Edição LXXXVI (Terça Livre, Revista Esmeril 47, opinião e mais)

 Tempo de Leitura LXXXVI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
 


ANTES DE MAIS NADA, ESSA É A BANDEIRA QUE EU DEFENDO:
ESSE É O PAÍS QUE EU QUERO!

REVISTA ESMERIL 47

O perdão enfurece a mídia (Vitor Marcolin)

- Socos na cabeça, no quadril e na alma (Leônidas Pellegrini)





Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA


Minhas redes:
    


25 de Setembro de 2023
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 55 da Revista Terça Livre, de 28 de Julho de 2020.

O novo site do Terça Livre está de volta, e com ele, todos os cursos e todas as edições da Revista Terça Livre desde o seu início. acessem:
ou
Escolham um plano e tenham acesso a todo o conteúdo. Os valores estão em dólares.



COMPORTAMENTO

👆 Os Normais
(por Eguinaldo Souza)

Aconteceu um crime. Um homem, que havia feito uma operação para mudar de sexo, foi assassinado. As autoridades policiais registraram o homicídio. Investigaram, prenderam o assassino, encerraram o caso. Pouco depois, a comunidade LGBTQ qualquer coisa mais entrou com um processo, porque esse assassinato não poderia ser registrado como homicídio. Teria que ter sido registrado como feminicídio. Em cima disso, uma guerra jurídica foi iniciada, sendo o caso matéria de TCC!!! Uma pessoa foi assassinada, mas o problema não era que alguém matou alguém, e sim como foi registrado esse assassinato???


Sou só eu ou mais alguém acha que tudo isso é loucura? Um homem que não queria mais ser homem, ou uma suposta mulher que já tinha sido um homem, depois de assassinado, tem uma disputa pela definição de seu sexo. De seu sexo, não. Uma disputa para saber como deveria ser classificado o seu assassinato: homicídio ou feminicídio? Ou lgbtqcídio? Transexcídio? Onde terminarão os nós estranguladores dessa engenharia social insana?


O Waldemar quer ser chamado de Suzana, e o professor que se recusa a fazê-lo corre o risco de um processo e de ser criminalizado. Casal, por definição macho e fêmea, já não significa isso. Alguém com título de “filósofa”, fala da “lógica do assalto” e defende a prática do crime (e não vamos comentar uma palestra “acadêmica” sobre o ânus). Ou outro discurso “filosófico” de outra suposta renomada “filósofa” diz que a família foi inventada no século XIX, e que os defensores da família são “bestas”. Isto é, quase toda a população brasileira, inclusive as que pagam seu gordo salário.


Se esses fatos e essas pessoas fossem anônimos e imperceptíveis, envolvendo elementos desconhecidos e raros, não haveria com que se preocupar. No entanto, são supostos acadêmicos, em supostos ambientes intelectuais, desconstruindo, destruindo e infectando a mente de jovens com os vírus de uma irrealidade doentia em que eles acreditam ou fingem acreditar. Só as pessoais normais permanecem imunes diante dessa pandemia mental, percebendo a construção gradativa da “Loucurolândia”.


“Nós estamos procurando por indivíduos que compõem um número estatisticamente pequeno, mas cuja qualidade desta diferença é tal que pode afetar, de forma negativa, centenas, milhares e até milhões de seres humanos”, afirmou Andrew Lobaczewski[1].


E isso é só uma amostra de como um punhado de pessoas que vivem no planeta Zorg vão impondo sobre milhões uma visão de mundo psicodélica, a ponto de fazer pessoas normais se sentirem culpadas por pensar de modo lógico. Essa aparente ficção na verdade é um fato, e foi registrado por Hannah Arendt em seu livro Origens do totalitarismo,e por Andrew Lobaczewski em seu livro Ponerologia: Psicopatas no Poder.


Não há problema em pessoas não desejarem ser o que são (ou há). Não é incomum as pessoas não gostarem do mundo como ele é. O problema está no fato de pensarem que são deuses, procurando mudar-se ou mudá-lo a seu bel prazer, obrigando todos a concordar com elas, criando discursos e leis que amordacem e punam os que delas divergem. E, para isso, vão ocupando os espaços do poder, impondo de cima para baixo seu mundo imaginário. Aconteceu na Alemanha nazista, em todo o mundo comunista, e agora luta para subjugar nossa nação. São tentativas de clonagens de mentes, de imbecialização em série, das quais temos sido vítimas por diversos meios, desde a escola até as produções cinematográficas.


E em meio a essa estranha floresta ideológica, uma criatura caminha espantada, tentando se desviar de covas e teias em seu caminho: o ser humano normal. Fora da bolha ilusória, eles tentam escapar da redoma que cresce e que busca ou incluí-los nessa prisão do pensamento, ou esmagá-los por resistirem. Os normais são a esperança de uma nação sob ataque.


Por esse motivo, os normais que ousam se pronunciar contra a bolha nunca parecem normais. Por seus opositores, são pintados como monstros retrógrados, inimigos do gênero humano, como descreveu Tácito aos cristãos em seus Anais. Do outro lado, os demais normais os veem como a voz dos seus pensamentos, como o instrumento que trombeteia seus sentimentos de uma forma que eles mesmos não tinham coragem. Então, agora se alimentam da coragem desse normal corajoso e a ele se unem, a princípio de maneira discreta e depois de modo intenso, para furar a bolha e a fazer retroceder.


Falar que homem é homem, mulher é mulher, família é família, bandido é bandido, terrorista é terrorista, está se tornando cada dia mais perigoso. É proibida a entrada de pessoas normais. No entanto, eles, os normais, não podem se calar, ainda que para serem ouvidos precisem gritar muito em um mundo ensurdecido para a realidade. São eles a pedra no sapato daqueles que procuram, por meio da educação, da arte, da política e do ativismo jurídico, parir seu Admirável Mundo Novo sobre o sangue dos discordantes.


