Edição LXI (Terça Livre, Revista Esmeril 33, opinião e mais)

  Tempo de Leitura LXI

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco na área cultural (mas não necessariamente apenas), publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
   


REVISTA ESMERIL 33

Entrevista com o pintor Pedro Lorenzo (Leônidas Pellegrini)

Teste: Sufragistas, racistas ou feminazistas? (Aldir Gracindo)





Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA

Minhas redes:

25 de Julho de 2022
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👆 Com a palavra, Terça Livre!




ALLAN DOS SANTOS: Locals || Gettr || Clouthub || Bom Perfil || Rumble.

ÍTALO LORENZON: Ligando os Pontos || Canal de cortes || Telegram || Gettr || Twitter || Instagram.

MAX CARDOSO: YouTube || Telegram || Twitter || Instagram.

CARLOS DIAS: Portal Factum || Expressão Brasil || YouTube || Twitter.

KASSIO FREITAS: Telegram || Instagram || Twitter || Ligando os Pontos.


PAULO FIGUEIREDO: Conexão América || ConservaTalk || Telegram || Gettr || Twitter.

JOSÉ CARLOS SEPÚLVEDA: YouTube || Ligando os Pontos || PHVox || Gettr || Twitter || Facebook.

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MEMÓRIA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)
Hoje voltaremos no tempo para a edição 30 da Revista Terça Livre, de 04 de Fevereiro de 2020.

Infelizmente não é mais possível acessá-la porque o site TL TV está sendo reformulado, portanto agora uso do meu acervo de pdfs para publicar artigos da revista. Porém, a área de cursos do Terça Livre se encontra disponível novamente através da plataforma do Canal Hipócritas.



MATÉRIA DE CAPA

(TdL: A matéria aqui reproduzida da edição 30 da revista Terça Livre lhes recordará como todo o pesadelo e o autoritarismo começou. Tudo aqui retratado em Fevereiro de 2020 aconteceu antes do exílio do jornalista Allan dos Santos, da extinção do Terça Livre no Brasil, antes de Oswaldo Eustáquio, de Sara Winter, de Roberto Jefferson, de Daniel Silveira, de Zé Trovão, e de tantos outros que foram vítimas das ações que começaram aqui. A eles, eu dedico essa reprodução da ótima matéria da Priscila Dalcim. E que o pesadelo tenha logo um fim!)

👆 Inquérito sigiloso expõe autoritarismo do STF
(por Priscila Dalcim)


Ação de Alexandre de Moraes atenta contra a liberdade de expressão e de imprensa.

Tudo indica que o Olimpo desceu à Terra e aportou no Supremo Tribunal Federal (STF) sem que sequer a população brasileira tenha sido notificada. Como de costume, as ações dos magistrados mais uma vez trouxeram à tona o lado obscuro daqueles que foram instituídos como guardiões da Constituição Federal, mas parecem esquecer-se disso. Enquanto todo poder emana do povo, os supremos magistrados usurpam tal competência e arrogam-se o direito de passar por cima de leis instituídas e até mesmo da imprensa. Allan dos Santos, fundador do canal no Youtube e portal de notícias Terça Livre, recebeu uma intimação para 
comparecer na semana passada à suprema Corte sem sequer obter conhecimento da matéria a ser tratada. Nem mesmo se a sua atuação seria como réu ou testemunha. “Estão fazendo de tudo para me calar”, afirmou Allan.

Como nem Allan nem seus advogados tiveram conhecimento a respeito do caso, foi aventada a possibilidade de Toffoli estar investigando supostos crimes cometidos contra o Supremo. Porém, não seria o caso de um crime contra a honra, uma vez que se trata de uma instituição. “O STF é um ente, não é uma pessoa física que pode ser ofendida”, elucidou um dos advogados do Terça Livre. E, no caso dos supostos crimes contra a honra – calúnia, injúria e difamação –que poderiam ter sido cometidos por Allan dos Santos ao criticar as atitudes dos ministros, ainda assim, ele estaria resguardado pela Constituição Federal, uma vez que os ministros são pessoas públicas. “Quando se critica autoridades públicas, critica-se a agenda, as políticas, as opiniões. Isso não é crime”, disse.


Outro disparate nesse caso é que, ainda que tivesse ocorrido o crime contra a honra de um ou mais ministros do STF, a instância correta para recorrer a isso seria em um tribunal de primeira instância. Com isso, esse tipo de inquérito passaria pelo Ministério Público e, eventualmente, por uma delegacia. No entanto, havendo a grande possibilidade de um delegado ou um juiz alegarem que não há crime diante dos fatos e arquivarem o processo, Toffoli teria realizado essa manobra jurídica com o intuito de exercer poder e intimidação sobre o jornalista.


O jurista Modesto Carvalhosa, um dos autores do pedido de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, criticou, ainda em abril do ano passado, a postura da dobradinha Toffoli-Moraes no STF. “Dias Toffoli e seu companheiro Alexandre de Moraes transformaram o STF num tribunal de exceção, declarado no artigo V e inciso XVI da Constituição no mais grave delito contra as liberdades públicas numa democracia. No comando desse tribunal de exceção, estabeleceram esses dois abusivos funcionários públicos um clima de terror mediante a prática continuada dos crimes de ameaça, constrangimento ilegal, violência arbitrária e invasão de domicílio cominados nos artigos 132, 146, 147 e 150 do código penal”, postou Modesto Carvalhosa em suas redes sociais.


“Poder significa a capacidade que um sujeito tem de fazer os outros fazerem aquilo que ele quer, seja por qualquer meio”, explicou o filósofo Olavo de Carvalho. A dúvida é: teria o ministro sido contaminado com o mesmo vírus de Luiz Fux, que acredita, segundo suas próprias palavras, que a partir do momento em que ele e seus colegas recebem a investidura, ou seja, assumem o cargo no Supremo, “não devem satisfações a mais ninguém?”


“Esse inquérito não tem justificativa jurídica”, resumiu o Jurídico do Terça Livre. O advogado explicou ainda que, em 2019, Toffoli abriu um inquérito com o objetivo de investigar crimes contra a honra e que o ministro teria recorrido a um dispositivo do regimento interno do Supremo Tribunal Federal que possibilita a investigação de crimes ocorridos dentro da sede da instituição. Para tanto, o ministro interpretou que o espaço de abrangência dos crimes seria o Brasil inteiro, uma vez que ele e seus colegas togados poderiam estar presentes em qualquer local do país. “Mas não é o caso de um suposto crime praticado na internet que teria como local de execução o ambiente virtual”, informou o advogado.


Além da atitude arbitrária quanto à liberdade de expressão, os ministros mantiveram o inquérito em sigilo, proibindo o acesso aos autos, o que constitui abuso de autoridade. Tal descalabro traz inevitavelmente à memória o alerta que Rui Barbosa proferiu quando disse que a pior ditadura é a do judiciário. Na verdade, o político foi mais do que assertivo em sua afirmativa: ele praticamente profetizou a respeito dos tempos atuais do Judiciário no Brasil.


Sobre a prerrogativa de consulta aos autos de inquérito, a juíza Ludmila Lins Grilo manifestou-se em sua conta oficial do Twitter, citando o artigo 7º, XXI do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). “O §12° que diz que a negativa de acesso aos autos configura abuso de autoridade. Tenho certeza de que a OAB está atenta e vigilante quanto à defesa das prerrogativas de seus membros”, declarou.


Dotada de uma consciência crítica em relação aos supostos ativismos judiciais e abusos de autoridade promovidos por membros do STF, Ludmila tem tecido apreciações desfavoráveis quanto a diversas ações deles. Poucos dias antes do episódio ocorrido com Allan dos Santos, Ludmila manifestou profunda insatisfação com uma das autoridades máximas da magistratura no país. “Tu, ó elevado figurão da magistratura nacional: soube que passas teus dias traçando estratégias para me neutralizar. ‘Como ousa desafiar-nos a neófita?’ És deprimente”. Seria esta mais uma peripécia dos ministros do STF?


Próximos passos

Após assumir a postura de desobediência civil e faltar à audiência do inquérito agendada para o último dia 28, os advogados de Allan dos Santos estão protocolando petições endereçadas ao ministro relator do inquérito, Alexandre de Moraes, requerendo o adiamento do depoimento até que seja dada vista. Ou seja, até que os advogados tenham acesso aos autos. No momento, o depoimento foi postergado para o dia 05 de fevereiro, mas sem a garantia da vista. Caso Allan falte novamente ao depoimento, existe a possibilidade de o jornalista sofrer uma condução coercitiva, isto é, quando a autoridade determina que a Polícia Federal vá ao encontro da pessoa e a obrigue a comparecer no local do depoimento. “Nada impede que o relator faça isso”, explicou o advogado de Allan. Ele alertou também que estão avaliando a possibilidade de processarem por danos morais os ministros envolvidos no caso, Toffoli e Moraes.


A questão é: sendo o STF a última instância jurídica do país, quando algum de seus membros comete uma arbitrariedade, a quem recorrer? “Como somos signatários de Tratados Internacionais como o Pacto San José da Costa Rica, pretendemos denunciar na Corte Interamericana de Direitos Humanos, cuja competência abrange fatos ocorridos no Brasil”, explicou. Uma vez que o fato tenha sido denunciado, a consequência é que seja declarado que o Brasil violou os Direitos Humanos. “Isso pode trazer uma grande repercussão internacional negativa para o país”, complementou. 


Enquanto para Allan dos Santos seria uma vitória fazer parte de um tema que possa se tornar assunto internacional, para o STF seria uma lástima. Sabe-se que os ministros da instituição já não gozam do apreço da maior parte dos brasileiros, o que é perceptível em meio às manifestações de rua e nas redes sociais. Não que os cidadãos comuns tenham algo contra a instituição. Pelo contrário. A maioria compreende a sua importância para o equilíbrio do sistema judiciário brasileiro. No entanto, sendo as ações de seus representantes legais muitas vezes destoantes das funções a que foram incumbidos, a consequência resulta em um repúdio generalizado.


Não à toa, rotineiramente é possível deparar-se com adjetivos nada elogiosos como “ditatoga” e “ditadura do STF”. Diante disso, se o caso ganhar repercussão internacional, a imagem da instituição vai direto para a lama. Mas seus ministros não parecem estar muito preocupados, pois seguem em frente tomados por uma irrefreável síndrome de rolo compressor querendo passar por cima de todos os seus opositores. Seriam eles intocáveis?

