Edição LXXVIII (Terça Livre, Revista Esmeril 43, opinião e mais)

Tempo de Leitura LXXVIII

(Opinião, artigos e cultura para pessoas livres)


Resumo semanal de conteúdo com artigos selecionados, de foco nas áreas majoritariamente cultural e comportamental, publicados na Revista Esmeril e outras publicações de outras fontes à minha escolha. Nenhum texto aqui pertence a mim (exceto onde menciono), todos são de autoria dos citados abaixo, porém, tudo que eu postar aqui reflete naturalmente a minha opinião pessoal sobre o mundo.


ACOMPANHE
 


ANTES DE MAIS NADA, ESSA É A BANDEIRA QUE EU DEFENDO:
ESSE É O PAÍS QUE EU QUERO!

REVISTA ESMERIL 43

A Lama do Dalai (Israel Simões)

O cético (Leônidas Pellegrini)





Onde quer ir primeiro?



LEITURA RECOMENDADA


Minhas redes:
    


17 de Abril de 2023
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👆 MEMÓRIA: REVISTA TERÇA LIVRE
(matérias de edições antigas da revista que ainda são atuais)


Hoje voltaremos no tempo para a edição 47 da Revista Terça Livre, de 02 de Junho de 2020.


O novo site do Terça Livre está de volta, e com ele, todos os cursos e todas as edições da Revista Terça Livre desde o seu início. acessem:
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COMPORTAMENTO


👆 TEORIA DA CONSPIRAÇÃO OU REVELAÇÃO? – PARTE 6
(por Alexandre Costa)

A chamada Nova Era, que pode ser entendida como um confuso amontoado de crenças desconexas e até mesmo inconciliáveis, tem funcionado como uma ferramenta eficiente para diluir os valores do Ocidente.
Além de corroer os princípios básicos da religiosidade misturando conceitos e esmagando as nuances necessárias à compreensão dos assuntos transcendentais, essa união de várias formas de espiritualidade em um conjunto disforme e contraditório também provocará desdobramentos que tendem a destruir as bases da civilização ocidental.

Desde o início do que podemos nomear como História, todas as sociedades foram construídas sobre pilares extraídos da moralidade consensual do seu tempo. Em cada época essa “regra” foi estabelecida de uma forma, mas sempre foi obedecida.

Como a moral depende de uma tradução e de uma adaptação da religiosidade contemporânea, qualquer interferência no conjunto de crenças de uma sociedade tende a mudá-la por completo, e não apenas no seu aspecto religioso ou espiritual.

A moralidade de uma época, que por sua vez sempre funciona como uma espécie de abstração da espiritualidade de um povo, forma o núcleo do imaginário que vai definir os parâmetros, as convenções e os limites para hábitos e comportamentos. Apesar da imperfeição desse movimento, que não pode oferecer um exato reflexo devido às dificuldades de se transpor elementos imateriais, infinitos e eternos
para ordenamentos materiais, finitos e imediatos, toda moralidade tende a possuir, pelo menos em sua essência, as principais características inerentes às crenças hegemônicas. Assim como acontece com as analogias, a transposição dos princípios religiosos para a prática moral pode divergir nos acidentes, mas costuma manter a fidelidade na essência.

Vimos no artigo anterior que as virtudes, por serem as principais capacidades humanas, consistem nos elementos estruturantes da personalidade individual e, por consequência, da vida em sociedade. Vimos também que cada uma delas funciona como um freio pra nossos instintos animais, e são as mais potentes armas que dispomos para evitar nossos erros frequentes e para enfraquecer nossa tendência aos pecados.

Na imprensa, na cultura pop ou no sistema educacional, é muito fácil identificar ataques a cada uma das virtudes. Seja na forma de promoção do pecado que ela combate, seja pela própria desmoralização da sua prática. A gula é promovida, enquanto práticas de temperança como o jejum ou a abstinência em datas sagradas são tratadas como inúteis ou atrasadas, a não ser que a intenção seja a manutenção de uma aparência física considerada mais atraente pelo padrão estabelecido. Essa materialização da virtude também ocorre com a caridade e a solidariedade, que deixam de ser atos individuais e espontâneos e passam a ser responsabilidade do Estado, ou das Organizações Não Governamentais. Com a castidade e a humildade ocorre algo ainda mais descarado e evidente, tanto pela valorização exagerada do sexo e da vaidade, quanto pelo rótulo colado em quem pensa diferente, a fim de desumanizar o alvo. No caso da paciência e da disponibilidade, o ataque está mais relacionado à enxurrada de informações inúteis ou provocadoras disparadas para proporcionar a fragmentação que impossibilita a concentração, primeiro passo para adquirir a paciência e para sair do estado de morbidez mental, também chamado de acídia ou preguiça espiritual.