Os autores e executores desses programas são incapazes de entender que o fator decisivo para tornar o seu trabalho difícil é a natureza fundamental dos seres humanos normais – a maioria.[2]


Geralmente, esses normais são pessoas cristãs ou influenciadas pela revelação cristã, com uma visão de mundo “radical”, que teima em se referir às coisas por seus devidos nomes. Elas chegam ao ponto de chamar de safadeza e de blasfêmia aquilo que os zorguianos chamam arte. Elas chamam o bem de bem e o mal de mal. Acreditam no certo e no errado, no verdadeiro e no falso. Revolucionariamente, acreditam em direitos humanos só para humanos direitos. Acreditam que o criminoso, quando devidamente punido, longe de ser vítima dessa entidade abstrata e intangível chamada sociedade, está sendo vítima de suas próprias más escolhas.


Às vésperas do nazismo, os alemães e outros povos ao redor se recusavam a perceber a engenharia social da qual estavam sendo vítimas. Tal engenharia ia pouco a pouco impondo conceitos que, ao invés de interpretar a realidade, prontamente a distorciam. Esse fenômeno só foi percebido depois que o nazismo já havia sepultado a realidade nos escombros dos seus devaneios.


Os alemães, no entanto, não foram o único povo que preferiu (...) não saber o que estava acontecendo e se recusou a chamar as coisas ruins pelos seus nomes verdadeiros.[3]


Por esses e outros motivos, há um contínuo conflito entre o mundo dos normais e esse outro mundo, criado com bolhas ideológicas e ficções filosóficas. Ao assumir o poder, mesmo que seja o poder acadêmico ou cultural, esses filhos de Gramsci, de Marcuse ou de outro Mefistófeles qualquer, irão se unir a outros para impor sua irrealidade sobre a realidade.


Hannah Arendt e as origens do totalitarismo


Todos aqueles homens, ou pelo menos, assim nos parece hoje, viviam em um mundo de sonhos e fantasias[4].

O Julgamento de Nuremberg

O maior inimigo do socialismo, não é o capitalismo, é a realidade.

Margareth Thatcher


Em sua grande obra-prima, As origens do totalitarismo, Hanna Arendt fala desse universo fictício, criado por nazistas e comunistas, e depois imposto sobre seus dominados. Mesmo os que não sofriam fisicamente, sofriam por ter de aceitar como normal uma série de conceitos anormais. Muitos cediam, outros se adaptavam e uns poucos resistiam, pelo que eram aprisionados ou mortos. Com certeza, muitos sentiam como se a normalidade do seu dia a dia houvesse sido invadida por extraterrestres, que se propunham não apenas a tomar seus espaços, mas a remodelar sua forma de pensar e de ver. Os que se recusavam, eram mortos.


O possuir o poder significa o confronto com a realidade, e o totalitarismo no poder procura constantemente evitar esse confronto, mantendo o seu desprezo pelos fatos e impondo a rígida observância das normas do mundo fictício que criou [Grifo meu].[5]


É aqui que os normais têm o seu papel. Antes que o domínio se consume, eles precisam falar, precisam escrever, precisam agir. Eles precisam inundar o mundo ao seu redor com a verdade, mostrar os fatos, definir os contornos do real. Enquanto podem, precisam abrir os olhos aos cegos, antes que estes cheguem ao ponto de não desejarem mais ver. Ou pior, antes que os cegos se tornem “cegadores” dos que veem.


O maior perigo para os criadores desse mundo fictício é alguém que divulgue a realidade de modo eficiente e claro.


... cada fragmento de informação concreta que se infiltra através da cortina de ferro, construída para deter a sempre perigosa torrente da realidade vinda do lado não-totalitário, é uma ameaça maior (...) do que era a contrapropaganda para o movimento totalitário.[6]


Não, não estamos em um totalitarismo. Mas estaremos se os normais se calarem. Assim como o Empire State foi um dia apenas uma planta, nazismo e comunismo foram um dia apenas ideias estúpidas.


[1] LOBACZEWSKI, Andrew. Ponerologia: Psicopatas no poder. Campinas: Vide Editorial, 2014, p. 51
[2] LOBACCEWSKI, Op. Cit. p. 172
[3] VOEGELIN, Eic. Hitler e os alemães. São Paulo: É realizações, 2008, p. 203
[4] HEYDECKER, Joe D. e LEEB, Johannes. O Julgamento de Nuremberg. Editoria Ibis, 1962, p. 254
[5] ARENDT, Hannah. As origens do totalitarismo. São Paulo: Cia das Letras, 1989, p. 442
[6] Op. Cit. p. 442.


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Terça Livre LOCALS /  - 15 de Setembro de 2023




JUSTIÇA
















👆 Importante mensagem da Dra. Ludmila Lins Grilo
(por Allan dos Santos - 15/09/23)


Atenção políticos e demais autoridades: o que está acontecendo no Brasil, hoje, é perfeitamente enquadrável no art. 7° do Estatuto de Roma, nos chamados CRIMES CONTRA A HUMANIDADE.

Talvez seja por isso que o atual governo parece estar aflito com a submissão do Brasil ao Tribunal Penal Internacional.

O artigo 7° do Estatuto de Roma prevê como crimes contra a humanidade ataques contra a população civil por meio de prática múltipla de atos estatais, por meio de uma organização. Esta organização pode ser um órgão ou poder, e aqui, portanto, podem enquadrar-se o STF e seus ministros.

O art. 7°, n.1, alínea “e” do referido diploma internacional considera crime contra a humanidade a prisão ou outra forma de privação de liberdade física grave em violação das normas fundamentais de direito internacional.

No caso, o devido processo legal e o sistema acusatório são institutos internacionalmente considerados como fundamentais no processo penal, o que enquadra o Brasil nesta violação.

