Edição XXXVI (Terça Livre, Revista A Verdade 66, Revista Esmeril 26, Opinião e mais)

Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista A Verdade, da qual sou assinante, e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo. Assinem o conteúdo da revista pelo link e vejam muito mais conteúdo.
      


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ÍNDICE

REVISTA A VERDADE

    Os danos da mentalidade multiculturalista (Carlos Adriano Ferraz)
    - A pandemia virou o dia da Marmota (Cândido Neto (Mafinha Summers))

REVISTA ESMERIL

    - Mário, o velho (Roberto Lacerda)
    - CULTURA DO CANCELAMENTO | Entrevista com o editor Telmo Diniz (Leônidas Pellegrini)
    - Café, terno e gravata (Vitor Marcolin)

BRASIL SEM MEDO

    - O menino sem máscara e a cantora de axé (Paulo Briguet)

ALLAN DOS SANTOS

    - Arcebispo Viganò pede que a aliança anti-globalista se una contra a Nova Ordem Mundial (Arcebispo Viganò, carta transcrita por Allan dos Santos em 30/11/21)
    - Quem manda no Brasil? (01/12/21)

MEMÓRIA TERÇA LIVRE

    - A MIOPIA DO ABSOLUTO (Carlos Maltz, Rev. TL ed. 5)

PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO

OPINIÃO DO AUTOR
    - 
A verdadeira Quarta Dimensão

HUMOR 

LEITURA RECOMENDADA

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Boa leitura, e uma boa Terça Livre pra você!!

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👆 Com a palavra, Terça Livre!

 
Terça Livre jamais pode ser esquecido. Por essa razão, esta seção aqui buscará cobrir o buraco que ficou no meu blog após o fim da empresa, dando a vocês links e caminhos fáceis para saberem o que os seus ex-membros estão pensando e onde encontrá-los sempre e com facilidade.

ALLAN DOS SANTOS: Allandossantos.com || Gettr || Clouthub || Telegram || Bom Perfil || TL TV.

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ÍTALO LORENZON: Ligando os Pontos || Canal Reserva || Telegram || Gettr || Twitter || Instagram.

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MAX CARDOSO: YouTube || Expressão Brasil || Telegram || Twitter || Instagram.

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CARLOS DIAS: Portal Factum || Expressão Brasil || YouTube || Twitter.

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KASSIO FREITAS: Telegram || Instagram || Twitter.


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PAULO FIGUEIREDO: Conexão América || ConservaTalk || Telegram || Gettr || Twitter.

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JOSÉ CARLOS SEPÚLVEDA: YouTube || Ligando os Pontos || PHVox || Gettr || Twitter || Facebook.
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OPINIÃO

👆 Os danos da mentalidade multiculturalista
(por Carlos Adriano Ferraz)


As iniciativas para descolonizar tudo, de cabelos a currículos de literatura inglesa, destruir pinturas e apagar a história e, ao mesmo tempo, abrir discussões revisionistas dela, são particularmente alarmantes”. Helen Pluckrose e James Lindsay (“Teorias Cínicas”).

Poder-se-ia dizer que a degenerescência e o fim de uma civilização podem ser entrevistos a partir de alguns “sintomas”. Por exemplo, em 1947 o sociólogo de Harvard, Carl Zimmermann, publicou um estudo seminal (‘Family and Civilization’) no qual ele analisou o desdobramento da ideia de família desde os gregos, passando pelo período romano e pelo medievo, chegando, por fim, ao século XX. Ele analisa a ascensão e declínio das civilizações e observa que elas ocorrem paralelamente à ascensão e declínio da instituição da família. Em verdade, ele nos mostra que a decadência das civilizações é precedida pela dissolução da família, o que aponta para uma evidente correlação entre os dois fenômenos. Segundo ele observa, dentre os elementos que indicam o declínio da família (e posterior decadência civilizacional) estão a perda da sacralidade do matrimônio (sua banalização), a trivialidade do divórcio, o desrespeito aos pais (e, consequentemente, às autoridades), a delinquência entre os jovens, a promiscuidade, a rejeição da responsabilidade inerente ao casamento e à vida familiar, etc. Assim, a partir do século XX a dissolução da família se tornou, novamente, um flagelo social. Thomas Sowell e Walter Williams logram demonstrar, por exemplo, que a família negra, nos USA, era mais forte no primeiro século (1863 aos anos 1960) após a escravidão do que durante o segundo século após a abolição (desde os anos 1960). De acordo com a ‘Encyclopaedia of the Social Sciences’ de 1938 havia, nos USA quando da publicação dessa edição, 11% de crianças negras nascidas de mães solteiras. Atualmente 75% das crianças negras são filhas de mães solteiras. Conforme Sowell e Williams, em todos os censos realizados de 1893 a 1954 os negros apareciam tão ou mais ativos do que os brancos no mercado de trabalho. Ou seja, eles estavam prosperando sem o auxílio do estado e dos “justiceiros sociais” (na verdade eles estavam prosperando provavelmente por estarem livres do estado e dos “justiceiros sociais”).

Mas o que teria causado tal retrocesso na prosperidade da família negra? Ora, dentre as causas dos problemas enfrentados pelos negros estão o assistencialismo estatal e a dissolução de valores e instituições como, por exemplo, a família. Sem falar, é claro, que os negros, tal como ocorre com as mulheres, com os gays e com todas as chamadas “minorias”, foram sequestrados pela esquerda (pelos “justiceiros sociais”) e adotados, segundo Sowell, como suas “mascotes”. Como disse o finado Walter Williams, “o maior dano causado aos negros nos USA é infligido pelos políticos, pelos líderes dos direitos civis e pelos acadêmicos, os quais sustentam que todos os problemas enfrentados pelos negros resultam de um legado de escravidão e discriminação. Essa é uma visão que garante a perpetuidade dos problemas”.

Com efeito, esse seria um dos exemplos que indicam que a degenerescência moral (estimulada sobretudo pelo relativismo inerente ao “multiculturalismo”) precede o advento de diversos problemas de caráter social, político, econômico, etc. Há uma evidente correlação, então, entre decadência da estrutura familiar e esfacelamento social.

Mas o ponto é que, sob a ideia de “multiculturalismo”, está oculta uma agenda com fins que, no longo prazo, são causa de corrupção social, cultural, educacional, econômica, etc.

Não obstante, e quanto aos modelos de sociedade? Ora, aqui os “multiculturalistas” frequentemente expressam seu desprezo pela cultura ocidental e por alguns de seus valores, como os de empreendedorismo, livre mercado, individualismo, mérito, propriedade privada, etc. Isso fica claro especialmente em sua visão romântica de povos primitivos e, claro, de sociedades socialistas (anticapitalistas). Nesse sentido, para eles pouco importa que os povos primitivos que eles tanto elogiam fossem mais propensos à violência do que os povos civilizados (como o demonstrou de forma detalhadamente documentada Steven Pinker); pouco importa para eles também que, se nos deixássemos inspirar por esses mesmos povos, ainda estaríamos vivendo em pardieiros, andando seminus, dormindo no chão, sujos, comendo coisas (criaturas) repulsivas, etc. Também pouco importa para eles que os regimes anticapitalistas, por eles tão enaltecidos, tenham causado a morte de milhões de seus próprios cidadãos (em “Death by Government” Rudolph Rummel nos mostra, por exemplo, que a União Soviética causou a morte de mais de 60 milhões de pessoas, bem como que a China causou, de 1949 a 1976, a morte de 78 milhões de seus próprios cidadãos. Ou seja, perto de regimes como esses Hitler foi um amador medíocre). E mesmo assim os “multiculturalistas” insistem que não há culturas melhores, embora tendam a, contraditoriamente, tecer elogios especialmente às piores (como às acima citadas). Eles ignoram perguntas básicas, do tipo: “Por que certos povos ou se extinguiram ou estão em vias de se extinguir?”, “Por que as pessoas fogem de regimes socialistas?”, “Por que não sabemos de caso algum de alguém que tenha embarcado em uma balsa precária – sob alto risco de morrer - para fugir da Florida para Cuba?”

É um fato que as pessoas, quando almejam prosperar, fogem para sociedades ocidentais capitalistas. Por que? Ora, porque nessas sociedades elas encontram os meios para progredir. Mas os “multiculturalistas”, desde seu bunker (a universidade), seguem pregando a igualdade entre as culturas, sob a égide de conceitos como ‘identidade’, ‘diversidade’, etc. A partir disso inclusive áreas acadêmicas foram criadas, como as voltadas para “estudos étnicos”, “estudos “multiculturais”, “estudos de diversidade”, “estudos de inclusão”, “estudos de desigualdade”, “estudos de gênero”, “estudos decoloniais”, etc, as quais não são realmente estudos em seu sentido sério (enquanto aplicação zelosa da inteligência com vistas ao conhecimento, o que envolve inclusive a aquisição e desenvolvimento de habilidades cognitivas), mas apenas propaganda antiocidental vulgar. São, em suma, áreas altamente acolhedoras para aqueles que apenas desejam se divertir às expensas dos pagadores de impostos.

Mas o terrível é que disso tudo decorrem diversos flagelos sociais, os quais são oriundos do colapso dos pilares civilizacionais, tão hostilizados pela mentalidade “multiculturalista”. Dentre os indicativos de futura degenerescência social temos, além do acima referido enfraquecimento da ideia de família, a ruína educacional. Com efeito, o malogro de nosso modelo educacional é hoje mensurável. Basta observarmos os resultados: não apenas somos um fracasso no resultado do teste internacional de PISA e em qualquer outro que se aplique, como também sabemos que “incluímos” nas universidades os mesmos sujeitos pessimamente formados em nossas escolas. Resultado? Segundo o ‘Estudo especial sobre alfabetismo e mundo do trabalho’ (2016), do Instituto Paulo Montenegro, apenas 22% dos estudantes em vias de concluir o curso universitário (ou que recentemente o concluíram) são “proficientemente alfabetizados”. Ou seja, temos 78% de estudantes, ou se formando ou em vias de se formar em nossas universidades, que não sabem, ainda, ler e interpretar um texto adequadamente (suponho que os não proficientemente alfabetizados estão, em sua maioria, nas ‘humanidades’, focados nos “estudos étnicos”, “estudos “multiculturais”, “estudos de gênero”, etc.). Imaginem, então, em que nível estão os calouros. Em breve nós, professores universitários, teremos que alfabetizar os que ingressam na universidade (na verdade, essa já seria uma necessidade). Eis os frutos da “pedagogia inclusiva” inspirada na “diversidade” e na “pluralidade étnica e cultural”.