Em todos esses casos, a mídia, o entretenimento e até a pedagogia moderna favorecem esse processo, mas estes são apenas os executores dos ataques às virtudes. A origem da mentalidade que provoca esse comportamento é outra, anterior, mais profunda e influente.

Para que seja possível compreender essa confluência das iniciativas que bombardeiam diariamente a frágil condição humana com o objetivo de diluir e destruir as personalidades, temos que direcionar a nossa atenção para o denominador comum a todas elas.

Na essência desse imaginário artificialmente produzido, que ao mesmo tempo tenta incentivar o erro e perverter a virtude que o combate, reside um profundo e complexo emaranhado de crenças baseadas em conceitos deturpados e diametralmente opostos aos valores cristãos que norteiam o comportamento natural e formam a estrutura da sociedade ocidental.

A intenção dessa perversão é bem clara: diluir personalidades para modificar a mentalidade coletiva e criar um ambiente favorável às transformações sociais desejadas por quem pretende estabelecer uma nova civilização.

Esse processo de destruição de valores e princípios que vão permitir a criação da Nova Ordem Mundial utiliza e tem como referencial vários elementos do ocultismo, desde as mais visíveis iniciativas anticristãs até os mais sutis mecanismos de diluição moral e religiosa. No próximo artigo desta série veremos como esses dois lados da mesma moeda correm em paralelo para conquistar seu objetivo.


Alexandre Costa

Site: www.escritoralexandrecosta.com.br 

Canal: www.youtube.com/c/AlexandreCosta


Autor de “Introdução à Nova Ordem Mundial”, “Bem-vindo ao Hospício”, “O Brasil e a Nova Ordem Mundial”, “Fazendo Livros” e “O Novato”.

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Terça Livre via Locals - 05 de Abril de 2023






FORMAÇÃO
















👆 Dezesseis conselhos de Tomás de Aquino para adquirir o tesouro da ciência

(por Allan dos Santos - 05/04/23)

Entre as obras de Tomás de Aquino, encontra-se uma carta a um certo — e desconhecido— frei João, ao qual o doutor angélico se dirige para lhe oferecer alguns preceitos, por meio dos quais é possível adquirir o tesouro da ciência. Esta carta, embora sua autenticidade seja difícil de determinar, como próprio A-D. Sertillange reconhece no primeiro prefácio à sua excelente obra “A Vida Intelectual”, está repleta de preciosos conselhos úteis para todo aquele que inicia, ou mesmo já se encontra, na vereda da vocação intelectual. Assim, sem sequer ter a ousadia de me aventurar a realizar qualquer comentário a respeito da mesma, limito-me a reproduzir na integra esta breve, porém profunda, carta (1).

“Como me perguntaste, João, caríssimo irmão em Cristo, como deves estudar para adquirir o tesouro da ciência, eis os conselhos que te dou a esse respeito.


1. Escolhas entrar no mar pelos regatos, não diretamente, pois é pelo que é fácil que convém chegar ao mais difícil. Este é, portanto, o meu conselho, e uma instrução para ti.
2. Quero que sejas lento para falar e lento para dirigir-te ao parlatório.
3. Guarda a pureza de consciência.
4. Nunca deixes de dedicar-te à oração.
5. Frequenta com amor tua cela, se queres ser introduzido na adega de vinhos.
6. Mostra-te amável com todos.
7. Não te preocupes com as ações dos outros.
8. Não sejas familiar demais com ninguém, pois o excesso de familiaridade engendra o desprezo e dá ocasião para afastar-se do estudo.
9. Não te envolvas de maneira alguma com as palavras e ações dos leigos.
10. Evita sobretudo os passeios inúteis.
11. Não deixes de imitar a conduta dos santos e dos homens de bem.
12. Não consideres de quem ouves as coisas, mas tudo o que se disser de bom, confia-o à tua memória.
13. Tudo que leres e ouvires, põe em prática, para o compreenderes.
14. Esclarece tuas dúvidas.
15. Esforça-te para armazenar tudo que puderes na biblioteca do teu espírito, como quem enche um vaso.
16. Não busques o que está acima de ti.


Se seguires este caminho, enquanto tiveres vida produzirás e multiplicarás folhas e frutos úteis na vinha do Senhor dos Exércitos. Se praticares estes conselhos, poderás alcançar o que desejas. Adeus.”



Fonte: SERTILLANGES, A-D. A vida intelectual — Seu espírito, suas condições, seus métodos, p. 217.


