Edição LVIII (Terça Livre, Revista Esmeril 32, opinião e mais)
REVISTA ESMERIL 32
- Vladimír Petrílak relata a herança maldita da espionagem comunista no Brasil (Leônidas Pellegrini)
- De mãe para filha, uma história da bisa (Leônidas Pellegrini)
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)
A maneira mais eficiente de manter o controle, solução encontrada
por aqueles que detêm o monopólio do discurso na grande mídia, consiste em
retirar a possibilidade daqueles que pensam o contrário de expressarem as suas
opiniões. Isso era muito fácil de se executar antigamente, porque para entrar no mainstream
era necessário estar ligado a algum dos grandes oligopólios de mídia. Porém,
com o advento da internet, tudo isso mudou.
Agora, qualquer pessoa, pagando muito pouco, pode fazer
a sua voz ser ouvida por multidões através das redes sociais. É claro que isso
constitui uma ameaça para a agenda daqueles que dominam os meios de informação
tradicionais, pois milhares que não concordam com o que escutavam da grande
mídia agora podem se unir e fazer frente contra o discurso deles.
O Supremo Tribunal Federal (STF) deverá julgar neste ano
a constitucionalidade do artigo 19 do Marco Civil da Internet, legislação que
rege a internet brasileira sancionada em 2014 após longo período de discussão.
O artigo define as responsabilidades de conteúdo de terceiros na internet e foi
um dos principais pontos de divergência da legislação.
Segundo texto do artigo, as empresas que atuam na internet,
como provedores, redes sociais, veículos de imprensa, blogs, sites de comércio
eletrônico, plataformas de streaming de podcast e outras empresas e startups
online, somente são obrigados a remover
conteúdos após decisão judicial.
“Com o intuito de assegurar a liberdade de expressão e impedir
a censura, o provedor de aplicações de internet somente poderá ser responsabilizado
civilmente por danos decorrentes de conteúdo gerado por terceiros se, após
ordem judicial específica, não tomar as providências para, no âmbito e nos
limites técnicos do seu serviço e dentro do prazo assinalado, tornar indisponível
o conteúdo apontado como infringente, ressalvadas as disposições legais em
contrário (...) a aplicação do disposto neste artigo para infrações a direitos
de autor ou a direitos conexos depende de previsão legal específica, que deverá
respeitar a liberdade de expressão e demais garantias previstas no art. 5o da
Constituição Federal”, diz trecho do artigo.
Ou seja, atualmente, se alguém sentir-se afetado por alguma
publicação, deve entrar na Justiça e o conteúdo é removido apenas se houver
decisão judicial nesse sentido. Caso o artigo seja considerado inconstitucional
e suprimido do Marco Civil da Internet, abre-se uma brecha para que as empresas
ou políticos derrubem qualquer tipo de conteúdo com uma simples notificação extrajudicial
ou mesmo um e-mail, sob pena de multa. O temor é que a retirada do artigo
ameace a liberdade de expressão das empresas e principalmente dos veículos de
comunicação, sobretudo daqueles que não fazem parte da chamada grande mídia.
Sem dúvida, isso se tornaria uma arma perfeita de controle
midiático para os políticos, pois uma postagem com críticas a eles poderia ser
facilmente retirada do ar, bastando um simples pedido. Por mais que ainda seja cedo
para ver todas as consequências de uma possível alteração na legislação, essa
mera possiblidade já nos coloca sob alerta.
Antecipando-se
ao debate, o Comitê Gestor da Internet no Brasil emitiu em novembro uma nota
pública em defesa do artigo 19 do Marco Civil da Internet. De acordo com a associação, “o
artigo 19 da Lei 12.965/2014 configura-se como instituto jurídico que concorre
para o acesso democrático e isonômico à Internet, dando concretude aos dispositivos
constitucionais que asseguram a liberdade de expressão e vedam a censura, de
modo a dar suporte aos fundamentos que sustentam a sociedade brasileira”. A entidade
disse ainda que “defende a manutenção da atual redação do artigo 19 do Marco
Civil da Internet, que está coerente e em harmonia com o decálogo de princípios
para a Governança da Internet no Brasil”.
Liberdade
sob risco
Não é de se espantar, portanto, que iria chegar a hora em que se tentaria
manter o controle daquilo que é disseminado também na internet, até mesmo recorrendo
à censura se necessário. Há anos vemos como isso vem-se desenvolvendo em países
de regimes totalitários como China, Coreia do Norte e Rússia, entre outros.
Agora, o aumento das leis dos governos tem ameaçado a liberdade de expressão
também no Ocidente, onde se esperaria que houvesse um regime de liberdade.
As razões por trás desses interesses governamentais de controle
da internet são inúmeras, mas a principal é a manutenção do seu poder. Quanto
maior o nível de controle e vigilância, maior a habilidade de identificar e silenciar os oponentes, maior o controle do fluxo de informações
e ideias que poderiam minar a ordem atual, maior o controle da comunicação
entre grupos e indivíduos e maior o uso de informações para influenciar ou
manipular as eleições através da propaganda.
Sob o pretexto de inibir ações criminosas, o que muitas
vezes está em jogo é a destruição de qualquer tipo de oposição. O caso da China
em relação ao controle da internet é bastante conhecido. Ela não permite que redes
sociais como Facebook e Twitter operem no país, além do Google, Gmail, WhatsApp
e Instagram, assim como portais de notícias do mundo todo. Até mesmo os resultados
das buscas na internet são monitorados, omitindo para os usuários aqueles
considerados mais inconvenientes.
Muitos países seguem aumentando o controle e a censura
em relação à internet. A Rússia, por exemplo, bloqueou o aplicativo de
mensagens Telegram depois que a companhia se negou a compartilhar as chaves de encriptação
com o Serviço de Segurança Federal. O fato desse tipo de coisa acontecer nesses
países não surpreende, porque aí já existe uma “tradição” de não respeitar os
direitos humanos.