Poder-se-ia mencionar, ainda, outro resultado perverso do relativismo, qual seja, a vitimização do criminoso. Dado a aversão dos “multiculturalistas” à sociedade capitalista civilizada ocidental, frequentemente eles a culpam pelos males vigentes, como se não houvesse responsabilidade individual e livre arbítrio (como se todos fossem “bons por natureza” e a sociedade – capitalista – os tivesse corrompido). Assim, faz parte do seu acervo de ideias tóxicas uma espécie de determinismo que assume o criminoso como “vítima da sociedade” (da sociedade capitalista, é claro). Ou seja, um sujeito que rouba não o faria por uma escolha (errada) individual, mas por determinação de uma sociedade capitalista e consumista. Portanto, ele se torna inimputável: uma vítima. Isso obviamente acaba enviando à sociedade algumas indicações doentias, como, por exemplo, um estímulo à criminalidade (dado ignorar a liberdade individual e consequente responsabilidade), bem como a ideia de que às vezes roubar é justificável, compreensível, que vale a pena, etc. E dessas ideias advém a leniência com que a mentalidade esquerdista trata o criminoso, uma visão que hoje já não está restrita às universidades, mas já se espraiou perniciosamente pelo judiciário.

Poderíamos, ainda, citar outros efeitos degenerescentes do “multiculturalismo”, sobre a arte, sobre a cultura em geral, etc. Mas os exemplos acima são suficientes para nos mostrar em que sentido o “multiculturalismo” está fragmentando os pilares de nossa civilização, conduzindo-a ao seu fim. Ou resgatamos nossa cultura e valores superiores ou estamos destinados contemplar o ocaso de nossa já agonizante civilização.

Para ler aos meus textos diários,


Carlos Adriano Ferraz é graduado em Filosofia pela Universidade Federal de Pelotas (UFPEL), Mestre em Filosofia pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), doutor em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), com estágio doutoral na State University of New York (SUNY). Foi Professor Visitante na Universidade Harvard (2010). É professor da Universidade Federal de Pelotas (UFPEL).

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👆 A pandemia virou o dia da Marmota
(por Cândido Neto (Mafinha Summers))


No começo dos anos 90, o comediante Harold Remis, o Egon de caça fantasmas, e Bill Murray, o Peter Venkman do mesmo filme, resolveram produzir um filme de ficção científica/comédia muito despretensioso chamado no Brasil de O Feitiço do Tempo. O filme se passava em uma cidadezinha, no dia da Marmota, uma comemoração onde todos da cidade iriam ver se a marmota logo após a sua hibernação iria colocar a cabeça para fora da sua toca. Se colocasse o verão seria farto e o inverno mais curto. Enfim, um filme muito sem pretensões, a grande sacada do filme é que por algum motivo, para o personagem de Bill Murray, o dia ficava se repetindo exatamente igual todos os dias, não importando o que ele tenha feito no anterior. Portanto, para eventos repetidos, costumou-se chamar de dia da Marmota.

Essa introdução longa foi necessária para explicar com detalhes o que seria o looping temporal do dia da Marmota. Tudo isso para tentar, com mais leveza, explicar a situação em que nos encontramos. Há poucos dias foi relatado ao mundo a existência de uma variante sul africana da nossa já velha conhecida COVID. Ninguém sabe exatamente quais os efeitos da nova variante, sabemos apenas que ela parece resistente a algumas vacinas, é mais contagiosa, porém não é muito letal. Mesmo assim, isso levou governos do mundo todo a começarem o processo de trancamento das pessoas em suas casas, a apertar o garrote, mais forte ainda no quesito obrigatoriedade de vacinação. Ou seja, tudo de novo como no começo da pandemia, começamos a ver vídeos dos tais de “centros de detenção para infectados”, começamos a ver vídeos de policiais arrastando de suas casas pessoas inocentes, enfim, as mesmas imagens da distopia pandêmica que vivemos. Esse looping temporal que os governos do mundo estão impondo às populações, porém, tem um ingrediente mais perigoso: cresce exponencialmente o número de pessoas indignadas com o cerceamento da sua liberdade e dispostas a sair para as ruas e enfrentar o que quer que seja para recuperá-la. Este ingrediente é muito perigoso, pois junta um povo desesperado, com medo, sem dinheiro, contra políticos com medo, desesperados e com sede de controle.

É uma receita destinada a causar o caos completo e os governos parecem não acreditar que suas populações iriam reagir contra eles. Pensam que é apenas uma minoria, que aqui no Brasil se convencionou chamar de: negacionistas. Só que, muito pelo contrário, a cada dia que vivemos neste dia da Marmota da Pandemia, com as mesmas soluções que já não deram certo antes, mais pessoas se revoltam e começam a sair de casa e resistir e assim mais os governos oprimem. Enquanto isso, a mídia corporativa continua no seu mundo de fadas, das quarentenas gourmet falando com desdém dos negacionistas. Vai se arrepender amargamente casa jornalista que fala isso hoje.

Nossa sociedade está à beira de um colapso social, que foi gestado no ventre de uma elite politicamente correta e progressista, e que ignorou as demandas do homem médio para colocar no seu lugar o seu apreço à uma sociedade imoral, onde nada é canônico nem nada é um dogma. O fim deste eterno looping está chegando ao fim e o mundo como conhecemos não vai existir mais.

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CULTURA


 👆Submundo Hacker: crime, política e reflexão numa trama de tirar o fôlego
(por Camila Abdo)



O livro Submundo Hacker, do escritor Laudelino de Oliveira Lima, surpreende ao trazer assuntos que são destaque no noticiário, como os ataques de hackers, mas a história vai além. Partindo de uma trama engenhosa, o autor se aprofunda, desperta a reflexão do leitor, que começa a se questionar a respeito de seus próprios valores. Em entrevista exclusiva à revista A Verdade, Laudelino de Oliveira Lima revela detalhes da obra e desperta mais ainda nosso interesse em ler o livro, confira:

Revista A Verdade: Seu livro inicia com a seguinte explicação: “As situações aqui descritas são fictícias, mas alguns personagens são reais e tiveram seus nomes trocados. Alguns. E os hackers... são nomes de hackers”. O que é fictício e o que é real na (estória) história?

Laudelino de Oliveira Lima: Obrigado pela oportunidade e pela entrevista. Se eu der a melhor resposta, também entrego as melhores partes do livro. Seria um “spoiler” enorme. Mas, como não é bom deixar perguntas sem respostas, confesso que a vida tem me mostrado que a ficção não consegue mais acompanhar a realidade. Várias são as situações do nosso cotidiano, que não seriam plausíveis num livro ou na tela do cinema. Tal como aconteceu com os roteiristas do filme “Até o último homem” (Hacksaw Ridge), que tiveram que retirar da película muitas passagens reais que não ficariam bem no cinema, soariam falsas. Vi uma notícia recente do Paraná, onde uma mulher foi salva de um estuprador por um estuprador homossexual que estuprou o estuprador. Vejam a nossa política. Você não consegue explicar o Brasil para um gringo. É um trabalho medonho.

Olhando todas as loucuras do mundo e a necessidade de contar essa estória, tive todo o cuidado para que tudo fosse feito o mais próximo da realidade. Seja pela brutalidade, pelo heroísmo, pelos sentimentos, pelo o que é dramático e trágico. Tudo ficou tão bem dosado, que a própria editora me perguntou se aquilo tinha acontecido ou não. Em resumo, mais importante do que identificar o que é estória ou o que é história, é saber que o que está escrito ali é possível. Todos os personagens lutam contra problemas reais. As organizações poderiam ter seus nomes trocados e encontraríamos similares no nosso dia a dia. Dizem até que é uma boa sugestão para resolver alguns dos problemas brasileiros. Só quem atravessar a obra é que poderá dizer se isso é real ou ficção.

Revista A Verdade: Por que você escreveu esse livro? Quer alertar a população de algo que aconteça no deep state e não sabemos?

Laudelino de Oliveira Lima: Ele nasceu após a minha leitura da obra do Eliyahu M. Goldratt, “A Meta”, que recebi emprestado de um amigo engenheiro de produção. Na época, estávamos instalando sistemas ERP (Enterprise Resource Planning) em algumas indústrias do Rio de Janeiro e as conversas eram sempre focadas em processos de melhoria contínua. O Eliyahu utiliza uma estória de um engenheiro em um novo cargo de uma fábrica cheia de problemas. Ele acaba encontrando um velhinho no aeroporto que lhe dá umas dicas transformadoras e passa a ver soluções até na sua casa ou no acampamento de fim de semana com o seu filho. É uma estória boa de ser lida e aquilo me encantou.

Comecei então a escrever sobre tecnologia, hackers, ataques e defesas em meio a um romance. Chegou a ter cerca de 700 páginas e nem tinha arranhado a superfície do que eu queria abordar. Uma consultora literária me mostrou o tamanho do problema e a impossibilidade da publicação. Isso era algo por volta do ano 2001. O projeto então ficou parado. Brochei.

Foi quando vi algumas pessoas tirando sarro do estagiário de T.I., (Anderson, lembrei-me do nome) que havia chegado ao setor com um livrão nos braços. Diziam que era o manual do “Anel de Couro”, uma brincadeira referente a um programa do Tom Cavalcante. Pedi pra ver e era “O Senhor dos Anéis”. Edição única. Martins Fontes. Mais de 1000 páginas. Abri em qualquer lugar e vi um português muito bonito. Comprei o meu no mesmo dia. Esse foi sem dúvida, o melhor livro que já li na vida. A complexidade daquele mundo, os valores, as lutas, a descrição dos personagens, dos locais, fiquei encantado com o Tolkien. Resolvi que iria escrever assim e claro, falhei miseravelmente. Eu já acompanhava na época os escritos do Olavo por indicação de um amigo em uma comunidade “gamer” e vi que deveria comer muito feijão com arroz. Passei então a ler muito e a escrever também. Conheci a voz do Olavo Blog Garganta de Fogo, do Yuri Vieira e continuei acompanhando nos True Out Speak semanais. Junto com um maior entendimento do nosso Brasil, veio a vontade de girar o livro na direção do nosso país e claro, fazer com que as pessoas percebam o tamanho do buraco que nos enfiamos. Pra isso, tive que falar da política, corrupção, doleiros, quadrilhas, tráfico de drogas e como opera o suposto deep state nacional.

Revista A Verdade: Outra coisa que chama a atenção é a sua dedicatória: “Dedico este livro aos cem milhões de pessoas que perderam a vida durante as guerras do século XX e aos outros duzentos e sessenta milhões que morreram em tempos de paz no mesmo período, vítimas de democídio, ou seja, por ações do seu próprio governo”. Não é uma dedicatória comum. Por que essa dedicatória?

