tantos intelectuais, políticos e militares que me ouviram na ocasião (pois repeti a conferência em vários lugares), nenhum entendeu que, naquele momento, a inventividade, a audácia criadora, em vez da acomodação preguiçosa no culto beócio da “estabilidade das nossas instituições”, eram uma questão de sobrevivência, não de livre escolha?

Por que tantas pessoas aparentemente inteligentes, em vez de vasculhar os livros e documentos a que eu me referia, preferiram crer na lenga-lenga anestésica da TV Globo e da Folha, para cujos porta-vozes eu era apenas um alarmista histérico, um “saudosista da Guerra Fria”, ou, como disse textualmente o sr. Otavio Frias Filho, um açoitador de cavalos mortos?

Quem, hoje, exceto o alucinado Marco Antonio Villa, que ama tanto a chacota que a atrai toda para si, seria ainda louco de negar que praticamente tudo o que expliquei e previ ao longo dos anos era no mínimo o que havia de mais próximo à verdade, enquanto em volta os luminares, os bem-pensantes, os senhores doutores, os consultores pagos a peso de ouro, só repetiam chavões soporíferos tipo “Lula mudou”, “o socialismo morreu”, “as nossas instituições são sólidas” etc. etc.?

Aos poucos, porém, fui notando que as mudanças históricas que eu descrevia — e que as inteligências mais vigorosas da platéia não negavam, mas nas quais nada viam além de uma caminhada brilhante em direção a “mais democracia” – traziam, em si mesmas, a causa da incompreensão com que minhas palavras eram recebidas.

Comecei a documentar esse aspecto do processo em O Imbecil Coletivo, de 1995: estrangulada pela “ocupação de espaços” gramsciana, onde o critério do prestígio intelectual e artístico passava a ser uma carteirinha do PT ou do PSOL, a alta cultura no Brasil agonizava.

As inteligências definhavam a olhos vistos, tornando impossível um debate sério sobre o que quer que fosse e substituindo tudo por uma linguagem de clichês na qual nada se podia dizer que já não tivesse sido dito mil vezes.

A juventude, nascida já no meio da debacle, não podia ver nela nada de anormal, por lhe faltar a escala comparativa. Acomodava-se à degradação confortavelmente, prazerosamente, embriagada pela promessa de deleites sensuais espetaculares sob a proteção do Estado-babá.
Mas, para quem tinha sido criado na época em que os debates culturais e políticos eram conduzidos por leões como um Otto Maria Carpeaux, um Álvaro Lins, um Nicolas Boer, um Julio de Mesquita Filho, um Antônio Olinto, um Mário Ferreira dos Santos, um Vilem Flusser, ver de repente o cenário intelectual ocupado inteiramente por micos-leões-dourados tipo Emir Sader, Marilena Chauí, Renato Janine Ribeiro, Vladimir Safatle, Gilberto Felisberto de Vasconcelos, Luís Fernando Veríssimo e tutti quanti era algo que prenunciava, para esta parte do mundo, uma idade das trevas.

Analisado à luz da regra de Hugo von Hoffmanstal, de que “nada está na política de um país que não esteja primeiro na sua literatura”, o Brasil do futuro que se vislumbrava nos debates públicos dos anos 90 era exatamente o que temos hoje: um vácuo sangrento, um Nada crescente e invencível que tudo devora.

Documentei o fenômeno em linguagem satírica, que a evolução posterior dos acontecimentos veio a tornar inadequada à medida que o ridículo e o grotesco, passando da esfera das idéias à dos atos e das leis, afirmaram o poder da sua autoridade incontrastável e se consolidaram nas formas monstruosas do deprimente, do abjeto, do indescritivelmente vergonhoso. Daquilo que não pode ser satirizado porque, como diria Karl Kraus, já ultrapassou as fronteiras da sátira.

Não posso repassar mentalmente esse trajeto sem que me volte à memória o  refrão de uma velha canção folclórica americana: “Oh, when will they ever learn?”