No entanto, nos últimos anos, essa política de controle
da internet parece estar se expandindo pelo mundo. Em 2017, o parlamento
italiano aprovou uma lei que exige aos operadores de telecomunicação que guardem
as informações de telefone e internet dos usuários por pelo menos seis anos. A
Alemanha aumentou o poder da segurança pública instalando Cavalos de Tróia
estatais em aparelhos eletrônicos.
Também diversos países africanos têm bloqueado acesso a
websites e mídias sociais. Camarões sofreu com um governo de 93 dias que fez um
blackout de internet durante esse tempo. A Zâmbia agora requer que
os administradores de grupos de Whatsapp e Facebook registrem-se no governo e
faz ameaças aos usuários que sejam considerados propagadores de informações
falsas.
A maior parte do Oriente Médio e do leste da Ásia estão
sujeitos a uma forte censura na internet. A Arábia Saudita, em 2017, tornou
ilegal o discurso contra o Islã. O Irã exigiu que os aplicativos de mensagens
operassem dentro do controle das autoridades. A Jordânia propôs em setembro
emendas para a lei de crimes cibernéticos que proíbe o discurso de ódio.
Nesse último caso, foram levantadas várias questões por
lá, porque o termo ofensa, tendo uma definição vaga, poderia ser usado para
punir usos legítimos da liberdade de expressão. Como sempre ocorre nesses casos,
a ambiguidade é uma das preocupações centrais quando se trata de censura onde o
discurso de ódio pode ser simplesmente o discurso contra os poderes dominantes.
Censura
prévia
Na Europa, apesar de os governos afirmarem
ter motivações diferentes, muitos países estão adotando legislações que são
vistas como algo muito perto da censura. O que está sendo introduzido com a justificativa
de combater o crime e proteger os cidadãos pode ser usado não só para restringir, mas também para cercear
os direitos e a liberdade das pessoas.
Muitos temem que as novas regras da União Europeia de 2019
em relação às infrações de copyrights irão reduzir
a liberdade dos usuários - incluindo até mesmo banimento por compartilhar
vídeos com cenas de jogos de futebol.
A Áustria propôs, em abril de 2019, uma lei para banir comentários
anônimos online. Isso pode não ser visto tecnicamente como censura, mas há
muitas pessoas no país argumentando que a medida acabará encorajando uma
espécie de autocensura. Seria como se o governo estivesse tentando limitar os
desacordos e as críticas contra ele próprio. Os opositores do governo dizem que
o discurso anônimo é o que garante a liberdade do discurso.
Na
Hungria, embora o governo não faça parte oficialmente de ações de bloqueios nem
filtre os conteúdos com motivações políticas, os funcionários do governo usam
da difamação e acusações caluniosas contra cidadãos em seus comentários nas
redes sociais. Com isso, em 2018, foram fechados dois escritórios de notícias,
reduzindo o pluralismo das vozes do debate público.
O ano de 2019 foi bastante agitado para os legisladores
do Reino Unido com a lei sobre danos online. A legislação fincou as bases que
poderão permitir ao governo cobrar o dever de vigilância para as plataformas que
permitem às pessoas compartilhar e encontrar conteúdos gerados pelos usuários, ou
que permitem a interação entre eles.
Dessa forma, essas plataformas poderiam ser consideradas
responsáveis “pelos comportamentos nocivos, mas não necessariamente ilegais”
dos usuários. Especialistas estão afirmando que essa nova legislação pode fazer
no futuro com que o governo acabe decidindo quais sites os britânicos poderão
acessar e quais não.
Outro
grande problema da internet hoje como um todo é o fato de poucas empresas dominarem
as mídias sociais mais relevantes do momento: a Google, que controla o Youtube,
e o Facebook, que controla também o Whatsapp e o Instagram.
É notória a dificuldade de expressar ideias conservadoras
e mais tradicionais nessas redes sociais. Muitas vezes, sem nem saber ao menos
o porquê, as contas dos usuários são apagadas ou bloqueadas, sem nenhuma
explicação a não ser uma alegação genérica de ter praticado “discurso de ódio”.
Infelizmente, o Brasil não está fora desse fenômeno mundial.
O que nós temos assistido aqui é a criação e um ambiente jurídico e legal onde
pouco a pouco vai se fechando o cerco em volta daqueles que utilizam a internet
para expressar as suas ideias, principalmente se elas forem contrárias às
agendas de esquerda e globalista da mídia dominante.
Youtube
sem “you”
Ao
analisar os acontecimentos recentes, pode-se chegar à conclusão de que a tendência
será ver esse cenário piorar neste ano em nosso país. Se já havia a questão do discurso
de ódio, que por não ser definido podia ser aplicado a qualquer usuário, agora
temos os novos termos de serviço do Youtube, que começaram a vigorar no último
dia 10 de dezembro.
Dentre as novas cláusulas, há uma que diz que o Youtube
pode retirar o canal que não for considerado economicamente viável. Além de não
especificar o que isso realmente quer dizer, no ano passado houve vários canais,
em sua maioria conservadores, que passaram a ser proibidos de ganhar dinheiro
com os próprios vídeos.
Não é preciso ir muito longe para perceber que os
canais que perderam a sua monetização poderão tornar-se não viáveis
economicamente muito em breve. Dessa maneira, segundo os novos termos de serviços,
o Youtube pode retirar o canal do ar sem nenhum tipo de aviso prévio,
comunicação ou justificativa.
E para completar esse panorama desolador da liberdade de expressão, no
início deste ano teremos ainda o julgamento do STF sobre a constitucionalidade
do artigo 19 do Marco Civil da Internet.