Laudelino de Oliveira Lima: Faz parte da minha personalidade, ouvir e ver muito mais do que falar. Fui desenhista na juventude e aprendi a reparar os mínimos detalhes quando me dedico a prestar atenção a alguma coisa. Eu sempre olho um esquerdista com muita atenção. Já não me surpreendo mais com o que vejo. Há claramente uma divisão entre os desinformados e os canalhas. Vi muita sinceridade nos desinformados. Pessoas que estão verdadeiramente incomodadas com tudo e são orientadas pelos canalhas que lhes entregam um monte de informações tortas ou falsas. Muitos dos canalhas estão nisso a soldo ou mandato. São canalhas remunerados. É claro que é tudo muito mais complexo que esse meu parágrafo, mas eu vou além deles. Observo os governos, os planos, a direção de toda essa turma da comissão de frente, tudo o que fazem para avançar. David Horowitz explica isso muito bem no seu livro “A Arte da Guerra Política”. A esquerda se confunde com a mentira.

Os governos de esquerda na história, sempre me chamaram muita atenção na tentativa de compreender como as sociedades permitiram que aquilo acontecesse. Muitas dúvidas sumiram durante a pandemia, pois experimentamos na pele a perda de direitos naturais em nome de qualquer coisa. Sempre encontram eco nas manadas de pessoas em busca de seu próprio bem estar. A liberdade como commodities, vale muito pouco. Nossa geração nunca precisou lutar por ela. Muitos até hoje nem perceberam o que perderam. Continuam indo no shopping e acham que isso é liberdade. Se liberdade fosse material, teria cheiro de sangue, gosto de lágrimas e o peso do sofrimento de todos aqueles que perderam seus filhos, seus bens, sua honra, suas propriedades e até mesmo a vida. Convido qualquer um a parar e olhar qualquer foto de qualquer cidadão em qualquer país que tenha praticado democídio. Olhe para aquele rosto. Você nunca conseguirá ter a noção do real sofrimento infligido a uma única pessoa posta na mais miserável situação que qualquer um desses governos consegue fazer. Nenhuma dessas pessoas são isoladas. Elas tinham pai, mãe, amigos, primos, parentes, filhos, cônjuges, amores. Seu sofrimento não é seu. É coletivo. Todos sofreram juntos.

Agora multiplique pelos milhões das estatísticas mais conservadoras. A quantidade de sofrimento que as ideologias causaram no século 20 é algo tão grande, que não cabe na compreensão do homem comum. Não cabe nos livros escolares. Não estão sendo transmitidos pelas gerações. Sumiram com o Holodomor. Já dizem que o Holocausto não aconteceu. Não precisamos falar desses crimes. Precisamos gritar sobre eles.

Em resumo, a minha dedicatória já é um pé na porta, para dizer logo de cara que não estou ali pra brincadeira. Não foi escrito por um distraído. É um livro ficcional, mas é um livro sério. No seu fechamento, tem uma mensagem fortíssima. Jogo todos os leitores e sem aviso, no “Sentido da Vida”. É Viktor Frankl puro. Alguns dizem que o terço final do livro abona algumas aulas do Seminário do Olavo, mas só ele poderia dizer isso (rs). Posso parecer agressivo na minha resposta, mas não. Digo tudo isso com serenidade, mas sem recuar. Afinal, foi o “véio” quem nos ensinou que: “Moderação em defesa da verdade é serviço prestado à mentira”! E quem é o pai da mentira?

Revista A Verdade: Os hackers envolvidos na descoberta da empresa de doleiros são expostos pela Polícia Federal e viram alvos. Isso me lembra do caso da Vaza Jato. Foi inspiração?

Laudelino de Oliveira Lima: Olha o spoiler(rs).

Esse ponto da estória foi escrito por volta de 2004. Na época em que “Lava a Jato” era um serviço de limpeza automotiva e não uma operação jurídica/policial nos calcanhares dos políticos. Eu sempre acompanhei de perto, muito curioso com as similaridades. Jesus amado, meu doleiro se chamava Alberto e os caras pegaram o Alberto Youssef. Quando saiu a série “O Mecanismo” na Netfllix, tomei um susto. A sinopse entregava uma parte do meu livro e quando assisti foi um alívio. O filme foi tão fundo no sistema quanto um pires. Não houve inspiração, mas usei como referência para balizar se o que eu havia escrito permanecia crível.

Revista A Verdade: As pessoas descobertas pelos hackers fazem parte do sistema, na qual você adjetivou como uma grande hidra que opera nas sombras brasileiras há décadas. Estamos falando das empresas da Lava Jato?

Laudelino de Oliveira Lima: Eu usei o nome “Systema” do grego para se diferenciar do Sistema. A descrição que faço é mais profunda e complexa. Há uma aula inteira no livro explicando isso. Mas, muitas dessas empresas da Lava Jato, só queriam se dar bem mesmo. Foi tudo muito compensador. Veja o caso da JBS. Estão muito bem no mercado, nadando de braçada e sozinhos. Tornaram-se a maior empresa de proteínas do mundo. Não tenho dúvida que serão procurados em todas as eleições. Não houve justiça. Falo disso no livro. Sobre a importância do peso da pena. A importância de ser justa e que sirva como exemplo contra um novo criminoso. O que estamos vendo é que até agora está valendo a pena. Estão até devolvendo os bens do Lula. Em resumo, vai acontecer de novo, pois não houve justiça.

Revista A Verdade: Que mensagem o livro passa e o que você espera alcançar com essa história?

Laudelino de Oliveira Lima: Escrevi com o objetivo de que as pessoas entendessem um pouco mais os nossos problemas. Que atravessá-los exigiria coragem e resolvê-los exigiria virtudes. Escrevi pra mostrar que devemos seguir em frente fazendo a coisa certa, mesmo que o nosso inimigo seja muito maior do que as nossas forças e possibilidades. Escrevi para que entrasse de sola na guerra cultural. Escrevi sobre família, amizades e amor incondicional. Escrevi para gente que gosta de rir e pra gente que chora. Para qualquer idade. Para ser dado de presente para quem se ama. Espero alcançar o coração das pessoas. Fazer com que elas se tornem diferentes tão logo terminem o último capítulo. Que reflitam se estão fazendo a coisa certa. Escrevi sobre o sentido da vida para que as pessoas olhem para as suas vidas. Olhem para si mesmo e vejam se estão no caminho certo, pois só há um caminho, só há um guia, só há uma verdade, só há um verbo. Tudo se resume ao que Ele espera de nós e eu precisei de 290 páginas para te entregar uma única palavra que explica tudo. Está lá. No fim da estória. Uma simples palavra.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 26, de 28/11/2021 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


VIDA E LEGADO


👆 Mário, o velho



(por Roberto Lacerda)


Como o Brasil produziu e esqueceu um dos mais brilhantes filósofos desde a Escolástica
Geralmente me preocupo em escrever a introdução dos artigos de Vida e Legado sem “entregar de bandeja” os biografados. No entanto, na edição deste mês me foi concedida a honra de “biografar” o mais eminente filósofo brasileiro; uma das mentes mais brilhantes desde a Escolástica.

Por isso, sem delongas, lhes informo o (gigante) nome deste mês: Mário Ferreira dos Santos (1907 – 1968), ou apenas O Velho. Se para ser assim chamado na antiguidade era necessário um descendente ilustre – mas não tanto – e se seguia esse termo ao próprio nome (vide Catão e Plínio), o filósofo brasileiro recebe esse ‘tratamento carinhoso’ por discípulos (diretos ou indiretos) e críticos.

Dele disse o filósofo Olavo de Carvalho (74), numa de suas aulas, que seria um dos raríssimos a se sentar numa mesa com Platão (427 a.C. – 347 a.C.), Aristóteles (384 a.C. – 322 a.C.) e São Tomás de Aquino (1225 – 1274) e conseguir conversar – ao lado de Eric Voegelin (1901 – 1985).

Breve resumo de uma curta vida

Ao pequeno, o gigante parece sempre viver pouco, principalmente quando d’uma morte ‘repentina’ aos 61 anos. O que não impediu Mário, O Velho, de desenvolver seu próprio sistema filosófico, formar discípulos, fundar editoras (Logos e Matese) e traduzir obras de grandes pensadores como Blaise Pascal (1623-1662), John Duns Scot (1266-1308), Walt Whitman (1819 – 1892), Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Immanuel Kant (1724-1804), além de outros gigantes como Aristóteles e São Tomás de Aquino.

Também foi profícuo escritor, havendo por isto a necessidade de fundar suas editoras. Numa época de tecnicismo e filosofia ‘profissional’, este filho de um português – dono de uma companhia teatral itinerante – pensava, criava e publicava suas obras buscando pela originalidade.

E tanto produziu, que o Professor Carlos Aurélio Mota de Souza, no artigo “Por que reler Mário Ferreira dos Santos hoje?“, publicado na Revista de Filosofia da Editora Escala, afirma que há 29 obras inéditas do filósofo brasileiro.

Talvez não tivesse um problema cardiovascular levado O Velho prematuramente, em 11 de abril de 1968, e estariam publicadas, para proveito de nossa degradada intelectualidade.

O Velho e a Cultura

Com algo de ‘patriota’, apesar de sua fidelidade ao anarquismo libertário, reclamava da colonização do pensamento brasileiro, que impediria os intelectuais desta nação de desenvolverem algo próprio, lhes restando a cópia malograda do estrangeiro.

Possivelmente concordaria com ele outro gigante (da literatura), Ariano Suassuna (1927- 2014), que dizia “não troco meu ‘oxente’ pelo ‘ok’ de ninguém”. Aliás, foi Mário um ferrenho defensor da cultura, porém, diferente do que alegam alguns intelectuais, não considerava cultura qualquer arremedo de costumes e comportamentos.

Na mesma obra na qual afirma que “a cultura é livre por natureza”, também critica a ascensão do barbarismo e sua penetração nas civilizações através da cultura. Invasão Vertical dos Bárbaros não é somente um livro “mais conhecido”, mas um ensaio com dignidade de monumento.

Sua clareza assusta aos espíritos hipersensíveis de nosso século, ao ponto da É-Realizações se ver obrigada a introduzir uma nota para suavizar o impacto de sua linguagem objetiva e (como seu sistema filosófico) concreta. Acontece que O Velho manda às cucuias seu anarquismo libertário e literalmente defende o uso da força para retirar determinadas culturas do barbarismo – para “piorar” (aos olhos dos emocionados) o filósofo fala que as culturas bárbaras precisam de “religião e chibata”, se quisermos que abandonem os comportamentos malignos (o infanticídio indígena no Brasil é um indicativo).