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REVISTA ESMERIL - Ed. 33, de 01/07/2022 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


A BELEZA IMPORTA

👆 Entrevista com o pintor Pedro Lorenzo
(por Leônidas Pellegrini)


A beleza que santifica e salva

A beleza importa? Sim, e muito. Tanto que, não raro, muitas pessoas convertem-se por meio da contemplação da beleza nas artes sacras ou religiosas, com obras que falam à nossa alma e nos encaminham à salvação.

Sobra conversão, importância da beleza nas artes e o papel dessa beleza para a salvação das almas, conversei com o pintor e professor Pedro Lorenzo. Aluno de Olavo de Carvalho e do Padre Paulo Ricardo, Pedro relata aqui seu caminho de conversão e tece valiosas considerações sobre o papel fundamental que a beleza tem sobretudo na arte sacra. Aponta, inclusive, como a perda do sentido de beleza na modernidade tem afetado a própria Igreja, que, em muitas paróquias, tem cada vez mais se tornado um reflexo de um mundo muito pouco santo.

Confira a entrevista e lembre-se: a beleza importa, e mais: ela santifica e salva!


Revista Esmeril: Você possui uma história de conversão que se reflete em sua vida artística. Gostaria que falasse sobre isso, sobre como era o antigo Pedro (pessoa e artista) e o novo, após a conversão.

Pedro Lorenzo: Antes da minha conversão para o catolicismo eu era ateu, ou seja, eu acreditava que Deus não existia. Por essa razão, eu não tinha uma moralidade muito bem estabelecida, os limites morais para mim eram muito vagos. Vejo hoje que Deus é o princípio de tudo, inclusive da moral, Ele é a própria Bondade, e isso torna mais claro o que é mau.

Por “sensibilidade humana”, que acredito ser ignorada por alguns ideólogos, por alguns professores de universidade, políticos e também por criminosos, eu percebia coisas mais grosseiras como “matar e roubar é errado”, mas a mentira, e outras imoralidades, pareciam algo que poderia ser relativizado. Por falta de um cerne moral na minha vida eu não tinha essa coisa de “as coisas deveriam ser assim, e não assim”, ou seja, por falta de um cerne moral eu também não tinha um sentido na minha vida, não sabia como as coisas “deveriam ser”. Isso era extremamente desesperador. É como estar no meio de uma cidade, não saber para onde ir, e ficar vagando sem sentido. No começo é divertido, depois você percebe que está perdido.

Para aliviar essa tensão eu usava drogas, via pornografia, ia atrás de várias mulheres, e fugia das responsabilidades como filho, estudante, namorado etc… Sempre fui muito “questionador”, o que me ajudou a sair dessa situação no fim das contas, mas por um tempo isso chegou a agravar a situação. Eu questionava tudo o que me incomodava, inclusive as minhas responsabilidades e deveres, o que fazia de mim uma pessoa extremamente egoísta e impulsiva por, convenientemente, não obter respostas que satisfaziam aos meus questionamentos.

 Assim, desenvolvi ansiedade generalizada e depressão, e fiz terapia por algum tempo. Essa mentalidade é a receita de uma bomba humana, é a receita para a pessoa se tornar um ser caótico dependente dos pais ou do Estado.

A minha arte nessa época era confusa, caótica, mostrava psicodelia, aflição, monstruosidade, sofrimento, confusão, e falta de sentido, era algo como um “relance do inferno”. O que eu produzia era fruto de algo que eu considerava ser uma criação puramente minha, algo que expressava a minha individualidade, quase uma expressão artística de tomar o bem e o mal para si. Eu pensava algo como “se eu sinto eu devo expressar e o mundo deve me compreender, a régua da minha criação são os meus sentimentos, as minhas vontades e a minha revolta”. Eu era o deus da minha criação.

Depois da minha conversão eu percebi, antes de tudo, como eu era errado, egoísta e vaidoso, e continuo a descobrir isso dia após dia até hoje. Talvez isso pareça algo desagradável de ler, mas é extremamente libertador descobrir onde você está errando; é como se eu visse a completude do ser humano, as duas faces, a boa e a má, e visse isso mais claramente em mim onde eu tenho um acesso muito maior a tudo que acontece. É também libertador no sentido de não esperar muito de si mesmo, uma vez que você entende que é um ser falho. Isso facilita o convívio com as pessoas porque você tende a defender menos coisas que estão erradas.

Ainda sou muito teimoso, a minha esposa que o diga, mas garanto que antes eu era muito mais. Também comecei a me sentir muito mais seguro, porque o caminho que eu tinha que seguir começou a ficar mais claro. Óbvio que detalhes desse caminho não são claros, mas ficou claro o que é importante ao caminhar, surgiu um senso de hierarquia, de prioridade na vida. Entendi que eu tinha que estar com Jesus Cristo, que isso tinha que ser garantido, e que o resto era secundário. Não é porque as outras coisas se tornaram secundárias que passaram a se desenvolver de forma “pior”, mas passaram a se desenvolver de forma melhor, porque Jesus passou a ser a medida dessas coisas.

Acredito que o que explica essa natureza seja a passagem de Lucas 9,24: “Porque, quem quiser salvar a sua vida, perdê-la-á; mas quem sacrificar a sua vida por amor de mim, salvá-la-á.. Eu vivo isso de forma muito pobre ainda, mas acredito que uma faísca de Jesus que colocamos na nossa vida já consegue iluminar uma casa inteira, já faz muita diferença.

Depois da minha conversão eu percebi que era co-criador, e não o criador. Isso significa que eu deveria criar algo que já existe, pelo menos em uma realidade ideal, que represente algo que me guia ao invés de vir de dentro de mim. Essa arte deve representar algo que está na essência do ser humano, e não na superficialidade dos meus sentimentos e opiniões. Essa verdade representada na arte, estando presente na essência do ser humano, pode ser acessada por qualquer ser humano que a busque. Para isso é necessário que eu busque a verdade incessante e sinceramente, para que as pessoas a encontrem nas minhas obras. Essa verdade se expressa tanto no “significado” da sua obra, quanto na sua beleza, porque a beleza é a representação da verdade e da bondade, e por isso a beleza é harmônica, clara, proporcional e ordenada.

Comecei a ver a minha arte como uma ponte entre os outros e eu, e não como um palco para a minha individualidade.

Revista Esmeril: Qual foi o papel de Olavo de Carvalho em seu processo de amadurecimento pessoal e conversão?

Pedro Lorenzo: Eu descobri o Olavo em 2014, quando existiam aquelas primeiras grandes discussões públicas sobre cultura tradicional e cultura progressista, um pouco antes das eleições daquele ano. Na época eu ia votar no PT, porque eu era um mestrando de neurociências da USP e dava o crédito da bolsa do mestrado ao PT. Apresentei esse raciocínio para um amigo e ele falou que era um absurdo, me mostrou a corrupção do PT. Então eu decidi que ia votar em branco, aí ele falou que isso era um absurdo maior ainda, e começou a me ensinar sobre direita e esquerda. Fui procurar sobre isso na internet, e providencialmente caí nos vídeos do Olavo de Carvalho. Gostei dele de primeira, e gostei do “tipão” dele, aquele jeito grosseiro e ao mesmo tempo culto e engraçado de falar, como disse um amigo meu, uma mistura barroca do mais elevado com o grosseiro.

Apesar de eu ser um esquerdista na época, eu reconheço que existia algo muito “humano” em mim, no sentido de sinceramente perceber o que acontece no meu coração, em uma tentativa de sentir o que é verdade apesar de tudo. Acredito que isso tenha feito eu me apaixonar pelo Olavo. Senti que ele estava disposto a falar a verdade por mais que doesse. Ressalto aqui que eu tinha uma paixão pela ciência e pelo questionamento, e isso abriu muito a minha cabeça para os argumentos dos outros em prol da verdade, diferente de muitos que dizem gostar das ciências.

Mas o que o Olavo fez por mim? Ele me mostrou que o relativismo que eu vivia não era um problema só meu, mas era um problema que a sociedade vivia e que foi arquitetado por vários escritores, como Gramsci, Lukács, Adorno, Horkheimer e companhia ilimitada. Percebi que estava vivendo junto com muitas pessoas em uma bolha relativista, confusa, hipnótica. Comecei a entender o que era o marxismo cultural, entender por que as pessoas que brigavam comigo por eu fazer questionamentos simples, me chamando de machista, homofóbico – eram também marxistas – e por que isso não acontecia com pessoas que viviam o cristianismo de forma intensa.

Olavo abriu os meus olhos para ver o marxismo e as ideologias na sociedade, na cultura e em mim mesmo. Assim, comecei a ter um mapa para entender o que era verdade e o que era ideologia. Através dele eu percebi que as ideologias tinham um movimento em comum, a substituição do cristianismo na sociedade. Vi que um dos maiores gênios da atualidade, tão inteligente, tão culto, tão questionador, era também religioso, e católico especificamente. Vi alguns vídeos dele sobre o cristianismo e sobre alguns argumentos que defendiam a existência de Deus que eram muito difíceis de serem refutados, e isso começou a abrir a minha cabeça para pesquisar mais sobre o assunto. Olavo foi a chave da minha conversão para depois eu descobrir o Padre Paulo Ricardo e abraçar a fé com a força mínima necessária – digo força mínima porque não sou um bom exemplo de católico.

Revista Esmeril: Considerando que a arte sacra e a arte religiosa constituem uma via para a conversão e a santidade, você vê em seu trabalho um apostolado?

Pedro Lorenzo: Sim, acredito que é algo que eu tenho que fazer. A arte é o meu apelo ao mundo, é a forma mais potente que eu tenho para comunicar e evangelizar. Através dela lembro a mim mesmo e às outras pessoas das coisas de Deus. A arte sacra é a arte das coisas mais importantes, por isso me dedico a ela. É um trabalho extremamente necessário, porque hoje temos poucos bons artistas católicos, e bem poucos deles fazem arte que represente a nossa fé.

O problema disso é que o mundo tem muita arte de ótima qualidade técnica, que atrai as pessoas para ele, para as coisas mundanas, para o pecado, enquanto a Igreja não consegue competir pelas almas de igual para igual com o mundo nesse campo, por falta de bons artistas. Vejo o mundo da arte como um campo de batalha espiritual, onde as armas mais poderosas são obras de arte de boa qualidade.