Ainda, temos o art. 7, n.1, alínea “h”, que prevê também como crime contra a humanidade a perseguição de grupo ou coletividade por motivos políticos.

O Estatuto de Roma descreve que tal perseguição é a privação intencional e grave de direitos fundamentais em violação do direito internacional por motivos relacionados com a identidade do grupo ou da coletividade em causa.

Espero ter ajudado.

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REVISTA ESMERIL - Ed. 47, de 30/08/2023 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


COLUNAS SEMANAIS

👆 O perdão enfurece a mídia
(por Vitor Marcolin - 21/09/2023)

O surpreendente caso de Natascha Kampusch




No livro 3096 dias, Natascha Kampusch descreve, com a lucidez típica das pessoas que enfrentaram grandes tribulações sem enlouquecer, sua experiência de cativeiro. Ela esteve sob o poder de um criminoso psicótico identificado com o nome de Wolfgang Přiklopil, um técnico de comunicações que trabalhava para uma grande empresa alemã — o típico sujeito que mantinha uma aparência de normalidade só para esconder o monstro que vivia dentro de si. Natascha foi sequestrada por Wolfgang quando tinha 10 anos de idade; ela estava a caminho da escola do seu bairro no subúrbio de Viena, Áustria. E dos 10 aos 18 anos a menina viveu aprisionada num cubículo no subterrâneo da casa do sequestrador.

O relato é narrado em primeira pessoa; o leitor tem, portanto, acesso à perspectiva da vítima, à visão de mundo de uma menina que passou o fim da infância e toda a adolescência como escrava de um louco. A curta vida pregressa de Natascha havia sido marcada pelos conflitos familiares, fora afetada pela crise conjugal dos seus pais. Ela vivera num lar instável: “Essa oscilação entre atenção e negligência em um mundo de relações superficiais acabava com a minha autoconfiança. (…) A criança pequena e autoconfiante deu lugar, aos poucos, a uma menina insegura, que deixou de confiar nos familiares”.

Durante os 3096 dias nos quais viveu presa no cativeiro, tendo de suportar toda sorte de violência física e verbal; humilhações morais e pressão psicológica dignas do treinamento do Bope ou das tropas israelenses, Natascha desenvolveu meios de não enlouquecer. O principal desses meios, porém, não agradou a imprensa sensacionalista. A menina havia sido sequestrada no dia 2 de março de 1998 e conseguiu fugir no dia 23 de agosto de 2006. Durante o curso das investigações, a polícia austríaca foi negligente na apuração de uma pista que poderia ter levado à libertação de Natascha ainda nos primeiros dias do sequestro. Mas não. Entraves burocráticos e políticos ajudaram — indiretamente, quero acreditar — Wolfgang, o sequestrador. A vítima atribuiu sua sobrevivência não a outra coisa, senão ao perdão. O que desagradou a mídia.

Frequentemente, a imprensa, ávida pela atenção dos leitores, inventa termos que não servem para descrever a realidade, mas que são assaz eficientes para estampar capas de matérias rentáveis. O termo “Síndrome de Estocolmo”, cunhado com o objetivo de descrever a cooperação voluntária — e até o afeto — da pessoa da vítima pelo seu sequestrador, é uma dessas intromissões midiáticas no âmbito da linguagem. Se a tal “síndrome” tem lá as suas assertivas, as suas justificativas psicológicas e psiquiátricas, elas não servem para a Natascha. Não.

“O único modo de lidar com isso era perdoar as transgressões do sequestrador. Eu o perdoei por me sequestrar e por todas as vezes que me bateu e atormentou. Perdoá-lo me deu poder sobre minha experiência e tornou possível conviver com ela. Se eu não tivesse adotado essa atitude instintivamente desde o início, provavelmente teria me consumido em raiva e ódio — ou sido destruída pelas humilhações a que era submetida diariamente. (…) Ao perdoá-lo, afastei suas ações de mim. Elas não podiam mais me diminuir ou destruir”.

Mutatis mutandis, Natascha Kampusch teve uma experiência análoga à de Anne Frank. Assim como a judia confinada no esconderijo em Amsterdã, a mente, o ser da menina presa no cativeiro em Viena foi submetido a um conjunto de experiências-limite que, se não fosse por uma forte disposição moral — desenvolvida durante a tribulação —, ela jamais teria sobrevivido. E essa disposição implica a compreensão abrangente, profunda da condição humana que é desprezada pelos vendedores de manchetes jornalísticas: o mal é uma realidade, mas o perdão também o é. O perdão liberta. E ele só pode advir da liberdade do indivíduo que, ainda que seja incapaz de verbalizar — como a menina no cativeiro —, entende que esse é o único caminho a seguir. No seu cativeiro, Natascha entendeu a realidade da permanente confrontação dialética que existe no âmago da alma humana.

“Todos se sentem desconfortáveis quando categorias como Bem e Mal começam a ruir e é preciso enfrentar o fato de que o Mal personificado tem um rosto humano. O lado escuro não cai simplesmente do céu, e ninguém nasce um monstro. Somos formados pelo contato com o mundo, com as outras pessoas, e é isso que nos torna quem somos. Temos, portanto, a responsabilidade final pelo que acontece em nossa família, em nosso ambiente. Admitir isso para nós mesmos não é fácil. E mais difícil ainda é quando alguém segura um espelho que nos obriga e enxergar”.

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Destaco a excelente tradução de Ana Resende para a Verus Editora.

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CONTEÚDO LIBERADO | ENTREVISTA




👆 Socos na cabeça, no quadril e na alma





(por Leônidas Pellegrini - 08/09/2023)

Milton Gustavo fala sobre seu romance de estreia



Em decadência há mais de duas décadas e esquecido em detrimento dos megaeventos envolvendo o MMA, o boxe, esporte que empolgou gerações, e que no Brasil contou com estrelas como Éder Jofre, Maguila e Popó, nunca teve grande espaço em nossas letras.