Ora, se algum antropólogo moderninho ler ou ouvir tal afirmação, o mínimo que se pode esperar é um ruído de “racista” partindo de seus trêmulos lábios, enquanto lágrimas escorrem copiosamente por sua face e ele liga para sua mãe, ou publica alguma fanfic na internet.

Afinal, levar religião e ordem aos povos que matam seus semelhantes em rituais, praticam infanticídio e assassinam deficientes, não é bem quisto pelo meio desses “estudiosos” e as ONG’s que lhes financiam. Somente o homem civilizado – pela religião, afinal cultural advém de culto – deve ser punido por suas transgressões. Mário, O Velho, usaria sua chibata libertária nessa “intelligentsia”.

Sua Filosofia

Não analisarei aqui o sistema filosófico de Mário Dias Ferreira dos Santos. Primeiro, porque não estou à altura desse desafio, segundo, porque este artigo viraria um livro. Porém, como é impossível falar sobre o legado de um filósofo, sem falar sobre sua filosofia, tentarei discorrer brevemente sobre este tópico, sem me perder.

Sendo O Velho um crítico da ”colonização intelectual” no Brasil e defensor do desenvolvimento da nossa própria filosofia, não deixaria de empreender essa aventura, tentada pelo cearense Raimundo de Farias Brito (1862-1917).

Dá o brasileiro ao seus sistema o nome de filosofia concreta, que difere do sistema de mesmo nome do francês Gabriel Honoré Marcel (1889 – 1973). Marcel propõe um sistema baseado na tradição fenomenológico-existencial, para o qual a filosofia não iniciou a partir de abstrações, mas da experiência concreta. A realidade forneceria estruturas concretas a partir das quais desenvolveríamos nossos pensamento que, por sua vez, se voltaria novamente para essas estruturas, sendo então capaz de as compreender e “iluminar as questões sobre a própria Vida”.

Marcel seria o pai do existencialismo cristão francês, principalmente após sua conversão à Igreja Católica Apostólica Romana, em 1929. Essa virada não eliminou seu “concretismo”, porém, alterou a direção de sua filosofia, que ele mesmo passou a definir como “socratismo cristão”.

Bem, retornando ao biografado original…

Mário desenvolveu sua filosofia concreta a partir da compreensão unificada da realidade, contudo, com elevado rigor matemático – sentimos aqui a influência do grego Pitágoras -, analisando dialeticamente as ”descobertas filosóficas” contemporâneas e as comparando às heranças recebidas pela tradição.

Talvez os principais exemplos de utilização do método pelo próprio filósofo sejam as obras “Filosofias da Afirmação e da Negação” e “Análise Dialética do Marxismo”, que possuem edições pela É-Realizações (aqui e aqui). Também recomendo “Lógica e Dialética”, da editora Paulus; “Filosofia e Cosmovisão“, É-Realizações; “Pitágoras e o Tema do Número”, IBRASA; “O Uno e o Múltiplo em Platão”, IBRASA; “Cristianismo, a Religião do Homem”, EDUSC e “Métodos Lógicos e Dialéticos”, Logos.

Se tentar me aprofundar, leitor, é possível que me torne obscuro e lhe confunda mais do que elucide. Recomendo – àqueles que se sintam aptos à empreitada que adquiram a edição crítica da É-Realizações/Filocalia, com as notas do professor Luís Mauro Sá Martino e bibliografia que abrange quase todas as citações e referências de Mário Ferreira dos Santos na composição dessa obra.

As recomendações seguiram os critérios de importância e disponibilidade editorial. Resumindo, escolhi aqueles que mais ajudam na compreensão do sistema filosófico de Mário Ferreira dos Santos, dentre os disponíveis no mercado.

O Professor

É inegável a influência de Mário em diversas áreas das ciências como ontologia, história, oratória, retórica, psicologia, epistemologia, teologia, religiões, sociologia e filosofia matemática. Imaginemos, portanto, a influência direta sobre outras mentes.

Olavo de Carvalho (provavelmente o maior filósofo brasileiro deste século) jamais negou sua dívida intelectual com Mário Ferreira dos Santos, e o mesmo podemos dizer do anarquista Jaime Cubero (1926 – 1998). Ainda na lista de pensadores que beberam dessa fonte temos Luiz Felipe Pondé, Carlos Aurélio Mota de Souza, Stanislavs Ladusãns (1912 – 1993), Martim Vasques da Cunha, José Monir Nasser etc.

Devido a sua verve anarco-libertária, que o levaria a militar nesse movimento pós-Estado Novo, jamais aceitou cargos em instituições oficiais, preferindo ministrar aulas particulares para poucos discípulos e manter as atividades independentes de tradutor, escritor e editor.

Conhecimento enciclopédico

A obra magna de Mário Ferreira dos Santos está dividida em apenas 56 volumes. Sim, 56 volumes! É a Enciclopédia de Ciências Filosóficas e Sociais. O Velho se dedicou 16 anos para a publicação do que Olavo de Carvalho chama de “um dos pilares da filosofia”.

E Nietzsche?

Mário Ferreira dos Santos inicialmente fez sucesso com o livro ”O Homem que Nasceu Póstumo”, baseado em seus estudos sobre vida e pensamento de Friedrich Nietzsche.

Inclusive, é do filósofo nascido em Tietê, interior de São Paulo, uma das melhores traduções ao português da obra “Vontade de Potência”. A interpretação dada ao pensamento do prussiano merece atenção.

Para O Velho, antes de ser filósofo ou filólogo, ou mesmo crítico cultural, Nietzsche era poeta. Isso significa que o prussiano enxergava a realidade com imaginário de poeta. Isso explica sua atitude frente ao mundo, que se assemelha ao poeta brasileiro Camilo Castelo Branco.

Mesmo quando Nietzsche afirma que “Deus está morto”, tal soa mais como uma denúncia sobre a sociedade de seu tempo e o processo de secularização total da vida alemã, do que uma defesa apaixonada do ateísmo.

O Super-Homem, que estaria acima do Bem e do Mal, ao qual o Ser Humano estava perseguindo na intenção de se tornar uma divindade, ou o próprio Deus, seria uma ‘profecia’ resultante de uma mente sagaz e estóica. Tão exageradamente estóica, que estaria na estrada do niilismo.

Não que o filósofo brasileiro tenha afirmado diretamente tais conclusões, mas é o que se aduz partindo de sua análise sobre o prussiano.

Uma curiosidade antes do fim

Sendo filho do dono de uma companhia itinerante de teatro, não escapou a participação em projetos de seu pai. Participou do curta-metragem Os óculos do vovô, considerado a produção cinematográfica mais antiga do Brasil.

Se perdemos um grande ator, jamais saberemos, mas se deixarmos a obra e a memória de Mário Ferreira dos Santos serem esquecidas, de fato perderemos um dos pilares de nossa história cultural e filosófica.


O homem é um fim e não um meio. Utilizá-lo, transformá-lo em peça de um mecanismo, é ofender a sua dignidade

— Mário Ferreira dos Santos

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ESMERIL NEWS | ENTREVISTA



👆 CULTURA DO CANCELAMENTO | Entrevista com o editor Telmo Diniz
(por Leônidas Pellegrini)


“O maior problema que eu vejo é que as pessoas que optaram por esse cancelamento estão reagindo a uma palavra: ‘conservador’. Elas leram ou ouviram que publicarei obras de viés conservador e, de imediato, reagiram a isso. Assim, o que podemos perceber da situação é a força que tem a linguagem”

Na medida em que se multiplicam novos empreendimentos editoriais com foco em publicações conservadoras no Brasil, cresce a sanha dos canhotos canceladores de plantão. Foi o que aconteceu com Telmo Diniz, editor estreante e fundador dos selos Saquarema e QS Comics, antes mesmo que as primeiras obras de suas editoras viessem a lume.

Os fatos se desenrolaram a partir da publicação de uma matéria de Érico Assis, da Omelete, elogiando a publicação da graphic novel Apesar de Tudo, de Jordi Lafrbre, pela QS Comics, e ao mesmo tempo lamentando que tal publicação esteja sendo viabilizada por uma “empresa de viés conservador” (seja lá o que isso queria dizer). Érico foi até honesto em não disfarçar seus posicionamentos francamente à esquerda, mas, como atenta o próprio Telmo Diniz, ele talvez tenha se valido, por meio de seus comentários, de um dog whistle, um apito de cachorro para chamar sua patota canhota a promover o cancelamento da editora.

Intencional ou não, apito funcionou, pelo menos entre os caninos histéricos – um deles, inclusive, em um vídeo em seus stories no Instagram, não poupou o próprio Érico de críticas por promover este “odioso” empreendimento em vez de condená-lo ao silêncio. Além disso, algumas portas que já haviam sido abertas para a promoção das novas QS Comics simplesmente foram fechadas, com colegas editores simplesmente dando as costas ao editor estreante e silenciando-se sobre seu trabalho.

Apesar de Tudo e Esperanças Destroçadas: Tiananmen 1989, as duas primeiras publicações da QS Comics

Entre o silêncio e o ódio furioso, eis a cultura do cancelamento, que se traduz, em última instância, no desejo da pura e simples inexistência, no não-direito de existir, na eliminação física daqueles que não pensam como você – e por “aqueles”, leia-se todo a qualquer conservador. Eis aí as verdadeiras aspirações dos defensores da justiça e da democracia.

A boa notícia é que o mercado consumidor das ditas “obras de viés conservador” é vasto e ávido de novidades, e toda a histeria dos canceladores de plantão só se acaba traduzindo em maior interesse desse público pelos “cancelados”, que, quanto mais são atacados, mais crescem. É isso que prevejo que acontecerá com as iniciativas de Telmo, com quem conversei e cuja conversa resultou na entrevista a seguir.
 

Esmeril News: Telmo, em primeiro lugar, fale um pouco sobre você e sobre como acabou se tornando editor – esta é uma história bastante curiosa.

Telmo Diniz: Foi um longo percurso. Sou formado em Direito. Por cerca de 10 anos fui assessor de um magistrado. Desde as manifestações de junho de 2013 passei a me interessar mais por política. Em 2019 participei como voluntário de um projeto do Movimento Brasil Conservador (MBC). Eu era uma espécie de copidesque do site Brazil Uncovered.

Depois disso criei o PLCA – Prêmio Livro Conservador do Ano, mas o projeto acabou não indo adiante por falta de apoio. Não dá para fazer tudo sozinho. Nessa trajetória, de muito estudo e trabalho, sempre tive contato com os livros. Nos últimos anos tenho acompanhado mais de perto o mercado editorial brasileiro. Criar uma editora me pareceu o rumo natural a seguir.