Outro aspecto que vejo na arte sacra é o fato de ela ser atemporal. O mundo passa por correntes de moda no campo das artes, como cubismo, surrealismo, abstracionismo, expressionismo, representação dos oprimidos, feminismo, etc… E quando esses períodos artísticos modernos, pós-modernos, passam, as pessoas perdem o interesse por essas obras porque elas são vistas como estranhas. Aí, sempre surge aquela desculpa dos metidos a intelectuais: “Ah, você tem que compreender o contexto histórico-cultural do artista…” Por quê? Porque o contexto histórico cultural da obra já passou e ela dependia dele. Acontece que tem obra de arte que não depende disso, que causa admiração em qualquer época. Não importa quando tenha sido feita, a obra de arte sacra sempre é muito valorizada pelos católicos. 

Para mim, a arte não é como uma escolha, é algo que se impõe sobre mim, e eu cedo a essa imposição. Você escolhe se você quer passear no shopping ou jogar videogame, e não fica culpado de escolher uma coisa ou outra. Eu me sinto culpado de não desenhar ou pintar, e foi assim a minha vida toda. Não é algo racional, parece uma moção natural, parece que se eu não pintar estou jogando fora os quadros que não fiz.

Revista Esmeril: Em suas postagens nas redes sociais, reparo que há sempre uma grande preocupação sua em atentar para a beleza em boas obras de arte, em contraste com a feiura que muitas vezes grassa na arte moderna. Nesse sentido, como você vê a beleza nas artes e o caminho de santidade? Entende que exista uma guerra espiritual também nessa área?

Pedro Lorenzo: A beleza é a representação ordenada do bem e da verdade, e ela se apresenta em níveis. Existe a beleza estética, a beleza na mensagem, a beleza na natureza, a beleza emocional, a beleza transcendental. Isso porque a bondade, a verdade e a ordem estão nas coisas em níveis diferentes.
Por exemplo: existe beleza estética em um quadro de natureza morta de uma pera, embora ele não represente algo belo no âmbito transcendental, ou na sua mensagem, afinal é só uma pera, não tem nada demais. Nesse caso o quadro é belo por ser ordenado, isso quer dizer que os elementos do quadro estão nos seus devidos lugares. O quadro é belo por representar a pera com verdade, ou seja, ela é reconhecível, adequada ao que ela representa, e é belo porque a representa com bondade, ou seja, o quadro promove o bem, a existência, a saúde, não é uma pera podre, infecciosa, nociva, envenenada.

Outro exemplo sobre os níveis da beleza: uma coisa pode ser “bela por fora e feia por dentro” e também “feia por fora e bonita por dentro”. A beleza estética pode seduzir o ser humano para o pecado, isso acontece com músicas, filmes, novelas, programas da mídia, na propaganda, e na própria realidade… A beleza estética que nos induz ao pecado é algo que esteticamente parece ser verdadeiro e bom, mas que na sua essência é mau, é enganoso, desonesto. Por outro lado, um desenho de uma criança, rabiscado, bagunçado, simples, que representa Nossa Senhora, é mais belo que uma pintura tecnicamente perfeita que leva o espectador ao pecado. Isso acontece porque a beleza do que o desenho simboliza, a Virgem Maria, é infinitamente maior do que a sua pobreza estética e que a riqueza estética de uma obra pecaminosa. O exemplo máximo disso é a crucificação de Cristo, que aparentemente é algo horrível, mas que na sua essência é o próprio Amor exposto diante dos nossos olhos.

Isso quer dizer que a beleza estética não importa? Claro que não! Isso quer dizer que ela participa da obra com outras formas de beleza. Quanto mais beleza a obra tiver, melhor, mais o espectador é tragado, seduzido para o bem, se for uma boa obra. O ideal é que a beleza estética represente a beleza da mensagem, é como encontrar uma comida gostosa que é também saudável. Vemos isso na música “Jesus, Alegria dos homens”, de Bach, no Réquiem de Fauré, no quadro da Coroação da Virgem, de Velásquez, na Pietá de Bouguereau, e em tantas obras, inclusive na produção atual do material do Padre Paulo Ricardo, aquilo é um espetáculo! Nessas obras eu sou convidado de forma muito sedutora, muito convincente a seguir o caminho de santidade.

E esse é um dos problemas de hoje: a falta de beleza estética nas coisas que são boas na sua essência. A aparência estética das paróquias, das catedrais, das músicas tocadas nas missas, não faz esse convite estético às coisas que estão fora e além do mundo, as coisas de Deus. Ao invés disso, as paróquias e as suas músicas lembram as coisas do mundo. As paróquias novas em nada se diferenciam esteticamente no estilo dos elementos arquitetônicos de shoppings, restaurantes, a não ser por uma cruz sem adorno nenhum colocada em algum lugar. As músicas lembram baladas pops, com baterias e guitarras. Veja, aí existe um problema estético, embora a essência da obra que é a Igreja, a intenção dos artistas, ainda seja bela. Muita gente ali está dando o seu melhor e isso é belo, embora não esteticamente. Se alguém se incomodar com as críticas que faço lembre-se que sem crítica não existe melhora, eu só faço críticas porque me importo e quero o melhor para a Igreja. O guitarrista que toca na missa também faz críticas à banda para que a banda toque melhor, o arquiteto pós-moderno que projeta a paróquia também faz críticas às construções para que as construções sejam melhores.

Se a causa desse problema estético é a falta de verba para construção, para equipamento, lembremos das paróquias barrocas bem simples que existiam nos primeiros séculos do Brasil, charmosíssimas; ao entrar nelas percebemos claramente que estamos em um ambiente muito diferente de um shopping ou de um consultório médico. Lembremos também de corais com várias crianças, ou várias pessoas, que tem um som angélico, e que não precisam de equipamento nenhum para serem feitos. Muitas vezes o “pecado estético” está em querer fazer demais, aplicar várias técnicas e efeitos aprendidos em um curso de 4 anos, usar vários equipamentos e instrumentos, deixando a coisa brega.

É claro que a santidade em si é algo muito maior que o antagonismo entre uma missa com banda ou com coral, e que, uma vez na santidade, na quarta morada, nada disso importa.

O problema que aponto está na estética da “propaganda da santidade”, na estética dos “portões da santidade”, na estética do convite. Como a santidade é apresentada esteticamente para o mundo? Como algo parecido com ele, ou como algo superior a ele? Isso tem algum efeito na quantidade de fieis dentro das Igrejas? Isso tem algum efeito na percepção dos fieis em relação à diferença que existe entre a Igreja e o mundo? Acredito que sim.

Como eu disse antes, é necessário que a estética seja um reflexo da mensagem, a mensagem da Igreja é superior à mensagem do mundo. Por isso, a sua estética tem que ser superior à estética do mundo, e não um reflexo dele. O mundo ficou moderno, e o modernismo é ateu. A aparência da Igreja ficou moderna junto com ele, refletindo esse modernismo ateu, “sem querer”. Isso faz com que sensorialmente a pessoa não sinta tanta diferença entre estar no mundo e estar em um espaço da Igreja.

O sensorial não importa? O mundo nos perverte através do sensorial, por isso a importância do sensorial no caminho da salvação, para competir pelos sentidos das pessoas, para que a pessoa prefira ver um quadro santo, um filme santo, a ver pornografia, para que a pessoa prefira ouvir uma música santa a um rock sobre sexo e drogas.

Um caso para ilustrar essa situação: um conhecido meu, que tinha problema com drogas, ouvia muito reggae e rap em festas, e se converteu ao cristianismo. Aí, naturalmente, ele começou a buscar reggae e rap cristão para ouvir. Só que ao ouvir as músicas com mensagem cristã, mas com a estética do mundo pecaminoso que ele vivia, ele tinha vontade de usar drogas, e acabava caindo porque a estética das músicas lembrava as drogas que ele usava. Por isso a estética é tão importante, ela fala mais alto que a mensagem verbal muitas vezes.

Para finalizar, sem mais rodeios: artistas católicos expressem a sua fé através da arte, o mundo precisa disso urgentemente! O meu trabalho é todo voltado para isso, para a produção de arte e a formação de artistas católicos.

Confira o trabalho espetacular de Pedro Lorenzo em seu perfil no Instagram


Esmeril Editora e Cultura. Todos os direitos reservados. 2022

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Esmeril, coluna semanal de 12 de Julho



COLUNAS SEMANAIS





👆 Teste: Sufragistas, racistas ou feminazistas?
(por Aldir Gracindo - 12/07/2022)


Feminismo é um Vírus que Causa Câncer – Parte 2

Como segunda parte da série de artigos sobre feminismo, escolhi trazer à Esmeril outra das minhas velhas histórias (devidamente fundamentada em documentos, claro) que sempre me pedem para recontar.

Dizem que a chamada 1a onda do feminismo era o “feminismo bom”. Feminismo individualista e não coletivista; liberal, libertário, não totalitário, não odioso. Abolicionista. Não defendiam mais que liberdade, igualdade e dignidade para todos. Depois é que vieram umas tais feminazis que “distorceram o feminismo.”

Então este vai ser o quiz mais fácil da internet.

Reunião de aprox. 30.000 membros da Ku Klux Klan de Chicago e Illinois, por volta de 1920. Da Biblioteca do Congresso dos EUA.

Primeira Rodada

Abaixo estão 7 frases. Quais delas são de 

a) sufragistas;

b) membros (homens ou mulheres) da Ku Klux Klan;

c) feministas radicais/feminazis.

As respostas você encontra em seguida.

1. Estrangeiros ignorantes comandam as nossas cidades hoje. A raça de cor se multiplica como os gafanhotos do Egito.

2. Melhor uísque, e mais uísque, é o grito das passeatas das grandes ralés de rosto escuro.

3. A segurança da mulher [branca], [d]a infância, do lar, estão ameaçadas em mil localidades [pelos negros e seus direitos civis].

4. Eu cortarei este meu braço direito antes de vir a trabalhar ou exigir voto para o Negro, e não para a mulher.

5. O Sr. Douglass fala sobre as injustiças contra os negros; mas com todos os ultrajes que hoje sofre, ele não trocaria de sexo para ficar no lugar de Elizabeth Cady Stanton.

6. Nós, como sexo, somos infinitamente superiores aos homens.

7. O que nós e nossas filhas iremos sofrer se esses degenerados homens negros tiverem os direitos que fariam deles até mesmo piores que nossos pais Saxões?