Em todo esse fenômeno observa-se um denominador comum:
a grande preocupação com os conteúdos gerados pelos próprios cidadãos. Se no
início dos anos 2000 vimos um movimento para que as pessoas divulgassem suas
próprias ideias e pensamentos, quando o establishment percebeu que
essas ideias não coadunavam com as suas próprias, começou a fazer um movimento
para escondê-las debaixo do tapete. O Youtube, que se tornou uma das principais
plataformas para a divulgação das ideias e para o debate público, parece estar
no caminho para se tornar cada vez menos “you”.
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Junto àquilo a cultura do espetáculo, esteticamente lúdica, terrivelmente
técnica e sensacionalista, adiciona um fator que poderíamos vê-lo como a
evolução do antropocentrismo - que não é necessariamente antitradicional - para
um “hedocentrismo” no qual o relaxamento, o prazer e, portanto, o intimismo,
são a medida da vida. Ironicamente, o senso do dever, o da responsabilidade superior,
é agora a satisfação individual máxima, produzindo um caos perante uma ordem
saudável de justa medida.
Essas decadência e Pax do relativismo pós-moderno é uma consequência lógica dos mesmos
acontecimentos constitutivos do modernismo, sendo as mais importantes aquelas
que explicou Plínio Corrêa de Oliveira: a Reforma Protestante, introduzindo a atomização
do vigor social perante a crescente mão de ferro estatal; a Revolução Francesa,
impondo o igualitarismo hostil que, junto a um ideal de liberdade, queria
funcionar como os bens supremos e formadores do mundo; a Revolução Bolchevique,
como a extrapolação absoluta dos efeitos da Reforma e da revolution nos
campos social e econômico.
Estes acontecimentos constitutivos da modernidade, a fabricação e proliferação
dos seus mitos inorgânicos (teologia da razão, igualitarismo, libertinagem,
escepticismo, o Estado como fator elementar da vida social, socialismo),
absolutamente incongruentes com a realidade, produziram um engano induzido do
qual o mundo foi convencido. Hermeneuticamente, o identitarismo relativista e gnóstico
- no sentido voegeliano - (feminismo, indigenismos, negrismos, a ideologia de
gênero etc.) é, na verdade, o choque de um mundo histriônico e psicótico com a
realidade do seu próprio
desgaste paranoico.
Os sintomas do histrionismo, clinicamente, são a busca patológica de ser o
centro de atenção, o uso da sexualidade e da nudez para alcançar tal objetivo,
a vitimização, uma comunicação vaga, difusa, e ser excessivamente teatral ao
momento de expressar as emoções. Agora, vejamos as táticas políticas e
propagandísticas, até a mesma condição pessoal do califado progressista: não só
o progressismo vivifica esse mesmo histrionismo identitário, senão que o instrumentaliza
e projeta como uma política para a persuasão, a humilhação, o virtue-signalling e o controle social.
Vendo os objetivos da psicopolítica - criada pela URSS -, entendemos que a
destruição dos padrões culturais e psíquicos dos indivíduos e do inimigo - aos
primeiros para reconstruí-los baseados nos ideais favoráveis, e aos segundos
para desarmá-los - são as suas mais essenciais pretensões.
Em virtude de tudo o que estava acontecendo com os flashmobs feministas - nojentos,
seja dito - podemos compreender que eles são uma manifestação histriónica, não
do feminismo em si, mas da época na qual estamos vivendo. Os tempos atuais são
tempos
verdadeiramente doentes, «tardios» como disse Nietzsche.
Aquela busca infantil por ser o centro de atenção, o desgaste que provoca uma
defasagem da realidade inevitável e inegável mostranos não só loucura, mas uma saudade
silenciosa mas muito presente, de tempos anteriores cheios de bom senso que
dava um grande vigor, quando o substrato de uma época era a expansão e produção
da alta cultura. Tempo em que, mesmo com todas as turbulências e as mortes,
viviam-se altitudes muito distantes dos privilégios sociais e as reivindicações
baseadas em ressentimentos e projetos políticos escuros.
Durante as três décadas de espionagem, o trabalho
da StB aparentemente não rendeu muito em ações práticas, mas não há dúvidas de
que, no campo ideológico, deixou sua herança maldita, com a degeneração de
várias consciências. Mesmo após o fim daquele serviço secreto, muitos
ex-agentes continuaram atuando em nossa cultura, na política, nas escolas e
universidades, nas igrejas, no Judiciário, onde os resultados práticos da infiltração
comunista poder ser vistos, ouvidos, apalpados.
É claro que a StB não agiu sozinha nesse processo,
mas deixou a sua marca. Para saber mais sobre a natureza nefasta dessa entidade
comunista, sua atuação no mundo e especialmente no Brasil, acompanhe abaixo a
entrevista com Vladimír Petrílak.
Revista Esmeril: O que foi a StB? Quais eram seus objetivos e como
ela agia nos países em que atuava?
Vladimír Petrilák: A StB (Segurança do Estado) era uma polícia secreta
subordinada ao Partido Comunista da Tchecoslováquia, que estava subordinado ao
Partido Comunista da União Soviética. Portanto, não era apenas uma polícia
secreta comum, mas uma polícia política a serviço de uma ideologia única, que,
tal como o nazismo alemão, era uma ideologia criminosa.
No final dos anos 40 (especialmente desde 1948,
quando os comunistas encenaram um golpe em Praga), esta organização tinha se
tornado sinônimo de terror organizado pelo Estado: a StB era famosa
pela tortura, pelas execuções extrajudiciais e pela criação de acusações
falsas. A onda de terror, que durou em grande intensidade até o final
do período estalinista, foi dirigida, literalmente, contra todos os grupos
sociais, mesmo os comunistas (especialmente os de origem judaica).
O recrutamento para a StB foi decidido pelo Comitê
Central do Partido Comunista da Tchecoslováquia (ÚV KSČ), e apenas os membros
deste partido podiam tornar-se oficiais. A polícia secreta da StB foi dividida
em várias direções, a primeira das quais se ocupava da inteligência
estrangeira. Era, portanto, um serviço altamente soviético cuja principal
tarefa era combater os inimigos do comunismo. O trabalho dos serviços
secretos consistia, principalmente, em combater os chamados principais
inimigos: os EUA, a OTAN e a democracia.