Esmeril News: Fale um pouco sobre a Editora Saquarema e seu selo QS Comics. Qual é a proposta de tais selos, os títulos já publicados e no prelo etc.

Telmo Diniz: Como o próprio nome sugere a QS Comics publicará quadrinhos. Para ser mais específico, graphic novels. Estão em pré-venda atualmente Esperanças Destroçadas: Tianamen 1989, de Lun Zhang, Adrien Gombeaud e Améziane, e Apesar de Tudo, de Jordi Lafebre. A primeira trata dos eventos que culminaram no Massacre da Praça da Paz Celestial, na China. Já a segunda, vencedora do Prêmio Albert Uderzo de melhor quadrinho de 2020 na Europa, conta a história de amor entre Ana e Zeno, ambos já na casa dos sessenta anos. Por hora são esses os títulos da QS.

Quanto à Saquarema, publicaremos Hipermoral, do filósofo alemão Alexander Grau, e Antifa Revelada, de Andy Ngo, este último um best-seller nos EUA. Temos outros títulos estrangeiros já licenciados, mas a divulgação só ocorrerá no próximo ano. Enquanto a QS nos entretém, a Saquarema nos faz pensar. Em resumo, é essa a proposta.

Esmeril News: A publicação da graphic novel Apesar de Tudo ocasionou um artigo ao mesmo tempo honesto e tendencioso, assinado por Érico Assis, da Omelete, e um certo burburinho entre a ala esquerdista dos geeks, que querem seu cancelamento e não pouparam, inclusive, críticas ao próprio Assis pela divulgação de seus selos editoriais. Comente esta situação.

Telmo Diniz: Acho que o Érico Assis foi extremamente correto em divulgar o que estava se passando nos bastidores do mundo dos quadrinhos. É o que se espera de um jornalista. O artigo poderia, talvez, ser visto como um dog whistle (apito de cachorro em tradução literal), termo americano para o uso de uma linguagem que tenta, sem chamar a atenção, passar um comando para uma audiência específica. Sob essa ótica, o artigo seria um convite tácito ao cancelamento, embora reconheça que o autor de um texto nunca tem controle total sobre a receptividade do que escreve.

Uma coisa que chamou minha atenção no artigo do Érico é que ele afirma que Apesar de Tudo foi a melhor leitura dele neste ano. Acredito que se não tivéssemos uma obra tão renomada em nosso catálogo, o artigo sequer teria sido publicado.

Esmeril News: Em seu artigo o Érico Assis afirma que viu conteúdo político em Apesar de Tudo, enquanto você parece discordar. Para evitar spoiler o Érico não se aprofundou na questão. Você poderia falar um pouco sobre isso?

Telmo Diniz: Apesar de Tudo conta a história de Ana e Zeno, duas pessoas que por anos a fio nutriram um amor platônico um pelo outro e que se reencontram quando já estão na casa dos sessenta. A obra tem um elemento machadiano. Não vou entrar em detalhes, mas algumas pessoas acham que existe uma traição ali, outras acham que não. Eu tenho a minha opinião sobre o assunto e acredito que cada um terá a sua própria.

O Érico acha que esse aspecto da história “pode irritar conservadores que defendem a sacralidade da família”. Achei isso uma tremenda bobagem. Apesar de Tudo é obra de ficção, não um manual de como se deve viver a vida, por isso não acho que tenha qualquer conteúdo político. Em um artigo do próprio Érico ele afirma que “você precisa dar tempo ao quadrinho”.

Acredito que tem um aspecto de Apesar de Tudo que pouquíssimas pessoas se deram conta (na verdade, nunca vi ninguém mencionar), mas sobre isso eu não posso falar, seria spoiler.

Esmeril News: Qual foi o seu sentimento quando se deu conta de que seria alvo dessa Cultura de Cancelamento?

Telmo Diniz: Decepção. Curto quadrinhos e acompanho o trabalho de muitos dos influenciadores e editores desse meio. Enviei mensagens para vários deles informando sobre as graphic novels que a QS Comics lançaria. A resposta foi um silêncio sepulcral. O Sidney Gusman, por exemplo, que além de editor da Panini é um dos criadores do site e podcast Universo HQ (UHQ), chegou a postar um comentário no Instagram, onde dizia que eu podia contar com a equipe do UHQ para fazer a divulgação das obras. No mesmo dia ele chegou a se tornar um seguidor da editora, mas isso durou poucas horas. Embora não tenha apagado o comentário, deixou de seguir nosso perfil e nunca respondeu meus e-mails. Com o Fora do Plástico, uma excelente criação dos jornalistas Pedro Ferreira e Mariana Viana, foi a mesma coisa. Nunca responderam.

O maior problema que eu vejo é que as pessoas que optaram por esse cancelamento estão reagindo a uma palavra: “conservador”. Elas leram ou ouviram que publicarei obras de viés conservador e, de imediato, reagiram a isso. Assim, o que podemos perceber da situação é a força que tem a linguagem. O imaginário dessas pessoas é mais forte que a própria razão. Criaram um espantalho ideológico e o atacam. Tamanho é o poder das palavras que, sem perceber, se tornaram um prato cheio para os demagogos de plantão. Basta usar a palavra certa entre eles e a adesão será imediata. E o que é pior… Acabam por estimular seus seguidores e admiradores a reproduzir o mesmo comportamento impensado. Citando Alexander Grau: “Assim como a estética kitsch, o moralismo kitsch se baseia principalmente no sentimentalismo. Seu campo é a sensibilidade exibida. A bondade é comprovada com sentimentalismo. Quem consegue fingir indignação da maneira mais convincente é considerado extremamente bom. E o melhor fingidor é aquele que nem percebe que está fingindo.”

Esmeril News: Justa graphic novel Esperanças Destroçadas: Tiananmen 1989 “cutuca um bicho” que tem sido poupado pela grande imprensa em todo mundo – sobretudo em relação à pandemia da Covid-19 – o Partido Comunista Chinês, e vem à lume, aqui no Brasil, no final deste biênio pandêmico. Houve algum estímulo para que essa publicação saísse agora ou foi apenas uma feliz coincidência?

Telmo Diniz: Minha intenção ao publicar esta obra, lançada em 2019 na França e até então ignorada pelo mercado editorial brasileiro, era trazer luz sobre um evento que é mais impactante do que normalmente se supõe. Todos conhecem aquela emblemática imagem de um homem que impede o avanço de uma fileira de tanques, mas em Tiananmen ocorreu muito mais do que isso. O fato de vir a ser publicada neste momento foi fortuito.

Esmeril News: Voltando à cultura do cancelamento, da qual está na mira, como encara o fato de ela ser promovida e defendida por aqueles que dizem defender a liberdade, a diversidade, a democracia etc.?

Telmo Diniz: É claro que ninguém pode ser obrigado a falar sobre o que não quer. Se os influenciadores do mundo dos quadrinhos querem ignorar a QS Comics, eles podem fazer isso. O que não podem fazer é impedir a desaprovação que advirá daí. Uma reação tão radical como o cancelamento é esperada em resposta a uma ação também extremada. E qual teria sido a ação praticada pela Saquarema? Nenhuma! Bastou saber que Andy Ngo será publicado e temos aí todo um nicho do mercado editorial (editores, influenciadores e até mesmo lojas especializadas) fechando as portas para a QS Comics. De roldão, fecham os olhos para a premiada Apesar de Tudo. Se não existe compromisso em se divulgar uma graphic novel tão celebrada, com o que haverá?

Esmeril News: Você imaginava causar uma reação tão forte?

Telmo Diniz: Eu achei que causaria um certo burburinho, um incômodo, o que nos levaria a um debate, pelo menos entre os admiradores de quadrinhos. Mas o cancelamento é o oposto disso. É a fuga do debate. Além disso, não estou certo se a explicação seja meramente política.

O mercado editorial sofreu muito nos últimos anos. A FNAC deixou o Brasil, a Saraiva e a Livraria Cultura estão em recuperação judicial e, para completar, as demais livrarias precisaram ficar de portas fechadas em 2020 por conta da pandemia. Resultado: as editoras mandaram muitos funcionários para a rua. Não é à toa que vemos pessoas antes ligadas a grandes editoras criarem as suas próprias. Se foram mandadas embora ou se pediram as contas por terem vislumbrado uma oportunidade, eu não tenho como saber.

Outra coisa que me chamou a atenção nessa história de cancelamento é o grau de afinidade entre todo o meio. Até aí, tudo bem. Acho até louvável que concorrentes, pessoas que trabalham para diferentes editoras, sejam tão próximas. O problema é quando se valem dessa proximidade para boicotar uma empresa que não pertence à “panela”. Aí a coisa ganha outra dimensão.

Esmeril News: Acompanhando o movimento do presente mercado editorial, te asseguro o seguinte: a cultura do cancelamento só vai te fazer crescer e prosperar. Portanto, para finalizar, gostaria apenas que você falasse sobre os planos futuros de seus empreendimentos nessa área: expansão, novos títulos e selos em vista etc.

Telmo Diniz: Faço tudo por conta própria. A empresa não tem nenhum funcionário. Nos termos do Érico Assis, sou um “homem-editora”. Aliás, isso ajuda a entender o porquê de atacarem minha pequena e recém-criada empresa. Quanto ao futuro, vou dando um passo de cada vez. Por hora a meta é cuidar dos títulos recém-lançados, mas uma coisa eu garanto: vai ser difícil nos ignorar por muito tempo.

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ESMERIL NEWS | LITERATURA



👆Café, terno e gravata
(por Vitor Marcolin)


Crônica

Geralmente, uma xícara de café não desperta grandes reflexões no sujeito logo pela manhã. Decidir sobre a quantidade de colheres de açúcar ou de gotas de adoçante é, provavelmente, o máximo de abstração que a xícara de café lhe inspira. Não mais. No entanto, há dias nos quais o utilíssimo recipiente, o familiar e íntimo receptáculo desta tão poderosa bebida, nos dá ensejo para pensar sobre questões que estão para além das meras proporções matemáticas dos dulcificantes — e dos seus respectivos coeficientes de “saúde”.

Não consultei nenhuma enciclopédia — virtual ou não; os grossos volumes da minha Barsa encaram-me, imponentes, desde a prateleira –, mas estou propenso a crer que somente o Brasil ostenta, com franco orgulho, aqueles ramos de café em sua bandeira. Não só. Há também um quinhão de tabaco que, entrelaçado na base com o do café por meio do simbólico laço verde-louro completa a insígnia do Brasil “entre outras mil”. Penso se, em função do fortalecimento da linguagem do politicamente correto, teremos de mudar o brasão da República, ou pelo menos desfalcá-lo.