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REVISTA ESMERIL - Ed. 43, de 14/04/2023 (Uma publicação cultural digital e mensal de Bruna Torlay. Assinar a revista


COLUNAS SEMANAIS

👆 A Lama do Dalai
(por Israel Simões - 14/03/2023)



Era o mês de fevereiro do ano de 2019 quando o meu orientador mandou eu jogar 73 páginas de dissertação no lixo. Naquela data eu cursava o terceiro semestre do mestrado em Administração na UFMG, já com bem menos interesse em gestão do que em pessoas. Falo dos instrumentos técnicos de gestão, não me encantavam mais, porque eu sabia que o sucesso das organizações dependia de aspectos humanos mais profundos do que planilhas e indicadores de desempenho (foi quando descobri que as tais ciências sociais aplicadas têm um certo complexo de superioridade por não serem nem tão sociais quanto as ciências humanas, nem tão aplicadas quanto as exatas. Todo administrador jura que é um psicólogo mais pragmático e um engenheiro menos enfadonho…).

O orientador, no meu caso, era o Professor Carlos Alberto Gonçalves, que considerou aquele projeto de pesquisa sobre a fusão das marcas Fiat e Chrysler um tanto sem graça, pouco inovador. Ele também era coordenador da pós-graduação em neurociências da universidade e, percebendo a minha inclinação para explorar cavernas, aqueles recônditos obscuros da psique humana, passou a dizer que eu tinha um futuro promissor se adentrasse naquele campo de investigação. E me deu um desafio: encontre o insight, a ideia genial, respeitando nossa linha de pesquisa, mas incorporando a nova moda científica de dissecar cérebros. Traga até mim um projeto de neurociências e conversamos…

Poucos dias depois, em uma reunião com uma estagiária de Design incumbida de desenvolver um site para o centro esportivo que eu gerenciava, percebi algo curioso: uma certa agitação em suas mãos. Ela segurava o mouse de uma maneira estranha, dedo indicador frenético, correndo as páginas de internet como um feed de Instagram. Pareceu-me um automatismo, um movimento involuntário de uma jovem digitalizada e ansiosa. Guardei aquela cena na memória, crente que ela poderia indicar o caminho da minha pesquisa.

Na semana seguinte peguei um voo para Curitiba, para apresentar um artigo em um congresso acadêmico. Resolvi folhear algumas revistas e logo a primeira que peguei trazia um grande cérebro na capa. Era uma edição da Exame com o título O Segredo da Mente Produtiva. Ali tive o meu primeiro contato com as práticas de mindfulness, uma técnica de meditação guiada similar à meditação zen budista, devidamente ocidentalizada por um médico americano. Os conceitos de atenção plena, enquanto um esforço por aterrissar a atividade mental no momento presente, eram exatamente o que eu buscava. Aquela menina de dedos instagramados estava inconsciente dos padrões estímulo-resposta que haviam se incorporado no seu comportamento. Se havia um treinamento voltado à tomada de consciência, à metacognição e à observação do corpo, era ali que eu deveria iniciar minha pesquisa exploratória.

Os meses que se seguiram foram de uma incursão pessoal no orientalismo moderno, o que inclui a devoção a uma versão de budismo ecumênica, pop e cheia de adeptos no mundo das celebridades. Frequentei uma casa budista para conhecer de perto o éthos daquela comunidade, incorporando a disposição física e mental dos praticantes na minha rotina diária. Se era para distinguir o valioso do enganoso, deveria provar da coisa inteira, ciente do estado de dúvida e experimentação a ser mantido, mas sem ressalvas.

A tentativa de apreender uma escola de pensamento virou uma oportunidade de crescimento pessoal única. Fui notando, naqueles longos exercícios de olhos fechados, as instabilidades, tensões e fraquezas que eu mesmo havia somatizado em meu corpo sem perceber. Hoje sou eu quem ajudo meus pacientes a se livrarem de suas dores e traumas por meio de uma diversidade de recursos terapêuticos, entre os quais a meditação e as práticas de consciência corporal.

Mas nem tudo eram flores de lótus.

As formações teóricas e treinamentos práticos eram conduzidos por moços de cachos ao vento e voz lenta que me causavam certa estranheza. Em nada se pareciam com os homens com quem eu rolava no tatame toda semana, trocando quedas de judô e golpes de jiu-jitsu. As moças, sempre muito educadas, não usavam maquiagem e tinham uma cisma repetitiva com saias estampadas, sandalinhas de Jesus, tranças, miçangas e a bendita palavra gratidão. Eu me esforçava, mas não via sentido em substituir o “obrigada” por aquelas mãozinhas em sinal de oração, sempre acompanhadas de um sussurro: gratidão.

Os chás de flores eram tão insossos quanto os biscoitinhos com gosto de nada. As almofadas eram desconfortáveis, especialmente porque eu frequentava as aulas depois do trabalho, de roupa social. Mesmo que passasse em casa, não fazia parte do meu guarda-roupa aqueles pijamas de linho deteriorado.