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Get together, die alone
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
12 de Outubro de 2022


"Conservadorismo significa fidelidade, constância, firmeza. Não é coisa para homens de geleia."
(Olavo de Carvalho)

A
nos atrás eu estava acompanhando um seriado de televisão chamado "Lost". Era febre mundial, os mais velhos devem se lembrar muito bem dele. Era uma série relativamente boa e bem produzida de forma geral, com certas ressalvas em determinadas situações e arcos dramáticos que eram melhor não estarem ali, e um final bem polêmico pra dizer o mínimo. Tratava-se de uma mega produção televisiva em que personagens de diversas realidades e países diferentes cairam de avião em uma ilha misteriosa. A série portanto tinha muitos protagonistas, e os episódios costumavam focar cada vez em um personagem específico. Mas haviam aqueles momentos que o elenco todo se reunia e protagonizava situações em que estavam unidos, pensando em uma solução para o presente problema de serem náufragos em um lugar estranho, com poucos recursos e uma força maligna (um monstro de fumaça) que parecia rondar a ilha.

Pouco a pouco os relacionamentos foram sendo estabelecidos e os protagonistas desenvolvidos e aprofundados. No entanto, em meio aos percalços, haviam surpresas inesperadas e traições. Personagens que pareciam pessoas confiáveis mostravam sua verdadeira face e vice-versa. A pior coisa era quando uma traição vinha de dentro do grupo principal. Em outros momentos, o grupo se dividia, e cada um assumia um lado. E haviam momentos em que homens aparentemente fortes e fiéis aos seus princípios e valores fraquejavam.

Curioso como hoje em dia a realidade supera muito a ficção...

Ao pensarmos em homens fortes e fiéis a seus princípios e valores, é impossível não nos recordarmos do saudoso professor Olavo de Carvalho. Qualquer conservador hoje em dia que tem o mínimo de honestidade consigo mesmo vai dizer isso. E qualquer pessoa honesta e que tenha dois neurônios com toda certeza não olhará o jornalista Allan dos Santos com desconfiança, principalmente em decorrência de toda sua história recente de vida. Ele também, um homem forte e fiel a seus princípios e valores.

Mas quando as pessoas precisam de homens fortes e fiéis a seus princípios e valores, o mundo os "cancela", como se diz hoje em dia, lhes dá as costas. E esse "cancelamento" vem tanto de fora, do mundão, quanto de dentro do "inner circle", como se diz em inglês.

Há dois tipos de pessoas que podem ser vítimas do sistema: pessoas bocudas demais e pessoas verdadeiras demais, no sentido de defender a verdade, no sentido de serem sinceras.

Oi? Você aí ainda pensa que o mundo anseia por pessoas que lhes indicassem o caminho para a verdade? Ha ha ha ha ha ha ha ha!!! Larga de ser ingênuo, meu filho! O mundo não quer isso não, essa é a última coisa que o mundo quer! O mundo quer é a sua destruição, te arrastar para o meio do INFERNO, da desgraça e da miséria completa e total, é isso que o mundo quer fazer com você! Larga de pensar feito um vegetal, saia do mundo encantado de Poliana e aterrissa no planeta Terra! O mundo quer é acabar com a tua raça, é isso que ele quer. Mas vamos voltar...

É líquido, certo e permanente que o sistema não vai querer construir um grande conglomerado de comunicação para te informar, para te falar a verdade. Isso não tem a mínima coerência ao se pensar na atuação constrangedora e lamentável que uma Rede Globo ou um Twitter tem tido nos últimos anos, ou qualquer outro conglomerado de comunicação dadas as exceções aqui e ali, e todos também sabemos que as exceções não são a regra.

Uns dois anos atrás surgia o GETTR, como opção para os conservadores que estavam sendo calados pelo Twitter. Aí o GETTR cresceu e se tornou grande, e não parecia ser afetado pelo sistema. Comecei a ficar meio ressabiado com isso, mas fui com a corrente e fiz conta lá. Pois bem, há quase 1 ano atrás o Terça Livre estava sendo calado, censurado e fechado ilegalmente aqui no Brasil. Eu lembrei desse fato aqui no Tempo de Leitura e vi Allan, Ítalo, Max, Cássio, Carlos, Anderson, e outros lá dentro ficando sem emprego, tendo suas vidas destruidas e dilapidadas pelo sistema, a exemplo da Bruna De Pieri, uma jornalista que atuava nos bastidores do Terça, e que era sempre citada pelo Allan, porque o Allan joga junto e sempre valoriza quem merece. Ou então o escritor e articulista Leônidas Pellegrini, a quem considero um grande amigo meu hoje, com quem converso e troco ideias, e que trabalhava na Revista Terça Livre; e pelas minhas publicações no Tempo de Leitura, dá pra vocês notarem que continuo tendo grande apreço por ele, pois sigo acompanhando seu trabalho na Revista Esmeril.

Acontece que, como já falei, quem fala demais é calado pelo sistema. E quem é sincero, também.