Já o fizemos quando da mudança de regime; e, naquela ocasião, as forças da “mudança”, desfavorecidas pela opinião pública, tiveram de impor a nova realidade política ao povo “bestializado”. Caiu a coroa e, em seu lugar, colocaram um barrete vermelho; modificaram o escudo, colocando uma estrela no lugar da esfera armilar. Pelo menos no que se refere à realidade vegetal da simbologia nacional, os ramos de café e de tabaco permaneceram. Isto, claro, até que nova revolução identifique-os como inimigos. Mormente o tabaco, que já fora suprimido dos comerciais de tevê, deverá ser, muito em breve, substituído também dos símbolos nacionais.

É justo e necessário pensar sobre o que colocarão no lugar. Preocupam-me essas conjecturas porque, como eu imagino que as revoluções começam primeiro nos campus universitários, vejo que somente poderão substituir a ramada de tabaco por outra que lhes seja mais familiar; que melhor lhes inspire o veio revolucionário. Sorvemos uma xícara de café frio e sem açúcar em sua homenagem. Ouvi de alguém que jamais põe açúcar ou adoçante no café que isto lhe faz bem — não tive o menor receio de expressar toda a minha incredulidade.

Em certa ocasião, ouvi de um senhor que esteve refém das forças cubanas que, se um prisioneiro não quisesse esquecer-se do gosto do café, restava-lhe uma opção: reutilizar a borralha dos dias anteriores. Depois de algumas semanas, a bebida ganhava um sabor característico, um quê de caldo fermentado. Os prisioneiros só abandonaram o hábito de sorver a infecta bebida depois que os guardas, incapazes de suportar o ar pestilento da cela, puseram fora aquela alquimia maligna sob a ameaça dos fuzis.

Recordo-me também de uma história que me fora contada pelo meu professor de violino na adolescência. Seu tio-avô, italiano, não lutara durante a II Guerra porque adoecera; ele permaneceu em casa, cuidando de sua mãe — a tia-bisavó do meu professor — durante todo o conflito. Explosões, tiroteios, sirenes, rasantes de aviões, gritaria e comoventes pedidos de ajuda eram como uma sinfonia diária capaz de enternecer até a surdos e a corações de pedra. O tio-avô do meu professor, sentado à janela, retirava de uma caixinha de madeira um punhado de arroz (sim, pois havia racionamento dos grãos de café) moído e torrado, acendia um cigarro e dizia que seu desejo era morrer fumando e bebendo café.

Uma xícara basta para despertar; no entanto, nunca se deve beber café de estômago desguarnecido. “Nunca beber antes de comer”, era o que diziam os antigos Vikings. Não se sabe se os povos nórdicos conheciam o café, é provável que não; mas esta máxima é válida. Certa vez, numa aula sobre Administração cuja tônica era a psicologia dos candidatos a um certo alto cargo executivo fictício, o professor perguntou qual, dentre um rol de objetos vários, nós seríamos. A mim, se me fosse concedido o poder da transmutação, caberia ser uma xícara de café. “Por quê?”, perguntou o professor, “porque o café representa energia, professor”, fora a minha resposta. Acho que hoje tenho uma compreensão ligeiramente maior desta “energia”. Nota máxima. Só não me tornei um executivo.

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Brasil Sem Medo - 01 de Dezembro





DIÁRIO DE UM CRONISTA


👆O menino sem máscara e a cantora de axé
(por Paulo Briguet)


Este é o Admirável Mundo Novo: crianças são expulsas da escola, criminosos são colocados em liberdade e multidões se aglomeram no show da Cláudia Leitte

Quando vi aquela multidão dançando na apresentação de uma cantora de axé, em um carnaval fora de época promovido pelo governador de São Paulo, lembrei-me imediatamente de uma passagem de “Admirável Mundo Novo”, em que Aldous Huxley descreve uma espécie de bacanal dançante, numa Abadia de Westminster transformada em boate. Como diz meu amigo Silvio Grimaldo, atualmente se tornou redundante ler romances como “1984”, “Admirável Mundo Novo” ou “Fahrenheit 451”: as distopias acontecem diante de nossos narizes – estejam ou não eles cobertos por máscaras.

Precisamos guardar bem guardadas as imagens da multidão frenética pulando no show da Cláudia Leitte. Elas devem ser mostradas quando, a pretexto de combater a nova onda da gripe chinesa (com uma variante que nunca receberá o nome de Xi), as autoridades vierem de novo fechar os comércios e trancafiar as crianças em casa.

Muita gente na direita ficou revoltada com o show da Cláudia Leitte, mas vi relativamente poucos indignados com o que aconteceu no Colégio José de Anchieta, em Porto Alegre, onde a polícia foi chamada para gentilmente retirar da escola um menino de sete anos que se recusou a usar máscara. Enquanto o braço armado do Estado era posto em ação para expulsar uma criança da sala de aula, o braço jurídico conhecido como STJ concedia liberdade ao traficante Gordão, parceiro daquele André do Rap que o STF também soltou. É o nosso tempo: crianças são expulsas da escola, criminosos são soltos da cadeia.

A pandemia foi usada para controle social de diversas maneiras, mas creio que três instituições foram os alvos prioritários do sistema: a família, a religião e as pequenas empresas. Das famílias, dos fiéis/sacerdotes e dos empresários/trabalhadores, exige-se obediência absoluta. Qualquer coisa menos que uma submissão completa às normas sanitárias é vista como crime.

E alguém pode perguntar: mas e a cultura? Por que a cultura não foi alvo da pandemia? A resposta é muito simples. A cultura foi substituída pela indústria do entretenimento, e esta encontra-se totalmente dominada pelo sistema. A única esperança das famílias, das igrejas e das pequenas empresas acha-se na cultura clandestina do cristianismo, que mantém viva e acesa a chama da luta pela liberdade.

Voltamos às catacumbas.

― Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.

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Allan dos Santos
 - 30 de Novembro à 01 de Dezembro



CENSURA / TIRANIA



👆 Arcebispo Viganò pede que a aliança anti-globalista se una contra a Nova Ordem Mundial
(30/11/2021)

por Arcebispo Carlo Maria Viganò, 16 de novembro de 2021

Há dois anos, assistimos a um golpe de estado global , no qual uma elite financeira e ideológica conseguiu tomar o controle de parte dos governos nacionais, instituições públicas e privadas, mídia, judiciário, políticos e líderes religiosos.

Todos esses, sem distinção, tornaram-se escravos desses novos senhores que garantem poder, dinheiro e afirmação social aos seus cúmplices.

Os direitos fundamentais, que até ontem eram apresentados como invioláveis, foram espezinhados em nome de uma emergência: hoje uma emergência sanitária, amanhã uma emergência ecológica, e depois uma emergência internet.

Este golpe de estado global priva os cidadãos de qualquer possibilidade de defesa, uma vez que os poderes legislativo, executivo e judiciário são cúmplices da violação da lei, da justiça e do propósito para o qual existem.

É um golpe de estado global porque este ataque criminoso contra os cidadãos se estende a todo o mundo, com raríssimas exceções.

É uma guerra mundial, onde os inimigos são todos nós, mesmo aqueles que inconscientemente ainda não compreenderam o significado do que está acontecendo.

É uma guerra travada não com armas, mas com regras ilegítimas, políticas econômicas perversas e limitações intoleráveis ​​dos direitos naturais.

Organizações supranacionais, financiadas em grande parte pelos conspiradores deste golpe de estado , estão interferindo no governo de nações individuais e nas vidas, relacionamentos e saúde de bilhões de pessoas.

Estão fazendo isso por dinheiro, certamente, mas ainda mais para centralizar o poder e estabelecer uma ditadura planetária.

É a Grande Reinicialização do Fórum Econômico Mundial, a Agenda 2030 das Nações Unidas.

É o plano da Nova Ordem Mundial, em que uma República Universal escraviza a todos e uma Religião da Humanidade cancela a Fé em Cristo.

Diante deste golpe de estado global , é necessário formar uma Aliança Internacional Anti-Globalista, que reúna todos aqueles que querem se opor à ditadura, que não têm a intenção de se tornarem escravos de um poder sem rosto, que não querem cancelar sua própria identidade, sua própria individualidade, sua própria fé religiosa.

Apelo aos governantes, líderes políticos e religiosos, intelectuais e todas as pessoas de boa vontade, convidando-os a se unirem em uma Aliança que lance um manifesto antiglobalista, refutando ponto a ponto os erros e desvios da distopia do Novo Mundo Ordenar e propor alternativas concretas para um programa político inspirado no bem comum, nos princípios morais do Cristianismo, nos valores tradicionais, na proteção da vida e da família natural, na proteção dos negócios e do trabalho, na promoção da educação e da pesquisa e no respeito pela Criação.

Esta Aliança Anti-Globalista terá de reunir as Nações que pretendem escapar do jugo infernal da tirania e afirmar sua própria soberania, formando acordos de colaboração mútua com Nações e povos que compartilham seus princípios e o anseio comum por liberdade, justiça e bondade.

Deverá denunciar os crimes da elite, identificar os responsáveis, denunciá-los aos tribunais internacionais e limitar seu poder excessivo e influência prejudicial.


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COMUNISMO / PT

(TdL: o seguinte texto do site do Allan foi postado no dia 01 de Dezembro de 2021, mas eu não o coloquei aqui no site por inteiro; como o Allan fez todo um processo TRABALHOSO de reunir esses dados todos, acho injusto postar essa pesquisa dele como outro dos artigos que reproduzo aqui. Para lerem a listagem cronológica de eventos completa que o Allan fez (muitíssimo bem feita, por sinal), vou deixar um link no final que redireciona para o texto dele no próprio site, portanto cliquem nele para ler o restante do texto. Porém, somente pelo que o Allan apresenta aqui até onde eu reproduzi o artigo, já dá pra saber a resposta óbvia para a pergunta do título.)

 
👆Quem manda no Brasil?
(01/12/2021, reprodução parcial)

Diante dos acontecimentos recentes no Brasil, não é muito difícil tentar descobrir quem manda no país. O Congresso faz o que quer e não importa se acaba decidindo-se contra a vontade popular, como é o caso do referendo sobre a proibição da comercialização de armas de fogo e munições, ocorrido no Brasil a 23 de outubro de 2005, e que nunca foi acatado, ou em decisões à revelia do poder judiciário — quando convém — como no ato conjunto em que Câmara e Senado afirmam que descumprirão a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que ordenou o Legislativo a conferir transparência às emendas de relator — as chamadas RP9 —, dos anos de 2020 e 2021.

Com essa decisão conjunta, nem mesmo o STF é quem de fato manda no Brasil. Se o Poder Executivo tivesse algum poder, impediria o impeachment de Dilma Roussef, ou, como no caso atual, descobriria sem muitas dificuldades quem mandou matar Jair Messias Bolsonaro.