Prontos ou não, aí vêm as respostas:

Respostas

1a, 2a e 3a frases: Sufragista Frances Elizabeth Caroline Willard, 1839 – 1898. Presidente da Woman’s Christian Temperance Union, fundadora do National Council of Women.

Frances Willard

Estrangeiros ignorantes comandam as nossas cidades hoje. A raça de cor se multiplica como os gafanhotos do Egito. (Grifei)

Melhor uísque, e mais uísque, é o grito das passeatas das grandes ralés de rosto escuro. (grifo meu)

A segurança da mulher [branca], [d]a infância, do lar, estão ameaçadas em mil localidades [pelos negros e seus direitos civis].

4a e 5a: Sufragista Susan Brownell Anthony, 1820-1906. Sufragista, membro da Anti-Slavery Society, presidente da Nacional American Woman Suffrage Association.

Susan B. Anthony

Eu cortarei este meu braço direito antes de vir a trabalhar ou exigir voto para o Negro e não para a mulher. 

O Sr. Douglass fala sobre as injustiças contra os negros; mas com todos os ultrajes que ele hoje sofre, ele não trocaria seu sexo e tomaria o lugar de Elizabeth Cady Stanton.

As sufragistas já usavam a tática retórica de representar a situação da mulher branca não só como equivalente, mas como pior que a do negro escravizado. É de uma desfaçatez plena, claro. Mas era fácil explorar retoricamente o sexismo positivo, a empatia social, muito maior em relação à mulher branca do que em relação ao homem negro. Anthony era abolicionista, mas… o problema é esse “mas”, não é?

Por falar na retórica da feminista, deveria Douglass trocar de sexo para ter razão sobre o que dizia sobre as injustiças contra o povo negro? E não é interessante ver a tentativa  de Anthony de excluir a escravidão da vida de Douglass inserindo a palavra hoje? Se ele hoje não era escravo, mas uma personalidade de importância nacional, de que ele estaria reclamando, não é? Bom, talvez ele estivesse preocupado com a situação do povo negro na época e no futuro?

Sobre quem era esse “Sr. Douglass”:

Frederick Douglass

O Certo não tem sexo, a Verdade não tem cor

Frederick Douglass

Frederick Douglass, ou Frederick Augustus Washington Bailey (1818–1895), foi ícone na luta pelo fim da escravidão e pelos direitos civis do povo negro nos EUA.

Escapou da vida como escravo em Maryland, após 2 tentativas fracassadas. Se mostrou um brilhante orador, escritor, político e estadista. Tão brilhante e eloquente que causava espanto ser proveniente de uma origem tão desprovida. Ascendeu a tal posição de proeminência nacional (e tão isolada como pessoa negra), que se tornou amigo próximo de personalidades como Abraham Lincoln. Mesmo com tamanha superação, chegou ao fim da vida vendo a almejada igualdade civil das pessoas negras em seu país avançar muito pouco.

Este é o homem que, segundo a pioneira feminista falaciosa Susan B. Anthony, “não trocaria de sexo” com a amiga dela, Sinhá Elizabeth Cady Stanton – ela está logo aí embaixo.

Douglass também era amigo pessoal de Elizabeth C. Stanton – mas então surgiu a proposta de constitucionalizar sufrágio para o homem negro antes de para a mulher branca. Foi quando as sufragistas perderam as máscaras e disso ficou registro histórico.

Frases 6 e 7: Sufragista Elizabeth Cady Stanton, 1815-1902. Sufragista e escritora. Curiosamente, Stanton era outra abolicionista, mas não deixava de “reconhecer os fatos” sobre o “comportamento animalesco do homem negro”.

Não vou explorar aqui “o grande terror branco” que essas mulheres incitaram contra milhares de homens negros em seu tempo, como Jesse Washington e Emmet Till. Ou como as suas herdeiras atuais expandiram essa “luta digna e heróica” com conceitos como “o machismo” e a “cultura do estupro.”

Elizabeth Cady Stanton

Nós, como sexo, somos infinitamente superiores aos homens.

O que nós e nossas filhas iremos sofrer se esses degenerados homens negros tiverem os direitos que fariam deles até mesmo piores que nossos pais Saxões? (grifo meu)

Agora que você conhece um pouco melhor o pensamento das heroínas da “igualdade de direitos”, “oprimidas” e “contra a opressão”, seu estômago pode estar um pouco revirado. Pode fazer uma pausa para respirar fundo, porque vem aí mais 7 “pérolas de sabedoria” supremacista que eu compilei para a 2a rodada do nosso teste.

Suzan e Elizabeth: pioneiras da “sororidade”

Segunda Rodada

Desfile dos”cavaleiros brancos” (o duplo sentido é intencional e, claro, as “damas brancas” estão presentes e em destaque) da Ku Klux Klan na Pennsylvania Avenue, Washington, D.C. em 1928

1. A supremacia branca será fortalecida, não enfraquecida, pelo sufrágio feminino.

2. Os homens brancos, fortalecidos pelas mulheres escolarizadas, poderiam superar o voto negro em cada estado e a raça branca manteria a supremacia sem corromper ou intimidar os negros.

3. Eu não quero ver um homem negro caminhar até as cabines e votar em quem deveria administrar meu dinheiro de impostos, enquanto eu mesma não posso absolutamente votar. Quando não há religião suficiente no púlpito para organizar a cruzada contra o pecado; nem justiça no tribunal para prontamente punir o crime; nem masculinidade suficiente na nação para pôr um braço protetor sobre a inocência e a virtude – se forem necessários linchamentos para proteger a posse mais cara às mulheres das vorazes bestas humanas – então eu digo, linchem, mil vezes por semana se necessário.

4. A cidadania da mulher asseguraria imediata e durável supremacia branca, honestamente obtida, pois é inquestionável a afirmação de que em todos os Estados sulistas, menos um, há mais mulheres com educação do que todos os votantes analfabetos, brancos e negros, nativos ou estrangeiros, juntos. Como vocês provavelmente sabem, de todas as mulheres no Sul capazes de ler e escrever, dez em cada onze são brancas. Quando se trata de proporção de propriedades entre as raças, as [posses] dos brancos superam as dos negros imensuravelmente.

5. Vocês colocaram o voto nas mãos dos nossos homens negros, assim fazendo-os superiores políticos das mulheres brancas. Nunca antes na história do mundo homens transformaram ex-escravos em Mestres políticos das suas ex-Senhoras!

6. Eu prefiro ser uma rebelde do uma que escrava.

7. Daqui para a frente, as mulheres devem ser ditadoras. […] É chegado o tempo de pegar esse caos mundial que os homens criaram e lutar para transformá-lo em um lugar ordenado, feliz, duradouro, para toda a humanidade.

Respostas abaixo.

1a frase: Sufragista Carrie Chapman Catt, 1859-1947. Professora, jornalista e fundadora da League of Women Voters.

Carrie Chapman Catt

A supremacia branca será fortalecida, não enfraquecida, pelo sufrágio feminino.

Muito bom, Madame Catt! Quem não se convenceria por um argumento desses?

2: Sufragista Laura Clay, 1849-1940. Fundadora e presidente do primeiro grupo de Sufragistas do Kentucky, a “Kentucky Equal Rights Association”. Ativa no Partido Democrata estadunidense, foi uma importante liderança política local, estadual e nacional. Primeira mulher a ser indicada como candidata a presidente dos EUA.

Laura Clay

Os homens brancos, fortalecidos pelas mulheres escolarizadas, poderiam superar o voto negro em cada estado e a raça branca manteria a supremacia sem corromper ou intimidar os negros.

A 3a é da Sufragista Rebecca Ann Latimer Felton, 1835-1930. Professora e escritora. Primeira mulher Senadora nos EUA.

Rebecca A. L. Felton

Eu não quero ver um homem negro caminhar até as cabines e votar em quem deveria administrar meu dinheiro de impostos, enquanto eu mesma não posso absolutamente votar. Quando não há religião suficiente no púlpito para organizar a cruzada contra o pecado; nem justiça no tribunal para prontamente punir o crime; nem masculinidade suficiente na nação para pôr um braço protetor sobre a inocência e a virtude – se forem necessários linchamentos para proteger a posse mais cara às mulheres das vorazes bestas humanas – então eu digo, linchem, mil vezes por semana se necessário. (grifo meu.)

Sim, na época, ela já dizia estar “faltando homem”. E sim, ela implicou que branco linchar negros, como ela queria, era “ser homem”.

As imagens infernais a seguir mostram um período absurdo e vergonhoso da História americana que foi posteriormente chamado de “os linchamentos” e “o grande terror branco.” Mais de 5.000 negros foram linchados, torturados, enforcados e queimados. Nas fotos se vê grandes grupos de homens brancos, muitos sorrindo após “agirem como homens de verdade, honrados” e “fazer justiça.”

Me lembro de ter lido um relato a respeito no Daily Kos, site de tendência esquerdista. Procurei hoje a matéria e não pude encontrar. O autor, negro, recontava histórias dos homens mais velhos de sua família. Eles lhe teriam falado de um grande receio dos negros: que os homens brancos, às vezes, eram acometidos de um ódio irracional, violento, inexplicável. Para tentar evitar isso, os homens negros adotavam comportamentos um tanto estranhos para nós hoje, como: sempre que dois ou mais homens negros passavam por mulheres brancas na rua, procuravam passar longe delas, em fila indiana, cabeça baixa, sem fazer contato visual e totalmente em silêncio.

Quase todos os linchados foram homens negros acusados por mulheres brancas de atentar contra sua honra (na linguagem atual: estupro, assédio e abuso sexual). Mesmo assim, poucos se lembram hoje que essas imagens, onde aparecem tantos homens brancos, são uma das faces da primeira onda do feminismo.

Um dos últimos episódios desse fenômeno foi o assassinato de Emmett Louis Till, aos 14 anos, em 1955. Ele tinha ido visitar um tio em Money, Mississipi, EUA. Um dia, Emmett foi pego da casa do tio por homens brancos e colocado na traseira de uma caminhonete. Eles o levaram a um galpão, espancaram-no, arrancaram-lhe um olho e depois o executaram a tiros. Seu corpo foi encontrado três dias depois no rio Tallahatchie. Sua mãe quis que ele fosse velado e fotografado em caixão aberto, para que as imagens de seu corpo desfigurado fossem vista pelo máximo de pessoas. Por trás da brutalidade estava a acusação, feita por Carolyn Bryant, de que Emmett a havia assediado sexualmente em uma loja. Seis décadas depois, em 2007, Carolyn revelaria em uma entrevista que a acusação fora uma mentira.