“(…) a América
Latina não era de modo algum um alvo secundário. A partir de 1952 criaram-se
células da StB no México, no Brasil e na Argentina.”
A StB prestou muita atenção ao desmantelamento dos
grupos de emigração. Assim como a KGB, ela operava praticamente em todo o
mundo: no Japão, na Austrália, em países da Ásia, na África e, naturalmente, na
Europa Ocidental e nas Américas. As atividades mais intensas ocorreram na
Áustria, na Alemanha Ocidental, na França, na Grã-Bretanha e na Itália, mas a
América Latina não era de modo algum um alvo secundário. A partir de 1952
criaram-se células da StB no México, no Brasil e na Argentina. A partir de
1960, o trabalho ganhou ímpeto e as células, ou seja, escritórios para redes de
espionagem, foram também organizadas em outros países do continente. Apenas
alguns países nesta parte do mundo não tinham células da StB.
Desta forma, o serviço de inteligência
tchecoslovaco travou uma guerra secreta amplamente concebida contra os EUA, da
qual se seguiram outras tarefas, tais como apoiar as forças anti-imperialistas
através da desestabilização dos países da região, apoiar Cuba, combater a OEA
etc.
Revista Esmeril: Fale um pouco sobre a atuação da StB no Brasil.
Como eles agiram especificamente aqui?
Vladimír Petrilák: O serviço de inteligência
tchecoslovaco operava no Brasil da mesma forma que no resto do mundo. Ou seja,
de 1952 a 1970, e no final dos anos 80, procurou obter informações
confidenciais através de colaboradores secretos recrutados entre cidadãos
brasileiros e, através deles, para realizar as chamadas operações ativas, ou
seja, a política de influência. Estas operações preocupavam-se, por exemplo,
com questões como o enfraquecimento das relações do Brasil com os EUA, a
laceração das forças pró-americanas, o apoio a Cuba ou a desorganização da vida
social e da política interna. Em geral, isto significava apoiar as forças, como
eram chamadas na terminologia comunista, de libertação nacional, ou seja, a
esquerda (é de notar que o StB não cooperou com o PCB – isto foi proibido por
Moscou).
“Estas operações
preocupavam-se, por exemplo, com questões como o enfraquecimento das relações
do Brasil com os EUA, a laceração das forças pró-americanas, o apoio a Cuba ou
a desorganização da vida social e da política interna.”
É importante salientar que, no caso do Brasil, não
se tratava de apoiar as ações de terroristas e bandidos de vários tipos que
tentaram derrubar as autoridades legais com armas nas mãos. Estas atividades,
de acordo com os arquivos da StB, foram apoiadas por países como Cuba, China e
Coreia do Norte. A StB tomou parte passiva: por ordem da KGB apoiou a ação de
infiltração de terroristas de Cuba em países da América Latina no âmbito da
chamada Operação Manuel, mas negou quaisquer ligações diretas com a
guerrilha.
Pode-se acrescentar que o apoio a guerrilhas
existia na África e na Ásia. As atividades relacionadas com o Brasil não se
limitaram ao território deste país. Em 1964, após o golpe militar, através de
um informante secreto em Montevidéu, as atividades das autoridades exiladas (ou
seja, o grupo de João Goulart e Leonel Brizola) foram monitoradas. Neste caso
preferiu-se seguir as intenções de ambos. Isto foi relatado a Moscou, mas o seu
interesse não durou muito tempo. Assim que se percebeu que este grupo estava
desprovido de influência real, o assunto deixou de ter interesse para a StB.
Após o golpe militar e 1964, a inteligência
tchecoslovaca concentrou-se na aquisição de informações secretas no Brasil. A
possibilidade de realizar operações ativas ficou severamente limitada àquela
altura. Isto é demonstrado, por exemplo, pela história dos agentes da StB Antonio
Houaiss ou Flavio Tavares, que descrevi no meu recente
livro A Traição Invisível: Brasileiros nos Arquivos do Serviço Secreto
Comunista. Estes agentes perderam, após a “revolução”, a sua influência e
posições, além de terem se tornado alvos da polícia, de forma que sua utilidade
para a StB diminuiu drasticamente.
De qualquer modo, planejo escrever outro livro
sobre o Brasil no contexto da inteligência tchecoslovaca, no qual quero descrever
o período de 1965 a 1970. Dos testemunhos dos oficiais do StB, parece que,
durante esse período, os serviços brasileiros assediaram a StB a tal ponto que
se tornou cada vez mais difícil para eles trabalharem, o que acabou por levar à
liquidação da célula brasileira. Em outras palavras, a contraespionagem
brasileira começou a defender o seu país e, ao contrário do período pré-golpe
militar, fez esforços reais e eficazes para de fato, e não apenas verbalmente,
combater a ameaça comunista. Este processo vale à pena ser descrito desde a
perspectiva da inteligência da Tchecoslováquia comunista.
Revista Esmeril: Em seus livros sobre a atuação da StB no Brasil,
você cita diversos agentes internos, cooptados de diversas maneiras. Todos
esses agentes de alguma forma sabiam no que estavam envolvidos, ou houve
aqueles que foram usados de forma inconsciente?
Vladimír Petrilák: Creio que para uma pessoa de inteligência
média, como os senhores acima mencionados, que estavam provavelmente acima da
inteligência média, após algum tempo ficou claro que estavam trabalhando para o
serviço de inteligência de um país estrangeiro.