Mas o que me incomodava mesmo eram os discursos que intercalavam as práticas meditativas: falavam de salvar baleias, abraçar árvores, boicotar o McDonald’s, cozinhar bifes de ervilhas, perdoar criminosos, abortar crianças, tirar o Lula da cadeia. Especialmente a instrutora de meditação contratada para conduzir a coleta de dados da minha pesquisa era insistente na doutrinação misturada com lições do Buda. Uma mulher cuja meiguice escondia uma personalidade forte e um tanto intolerante.  

Filtrada pelos cacoetes da comunicação-não-violenta, a linguagem daqueles seres celestiais jamais seria classificada como “discurso de ódio”. Igualmente os atos eram sempre perdoáveis, pelo menos dentro do grupo, com fortes correntes de fraternidade e defesa mútua. O sujeito que fosse rude e intransigente com alunos questionadores, alguns dos quais oriundos de árvores religiosas distintas (mas como eu, interessados em um aprendizado abnegado), se era membro da patota, na verdade não era rude. Apenas indignado.

Aquele grupo de intelectuais ricos e veganos, com roupas de lavradores da idade média, estavam interessados em uma sabedoria de pouquíssima orientação moral, mas paradoxalmente moralizante.

Portanto em nada me estranhou ver o Dalai Lama sair incólume da polêmica cena em que sujeitou uma criança ao constrangimento de beijar sua boca, chegando a pedir que chupasse sua língua, abraçando-o contra o seu próprio corpo e lhe fazendo cócegas, num gesto tão desprezível que chega a provocar vômito. O líder do budismo tibetano é figura tarimbada nas demonstrações públicas de apreço à espiritualidade por políticos como Obama e artistas como Lady Gaga. Vencedor do Nobel da Paz, ele circula pelo mainstream como o vovozinho do olho puxado de jeito manso e trato cordial. Inofensivo.

Talvez Dalai Lama queira resgatar um costume bastante tolerado e prezado na Grécia antiga, no Império Romano, na China e em culturas africanas: o uso de menores para satisfação sexual. Foi a influência do cristianismo que libertou as crianças deste jugo terrível (contra o qual uma corrente subterrânea de promiscuidade insiste, mais do que nunca, em executar sua vingança).

Os adeptos da Nova Era são como porcos de banho tomado. Juram que são as entidades mais iluminadas e puras do universo, agem como criancinhas no jardim de infância, mas no fim acabam voltando para a lama de uma cultura primitiva erotizada e libertina. Veja os ritos cerimoniais dos estudantes nos campos universitários brasileiros, inspirados nas tradições indígenas e de matriz africana: sempre acabam no consumo de alucinógenos, orgia e bebedeira.

Pois que chupem as línguas e o que mais gostarem uns dos outros, mas não mecham com as crianças. Elas ainda têm o direito a preservar sua integridade física para além das respirações profundas e movimentos de pernas para o ar.

Felizmente, no Ocidente, ainda prevalece uma fé que ora de olhos fechados, mas que age de olhos bem abertos. Está no Salmo 121: “É certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel”.

Estejamos vigilantes.

Direitos autorais: BJ Graf (https://www.flickr.com/photos/bjgraf/8975004713)

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CONTEÚDO LIBERADO




👆 O cético
(por Leônidas Pellegrini - 16/03/2023)

Baseado em Jo 20, 24 – 30



Ninguém sabia dizer por onde andava Tomé naqueles dias. Teria sido preso? Fugira? Escondera-se em algum outro lugar? Ou simplesmente havia ficado perambulando sem destino certo entre as ruas da Judeia, desalentado, triste? Foi nesse estado que ele apareceu aos amigos naquela tarde, de repente irritando-se de vê-los tão alegres enquanto comiam:

– O que celebrais, afinal?

– Tomé! – adiantou-se Pedro, entusiasmado – Sê bem-vindo! Junta-te a nós, irmão! O Senhor está vivo e entre nós! Nós O vimos!

– Estás louco? Ou te julgas engraçado com tal blasfêmia, seu…

– Tomé – Maria pousou-lhe mão no ombro – é verdade. Ele tem estado entre nós todos estes dias.

Diante daquele olhar, o Apóstolo desarmou-se, entre aturdido e apiedado. Não se sentia capaz de contrariá-la naquele momento. Pobre mãe! Com certeza havia ali coisa maior, mais maligna. Estariam todos sofrendo de algum delírio? Seriam artes do diabo? Espíritos malignos a confundir os corações de seus amigos? Então, João também interveio:

– Tomé, irmão, todos nós O vimos. Mesmo. Ele ressuscitou dentre os mortos. Lembra-te das Escrituras, que…

– Não! – atalhou o Dídimo – Estais todos loucos! Não acredito! Ele está morto, todos sabemos! Isso nós vimos de fato! Quereis que eu creia? Pois bem! Se eu não O vir aqui, em carne e osso, e se não vir nas Suas mãos a abertura dos cravos, se não meter meu dedo no lugar dos cravos e não meter as minha mão no Seu lado chagado, não crerei!