Isso até agora, pois o grande lançamento do mês de setembro da Editora Danúbio, O Deus oculto no canto do córner, romance de estreia do piauiense Milton Gustavo. A trama, focada na relação entre um treinador aposentado amargurado e um jovem talento em direção ao estrelato, envolve, muito além de socos na cabeça e quadril, fortes golpes na alma.

Confira a seguir a entrevista com o autor.


Revista Esmeril: Fale um pouco sobre você, sua formação como leitor, sua vocação literária e suas principais influências.

Milton Gustavo: Desde garotinho li bastante literatura. Meu pai assinava alguma espécie de clube do livro e também tinha o costume de comprar em bancas os clássicos que eram vendidos por fascículo, nos tempos em que ainda havia em nosso país um público para a grande arte.

Ainda naqueles tempos, de minha adolescência, a “folha ilustrada” tratava de literatura de verdade, e através daquele caderno cultural, pude conhecer José Saramago, Gabriel Garcia Márquez (este último me impressionou bem mais que o primeiro) e muitos outros autores do maistream literário internacional. Das obras de que descobri por conta própria, Paris é uma festa, de Ernest Hemingway, foi a primeira que me impressionou verdadeiramente. São memórias muito sinceras de um período em que o autor, ainda um calouro, conviveu com alguns gigantes da literatura do século XX, como Fitzgerald e Ezra Pound. Curiosamente, eu não sabia quem era Hemingway e li sem sabê-lo. No fim do livro havia uma minibiografia; chorei quando descobri que aquele jovem com tanta vontade de escrever havia, anos depois, já laureado escritor, tirado a própria vida. Enfim, foi uma experiência literária que me ligou aos autores da “Era Jazz” durante toda a primeira juventude.

Posteriormente me interessei pelo romance sociológico francês do século XIX e pelos autores brasileiros ditos “regionalistas”. Li também um pouco dos russos, em especial Tolstói, a quem considero o “Pelé” do romance. Dito isto, os autores com quem mais me identifico são: Stendhal e José Lins do Rego (que curiosamente era um stendhaliano). Como eles, acredito que a literatura é uma experiência da vida, e não meramente da linguagem. De nada adianta a musicalidade das palavras e os delicados florões das orações, se o camarada não tem uma história para contar, e ninguém tem uma história para contar se não tiver maturidade espiritual para compreender a imensa complexidade da experiência da vida, ou pelo menos se esforçar para isso.  

Revista Esmeril: Fale um pouco sobre O Deus oculto no canto do córner, seu livro de estreia na literatura. O que te motivou a escrevê-lo, e como foi o processo de produção?

Milton Gustavo: Alguns amigos, como Alexandre Marques, Pedro Almendra e, posteriormente, Christiano Galvão, Bruno Dutra, Maurício Righi e Eduardo Matos de Alencar, me incentivaram a escrever; os dois primeiros, antes mesmo de ter lido qualquer obra de ficção escrita por mim. Acredito que isso se deva ao fato de que sou um bom conversador e um piadista razoável, talvez seja o que os tenha levado a me incentivar. Escolhi então o tema do boxe porque era de mim conhecido (meu plano original, agora adiado, era escrever sobre a guerra do Paraguai). A partir daí formei um plot que acabou se adensando, porém o ponto de chegada ainda foi o que tinha planejado inicialmente.

Escrevi a maior parte do pequeno romance durante a pandemia, em que o Fórum e a Universidade (sou advogado e professor) permaneceram fechados. Então eu acordava, escrevia uma ou duas páginas, que revisava vagamente. À tarde lia romances e peças de teatro. No período de elaboração do romance, lia especialmente Stendhal, Balzac, Lampedusa e Shakespeare. No fim de tudo, entreguei uma cópia ao Pedro Almendra (crítico e editor da revista Unamuno), que fez uma leitura crítica que me ajudou muito a resolver certos pontos e abrandar a linguagem, que originalmente era um pouco selvagem. Encerrei e reli novamente, fazendo um ou outro retoque. Depois, percebi que o trabalho de correção jamais se esgotaria, então dei por concluído em julho de 2021. Em agosto recebi o aceite da Editora Danúbio, que foi a primeira porta em que bati. A sensação foi um pouco estranha, porque esperava passar um longo período oferecendo os originais e havia preparado minha cara para receber muitas negativas. Enfim, acho que tive sorte no início, meio e fim.

Revista Esmeril: Fale um pouco sobre o título escolhido para seu romance

Milton Gustavo: O título, segundo o grande poeta Ranieri Ribas, é uma “gaita galega”, um decassílabo com acentos na quarta e sétima sílabas, mas eu não sabia disso quando escrevi. Achei apenas bonita a aliteração e, depois que ele me explicou, entendi melhor o motivo de soar tão bem.

Quanto ao conteúdo, ele resume bem a trama do livro. Há um Deus oculto, que separa os dois protagonistas, pois suas diferentes perspectivas quanto à transcendência acabam afetando sua forma de ver a família, a vida e especialmente o esporte. Há uma tensão entre a moral dos gregos, que de certa forma, fundaram as competições esportivas em que o homem se tornava quase um deus, e a cristã, em que somos convidados a ser o último da fila e aproveitar a vida como um dom, não sacrificando-a jamais sob nenhum pretexto e em razão de nenhum projeto.

Lembro-me de uma entrevista, que não sei inventei ou se assisti, em que Nelson Piquet reconhece que o Senna era melhor piloto que ele. Mas ao final, diz algo mais ou menos assim: “Mas também, ele era capaz de bater um carro para ganhar uma corrida. Eu não, jamais arriscaria minha vida para ganhar nada; eu corria Fórmula 1 para pagar minhas contas”. Acho que essas diferentes visões da relação vida-esporte são um dos motes do livro, e isso é revelado sutilmente no título.