O feminismo mudou de nome, mas não mudou tanto assim desde o antigo “feminismo bom” até o atual “feminismo bom”: “Estuprador é você.” A sociedade também percebe muito pouco o feminismo pelo que ele é – por isso, feminismo é um vírus que causa câncer.

4a: Sufragista Belle Kearney, 1863-1939. Palestrante sufragista, escritora, membro do “Movimento da Temperança”, professora, supremacista branca. Senadora estadual do Mississipi.

Belle Kearney

A cidadania da mulher asseguraria imediata e durável supremacia branca, honestamente obtida, pois é autoritativamente inquestionável a afirmação de que em todos os Estados sulistas, menos um, há mais mulheres com educação do que todos os votantes analfabetos, brancos e negros, nativos ou estrangeiros, juntos. Como vocês provavelmente sabem, de todas as mulheres no Sul capazes de ler e escrever, dez em cada onze são brancas. Quando se trata de proporção de propriedades entre as raças, as [posses] dos brancos superam as dos negros imensuravelmente.

Esta fala inteira dela está aqui.

Vocês notaram que ela dizia que “inquestionavelmente” havia mais mulheres (brancas) alfabetizadas que a população inteira, branca e negra juntas, de potenciais votantes analfabetos? Em todos os estados do sul, menos um. Eu notei. Essas brancas eram mesmo “oprimidas” no Sul racista do tradicionalismo, do cavalheirismo “machista patriarcal” – Se você não é feminista na sua visão da História, isso não deve chegar a surpreender.

5a: Sufragista Anna Howard Shaw, 1847-1919. Médica, ministra da igreja metodista, presidente da National Woman Suffrage Association.

Anna Howard Shaw

Vocês colocaram o voto nas mãos dos nossos homens negros, assim fazendo-os superiores políticos das mulheres brancas. Nunca antes na história do mundo homens transformaram ex-escravos em Mestres políticos das suas ex-Senhoras!

Emmeline Pankhurst, maior líder das “sufragistas” inglesas

6a: Sufragistas inglesas, representadas pelas atrizes Carey Mulligan, Meryl Streep, Anne Marie Duff e Romola Garai, no filme “As Sufragistas”, de 2015:

Eu prefiro ser rebelde do que escrava.

Emmeline Pankhurst
Divulgação do filme “As Sufragistas”

A frase, estampada em camisetas de promoção do filme, tem realmente origem histórica. É de um discurso de Emmeline Pankhurst em 1913, no qual disse:

Eu sei que as mulheres, uma vez convencidas de que estão fazendo o que é certo, que a sua rebelião é justa, prosseguirão, não importam quais as dificuldades, não importam quais os perigos, enquanto houver uma mulher viva para levantar a bandeira da rebelião. Eu prefiro ser rebelde do que escrava.

Para perspectiva: quem conhece os discursos de Pankhurst sabe que ela se colocava como uma grande heroína perseguida, libertadora das mulheres – como se as mulheres fossem escravas – e até dos homens – outra das mentiras que feministas repetem até hoje (“o ‘machismo’/’Patriarcado’ também mata homens”). Mas, quando a Primeira Guerra Mundial começou, a Inglaterra não tinha alistamento militar obrigatório e exclusivo para os homens e considere o que Emmeline, a “escrava”, teve a dizer quando ela ajudou a formar um movimento para lutar pelo alistamento obrigatório só para homens:

O mínimo que os homens podem fazer é que cada um deles em idade de lutar redima sua palavra para com as mulheres e estar prontos para fazer o seu melhor para salvar as mães, esposas e filhas da Grã Bretanha de um ultraje horrível demais até mesmo de se pensar.

Pense por um segundo se você já ouviu um escravo exigir dos seus senhores que morrer e matar, ser dilacerado e desmembrar os outros, chacinar e ser massacrado, para a segurança do escravo é o mínimo que eles podem fazer. Até hoje a expressão é frequentemente usada por feministas: tudo que elas exigem, segundo elas, é “o mínimo.”

Não vou me aprofundar aqui na pausa que essas “sufragistas” fizerem na sua luta (pelo voto que, aliás, não era para mulheres pobres, muito menos para as escravas) para formarem o movimento das “plumas brancas, nem da doutrinação das jovens, dos atos terroristas como bombas e incêndios que Pankhurst e sua corja promoveram na época. E muitas outras pautas das “sufragistas.”

7a. Sufragista Alva BelmontSocialite, multimilionária e presidente do National Woman’s Party.

Alva E. Belmont

Daqui para a frente, as mulheres devem ser ditadoras. […] É chegado o tempo de pegar esse caos mundial que os homens criaram e lutar para transformá-lo em um lugar ordenado, feliz, duradouro, para toda a humanidade.

texto completo mostra o raciocínio da sufragista-celebridade milionária, cujo resumo seria algo assim:

1) Há ditaduras; 2) Muita coisa errada acontece nas ditaduras; 3) Ditadores, como líderes políticos em geral, são quase sempre homens; 4) Há muita coisa errada no mundo; 5) Logo, este mundo está assim por causa dos homens; 6) Basta de homens concentrando poder em suas mãos; 7) E como transformar o mundo em um lugar maravilhoso? 8) Com uma ditadura de mulheres, claro.

A Ku Klux Klan hoje: desmoralizada, muito diferentemente de outro movimento de ódio que hoje chamamos “feminismo.”

É o mesmo raciocínio essencialista e coletivista de qualquer racista totalitário, apenas aplicado a todos os homens, em vez de uma etnia. É apresentado ainda cru, não tão sofisticado – enganoso, falso, hipócrita, ilusório, mentiroso, insidioso – e predominante na mídia e academia como estamos acostumados hoje – mas é o mesmo pensamento de tantas líderes feministas até hoje: poder nas mãos “dos homens” (se estiver nas mãos de um, ou uns, já é “dos homens”) é opressão; quanto mais poder nas mãos das mulheres, não importa que tipo de mulheres… é “igualdade”, é o fim do “Patriarcado”, o fim da opressão; é o melhor para o mundo. Em uma palavra, é empoderamento.

Concluindo:

A ideia da apresentação como quiz (teste de conhecimentos) me ocorreu a partir desta postagem do cafe.com.

Antes que alguém se queixe: Como o racismo, elitismo, supremacismo e misandria do tal “feminismo original, bom e verdadeiro que depois foi distorcido” já são um escopo amplo e pouco contado, não cheguei a mencionar aqui as feministas eugenistas, como Emily MurphyVictoria Woodhull, (primeira candidata a presidente dos EUA, celebrada neste artigo da BBC Brasil), Mary Stopes (que chegou a enviar poemas de amor para Hitler) e a feminista eugenista mais comentada, Margaret Sanger.

Também não acompanhei aqui a tendência de tantos autores de apresentar o feminismo como uma mera “criação dos comunistas e neocomunistas/Frankfurtianos” porque, como se pode antever, feminismo é mais do que isso.

Este artigo serve para oferecer apenas um vislumbre, não das extremistas e marginais, mas do cerne, da cúpula, das expoentes, das líderes, ícones da 1a onda do feminismo: as chamadas “sufragistas.”

Naturalmente, ao depararem com a podridão das suas “mães”, feministas atuais recorrem ao “contexto histórico”: que foram influenciadas por sua época e seus homens; feministas só são protagonistas, responsabilizáveis, quando é para ser bem vistas. E outros lugares-comuns da mentalidade feminista.

Mas se você realmente conhecer o feminismo, suas teorias, teóricas, lideranças e história, fora da historiografia e “cursos” feministas, nunca mais verá o feminismo (o velho ou o atual) da mesma maneira.

Para ler o primeiro artigo da série (A verdadeira História do Machismo), clique aqui.

Fontes foram colocadas como links ao longo do texto.
Fotos históricas (preto e branco): Vários autores – Domínio Público-EUAKu Klux Klan atual: Martin (Wikipedia).

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Brasil Sem Medo - 24 de Julho





PODER DA FÉ

👆Uma mensagem especial às igrejas cristãs, por Jordan Peterson
(por Jordan Peterson - tradução da Redação BSM)

O psicólogo e autor best-seller canadense lança um comovente apelo: “Vocês são igrejas, pelo amor de Deus. Parem de militar por ‘justiça social’. Parem de tentar salvar o maldito planeta. Auxiliem as almas”


Por Jordan Peterson

Olá, pessoal.

É, claro, completamente presunçoso da minha parte atrever-me a escrever e transmitir um vídeo intitulado de: "Mensagem às igrejas cristãs". Mas vou fazê-lo assim mesmo, porque tenho algo a dizer, e porque esse "algo" precisa ser dito.

Tenho ouvido, observado e falado com pessoas de todo o mundo ocidental pelos últimos quatro anos, de forma presencial e virtual. E aprendi algumas coisas em decorrência disso. Tudo começou, de certa forma, com as palestras que dei sobre o livro de Gênesis, em 2017. Minha família e eu decidimos arriscar e alugar um teatro em Toronto, na remota possibilidade de haver um público para o que poderia ser descrito como uma abordagem psicológica de nossas histórias antigas.

E eis que, por um milagre, as palestras aconteceram. Ministrei cerca de 15 palestras abordando o primeiro livro da Bíblia. Esgotamos as sessões, que tiveram, supreendentemente, milhões de espectadores cristãos, judeus, muçulmanos e ateus. E a maioria das pessoas que assistiram às "lives", a maioria dos que assistiram online, era de homens jovens.

Esse não é um fenômeno que possa ser facilmente explicado, em seu significado. Mas deixe-me tentar.

Agora, no Ocidente, devido ao peso da culpa histórica que está sobre nós – uma variante do sentido do pecado original, em um sentido muito real –, e devido a uma tentativa muito real por parte daqueles em posse do que poderia ser descrito como "ideias inúteis" para instrumentalizar essa culpa, nossos jovens enfrentam uma desmoralização talvez sem paralelo.

Isso ocorre de maneira particular aos jovens homens, embora qualquer coisa que venha a devastar os homens jovens acabe fazendo o mesmo às mulheres jovens. E, nessa era de antinatalismo e de niilismo igualmente repreensível, essa é precisamente a intenção.

Quando crianças, os meninos são repreendidos pelas suas preferências de brinquedos, que muitas vezes incluem armas de brinquedo – como armas de fogo –, e pelo seu estilo de brincar mais agitado, já que garotos demandam brincadeiras mais ativas, crespas e indelicadas, bem mais que as meninas – paras as quais essa também é uma necessidade.