E naquele momento mesmo, Jesus apareceu entre eles:

– A paz esteja convosco!

E, voltando-se para Tomé, grave, expôs-lhe as Suas feridas e disse:

– Mete aqui o teu dedo, e vê as minhas mãos, e aproxima também a tua mão e mete-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel!

Então o espírito do Apóstolo, armado, entrincheirado, capitulou. E de olhos marejados e coração disparado, ele caiu de joelhos, aos pés do Cristo e, chorando, bradou:

– Meu Senhor e Meu Deus!

E enquanto o Dídimo ainda chorava, Jesus pousou-lhe a mão da cabeça, apiedado:

– Tu creste, Tomé, porque me viste; bem-aventurados os que crerem sem ter visto.

E como um pai que acode o filhinho após um tombo, ajudou o Apóstolo a erguer-se e tomou-o entre os braços. Em torno, apenas o silêncio e corações arrebatados.

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Brasil Sem Medo - 3 de Abril





OLAVISMO CULTURAL


👆Giorgio Cappelli, o desenhista do Olavo
(por Paulo Briguet)


Você conhece os outros trabalhos do autor das True Outstrips? Ele está fazendo promoção especial de suas HQs
Olavo Tem Razão, do cineasta Mauro Ventura, é um daqueles raros filmes que fazem a gente rir e chorar em diferentes momentos. Chorar de saudade do professor e do testemunho pungente de seus amigos e alunos. Rir das passagens hilariantes de sua vida, como o dia em que ele foi atrás do louco fugitivo do hospício. No filme, as passagens cômicas da vida do filósofo são ilustradas por cartuns de Giorgio Cappelli, o autor das True Outstrips, tirinhas que têm Olavo de Carvalho como protagonista. Se hoje todos vivemos na Olaverso, como dizem os Brasileirinhos, Giorgio é o seu desenhista.

Todas as terças-feiras, no Conexão KGB, nós mostramos uma nova tirinha do Giorgio. Esse paulistano radicado em Jacareí, com 57 anos de idade e 32 de carreira, tornou-se o cartunista oficial do Olavo. Tudo começou há alguns anos, quando Giorgio procurava explicações para a decadência da cultura brasileira e deparou com um artigo de um certo filósofo que morava na Virgínia. A partir desse primeiro contato, Giorgio descobriu os livros, os cursos, o True Outspeak e o COF. Sua primeira tira, aprovada por Olavo, mostra a “origem” do nome do Curso On-Line de Filosofia:
 


Olavo riu e aprovou. Reunidos no livro True Outstrips, os quadrinhos retratam o professor nas mais inusitadas situações, sempre com respostas certeiras — seja para seus alunos, seja para seus detratores. A cada tirinha, uma tirada.

Mesmo antes de conhecer Olavo, Giorgio Cappelli já desenvolvia um excelente trabalho como desenhista e roteirista de histórias em quadrinhos. Esse trabalho pode ser conhecido em três publicações, nas quais Giorgio revela todo o seu talento criativo:


Rastreadores da Taça Perdida - O Segredo da Jules Rimet

 

Nessa história, Giovanni e Vini são dois primos que percorrem o mundo atrás de relíquias e raridades da cultura pop: figurinhas difíceis de achar, filmes fora de catálogo, quadrinhos raros. Quando o milionário pai de Vini anuncia que está falido, Giovanni sugere a Vini que comece a cobrar por esses serviços que faziam por conta própria — e eis que são convocados para encontrar a Jules Rimet, taça do tricampeonato da Seleção Brasileira, supostamente derretida e perdida em 1983. Ação e humor em doses complementares.

 

O Extracurricular Cucaracha



Quando Ascarel acidentalmente ganha superpoderes, decide se vingar de todos que praticavam bullying com ele. Mas há outro aluno, na mesma escola, que também adquiriu poderes por acidente... e o embate entre ambos não tardará a acontecer. Sátira ao gênero "super-herói adolescente".


A Fivela Ardente de Bila



As aventuras de Bila, guerreira da aldeia das Pirulonas, mulheres de dois metros de altura e boas de briga. Bila, que tem apenas um metro e 87, é a mais baixinha. Neste álbum que mistura fantasia estilo Tolkien com comédia pastelão, há três histórias: O Sequestro do Príncipe Poliano, A Princesa e o Lobisomem e O Império Contra Takka. Nesta história, Giorgio atuou em parceria com Enéas Ribeiro Corrêa.