Revista Esmeril: Você tem mais obras em produção ou planejadas?     

Milton Gustavo: Estou escrevendo um segundo romance, maior e, por vários motivos, mais ambicioso que o primeiro. É uma saga familiar, a história da decadência de uma família sertaneja. Uma espécie de Gattopardo, sem o príncipe de Salinas, sem os lindos bailes da nobreza siciliana e sem o Garibaldi invadindo o país.

O tema da decadência atravessando a carne de famílias ilustres tem me atraído bastante. É muito difícil explicar o declínio de um povo, ou da Igreja, ou da civilização cristã (seja lá o que isto queira dizer), mas, talvez, e apenas talvez, explicar a decadência de uma família seja possível. Se não for possível, talvez seja ao menos engraçado, especialmente no contexto cafona da grande bancarrota moral e intelectual brasileira. Achei que valeria a pena arriscar algo assim, porque refletir sobre a decadência de pequenos grupos, nos faz pensar sobre a decadência dos indivíduos e, por fim, na nossa própria. Nos ajuda a refletir sobre em que ponto morreram em nós as virtudes de nossos avós e dos avós deles; sobre como não somos testemunhas da queda de Roma, mas sim os próprios bárbaros. Deus me ajude a concluí-lo.

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Padre Paulo Ricardo - 09 de Março de 2015

PRÓ-VIDA - TESTEMUNHOS

👆O bebê que está mudando o debate sobre o aborto
(por Live Action News)


Abortado espontaneamente com apenas 19 semanas de vida, Walter sobreviveu pouco tempo fora do útero. O suficiente para gerar comoção e marcar vidas.

"Amontoado de células"; "Tecido"; "Apenas um feto". Essas são expressões comuns usadas pelas pessoas favoráveis ao aborto para descrever o nascituro, a fim de diminuir a humanidade dessas novas vidas. Porém, o modo como as pessoas rotulam os nascituros não é o que os define, e isso está comprovado pela vida de uma pequena criança. No verão de 2013, Walter Joshua Fretz nasceu com apenas 19 semanas de gestação. Ele viveu por poucos momentos, mas sua vida tem tido um impacto duradouro.

Os pais de Walter, Lexi e Joshua Fretz, mãe e pai de duas meninas (que acolheram sua terceira filha, Mia, no último mês de Setembro), aguardavam ansiosamente a chegada do seu novo bebê, quando, de acordo com o blog de Lexi, ela começou a ter sangramentos. 

Isso não era algo incomum para ela durante a gestação, mas, quando o sangramento se tornou rosa, ela ficou mais preocupada e ligou para sua parteira, que a aconselhou a ir para uma Unidade de Emergência (Emergency Room, em inglês).

Na sala de emergência, várias gestantes chegaram depois dela e foram levadas diretamente para a enfermaria. Mas, uma vez que Lexi ainda não tinha completado 20 semanas – ela estava com 19 semanas e 6 dias – as normas do hospital requeriam que ela permanecesse na emergência. 

Cerca de uma hora depois, Lexi foi capaz de ouvir as batidas do coração de seu bebê e se sentiu aliviada, mas, enquanto aguardava um ultrassom, começou a sentir as familiares dores de parto. Quase cinco horas depois de chegar ao hospital, Lexi deu à luz seu filho, Walter Joshua Fretz. Ela escreve:

Eu estava chorando bastante naquele momento, mas ele era perfeito. Ele estava completamente formado e tudo estava no lugar; eu podia ver o seu coração batendo em seu pequenino peito. Joshua e eu o seguramos e choramos por ele e olhamos para o nosso filho perfeito e pequenino.

A próxima decisão de Joshua parecia natural e insignificante, mas acabaria se tornando um divisor de águas e até mesmo um salva-vidas para muitas pessoas. Ele foi para o carro pegar a câmera de Lexi para tirar fotos de seu filho. 

A princípio, isso não era o que Lexi queria, mas as fotos de Walter logo se espalharam por toda a Internet. Elas alcançaram mães enlutadas e ajudaram-nas na perda de seus próprios bebês, e foram usadas para ajudar mulheres a escolher a vida para seus filhos não nascidos.

Lexi recebeu muitas mensagens positivas e compartilhou algumas, incluindo as seguintes:

Acabo de encontrar as imagens de Walter... Eu estou grávida e em uma situação bem ruim esta semana. Fiz meu primeiro ultrassom na semana passada e ele é um menino também. Mas, esta semana, comecei a rezar por um aborto espontâneo ou para decidir acabar [com a gravidez], já que o seu pai está fugindo de toda a responsabilidade. Eu pedi a Deus para me dar um sinal hoje de que ficaríamos bem, ou eu iria em frente e procuraria um aborto amanhã. Algumas horas depois, eu vi o link no Facebook. Fez-me ir às lágrimas. Mas, o mais importante, me fez entender, sem nenhuma dúvida, que eu não posso fazer isso com meu filho.
Eu costumava acreditar que havia razões para justificar alguns abortos. (...) Mas, agora, olhar Walter ali, deitado no seu peito, me traz vergonha por minhas opiniões passadas e desgosto por cada mulher que decide abortar sem entender o valor da vida que traz dentro de si.
Eu sempre pensei que era uma escolha da mulher interromper uma gravidez! Novamente, falta de entendimento, pensar, ou melhor, ser levada a pensar que, nesse estágio, uma mulher poderia abortar um feto (um aglomerado de células!) Quão errada eu estava!!! Estou feliz porque você escolheu compartilhar sua história e as belas fotos desse momento tão triste da sua vida! Foi uma lição para mim!
Estou grávida há 8 semanas e por 3 delas eu fiquei em profunda agonia, sem saber se mantinha ou abortava o bebê (não estou numa boa situação para ter crianças no momento), mas você pôs a minha vida em perpectiva. Eu posso amar este bebê e "me virar", e isso basta para mim agora. Eu vou manter essa criança que estou carregando e guardá-la para a eternidade.