Creio que em 2021, se minha memória não me falha, eu havia tido conhecimento de um comentarista político americano chamado Nick Fuentes. O cara sempre foi conservador da gema, pró-Trump, pró-MAGA, pró-agenda de valores, enfim, um cara que falava a verdade. E como eu estava estarrecido com o que os grandes conglomerados fizeram com Alex Jones, comecei a pesquisar e seguir esse Nick Fuentes nas redes que ainda podíamos ter acesso a ele, e por isso fui procurar ele no GETTR. Qual não foi minha surpresa ao saber que o GETTR EXCLUIU a conta dele? Sim, excluiu, apagou. Fez a mesma coisa que Twitter, Instagram, Facebook e essas grandes redes aí fizeram com Alex Jones. O GETTR! A ALTERNATIVA ao Twitter que se vende como plataforma de free-speech! Na época eu não entendi muito bem o imbróglio e achei que era muito mais uma confusão interna, então deixei para lá. Não deveria. Andrew Torba, católico, conservador e criador da rede GAB, a rede do sapo que foi CENSURADA por todas as lojas da Apple e do Android, saiu em defesa de Nick Fuentes e começou uma cruzada pessoal para fazer com que as pessoas migrassem do GETTR para o GAB. Dizia claramente que Jason Miller era um falso guerreiro da liberdade, e que quando o caldo apertasse para o lado dele, ele te limaria. Não acreditei na época; hoje, com a exclusão da advogada Ludmila Lins Grilo e do jornalista Allan dos Santos eu vejo isso claramente.

A traição que veio do próprio seio da direita se materializa. Vou além, o homem de geléia que Olavo sempre menciona é dono de uma rede social.

Eis o plot twist, tal qual numa série de TV bem produzida.

Em Lost, um dos momentos que me marcou lá no início do seriado, foi o discurso do médico do grupo, Jack Shephard, interpretado pelo ator Matthew Fox. Curioso que no início do seriado, quando tudo ainda era envolto em mistério, é que as coisas faziam mais sentido do que em seu final, cheio de buracos de roteiro e perguntas não-respondidas. Jack, caracterizado como um líder nato chega para o grupo e diz o seguinte: "semana passada todos nós éramos estranhos, mas aqui estamos agora e só Deus sabe quanto tempo ficaremos aqui, mas se não pudermos viver juntos, vamos morrer sozinhos". Um pouco antes em seu discurso ele ainda disse "cada-um-por-si não vai funcionar".

Temos que parar de "cancelar pessoas". Temos que parar de achar que se eu der esse sujeito ou esse sujeito, o monstro que nos ronda me deixará em paz. NÃO VAI DEIXAR! Faço menção aqui ainda à analogia do estuprador que o próprio Allan dos Santos sempre menciona em suas lives. Não vai deixar em paz, e Jason Miller agora poderá descobrir isso da pior forma possível.

GETTR, o nome de sua rede social é uma referência a expressão "get together". Pois bem, Jason Miller dispersou pessoas ao excluir Nick Fuentes, e agora mais uma vez ao excluir Ludmila e Allan. Se a gente "se junta", ou seja, "get together", temos que aprender a viver juntos, "live together". Se não se pode "viver juntos, vamos morrer sozinhos", nas próprias palavras do personagem Jack Shephard. "If we can't live together, we're gonna die alone!" Live together, die alone. Ou a gente se entende e vive junto, ou a gente encara as coisas como elas SÃO, ou então a direita do Brasil vai morrer na praia antes mesmo de nascer.

Sigam o Allan no CloutHub.

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje:
Conversas francas com alunos e conhecidos, símbolos da America Latina e o que de fato representam, um professor com sérios apuros e nosso grande Giorgio e suas divagações sobre o passado! Muito assunto e muita referência para colocarmos as coisas em dia neste retorno!
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- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!


(19/09/2022)




E eu não poderia deixar faltar aquele tempero maneiro que o Sal Conservador deu em uma de suas últimas sacadas do debate do primeiro turno! Segura o padre que ele tá pucto, em nome de Cristo, hahahaha!!
(19/09/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Hoje recomendo um excelente livro do dr. Plinio Correa de Oliveira, mestre e mentor do nosso grande jornalista José Carlos Sepúlveda, e que tem muito a nos ensinar sobre a calma, a paz de espírito, e como isso pode nos levar a ponderações mais elevadas e proporcionadas com a situação em que vivemos.

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