Os álbuns de Giorgio Cappelli podem ser adquiridos com o próprio autor, por preços muito especiais. Se você ficou interessado, entre em contato com o Giorgio pelo seu perfil ou Instagram ou pelo WhatsApp (12 981448298).

Eu já encomendei os meus!

— Paulo Briguet é escritor e editor-chefe do BSM.


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👆 OLAVO DE CARVALHO

Em busca da cultura
(Publicado originalmente no Diário do Comércio, em 04 de Fevereiro de 2015, disponível no site do professor)

Em artigo escrito já há algum tempo, o publicitário Nizan Guanaes observa que às nossas classes altas falta, sobretudo, cultura. Pura verdade, mas por que somente às classes altas? Ao longo da quase totalidade da história humana, o conjunto dos homens mais cultos e sábios raramente coincidiu com o dos mais ricos e socialmente brilhantes.

“Livros e dinheiro são uma mistura perfeita para elegância, savoir faire e bom gosto”, diz Guanaes. É certo. Mas também é certo que elegância, savoir faire e bom gosto não são propriamente a alta cultura: são a vestimenta mundanizada que ela assume quando desce do círculo das inteligências possantes e criadoras para o âmbito mais vasto dos consumidores abonados, da sociedade chique. São cultura de segunda mão.

O que falta no Brasil não são apenas ricos educados. O que falta são intelectuais capazes de educá-los. Um indício claro, entre inumeráveis outros, é que nenhuma universidade brasileira, estatal ou privada, foi jamais incluída na lista de cem melhores universidades mundiais do Times Higher Education World Ranking de Londres. Não há nessa exclusão nenhuma injustiça. Rogério Cezar de Cerqueira Leite explicou o porquê em Produção científica e lixo acadêmico no Brasil.

Foi talvez sentindo obscuramente a gravidade desse estado de coisas que o próprio Guanaes mandou seu filho estudar na Phillips Exeter Academy, de New Hampshire, tida como a melhor escola preparatória americana, na esperança de colocá-lo depois em alguma universidade da Ivy League, como Harvard, Yale, ou Columbia.

Sem deixar de cumprimentar o publicitário pelo seu zelo paterno, observo que suas próprias ações provam antes o meu diagnóstico da situação do que o dele: se cultura faltasse somente aos homens ricos, bastaria enviar seus filhos a alguma universidade local ou fazê-los conviver com intelectuais de peso em São Paulo ou no Rio, e decorrida uma geração o problema estaria resolvido.

Mas aí é que está: faltam universidades que prestem, e os grandes intelectuais morreram todos, sendo substituídos por duas gerações de tagarelas incompetentes, cabos eleitorais e cultores da própria genitália, como documentei abundantemente em O Imbecil Coletivo (1996) e O Mínimo que Você Precisa Saber para Não Ser Um Idiota (2014), além de centenas de artigos, muitos deles neste mesmo Diário do Comércio.

Ricos e até governantes incultos não são, por si, nenhuma tragédia, desde que haja em torno uma classe intelectual séria, capaz de lhes impor certos padrões de julgamento que eles não precisam compreender muito bem, só respeitar.

Foi assim na Europa ao longo de toda a Idade Média e até épocas já bem avançadas dentro da modernidade, quando a casta nobre considerava que a única ocupação digna da sua posição social era a guerra, deixando os estudos para os padres e demais interessados.

O Imperador Carlos Magno só começou a aprender a ler – de má vontade – depois dos trinta anos. Afonso de Albuquerque, sete séculos depois, ainda considerava que saber línguas estrangeiras era coisa para subalternos. A alta cultura não era sinal de posição social elevada, era um ofício especializado. Daí a palavra clerc, “clérigo”, que não designava só os sacerdotes, mas, de modo geral, toda pessoa letrada.

Complementarmente, os homens de estudos eram o que podia haver de mais diferente do grand monde, dos ricos e elegantes. Até bem recentemente, mesmo nos EUA, os intelectuais, sobretudo universitários, primavam por uma vida austera, sem divertimentos nem confortos, a não ser que, por coincidência, viessem eles próprios de alguma família rica.
Tudo mudou nos anos 80, com o advento dos yuppies. Um yuppie é um jovem com diploma de universidade prestigiosa, um emprego regiamente pago em alguma cidade grande, um círculo de amigos importantes que se reúnem em clubes chiquérrimos e uma cabeça repleta de regras de polidez politicamente corretas, um conjunto formidável de não-me-toques que facilitam a aceitação social na mesma medida em que dificultam o pensamento. Foi aí que formação cultural começou a significar elegância, bom gosto e refinamento em vez de conhecimento e seriedade intelectual.