Quando na escola primária, os rapazes são admoestados, envergonhados e controlados de maneira muito semelhante por aqueles que acham que o lúdico é desnecessário, especialmente se for competitivo, e que valorizam uma obediência dócil e inofensiva acima de tudo. Traços de Dolores Umbridge [personagem de Harry Potter].

Some-se a isso – porque tudo isso ainda não é suficiente, mesmo quando praticado com pertinência –, para uma desmoralização completa, a pregação de uma ideologia extremamente prejudicial, que consiste essencialmente em três acusações.

Acusação número um.

A cultura humana, particularmente no Ocidente, é concebida como um patriarcado opressivo, motivado pelo desejo, vontade e capacidade de usar o poder – "poder" definido como a compulsão dos outros contra suas vontades – para atingir fins puramente egoístas, que servem apenas a si. Isso seria tido como verdade em todos os níveis de análise: o casamento seria comparável à escravidão, a amizade à exploração, discordância política à guerra, e acordos comerciais a engano e roubo. E isso seria a verdade não apenas dos atuais arranjos sociais que caracterizam nossa cultura, especialmente no Ocidente, mas também a própria realidade fundamental da História em si.

Acusação número dois.

A atividade humana, em particular a empreendida no Ocidente, é caracterizada fundamentalmente por iniciativas de espoliação do planeta. A raça humana seria uma ameaça à "utopia ecológica" que existia antes de nós, e que hipoteticamente poderia existir em nossa ausência. Podemos ser interpretados até mesmo como um câncer, que ameaça a própria viabilidade dos complexos sistemas que compõem o ecossistema da terra, que nos abriga e sustenta. Estaríamos diante de uma catástrofe malthusiana de superpopulação e degradação da biosfera, e temos de impor limites extremos a nossos desejos, até mesmo às nossas necessidades, para que nossa própria sobrevivência, ainda que em escala muito reduzida, possa ser garantida.

Acusação número três.

O principal colaborador tanto da tirania que engendra o patriarcado opressivo e estrutura todas as nossas interações sociais, passadas e atuais, quanto da imperdoável espoliação de nossa amada "Mãe Terra", seria a maldita "ambição masculina" – competitiva e dominante, fanática por poder, egoísta, abusadora, estupradora e usurpadora.

Você pode pensar que eu esteja exagerando.

Pense de novo, florzinha!

Nós, do Ocidente, estamos enfrentando um ataque desenfreado aos níveis mais profundos daquilo que o velho brincalhão Jacques Derrida considerava a "estrutura conceitual falogocêntrica" da própria civilização. Trocando em miúdos, essa seria uma sociedade centrada no espírito encorajador, aventureiro e masculino, e que dá "privilégio" – essa palavra odienta –, acima de tudo, ao logos divino. E o que exatamente nós deveríamos adorar e venerar ao invés disso, desconstrucionistas? As palavras daquele genocida, o Karl Marx?

E são precisamente esses jovens homens, dotados de consciência profunda, capazes de culpa e arrependimento, que passaram a acreditar, penitentes, que cada impulso profundo que os move para mundo afora para a aventura de suas vidas – mesmo aquele impulso que os atrai para as mulheres –, nada mais é do que a manifestação de um espírito que seria essencialmente satânico por natureza. Isso não está somente errado em campo teológico, moral, psicológico, prático e científico, como também se trata de, literalmente, uma anti-verdade. Não é mero equívoco acerca da natureza da realidade, um leve deslize conceitual, mas algo que literalmente não poderia estar mais longe da verdade.

E algo tão distante assim da verdade vem de um lugar indistinguível do inferno.

A igreja cristã existe para lembrar às pessoas, inclusive os jovens homens – e talvez até mesmo primeira e principalmente eles –, que eles têm uma mulher a buscar, um jardim a entrar, uma família a sustentar, uma arca a construir, uma terra a conquistar, uma escada para os Céus a ser erguida… e a absolutamente terrível catastrófe da vida a ser enfrentada, impassivelmente, em verdade, devotados ao amor e sem temor.

Convidem os homens jovens de volta.

Digam, literalmente, a esses homens jovens: "Vocês são bem-vindos aqui”. Se ninguém mais deseja o que vocês têm a ofertar, nós o queremos. Queremos chamá-los para o mais alto propósito de suas vidas. Queremos seu tempo, energia e esforço, sua vontade – e sua boa vontade. Queremos trabalhar com vocês para tornar as coisas melhores; para produzir vida mais abundante para você, e para sua esposa e filhos, e para sua comunidade, e para seu país e o mundo.

E nós temos nossos problemas na nossa igreja cristã. Somos moribundos e às vezes – vezes demais – corruptos, por vezes até mesmo profundamente. Estamos atrasados, tal qual todas instituições que têm suas raízes nos que estão mortos – mas, de qualquer forma, ficamos para trás, em muitos casos.

Portanto, junte-se a nós. Nós te ajudaremos a se levantar e você pode ajudar a nos levantar. E, juntos, levantaremos nosso olhar para o alto.

E aqui vai uma mensagem a esses homens jovens, céticos quanto a tais coisas.

O que mais você tem? Você pode abandonar as igrejas em seu cinismo, sua descrença. Você pode dizer para si mesmo, de modo narcisista e solipsista: "A Igreja não representa o que eu acredito, de maneira apropriada”. Quem se importa com o que você acredita? Por que tudo precisa se tratar de você? Você realmente quer que tudo se trate a respeito de você? Mas e se for a respeito dos outros? E se fosse a respeito do seu dever para com o passado e para com a comunidade mais ampla que o cerca no presente? E se fosse incumbência sua, vital para sua saúde e para sua vontade até mesmo de viver, resgatar o seu pai morto da barriga da fera na qual ele se encontra desde sempre, e restaurar-lhe a vida?

Uma vez mais, uma mensagem às igrejas – protestantes (vocês são os piores no momento), Católica, Ortodoxa.

Convidem os homens jovens. Afixem cartazes em quadros de avisos. Digam: "HOMENS JOVENS SÃO BEM-VINDOS AQUI”. Imprimam uns panfletos e coloquem-nos numa caixa, ao lado do quadro de avisos. Sinalizem a existência de tais panfletos com uma seta, contendo os dizeres: "Saiba mais sobre como participar aqui”. Diga àqueles que nunca estiveram em uma igreja exatamente como devem proceder. Quais são trajes a se vestir, quando devem comparecer, quem devem contatar. E, mais importante, o que eles podem fazer. Exijam mais, não menos, daqueles que vocês convidam. Exijam mais do que qualquer um já exigiu deles. Lembre-os de quem eles são, no sentido mais profundo, e os ajudem a se tornarem quem são.

Vocês são igrejas, pelo amor de Deus. Parem de militar por "justiça social". Parem de tentar salvar o maldito planeta. Auxiliem as almas. É para isso que vocês servem. É o seu dever sagrado. Façam-no. Agora. Antes que seja tarde demais. Pois a hora está próxima.

 Tradução: Redação BSM

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Allan dos Santos via Locals - 13 a 20 de Julho





CENSURA | TIRANIA





👆 Sleeping Giants MENTIU
(por Allan dos Santos - 13/07/2022)


A
cabo de receber uma resposta da WIX dizendo que o motivo do banimento de meu site foi um PEDIDO DO ALEXANDRE DE MORAES: uma “ordem judicial” de um “processo que corre em segredo” (palavras da própria WIX.

Mente o Sleeping Giants, mente Moraes, pois não há um PROCESSO correndo em SEGREDO DE JUSTIÇA. O que há é um “inquérito” que JAMAIS poderia existir para investigar pessoas que NUNCA pisaram nas dependências do STF e não possuem foro privilegiado. Um inquérito ilegal e inconstitucional que não TIPIFICA PENALMENTE os seus alvos e fora criticado até por um membro da mesma Suprema Corte que chamou essa “investigação” de “INQUÉRITO DO FIM DO MUNDO”.

Alexandre de Moraes está me impedindo de viver do suor do meu TRABALHO, impede-me de exercer minha profissão no exílio, de pagar os tratamentos de minha filha doente a se recuperar da meningite e encefalite, e mais: faz tudo isso MENTINDO para empresas americanas que possuem escritório no Brasil. Tudo isso com a anuência de órgãos como Folha de São Paulo e demais símios da imprensa brasileira.

DEUS há de me vingar desse desumano e nefasto tirânico.

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CENSURA | TIRANIA

👆 Moraes quer desfazer conexão de PT com o PCC?
(por Allan dos Santos - 13/07/2022)






M
oraes não é tão burro assim. Já não se pode dizer o mesmo daqueles que comentaram a decisão do ex-advogado da Transcooper.

Uma operação da Polícia Civil de São Paulo deflagrada meses atrás apurou a possível participação do crime organizado no transporte urbano na capital paulista. A ofensiva mirou integrantes da direção da Transunião, entre outros alvos.

O vereador petista Senival Moura, suspeito de envolvimento na morte de um ex-presidente da cooperativa e de participação em um esquema de lavagem de dinheiro do PCC, também foi investigado.

Agentes foram às ruas para cumprir mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao presidente da Transunião e dezoito veículos ligados a empresa foram apreendidos.

Em 2014, um relatório do MP foi anexado no inquérito sobre seu irmão, o então deputado Luiz Moura, também do PT (Partido dos Trabalhadores), e citava o nome de Senival Moura por suspeita de formação de quadrilha e corrupção.

O deputado estadual Luiz Moura (PT) foi flagrado pela polícia à época em reunião com dezoito integrantes da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC). Não é a primeira vez que o vereador paulistano Senival Moura (PT) vira alvo de investigação do Ministério Público de São Paulo por suspeita dos crimes de formação de quadrilha e corrupção, como apontou relatório sigiloso ao qual o site de VEJA teve acesso.

O procurador-geral de Justiça de São Paulo naquela época, Márcio Fernando Elias Rosa, apresentou representação criminal contra o deputado Moura para apurar sete crimes: organização criminosa, extorsão, constrangimento ilegal, apropriação indébita, sonegação fiscal, lavagem de dinheiro e abuso de autoridade.

Os irmãos Moura, ligados a perueiros que operam no sistema de transporte público de São Paulo, constavam em inquéritos abertos em 2014 para desvendar vínculos do PCC com as cooperativas. As investigações sobre Senival e Luiz Moura foram conduzidas até julho daquele ano pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). As citações ao deputado, porém, foram remetidas ao procurador-geral de Justiça, a quem cabe investigar parlamentares estaduais, que têm foro privilegiado.