O que fica evidente com tudo isso é que no Brasil existe um “parlamentarismo” frankenstein e o Congresso só irá formalizar o poder que possui para não ter problemas descritivos no futuro.

Não há necessidade, creio, em explicar que qualquer conflito entre judiciário e legislativo é apenas um teatro. Se o caso Daniel Silveira pode confundir algumas pessoas, basta rememorar o ocorrido com Renan Calheiros, onde o coroné foi enfático ao não aceitar a decisão de Marco Aurélio Mello em 2016. À epoca, o Senado decidiu descumprir liminar para afastar Renan e mostrou a força do único poder capaz de derrubar de fato um outro: o legislativo.

Ciente disso, a China que outrora estava aumentando suas garras no executivo na era PT-MDB, muda sua tática.

Após a tentativa de acorrentar Bolsonaro e PSL, o Partido Comunista Chinês ficou só com metade do PSL e investiu mais pesado no legislativo, onde teria mais êxito na conquista do Brasil. Mas a coisa não começou agora.

O Partido Comunista Chinês investe no Brasil desde que Stálin morreu deixando o movimento comunista mundial sem uma direção, como relata Osvaldo Peralva em seu livro “O Retrato”, o único livro de um desertor do Partido Comunista no Brasil. É quando Diógenes Arruda Câmara, número 1 do Partido Comunista Brasileiro — o PCB —, visita Mao Tsé Tung e passa a ser direcionado pela China e não mais pelo Comitê do Partido Comunista da União Soviética.

O tempo passa, os comunistas fracassam em suas ações armadas na década de 60 e se reestruturaram para recomeçar suas atividades no Brasil durante e após o Regime Militar. É nesse contexto que Fidel Castro e Lula criam o Foro de São Paulo na América Latina em julho de 1990, dois anos após a “redemocratização”. Um mecanismo de auto-financiamento sem a dependência da União Soviética, que acabara de colapsar, é criado e o comunismo volta a assombrar a América Latina com o apoio da imprensa, à essa altura, completamente dominada pela esquerda.

Em janeiro de 2003, Lula assume o poder executivo e irriga o comunismo em toda América Latina e Caribe. Durante os 14 de PT, o Partido Comunista Chinês consegue desbancar os EUA e obtém o feito de ser, pela segunda vez, o maior parceiro comercial do país. Antes do PT, somente o fascista Vargas conseguira tirar os EUA do posto de maior parceiro comercial do Brasil.

Leia toda a matéria neste endereço:

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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)

Hoje voltaremos no tempo para a edição 5 da Revista Terça Livre, de Agosto de 2019.

Se você como eu ainda tem seu cadastro de membros do TL Juntos, pode acessar neste endereço.


CULTURAL

(TdL: a visão do seguinte texto de Maltz sobre a miopia continua atual, muito embora alguns dos fatos narrados no texto já estejam um tanto desatualizados; mas a analogia que ele faz é boa, e digna de reflexão mesmo para os tempos de agora.)
👆 A MIOPIA DO ABSOLUTO
(por Carlos Maltz)


Jung dizia que nós somos todos “míopes”. E que aquele que souber de sua miopia e conhecer o tamanho da mesma é um sábio entre nós. Naturalmente ele não estava falando de uma doença oftalmológica. Falava de um LUGAR DO OBSERVADOR. O lugar da relatividade do olhar do observador. O lugar da certeza absoluta está reservado a Deus e aos esquizofrênicos. Aos demais, nos cabe o do relativo. O do observador que só vê a parte que está podendo ver. Á partir do lugar de onde observa.

Um dos livros de Jung que mais me agrada, é uma coletânea despretensiosa de artigos chamada: Entrevistas e encontros. São textos curtos. Pequenos artigos e entrevistas onde o detetive da alma humana derrama seu olhar agudo e radicalmente fenomenológico sobre acontecimentos mundanos de seu tempo. Jung pertence a uma época em que ainda existiam grandes generalistas que investigavam o bicho homem além do conflito religioso-ideológico que monopoliza nossas imaginações nos dias que correm. Estava aqui imaginando qual fenômeno de nosso aquiagora poderia interessar ao olhar investigativo do mestre de Zurich. Não faço a menor ideia. Quem sou eu pra imaginar o que imaginaria um gênio da psicologia? Mas penso que se tivesse a oportunidade de entrevistá-lo sobre o que acontece, por exemplo, agora em nosso país sob o viés do símbolo, perguntaria qual é o “segredo” psicológico do “mito”.

Bolsonaro tinha tudo pra dar errado. E não se cansa de fornecer intencionalmente ou não, munição aos que querem detratá-lo e apresentá-lo como uma espécie de bode expiatório de toda a sombra que nos assola. No entanto, ao que parece, seu mito e popularidade aumentam a cada golpe desferido por seus adversários. Qual é o segredo de marketing deste “Dom Quixote” que venceu uma eleição praticamente sem gastar dinheiro com marqueteiros, num país onde a pessoa mais poderosa até então, era o marqueteiro? Onde está o botão, o “Ponto G” que Bolsonaro sabe acionar e que consegue converter em respeito, amor e adoração popular, uma postura e atitudes de uma simplicidade, sinceridade e “tosquice” que já teriam fritado publicamente qualquer presidente da República anterior a ele?

Estava aqui matutando quando me caiu em mãos um vídeo com trechos de falas de pessoas de “esquerda”, anteriores à eleição do Capitão-Mito. Assisti várias vezes até conseguir prestar atenção no que se esconde além do conteúdo. Além do conteúdo da narrativa está o olhar do narrador. A atitude dele. O lugar DE ONDE ele está falando.

Todos os personagens do vídeo que assisti que incluía políticos, intelectuais, jornalistas, comentaristas e o próprio candidato derrotado pelo “coiso” apresentavam algumas características comuns. Chamou-me a atenção especialmente, a “certeza”. Todas aquelas pessoas tinham, ou achavam que tinham a certeza absoluta de que Bolsonaro seria derrotado inexoravelmente.

Tipo o Uruguai na final da copa de 1950 no Maracanã contra o Brasil.

Nenhum daqueles experts em política sequer cogitava a possibilidade de a sua própria opinião ser apenas uma opinião. E muito menos a possibilidade de estarem equivocados. Todos falavam a partir do LUGAR ABSOLUTO DA CERTEZA. O que poderia estar lhes dando essa “certeza”?

Jung dizia que nós somos todos “míopes”. E que aquele que souber de sua miopia e conhecer o tamanho da mesma é um sábio entre nós. Naturalmente ele não estava falando de uma doença oftalmológica. Falava de um LUGAR DO OBSERVADOR. O lugar da relatividade do olhar do observador. Que não tem como evitar a distorção da realidade a partir da sua visão. Mas que sabe que o que está vendo não é a própria realidade e sim uma parte distorcida dela. O lugar de quem sabe que sua opinião é apenas uma opinião. Uma opinião relativa e limitada a um estado de consciência. Uma opinião que pode estar errada, ser ultrapassada, pequena, e sujeita a ser massacrada pelos acontecimentos. Como o Brasil em 1950. Como cada um de nós em nossas vidas diárias. E como a esquerda na eleição passada.

O lugar da certeza absoluta está reservado a Deus e aos esquizofrênicos.

Aos demais, nos cabe o do relativo. O do observador que só vê a parte que está podendo ver. A partir do lugar de onde observa.

Se o “mito” vai desmoronar, como querem seus detratores?

Provavelmente sim.

Quando?

Provavelmente, quando a certeza absoluta de seus detratores não precisar mais dele pra colocá-los em seu devido lugar de míopes.

Como todos nós.

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👆 PALAVRA DE OLAVO DE CARVALHO!

(TdL: agora de forma bem mais resumida, devido ao volume de escrita de nosso caríssimo professor!)

"Desde a Fabian Society (1884) até o tucanismo (1984), passando pelo "Movimento dos Países Não-Alinhados" (1956), toda "terceira via" foi sempre estratégia comunista camuflada.  Nada mudou." (29/11/2021)

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"Bolsonaro é um excelente administrador, o melhor que já tivemos. Não é um estadista nem um estrategista." (30/11/2021)

"O capitalismo é padrinho e protetor do comunismo. A guerra não é entre capitalismo e comunismo, é entre CRISTIANISMO e comunismo." (30/11/2021)

"Difamações padronizadas, espalhadas em centenas de milhares de cópias em dúzias de países e irrespondíveis eem razão da mera quantidade, são o mais vasto e odiento "gabinete de ódio"  que já exstiu.
Qualquer um que tenha colaborado nesse empreendimento é um VIGARISTA.
" (30/11/2021)

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"Num país onde o chamado "ensino superior" produz ao menos quarenta por cento de analfabetos funcionais por ano, continuar aceitando os diplomas universitários como atestados de superioridade intelectual é um MONSTRUOSO ESTELIONATO. Acabar com essa fraude é muito mais urgente do que vencer eleições." (01/12/2021)

"“Ens et bonum convertuntur”, ensinava John Duns Scott: o ser e o bem são no fundo a mesma coisa. A existência, por si mesma, é boa, e o mal só pode ser concebido como uma privação, uma forma de existência deficiente. O mal não existe como substância, apenas como qualidade, ou melhor, como falta dela. 
Com essas ou outras palavras, quase todos os filósofos desde a Antiguidade pensavam assim. Os teólogos cristãos, é claro, também. 
Não é preciso pensar mais de dois minutos para admitir que tinham razão. Se o mal estivesse na própria constituição do ser, se ele tivesse existência substantiva, não poderia ser percebido como mal, pois seria um ente positivo como qualquer outro. É verdade que essa confusão se dá em muitas mentes humanas, mas elas mesmas são a prova de que estão erradas: se a inteligência humana não fosse um bem positivo, ela não poderia identificar o mal como mal, e no mais extremo sofrimento estaria se sentindo perfeitamente bem. Afinal, o próprio Diabo não passa de um anjo estragado, um bem que se perdeu.
A noção do mal substantivo só parece ter surgido no cenário cultural com Immanuel Kant, segundo o qual a inclinação para o mal é inerente ao ser humano, sem necessidade de nenhuma colaboração dos demônios. 
Tendo ou não consciência do que fazia, Kant arruinou inumeráveis mentes humanas, fazendo-as acreditar na substantividade do mal e a conceber o bem, portanto, como mera recusa de fazer o mal. O mal torna-se o fator ativo, e só a “lei moral” tem algum poder contra ele. Mas Jesus nos ensinou que a própria Lei não é em si coisa essencialmente boa: é o que sobra quando o amor sucumbiu. Kant é, no campo moral, o autor da mais grave inversão revolucionária de todos os tempos. Não espanta que ele próprio usasse a expressão “inversão revolucionária” para nomear a única medicina capaz, no seu entender, de sufocar o mal. “Inversão revolucionária”, no vocabulário dele, significa aderir à lei moral.
Um dos efeitos mais devastadores que essa idéia produziu foi tornar impossível, à mentalidade revolucionária, perceber a superior substantividade do bem e obrigá-la a só perceber o bem como ódio ao mal. 
Exemplo claríssimo disso é o ódio que os comunistas têm aos nazistas, ódio que os autoriza a praticar, com total boa consciência e até com plena convicção de santidade, males iguais ou maiores do que aqueles cometidos pelos nazistas." (01/12/2021)