Esse foi um dos danos maiores produzidos pela desastrosa administração Jimmy Carter. Até os anos 70 os EUA ainda tinham a melhor educação do mundo, toda ela fruto da iniciativa autônoma da sociedade. A intervenção estatal, associada ao império do esquerdismo chique e ao açambarcamento de toda atividade cultural pela burocracia universitária, iniciou o processo de degradação intelectual documentado por Russell Jacoby em The Last Intellectuals: American Culture in the Age of Academe e por Allan Bloom em The Closing of the American Mind, ambos de 1987.

No Brasil, a palavra “Harvard” ainda pode significar altíssima cultura, mas nos EUA ela evoca antes a pessoa de Barack Hussein Obama, que chegou a diretor da Harvard Law Review sem ter ultrapassado o nível das redações ginasianas e depois fez fama de autor com dois livros escritos inteiramente por Bill Ayers, um terrorista doublé de talentoso artista da palavra.

Nada mais expressivo do vazio intelectual de Harvard do que o sucesso de John Rawls, o qual, segundo a boutade de Eric Voegelin, escreveu uma Teoria da Justiça sem notar que se tratava de uma teoria da injustiça.

O que hoje resta da antiga pujança intelectual americana refugia-se em grupos autônomos, como o círculo de discípulos do próprio Eric Voegelin, as redações de New Criterion e Commentary, meia dúzia de editoras high brow ou o time seleto de scholars que compõem a equipe de Academic Questions, uma revista acadêmica dedicada ao estudo… da decadência acadêmica.

Em comparação com o que temos no Brasil, é muito, é uma abundância invejável, mas, para o antigo padrão americano, é quase miséria. Os EUA só continuam sendo o paraíso dos estudos superiores no sentido yuppie do termo. Não por coincidência, Guanaes cita como protótipo de pessoa culta a riquíssima, chiquíssima e politicamente corretíssima Ariana Huffington, fundadora do Huffington Post, um front de antijornalismo obamista empenhado em manter acesa a chama do “Yes We Can” contra todos os fatos, contra toda evidência e contra todo o descrédito geral.

Não quero me meter na vida da família Guanaes, mas mandar um filho estudar nos EUA – digo nas grandes universidades, e não nos círculos dos happy few – é um meio de defendê-lo contra a debacle cultural brasileira? Sim, se o que você quer para ele é uma carreira de yuppie e uma alta cultura constituída de “elegância, savoir faire e bom gosto”. Não, se você quer fazer dele um estudioso sério, capaz de compreender o Brasil e ajudar o país a sair do atoleiro.

Digo isso, também, por outro motivo. Cultura não é só aquisição de conhecimento, é a formação de uma personalidade ao mesmo tempo arraigada na realidade histórico-social concreta e capaz de transcendê-la intelectualmente.

Essa formação só é possível se ela começa pela absorção da cultura local na língua local e se prossegue nesse caminho até abarcar essa cultura como um todo e, então sim, tiver necessidade de ampliar o seu horizonte pelo contato mais aprofundado com outras culturas.
Se um jovem ignorante da sua cultura nacional é transplantado para o ambiente acadêmico de outro país, é melhor que ele fique por lá mesmo, pois, se voltar, dificilmente chegará a compreender o lugar de onde saiu.

O Brasil está repleto de diplomados de universidades estrangeiras, cujos palpites sobre a situação nacional superlotam as colunas de jornais com amostras de incompreensão que raiam a alienação psicótica. O projeto “Ciência Sem Fronteiras” está se encarregando de produzir mais alguns com dinheiro público.

Pode-se retrucar que, nas presentes condições, a aquisição da cultura brasileira se tornou inviável porque o jovem interessado não encontra guiamento nem na universidade, nem fora dela. Não tenho resposta pronta para isso, mas desde quando a dificuldade de resolver um problema torna desnecessário resolvê-lo?

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👆ESPAÇO DO AUTOR

"Volto em breve"
(por Ricardo Pagliaro Thomaz)
16 de Abril de 2023


Tenho estado bem ausente, mas havia deixado avisado na edição LXXV que iria ficar em silêncio durante todo esse período da quaresma que se passou.

A partir da próxima edição, depois desse tempo de reflexão, já irei quebrar esse silêncio com um artigo novo de opinião, mas vale fazer um apontamento breve já aqui nesta edição para fins de aquecimento.