Essas fotos de Walter revelam a humanidade da criança não nascida. Elas provam, sem sombra de dúvidas, que se trata de uma pessoa, e não de uma partícula ou de um monte de tecido. O que levanta a questão: Por que em alguns lugares é legalmente permitido acabar com a vida de um ser humano não nascido?

"Só porque a criança na barriga da mãe não pode ser vista por nós, isso não significa que ela seja um punhado de células", escreve Lexi. "Walter estava perfeitamente formado e era muito ativo no útero. Se ele tivesse apenas mais algumas semanas, teria tido uma chance de lutar na vida. (...) Em meio a toda a nossa dor, fico feliz porque algo de bom pode sair disso. Rezo para que o Senhor continue usando as fotos de Walter para impactar a muitos."


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👆 OLAVO DE CARVALHO

Desejo de matar

(Publicado originalmente no Jornal da Tarde, em 22 de Janeiro de 1998, disponível no site do professor)

Amigos e leitores pedem-me uma opinião sobre o aborto. Mas, inclinado por natureza à economia de esforço, meu cérebro se recusa a criar uma opinião sobre o quer que seja, exceto quando encontra um bom motivo para fazê-lo. Diante de um problema qualquer, sua reação instintiva é apegar-se ferozmente ao direito natural de não pensar no caso. Mas, ao argumentar em favor desse direito, ele acaba tendo de se perguntar por que afinal existe o maldito problema. Assim, o que era uma tentativa de não pensar acaba por se tornar uma investigação de fundamentos, isto é, o empreendimento mais filosófico que existe. Os futuros autores de biografias depreciativas dirão, com razão, que me tornei filósofo por mera preguiça de pensar. Mas, como a preguiça gradua os assuntos pela escala de atenção prioritária mínima, acabei por desenvolver um agudo sentimento da diferença entre os problemas colocados pela fatalidade das coisas e os problemas que só existem porque determinadas pessoas querem que existam.

Ora, o problema do aborto pertence, com toda a evidência, a esta última espécie. O questionamento do aborto existe porque a prática do aborto existe, e não ao contrário. Que alguém decida em favor do aborto é o pressuposto da existência do debate sobre o aborto. Mas o que é pressuposto de um debate não pode, ao mesmo tempo, ser a sua conclusão lógica. A opção pelo aborto, sendo prévia a toda discussão, é inacessível a argumentos. O abortista é abortista por decisão livre, que prescinde de razões. Essa liberdade afirma-se diretamente pelo ato que a realiza e, multiplicado por milhões, se torna liberdade genericamente reconhecida e consolidada num “direito”. Daí que o discurso em favor do aborto evite a problemática moral e se apegue ao terreno jurídico e político: ele não quer tanto afirmar um valor, mas estatuir um direito (que pode, em tese, coexistir com a condenação moral do ato).

Quanto ao conteúdo do debate, os adversários do aborto alegam que o feto é um ser humano, que matá-lo é crime de homicídio. Os partidários alegam que o feto é apenas um pedaço de carne, uma parte do corpo da mãe, que deve ter o direito de extirpá-lo à vontade. No presente score da disputa, nenhum dos lados conseguiu ainda persuadir o outro. Nem é razoável esperar que o consiga, pois, não havendo na presente civilização o menor consenso quanto ao que é ou não é a natureza humana, não existem premissas comuns que possam fundamentar um desempate.

Mas o empate mesmo acaba por transfigurar toda a discussão: diante dele, passamos de uma disputa ético-metafísica, insolúvel nas presentes condições da cultura ocidental, a uma simples equação matemática cuja resolução deve, em princípio, ser idêntica e igualmente probante para todos os seres capazes de compreendê-la. Essa equação formula-se assim: se há 50% de probabilidades de que o feto seja humano e 50% de probabilidades de que não o seja, apostar nesta última hipótese é, literalmente, optar por um ato que tem 50% de probabilidades de ser um homicídio.

Com isso, a questão toda se esclarece mais do que poderia exigi-lo o mais refratário dos cérebros. Não havendo certeza absoluta da inumanidade do feto, extirpá-lo pressupõe uma decisão moral (ou imoral) tomada no escuro. Podemos preservar a vida dessa criatura e descobrir mais tarde que empenhamos em vão nossos altos sentimentos éticos em defesa do que não passava, no fim das contas, de mera coisa. Mas podemos também decidir extirpar a coisa, correndo o risco de descobrir, tarde demais, que era um ser humano. Entre a precaução e a aposta temerária, cabe escolher? Qual de nós, armado de um revólver, se acreditaria moralmente autorizado a dispará-lo, se soubesse que tem 50% de chances de acertar numa criatura inocente? Dito de outro modo: apostar na inumanidade do feto é jogar na cara-ou-coroa a sobrevivência ou morte de um possível ser humano.

Chegados a esse ponto do raciocínio, todos os argumentos pró-aborto tornaram-se argumentos contra. Pois aí saímos do terreno do indecidível e deparamos com um consenso mundial firmemente estabelecido: nenhuma vantagem defensável ou indefensável, nenhum benefício real ou hipotético para terceiros pode justificar que a vida de um ser humano seja arriscada numa aposta.