Segundo seu próprio currículo, divulgado no site da Assembléia Legislativa de São Paulo, o petista era o anfitrião de uma “festa” da cooperativa ocupando o cargo de “Presidente de Honra” da TRANSCOOPER.

UMA MATÉRIA que não pode cair no esquecimento: “Alexandre de Moraes aparece no Tribunal de Justiça como advogado da Transcooper, investigada por suspeita de vínculo com crime organizado“.

Um ano depois da investigação sobre os irmãos Moura, Alexandre de Moraes, então Secretário da Segurança de SP, ainda aparecia no Tribunal de Justiça de São Paulo como advogado em pelo menos 123 processos na área civil da Transcooper. A cooperativa é uma das cinco associações e empresas citadas em investigação que apura formação de quadrilha e lavagem de dinheiro do Primeiro Comando da Capital (PCC).

O então secretário, hoje Ministro do STF, afirmou, em nota, que “renunciou a todos os processos que atuava como um dos sócios do escritório de advocacia” no qual trabalhava. Ele disse ainda que solicitou, em 1.º de janeiro de 2015, uma licença temporária de sua inscrição como advogado na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Segundo a nota, Moraes começou a advogar para a Transcooper no dia 27 de janeiro de 2011 em causas civis e administrativas. “Não houve qualquer prestação de serviços advocatícios – nem pelo secretário nem pelos demais sócios – às pessoas citadas em possível envolvimento com o crime organizado, em 2014. O contrato se referia estritamente à pessoa jurídica da cooperativa”, informou a nota. Porém, Moraes ainda permanecia no site do TJ como defensor da cooperativa quando a nota fora publicada, como pode ser visto em: https://veja.abril.com.br/politica/secretario-da-seguranca-defende-cooperativa-de-van-ligada-ao-pcc/

O que Moraes fez na decisão em favor do pedido do PT foi relacionar a morte de Celso Daniel com o PCC, mas jamais decidiria que membros do PT não possuem relação com o PCC. A decisão do ex-advogado da Transcooper é uma casca de banana para que muitos afirmem o que ele não falou e depois usar, perto de Outubro, essa interpretação como desculpa para afetar Bolsonaro diretamente.

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OLAVO DE CARVALHO








👆 Aos que USAM vídeos do Olavo para desmoralizar ou enfraquecer BOLSONARO
(por Allan dos Santos - 20/07/2022)



A
viso da Roxane, esposa do Professor Olavo de Carvalho.



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👆 ENSINAMENTOS DE OLAVO DE CARVALHO


A destruição da inteligência
(por Olavo de Carvalho)
(artigo publicado em 14/07/2014 via Digesto Econômico; o artigo está disponível no site do autor.)

Digesto Econômico, 14 de julho de 2014

Aprender, imitar e introjetar o vocabulário, os tiques e trejeitos mentais e verbais da escola de pensamento dominante na sua faculdade é, para o jovem estudante, um desafio colossal e o cartão de ingresso na comunidade dos seus maiores, os tão admirados professores.

A aquisição dessa linguagem é tão dificultosa, apelando aos recursos mais sutis da memória, da imaginação, da habilidade cênica e da autopersuasão, que seria tolo concebê-la como uma simples conquista intelectual. Ela é, na verdade, um rito de passagem, uma transformação psicológica, a criação de um novo “personagem”, apoiado no qual o estudante se despirá dos últimos resíduos da sentimentalidade doméstica e ingressará no mundo adulto da participação social ativa.

É quase impossível que essa identificação profunda com o personagem aprendido não seja interpretada subjetivamente como uma concordância intelectual, ao ponto de que, no instante mesmo em que repete fielmente o discurso decorado, ou no máximo faz variações em torno dele, o neófito jure estar “pensando com a própria cabeça” e “exercendo o pensamento crítico”.

A imitação é, com certeza, o começo de todo aprendizado, mas ela só funciona porque você imita uma coisa, depois outra, depois uma infinidade delas, e com a soma dos truques imitados compõe no fim a sua própria maneira de sentir, pensar e dizer.

No aprendizado da arte literária isso é mais do que patente. O simples esforço de assimilar auditivamente a maneira, o tom, o ritmo, o estilo de um grande escritor já é uma imitação mental, uma reprodução interior daquilo que você está lendo. A imitação torna-se ainda mais visível quando você decora e declama poemas, discursos, sermões ou capítulos de uma narrativa. Porém nas suas primeiras investidas na arte da escrita é impossível que você não copie, adaptando-os às suas necessidades expressivas, os giros de linguagem que aprendeu em Machado de Assis, Eça de Queiroz, Camilo Castelo Branco, Balzac, Stendhal e não sei mais quantos. Esse exercício, se você é um escritor sério, continua pela vida a fora. Quando conheci Herberto Sales – que Otto Maria Carpeaux julgava o escritor dotado de mais consciência artística já nascido neste país –, ele estava sentado no saguão do Hotel Glória com um volume de Proust e um caderninho onde anotava cada solução expressiva encontrada pelo romancista, para usá-la a seu modo quando precisasse. Já era um homem de setenta e tantos anos, e ainda estava praticando as lições do velho Antoine Albalat.[1] É assim, por acumulação e diversificação dos recursos aprendidos, que se forma, pari passu com a evolução natural da personalidade, o estilo pessoal que singulariza um escritor entre todos. T. S. Eliot ensinava que um escritor só é verdadeiramente grande quando nos seus escritos transparece, como em filigrana, toda a história da arte literária.

Em outros tipos de aprendizado, a imitação é ainda mais decisiva. Nas artes marciais e na ginástica, quantas vezes você não tem de repetir o gesto do seu instrutor até aprender a produzi-lo por si próprio! Na música, quantas performances magistrais o pianista não aprende de cor até produzir a sua própria!

Nas ciências e na tecnologia, o manejo de equipamentos complexos nunca se aprende só em manuais de instrução: o aluno tem de ver e imitar o técnico mais experiente, num processo de assimilação sutil que engloba, em doses consideráveis, a transmissão não-verbal. [2]

Por que seria diferente na filosofia? Compreender uma filosofia não se resume nunca em ler as obras de um filósofo e julgá-las segundo uma reação imediata ou as opiniões de um professor. É impregnar-se de um modo de ver e pensar como se ele fosse o seu próprio, é olhar o mundo com os olhos do filósofo, com ampla simpatia e sem medo de contaminar-se dos seus possíveis erros. Se desde o início você já lê com olhos críticos, buscando erros e limitações, o que você está fazendo é reduzir o filósofo à escala das suas próprias impressões, em vez de ampliar-se até abranger o “universo” dele. Erros e limitações não devem ser buscados, devem surgir naturalmente à medida que você assimila novos e novos autores, novos e novos estilos de pensar, pesando cada um na balança da tradição filosófica e não da sua incultura de principiante. Não seria errado dizer que, entre outros critérios, um professor de filosofia deve ser julgado, sobretudo, pelo número e variedade dos autores, das escolas de pensamento, das vias de conhecimento que abriu em leque para que seus estudantes as percorressem.[3]

Não é preciso mais exemplos. Em todos esses casos, a imitação é o gatilho que põe em movimento o aprendizado, e em todos esses casos ela não se congela em repetição servil porque o aprendiz passa de modelo a modelo, incorporando uma diversidade de percepções e estilos que acabarão espontaneamente se condensando numa fórmula pessoal, irredutível a qualquer dos seus componentes aprendidos.

Mas o que acontece se, em vez disso, o aluno é submetido, por anos a fio, à influência monopolística de um estilo de pensamento dominante, aliás muito limitado no seu escopo e na sua esfera de interesses, e adestrado para desinteressar-se de tudo o mais sob a desculpa de que “não é referência universitária”?

Se durante quatro, cinco ou seis anos você é obrigado a imitar sempre a mesma coisa, e ainda temendo que o fracasso em adaptar-se a ela marque o fim da sua carreira universitária, a imitação deixa de ser um exercício temporário e se torna o seu modo permanente de ser – um “hábito”, no sentido aristotélico.

É como um ator que, forçado a representar sempre um só personagem, não só no palco mas na vida diária, acabasse incapaz de se distinguir dele e de representar qualquer outro personagem, inclusive o seu próprio. Pirandello explorou magistralmente essa situação absurda na peça Henrique IV, onde um milionário louco, imaginando ser o rei, obriga os empregados a comportar-se como funcionários da côrte, até que eles acabam se convencendo de que são mesmo isso.

Toda imitação depende de uma abertura da alma, de uma impregnação empática, de uma suspension of disbelief em que o outro deixa de ser o outro e se torna uma parte de nós mesmos, sentindo com o nosso coração e falando com a nossa voz. Se praticamos isso com muitos modelos diversos, sem medo das contradições e perplexidades, nossa mente se enriquece ao ponto do nihil humanum a me alienum, daquela universalidade de perspectivas que nos liberta do ambiente mental imediato e nos torna juízes melhores de tudo quanto chega ao nosso conhecimento. Não é errado dizer que o julgamento honesto e objetivo depende inteiramente da variedade dos pontos de vista, contraditórios inclusive, que podemos adotar como “nossos” no trato de qualquer questão.

Em contrapartida, o enrijecimento da alma num papel fixo abusa da capacidade de imitação até corrompê-la e extingui-la por completo, bloqueando toda possibilidade de abertura empática a novos personagens, a novos estilos, a novos sentimentos e modos de ver.

Habituado a tomar como referência única o conjunto de livros e autores que compõe o universo mental da esquerda militante, e a olhar com temerosa desconfiança tudo o mais, o estudante não só se fecha num provincianismo que se imagina o centro do mundo, mas perde realmente a capacidade de aprendizado, tornando-se um repetidor de tiques e chavões, caquético antes do tempo.

Quem não sabe que, no meio acadêmico brasileiro, a receita uniforme, há mais de meio século, é Marx-Nietzsche-Sartre-Foucault-Lacan-Derrida, não se admitindo outros acréscimos senão os que pareçam estender de algum modo essa tradição, como Slavoj Zizek, Istvan Meszaros ou os arremedos de pensamento que levam, nos EUA, o nome de “estudos culturais”?