Isso não tinha de ser óbvio no início, uma vez que
os oficiais da StB trabalhavam no estrangeiro sob a chamada cobertura
diplomática. Essa cobertura era plausível porque na realidade eram diplomatas
ou representantes comerciais por ordem do Ministério dos Negócios Estrangeiros
da Tchecoslováquia. Outros disfarces também foram usados, mas o diplomático era
atraente, porque estava protegido pela imunidade diplomática em caso de algum
acidente. Esses oficiais dedicavam cerca de 50% do seu tempo de trabalho às
suas tarefas legítimas. Haviam frequentado cursos diplomáticos e por isso
conheciam o seu trabalho e normalmente saíam-se bem na área jurídica. O seu verdadeiro
empregador devia ser escondido mesmo dos outros empregados da missão
diplomática tchecoslovaca: só o embaixador, que não podia ser um agente, sabia
para quem trabalhavam de fato.
Os oficiais da StB trabalhavam com as suas
“vítimas” de tal forma que gradualmente as amarravam, construíam uma relação de
amizade com elas, uma relação que deveria conduzir o cidadão do país
estrangeiro em que o espião estava interessado ao chamado compromisso, ou seja,
ao momento em que era difícil afastar-se de tal relação. Normalmente, foi
utilizado o motivo da cooperação com base num acordo ideológico. O compromisso
era, por exemplo, dar informações (de preferência secretas) por escrito ou
aceitar um presente, em espécie ou financeiramente, simplesmente como pagamento
de um serviço. Nessa altura, o brasileiro já podia sentir que não se tratava
apenas de ajudar um amigo de outro país, mas que algo mais estava em jogo. Com
a implementação de elementos clássicos de espionagem nessa relação (isto é,
esconder o fato conhecido, realizar reuniões secretas, tirar fotografias de
documentos para a StB, aceitar dinheiro etc.), já não podia haver qualquer
dúvida sobre a natureza do trabalho do diplomata tchecoslovaco.
Devo acrescentar que na minha pesquisa encontrei um
agente que, durante todo o período da sua colaboração com o StB, na realidade
desconhecia aquilo em que estava se envolvendo – isto foi no Uruguai.
Revista Esmeril: Gostaria que falasse um pouco da relação dos
serviços de inteligência comunista e a Igreja Católica na América Latina,
sobretudo no Brasil.
Vladimír Petrilák: Esta é mais uma questão, tal como foi formulada no
plural, relativa a outros serviços, e não ao StB. Havia uma certa divisão de
trabalho no Bloco Oriental, questões relacionadas à Igreja Católica (e também
às protestantes), pertenciam à “pasta” da KGB e aos serviços polonês, húngaro e
romeno.
Esse é ainda um tema relativamente pouco estudado.
Na minha investigação dos arquivos da StB deparei-me com casos que diziam
respeito, por exemplo, à chamada teologia da libertação na América Latina, onde
o serviço tchecoslovaco realizou certas tarefas auxiliares para o serviço de
inteligência húngaro na Colômbia, Argentina e Chile. Isso diz respeito aos anos
sessenta. Não posso dizer nada de concreto sobre o Brasil nesse contexto,
porque, até agora, não me deparei com tais operações conduzidas pelo Primeiro
Diretório da StB (I. správa StB). Isso não significa que este tipo de atividade
não tenha sido realizada em território brasileiro por outros serviços, mas a
esse respeito não conheço nenhum fato comprovado. Apenas transmito
conhecimentos verificados e documentados.
No entanto, tenho de confirmar que em meados dos
anos 80, a StB realizou a Operação Pagoda a nível mundial. O
seu objetivo inicial era (e cito o Plano de Trabalho da StB de 1985) “expor e
perturbar as atividades hostis do Vaticano e do Papa em relação à
Tchecoslováquia”. O segundo ponto das tarefas específicas da operação dizia ser
necessário “apoiar e utilizar forças progressistas na Igreja Católica nos
países da América Central e do Sul na luta contra os EUA nesta zona”. Tais
teses fraseadas podem parecer demasiado gerais, mas o Plano Operacional para
1986 não deixa dúvidas: falava diretamente da tarefa de “explorar a teologia da
libertação e os seus apoiadores contra a cúria de direita do Vaticano”.
Ou seja, na década de 1980 foi
formulada exatamente a direção do trabalho que deveria basear-se nessa corrente
dentro da Igreja Católica. Foi assim que o plano foi formulado, mas ainda não
encontrei provas da implementação de tal intenção na América do Sul.
Revista Esmeril: Como se faz sentir, a longo prazo, a influência da
espionagem comunista da StB no Brasil? Ela deixou frutos ainda nos dias atuais?
Quais seriam eles? Como podem ser percebidos?
Vladimír Petrilák: Na Tchecoslováquia, em Novembro de 1989, houve uma
revolução sem derramamento de sangue – uma mudança no sistema político. O
regime comunista totalitário foi derrubado e começou uma grande transformação
sistémica – a democracia e o sistema capitalista foram introduzidos. A abolição
da polícia secreta comunista, que era vista como uma organização criminosa,
também fez parte desta mudança. Por conseguinte, por ordem do Ministro do
Interior do governo democrático de 1990, a StB foi também abolida.
Na República Tcheca, foi decidido que um novo
serviço de inteligência não poderia ser construído com base nos quadros do
antigo regime, pelo que a “tradição” comunista foi quebrada e um novo serviço
foi construído a partir do zero. Não foi feita qualquer referência às
realizações da StB. Pode-se concluir que, desde o início de 1990, as relações
dos agentes da StB com a Tchecoslováquia comunista foram cortadas. Uma coisa
que não sabemos é quantos dos colaboradores secretos ds StB foram assumidos
pela KGB e o seu herdeiro, o atual serviço de inteligência russo SVR. Na época
comunista, a KGB era superior aos serviços de outros países no campo comunista.
Os conselheiros da KGB trabalhavam nos vários serviços das nações subjugadas,
incluindo Praga, e conheciam os colaboradores secretos da StB. Tinham acesso
sem restrições a documentos secretos. É teoricamente possível que alguns
agentes na América Latina “abandonados” pela StB possam ter sido assumidos
pelos soviéticos e russos.