Mas, como vimos, a opção pró-aborto é prévia a toda discussão, sendo este o motivo pelo qual o abortista ressente e denuncia como “violência repressiva” toda argumentação contrária. A decisão pró-aborto, sendo a pré-condição da existência do debate, não poderia buscar no debate senão a legitimação ex post facto de algo que já estava decidido irreversivelmente com debate ou sem debate. O abortista não poderia ceder nem mesmo ante provas cabais da humanidade do feto, quanto mais ante meras avaliações de um risco moral. Ele simplesmente deseja correr o risco, mesmo com chances de zero por cento. Ele quer porque quer. Para ele, a morte dos fetos indesejados é uma questão de honra: trata-se de demonstrar, mediante atos e não mediante argumentos, uma liberdade autofundante que prescinde de razões, um orgulho nietzschiano para o qual a menor objeção é constrangimento intolerável.

Creio descobrir, aí, a razão pela qual meu cérebro se recusava obstinadamente a pensar no assunto. Ele pressentia a inocuidade de todo argumento ante a afirmação brutal e irracional da pura vontade de matar. É claro que, em muitos abortistas, esta vontade permanece subconsciente, encoberta por um véu de racionalizações humanitárias, que o apoio da mídia fortalece e a vociferação dos militantes corrobora. Porém é claro também que não adianta nada argumentar com pessoas capazes de mentir tão tenazmente para si próprias.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

"Os filhos de Deus não estão à venda"
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
24 de Setembro de 2023







Domingo, 24 de Setembro de 2023, 14 horas. Vou ao Shopping Iguatemi em Ribeirão Preto com minha família para conferir o filme "Sound of Freedom", ou O Som da Liberdade, como ficou conhecido no Brasil. Deixo minha filha de 7 anos brincando na brinquedoteca do local e adentro a sala para ver esse belíssimo trabalho. Para minha grande surpresa, Mel Gibson também esteve envolvido no filme, como produtor.

O filme começa com a cena de um pai e duas crianças sendo abordadas por uma mulher que se apresenta como agente de uma agência de talentos mirins. O pai, muito inocentemente permite que suas crianças participem de um "teste de seleção". Deveria ter pego seus filhos e saído de lá quando a moça disse que pais não poderiam ficar no teste, mas deixou seus filhos por lá. Quando voltou, já não estavam mais lá. Tinham sido vendidos no mercado de tráfico de menores como escravos sexuais.

Entra o agente Tim Ballard (Jim Caviziel). Ele é um homem caridoso e esforçado, e seu parceiro de trabalho chama a atenção de que eles sempre pegam o pedófilo, mas nunca conseguem recuperar as vítimas. Ao encontrar uma das duas crianças abduzidas pela moça do começo, o menino mais novo, Ballard faz um juramento de que vai conseguir resgatar sua irmazinha. A partir daí acompanhamos a odisseia corajosa do policial para ir atrás de gente da pior espécie e resgatar menores de seus cativeiros.

Em uma saga emocionante, fica difícil para mim, pai de uma menina, não derramar lágrimas e não despertar sentimentos do tipo "amassa a cabeça desse pedo na parede, vai! Arranca os dentes da boca dele!". Também fica difícil eu não comentar com minha esposa ao meu lado "se fosse nossa menina e eu pegasse um cara desses na minha frente, eu não responderia pelos meus atos. Me segura se eu pegar!", ao que minha mulher responde "seguro nada!", como que me dando carta branca para fazer uma cirurgia plástica na cara dele.

Sim, o filme é pesado no tema, apesar de suave no conteúdo gráfico. É algo que a gente não consegue assistir sem reações emocionais dessa magnitude, principalmente sendo pai. Mas no meio desse clima pesado, há os momentos de pura satisfação, quando por exemplo em uma cena, Tim Ballard parece "entrar na onda" do pedo que ele está caçando, e começa a se portar como se estivesse querendo a mesma coisa; quando ele finalmente ganha a confiança do meliante e o cara finalmente mostra a foto do menino, Ballard olha para ele com um sorriso e diz "você está preso por tráfico de menores". Não dá pra gente esconder nossa satisfação em ver o cara ter um "cabo de vassoura" desse tamanho colocado estrategicamente nas partes baixas. Em uma realidade que vemos todos os dias os maus se dando bem, a sensação de satisfação ao ver a justiça ser feita e o trabalho cumprido é enorme. Em outra estratégia muito bem arquitetada, Ballard vai como médico em uma área remota em que um traficante opera e consegue passar disfarçado de médico da ONU onde nem mesmo a polícia e os bacanas conseguem chegar.

Mas o melhor de tudo, é quando aparece os créditos finais e você se dá conta de que estava vendo uma cinebiografia do ex-agente americano Tim Ballard. Imagine só, um cara da VIDA REAL conseguiu fazer tais coisas e trazer um bom contigente de crianças de volta pra casa, libertá-las dos grilhões de sua escravidão. Não é um personagem fictício saído de um filme do Denzel Washington ou do Liam Neeson, NÃO... é uma pessoa REAL.

E eis a razão pela qual Hollywood, a imprensa carcomida INTEIRA (aquela que ficou batendo 24 horas no presidente Trump à época de sua gestão), atores, apresentadores e jornazistas do sistema fizeram campanha MACIÇA contra este filme, que não é um produto Hollywoodiano (explico já-já): Hollywood tem as mãos sujas de sangue com esse negócio do tráfico infantil. Todos sabem disso. O sistema coaduna com os bandidos, e por isso você vê veículos de opinião categorizar "Sound of Freedom" como um filme para "velhos com problemas mentais", para pessoas da "ultradireita", como eles dizem, um filme que conta com "teorias da conspiração" e (claro, não poderia faltar nas """críticas""" - muitas aspas) um filme com elementos de "fake news", hohoho! Você já está cansado de saber o vocabulário e as palavras-gatilho que esses imundos vão usar para nos categorizar, mas essa de fazer campanha maciça para as pessoas não irem assistir ao filme, bom, essa é nova.