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"Fabio Camarneiro, professor de cinema sem nenhuma realização no campo filosófico, produz um ridículo arremedo de análise das minhas idéias, ao longo de cujas 24 páginas não cita UM ÚNICO TEXTO MEU, apenas palpites de terceiros. Qual o valor científico dessa porcaria?" (02/12/2021)

""Inclusão", na atualidade, consiste em excluir a maioria." (02/12/2021)

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"Que é um escritor? 
Que é um escritor? É uma inteligência altamente individualizada que não se formou no idioma de nenhuma ciência ou técnica, muito menos na retórica de um grupo social em particular, mas na prática da língua geral cotidiana, apenas elevada ao seu uso mais fino e requintado.
O escritor fala “a língua de todo mundo”, apenas com um domínio técnico que vai além – às vezes imensuravelmente além – das possibilidades do usuário comum.
O domínio que ele tem da língua também não é o do gramático, do filólogo ou do linguista, para os quais ela se constitui, como todo objeto científico, de uma ocasião de passagem da experiência individual concreta às generalidades racionais da ciência.
Exatamente ao contrário, o que ele busca na língua é o uso mais individualizado que possa fazer dela, às vezes tão individualizado – como no caso de James Joyce ou Guimarães Rosa – que ele parece estar falando uma outra língua que não a de uso geral.
 Nas crenças do nosso universo escolar e midiático, a linguagem das ciências e técnicas – aí incluída, sabe-se lá por quê, a da própria mídia – expressa as realidades do universo material, enquanto a da literatura apreende apenas o mundo subjetivo das emoções e sentimentos. 
 Mas isso é o oposto do que a experiência nos mostra. A língua das ciências e técnicas compõe-se de signos associados a significados permanentes e estáveis, sem os quais toda comunicação científica seria impossível. Essa fixidez e estabilidade são o que dão ao usuário a impressão de estar falando da realidade propriamente dita; impressão ilusória que toma a pressão da autoridade social pelo impacto da realidade. Na verdade, a conexão do universo semântico da ciência e das técnicas com o da realidade só poderia ser de identidade caso a ciência tivesse alcançado o domínio total do seu objeto, o que obviamente é apenas um ideal, para não dizer um sonho, que talvez – e muito provavelmente -- não será realizado nunca.
 A literatura, ao contrário, não tem nenhuma ambição de “expressar a realidade”, mas a de explorar o imenso abismo que se abre entre linguagem e realidade – ou, mais amplamente, entre o conhecer e o ser.  Eis por que a literatura pode penetrar em territórios que são inacessíveis à ciência e à técnica.
 Se a linguagem científica é um vocabulário estável, ilimitadamente repetível, só utilizável portanto dentro de circunstâncias determinadas e socialmente regulamentadas, a linguagem literária é, ao contrário, a permanente abertura a toda a ilimitada riqueza semântica que nos dá uma idéia aproximada – a única idéia aproximada – do infinito que nos envolve e contém.
 É lógico, portanto, que a linguagem literária não exclua a linguagem científica, mas a abranja e inclua como um de seus subcódigos. A linguagem científica, ao contrário, exclui por hipótese a flexibilidade literária, chegando a considerá-la o seu mais letal concorrente e inimigo.
 A linguagem literária é, obviamente, aberta; a científica, fechada. Aberta para a infinidade de situações e nuances da experiência real; fechada para uso exclusivo na comunicação entre um grupo determinado de profissionais sobre os objetos costumeiros do seu campo de interesses.
 Portanto, é óbvio que uma pessoa bem treinada na linguagem literária se adapta facilmente ao uso de quaisquer linguagens tecnocietíficas, que no fundo não são senão variações parciais da sua própria, concebidas para o emprego em contextos limitados. A recíproca não é verdadeira." (03/12/2021)

"No Brasil de hoje, QI é desigualdade social." (03/12/2021)

"Todo aquele que só consegue se explicar na língua da sua especialidade profissional é um ANALFABETO. Hoje em dia, no Brasil, isso é considerado o ápice da cultura." (03/12/2021)

"Quem não domina o uso da língua geral pensa tudo errado." (03/12/2021)

"Observação essencial; A língua da mídia, hoje em dia, NÃO É a língua geral. É o idioma especializado de um certo grupo ideológico." (03/11/2021)

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"Só idiotas acreditam naquela bobagem de que quem não é comunista aos vinte anos não tem coração. Ninguém, jovem ou velho, é levado ao comunismo por impulsos de caridade, senso de justiça e amor ao próximo, mas, justamente ao contrário, pela sedutora tentação demoníaca de chamar de caridade, senso de justiça e amor ao próximo os anseios humanos mais vis e homicidas." (04/11/2021)

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👆OPINIÃO DO AUTOR

A verdadeira Quarta Dimensão
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
07 de Dezembro de 2021





Uma coisa interessante quando se pensa no sacrifício de Cristo, é quando a gente se dá conta de que podemos falar com Ele NAQUELA ÉPOCA. É uma ideia que pode chocar alguns, mas basta usar um pouco de imaginação.

Posso rememorar as aulas de Padre Paulo Ricardo em seu site para falar sobre isso. Ele nos ensina o seguinte: Quando Cristo estava no Horto das Oliveiras protagonizando a sua famosa passagem do Primeiro Mistério Doloroso, muitas pessoas ficam sem entender o real sentido daquilo. Era Deus, em Sua Segunda Pessoa, sofrendo pelos pecados de toda humanidade, em todas as eras, até soar sangue. Passado, presente e futuro. Sim, exatamente! Padre Paulo diz assim: "quando Cristo sofria, ele pensava em você!"

Aí me ocorreu o seguinte: sabe aquelas histórias de ficção-científica que a gente vê nos cinemas? Nelas, você está em um ponto específico de um lugar, e em questão de microssegundos, já estará em outro, muito perto ou muito longe, não importa. Em Star Trek, eles chamam isso de "realocação molecular". Em outras dessas histórias, você está em 1985, e quando menos vê, PIMBA!... Está em 1955 colidindo seu carro com um monte de feno, e se andar um pouco até a cidade, vai estar no grande centro, vendo antigas locações e ouvindo "Mr. Sandman" na loja de discos, que acabara de sair. Incrível, né?!

Isso acima proposto, segundo os preceitos e regras da "ficção-científica", é realizado quando as pessoas são transportadas através de portais pelo tempo e espaço. Em certas produções esses "portais" eram enormes, e as pessoas tinham que atravessar para o outro lado. Em outras, elas eram imediatamente realocadas de um lugar à outro. Variava conforme a conveniência do universo criado.

Só que tem o seguinte: NADA disso da ficção-científica um dia foi real. NADA. Nunca foi possível ao homem mexer com o espaço-tempo. Foi imaginado, tentado, estudado, experimentado. Mas nunca conseguimos concretizar isso de fato; tudo não passou da nossa mera imaginação.

Voltemos a Cristo: nos foi dito e ensinado que Cristo sofre por nós, tanto em sua agonia do Horto, quanto na Cruz. Ele veio justamente para isso. Como Cristo fazia isso? Ele era humano, mas possuia a Visão Beatífica. Ou seja, ele via o Pai face-a-face enquanto estava conosco aqui, nesta terra. E tendo a Visão Beatífica; Cristo podia ver o que foi feito no futuro, pois se Cristo é Deus feito homem, então Ele pode fazer isso sem grandes problemas.

Portanto, pense comigo: você faz uma merda agora, neste exato momento... Cristo vê a merda que você fez lá por volta do ano 33 da Era Cristã, exatamente naquele instante em que está no Horto das Oliveiras. Ele pensa em você. Ele vê o que você fez. E se Ele vê o que você fez, você pode falar com Ele! Visualizou?

Se não visualizou, vou te ajudar; vamos pensar em QUARTA DIMENSÃO! Você está aqui, neste exato instante deste dia e deste mês, e deste ano, nesta hora que você está vendo aí em seu computador ou celular. Se Cristo, lá no ano 33, antes de ser traído por Judas Iscariotes, antes de ser pego pelos soldados de Pilatos, vê uma ação que fazemos aqui no futuro, quase 2000 anos depois, e sofre por causa disso, então podemos dizer que foi estabelecido neste exato momento um "portal" em que você pode se comunicar com Ele... e pedir perdão. Vejam que ideia maravilhosa: Cristo é o autor do único portal espaço-temporal que realmente funciona, e que vai verdadeiramente salvar a todos nós! E é por causa disso que nos é dito e ensinado que seremos salvos pela misericórdia de Deus. Portanto, quando você estiver rezando, se confessando, ou se dando conta de algo que fez e desagradou a Deus, pense que tem uma pessoa, muito amiga sua, que lá atrás já viu o que você fez e já pediu a Deus pra tirar isso da sua conta. Você só tem que querer mudar.

Esta, caros leitores, é a verdadeira QUARTA DIMENSÃO. Basta querermos atravessá-la!

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👆 HUMOR (agora com meus comentários!)

E na série do Giorgio essa semana: pela primeira vez na televisão: SEM RETORNO!...
(03/12/2021)

...  e também um BÔNUS TRACK com uma reprise especial para vocês que ficaram até o final!...
(06/12/2021)


... e por falar em cinema... o Sal Conservador vem com um terror recheado de reviravoltas para vocês. Vocês vão gritar!!! Gritar!!! GRITAAAAR!!! O exorcista e ... a besta! Huahahahah!...
(04/12/2021)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Uma ficção hoje, inédita e atual, para quem quer saber o que realmente está acontecendo, aproveitando o gancho da Camila Abdo lá em cima. Faz umas semanas que comecei a ler e já não consigo mais parar. Leiam, pois vai divertir e também lhes dar muito conhecimento, além de ser uma ótima dica para um grande presente de Natal! Do nosso grande amigo e autor Laudelino Lima, que faz as lives de Quinta-Feira no canal do Max Cardoso.

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