Para além dos poucos casos em que isto aconteceu
anteriormente – e o fato foi notado na documentação (sabemos, por exemplo, de
casos no Uruguai) -, é hoje difícil verificar se isto realmente aconteceu, uma
vez que os arquivos da KGB ainda estão fechados aos investigadores.
Naturalmente, aqui entra em jogo outro personagem importante neste campo de
batalha: a KGB poderia ter dado alguns dos seus bens, ou seja, agentes
apreendidos, a Cuba.
Sim, filha, eu já disse. Mamãe tem daquelas memórias especiais, eu lembro tudo o que já vivi, tudinho, desde que estava na barriga da sua avó! Ah, você quer ouvir de novo aquela história da bisa? Aquela outra vez? Tá bom, vamos lá. Mas, depois, já sabe, direto pra cama!
Eu era bem
nenezinha, igual sua irmã. Estava tudo tranquilo, sua avó tinha acabado de
trocar a minha fralda, e de repente saiu da parede aquele bicho feio, nojento,
que fedia mais que o cocô da mamãe. É, ué, cocô! A fralda suja a senhorita acha
que era do quê, hein? Toda vez acha graça…
Mas vamos lá. A
coisa feia era um demônio que só eu podia ver – eu e a bisa, claro, mas a gente
ainda chega lá, calma! Ele queria me atormentar, e conseguiu. Comecei a pedir
socorro, mas você sabe, nenê pede socorro chorando, igual sua irmã faz quando
tá com fome, fralda suja, etc., e nem sempre os adultos sabem o que é. Foi o
caso. Sua avó achou que era fome, tentou me dar de mamar; eu não quis, é claro.
Só o cheiro daquele bicharoco nojento dava ânsia de vômito! E o bicho apavorava
de verdade, babava de ódio e ria aquela risada do inferno, imagina o meu
desespero, ele dizia que ia me abocanhar, arrancar minha cabeça fora, comer
meus bracinhos, me estraçalhar inteira, eu achava mesmo que ia morrer, um
terror sem fim! Ia lá querer saber se mamar? Estava horrorizada, e chorava
pedindo “Socorro! Socorro! Socorro!”, mas a sua avó só escutava o choro…
Pois é, tadinha,
a pobre estava lá, fazendo o que podia, pegando no colo, ninando, cantando as
músicas de Nossa Senhora pra tentar me acalmar. Mas acalmar o quê? Com aquele
monstrengo ali me atentando… Era um choro só, e cada vez mais desesperado!
Terror de morte, já disse! Pavor de ver o inferno bem ali na sua frente! Não,
você não vai querer ver não, mocinha, é coisa de fazer gente morrer de susto!
E… Ah, sim!
Cheguei naquela parte que você mais gosta, né, menina? É só falar em Nossa
Senhora, que… Pois bem! Sua avó estava lá agoniada, sem saber mais o que fazer,
e aí, como você bem adiantou – hum! –, lembrou de rezar pra Mãezinha do Céu. E
olha… Quem diz que Ela não escuta? Escutou e mandou a bisa direto pra casa! Ela
chegou bem naquela hora! Deu pra escutar ela subindo a escada e a voz dela
vindo lá do fundo do corredor, reclamando do mau cheiro, ela também sentia o fedor
do bicho, aquela nhaca nojenta! Sim, pela milésima vez, menina, demônio fede
que a gente não aguenta, você não vai querer saber não!
Bom, como eu ia
dizendo… A bisa chegou já reclamando do fedor, e assim que o nojento escutou a
voz dela, foi correndo se esconder atrás da cômoda – é, aquela lá do quarto –,
só que deixou o rabo de fora, veja só! Ela foi entrando junto com o Arcanjo –
sim, sim, o Anjo da Guarda da bisa era um Arcanjo, já cansei de falar! –, viram
o rabo do tinhoso ali, saindo da cômoda, e deram aquele olhar um pro outro,
aquele mesmo que a gente faz quando quer dizer “já entendi tudo”.
Aí a bisa já veio
direto pra mim, eu chorando sem parar e cada vez mais apavorada, fez o Sinal da
Cruz na minha testa e eu sosseguei na hora, fiquei dando aqueles risos de nenê
que você adora na sua irmã. Então ela foi até a cômoda, agarrou o desgraçado
pelo rabo, puxou, rodopiou no ar e chutou pra fora, pela janela. Menina,
menina, o barulho que o bicho fez você não ia querer escutar nunca, era um
choro doído, mas que dava medo! É, pois é, voz de demônio é feia, horrorosa, dá
pavor na gente pra valer e você não vai querer saber como é não, nunca!
Mas vamos lá, que
já tá quase na hora de ir pra cama! Pois bem, a bisa lidava lá com o monstro, e
a sua avó achava que ela tinha ficado doida, girando o braço e chutando o ar,
porque não conseguia enxergar demônio. Enquanto isso, o Arcanjo me pegou no
colo, me ninou e levou pro berço – sim, aquele mesmo que foi seu e agora é da
sua irmã –, me colocou lá. Pois é, imagina só o desespero da sua avó, que
também não via o Arcanjo, me vendo flutuando ali no quarto…
E o resto já
sabe, né? Já escutou essa história um milhão de vezes! Não vi mais nada, peguei
no sono e logo estava sonhando com a Mãezinha do Céu, o Arcanjo e a bisa
Francisca num jardim todo florido, com cheiro de rosas. E foi isso.
Se, no plano individual, o objetivo do cristão é tornar-se santo, então o objetivo do casal cristão é santificar-se junto, contando com a ajuda um do outro, e o da família cristã é esforçar-se para ser santa imitando o modelo de Jesus, Maria e José. Portanto, cabe-nos refletir cuidadosamente sobre a definição de santidade familiar.