A quaresma sempre é aquele período em que sacrificamos algo que gostamos para mortificar o velho homem. Eu mesmo passei pelas minhas mortificações. Neste Domingo que passou pós-Páscoa, no entanto, eu assisti com minha filha aquela história clássica do Charles Dickens, Um Conto de Natal. Ela quis saber mais daquela história e pediu para que eu visse com ela. Lemos o livro do Dickens algum tempo atrás, depois vimos uma adaptação em quadrinhos da história, feita por Patrice Buendia e lançada pela editora L&PM, e finalmente nesse domingo vimos o filme de Robert Zemeckis, Os Fantasmas de Scrooge, e tudo isso me fez refletir sobre a natureza da história.

Comentei depois com minha esposa que ela é uma ótima história de Natal para ensinar valores Cristãos para as crianças; porém, ela tem também um pouco de Páscoa escondida dentro dela. A Patrice Buendia na sua HQ teve uma sacada muito boa em que ela roteiriza na adaptação um dos paineis com o Scrooge novo homem após o processo dos três espíritos, e no painel seguinte mostra um Scrooge morto aparecendo dentro de um caixão. Ou seja, a sacada vai por aquela ideia excelente que é necessário que o homem velho morra para que o novo venha. Na adaptação do Zemeckis também é mostrado isso, na cena em que Scrooge está caindo dentro do caixão, e depois reaparece enrolado nas cortinas de seu quarto na sua casa. Novamente essa ideia maravilhosa trabalhada aqui de um jeito diferente.

Por isso, passado esse tempo de Quaresma e de Páscoa, espero que todos estejam se sentindo mais como novos homens, pessoas mais próximas dos valores eternos, mais elevados. No final do filme eu comentava com minha filha que quando o homem está em um mau caminho, Deus dá um susto para que ele retorne para o bom caminho. Foi o que aconteceu com Scrooge na história, através dos três espíritos. Claro que eu estava tentando explicar porquê o Fantasma do Natal Futuro era tão assustador, mas isso fica pra outra análise.

Enfim, é importante de lembrarmos sempre de voltar ao bom caminho, uma vez que o Apocalipse nos recorda que Jesus retornará em sua glória, dessa vez não para exercer a Santa Misericórdia, mas sim a Santa Justiça, e nos lembrar que até para Deus a paciência tem limite. E seremos todos alvo dessa justiça, sem exceção. Está escrito em Apocalipse 19:11-16 de forma bem detalhada, e em Apocalipse 22:12 diz o seguinte: "E, eis que cedo venho, e o meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo a sua obra." Para quem não sabe, isso é a definição exata de Direito: "DAR A CADA UM AQUILO QUE É SEU." O Justo Juiz virá, só que dessa vez não como um bebê indefeso e manso como um cordeiro, mas envolto em GLÓRIA e como descrito no Apocalipse 5:5, o "Leão da Tribo de Judá". E irá julgar eu, você e todos nós. Scrooge recebeu a misericórdia divina ao receber na história de Dickens a visita dos três espíritos. Nós, meros mortais, temos também que buscar pela nossa misericórdia, pois é melhor estar a frente do Leão de Judá como amigo e aliado, do que como réu de crime inafiançável. Breve Ele voltará. Estejemos preparados, eu e você.

Volto semana que vem, para continuarmos a nossa jornada. Até lá!

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👆 HUMOR

E nas True Outstrips de hoje:

- Um erro de interpretação leva uma aluna do profe a tomar uma bronca! Ah se a Rede Esgoto tivesse tido um Olavo por lá... 😁;

- Aí o mestre se aventura a escrever ficção! Mas a coisa sempre acaba degringolando para o jornalismo honesto no fim das contas, hahaha!;

- Depois aquele careca bem BANAL leva um pescotapa do amiguinho barbudão do sítio por uma "palavra proibida"... ou como diriam no Castelo Rá-Tim-Bum: uma não, duas! Esses vermelhinhos sempre superando aquela meta em aberto, hehehe!;

- Então um sujeito dá ao mestre uma ideia tecnológica! Ah, onde está o Elon Musk numa hora dessas, hein?!;

- E tem também uma conversa franca do mestre com aquele cara dos buracos de minhoca e fala engraçada que vivia querendo achar uma explicação para tudo... esperemos que hoje ele esteja bem, visto que não achou foi nada, hahaha!;

- Para fechar, uma pequena lição do mestre sobre banheiros públicos, hehehe!

Se nada acontecer comigo, a gente se vê de novo em 15 dias!
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- Ah, e quem puder, colabore com as True Outstrips! É você que as mantém funcionando sem dinheiro de Rouanet, Secom, e cia limitada!
E não se esqueçam! VEM AÍ...


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LEITURA RECOMENDADA

Para terminar hoje eu faço para vocês um pacotão do meu grande amigo Giorgio Cappelli! A situação anda muito tensa, e o riso é sinal de sanidade mental, então vão lá ler essas obras moderníssimas da comédia e da ficção honesta e bem feita! Não se arrependerão!

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