Daí a reação de horror sacrossanto, de ódio irracional, não raro de repugnância física, com que tantos estudantes das nossas universidades reagem a toda opinião ou atitude que lhes pareça antagônica ao que aprenderam de seus professores. Não que estejam realmente persuadidos, intelectualmente, daquilo que estes lhes ensinaram. Se o estivessem, reagiriam com o intelecto, não com o estômago. O que os move não é uma convicção profunda, séria, refletida: é apenas a impossibilidade psicológica de desligar-se, mesmo por um momento, do “eu” artificial aprendido, cuja construção lhes custou tanto esforço, tanto investimento emocional.

Justamente, a convicção intelectual genuína só pode nascer da experiência, do longo demorado com os aspectos contraditórios de uma questão, o que é impossível sem uma longa resignação ao estado de dúvida e perplexidade. A intensidade passional que se expressa em gritos de horror, em insultos, em afetações de superioridade ilusória, marca, na verdade, a fragilidade ou ausência completa de uma convicção intelectual. A construção em bloco de um personagem amoldado às exigências sociais e psicológicas de um ambiente ideologicamente carregado e intelectualmente pobre fecha o caminho da experiência, portanto de todo aprendizado subseqüente.

A irracionalidade da situação é ainda mais enfatizada porque o discurso desse personagem o adorna com o prestígio de um rebelde, de um espírito independente em luta contra todos os conformismos. Poucas coisas são tão grotescas quanto a coexistência pacífica, insensível, inconsciente e satisfeita de si, da afetação de inconformismo com a subserviência completa à autoridade de um corpo docente.

No auge da alienação, o garoto que passou cinco anos intoxicando-se de retórica marxista-feminista-multiculturalista-gayzista nas salas de aula, que reage com quatro pedras na mão ante qualquer palavra que antagonize a opinião de seus professores esquerdistas, jura, depois de ler uns parágrafos de Bourdieu para a prova, que a universidade é o “aparato de reprodução da ideologia burguesa”. Aí já não se trata nem mesmo de “paralaxe cognitiva”, mas de um completo e definitivo divórcio entre a mente e a realidade, entre a máquina de falar e a experiência viva.

Se, conforme se observou em pesquisa recente, cinqüenta por cento dos nossos estudantes universitários são analfabetos funcionais[4] – não havendo razão plausível para supor que a quota seja menor entre seus professores mais jovens –,  isso não se deve somente a uma genérica e abstrata “má qualidade do ensino”, mas a um fechamento de perspectivas que é buscado e imposto como um objetivo desejável.

Não que a presente geração de professores que dá o tom nas universidades brasileiras tenha buscado, de maneira consciente e deliberada, a estupidificação de seus alunos. Apenas, iludidos pelo slogan que os qualificava desde os anos 60 do século XX como “a parcela mais esclarecida da população”, tomaram-se a si próprios como modelos de toda vida intelectual superior e acharam que, impondo esses modelos a seus alunos, estavam criando uma plêiade de gênios. Medindo-se na escala de uma grandeza ilusória, incapazes de enxergar acima de suas próprias cabeças, tornaram-se portadores endêmicos da síndrome de Dunning-Kruger[5] e a transmitiram às novas gerações. Os cinqüenta por cento de analfabetos funcionais que eles produziram são a imagem exata da sua síntese de incompetência e presunção.


Notas:

[1] V. Antoine Albalat, La Formation du Style par l’Assimilation des Auteurs (Paris, Alcan, 1901).

[2] V. sobre isso as considerações de Theodore M. Porter em Trust in Numbers. The Pursuit of Objectivity in Science and Public Life,  Princeton University Press, 1995, pp. 12-17.

[3] Digo isso com a consciência tranqüila de haver cumprido esse dever. Ao longo dos anos, introduzi no espaço mental brasileiro mais livros e autores essenciais  do que todos os corpos docentes de faculdades de filosofia neste país, somados aos “formadores de opinião” da mídia popular. Em vez de me agradecer, ou de pelo menos ter a sua curiosidade despertada pela súbita abertura de perspectivas, estudantes e professores, com freqüência, me acusaram de “citar autores desconhecidos” – dando por pressuposto que tudo o que é ignorado no seu ambiente imediato é desconhecido do resto do mundo e não tem a mais mínima importância.

[4] V. http://www.folhapolitica.org/2014/02/pesquisador-conclui-que-mais-da-metade.html.

[5] Efeito Dunning-Kruger: incapacidade de comparar objetivamente as próprias habilidades com as dos outros. “Quanto menos você sabe sobre um assunto, menos coisas acredita que há para saber.” V. David McRaney, You Are Not So Smart, London, Oneworld Publications, 2012, pp. 78-81.

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👆OPINIÃO DO AUTOR

Forme-se mais, informe-se menos
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
25 de Julho de 2022


Um recado aos formadores de opinião, influenciadores e todas as pessoas de boa vontade que queiram fazer a diferença

Muita gente pensa, até mesmo do próprio lado da direita, que ao ficar peregrinando de canal em canal de TV assistindo tudo quanto é noticiário e baboseira, está ficando mais inteligente. Analogamente, há aqueles que dizem estar ficando mais inteligentes assistindo tudo quanto é canal no YouToba. Sinto dizer, mas a verdade é bem outra, como vou ilustrar nesta breve reflexão.

Aqui eu não vou me alongar em relação ao quanto a TELEVISÃO é nociva à inteligência e ao seu cérebro, qualquer pessoa já suficientemente esclarecida sabe que aqueles que hoje comandam os grandes conglomerados de TV e serviços de streaming são verdadeiros vermes destruidores de cérebros. Mas ao passo que as pessoas imaginam estar formando sua inteligência através do YouToba, me desculpem, mas não! No máximo no máximo, você pode usar determinados canais do YouToba como uma PORTA DE ENTRADA! Nada além disso.

Formação
Aqui eu não estou dizendo que você não pode assistir conteúdos no YouToba. Pode sim, e deve na medida que você seja um iniciante em diversas coisas, eu por exemplo recomendo diversos canais por lá que eu mesmo sigo, como o do Brasil Sem Medo, do Brasil Paralelo, o canal do Max Cardoso que faz um trabalho excelente, o do seu Sepúlveda, que tem notícia e formação, o canal do padre Paulo Ricardo, do Frei Gilson, do padre Wander, do padre Bráulio, o canal da Bruna Torlay, do Anderson Reis, e se quiser ainda ir um pouco mais longe, há o canal Sabedoria Rara, que tem conteúdo do filósofo Mário Ferreira dos Santos, o canal Ler Com Ouvidos para quem às vezes não tem muito tempo de pegar um livro de fato, e o canal do Daniel Mota que é somente conteúdo relativo ao nosso querido professor Olavo de Carvalho, entre outros que não me vem à memória neste momento. Mas o ponto aqui é o seguinte: a verdadeira sabedoria está nos livros, e o que TODOS ... repito... TODOS esses canais que mencionei tem em comum, é que todo conteúdo que eles disponibilizam vem justamente dos LIVROS!

Informação
Quando você está conferindo seu noticiário de todos os dias, seja através do canal do Expressão Brasil no Twitch e na TV, seja através do canal do Allan dos Santos no Rumble ou do canal do Ítalo Lorenzon no YouToba, ou do canal dos Pingos nos Is, seja através de influenciadores como Ed Raposo, Gustavo Gayer, Henrique Oliveira e outros bons nomes, comprometidos com a verdade, você está apenas se INFORMANDO do que está acontecendo. É diferente de estar se FORMANDO. Veja bem, não estou dizendo que seja ruim. São todos canais que eu sigo e me informo por eles quase toda semana. Mas se INFORMAR não é se FORMAR! Formar a inteligência. Para se INFORMAR, não precisa necessariamente de reflexão e vida interior, vida espiritual, meditação e exercício de pensamento. Para se FORMAR, precisa sim.

Meu conselho
Não sou exemplo para ninguém. Como Católico, meu exemplo é Cristo, assim como deve ser o seu. Mas sendo a pessoa que criou este blog Tempo de Leitura justamente para trabalhar mais o lado da FORMAÇÃO das pessoas (e até mesmo a minha própria), minha sugestão é a seguinte: gaste pouco tempo do seu dia (pouco mesmo, de uma a duas horas no máximo, estourando duas e meia e já é muito) se informando sobre as coisas, e pelo menos de 3 a 4 HORAS POR DIA procurando se FORMAR. Leia MUITO, veja conteúdos de formação como os que eu indiquei neste artigo, reflita sobre aquilo que você lê, e você vai entender a realidade que você vive de forma muito melhor e de maneira muito mais eficaz do que se você ficar procurando informação o dia inteiro. A pessoa que quer VERDADEIRAMENTE formar seu imaginário tem que seguir o conselho do professor Olavo de Carvalho e se AFASTAR da loucura e da insanidade do mundo. Do contrário, você vai apenas macaquear o que vê por aí e se afogar em angústia e sofrimento desnecessário.

Quem forma seu imaginário, fazendo uma analogia, é que nem aquele meme do cara que está sentado na cadeira de uma sala e a casa em volta dele está pegando fogo, enquanto ele diz "está tudo bem". Em última análise, não é que a pessoa ficou insensível ao problema. Ela sabe que o problema existe. Mas ela não se deixa afetar por emoções e paixões baratas. Alguns chamam isso de Estoicismo, outros de loucura (coitados destes últimos). Eu chamo isso pelo termo que lhe cabe mais: BOM SENSO.

E se preciso for, para se formar, meu filho, DESLIGUE A SUA TELA! Não se deixe abalar ou se distrair pela confusão lá fora. Leia, medite, reze, reflita. O mundo que pegue fogo se quiser. Você tem que estar tranquilo como uma fonte de água cristalina.

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje: 
- Intertextualidade! Olavo faz campanha para as True Outstrips!; 😎
- Uma lição dura de engolir para aquela dona que tatuou o fazedor de excremento! Hehehe!;
- por fim: comissário, eu e o Robin temos uma coisa pra dizer ao senhor, colocamos esta fita, e a verdade é essa: o Robin é viado! 😁

- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!

(15/07/2022)
(19/07/2022)
(22/07/2022)


Aí o Sal Conservador catou por acaso uma acalorada discussão entre um ladrão e uma certa ... como direi... "cliente"... saiam de baixo que a muié meteu o loco! Hahaha!
(19/07/2022)

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👆 LEITURA RECOMENDADA

Hoje eu venho trazer uma leitura necessária para quem quer escrever e que só me fez bem. Aproveitem!

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