Para isso, temos de identificar as causas da santidade familiar, para não sermos arbitrários em relação aos efeitos que deveríamos buscar ou priorizar. Afinal de contas, pode-se ir numa ou noutra direção por não se atender às causas. É como definir “homem” como “risível”, “artífice”, “linguístico”, “social” e “religioso”, sem no entanto dizer que é “racional”, já que esta é a causa de todas aquelas propriedades.
O ensinamento do Magistério autêntico é de grande auxílio para nós, pois sublinha com insistência a primazia da oração, da vida sacramental e da Sagrada Eucaristia na santidade de todos os cristãos, sejam solteiros, casados, religiosos ou clérigos.
A Liturgia é simultaneamente a meta para a qual se encaminha a ação da Igreja e a fonte de onde promana toda a sua força […]. A renovação da aliança do Senhor com os homens, na Eucaristia, acende nos fiéis a caridade urgente de Cristo e leva-os a ela. Da Liturgia, pois, em especial da Eucaristia, corre sobre nós, como de sua fonte, a graça, e por meio dela conseguem os homens com total eficácia a santificação em Cristo e a glorificação de Deus, a que se ordenam, como a seu fim, todas as outras obras da Igreja (Concílio Vaticano II, Sacrosanctum Concilium, n. 10).Pela participação no sacrifício eucarístico de Cristo, fonte e centro de toda a vida cristã, [os fiéis] oferecem a Deus a vítima divina e a si mesmos juntamente com ela (Concílio Vaticano II, Lumen Gentium, n. 11).
Confirmando essa doutrina com a vida, todos os santos priorizam a oração em detrimento da ação, a vida interior em detrimento do apostolado exterior, a Sagrada Eucaristia em detrimento de qualquer outra obra de devoção ou caridade. Nesse sentido, apenas seguiram o exemplo de Nosso Senhor: “Permanecei em mim, e eu permanecerei em vós. O ramo não pode dar fruto por si mesmo, se não permanecer na videira. Assim também vós: não podeis tampouco dar fruto, se não permanecerdes em mim. Eu sou a videira; vós, os ramos. Quem permanecer em mim e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer” (Jo 15,4s). Numa época em que a preocupação é com ativismo, engajamento e “resultados”, nenhuma verdade é negligenciada ou mesmo negada com tanta frequência como esta, para a qual o remédio perfeito era (e ainda é) o livro de Dom Chautard, A Alma de Todo Apostolado.
Portanto, não há nenhuma surpresa no fato de o Magistério ressaltar o íntimo vínculo entre o sacramento do Matrimônio, a sagrada liturgia, o Santíssimo Sacramento e uma família santa:
O sacramento do Matrimônio, que retoma e especifica a graça santificante do Batismo, é a fonte própria e o meio original de santificação para os cônjuges […]. O dom de Jesus Cristo não se esgota na celebração do Matrimônio, mas acompanha os cônjuges ao longo de toda a existência […]. E como do sacramento derivam para os cônjuges o dom e a obrigação de viver no quotidiano a santificação recebida, assim do mesmo sacramento dimanam a graça e o empenho moral de transformar toda a sua vida num contínuo “sacrifício espiritual” (João Paulo II, Familiaris Consortio, n. 56).O “belo amor” aprende-se sobretudo rezando. A oração, de fato, comporta sempre, para usar uma expressão de São Paulo, uma espécie de interior ocultação com Cristo em Deus: “A vossa vida está escondida com Cristo em Deus” (Col 3, 3) (João Paulo II, Carta às Famílias, n. 20).O Matrimônio cristão, como todos os sacramentos que “estão ordenados à santificação dos homens, à edificação do Corpo de Cristo, e enfim, a prestar culto a Deus”, é em si mesmo um ato litúrgico de louvor a Deus em Jesus Cristo e na Igreja (João Paulo II, Familiaris Consortio, n. 56).A Eucaristia corrobora de forma inexaurível a unidade e o amor indissolúveis de cada matrimônio cristão. Neste, em virtude do sacramento, o vínculo conjugal está intrinsecamente ligado com a união eucarística entre Cristo esposo e a Igreja esposa (cf. Ef 5, 31s). O consentimento recíproco, que o marido e a esposa trocam entre si em Cristo constituindo-os em comunidade de vida e de amor, tem também uma dimensão eucarística; com efeito, na teologia paulina, o amor esponsal é sinal sacramental do amor de Cristo pela sua Igreja, um amor que tem o seu ponto culminante na cruz, expressão das suas “núpcias” com a humanidade e, ao mesmo tempo, origem e centro da Eucaristia (Bento XVI, Sacramentum Caritatis, n. 27).
Essa “comunidade de vida e amor” amplia-se em obras de caridade (incluindo as de misericórdia corporais e espirituais), a começar pelos próprios filhos, e expande-se para a paróquia, a cidade e a sociedade, segundo a reta ordem da caridade. No entanto, tudo o que fazemos como cristãos é fruto do sacrifício de Nosso Senhor Jesus Cristo e a ele torna, sendo a santa Missa sua re-apresentação sobrenatural e a Sagrada Eucaristia, o sinal supremo dessa realidade mística. Somos peregrinos que vivem do e para o Pão da Vida, até podermos contemplar a sua face divina e humana na visão beatífica.
Estamos entrando num período obscuro, no qual os fiéis ao ensinamento integral da Sagrada Escritura, ao testemunho da Tradição e à plenitude do Magistério da Igreja terão de lidar com incompreensão, incredulidade, sarcasmo, ostracismo e punições num nível cada vez maior e, ao fim e ao cabo, com a perseguição aberta. Temos de fazer tudo ao nosso alcance para não perder de vista essas referências seguras, à luz das quais podemos, com a graça de Deus, trilhar confiantes o caminho da santidade, como homens e mulheres, maridos e mulheres, pais e filhos, sacerdotes e religiosos. Nem devemos aceitar quaisquer sucedâneos, paliativos ou subterfúgios. Cristo e a Igreja já disseram claramente quem somos e o que devemos fazer, se quisermos permanecer na verdade de Cristo e viver a verdade no amor.