Gozado... se o filme tem tanta mentira assim, será que as pessoas minimamente inteligentes não iriam perceber e desmascarar as mentiras? Quantos e quantos filmes baseados em fatos históricos tem uma tonelada de mentiras e conseguem passar incólumes?! Será que essa "comoção" da imprensa é porque o filme só tem "mentiras" mesmo? Oras, você não viu essa comoção toda de Hollywood e da imprensa (o "consórcio", como diz o Guilherme Fiuza) quando do lançamento de "Busca Implacável 2", um filme hollywoodiano que ganhou boas críticas em que a filha do protagonista (Liam Neeson) é sequestrada e resgatada por ele; tampouco eu vi comoção desse mesmo consórcio quando famosos como Ashton Kutcher aparecem falando do assunto, ou quando nomes de atores e produtores como Naomi Campbell, Kevin Spacey ou Bob Weinstein aparecem envolvidos em casos de abusos. Você simplesmente não vê essa comoção toda, mas eis que um filme, feito pela via do CROWDFUNDING - em que as pessoas livremente financiam o projeto com doações em dinheiro - filmado e produzido FORA dos domínios de Hollywood, esse filme, que aliás já estava pronto e produzido há 5 anos atrás, começa a vir quietinho e fazer muito barulho, desbancando gigantes como "Indiana Jones" e outras produções que eram esperadas para serem os sucessos da temporada e, ao invés disso, foram (pobrezinhas!) retumbantes fracassos de bilheteria. E então o "bicho-papão" de Hollywood, esse filme que tanto incomoda os poderosos, esse filme que ninguém esperava que iria fazer tanto sucesso, começa a incomodar e a ostracizar os grandes, e a molhar o chope dos produtores hollywodianos ávidos por dinheiro e por ... bom, deixa eu parar por aqui.

O filme foi lançado pela Angel Studios, o mesmo estúdio e produtora que é a casa da série The Chosen, ou Os Escolhidos, série que conta a história de Jesus e seus 12 apóstolos de uma sensacional maneira que nunca se viu antes, e que também usou e usa o sistema de crowdfunding através da ferramenta "Pay it forward", contida no app da Angel Studios e no site da produtora. Será que vão chamar a história bíblica dos evangelhos de "fake news" também? Bom, vamos esperar.

Por fim, vale ressaltar a cena tocante em que Ballard, de frente com seu superior, é questionado por qual razão fica tão preocupado em levar isso pra frente, uma vez que poderia se contentar apenas em ter resgatado uma criança. E a resposta dele é "porque os filhos de Deus não estão à venda". Como sabemos, nós Cristãos estamos sendo muito perseguidos no mundo de hoje, e a simples menção de Deus em um filme desses já causa o terror nas forças do mal. Na medalha que o menino dá para Tim Ballard, há uma inscrição de 1 Timóteo 6:11: "Mas tu, ó homem de Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência, a mansidão". A comoção Hollywodiana e da imprensa é como o exército de demônios tentando de tudo para impedir que o bem combata o mal. Após pegar minha menina na brinquedoteca, eu estava inclusive comentando com minha esposa isso: "você vê amor, Deus vê que uma porta se fecha e abre uma janela. Há 5 anos, ver um filme desses ser lançado era tido como impossível. Parecia uma vitória do mal. Daí veio a Angel Studios, e de repente, ver uma obra dessas ser admitida à existência já não é mais impossível. Hollywood já não é mais a única via em que se pode lançar filmes. Como você pode me dizer que não há o dedo de Deus nisso aí?"

Jim Caviziel entendeu isso e está usando esse filme como arma para combater o tráfico infantil. Ao rolar dos créditos finais, espera-se por 2 minutos e teremos uma mensagem especial do próprio ator para nos incentivar a divulgar a obra. Nessa mensagem, nos é dada uma missão: foi passado um QR Code para escanearmos com o celular e colocar à disposição para que mais e mais pessoas possam conseguir ingressos; você doa uma quantia em dinheiro e com isso consegue um ingresso-presente para que outras pessoas assistam o filme. Estou colocando esse endereço aqui no final do artigo para que você também possa ter essa oportunidade.

Recomendo a todos verem o filme. É uma ótima produção com uma mensagem tocante e que alerta a todos de um problema que já vem se arrastando por muito tempo. O mundo moderno está vindo com tudo contra nossas crianças, e se não as protegermos, ninguém irá.

Aqui eu finalizo com um outro trecho das escrituras em que Jesus diz o seguinte:

"Entretanto, se alguém fizer tropeçar um destes pequeninos que crêem em mim, melhor lhe seria amarrar uma pedra de moinho no pescoço e se afogar nas profundezas do mar. Ai do mundo, por causa das suas ciladas! É inevitável que tais ofensas ocorram, mas infeliz da pessoa por meio da qual elas acontecem!"
(Mateus 18:6-7)

Presenteie alguém com um ingresso para o filme:
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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje:

- O bicho! É o bicho! Entendeu, bicho? Falaê, bicho!;

- Daí o Roger Moreira causa um Ultraje no seu Nando Rréis, quando ele descobre que não é tão anti-sistema quanto pensava! Hahaha!;

- Aí tem a tal da indignação seletiva que todo esquerdista adora! Coisa d'outro mundo!;

- A seguir, Olavão deixa uma desmiolad.... digo, vegana (hehehe) sem palavras;

- E fechando a edição, o estranho caso da fervefinha.

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- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!
(25/09/2023)

E como sempre... 

Se nada acontecer comigo, a gente se vê de novo em 15 dias!
E não se esqueçam! VEM AÍ...


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LEITURA RECOMENDADA

A recomendação de hoje é sobre a Liberdade. Para bem ensinar nossos filhos esse direito basilar dado por Deus, até mesmo no âmbito do direito de NASCER, lhes trago essa obra maravilhosa e lúdica de Dennys Andrade. Aproveitem.

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