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Sabe quando iremos parar? NUNCA.
Diante do ativismo judicial da maioria dos atuais membros do Supremo Tribunal Federal, verifica-se verdadeiro abuso do poder de julgar, em detrimento de direitos fundamentais de todos nós.
Já
afirmamos que o direito de expressão abrange o direito de opinião, o direito de
crítica e mesmo o direito de proferir o que se possa considerar inverdade,
atualmente qualificada de “fake news”.
Não
há fundamento constitucional nem legal para tribunal algum retirar direitos
individuais, cassar mandatos eleitorais, ordenar a prisão de pessoas, bloquear
contas bancárias, impedir o recebimento de proventos e patrocínios financeiros,
cancelar plataformas de internet sob o argumento de divulgarem notícias que
possam ser qualificadas de inverídicas.
Exatamente
por isso, sugiro emenda à Constituição Federal para nela constar, no seu artigo
5º, mais dois incisos:
“Ninguém
será privado do direito de crítica ou processado por fazer declarações que não
correspondam à verdade dos fatos, ressalvados os casos de calúnia, difamação e
injúria.”
“Será
nula de pleno direito a decisão administrativa ou judicial ofensiva à liberdade
de expressão e de crítica exercida por quaisquer meios de comunicação.”
Diário do Comércio, 24 de agosto de 2009
Confirma-se pela enésima vez aquilo que venho dizendo há anos: a maioria absoluta dos brasileiros, especialmente jovens, é um eleitorado maciçamente conservador desprovido de representação política, de ingresso nos debates intelectuais e de espaço na “grande mídia”. É um povo marginalizado, escorraçado da cena pública por aqueles que prometeram abrir-lhe as portas da democracia e da participação.
Enquanto as próximas eleições anunciam repetir a já tradicional disputa em família entre candidatos de esquerda, mais uma pesquisa, desta vez realizada pela Universidade Federal de Pernambuco, mostra que, entre jovens universitários, 81% discordam da liberação da maconha e 76% são contra o aborto. “É um comportamento de aceitação das leis… a gente vê a religião influenciando muito a vida dos jovens”, explica o coordenador da pesquisa, Pierre Lucena, na notinha miúda, quase confidencial, com que O Globo, a contragosto, fornece a seus leitores essa notícia abominável (v. http://g1.globo.com/jornalhoje/0,,MUL1268367-16022,00-OS+JOVENS+ESTAO+MAIS+CONSERVADORES+E+PREOCUPADOS+COM+O+FUTURO.html).
Na Folha de S. Paulo, no Estadão e no Globo, quem quer que pense como esses jovens – ou seja, o eleitorado nacional quase inteiro – é considerado um extremista de direita, indigno de ser ouvido. Nas eleições, nenhum partido ou candidato ousa falar em seu nome. A intelectualidade tagarela refere-se a eles como a uma ralé fundamentalista, degenerada, louca, sifilítica. Qualquer político, jornalista ou intelectual que fale como eles entra imediatamente no rol dos tipos excêntricos e grotescos, se não na dos culpados retroativos pelos “crimes da ditadura”, mesmo se cometidos quanto o coitado tinha três anos de idade.
Nunca o abismo entre a elite falante e a realidade da vida popular foi tão profundo, tão vasto, tão intransponível. Tudo o que o povo ama, os bem-pensantes odeiam; tudo o que ele venera, eles desprezam, tudo o que ele respeita, eles reduzem a objeto de chacota, quando não de denúncia indignada, como se estivessem falando de um risco de saúde pública, de uma ameaça iminente à ordem constitucional, de uma epidemia de crimes e horrores jamais vistos.
Trinta anos atrás eu já sabia que isso ia acontecer. Era o óbvio dos óbvios. Quando uma vanguarda revolucionária professa defender os interesses econômicos do povo mas ao mesmo tempo despreza a sua religião, a sua moral e as suas tradições familiares, é claro que ela não quer fazer o bem a esse povo, mas apenas usar aqueles interesses como chamariz para lhe impor valores que não são os dele, firmemente decidida a atirá-lo à lata de lixo se ele não concordar em remoldar-se à imagem e semelhança de seus novos mentores e patrões. É precisamente isto o que está acontecendo. Jogam ao povo as migalhas do Bolsa-Família, mas, se em troca dessa miséria ele não passa a renegar tudo o que ama e a amar tudo o que odeia, se ele não consente em tornar-se abortista, gayzista, quotista racial, castrochavista, pró-terrorista, defensor das drogas e amante de bandidos, eles o marginalizam, excluem-no da vida pública, e ainda se acreditam merecedores da sua gratidão porque lhe concedem de quatro em quatro anos, democraticamente, generosamente, o direito de votar em partidos que representam o contrário de tudo aquilo em que ele crê.
Pense bem. Se alguém lhe promete algum dinheiro mas não esconde o desprezo que tem pelas suas convicções, pelos seus valores sagrados, por tudo aquilo que você ama e venera, você pode acreditar ele lhe tem alguma amizade sincera, por mínima que seja? Não está na cara que essa é uma amizade aviltante e corruptora, que aceitá-la é jogar a honra e a alma pela janela, é submeter-se a um rito sacrificial abjeto em troca de uma promessa obviamente enganosa? Só um bajulador compulsivo, uma alma de cão, aceitaria essa oferta. Mas as mentes iluminadas que nos governam querem não apenas que o povo a aceite, mas que a aceite abanando a cauda de felicidade.
Desde quando eu comecei a divulgar seu trabalho, tenho ficado cada vez mais admirado com sua ousadia em desafiar as convenções de pensamento da "beautiful people" e fazer um trabalho recuperando no Brasil a arte de compôr uma boa história e fazer troça com o estamento burocrático e seus agentes com boas charges à moda antiga, com humor mesmo, um humor inteligente.
(03/06/2022) |
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